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Campus Sosígenes costa

Docentes: Ângela Maria Garcia e Rafael Andrés Patino Ozorco


Discente: Bianca de Castro Batista
Componente curricular: Bases psíquicas e culturais da morte, perda e luto

Luto e melancolia e os ritos de passagem

Realize a leitura dos textos Luto e Melancolia de Freud e o Cap. VIII, sobre Os


Funerais, do livro Os ritos de passagem de Van Gennep.

1. Escreva um texto de no máximo 4 páginas com uma síntese de cada um dos


capítulos propostos para a leitura.

Em seu texto luto e melancolia Sigmund Freud discorre sobre ambos conceitos
demostrando as diferenças e aproximações entre ambos e na tentativa de
esclarecer tais conceitos ele acaba fazendo uma comparação entre eles. De
modo geral luto consiste no sentimento de perda de um ente amado, ou de sua
pátria, liberdade ou um ideal. No qual é formado por etapas em que o indivíduo
passa por um processo de superação da perda. Existe um determinado período
de duração do luto, que pode variar de pessoa para pessoa.

Ao contrário da melancolia o luto não é um estado patológico, pois depois de


um tempo ocorre a superação deste. Já a melancolia consiste num estado de
abatimento doloroso, no qual a pessoa perde o interesse pelo mudo que a
cerca, perda da vontade de amar, ou de realizar qualquer atividade, a
autoestima desaparece e em seu lugar surge a autocritica ofensas a si próprio
e punição. De certo modo luto profundo e a melancolia se assemelham, exceto
pelo fato de que no luto não há a perda de autoestima. Entretanto ausência do
objeto amado ocasiona uma perda do desejo, ou libido que segundo Freud é
aquilo que nos move em direção a vida. E essa falta de libido pode acontecer
de forma tão forte em que o indivíduo entra num estado de psicose alucinatória,
entretanto, essa manifestação não ocorre no luto normal.

A melancolia também pode surgir a partir da perda do objeto amado, uma


perda que não necessariamente signifique a morte de alguém, mas sim a perda
ocasionada por separação ou distancia de tal objeto de amor. No estado de
melancolia não se sabe exatamente o que se perdeu. Em relação a perda de
autoestima que só acontece no melancólico, pois no luto tudo parece
incompleto e sem valor, já na melancolia a perda de valor acontece no Eu, o
individuo se sente incapaz, indigno e desprezível.

A perda do objeto amado acaba se transformando na perda do Eu, pois a libido


que existia por tal objeto fica contida nesse lugar. E muitas vezes a melancolia
surge a partir de uma identificação narcisista e não de um objeto amoroso,
assim como não só a perda por morte pode levar a um estado melancólico,
mas também qualquer tipo de perda ou desgosto.

A melancolia também tem outra característica parecida com o luto que é o fato
de ela desaparecer em um determinado período, sem deixar grandes
mudanças, isso ocorre pelo fato de o individuo recuperar a libido que estava
presa ao objeto perdido.

A melancolia pode se transformar em mania, um estado com sintomas


diferentes aos dela. Entretanto não é toda melancolia que se torna mania. O
“Eu provavelmente sucumbe na melancolia, enquanto na mania ele o sobrepuja
ou põe de lado.” P. 138.

A mania se caracteriza pelo ânimo elevado, por uma propensão a todo tipo de
ação, em contraste com a depressão e a inibição que acontece na melancolia.
Como se na mania o indivíduo procurasse superar a melancolia, na verdade
superar a perda o objeto ou o próprio, porém neste estado o Eu ainda
permanece oculto. Ainda que a pessoa pareça alegre e disposta a ação, na
verdade as suas atitudes são tentativas desesperadas de superação. A libido
que na melancolia é contida no Eu, na mania é liberada para a busca de outros
objetos.
A melancolia, se diferencia do luto normal, pois nela a relação com o objeto
não é simples, por causa do conflito da ambivalência. nasce das vivências
ocasionadas pela ameaça da perda do objeto. a melancolia, pode ultrapassar
bastante o luto, pois este é desencadeado somente pela perda real, a morte do
objeto. Já com a melancolia existem vários conflitos em torno do objeto, o ódio
tenta retirar a libido do objeto amado e o amor tenta mante – lá.

Cap. VIII Os Funerais

O autor começa o texto afirmando que ao contrario do que se pensa não são
os ritos de separação que tem o lugar de maior importância nas cerimonias
funerárias, segundo ele são os ritos que agregam o morto ao mundo dos
mortos que possuem uma maior elaboração e a eles se atribui maior
importância. Os ritos funerários variam em relação ao povo, idade, sexo,
condições sociais e etc. entretanto existem algumas características comuns em
todos eles, tais características são adquiridas dada a as divergências de
concepção que o povo possui sobre o mundo e há uma mistura entre si que
acaba influenciando os ritos.

O luto é um estado de margem para os sobreviventes, o qual entram mediante


ritos de separação e saem através de ritos de reintegração na sociedade geral
(suspensão do luto). Para alguns povos o período de luto corresponde ao
tempo que o morto leva para se desligar da sua vida terrena. O período de
estado de margem corresponde a longa estadia do corpo do morto na câmara
mortuária (velório), porém a forma como o corpo é velado é diferente de povo
pra povo de acordo com suas crenças culturais.

Os ritos funerários que o autor descreve em seu texto trazem muito a relação
do mundo dos mortos com o dos vivos, como se os ritos fúnebres fosse um
processo de preparação do defunto para o lado dos mortos, lado este que não
parece ser diferente dos vivos. Para cada povo e cada cultura a viagem para
esse outro mundo é diferente, o comum em todos os ritos é que existe uma
preparação do morto pra essa viagem, munindo de objetos e roupas, joias,
enfim tudo que for preciso para que tenha uma boa estadia em seu novo lar.

As cerimônias funerárias fazem parte de ritos de separação entre vivos e


mortos, e ritos que conduziram os mortos a sua última morada. Os rituais
funerários possuem uma maior elaboração e possuem significados importantes
para cada sociedade, a morte é tratada como um momento de transição, no
qual o morto é se integra ao mundo dos mortos. Cabe salientar que os funerais
são feitos tanto para os mortos como para os vivos, pois é durante esse ritual
que os vivos vão começar a se desligar de quem se foi e entrar no processo de
luto.

2. Fundamentando-se nas duas leituras responda a seguinte pergunta: Como


se explica o processo do luto a partir do ponto de vista psíquico e a partir do
ponto de vista cultural?

A partir do ponto de vista psíquico o luto pode ser considerado como um estado
emocional, no qual impera um sentimento de perda, a falta de um ente ou
objeto amado. Segundo Freud o luto é um estado normal, está ligado a perda
significativa de um objeto. Tal estado implica em um empobrecimento do
mundo por causa da falta de seu objeto perdido. Suas características seriam as
mesmas da melancolia, com exceção da falta da autoestima que não é
presente na melancolia, mas se encontrar no luto.

E do ponto de vista cultural o processo de luto difere de um povo para outro,


mas ainda sim existem algumas características comuns, uma delas é fazer do
luto uma etapa do ritual fúnebre. E este ritual é marcado por crenças populares,
religiosas e pela cultura de cada sociedade e em todas culturas os rituais que
acompanham o luto são caracterizados pelo processo de separação entre
mortos e vivos, nos quais para que os mortos sigam seu caminho os que ficam
devem realizar uma série de tarefas para dar ao ente que se foi uma boa
passagem.

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