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AULA 1

COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Prof. Armando Kolbe Júnior


TEMA 1 – CONCEITOS

Quanto mais simplificada a definição inicial, mais fácil será o procedimento


de adquirir conhecimentos apoiado em uma evolução natural, que parta do mais
simples até chegar a uma ideia complexa – como pode ser considerada a
computação em nuvem, ou simplesmente nuvem, como muitas vezes a citaremos
nesta disciplina. A partir de uma definição simplificada, não se recebe um impacto
inicial, o que muitas vezes acaba por bloquear a continuidade dos estudos.
Desta forma, ignorando as complexidades envolvidas nessa tecnologia, é
possível considerar, como permite a leitura do guia de iniciantes oferecido pela
Microsoft, uma das gigantes na área tecnológica, que: “a computação em nuvem
é o fornecimento de serviços de computação – servidores, armazenamento,
bancos de dados, rede, software, análise e muito mais – pela internet
(denominada genericamente como a nuvem)”. Nada mais é necessário, e todos
esses elementos podem ser considerados como “serviços” por ela oferecidos.
Aceita tal definição inicial, minimalista, podemos então ampliar um pouco a
visão sobre essa inovação tecnológica que tem apresentado grande utilidade e
economia de recursos financeiros na área da tecnologia da informação, uma das
que mais consome no âmbito organizacional.
Alguém fornece os serviços. Quem é esse alguém? As empresas que criam
estruturas para suportar a computação em nuvem, e que são denominadas
“provedoras de nuvem”. A economia com a utilização desses serviços está no fato
de que o pagamento é ajustado somente pelo que é consumido, forma de acerto
denominada on-demand e a disponibilidade atende à perspectiva just-in-time, que
deixa o recurso disponível em um formato 24 x 7 x 365 (vinte e quatro horas por
dia, sete dias por semana e trezentos e sessenta e cinco dias por ano), utilizado
de forma online. Tal perspectiva aumenta a funcionalidade do ambiente.
Além disso, ela deve apresentar acesso apoiado em uma interface gráfica
entre a máquina e o ser humano (HMI – Human Machine Interface), que apresente
alta agradabilidade, de forma a chamar a atenção, e elevada usabilidade
(quociente da razão entre o número de sucessos e o número de acessos,
desejável em uma perspectiva de atingir 100%), que garante elevado grau de
satisfação àquele que navega por sua infraestrutura digital.
Você perceberá, na evolução dos estudos, que esta área tem seu conteúdo
marcado por um jargão peculiar, e a complexidade dos termos será explicitada

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sempre que for considerado necessário. Antes de utilizar tais elementos, é preciso
um estudo inicial sobre a qualidade do provedor da nuvem. É um estudo
minucioso, conduzido a um contrato denominado SLA – Service Level Agreement,
que apresenta cláusulas draconianas que exigem atendimento satisfatório em
100% ou percentuais próximos.
Um servidor de nuvem é escolhido apoiado em alguns aspectos que
analisaremos na sequência, mas é possível adiantar, sem aumentar a
complexidade deste tratamento inicial, que ele deve atender aos seguintes
aspectos: ser reconhecido pela integridade de sua conceituação mercadológica;
apresentar suporte eficiente à administração, que atenda às exigências
colocadas; apresentar funcionalidade com relação a aspectos técnicos e
invisibilidade de complexidade sempre que possível; e desenvolvimento de
práticas de segurança altamente elevadas.
Atendendo a tais requisitos, o provedor é um candidato a ser
profundamente analisado. Essa necessidade leva em consideração o elevado
grau de responsabilidade que participantes de um relacionamento, no qual ocorre
a descentralização de informações estratégicas, devem apresentar.
Todo mundo deve utilizar a nuvem? A resposta a essa pergunta é fácil: a
utilização da nuvem deve ocorrer no caso de a organização ter recursos
financeiros para bancar a descentralização de suas informações (de custo muito
menor, como analisaremos mais adiante, do que a manutenção de infraestrutura
interna) e ter serviços que exijam elevado nível de segurança. A identificação da
necessidade da nuvem normalmente parte de recomendação do serviço CIO –
Chief Information Officer em uso na empresa, ou CTO – Chief Technology Officer,
ambas funções estratégicas, muito próximas de sua diretoria, ou componente de
seu staff.
Ainda, como parte da definição inicial, também sem adicionar
complexidades, é importante saber no que a nuvem pode ser utilizada. Uma
resposta imediata seria: em tudo que disser respeito ao trato informático na
empresa. A profundidade desse trato pode envolver: o armazenamento de
aplicativos e serviços; cópias de backup; garantia da portabilidade de dados na
perspectiva da mobilidade total (de uma equipe de vendas, por exemplo);
transmissão de áudio e vídeo como streaming; oferta de software on-demand; e
guarda e análise do resultado de atividades relacionadas ao fenômeno Big Data,
uma das atividades mais importantes para as empresas na modernidade.

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Como é possível observar, estamos falando de praticamente tudo o que
uma empresa produz como resultado de suas atividades diárias com as TIC, o
que, devido à economia e segurança que pode garantir, se converte em algo de
alto interesse estratégico. Na atualidade, não são poucos os provedores
existentes, mas nem todos em condições de atender a altos volumes com garantia
de acessibilidade, o que exige um levantamento detalhado de suas condições
técnicas.
Desta forma, se garantidas a portabilidade, mobilidade total, segurança e
disponibilidade, que estão postas como promessa e cláusulas participantes de um
contrato SLA, a nuvem parece ter chegado para ficar e ajudar na organização dos
trabalhos de TI da empresa moderna, com grandes benefícios que pode carrear.
Para as pessoas que gostam de uma visão de benefícios, ainda que para
obtê-los seja necessário o comprometimento das equipes envolvidas, é possível
relacionar entre eles: diminuição do custo envolvido com recursos de TI; aumento
da velocidade devido à expertise altamente elevada dos profissionais que
trabalham nas fornecedoras da nuvem; possibilidade de desenvolvimento dos
trabalhos de forma global; possível aumento na produtividade de equipes mais
enxutas e dedicadas ao atendimento aos usuários internos, do que no
desenvolvimento de facilidades adicionais que demandam tempo excessivo e
atendimento deficitário aos usuários finais; alto desempenho, considerando que
os equipamentos e tecnologias inovadoras utilizadas pelas provedoras da nuvem
representam uma possibilidade real no aumento do rendimento; e confiabilidade
garantida, com base em cláusulas rigorosas estabelecidas no contrato SLA.
Há um indicativo que garante maior confiabilidade e permite que as
empresas diminuam as preocupações com a utilização da nuvem. Estudos
desenvolvidos pelo Instituto Gartner anunciam que: “[...] até o ano 2020, empresas
que ainda não utilizam serviços da computação em nuvem serão tão raras quanto
as que hoje não utilizam a internet”. O estudo aponta, ainda, que as estratégias
adotadas para sua utilização extensiva (cloud-first e cloud-only) estão, aos
poucos, substituindo a postura defensiva de não adotar a computação em nuvem.
É um subsídio a mais a ser considerado nas iniciativas de migração dos
serviços das empresas para a nuvem. A acreditação do Instituto Gartner tem
orientado muitas empresas a adotar as suas previsões como fatos com grande
possibilidade de realização.

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Por outro lado, em uma visão pouco política, alguns fornecedores procuram
amedrontar usuários mais resistentes quando afirmam que os novos recursos,
mais modernos, referentes à utilização das TIC, somente estarão disponíveis na
nuvem, o que deve aumentar a demanda pela procura de soluções cada vez mais
interligadas com a utilização da nuvem. A Adobe, outra gigante da área da
informática, está em vias de não mais efetuar a venda de seus produtos para
desktops, centralizando o acesso na nuvem. A cloud computing engloba os
principais produtos dessa fornecedora de software e serviços.
Os exemplos devem se multiplicar e acabar por cumprir todos os vaticínios
efetuados na década que passou, inclusive ultrapassando todas as expectativas
deixadas longe, pela acelerada evolução das TIC, que atingem velocidade cada
vez mais crescente.

TEMA 2 – SURGIMENTO

Investigações sobre o surgimento da computação em nuvem nos levam


para os idos dos anos 1960, quando muitas inovações estavam sendo objeto de
estudos e desenvolvimento, e já em fase de implantação de testes. Os CIOs e
CTOs daquela época davam tratos à imaginação e à tecnologia da computação
em nuvem, a exemplo do que ocorre com a IoT – Internet of Things (Internet das
Coisas) nos dias atuais, e concentravam pesquisas, expectativas e inevitáveis
receios, devido ao medo do novo que muitas pessoas apresentavam,
aproximando-as da cainotofobia (o pavor de novidades).
Tudo parece ter começado com a computação em grade, seguida por uma
avassaladora oferta de serviços, por muitas pessoas que migravam para o campo
das tecnologias, considerado como o emprego mais promissor, situação que
ainda hoje sustenta, mas não com tanta ansiedade. Juntamente de tal fato,
começa a crescer a oferta de serviços e surge a primeira visão do que viria a ser
um dos princípios da nuvem, a oferta de softwares como serviços, com eliminação
da necessidade.
O SaaS – Service as a Service aparece no horizonte das perspectivas
tecnológicas. O surgimento do fator resistência foi imediato e perturbou algumas
empresas, que não acreditaram nessa nova tecnologia. A perspectiva da entrega
de recursos computacionais com utilização das grandes redes globais, que
reafirmavam e alardeavam a sua confiabilidade e segurança, não tão bem
atendidas naquela época como acontece nos dias atuais, agitou o mercado dos

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anos sessenta. Os apocalípticos de plantão alardeavam para riscos que poderiam
surgir com a implantação de uma rede de computadores intergaláctica, que
poderia varrer muitas empresas da face da Terra.
A defesa corporativista representou um primeiro obstáculo, mais devido ao
excesso de previsões negativas do que propriamente por interesses escusos dos
fabricantes de uma nova tecnologia. A evolução do conceito levou as empresas a
perder o receio em sua utilização. Assim, a computação em nuvem deixa de ser
uma novidade e passa a representar tendência, o que torna mais sérios os
estudos desenvolvidos até então. A partir daí ela se reafirma como uma tecnologia
que chegou para ficar e evoluir continuamente.
Os estudos desenvolvidos por Nunes (2012) sobre o tema apontam Joseph
Carl Robnett Licklider como um dos primeiros pesquisadores a se tornar famoso
com a computação em nuvem, a partir de outras iniciativas tomadas, tais como o
surgimento e evolução da rede Arpanet (Advanced Research Projects Agency
Network). Como outras tecnologias, a motivação bélica impulsionou a sua
evolução. O pano de fundo para seu desenvolvimento foi a interligação de bases
militares.
A visão de computadores conectados a uma rede intergaláctica em que
todas as pessoas do mundo estariam ligadas (a cibercultura, já pontuada por Lévy,
1999) tomava conta das mentes superativas, colocando-as em estado de
ebulição, bem como aquecia às raias do limite as mentes dos ficcionistas
científicos. Era bonita a imagem de todas as pessoas conectadas, trocando
informações, dados, programas, áudios, vídeos, a partir de qualquer parte do
mundo, para outra parte desse mesmo mundo, e quem sabe varando o espaço
infinito.
Na esteira dos trabalhos de Licklider, outro pesquisador – John McCarthy,
um dos pioneiros da inteligência artificial – colocou sua atenção na possibilidade
de que a computação fosse organizada na forma de um serviço de utilidade
pública. Seria algo similar aos serviços de água e energia, em que os usuários
apenas pagam pelo que consomem. Surge assim o modelo de oferta on-demand,
que, nos dias atuais, orienta a forma como é efetivada a negociação da compra
de negócios na computação em nuvem.
Outros interesses eclipsaram os estudos da nuvem, que permaneceu como
uma coadjuvante e possibilidade futura até 1997, quando Ramnath Chellapa
tratou do tema em uma palestra acadêmica. Frente ao interesse despertado, o

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pesquisador cria, em 1999, a primeira empresa a colocar à disposição de outras
companhias interessadas diferentes tipos de aplicações na grande rede, projeto
que pode ser visto com maiores detalhes no endereço <www.salesforce.com>.
Com a chegada das gigantes Amazon, Google, IBM e Microsoft, a tecnologia
ganha vida ativa e dá um salto quântico.
O que hoje vemos, uma babel de aplicativos, começou concentrada com a
utilização de sistemas distribuídos. Foram criadas estruturas altamente complexas
e, felizmente para os usuários, com toda a sua complexidade oculta pelas bem
trabalhadas interfaces gráficas com o usuário (GUI – Graphical User Interface),
como comentamos anteriormente.
Transparência foi a palavra de ordem para que a tecnologia tivesse uma
evolução ainda mais rápida. A troca de comunicações, processamento,
gerenciamento de sincronização, segundo o grupo de estudos da Microsoft,
anteriormente citado, não é vista pelos usuários, que enxergam apenas o todo,
em termos de resultados.
A evolução para o tratamento e oferta de aplicativos, serviços, dados e
recursos das TIC é colocada à disposição dos usuários como serviço, com
utilização da internet. Na atualidade, conforme citado por Gnipper (2017), 95%
das empresas já migraram aplicações críticas para a internet, com apoio da
computação em nuvem. As empresas mais comumente citadas nos exemplos,
como prossumidores (que utilizam recursos da nuvem e oferecem recursos na
nuvem), são: DropBox, Gmail, Hotmail, Peixe Urbano, Linkedin, Facebook, entre
outras.
Parece estar ficando longe a presença dos gigantescos e fantásticos
centros de processamento de dados, com supercomputadores e elevado número
de pessoas em uma azáfama que impressionava os que as observavam, de fora
dos aquários nos quais trabalhavam. O espaço necessário é fornecido pelos
supercomputadores colocados na rede, e os serviços seguem o mesmo caminho.
Pequenos dispositivos tais como celulares inteligentes, tablets e notebooks
substituem, com a vantagem da mobilidade total e portabilidade, os potentes
desktops.
Agora tudo pode ser acessado a partir de alguma estação que esteja
interligada com a grande rede, em variados níveis de velocidade, que podem
permitir que, em segundos, a totalidade de um filme seja copiada da localidade de
origem para o equipamento do usuário. Se os supercomputadores não morreram

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– ainda há aplicações que deles necessitam –, eles somente são utilizados pelas
pessoas e empresas que, efetivamente, necessitam de uma parafernália
eletrônica de suporte e apoio.
Pequenas empresas e usuários domésticos têm acesso ao mesmo parque
de hardware e software, no mesmo nível em que o têm as grandes empresas. Na
grande rede há uma democratização na utilização dos recursos de hardware e
software: versatilidade nos recursos, segurança na recuperação e
armazenamento das informações, rapidez na transmissão e disponibilidade,
conforme já colocado, desenvolvida na perspectiva da informação paga disponível
online, just-in-time e paga on-demand.
O que nos idos dos anos 1960 surgiu como hipótese e, a partir do final dos
anos 1990, marcou a evolução da computação em nuvem, permite que sejamos
otimistas e façamos coro com muitas pessoas que consideram que a computação
em nuvem chegou para ficar. Ela traz um grande contributo social na facilitação
de que as pessoas desenvolvam entre si, com máquinas ou avatares, sejam eles
humanos ou cartoonizados.

TEMA 3 – EXEMPLOS

Para evitar sobrecarga cognitiva, antes de abordarmos as técnicas e


tecnologias existentes na grande rede, trataremos apenas de um dos casos de
sucesso que pode representar as ocorrências com relação a essa tecnologia.
Faremos uma análise do que a Google Cloud Computing oferece a seus usuários.
No evento Google Cloud 2018 (que aconteceu de 24 a 27 de julho), em São
Francisco, reuniram-se consumidores, associados, desenvolvedores,
influenciadores de opinião na grande rede e toda a grande e crescente rede de
pessoas interessadas em iniciar ou aprimorar seus serviços com a nuvem, ou
ainda, simplesmente em aprender um pouco mais sobre o assunto. O mote de
chamada, e efetivado durante todo o encontro, foi a proposta de tornar os serviços
da nuvem disponíveis a todas as pessoas.
A descrição seguinte pode ser acompanhada por uma navegação extensiva
pelas facilidades, disponível no endereço:
<https://cloud.google.com/products/?hl=pt-br>. Seguindo o que é apresentado
como propaganda, aqui é discutido como apresentação de um raro exemplo de
sucesso e eficiência. Nesta parte do site da nuvem da Google, estão colocados
subsídios necessários para compreender o que outras grandes da área da

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informática devem seguir, considerando a Google como forte formadora de opinião
na área da tecnologia da informação.
De início, é possível perceber que, após o grande sucesso de seu
armazenamento em rede (Google Drive) e o sucesso em iniciativas educacionais
oferecidas com custos baixos às instituições de ensino superior com o serviço G-
Suite, seu gerenciamento está diretamente relacionado a uma ampliação da
utilização da inteligência artificial e um investimento maciço que deve ocorrer com
relação a atividades com a IoT – Internet Of Things.
A oferta da mobilidade total é percebida em todos os serviços, que estão
sendo destacados como uns dos mais seguros na nuvem. Todos eles são
enquadrados com a denominação de Google Cloud Plataform. A afirmativa
colocada em diversas pesquisas sobre um número significativo de aplicações e
investimento em uma infraestrutura tecnológica de ponta leva a acreditar em sua
estratégia de marketing, que adota o mote de maior plataforma de computação em
nuvem existente na atualidade, como caracterização da plataforma.
A nuvem arquitetada pela Google traz, de forma nunca antes disponível,
condições para desenvolvimento, em alta escala, de atividades colaborativas em
diversos níveis. As ferramentas estão disponíveis em todas as pontas. Do
atendimento a usuários finais, atingindo todos os níveis de desenvolvedores de
serviços da web, todos têm o mesmo atendimento.
O fenômeno Big Data encontra um local de armazenamento ideal e seguro,
assim como as atividades colaborativas de análise de dados, desenvolvidas em
equipes disseminadas por todas as sedes da empresa, como se estivessem
reunidas em uma sala de reunião. A portabilidade total é outro argumento
propagandístico que não pode ser esquecido. Há previsão de escalabilidade para
todos os aplicativos desenvolvidos, além da gestão da segurança, garantida por
contratos SLA – Service Level Agreement, pactuados com cláusulas draconianas.
A plataforma pretende expandir seus serviços, atuando em áreas de
desenvolvimento de aplicativos, o que traz para muitos desenvolvedores o
fantasma do desemprego e, para as empresas, a criação de uma dependência
tecnológica, que muitos não estão levando em consideração. A expansão de
vendas de licença de diversos softwares deve ocorrer. Um número cada vez maior
de pessoas está sendo envolvido pelos serviços da nuvem.
Estamos nos referenciando a uma das gigantes, analisando seus serviços
de forma macro, mas poderíamos estar nos referindo a qualquer delas em

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particular. Tal fato indica uma tendência irreversível de utilização da grande rede,
por todas as empresas na sociedade contemporânea.
A partir do que está colocado como elemento de divulgação, todos estes
serviços podem ser enquadrados em uma das classificações seguintes:

 Migração de workload, aqui considerada como a sobrecarga de dados


provocada pelo fenômeno Big Data.
 Serviços Santo Digital de atividades de backup da nuvem.
 Desenvolvimento de aplicativos de forma geral.
 Soluções de Big Data, aqui consideradas como os serviços voltados com
atividades de data analysis.
 Machine learning, aqui considerado como método de análise de dados que
torna automática a construção de modelos analíticos, atualmente posta
como ramo da inteligência artificial. A atividade propunha dotar a máquina
com a capacidade de identificar padrões e tomar decisões com um mínimo
de intervenção humana.

TEMA 4 – QUEM DEVE UTILIZAR E PARA QUÊ

Se sua empresa está em vias de migrar suas aplicações e necessidades


de serviço para nuvem, é preciso tomar cuidado. Não são somente a justificativa
de economia de espaço, hardware e a necessidade de programação que devem
ser questionadas. É preciso verificar se a empresa realmente necessita de tal
serviço. Também não são suficientes as justificativas de pagamento sob
demanda, portabilidade e mobilidade total.
Todos esses elementos são parte da análise, mas é preciso,
fundamentalmente, saber se o volume de armazenamento e serviços justifica tal
trabalho inicial altamente desgastante em termos de sobrecarga laboral, cognitiva
e até social, que pode advir dessa decisão. Um passeio pelas aplicações que
algumas empresas colocam na rede deixa perceber que muitas delas apenas
cederam ao encantamento de uma propaganda eficiente.
Se você não tem volume de serviços, nem grande quantidade de dados,
necessidade de cópias e gestão de segurança, a migração para a computação
em nuvem é uma decisão incorreta. Seus serviços estão geralmente ligados a
grandes empresas. Se a intenção for ter acesso a serviços oferecidos pela nuvem,
e não pela empresa nestes locais, o processo de levantamento da necessidade é

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diferenciado. Com tal proposta, de baixo custo, pequenas e médias empresas
podem ter acesso a aplicações que teriam custo proibitivo se adquiridas para
utilização em seus desktops.
Se você determinou, após um estudo inicial, que a migração para a rede é
a saída para que a organização apresente significativa diminuição de gastos, tem
início a segunda fase do processo, que trata de determinar o que a empresa deve
colocar na nuvem. A segurança desenvolvida pela empresa não precisa ser
levada em consideração nesse momento; o que importa é se o provedor da nuvem
possui o nível de segurança que as aplicações colocadas na nuvem exigem.
Um primeiro pensamento e por onde muitas empresas começam é a
colocação de seus documentos, planilhas, fotografias, materiais de cursos,
artigos, resenhas, ou seja, toda a informação para a qual você visualiza aplicações
na perspectiva da mobilidade total, portabilidade desenvolvida com a segurança
necessária para evitar perda de informações de alto valor estratégico para a
empresa.
O exemplo mais comumente citado é o de equipes de vendas quando em
campo e participantes de equipes vencedoras, que têm obtenção facilitada e
rápida de informações e acesso aos tomadores de decisão na empresa, e auferem
vantagens que não podem ser ignoradas. O que os vendedores têm em seus
escritórios ou em suas casas pode fazer a diferença. A solução mais fácil nos dias
atuais é colocar tudo na nuvem.
De forma generalizada, a resposta ao primeiro questionamento está
definida na própria definição da nuvem. Ela está posta como tecnologia disponível
para pessoas que precisam ter acesso às suas informações onde quer que elas
estejam.
Outra forma de avaliar a necessidade de utilização da nuvem está na
resposta a alguns questionamentos:

 É necessária a transferência contínua de recursos voláteis, atualizados de


forma frequente?
 É necessário providenciar economia de custos, devido a restrições
financeiras, representadas, por exemplo, pela compra de dispositivos de
armazenamento?
 Há necessidade de fazer ou restaurar cópias de segurança?

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Respostas positivas a esses questionamentos poderão nos dar mais um
indicativo. Por outro lado, há alguns cuidados que devem ser tomados na
migração para a nuvem. É possível considerar como recomendações contrárias:

 Nas localidades que buscarão acesso à nuvem existem restrições de


acesso à internet, tais como largura de banda limitada?
 Haverá utilização de aplicativos que normalmente apresentam baixo
rendimento com utilização da nuvem?
 Poderá ocorrer excesso de tráfico, com o uso de aplicativos que venham a
ter grande volume de processamento, disponíveis para um grande número
de pessoas?
 Há algum problema de governança da nuvem devido a problemas sociais
ou políticos?
 São detectados, com frequência indesejável, problemas com segurança?
 Os custos tendem a subir para além dos previstos?
 São observadas quebras de segurança por ação de elementos humanos?

Respostas positivas podem representar limitação à utilização da rede. Uma


regra geral é evitar a utilização de aplicativos que possam provocar sobrecarga
na utilização da nuvem. Superadas as dificuldades assinaladas, podemos inquirir
a resposta para o segundo questionamento: para que utilizar a nuvem?
Existem respostas padronizadas, resultado de atividades marqueteiras.
Não cederemos a tais apelos, mas você poderá utilizar a nuvem para:

 se tornar uma pessoa mais ágil e rápida na definição de negócios de


qualquer tipo;
 se tornar um(a) tomador(a) de decisões em potencial, pela facilidade de
acesso a todas as informações que necessita;
 ter a capacidade da mobilidade total;
 ter acesso, a partir de seu smartphone, notebook, tablet ou outros
dispositivos móveis, a todo um universo de informações, a partir de
diferentes fontes.

Todas essas facilidades representam um apelo quase irresistível não


somente para usuários corporativos que utilizarão a rede como ferramenta de
apoio profissional, mas também para profissionais liberais ou pessoas físicas em
busca de diversão.

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TEMA 5 – TIPOS DE NUVENS E SERVIÇOS BÁSICOS

A título de apresentar tipos de nuvens, diversas taxonomias poderiam ser


propostas. Ignorando as questões relativas a tal situação, consideradas a grosso
modo, as nuvens podem ser:

 governamentais ou particulares;
 públicas, privada ou híbridas;
 compartilhadas ou dedicadas;
 locais ou globais.

As nuvens podem ser governamentais, criadas e mantidas pelo poder


público em diversas instâncias, ou particulares, criadas por empresas do mercado
corporativo. As nuvens são públicas quando proporcionam acesso livre a qualquer
usuário que deseje utilizar os serviços oferecidos. Quando exigem algum tipo de
identificação, são colocadas como redes privadas. Podem existir estruturas
híbridas, que têm partes liberadas para acesso sem identificação e outras partes
ocultas, somente acessadas por pessoas autorizadas.
As nuvens também podem ser classificadas como dedicadas, quando um
único mantenedor (governamental ou particular) é responsável pelos serviços e
níveis de segurança estabelecidos. Por outro lado, podem existir redes
compartilhadas entre diferentes usuários (talvez a aplicação mais comum na
atualidade). Elas também podem ser de acesso livre, controlado ou híbrido.
No que diz respeito à distribuição dos servidores que hospedam os diversos
serviços, as nuvens podem ser classificadas em locais ou globais, assim
identificadas mesmo que não abranjam todas as localidades geográficas, mas
apenas algumas localidades.
Esse primeiro nível de classificação das nuvens não é considerado
primordial, pois, na atualidade, as redes se configuraram por apresentarem
estruturas híbridas, em todos os casos analisados.
O que interessa mais é a classificação dos serviços que as redes
apresentam. A classificação foi crescendo, visando uma particularização não
necessária, sendo que alguns pesquisadores consideram que uma classificação
única pode ser oferecida: EaaS – Everything as a Service. Essa classificação
poderia representar uma radicalização, mas não está muito longe da realidade.
Quase tudo o que desejamos, com maior ou menor dificuldade, pode ser
desenvolvido na grande rede.
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Apresentaremos a classificação mais comum existente no mercado, retirada
dos sites dos grandes fornecedores de nuvem (Amazon, Microsoft, Google e outras
particulares, dedicadas a algum propósito limitado). Assim será possível classificar
os serviços na rede a partir do mais comum deles, até pensar em termos da
classificação EaaS, apresentada anteriormente.
Elas podem ser:

 SaaS – Software as a Service (software como serviço): representa de longe


o serviço mais oferecido na grande rede. As empresas não mais compram
as licenças de software, geralmente de alto custo final, mas simplesmente
pagam pela utilização em diferentes tipos de contratos que podem ser
estabelecidos com os usuários (silver, golden, premium etc.).
 IaaS – Infrastructure as a Service (infraestrutura como serviço): cresce cada
dia mais; também conhecida como colocação, modalidade outsourcing na
qual as empresas compram espaços e utilizam para colocar os seus
serviços. O IaaS tem ganhado espaço pelo uso de um modelo de pagamento
por demanda (on demand), em que o cliente paga apenas pelos serviços
utilizados, e pode, facilmente, aumentar ou reduzir os serviços contratados.
 SaaS – Service as a Service (serviço como serviço): o uso dos mais diversos
serviços oferecidos pela grande rede, como expansão da classificação
homônima apresentada no início; algumas pessoas consideram classificar
as duas modalidades como se fossem uma só.
 PaaS – Plataform as a Service (plataforma como serviço): considerada o
serviço menos utilizado das nuvens e consta da oferta da infraestrutura
necessária para que os desenvolvedores de software venham a efetivar as
suas atividades, com aumento das funcionalidades de acesso.
Desenvolvedores independentes e empresas são seus principais usuários.

A evolução acompanhada por aumento no número de usuários tende a criar


um novo tipo de empresa, denominada “nativa pela nuvem”, que oferece seus
préstimos ao mercado somente em função de sua existência, ou seja, não tem
localização física; vivem da rede e na rede. Há outras denominações e
classificações, grande parte delas utilizada como nomenclaturas particulares
criadas pelos mantenedores das grandes nuvens.
A nuvem é um organismo “vivo”, em evolução e com grande perspectiva de
crescimento, estando prevista a morte de todos os grandes parques de software e

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hardware, devido ao alto custo de manutenção, o qual pode ser diluído com
utilização dos serviços oferecidos pela rede. Os próximos anos das redes deverão
englobar tudo o que é feito, devido à voracidade com que ataca a todos os
mercados.
Foi possível observar, no início da utilização da nuvem, um grande medo
gerador de resistência que, por algum tempo, se colocou como obstáculo, mas
que parece estar superado na atualidade, com aumento de credibilidade e
confiabilidade do mercado nos grandes fornecedores das nuvens.

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