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A Assembleia Constituinte de 1823 e a Constituição de 1824

Uma das principais preocupações dos conselheiros mais próximos de D. Pedro I após a
Independência era como impor a ordem à ex-colônia. Como integrar índios, brancos,
pretos e mulatos, livres e escravos, em um só povo? Seriam todos “cidadãos brasileiros”,
com iguais direitos e deveres? A resposta a esse desafio veio por meio da aprovação de
um conjunto de leis – aí incluída a primeira Constituição do Brasil -, da montagem de
estruturas eleitorais e partidárias, e da criação de instituições de justiça e de polícia.
A primeira Constituição do Brasil começou a ser preparada no dia 3 de maio de 1823,
quando se instalou na Corte a Assembleia Constituinte. Dela faziam parte proprietários
rurais, advogados, juízes, religiosos, militares, funcionários públicos e alguns poucos
médicos.
O debate constituinte foi marcado por disputas entre grupos que defendiam posições
opostas em relação à organização do país. Para uns, a influência do Poder Executivo
deveria ser reduzida em favor do Poder Legislativo, exercido pelo Parlamento, fonte
legítima do poder, já que representava a vontade da maioria da nação. As posições desse
grupo foram derrotadas. Venceu o grupo liderado por José Bonifácio, para quem o
governo de um país tão “heterogêneo” deveria se concentrar nas mãos do imperador.
Havia receio de que o Poder Legislativo, composto por deputados eleitos nas províncias,
fosse incapaz de garantir a unidade territorial do Império.
De todo modo, as desavenças entre os deputados constituintes e D. Pedro I foram
crescendo. Eles não aceitavam, por exemplo, que o imperador tivesse o poder de
dissolver a Câmara dos Deputados. Até mesmo José Bonifácio se afastou de D. Pedro. Em
novembro de 1823 a crise política se agravou, e a Assembleia Constituinte foi cercada e
dissolvida por tropas fiéis ao imperador. Muitos deputados, inclusive José Bonifácio e
seus dois irmãos, foram presos.
A primeira Constituição do Brasil foi outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824.
Por ela, o Brasil se tornou uma monarquia hereditária, constitucional e representativa,
representada pelo imperador e pela Assembleia Geral, composta pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado, encarregados de exercer o Poder Legislativo. O Poder
Executivo era exercido pelo imperador, pelos ministros por ele escolhidos e pelo
Conselho de Estado; também ao imperador cabia nomear os presidentes das províncias. O
Poder Judiciário era formado pelos tribunais e juízes. Finalmente, o Poder Moderador,
adaptação das ideias de Benjamin Constant às condições da política brasileira, era um
poder pessoal do imperador, que tinha o direito de intervir nas questões de “interesse
nacional”.

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