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Estudo do CTN

“Linha do tempo” – acontecimentos na relação jurídico-tributária (sequência lógica e


cronológica).

HI - FG - OT - (Lançamento) - CT - (Inscrição) - DA - CDA - Ação de Execução

Como se dá a cobrança do tributo:


Momento abstrato – Hipótese de Incidência
Momento concreto – Ação de Execução Fiscal
Estado se apropriando do tributo.

1. Hipótese de Incidência

Trata-se de situação abstrata e prevista em lei, sendo hábil a deflagrar a relação jurídico-
tributária. Tais hipóteses são dotadas de tributabilidade (auferir renda, ser proprietário
de bens, circular mercadorias etc.), não representando quaisquer fatos da vida cotidiana.
Sendo assim, a HI será sempre dotada de hipoteticidade.

2. Fato Gerador

2.1. Conceito:

Em conceito breve, o fato gerador representa a materialização da hipótese de incidência,


em nítida adaptação do plano fático (concreto) ao plano abstrato da HI. Nessa medida,
desponta o fenômeno da subsunção tributária, como demonstra abaixo:

o Plano abstrato (hipotético) – “auferir renda”


o Plano concreto (fático) – “eu aufiro renda”
o Adaptação entre os planos distintos, porém, acopláveis (subsunção tributária)

A demonstração acima tem sido confirmada em provas de concurso, embora saibamos


que a exposição conceitual destes elementos iniciais da relação jurídico-tributária (HI e
FG) varie de autor para autor.

HI → FG (credor x devedor) = OT

No CTN, o legislador trata do FG em alguns dispositivos, entretanto, refere-se, às vezes,


à hipótese de incidência em tais comandos. Assim, não há uma linear precisão no uso de
tais terminologias no CTN.

2.2. Alguns artigos sobre FG:

 Art. 4º, CTN: a natureza jurídica do tributo (impostos, taxas e contribuições de


melhoria) será definida pelo FG (OBS: leia-se HI).

 Art. 118, CTN: o tributo será exigido à luz de uma interpretação objetiva do
FG, devendo este ser sempre interpretado abstraindo-se de aspectos de validade
jurídica ou, até mesmo, de seus efeitos. É a aplicação da máxima “pecúnia non
olet”.
 Art. 116, CTN: Momento de ocorrência do FG:

Caso o FG se traduza em “situação de fato”, ele ocorrerá desde o momento em


que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias à produção dos efeitos.
Ex.: FG do ICMS, no tocante à saída de mercadorias;
Caso o FG se traduza em “situação jurídica”, ele ocorrerá desde o momento em
que ela esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável.
Ex.: transmissão de bem imóvel como FG do ITBI (a situação se mostra
definitivamente constituída com o registro definitivo da escritura, e não com
quaisquer circunstâncias materiais).

“Salvo disposição de lei em contrário” – norma do CTN é supletiva. Admite


que a lei ordinária possa postergar o marco temporal do acontecimento. Ex.:
substituição tributária.

Cuidado: Tal comando mostra o momento em que o FG ocorrerá quando estiver


condicionado a cláusulas suspensivas e resolutivas (resolutória). A “condição” é
a cláusula que subordina os efeitos jurídicos do ato a um evento futuro e incerto.
Memorize os momentos do FG, caso ocorram as condições abaixo:

 Art. 117, CTN – os negócios jurídicos reputam-se perfeitos e acabados:

a) Suspensiva – desde o momento do seu implemento. Ex.: pai


condiciona a doação de um apartamento ao casamento de sua filha (o
FG do ITCMD ocorrerá com o implemento da condição: casamento);

b) Resolutiva – desde o momento da prática do ato ou da celebração do


negócio. Ex.: aquele pai estabelece à filha e ao genro que, caso se
separem, deverá haver ao doador a retomada do bem imóvel.
Note que, diante da condição resolutiva (aquela que desfaz os efeitos
já válidos), não há novo FG, nem mesmo direito à restituição daquele
tributo anterior e devidamente recolhido.

OBS: Somente se aplica aos casos em que o FG se materializar em situações


jurídicas.

3. Obrigação Tributária

A OT constitui-se pelo FG, sendo este entendido no plano da subsunção, como a


concretização do paradigma legal hipoteticamente idealizado na chamada HI. Nessa
medida, diz-se que a natureza jurídica do FG é a de um ato constitutivo, operando
efeitos “ex nunc”, na medida em que cria um liame obrigacional entre credor e devedor
do tributo respectivo.

3.1. Elementos da OT:

1. Sujeito ativo;
2. Sujeito passivo;
3. Objeto;
4. Causa.

 Sujeição Ativa:

É a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu


cumprimento. Não se confunde com o ente competente para instituir o tributo
(este pode editar lei e transferir a capacidade tributária ativa).

O sujeito ativo é o ente credor do tributo (ou da multa). Os sujeitos ativos podem
ser:

a) Aqueles que detêm a competência tributária: U, E, M, DF (entidades


tributantes ou impositoras ou pessoas jurídica de direito público);

b) Aqueles que detêm a capacidade tributária ativa: entes parafiscais


(CREA, CRC, CRM, CRO, etc.) – apenas para pessoa jurídica de direito
público interno.
Em razão disso, a fiscalização de tributos não pode ser terceirizada para
empresas particulares.

OBS: Quanto à sujeição ativa, memorize que o pagamento do tributo só deverá


ser feito, diante do fato gerador, a apenas 01 ente credor.
Nota-se a proibição do anômalo fenômeno intitulado BITRIBUTAÇÃO (mais
de um ente tributante que cobra 1 ou mais tributos sobre o mesmo FG) – IEG –
Bitributação admitida.
De fato, a bitributação provoca a solidariedade ativa no Direito Tributário, o que
se mostra, como regra, insustentável.

Por fim, o art. 164, III, CTN, registra as possibilidades de ajuizamento de ação
de consignação em pagamento, sobretudo, no caso de bitributação.

Poderei consignar nos seguintes casos:

 Recusa de recebimento ou subordinação deste ao pagamento de outro


tributo/multa ou ao cumprimento de obrigação acessória;
 Subordinação do recebimento a uma exigência administrativa sem
fundamento legal;
 Bitributação;

A propósito da temática estudada, vale a pena memorizar que “a única


solidariedade possível será a passiva”.

Tal solidariedade tributária (art. 124 e 125, CTN), corresponde à legítima


presença concomitante de devedores no polo passivo da obrigação tributária.
No art. 124 do CTN despontam dois tipos de solidariedade:

a. Solidariedade de fato – pessoas com interesse comum na situação do


FG (origem na vinculação direta com o FG do tributo. Ex.: vários irmãos
proprietários do apartamento – devedores solidários do IPTU);
b. Solidariedade legal ou de direito – a lei expressamente designa os
devedores solidários (ver art. 134, CTN)

Art. 124, § único: na solidariedade tributária não se admite benefício de ordem.


Vale dizer que, diante do inadimplemento, o tributo poderá ser cobrado de
qualquer um, em sua integralidade, cabendo ao inconformado a via de regresso,
se lhe aprouver.

Art. 125, CTN – Efeitos da solidariedade:

 O pagamento efetuado por um, aproveita aos demais;


 A isenção ou remissão alcançam a todos, ressalvado o caso de benefícios
pessoais, quando então o saldo permanecerá para os devedores
remanescentes;
 Interrupção de prescrição (art. 174, § único, I ao IV, CTN) tem os efeitos
expandidos aos demais devedores solidários, quer para beneficiar, quer
para prejudicar.

STJ: a interrupção da prescrição em desfavor de pessoa jurídica também


projeta seus efeitos em relação aos responsáveis solidários.

 Sujeição Passiva:

O sujeito passivo é o ente devedor do tributo (ou da multa) ou obrigação


acessória, ocupando o polo passivo da OT.

Ler art. 121, § único, I e II do CTN. Antes de detalhar os conceitos de


contribuinte e responsável, relembre que sujeito passivo depende sempre de
Lei (art. 97, III, parte final).

a. Contribuinte – (sujeição passiva direta). É aquele que possui uma


relação pessoal e direta com o FG. Quem realiza concretamente o fato
tributável.

b. Responsável – (sujeição passiva indireta). Sucessor ou terceiro


vinculado ao fato gerador, legalmente escolhido para pagar o tributo, sem
que tenha realizado o FG, tendo com este uma possível relação pessoal e
direta. Responde solidária, subsidiária ou substitutivamente pela exação.

Art. 123, CTN – Não oposição de convenções particulares ao fisco. A pessoa


pode contratar com alguém a responsabilidade particular por determinado
tributo. O que é vedado é que essa obrigação seja oposta aos interesses
fazendários. O pacto só vale entre as partes, não produzindo efeitos jurídicos que
permitam deslocar a sujeição passiva tributária.

Capacidade passiva – a sujeição passiva tributária não se condiciona à


regularidade formal de seus integrantes nem depende da capacidade civil das
pessoas naturais. Caráter econômico da capacidade tributária passiva.

 Objeto da OT:
Quando se realiza o FG, o sujeito passivo deverá cumprir uma prestação,
também intitulada “objeto da OT”. O art. 113, CTN indica os dois tipos de
prestação que podem recair sobre o sujeito passivo:

a. Ato de pagar o tributo/multa (obrigação de dar) – É a chamada


obrigação principal (art. 113, § 1º, CTN); fim de carrear patrimônio ao
Estado (tributo ou penalidade pecuniária). Sempre patrimonial!

b. Ato diverso de pagamento (obrigação de fazer/não fazer/tolerar) – Trata-


se da chamada obrigação acessória (art. 113, §2º, CTN),
correspondendo aos deveres administrativos instrumentais ou formais no
interesse da fiscalização. Ex.: emitir notas fiscais, entregar declarações,
escriturar livros fiscais etc. Não tem cunho patrimonial!

STF: Obrigação acessória é autônoma e pode ser instituída no interesse


da arrecadação ou fiscalização, ainda que a obrigação principal não
exista.

Assim, mesmo os casos de anistia, isenção e imunidade NÃO dispensam


o cumprimento das obrigações acessórias.

OBS: O descumprimento da obrigação acessória deflagra o dever de


pagamento de uma multa (obrigação principal) – art. 113, §3º, CTN. O
fato gerador da penalidade concede ao fisco o direito de lançar um
crédito tributário contra o infrator (a multa).

 A causa da OT: a causa corresponde ao vínculo jurídico justificador das


prestações acima estudadas. Nessa medida, a causa da OT principal será a lei
tributária (art. 114, CTN). Vale dizer, ainda, que a causa da OT acessória
será a legislação tributária (art. 115, CTN).
Com relação a esta expressão (legislação tributária), despontam os atos
infralegais (portarias, regulamentos, circulares, instruções normativas etc.) que
veiculam comumente as obrigações acessórias, sendo estas exceções ao
princípio da reserva legal.
Memorize que lhes é vedado tratar de obrigações principais, sob pena de vício
de legalidade.

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