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No século XII a morte era mais particular, familiar e domada. Mas houve uma
ruptura que passou pelas fantasias eróticas. E pelo mundo dos fatos reais.
Desta forma perdendo seu caráter erótico e reduzidos à Beleza. A morte não
mais era desejável, e sim, admirada por sua beleza: denominada morte
romântica.
“A grande mudança que surge no fim do século XVIII e que se tornou um dos
traços do Romantismo: a complacência para com a ideia da morte.” P. 70.
“Assim, do fim da Idade Média ao século XVIII, o luto possuía uma dupla
finalidade. Por um lado, induzia a família do defunto a manifestar, pelo menos
durante um certo tempo, uma dor que nem sempre experimentava. Esse
período podia ser reduzido ao mínimo por um novo casamento precipitado,
mas nunca era abolido. Por outro lado, o luto tinha também o efeito de
defender o sobrevivente, sinceramente submetido à provação, contra os
excessos da dor, pois impunha-lhe um certo tipo de vida social, as visitas de
parentes, vizinhos e amigos que lhe eram feitas e no decorrer das quais a dor
podia ser liberada sem que sua expressão ultrapassasse, entretanto, um limite
fixado pelas conveniências.” P. 73
“No século XIX esse limite não mais foi respeitado, o luto sedes enrola com
ostentação além do usual. Simulou até não estar obedecendo a uma obrigação
mundana e será expressão mais espontânea e mais insuperável de uma
gravíssima dor; chora-se, desmaia-se, desfalece-se e jejua-se como outrora os
companheiros de Roland ou de Lancelot. É como um retorno às formas
excessivas e espontâneas- ao menos na aparência – da Alta Idade Média,
após sete séculos de sobriedade.” P. 73
“O acúmulo local dos mortos nas igrejas, ou nos pátios das mesmas, tornou-se
repentinamente intolerável ao menos para os espíritos "esclarecidos" da
década de 1760. Aquilo que durava há quase um milênio sem provocar reserva
alguma já não era suportado e se tornava objeto de críticas veementes.” P. 76.
“Agora, queria-se não só que se voltasse ao lugar exato onde o corpo havia
sido colocado, mas também que esse lugar pertencesse, como propriedade
exclusiva, ao defunto e a sua família. Foi então que a concessão da sepultura
se tornou uma certa forma de propriedade, subtraída ao comércio, mas com
perpetuidade assegurada. Foi uma grande inovação. Vai-se, então, visitar o
túmulo de um ente querido como se vai à casa de um parente ou a uma casa
própria, cheia de recordações. A recordação confere ao morto uma espécie de
imortalidade, estranha ao começo do Cristianismo.” P. 76.
Comentário: Como se a sepultura fosse sua última morada e por isso se
enfeitava, quanto mais arrumada a sepultura mais importante o morto e mais
cuidadosa a família, que fica encarregada de sua manutenção, além das
visitas.
“inglês Geoffrey Gorer" que mostrou como a morte tornou-se um tabu e como,
no século XX, substituiu o sexo como principal interdito. Antigamente, dizia-se
às crianças que se nascia dentro de um repolho, mas elas assistiam à grande
cena das despedidas, à cabeceira do moribundo. Hoje, são iniciadas desde a
mais tenra idade na fisiologia do amor, mas quando não veem mais o avô e se
surpreendem, alguém lhes diz que ele repousa num belo jardim por entre as
flores”. P. 89