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Médica
Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profª. Msc. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
P618o
ISBN 978-65-5663-275-9
ISBN Digital 978-65-5663-271-1
CDD 174.2
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Eu sou a sua professora e autora desta disciplina
de O Código de Ética Médica e me chamo Vera Lúcia Hoffmann Pieritz,
sou Doutoranda no curso de Administração e Gestão em Saúde Pública na
Universidad Columbia Del Paraguay – PY, com mestrado em Desenvolvimento
Regional, especialista em Direito Médico e Hospitalar, Educação a Distância:
Gestão e Tutoria; MBA Profissional em Gestão Administrativa e Marketing,
graduação em Direito e Serviço Social. Com experiência profissional em
coordenação de Cursos de Graduação na área Social e jurídica.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que
está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso
material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para
diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institu-
cionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar
seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de De-
sempenho de Estudantes – ENADE.
Bons estudos!
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 91
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.......................................................................... 93
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 186
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 267
UNIDADE 1 —
FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
OS SENTIDOS DA ÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, neste tópico, será realizada uma discussão acerca dos
sentidos da ética, perpassando por uma reflexão a respeito da problemática da
moralidade e ética, desvelando o significado e a formação do sujeito ético-moral
e seus fundamentos éticos.
3
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Então, a questão da ética e da moral está além dos seus conceitos preeminentes,
já que é um conceito vivo, moldando-se no nosso comportamento diário que permuta
o conceito para a prática das relações humanas e sociais, pois, na visão de Tomelin e
Tomelin (2002, p. 89) “a ética é uma das áreas da filosofia que investiga sobre o agir
humano na convivência com os outros [...]” e, assim, nosso comportamento ético e
moral são objetos do estudo da própria filosofia, que busca investigar a racionalidade
do comportamento humano perante a sociedade e procura compreender os princípios
fundamentais dos seres humanos que permeiam a nossa vida cotidiana.
4
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
Segundo Solomon (2006, p. 12), “estudar ética não é escolher entre o bem
e o mal, mas é se sentir confortável diante da complexidade moral”, buscando
aprofundar o conhecimento acerca do nosso agir perante a sociedade em que
vivemos, faz-se necessário realizar um estudo das nossas atitudes éticas e morais,
para, assim, podermos refletir e entender essas questões balizares das nossas
atitudes e comportamentos.
5
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
DICAS
Segundo Leyser (2018, p. 4), “o importante é lembrar aqui que moral, ética,
imoral e antiético significam, essencialmente, o bom, o certo, o mau e o errado,
com frequência dependendo se alguém está se referindo às próprias pessoas ou
as suas ações”.
6
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
E
IMPORTANT
Contudo, como saber o que é certo e errado? Se estamos fazemos o bem ou o mal?
FONTE: <https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/428683-escolha-moral-etica-nos-negocios-e-
tentacao>. Acesso em: 24 nov. 2020.
CARACTERÍSTICAS
QUESTÃO
ESPECÍFICAS COMUNS
• O que há de
• A moral se caracteriza pelos PRO-
comum entre elas
MORAL BLEMAS DA VIDA COTIDIANA.
é fazer o homem
• A moral faz pensar as
pensar sobre a
CONSEQUÊNCIAS GRUPAIS,
RESPONSABILI-
adverte para normas culturalmente
DADE das
formuladas ou pode estar
consequências de
fundamentado num princípio ético.
suas ações.
7
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Nesse sentido, tanto a ética como os princípios morais nos devem auxiliar na
reflexão sobre a responsabilidade das consequências advindas de nossas ações perante
o meio familiar e social a que vivemos e convivemos, norteando as nossas decisões de
fazermos o que é certo ou errado, o que faz bem ou mal para nós e para o outro.
8
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
NTE
INTERESSA
9
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
FONTE: <https://definicao.net/wp-content/uploads/2019/05/diversidade-cultural-1.jpg>.
Acesso em: 4 nov. 2020.
DICAS
Agora que você já compreendeu que cada grupo social possui uma
composição diferente de costumes e valores éticos e morais, e que ele foi construído
historicamente pelos integrantes do seu provo, resta compreender o significado
intrínseco da ética.
10
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
Vejamos!
11
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
De tal modo, que “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato
real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude
moral” (PIERITZ, 2013, p. 7), pois, a ética está posta para nos explicar o nosso agir
junto à comunidade e grupo social em que vivemos e convivemos.
Ética é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com
vistas à felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o
ponto de vista da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata
a Ética, da boa e da má conduta e da correlação entre boa conduta e
felicidade, na interioridade do ser humano. A Ética não é uma ciência
teórica ou especulativa, mas uma ciência prática, no sentido de que
se preocupa com a ação, com o ato humano (ALONSO; LÓPEZ;
CASTRUCCI, 2006, p. 3).
Outro fator que não podemos esquecer, segundo Pieritz (2013, p. 7), “é a
questão de julgar o comportamento dos outros grupos sociais, pois a realidade
cotidiana destes foi formada por outro conjunto de normas e princípios morais,
diferente dos nossos. Mesmo que em alguns aspectos esses princípios se pareçam
com os nossos”.
Após, estas breves reflexões sobre a ética, vale ressaltar que se pode definir
a ética sobre três vertentes, expostas no Quadro 4, vejamos!
12
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
E
IMPORTANT
No que tange aos ideais éticos, principalmente a investigação dos seus fun-
damentos, da sua essência, devemos compreender que a ética está além das normas
socialmente constituídas, pois existem muitos elementos norteadores do compor-
tamento humano, podemos apresentar na Figura 3 algumas de suas características
balizares, para assim elucidar o que compõe o conceito holístico da ética.
13
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
FONTE: A autora
E
IMPORTANT
A ética vai além das normativas impostas, pois leva em consideração a construção
histórica do comportamento humano em sociedade, sua conduta, hábitos e costumes.
Será?
Vejamos:
14
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
De tal modo, são as nossas escolhas que refletem a nossa conduta, do certo
e errado, do bem e do mal, do ético ou do antiético.
ÉTICA E MORAL
Sandro Denis
15
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
16
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática ética, nós somos
o que fazemos, ou seja, o homem é moldado à medida que faz escolhas éticas e
sofre as influências dessas escolhas.
17
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres morais, era
necessário nos submetermos ao dever. Essa ideia é herdada da Idade Média na
qual os cristãos difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar o
bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizan-
do, assim, a ideia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos
impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natu-
reza nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas
como instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo.
18
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DA ÉTICA
O homem é visto como sujeito histórico-social, e como tal, sua ação não
pode mais ser analisada fora da coletividade. Por isso, a ética ganha novamente
um dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa
e contribui para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre
os homens. Na ética pragmática, o homem é politicamente ético, – “todos os
aspectos da condição humana têm alguma relação com a política” – há uma
corresponsabilidade em prol de uma finalidade social: a igualdade e a justiça
entre os homens.
19
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
20
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A moral e a ética estão presentes na nossa vida cotidiana o tempo todo, pois
nossas decisões diárias estão repletas de valores morais e éticos.
• A questão da ética e da moral está além dos seus conceitos postos, já que é um
conceito vivo, moldando-se no nosso comportamento diário que permuta o
conceito para a prática das relações humanas e sociais.
• Esses valores éticos e morais são concebidos de acordo com a visão de mundo
de cada um, dentro do seu contexto social, pois cada um de nós possui uma
visão do que é o bem e o mal, do que é certo e errado.
• A ética e a moral são a base norteadora das nossas relações humanas e sociais,
pois é mediante esses princípios que agimos no meio social em que vivemos
e convivemos com o outro.
21
• Tanto a ética como os princípios morais nos devem auxiliar na reflexão sobre
a responsabilidade das consequências advindas de nossas ações perante o
meio familiar e social em que vivemos e convivemos.
• A ética está posta para explicar o nosso agir junto à comunidade e grupo
social em que vivemos e convivemos.
• A ética é considerada uma ciência que estuda a conduta humana, suas normas
e comportamentos reais, para proporcionar a melhoria da qualidade de vida
dos seres humanos.
22
AUTOATIVIDADE
2 A ética é um dos grandes valores que as pessoas têm e, por isso, vemos,
na atualidade, uma população desacreditada em diversas áreas como as
políticas, bancárias, entre outras que, historicamente, trazem condições
conflitantes com os bons costumes e diretrizes éticas das pessoas. Com
base no exposto, analise as sentenças a seguir:
23
24
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
FONTE: <https://gestaodesegurancaprivada.com.br/etica-moral-e-cidadania-o-que-sao/>.
Acesso em: 4 nov. 2020.
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, agora que já compreendes os diversos sentidos
conceituais da ética, suas principais características e fundamentos, sua
problemática junto às questões da moral e a formação do sujeito ético-moral,
chegou o momento para desvelar e compreender as nuances relativas à ética e à
moral na vida cotidiana do ser humano em sociedade.
Vamos relembrar!
25
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
FONTE: A autora
FONTE: <http://meon.com.br/files/media/originals/maos_unidas_representando_os_valores_
morais.jpg>. Acesso em: 4 nov. 2020.
26
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
Vejamos, no Quadro 5, o que Cunha (2011) nos expõe sobre o que é a ética
e a moral:
QUADRO 5 – O QUE É A ÉTICA E MORAL
27
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
28
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
FONTE: A autora
NTE
INTERESSA
FIGURA 7 – ÉTICA
30
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
31
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
FONTE: A autora
• Na moral: uma pessoa imoral, ou seja, um indivíduo que não segue as regras
de conduta socialmente constituídas pelo coletivo social, pelo seu livre
arbítrio. É fazer, ser oposto ou querer o contrário das normas. São avessas a
qualquer código de conduta, por consciência de querer contrariá-la.
o Aqui a palavra-chave é a atitude consciente.
Por fim, agora que aprofundamos nosso conhecimento acerca dos dois
lados desta moeda ética-moral, é importante sedimentarmos esses conhecimentos
adquiridos numa síntese conceitual.
Assim, segue o quadro síntese para a sua reflexão final das concepções e
diferenças da ética e moral.
33
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
FONTE: A autora
3 A ESSÊNCIA DA MORAL
Aqui realizaremos um debate entorno da essência da moral, mas com
embasamentos éticos para a vida cotidiana das pessoas que vivem em sociedade,
procurando desvelar o cerne e coração dessa questão da moral do ser humano.
34
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
Vejamos!
35
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
• sentimentos;
• escolhas;
• desejos;
• atitudes;
• posicionamentos diante da realidade;
• juízo de valor;
• senso moral;
• consciência moral.
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TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
Vejamos!
José Paulo Netto coloca-nos que Agnes Heller menciona que “valor é tudo
aquilo que contribui para explicar e para enriquecer o ser genérico do homem,
entendendo como ser genérico um conjunto de atributos que constituiriam a
essência humana” (PAULO NETTO,1999 apud BONETTI et al., 2010, p. 22-23).
37
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
• Universal.
UNIVERSALIDADE • O todo.
• Fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE • Livre-arbítrio.
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (1999 apud BONETTI et al., 2010, p. 23)
E
IMPORTANT
38
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
39
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Lembre-se que nós seres humanos vivemos num mundo real, palpável,
pulsante e em constantes transformações, e que constantemente estamos
estabelecendo novas e diversas relações com a própria natureza, este contato
propicia sua própria transformação, modificando-a de acordo com suas
necessidades reais de sobrevivência.
40
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
41
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Conjunto de AVALIAÇÕES de
conduta que nos levam a tomar
Conjunto de SENTIMENTOS de
decisões por nós mesmos, a agir em
indignação, de administração ou de
conformidade com elas e a responder
responsabilidade por nossa conduta
por elas.
ou de outros.
CAPACIDADE DE DECIDIR o
MANEIRA como avaliamos a conduta
que fazer, de justificar as razões
e a ação de outras pessoas.
de nossas decisões e de assumir as
consequências delas.
Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão se referindo
a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem.
42
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
Assim, tudo depende da consciência que o ser humano tem dos seus
próprios atos e ações perante o meio em que vive e convive, e que eles são
constituídos historicamente pela sua socialização junto a outras pessoas que estão
ao seu entorno.
43
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
44
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
45
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
46
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
NOTA
Segundo Carvalho (2011, p. 1), esse segundo estágio denota que o ser
humano “age pelo próprio interesse (individualismo), [pois] a obediência consiste
em fazer só aquilo que lhe interessa e até na relação com os outros não é movido
por respeito ou por lealdade, mas pelo interesse de ‘uma mão lava a outra’, uma
troca de favores”.
47
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
E
IMPORTANT
Segundo Aveline (2019, p. 1, grifos nossos), “os dois estágios iniciais da moralidade
humana são chamados de ‘pré-convencionais’, porque neles não há um código de conduta.
As ações são vistas de modo mais ou menos isolados. Predomina o casuísmo”.
48
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
De tal modo que nossa atitude em relação às ações humanas deva estar
pautada nas normativas socialmente constituídas, e que nos orientam se podemos
ser considerados bons ou maus seres humanos, e se assim agradamos e somos
aprovados socialmente.
49
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
E
IMPORTANT
De acordo com Aveline (2019, p. 1, grifos nossos), “As etapas três e quatro são
chamadas de ‘convencionais’, porque nelas o indivíduo é sinceramente leal às normas e
às orientações coletivas”.
Que bom que você compreendeu essa questão! Pois, isso é fundamental
para compreender este estágio, como o sexto também.
51
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
• Será que podemos ir além do contrato social instituído, tendo uma visão
ampliada de sua eficácia e propor aprimoramento, quando necessário?
• Como podemos exercer nossa cidadania para proteger o bem-estar coletivo?
NTE
INTERESSA
Exemplos desse nível de moral (assim como do sexto nível) são Mahatma
Gandhi, na Índia, Martin Luther King, nos Estados Unidos e, no Brasil, Chico Mendes, o
defensor da Floresta Amazônica. Os três líderes sociais deram um exemplo de altruísmo
e foram assassinados precisamente por defenderem ideais nobres e uma ética superior,
contrariando as estruturas da ignorância organizada. Na quinta etapa, busca-se um contrato
social eficiente e justo para todos (AVELINE 2019, p. 1).
52
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
• Qual o caminho que podemos trilhar para zelar os princípios éticos universais?
• Com podemos aprimorar os preceitos éticos e morais, para ir além do
socialmente posto?
Alves (2017, p. 1) coloca-nos que “os princípios de justiça e ética são parte da
consciência, sendo questões de escolhas individuais dentro de princípios axiológicos
universais, mesmo que contra as leis e regras socialmente estabelecidas”. Vale
lembrar que “a pessoa desenvolve um padrão moral baseado nos direitos humanos
universais. Quando confrontado com um conflito entre a lei e a consciência, a
pessoa seguirá a consciência, ainda que essa decisão envolva risco pessoal, e tem a
capacidade de ver-se no lugar do outro” (CARVALHO, 2011, p. 1).
Assim, somos incitados a zelar por esta consciência dos princípios éticos
e de justiça universais que refletem as nossas condutas na sociedade em que
estamos inseridos.
53
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
E
IMPORTANT
Prezado acadêmico, para Kohlberg (1981) “nem todos progrediam por esses
estágios. Somente uns poucos (citou Gandhi, Thoureau e Martin Luther King) chegam ao
Estágio 6, mas todos em potencial podem alcançar esses estágios, que progridem conforme
a idade” (ALVES, 2017, p. 1). De acordo com Carvalho (2011, p. 1):
54
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
55
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE
OCIDENTAL
Israel Alexandria
56
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
2 A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez
mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristocráticas
a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no
amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral
budista, na eliminação dos desejos (Buda).
Na maioria das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições sem
referências a nomes de personagens históricos. A moral aristocrática propõe que
cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas (a palavra virtude vem de
virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um ideal de vida proposto. A
felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza o ideal proposto. Quanto
mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de felicidade.
57
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue
pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural,
pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam
da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade"
(ARISTÓTELES, s.d., s.p.). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o
homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas,
o homem vale-se da razão.
58
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção
de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-
na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se
mantenha nos limites impostos pela natureza.
3 A MORAL UTILITARISTA
59
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
seria que as coisas não ocorressem da forma como a história demonstrara. Não
obstante, a tradição nos legou o termo maquiavélico como designativo de um
modelo que se firmou como um dos marcantes exemplos de moral utilitarista: a
que visa um maior número de dias no poder.
60
TÓPICO 2 — A ÉTICA, VALORES, PRINCÍPIOS E A MORAL NA VIDA COTIDIANA
4 A MORAL KANTIANA
61
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
62
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
63
• Uma pessoa amoral, é um indivíduo que não possui ou é deficiente na forma
que conduz seus atos perante a sociedade que vive e convive, pele simples
fato de lhe faltar a compreensão de como agir perante os regramentos
impostos. Possuindo, assim, insuficiência ou carência na sua forma de agir,
na sua atitude e conduta, na sua aplicação da norma, pois não a compreende.
• Uma pessoa antiética, é um indivíduo que possui argumentos no sentido
contrário da consciência coletiva do que é certo e errado, do que é fazer o
bem ou o mal. Demostrando estar em oposição aos atos e costumes gerais da
sociedade em que está inserido, como também é avesso ao estudo dos juízos
de valores constituído historicamente.
• Uma pessoa imoral, é um indivíduo que não segue as regras de conduta
socialmente constituídas pelo coletivo social, pelo seu livre arbítrio. É fazer,
ser oposto ou querer o contrário das normas. São avessas a qualquer código
de conduta, por consciência de querer contrariá-la.
• Fizemos uma breve discussão da gênese da consciência e do senso moral,
discutindo a questão da necessidade deles no desenvolvimento humano em
sociedade.
• Estudamos a questão da classificação dos estágios da consciência ética e do
julgamento moral dos seres humanos, desvelando e buscando compreender
as etapas e níveis da evolução humana.
• A base dos seis estágios da consciência ética e do julgamento moral dos
seres humanos se encontra na sua fase do desenvolvimento intelectual,
para possibilitar o discernimento e compreensão dos fatos e das coisas,
possibilitando seu empoderamento do intelecto e tomadas de decisão, do que
é certo ou errado, do que é fazer o bem, ou o mal.
• Os seis estágios da consciência ética e moral que foram propostos por Kohlberg
(1981), são:
o Primeiro estágio: medo, punição e obediência: denominado como a fase do
medo, punição e obediência, que está norteada por orientações de obediência,
para, assim, evitar a punição, demostrando que o medo de não obedecer ao
socialmente posto, gera temor do castigo que possa ter, e assim segue com
um comportamento de obediência, pois tem medo de ser descoberto que
possa ter feito algo considerado errado pela sociedade que vive e convive.
o Segundo estágio: recompensa: denominado como a fase da recompensa,
estão pautadas no prazer individual, desprovida de malícia, e na transação
ou negociação de barganha para conseguir o que deseja. Ações única e
exclusivamente para satisfação pessoal. O objetivo desse comportamento é a
reciprocidade restrita em obter uma recompensa.
o Terceiro estágio: aprovação social: denominado como a fase da aprovação
social, demostrando que nas relações interpessoais, buscar ser considerado
uma boa pessoa é um bom negócio, para ter um convívio social pleno e
ser aprovado socialmente. Aqui, procuramos nos orientar pelos valores
64
socialmente constituídos, buscando mantê-los íntegros, conforme as
normativas, regras e legislações vigentes, mas sempre no intuito de agradar
o grupo social a que fazemos parte, não pelo simples fato de seguir as
normas. As ações que agradam o coletivo são consideradas boas, e que o
caráter humano é reconhecido por estes atos compartilhados e positivados
nas relações interpessoais.
o Quarto estágio: manutenção da ordem social: denominado como a fase da
manutenção da ordem social, pois, nesta etapa, o nosso comportamento
social é orientado pelas normas, leis, regras e ordem social. Procura manter os
valores e princípios socialmente constituídos. Aqui, é a manutenção das leis
e normas e o respeito às lideranças que propiciam a promoção do bem-estar
social da população, pois, o importante, aqui, sempre será o cumprimento
da lei e da ordem, cumprindo nossos deveres e obrigações com a sociedade
em que fazemos parte, além de respeitar os processos decisórios de nossos
gestores, pois assim proporcionaremos a promoção do bem-estar social.
o Quinto estágio: proteção do bem-estar coletivo: denominado como a fase
da proteção do bem-estar coletivo, demonstrando que é possível realizar
a mudança normativa, desde que devidamente justificada e legal, quem
está nesta fase, consegue enxergar além das normativas postas, pois
procuram aprimorar o contrato social posto. Aqui, neste estágio, as pessoas
se orientam pela melhoria constante do contrato social e suas normativas
institucionalizadas, procurando o exercício do respeito aos direitos civis,
sociais e individuais, no intuito de protegê-las e verificarem sua eficácia, para
angariar a promoção do bem-estar do coletivo social. As pessoas procuram
ir além do socialmente posto, para poder contribuir a melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos, pois entendem que somos todos diferentes.
o Sexto estágio: zelo pelos princípios éticos universais: denominado como
a fase do zelo pelos princípios éticos universais, cujas pessoas se orientam
pelos princípios éticos universais, a qual procuram zelar por esses valores
éticos-morais ao longo da história da humanidade, pois se lembra que a
ética reflete os hábitos e costumes gerais de uma sociedade, suas normativas
e convenções, que fora institucionalizada pelo coletivo social, a moral é a
forma que conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a conduta em
si. Assim, somos incitados a zelar por esta consciência dos princípios éticos
e de justiça universais que refletem as nossas condutas na sociedade em que
estamos inseridos.
65
AUTOATIVIDADE
I- Ética
II- Moral.
I - Aético.
II - Amoral.
III - Antiético.
IV - Imoral.
( ) Ausência de ética.
( ) Contrário a ética.
( ) Contrário a moral.
( ) Ausência de moral.
66
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) IV – I – III – II.
b) ( ) II – I – III – IV.
c) ( ) I – III – IV – II.
d) ( ) III – II – I – I V.
67
68
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
FONTE: <http://arquidiocesebh.org.br/noticias/etica-entre-o-conhecimento-e-a-acao/amp/>.
Acesso em: 5 nov. 2020.
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, neste tópico, realizaremos uma reflexão dos dilemas
éticos que vivemos no nosso cotidiano da vida pessoal e profissional, discutindo
a questão da ética na atualidade, perpassando por algumas questões polêmicas
sobre a ética na contemporaneidade, além de fazer algumas reflexões sobre a
ética, a liberdade e o compliance.
Cecília Meireles
69
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Sob este bem comum, na visão de Valls (2003), estamos saindo das
concepções universais, do todo, para um comportamento individualizado,
privado, centralizando nossas ações aos fatos particulares de nossa vida em
sociedade e não somente no contexto ético-moral universal.
Denotando, assim, que o ser humano está muito mais preocupado com
seus direitos e deveres individuais, deixando, muitas vezes, o coletivo de lado,
lembre-se de que os princípios éticos-morais foram constituídos pelo coletivo
social a que pertencemos. Assim, o nosso agir individual continua pautado nessas
normativas sociais universais.
Agora, questionamos:
• compliance;
• as formas de reprodução humana, como a reprodução assistida;
• o aborto;
• a inteligência artificial;
70
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
• a clonagem;
• a corrupção, sonegação;
• a transfusão de sangue nos pacientes de certas religiões;
• o suicídio assistido – eutanásia;
• os alimentos transgênicos, que são geneticamente modificados.
• ter filhos apenas como um meio de ganhar alguma coisa;
• filho órfão já na concepção, por intermédio da reprodução humana além da
vida de um dos pais, a fertilização in vitro;
• a substituição do ser humano pela tecnologia;
• cirurgia robótica;
• terapias alternativas;
• a histerectomia.
UNI
Esta atividade é para você poder refletir sobre eles com seus colegas no próximo encontro!
71
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Vale ressaltar que, nos dilemas das escolhas éticas-morais, perpassam três
questões fundamentais, que são os dilemas dos valores, destinatários e meios.
Vejamos!
Fonte https://www.cubatel.com/blog/actualidad/cuando-llegara-el-nuevo-codigo-de-familia-
-a-cuba/
FONTE: Adaptado de Valls (2003, p. 71)
73
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
DICAS
No entanto, procure debater esse assunto à luz dos princípios éticos e morais já estudados.
74
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
Pieritz (2013, p. 51) expõe que nesse contexto se faz “necessário algumas
reformas políticas e éticas, no que tange às regras de conduta referente ao
modo de aquisição da propriedade e do trabalho. Essa reforma deve partir da
reformulação dos nossos princípios morais e éticos e através da vontade política
de nossos governantes”.
DICAS
Contudo, procure debater esse assunto à luz dos princípios éticos e morais já estudados.
75
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Valls (2003, p. 75) complementa expondo que “os Estados que existem de
fato são a instância do interesse comum universal, acima das classes e dos interesses
egoístas privados e de pequenos grupos. [...] Em outras palavras, o Estado real
resolve o problema das classes, ou serve a um dos lados, na luta de classes?”.
A ÁGUIA E A GALINHA
Sentiu muita pena da jovem águia. Por misericórdia, quase quis sacrificá-
la. Até encontrava razões para isso, visto que matam muitos animais pequenos,
especialmente macacos, preguiças, lebres e patos. Sabia que, na Austrália, as
águias são mortas às centenas por serem prejudiciais aos cangurus e outros
animais pequenos.
76
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
Certo dia, um casal de águias passou por ali. Deu voos rasantes. Ao
perceber as águias no céu, a águia-galinha espalmava as asas e sacudia a cauda.
Seu coração de águia voltava a pulsar aos poucos.
— Águia, nunca deixará de ser águia, estenda suas asas e voe. Vendo
as galinhas, a águia deixou-se cair pesadamente. Fizeram nova tentativa, no
terraço de sua casa, mas não funcionou.
FONTE: BOFF, L. A águia e a galinha. In: TOMELIN, J. F.; TOMELIN, K. N. Do mito para a razão:
uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p.129-130.
77
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Caro acadêmico, faça como a águia, abra suas asas e voe para o alto! Tenha
seu livre-arbítrio em suas escolhas! Compreendendo seus princípios éticos-
morais para ter um comportamento socialmente condizente com os preceitos
preestabelecidos.
O que é a liberdade?
Luísa Guimarães
Todos procuramos a liberdade, sendo que a falta desta apresenta uma das mais
temíveis ameaças. Será que somos realmente livres?
Este é um tema que, mesmo podendo não parecer, é bastante complexo, até para
alguns filósofos. Ninguém aparenta ter a capacidade para responder à “simples” questão:
O que é a liberdade? uma pergunta intrigante que revela a complexidade de toda uma
realidade com a qual não estamos habituados a conviver. Quando fazemos este tipo de
questões a nós próprios, apercebemo-nos de que talvez não prestemos a devida atenção
à maioria dos assuntos que nos rodeiam, dos mais simples aos mais labirínticos e, por
vezes, desprezamo-los quando, na verdade, podem ser dos mais importantes.
A liberdade está intimamente relacionada com a Ética uma vez que, agindo
livremente, nós devemos ser responsabilizados pelos nossos atos e por isso devemos
comportarmo-nos, em sociedade, da melhor forma para que ninguém seja prejudicado.
Este é um assunto que deve ser discutido por todos nós para que possamos ter
um contacto mais cuidado e atento com as diferentes realidades que dão vida ao nosso
mundo e para que possamos entender o outro e agir da melhor forma.
FONTE: <https://osraciociniosdeninguem.blogspot.com/2019/04/o-que-e-liberdade_22.html>.
Acesso em: 25 jun. 2020.
QUADRO 16 – LIBERDADE
79
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Boa leitura!
Liberdade e ética
80
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
81
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Segundo Pieritz (2013, p. 54), “não sabemos se choverá amanhã ou fará sol,
não sabemos realmente o que pode acontecer no dia seguinte e nem o caminho
que vamos tomar daqui para frente”.
Vale ressaltar que toda escolha que fazemos determinará a nossa própria
existência junto ao grupo social que fazemos parte.
82
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
Boa Leitura!
Compliance é um termo que tem tido grande repercussão nos últimos anos,
principalmente pelos fatos que têm ocorrido nos meios políticos e com as suas
relações com as empresas. O termo Compliance possui a sua origem do inglês do
verbo to comply, que conforme o Dicionário Collins define, é agir conforme ou
de acordo com uma regra definida, uma norma interna, um comando ou uma
instrução passada.
Conforme destacado por Ribeiro e Diniz (2015, p. 87), compliance tem como
o âmbito o foco empresarial e é uma expressão que se volta para as “ferramentas
de concretização da missão, da visão e dos valores de uma empresa”. As autoras
ainda complementam que “Não se pode confundir o Compliance com o mero
cumprimento de regras formais e informais, sendo o seu alcance bem mais amplo”.
83
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
84
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
• Termos de Confidencialidade.
• Termos de Aceitação e Uso.
• Políticas de Responsabilidade Social e Ambiental etc.
85
UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA
Como você pôde ver no Quadro 1, são muitos os marcos legais nos quais
uma organização precisa se aprofundar para desenvolver o setor de Compliance, e
esse quadro só traz uma amostra para o seu conhecimento ao iniciar a trabalhar,
se esse for o seu caso.
86
TÓPICO 3 — A QUESTÃO DA ÉTICA NA ATUALIDADE
87
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O ser humano está muito mais preocupado com seus direitos e deveres
individuais, deixando, muitas vezes, o coletivo de lado, mas lembre-se de
que os princípios éticos-morais foram constituídos pelo coletivo social a
que pertencemos e assim, o nosso agir individual continua pautado nessas
normativas sociais universais.
88
compromisso de pagar uma conta, uma dívida ou, com este mesmo recurso,
colaborar com a melhoria de qualidade de vida de uma família em situação
de vulnerabilidade social. Deixando assim de cumprir com um compromisso
pessoal para amparar o outro.
CHAMADA
89
AUTOATIVIDADE
90
REFERÊNCIAS
ALONSO, F.; LOPEZ, F. G.; CASTRUCCI, P. L. Curso de ética em administração.
São Paulo: Atlas, 2006.
BONETTI, D. A. et al. Serviço social e ética: convite a uma nova práxis. 11. ed.
São Paulo: Cortez, 2010.
CUNHA, S. S. Dicionário Compacto de Direito. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FREUD, S. No ensaio The Question of Lay Analysis. In: FREUD, S. (Org.). The
Question of Lay-Analysis: an Introduction to Psycho-Analysis 1947. London:
Imago Publishing Co, 2005. Disponível em: http://www.yorku.ca/dcarveth/
LayAnalysis.pdf. Acesso em: 18 nov. 2020.
91
GUIMARÃES, D. T. Dicionário Técnico Jurídico. 19. ed. São Paulo: Rideel, 2016.
92
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
93
94
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, na unidade anterior fizemos uma análise filosófica
da ética e aprendemos as diversas visões sobre o tema, trabalhamos alguns dos
principais autores da área, além de levá-lo a uma reflexão pessoal sobre o assunto.
Vimos que existem muitos dilemas éticos, que são característicos de determinadas
comunidades e profissões.
95
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
96
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
1984 Autoritarista
1988-2009-2018 Humanitarista solidário
FONTE: Adaptado de França (2019)
DICAS
97
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Você ainda poderá acessá-lo no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) em: https://
portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf.
FONTE: CFM. Código de ética médica: Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de 2018,
modificada pelas Resoluções CFM nº 2.222/2018 e 2.226/2019. Brasília: Conselho Federal de
Medicina, 2019. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf. Acesso
em: 18 nov. 2020.
Boa leitura!
98
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
Art. 1° Aprovar o Código de Ética Médica anexo a esta Resolução, após sua
revisão e atualização.
Art. 2° O Conselho Federal de Medicina, sempre que necessário, expedirá
resoluções que complementem este Código de Ética Médica e facilitem sua
aplicação.
Art. 3° O Código anexo a esta Resolução entra em vigor cento e oitenta dias após
a data de sua publicação e, a partir daí, revoga-se o Código de Ética Médica
aprovado pela Resolução CFM nº 1.931/2009, publicada no Diário Oficial da
União no dia 13 de outubro de 2009, Seção I, página 90, bem como as demais
disposições em contrário (BRASIL, 2018, grifos do autor).
99
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
O vacatio legis desta resolução, conforme o seu Artigo 3º foi de 180 dias,
iniciando-se o prazo no dia 2 de novembro de 2018 (1º dia da contagem, pois foi
publicada em 1º de novembro de 2018) e entrando em vigor em 1° de maio de 2019.
NOTA
PREÂMBULO
I - O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser seguidas
pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusive nas atividades relativas
ao ensino, à pesquisa e à administração de serviços de saúde, bem como em
quaisquer outras que utilizem o conhecimento advindo do estudo da medicina.
II - As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às normas
deste Código.
III - Para o exercício da medicina, impõe-se a inscrição no Conselho Regional do
respectivo estado, território ou Distrito Federal.
IV - A fim de garantir o acatamento e a cabal execução deste Código, o médico
comunicará ao Conselho Regional de Medicina, com discrição e fundamento,
fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possível infração do
presente Código e das demais normas que regulam o exercício da medicina.
V - A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste Código é
atribuição dos Conselhos de Medicina, das comissões de ética e dos médicos
em geral.
VI - Este Código de Ética Médica é composto de 25 princípios fundamentais
do exercício da medicina, 10 normas diceológicas, 118 normas deontológicas e
quatro disposições gerais. A transgressão das normas deontológicas sujeitará
os infratores às penas disciplinares previstas em lei (BRASIL, 2018, grifo nosso).
FONTE: <https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/482262
89/do1-2018-11-01-resolucao-n-2-217-de-27-de-setembro-de-2018-48226042>. Acesso em: 9
nov. 2020.
claro que esse Código de Ética Médica deve ser seguido pelos médicos no
exercício de sua profissão, inclusive nas atividades relativas ao ensino, pesquisa e
administração de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras que utilizem
o conhecimento advindo do estudo da medicina.
101
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A ética é uma premissa sine qua non, pois é o que rege a sociedade moderna
e o labor profissional, enquanto falar sobre prestigio e bom conceito da profissão
é algo que vem lá dos primórdios da profissão e reforçados na era moderna, com
todo um status e prestigio aos médicos.
102
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
FONTE: <https://www.h9j.com.br/suasaude/PublishingImages/robotica.jpg>.
Acesso em: 2 set. 2020.
NOTA
VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado
a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem
não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de
urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do
paciente (BRASIL, 2018).
CF Artigo 5°
XIII: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer (CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p.
4, grifos nossos).
104
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
Logo, todo médico atuante na profissão deve ter o seu registro junto ao
CRM da sua região de atuação.
A medicina não pode ser entendida por um comércio, porém cada médico,
conforme a sua especialidade tem o direito de cobrar pelos serviços prestados
pela sua especialidade e para o sustento familiar.
X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de
lucro, finalidade política ou religiosa (BRASIL, 2018).
105
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
106
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
107
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
108
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
A legalidade dos atos do médico para consigo e com seus pares se faz ponto
fundamental para o exercício ético da profissão, buscando sempre desenvolver a
saúde e, principalmente, o bom atendimento ao paciente.
DICAS
109
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
110
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
[...]
111
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
NTE
INTERESSA
112
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
XXVI - A medicina será exercida com a utilização dos meios técnicos e científicos
disponíveis que visem os melhores resultados” (BRASIL, 2018).
Não temos como limitar a evolução tecnológica, só temos que cuidar com
as questões éticas e legais.
113
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
É importante ressaltar que o médico, pela sua profissão, não quer ser mais
que qualquer outro cidadão brasileiro, mas sim quer ter seus direitos também
reconhecidos como qualquer outra profissão, além de ele igualmente seguir o que
prega a Constituição Brasileira, nem mais nem menos.
DICAS
FONTE: <https://www.wma.net/wp-content/uploads/2016/11/ethic_manual.jpg>.
Acesso em: 10 nov. 2020.
114
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
E
IMPORTANT
Prezado acadêmico, quando surgir qualquer situação que gere problema com
relação aos Direitos que os médicos possuem, eles têm o livre arbítrio para tomarem a
melhor decisão para si e para o paciente, devendo sempre precaver-se das questões legais e
comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina, principalmente
se gerar condições que firam o apregoado nas legislações brasileiras, nas resoluções
da ANVISA e do Ministério da Saúde e das NRs, especialmente a NR 32, relacionada à
biossegurança.
Capítulo II
DIREITOS DOS MÉDICOS
É direito do médico:
I - Exercer a medicina sem ser discriminado por questões de religião, etnia, cor,
sexo, orientação sexual, nacionalidade, idade, condição social, opinião política,
deficiência ou de qualquer outra natureza (BRASIL, 2018).
NOTA
• Falta de médicos.
• Sobrecarga de trabalho.
116
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
• Biossegurança.
• Ambiente hospitalar (principalmente salas cirúrgicas, ambulatórios).
• Falta de estrutura hospitalar.
• Espaço precário para atendimento.
• Segurança pessoal e dos pacientes.
• Tecnologia e equipamentos disponíveis.
• Medicamentos disponíveis.
• Superfaturamento e corrupção etc.
117
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
118
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam
contrários aos ditames de sua consciência (BRASIL, 2018).
119
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Ela faz uma reflexão filosófica sobre a moral, procura justificá-la e seu
objetivo é guiar e orientar racionalmente a vida humana. A ética e a moral são os
maiores valores do homem que possui liberdade; elas se formam numa mesma
realidade e ambas significam “respeitar e venerar a vida”.
É necessário ter uma ética aplicada, que deve ser específica, dividida em
ramos, para que determinadas situações sejam melhores analisadas, entrando o
papel da ética em diversas profissões, que tem como um dos objetivos fazer as
pessoas entenderem que suas ações possuem consequências não só para si, mas
também para os outros e isso não pode ser encarado apenas de um ponto de vista.
120
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA
121
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser seguidas
pelos médicos no exercício de sua profissão, nas atividades de ensino, pesquisa
e administração de serviços de saúde.
122
AUTOATIVIDADE
123
124
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A evolução do CEM (2018) trouxe normativas consistentes com a CF de
1988 e as novas legislações brasileiras e, neste tópico, faremos uma discussão dos
artigos relacionados aos capítulos sobre a responsabilidade profissional, direitos
humanos, relação com pacientes e familiares e a relação entre médicos.
125
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
2 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
A Constituição Federal de 1988 e as suas diversas leis complementares
trouxeram um novo arcabouço legal, trazendo assertividade a muitos pontos
nebulosos existentes nas legislações anteriores, deixando claro muitos meandros
legais. Uma das referências legais que trouxe esta nova interpretação foi o Código
de Defesa do Consumidor, que levou à qualificação de suas normas, como
sendo de ordem pública, isto é, os preceitos e pontos que nele estão contidos
prevalecerão, mesmo que contra a vontade das partes.
126
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
DICAS
Capítulo III
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
É vedado ao médico:
Este artigo é bem claro, pois o erro médico não é aceitável, pois ele trata
com vidas humanas:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes (CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 3, grifos do autor).
DICAS
128
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Assim como temos a responsabilidade dos atos médicos com seus pares
e assistentes expressados no artigo anterior, esse artigo está assumindo que o
médico deverá ser o responsável por seus atos, mesmo que ele tenha sido
solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu representante legal.
Art. 5° Assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual não
participou (BRASIL, 2018).
129
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Temos sim a ressalva nestes artigos por justo impedimento, pois acima de
tudo, o médico é uma pessoa e pode ser acometido de uma doença, e ele também
tem seus problemas particulares, entre outros de força maior.
130
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Art. 11 Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida
identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da
sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados,
laudos ou quaisquer outros documentos médicos (BRASIL, 2018).
Temos algumas leis específicas que legislam sobre o tema, as quais são:
DICAS
Prezado Acadêmico, indicamos a leitura das NRs para uma maior compreensão
das condições necessárias em ambientes de trabalho.
FONTE: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Acesso em: 14 set. 2020.
Você poderá acessar a todas NRs na íntegra pela ENIT: https://bit.ly/3nI2HWl e pelo sit.
trabalho.gov.br: https://bit.ly/3lQ0ibu.
Boa leitura!
132
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
São muitas as legislações em que um ato deste pode ser autuado, pois a
primazia é nas técnicas reconhecidas, as quais são numerosas e tem protocolos
claramente definidos na maioria dos casos.
Não queremos tecer opiniões sobre o tema, nem favoráveis nem contra, e
sim que a lei brasileira é clara e apresenta essas restrições ao uso médico dessas
tecnologias (salvo condições muito específicas) e experiências científicas.
DICAS
133
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Boa leitura!
Art. 16 Intervir sobre o genoma humano com vista à sua modificação, exceto na
terapia gênica, excluindo-se qualquer ação em células germinativas que resulte
na modificação genética da descendência (BRASIL, 2018).
Este tema ainda está no centro das discussões médicas, pois a intervenção
no genoma humano é um grande tabu em que toda a humanidade está debruçada,
e o que é ético e o que não é, pois sempre sobram os dissídios da sapiência do
que é a capacidade do ser humano, o que ele pode fazer, quais são os limites do
desenvolvimento humano e da ciência. É uma reflexão dos limites humanos na
pesquisa e conhecimento.
FONTE: <https://nace.igenomix.com.br/wp-content/uploads/sindrome-genetica-1024x597.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2020.
Art. 17 Deixar de cumprir, salvo por motivo justo, as normas emanadas dos
Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender às suas requisições
administrativas, intimações ou notificações no prazo determinado.
Art. 18 Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e
Regionais de Medicina ou desrespeitá-los (BRASIL, 2018).
134
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
DICAS
Boa leitura!
FONTE: <https://www.wareline.com.br/wp-content/uploads/2019/05/2019-05-06-Post4-2.png>.
Acesso em: 14 set. 2020.
135
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
3 DIREITOS HUMANOS
Todo médico, como cidadão, deve prezar pelas condições do ser humano
em sua essência, por isso temos todas as questões relacionadas ao direito humano,
seja pela Declaração universal dos Direitos Humanos de 1948 da Organização
das Nações Unidas (ONU), ou pelas questões relacionadas à Carta Magna do
Brasil (Constituição Federal de 1988) que tratam os Direitos Humanos.
136
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Capítulo IV
DIREITOS HUMANOS
É vedado ao médico:
Como você pôde ler, esse capítulo trouxe a visão dos direitos humanos em
toda a sua essência para as atividades profissionais do médico, como exemplo,
veja a íntegra e as normativas similares ao Artigo V da Declaração Universal dos
Direitos Humanos em relação à legislação Brasileira (CF) e ao CEM.
137
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
CF – Artigo 5°:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 3).
No CEM, lemos:
DICAS
138
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Veremos, no Capítulo V dos CEM, 12 artigos (do 31º ao 42º) que tratam o
tema Relação com pacientes e familiares:
139
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
CAPÍTULO V
É vedado ao médico:
140
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
141
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
142
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Assim como reza a CF, o CEM também define que legalmente os médicos
não podem se aproveitar de seus pacientes para obter vantagem física, emocional,
financeira ou de qualquer outra natureza.
143
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Capítulo VI
É vedado ao médico:
Como você pôde ver nesses quatro artigos, o CEM normatiza mais os
quesitos legais relacionados às questões éticas e morais da doação, protegendo o
médico em suas decisões com o seu paciente e em relação à dignidade do doador.
144
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Atualmente, esse tema tem uma relevância cada vez mais importante na
medicina, pois vemos ocorrendo transplantes de tecidos, fígado, coração, pulmão,
rim etc. e com certeza novos horizontes surgirão, assim como novas questões
éticas e legais também.
Capítulo VII
É vedado ao médico:
Art. 47 Usar de sua posição hierárquica para impedir, por motivo de crença
religiosa, convicção filosófica, política, interesse econômico ou qualquer outro
que não técnico-científico ou ético, que as instalações e os demais recursos da
instituição sob sua direção sejam utilizados por outros médicos no exercício da
profissão, particularmente se forem os únicos existentes no local.
Art. 48 Assumir emprego, cargo ou função para suceder médico demitido ou
afastado em represália à atitude de defesa de movimentos legítimos da categoria
ou da aplicação deste Código.
Art. 49 Assumir condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria médica
com a finalidade de obter vantagens.
Art. 50 Acobertar erro ou conduta antiética de médico.
Art. 51 Praticar concorrência desleal com outro médico.
Art. 52 Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados
por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo
em situação de indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar
imediatamente o fato ao médico responsável.
145
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Art. 53 Deixar de encaminhar o paciente que lhe foi enviado para procedimento
especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecer-lhe as devidas
informações sobre o ocorrido no período em que por ele se responsabilizou.
Art. 54 Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro clínico de
paciente, desde que autorizado por este ou por seu representante legal.
Art. 55 Deixar de informar ao substituto o quadro clínico dos pacientes sob sua
responsabilidade ao ser substituído ao fim do seu turno de trabalho.
Art. 56 Utilizar-se de sua posição hierárquica para impedir que seus subordinados
atuem dentro dos princípios éticos.
Art. 57 Deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à comissão
de ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao
Conselho Regional de Medicina (BRASIL, 2018, grifos nossos).
Nesse último artigo, deixando claro que é antiético e pode ser denunciado
ao CRM, o médico que não denunciar o seu par quando este fere o CEM por
qualquer ato que cometeu.
146
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
[...]
CAPÍTULO II
DA AUTORIZAÇÃO
Seção I
147
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Seção II
148
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Art. 16. O Ministério da Saúde poderá estabelecer outras exigências que se tornem
indispensáveis à prevenção de irregularidades nas atividades de que trata este
Decreto.
CAPÍTULO III
Seção I
Art. 17. A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano poderá
ser efetuada após a morte encefálica, com o consentimento expresso da família,
conforme estabelecido na Seção II deste Capítulo.
149
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Art. 19. Após a declaração da morte encefálica, a família do falecido deverá ser
consultada sobre a possibilidade de doação de órgãos, tecidos, células e partes do
corpo humano para transplante, atendido o disposto na Seção II do Capítulo III.
Parágrafo único. Nos casos em que a doação não for viável, por quaisquer motivos,
o suporte terapêutico artificial ao funcionamento dos órgãos será descontinuado,
hipótese em que o corpo será entregue aos familiares ou à instituição responsável
pela necropsia, nos casos em que se aplique.
Seção II
Do Consentimento Familiar
Art. 20. A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano, após
a morte, somente poderá ser realizada com o consentimento livre e esclarecido
da família do falecido, consignado de forma expressa em termo específico de
autorização.
Art. 21. Fica proibida a doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo
humano em casos de não identificação do potencial doador falecido.
150
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Seção III
Art. 23. Cabe à rede de procura e doação de órgãos, tecidos, células e partes do
corpo humano para transplante, sob a coordenação da CET, e em consonância
com as equipes assistenciais e transplantadoras, proceder ao planejamento, ao
contingenciamento e à provisão dos recursos físicos e humanos, do transporte e
dos demais insumos necessários à realização da cirurgia de retirada dos órgãos e
dos demais enxertos.
Art. 24. Quando indicada a preservação ex situ de órgãos, tecidos, células e partes
do corpo humano, esses serão processados obrigatoriamente em estabelecimentos
previamente autorizados pelo órgão central do SNT, em conformidade com o
disposto neste Decreto e nas normas complementares.
Seção IV
Da Necropsia
Art. 25. A necropsia será realizada obrigatoriamente no caso de morte por causas
externas ou em outras situações nas quais houver indicação de verificação médica
da causa da morte.
151
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Seção V
Da Recomposição do Cadáver
Art. 26. Efetuada a retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano
e a necropsia, na hipótese em que seja necessária, o cadáver será condignamente
recomposto, de modo a recuperar tanto quanto possível a sua aparência anterior.
CAPÍTULO IV
DA DOAÇÃO EM VIDA
Seção I
Art. 27. Qualquer pessoa capaz, nos termos da lei civil, poderá dispor de órgãos,
tecidos, células e partes de seu corpo para serem retirados, em vida, para fins de
transplantes ou enxerto em receptores cônjuges, companheiros ou parentes até o
quarto grau, na linha reta ou colateral.
Art. 29. Somente será permitida a doação referida nesta Seção quando se tratar de
órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos, células e partes do corpo cuja retirada
não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua
integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e
de sua saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável.
152
TÓPICO 2 — RESPONSABILIDADE, DIREITOS E RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Art. 31. Os doadores voluntários de medula óssea serão cadastrados pelo órgão
central do SNT, que manterá as informações sobre a identidade civil e imunológica
desses doadores em registro próprio, cuja consulta estará disponível sempre que
não houver doador compatível disponível na família.
153
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
154
AUTOATIVIDADE
155
156
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Vamos começar agora a análise dos capítulos e artigos do CEM que tratam
de alguns assuntos menos invasivos, mas que são importantes a toda sociedade
e aos médicos.
Estes tópicos também têm validade legal para dirimir possíveis questões
que possam ser judicializadas sobre esses temas.
2 REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL
O tema remuneração profissional é bastante amplo e, aqui, advém as leis
de mercado, principalmente relacionadas à oferta e à procura, o qual pode ser
extrapolado às questões pecuniárias em relação à remuneração profissional.
Capítulo VIII
Remuneração profissional
É vedado ao médico:
158
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Novamente, você pôde ver nos quinze artigos apresentados que foram
elaborados em uma forma bastante clara e precisa, não necessitando maiores
detalhamentos em sua explicação.
3 SIGILO PROFISSIONAL
O sigilo profissional entre médico e paciente é um dos pontos mais
recorrentes, polêmico e controverso em deontologia.
159
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
DICAS
Substantivo feminino
Ciência dos deveres; moral.
Conjunto das normas que guia uma profissão, seguindo um código determinado.
[Medicina] Reunião dos preceitos que norteia a prática de um médico, regulamentada num
documento específico.
[Filosofia] Teoria moral que afirma ser inerente ao ser humano a busca pelo prazer e a fuga
da dor; deontologismo.
expressão
Deontologia médica. Parte prática da medicina que trata das relações do médico com os
colegas e pacientes.
Capítulo IX
SIGILO PROFISSIONAL
É vedado ao médico:
160
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Este capítulo, como um todo, em seus sete artigos, é muito fácil de ser
entendido e os seus artigos tratam do sigilo que o médico deve manter em relação
aos seus pacientes, que vão desde situações com paciente criança, a questões de
pacientes adultos e quando ocorre a necessidade de um responsável legal, como
em questões de ensino com relação ao sigilo do aluno em relação ao paciente,
sobre sigilo quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência
dos dirigentes de empresas ou de instituições entre outros casos.
161
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
A resolução traz:
162
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
DICAS
4 DOCUMENTOS MÉDICOS
No Código de ética Médica de 2018, temos o termo generalista de
“documentos médicos” que descreve todo e qualquer tipo de declaração que
foi emitida pelo médico, durante o seu atendimento profissional ao paciente.
Podem ser entendidos como documentos médicos os atestados médicos, receitas,
declarações, laudos, pareceres, homologações, relatórios, prescrições diversas etc.
Capítulo X
DOCUMENTOS MÉDICOS
É vedado ao médico:
Art. 80 Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o
justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade (BRASIL,
2018, grifos nossos).
163
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Tudo que não for real, não pode ser atestado pelo médico, os quais muitas
vezes são atestados com vantagens pessoais para atestar de forma tendenciosa
e irreal para um paciente ou empresa de forma específica e ilegal. Novamente,
expressamos a possibilidade de litígios legais ao médico, ao paciente ou a
instituição.
164
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
165
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
166
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
DICAS
167
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
NOTA
Capítulo XI
É vedado ao médico:
168
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Os sete artigos que tratam sobre o tema são claros e delimitam as principais
funções relacionadas à atividade do médico em trabalhos de auditoria e perícia.
DICAS
FONTE: <https://m.media-amazon.com/images/I/41JFd9JArhL.jpg>.
Acesso em: 19 nov. 2020.
169
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
FONTE: RODRIGUES FILHO, S. et al. Perícia médica. Brasília: Conselho Federal de Medi-
cina; Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás, 2012. Disponível em: https://
portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/periciamedica.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.
170
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Capítulo XII
É vedado ao médico:
171
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Art. 105 Realizar pesquisa médica em sujeitos que sejam direta ou indiretamente
dependentes ou subordinados ao pesquisador.
Art. 106 Manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas em seres
humanos que usem placebo de maneira isolada em experimentos, quando
houver método profilático ou terapêutico eficaz.
Art. 107 Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha
participado; atribuir a si mesmo autoria exclusiva de trabalho realizado por
seus subordinados ou outros profissionais, mesmo quando executados sob sua
orientação, bem como omitir do artigo científico o nome de quem dele tenha
participado.
Art. 108 Utilizar dados, informações ou opiniões ainda não publicadas, sem
referência ao seu autor ou sem sua autorização por escrito.
Art. 109 Deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações científicas,
pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações apresentadas, bem
como deixar de declarar relações com a indústria de medicamentos, órteses,
próteses, equipamentos, implantes de qualquer natureza e outras que possam
configurar conflitos de interesse, ainda que em potencial.
Art. 110 Praticar a medicina, no exercício da docência, sem o consentimento
do paciente ou de seu representante legal, sem zelar por sua dignidade e
privacidade ou discriminando aqueles que negarem o consentimento solicitado
(BRASIL, 2018, grifos nossos).
7 PUBLICIDADE MÉDICA
Um tema bastante controverso aos médicos é a questão da publicidade
médica e o CFM vem orientando os médicos sobre isso diuturnamente, deixando
no CEM, Capítulo XIII, delineamentos legais.
Capítulo XIII
PUBLICIDADE MÉDICA
É vedado ao médico:
172
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Com esta definição exposta, a resolução ainda apresenta quais devem ser
os requisitos para uma publicidade médica em seu Artigo 2°:
173
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Como você pôde ver no Artigo 2°, em toda a publicidade médica tem que
ficar claro os dados profissionais cadastrados junto ao CRM, para que não haja
nenhuma dúvida sobre o médico que está fazendo a publicidade, bem como as
suas especialidades.
174
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Todos estes 12 quesitos devem ser observados pelos médicos, assim como
pelas agências de publicidade quando realizarem uma publicidade médica, e
caso fique alguma dúvida, poderá ser solicitado uma avaliação ao CRM/CFM.
DICAS
O próprio CFM, para dirimir possíveis dúvidas sobre a Resolução CFM nº 1.974/2011, publicou
um manual explicando em detalhes está resolução, acesse, na íntegra, em: https://portal.
cfm.org.br/publicidademedica/arquivos/cfm1974_11.pdf.
175
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
Boa Leitura!
Capítulo XIV
DISPOSIÇÕES GERAIS
176
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
DICAS
Olá, acadêmico!
Deixamos esta última dica, por considerarmos ser importante para você. Acesse o primeiro
Código de Ética do Estudante de Medicina (CEEM) no Brasil, do Conselho Federal de Medicina
no link: http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=23&edicao=4442#page/1.
Boa leitura!
177
UNIDADE 2 — O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
LEITURA COMPLEMENTAR
178
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
O CEEM funciona como orientação não somente aos alunos, mas também
para os professores e responsáveis pelas instituições de ensino, encarregados da
formação do profissional. “A formação dos futuros médicos na graduação deve
proporcionar aos estudantes o incentivo ao aperfeiçoamento da capacidade
de lidar com problemas nos campos da moral e da ética em sinergia com as
atividades relacionadas ao ensino e à prática profissional”, afirmou o presidente
do CFM e coordenador da Comissão Nacional de Elaboração do Código de Ética
do Estudante de Medicina, Carlos Vital.
180
TÓPICO 3 — REMUNERAÇÃO, SIGILO, DOCUMENTAÇÃO, AUDITORIA E PUBLICIDADE
Respeito no
Destaca como dever do estudante dedicar sua atenção ao
atendimento
atendimento ministrado, evitando distrações com aparelhos
e aparelhos
eletrônicos e conversas alheias à atividade.
eletrônicos
FONTE: <https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=27780:-
2018-08-14-15-36-11&catid=3>. Acesso em: 19 nov. 2020.
FONTE: Adaptado de CFM lança código inédito para promover padrão ético entre estudantes
de Medicina. CFC, 14 ago. 2018. <https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&-
view=article&id=27780:2018-08-14-15-36-11&catid=3>. Acesso em: 19 nov. 2020
181
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
182
• Nas localidades onde existir apenas um médico, ele é o responsável pelo
fornecimento da Declaração de Óbito.
• O prontuário é um documento médico e por isso é sigiloso e não pode ser
manuseado por pessoas que não são obrigadas a manter o sigilo profissional.
• O prontuário médico deve ser legível e individual para cada paciente.
• A Lei Geral de Proteção de Dados, também conhecida como LGPD, deve ser
obedecida pelos médicos com relação à proteção dos dados de seus pacientes.
• As auditorias e perícias médicas vêm tomando maior importância em relação
à atuação dos médicos em diversas novas frentes de trabalho focadas nas
questões sociais e de saúde para a população e empresas.
• Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) ou pela Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP) em questões relacionados à segurança dos dados da
pesquisa e divulgações de outros dados, inclusive em relação a prontuários
de pacientes que participam da pesquisa.
• A educação e a pesquisa são elementos importantes para a evolução da
medicina e surgimento de novas tecnologias e de novos médicos.
• Publicidade médica pode ser entendida como a comunicação ao público,
por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional de iniciativa,
participação e/ou anuência do médico.
• Art. 2º Os anúncios médicos deverão conter, obrigatoriamente, os seguintes
dados:
o nome do profissional;
o especialidade e/ou área de atuação, quando registrada no Conselho
Regional de Medicina;
o número da inscrição no Conselho Regional de Medicina;
o número de registro de qualificação de especialista (RQE), se o for (As
demais indicações dos anúncios deverão se limitar ao preceituado na
legislação em vigor).
• O Conselho Federal de Medicina, ouvidos os Conselhos Regionais de Medicina
e a categoria médica, promoverá a revisão e atualização do presente Código
quando necessárias.
• As omissões com relação ao CEM-2018 serão sanadas pelo Conselho Federal
de Medicina.
CHAMADA
183
AUTOATIVIDADE
184
tratando a todos os envolvidos com a excelência necessária a sua formação,
além da assistência ao paciente e à segurança social necessária no processo
como um todo. Sobre o Código de Ética do Estudante de Medicina (CEEM),
assinale a alternativa CORRETA:
185
REFERÊNCIAS
BARROS JÚNIOR, E. A. Código de ética médica: comentado e interpretado.
Timburi: Cia do e-book, 2019. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/
epmufpr/wp-content/uploads/sites/42/2019/05/CEM-2018-EDMILSON-PROTE-
GIDO.pdf. Acesso em: 31 ago. 2020.
186
BRASIL. Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sobre os Conselhos de
Medicina, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l3268.htm. Acesso em: 19 nov. 2020.
CÉSPEDES, L.; ROCHA, F. D. Vade mecum tradicional. 29. ed. São Paulo: Sarai-
va Educação, 2020.
187
os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na
perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de
seu representante legal. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visu-
alizar/resolucoes/BR/2006/1805. Acesso em: 19 nov. 2020.
ONU. Declaração universal dos direitos humanos. 2009. Disponível em: https://
brasil.un.org/pt-br/resources/publications. Acesso em: 19 nov. 2020.
PUDOR. In: DICIO, Dicionário on-line de português. Porto: 7Graus, 2020. Dis-
ponível em: https://www.dicio.com.br/pudor/. Acesso em: 10 nov. 2020.
188
UNIDADE 3 —
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
189
190
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
FIGURA 1 – JUSTIÇA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, na unidade anterior discutimos e analisamos o
Código de Ética Médico (CEM) em suas nuances e influências relacionadas às
legislações diversas que foram promulgadas desde a nova Constituição Federal
de 1988, Resoluções do CFM, entre outras, que podem influenciar os processos e
procedimentos éticos relacionados aos médicos.
191
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
192
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
193
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
E
IMPORTANT
194
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
CAPÍTULO I
Do Processo em Geral
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 22. As penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus
membros são as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional até 30 dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal
(BRASIL, 1957, grifos do autor).
195
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Este artigo primeiro do CPEP deixa claro que toda e qualquer sindicância ou
processo ético-profissional, também conhecido como PEP, que ocorram nos CRMs
e no CFMs, tem como base o presente código (CPEP) e, principalmente, tramitarão
sempre em sigilo, pois enquanto não houver a decisão definitiva do processo, ele
precisa transcorrer em sigilo processual para que ocorram todas as sindicâncias e
diligências necessárias, sem influências externas e sem juízo de valor ou influências,
até para não constranger ninguém e nem gerar problemas nos trâmites.
NOTA
196
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
DICAS
Boa leitura.
197
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
198
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
199
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
3 DA SINDICÂNCIA
Antes de começarmos a analisar a segunda seção que fala dos processos
de sindicância, vamos compreender o seu significado.
NOTA
Significado de sindicância
Substantivo feminino
Inquérito; conjunto das atividades, análises e ações que visam apurar a verdade dos fatos
apresentados.
Inquérito que tem o objetivo de apurar qualquer irregularidade num órgão público.
Logo, como podemos ver pelo significado da palavra que dá título a esta
seção, ela é dedicada a definir todo o conjunto das atividades, análises e ações que
visam apurar a verdade dos fatos apresentados ao CRM sobre a atuação de seus
membros.
200
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
Seção II
Da Sindicância
201
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Constituição Federal
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
(CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 20).
202
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
203
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
4.1 CONCILIAÇÃO
Em situações em que o Conselheiro Sindicante identifica uma situação
de grau menor de severidade e que não envolvam lesão corporal de natureza
grave, conforme os Art. 129°, § 1° a 3° do Código Penal, assédio sexual ou óbito
do paciente, ele pode sugerir uma conciliação entre as partes, desde que ainda não
tenha ocorrido a aprovação do relatório conclusivo da sindicância.
Seção III
Da Conciliação
Art. 18. A conciliação entre as partes somente será admitida nos casos em
que não envolvam lesão corporal de natureza grave (art. 129, §§ 1° a 3° do
Código Penal), assédio sexual ou óbito do paciente, e dependerá de proposta
do conselheiro sindicante ou de outro membro da Câmara, com aprovação da
câmara de sindicância.
204
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
Seção IV
Art. 20. O TAC é sigiloso e será assinado por membro da câmara de sindicância
que o aprovar ou o corregedor e o médico interessado, tendo como
embasamento legal a Lei n° 7.347/1985 e inciso II do Art. 17 deste CPEP.§ 1° O
CRM figurará no TAC como compromitente e o médico interessado
como compromissário (CFM, 2016).
205
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Art. 22. O TAC não pode ser firmado nos autos da sindicância que tenha no
polo ativo a figura do denunciante.
§1° A fiscalização do cumprimento dos termos contidos no TAC caberá à
corregedoria do CRM respectivo.
Art. 23. O descumprimento dos termos e condições contidas no TAC implicará
a abertura de PEP.
Art. 24. O médico que aderir a um TAC ficará impedido de firma novo TAC,
sobre qualquer assunto, pelo período de cinco anos.
(CFM, 2016).
206
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
Seção V
207
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Art. 26. A interdição cautelar ocorrerá desde que existam nos autos elementos
de prova que evidenciem a probabilidade da autoria e da materialidade da
prática do procedimento danoso pelo médico, a indicar a verossimilhança da
acusação, e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação
ao paciente, à população e ao prestígio e bom conceito da profissão, caso ele
continue a exercer a medicina.
§ 1° Na decisão que determinar a interdição cautelar, o CRM indicará, de modo
claro e preciso, as razões de seu convencimento.
§ 2° A decisão de interdição cautelar terá efeito imediato e implicará o
impedimento, total ou parcial, do exercício da medicina até o julgamento final
do PEP, que deverá ser obrigatoriamente instaurado.
§ 3° A interdição cautelar poderá ser modificada ou revogada a qualquer tempo
pela plenária do CRM ou, em grau de recurso, pela plenária do CFM, em decisão
fundamentada.
208
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
Parágrafo único. O prazo do caput deste artigo não será considerado quando
o atraso da prática de qualquer ato processual for causado, sem motivo justo,
pelo médico interditado (CFM, 2016).
209
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
a. Absolvição.
b. Advertência confidencial em aviso reservado.
c. Censura confidencial em aviso reservado.
d. Censura pública em publicação oficial.
e. Suspensão do exercício profissional até 30 dias.
f. Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal.
210
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
Enquanto o enfermeiro pode ser suspenso por até 90 dias, nos termos da
Resolução COFEN n° 564/2017, e o advogado, por exemplo, pode ser suspenso
por um período de até 12 meses, nos termos da Lei n° 8.906/1994, a penalidade de
suspensão por até 30 dias aplicável ao médico, por vezes, mostra-se inadequada
para o caso concreto.
Por vezes, a interdição cautelar poderia servir para evitar novos danos
concretos, a exemplo do ocorrido com Denis César Barros Furtado, conhecido
como Dr. Bumbum, que havia sido cassado pelo Conselho Regional de
Medicina do Estado de Goiás, porém, considerando que a decisão precisaria ser
referendada pelo Conselho Federal de Medicina, continuou atuando e gerou
prejuízos irreversíveis para Lilian Calixto, que faleceu após a intervenção do
médico.
211
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
212
TÓPICO 1 — DO PROCESSO ÉTICO EM GERAL
213
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A conciliação entre as partes somente será admitida nos casos em que não
envolvam lesão corporal de natureza grave (Art. 129, §§ 1º a 3º do Código
Penal), assédio sexual ou óbito do paciente, e dependerá de proposta do
conselheiro sindicante ou de outro membro da Câmara, com aprovação da
câmara de sindicância.
• O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) é o ato jurídico pelo qual a pessoa,
física ou jurídica, em regra, reconhecendo implicitamente que sua conduta
ofende ou pode ofender interesse ético individual ou coletivo, assume,
perante órgão público legitimado, o compromisso de eliminar a ofensa ou
o risco, através da adequação de seu comportamento às exigências legais e
éticas, mediante formalização de termo.
• O pleno do CRM, por maioria simples de votos e respeitando o quórum mínimo,
poderá interditar cautelarmente o exercício profissional de médico cuja ação
ou omissão, decorrentes do exercício de sua profissão, esteja notoriamente
prejudicando seu paciente ou à população, ou na iminência de fazê-lo.
215
AUTOATIVIDADE
216
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
DO PROCESSO EM ESPÉCIE
FIGURA 5 – PENSANDO
“Antes de fazer alguma coisa, pense, quando achar que já pode fazê-la, pense
novamente”.
Pitágoras
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, estamos iniciando o estudo do Tópico 2 desta
unidade e trataremos o tema relacionado aos procedimentos dos processos em
si em relação aos Processos Ético-Profissionais juntados ao Conselho Regional de
Medicina sob a égide da conduta ético profissional do médico.
217
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Capítulo II
Do Processo em Espécie
Seção I
Art. 32. Aprovado o relatório da sindicância, na forma do art. 17, inciso IV, deste
CPEP, o conselheiro instrutor conduzirá o processo dentro dos parâmetros de
razoabilidade, atentando-se para os prazos prescricionais.
Parágrafo único. O conselheiro sindicante não poderá ser designado como
instrutor de PEP por ele proposto (CFM, 2016, grifos do autor).
Art. 33. O PEP não poderá ser extinto por desistência da parte denunciante.
Nesta hipótese, ele seguirá de ofício.
§ 1° Comprovado o falecimento do médico denunciado, mediante a juntada da
certidão de óbito nos autos, será extinta a punibilidade em relação a ele, mediante
despacho do corregedor.
§ 2° Comprovado o falecimento do denunciante, mediante ajuntada da certidão
de óbito nos autos, o PEP seguirá de ofício, mediante despacho do corregedor.
§ 3° Havendo requerimento do cônjuge ou companheiro (a), pais, filhos ou
irmãos do denunciante falecido, nessa ordem, ele poderá ser admitido como
parte denunciante, assumindo o processo no estado em que se encontra.
§ 4° O procedimento administrativo, para apurar doença incapacitante, observará
resolução específica. Quando também estiver sendo apurada infração ética, sua
conclusão deverá ocorrer antes do julgamento do PEP (CFM, 2016).
Da Citação do Denunciado
Art. 35. Citação é o ato pelo qual o médico denunciado é convocado para integrar
a relação processual, dando-lhe ciência da instauração de PEP e imputando-lhe
a prática de infração ética, bem como lhe oferecendo a oportunidade para se
defender.
Art. 36. O mandado de citação deverá conter obrigatoriamente:
I- o nome completo do denunciado;
II- o endereço residencial ou profissional do denunciado;
III- a finalidade da citação, bem como a menção do prazo e local para apresentação
da defesa prévia, sob pena de revelia. Parágrafo único. Cópia do relatório
conclusivo da sindicância e do voto divergente, se houver, deverá acompanhar
o mandado de citação.
Art. 37. A citação inicial, na forma do art. 35, poderá ser feita em qualquer lugar
em que se encontre o denunciado e será realizada:
I- pelos Correios, com Aviso de Recebimento, ou outro meio de comprovação
oficial de recebimento fornecido pelos Correios;
II- por servidor ou conselheiro do CRM devidamente habilitado ou pelos
Correios, via Aviso de Recebimento por Mãos Próprias (ARMP);
III- por Carta Precatória, quando frustradas as hipóteses previstas nos incisos I
e II deste artigo;
IV- por edital, quando frustradas as hipóteses anteriores.
§ 1° Nas clínicas, nos consultórios e nos hospitais será válida a entrega do
mandado de citação à secretária ou outro funcionário da recepção ou da portaria
responsável pelo recebimento de correspondência.
§2° Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será
válida a entrega do mandado de citação a funcionário da portaria responsável
pelo recebimento de correspondência.
220
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Defesa Prévia
Das Intimações
221
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
FIGURA 7 – INTIMAÇÃO
Revelia
222
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Parágrafo único. Caso o denunciado ou seu defensor manifeste nos autos que
não deseja fazer sua defesa prévia, não será considerado revel.
Art. 45. Ao médico denunciado declarado revel será nomeado um defensor
dativo para apresentação de defesa prévia no prazo do Art. 39, § 1º e a prática
dos demais atos processuais que visem a sua defesa, incluindo eventual recurso.
§ 1° No CRM e no CFM, o defensor dativo será um advogado, que receberá
sua devida remuneração pelo desempenho de sua função, cujo valor deverá
ser fixado mediante edição de resolução própria ou realização de convênio com
instituições públicas ou privadas.
§2° O defensor dativo que deixar de cumprir a função para a qual foi nomeado,
deverá ser substituído, sem prejuízo de ser expedido ofício para seu órgão de
classe para tomar as medidas cabíveis.
§ 3° O comparecimento espontâneo do denunciado aos autos, pessoalmente ou
por procurador, em qualquer fase do processo, cessa a revelia e o concurso do
defensor dativo, assumindo o processo no estado em que se encontra.
Art. 46. No exercício de sua função, o defensor dativo se manifestará de forma
fundamentada e terá ampla liberdade para fazer requerimentos e produzir
provas que entenda pertinente.
Art. 47. A atuação do defensor dativo se encerra com a apresentação de recurso
para o CFM (CFM, 2016, grifos do autor).
NOTA
223
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Seção II
Das Provas
Disposições Gerais
Art. 48. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais para provar a
verdade dos fatos e influir eficazmente na convicção dos conselheiros julgadores.
Art. 49. O conselheiro-relator formará sua convicção pela livre apreciação das
provas produzidas nos autos do PEP, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na sindicância.
Art. 50. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao conselheiro instrutor de ofício:
I- arrolar testemunhas;
II- ordenar a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
III- determinar, no curso da instrução do PEP, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 51. O conselheiro instrutor poderá, fundamentadamente, indeferir as
provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
Art. 52. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas dos autos do PEP, as
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais (CFM, 2016, grifos do autor).
224
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
DICAS
• Código Civil (CC): Artigo 212 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm#:~:text=LEI%20N%20
o%2010.406%2C%20DE%2010%20DE%20JANEIRO%20DE%202002&text=Institui%20o%20
C%C3%B3digo%20Civil.&text=Art.,e%20deveres%20na%20ordem%20civil.
• Código Processo Civil (CPC): Artigo 369 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm.
• Código de Processo Penal (CPP): Artigo 155 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm.
• Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): Artigo 818 do Decreto Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm.
Seção III
Da Audiência de Instrução
225
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
226
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
227
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Todo o rito segue dentro dos padrões legais brasileiros e em situações que
o denunciante ou o denunciado tiverem residência fora da área de circunscrição
do CRM em que o PEP tramita, eles têm o direito de serem ouvidos por carta
precatória, fato comum na atualidade devido à grande mobilidade que existe,
tanto dos pacientes como dos médicos.
Das Testemunhas
228
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Da Acareação
229
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
NOTA
Da Prova Emprestada
Art. 77. É lícita a utilização de prova emprestada para instrução do PEP, desde
que submetida ao contraditório.
Parágrafo único. A prova emprestada ingressará nos autos como prova
documental e deverá ser analisada como tal.
Das Degravações
Art. 78. As gravações apresentadas pelas partes, para serem admitidas nos
autos, deverão estar acompanhadas de sua respectiva transcrição e submetidas
ao contraditório.
Parágrafo único. As gravações juntadas aos autos de ofício deverão ser
degravadas pelo CRM (CFM, 2016, grifos do autor).
Do Encerramento da Instrução
Art. 79. Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze) dias
para apresentação das alegações finais; primeiramente ao denunciante e, em
seguida, ao denunciado.
§ 1º Havendo mais de um denunciante ou mais de um denunciado, o prazo será
comum aos denunciantes ou aos denunciados.
§2º Estando as partes ou seus procuradores presentes à última audiência, elas
poderão ser intimadas para apresentação das alegações finais escritas, podendo
fazê-la, a critério do conselheiro instrutor, de forma oral e reduzida a termo na
própria audiência, ou declinar de sua apresentação.
Art. 80. Após a apresentação das alegações finais, os autos deverão ser remetidos
à Assessoria Jurídica para análise e parecer quanto a eventuais preliminares e
regularidade processual. Em seguida, o conselheiro instrutor apresentará termo
de encerramento dos trabalhos que será encaminhado ao corregedor.
Art. 81. Até a data da sessão de julgamento, o conselheiro corregedor,
verificando a existência de qualquer vício ou irregularidade processual, poderá
intervir nos autos e, por meio de despacho fundamentado, devolver o processo
ao conselheiro instrutor com determinação específica para a realização ou a
retificação de atos processuais a serem executados, com a devida intimação das
partes (CFM, 2016, grifos do autor).
231
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Seção IV
232
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Do Pedido de Vista
Art. 86. Após a leitura da parte expositiva dos relatórios elaborados pelo
relator e revisor, no momento que antecede a leitura dos seus votos, qualquer
conselheiro poderá solicitar a suspensão do julgamento para:
I requerer vista dos autos do processo, apresentando-o com relatório de vista
em até 30 dias, para continuidade do julgamento;
II requerer a baixa dos autos do processo em diligência, com aprovação
da maioria dos conselheiros presentes à sessão de julgamento, caso em que
especificará as providências que devam ser tomadas pelo conselheiro instrutor
no prazo de 30 dias, que poderá ser prorrogado uma única vez, mediante
justificativa escrita.
233
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
NOTA
234
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
235
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
DICAS
Art. 21. O poder de disciplinar e aplicar penalidades aos médicos compete exclusivamente
ao Conselho Regional, em que estavam inscritos ao tempo do fato punível, ou em que
ocorreu, nos termos do art. 18, § 1°.
Parágrafo único. A jurisdição disciplinar estabelecida neste artigo não derroga a jurisdição
comum quando o fato constitua crime punido em lei.
Art. 22. As penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus membros são
as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional até 30 (trinta) dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal.
Seção V
236
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
237
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Seção VI
A Seção VII do CPEP traz os artigos que detalham sobre a execução das
penas:
Seção VII
238
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Art. 101. A execução da penalidade imposta pelo CRM ou pelo CFM será
processada nos estritos termos do acórdão da respectiva decisão, e a penalidade
anotada no prontuário do médico.
§ 1° As penas previstas nas letras "a" e "b", do art. 22, da Lei nº 3.268/1957, além
da anotação no prontuário do médico infrator, serão comunicadas formalmente
ao apenado.
§ 2° As penas previstas nas letras "c", "d" ou "e", do Art. 22, da Lei nº 3.268/1957
serão publicadas no Diário Oficial do Estado, do Distrito Federal ou da União,
em jornal de grande circulação, jornais ou boletins e sítio eletrônico do CRM.
§ 3° No caso das penas previstas nas letras "d" e "e", do Art.22, da Lei nº
3.268/1957, e no caso de interdição cautelar total, além da publicação dos editais
e das comunicações endereçadas às autoridades interessadas, será apreendida
a carteira profissional e a cédula de identidade de médico (CFM, 2016, grifos
do autor).
Seção VIII
Dos Impedimentos
I - em que interveio como mandatário das partes, atuou como perito ou prestou
depoimento como testemunha;
II - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
III - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
IV - quando for membro de direção ou de administração da pessoa jurídica que
tiver interesse direto no PEP;
239
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Da Suspeição
Art. 104. O impedimento poderá ser alegado a qualquer tempo antes do trânsito
em julgado da decisão, em petição específica, na qual indicará, com clareza, o
fundamento da recusa; podendo instruí-la com documentos em que se fundar
a alegação e com rol de testemunhas, se for o caso.
Art. 105. A suspeição poderá ser alegada, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar
do conhecimento do fato em petição específica, na qual indicará, com clareza, o
fundamento da recusa; podendo instruí-la com documentos em que se fundar
a alegação e com rol de testemunhas, se for o caso.
240
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
Seção IX
Das Nulidades Processuais
Art. 106. Nenhum ato será declarado nulo se dá nulidade não resultar prejuízo
para as partes.
Art. 107. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa,
ou para que tenha concorrido, ou referente à formalidade cuja observância só à
parte contrária interesse.
Art. 108. Não será declarada a nulidade de ato processual que não tenha influído
na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Art. 109. As nulidades serão consideradas sanadas:
I se não forem arguidas em tempo oportuno;
II se, praticado por outra forma, o ato atingir suas finalidades;
III se a parte, ainda que tacitamente, aceitar seus efeitos.
Art. 110. Os atos cuja nulidade não tenha sido sanada na forma do artigo
anterior serão renovados ou retificados.
241
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
A nulidade pode ser gerada por uma ineficácia do ato ou de alguma relação
processual, principalmente ocasionada pela não observância de uma questão legal
prescrita na lei.
[...]
242
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
1) Ser desde logo arquivada, caso não haja evidência de infração ética.
2) Ser proposta conciliação ou termo de ajustamento de conduta. Ou
3) Ser instaurado o processo ético-profissional, caso haja evidência de que
possa ter ocorrido infração ética por parte do médico denunciado.
243
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
244
TÓPICO 2 — DO PROCESSO EM ESPÉCIE
[...]
FONTE: Adaptado de: <https://jus.com.br/artigos/55444/novo-codigo-de-processo-etico-pro-
fissional-medico-entra-em-vigor>. Acesso em: 19 nov. 2020.
245
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
246
• As partes têm o direito de empregar todos os meios legais para provar
a verdade dos fatos e influir eficazmente na convicção dos conselheiros
julgadores.
• São inadmissíveis provas ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos do PEP.
• São consideradas provas ilícitas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.
• A audiência será iniciada após a identificação e qualificação de todas as
partes, com a presença do conselheiro instrutor, dos colaboradores de apoio
do CRM.
• A testemunha fará a promessa de dizer a verdade do que souber e for
perguntado.
• A acareação será admitida sempre que divergirem, em suas declarações, sobre
fatos ou circunstâncias relevantes, de acordo com decisão do conselheiro
instrutor e que ajudem aos esclarecimentos sobre o mérito do processo.
• É lícita a utilização de prova emprestada para instrução do PEP, desde que
submetida ao contraditório.
• Qualquer conselheiro poderá solicitar a suspensão do julgamento para
requerer vista dos autos do processo.
• Quando houver divergência entre três ou mais votos, dar-se-á a votação
obedecendo-se a seguinte ordem:
o I - culpabilidade: condenação com a capitulação dos artigos ou absolvição;
o II - cassação do exercício profissional (Art. 22, "e" da Lei nº 3.268/57);
o III - penas públicas (Art. 22, "c" ou "d" da Lei nº 3.268/57) ou reservadas
(Art. 22, "a" ou "b" da Lei nº 3.268/57).
247
o As penas previstas nas letras "c", "d" ou "e", do Art. 22, da Lei nº 3.268/1957
serão publicadas no Diário Oficial do Estado, do Distrito Federal ou da
União, em jornal de grande circulação, jornais ou boletins e sítio eletrônico
do CRM.
o No caso das penas previstas nas letras "d" e "e", do Art.22, da Lei nº
3.268/1957, e no caso de interdição cautelar total, além da publicação dos
editais e das comunicações endereçadas às autoridades interessadas, será
apreendida a carteira profissional e a cédula de identidade de médico.
248
AUTOATIVIDADE
249
250
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
FIGURA 8 –TEMPO
1 INTRODUÇÃO
Este é o último tópico desta unidade. Estudaremos os últimos assuntos
relacionados ao Código de Processo Ético-Profissional que tratam da prescrição,
da revisão do processo e das disposições finais sobre o CPEP.
Vamos começar!
2 DA PRESCRIÇÃO
A prescrição de prazos legais é um fato jurídico que traz equilíbrio sobre
as responsabilidades jurídicas das instituições publicas e legais, pois cabe a estes
a responsabilidades de abrirem processos sobre direitos legais, financeiros etc.
251
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
NOTA
Art. 1° A punibilidade de profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, através
de órgão em que esteja inscrito, prescreve em cinco anos, contados da data de verificação
do fato respectivo.
Art. 3° Todo processo disciplinar paralisado há mais de três anos pendente de despacho ou
julgamento, será arquivado ex offício ou a requerimento da parte interessada.
Art. 1° Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado.
252
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2° Interrompe-se a prescrição da ação punitiva: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
2009)
I - pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital;
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
III - pela decisão condenatória recorrível.
IV - por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. (Incluído pela Lei
n° 11.941, de 2009)
Art. 2°-A. Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória: (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009)
I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009);
II - pelo protesto judicial; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009);
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (Incluído pela Lei nº 11.941,
de 2009);
IV - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009);
V - por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. (Incluído pela Lei
n° 11.941, de 2009);
Art. 8° Ficam revogados o art. 33 da Lei no 6.385, de 1976, com a redação dada pela Lei
no 9.457, de 1997, o art. 28 da Lei no 8.884, de 1994, e demais disposições em contrário,
ainda que constantes de lei especial.
FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9873.htm#:~:text=LEI%20No%209.873
%2C%20DE%2023%20DE%20NOVEMBRO%20DE%201999.&text=Estabelece%20
prazo%20de%20prescri%C3%A7%C3%A3o%20para,indireta%2C%20e%20d%C3%A1%20
outras%20provid%C3%AAncias.>. Acesso em: 20 nov. 2020.
Essas duas leis são a base legal de referência para os artigos relacionados à
prescrição de prazos legais que são base para o Código de Processo Ético-Profissional
(CPEP). Vamos conhecer, então, os artigos relativos à prescrição de prazos.
253
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Capítulo III
Da prescrição
Seção I
Art. 112. A punibilidade por falta ética sujeita a PEP prescreve em cinco anos,
contados a partir da data do efetivo conhecimento do fato pelo CRM (CFM,
2016, grifos do autor).
254
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Conforme expresso no Art. 15, alínea d, fica claro que o CFM precisa
“conhecer, apreciar e decidir os assuntos atinentes à ética profissional, impondo
as penalidades que couberem”, deixando claro, neste artigo, e em todo o CPEP a
eficiência do exposto na lei.
Art. 113. Após o conhecimento efetivo do fato pelo CRM o prazo prescricional
será interrompido:
I pelo conhecimento expresso ou pela citação do denunciado, inclusive por
meio de edital;
II pelo protocolo da defesa prévia;
III por decisão condenatória recorrível (CFM, 2016).
NOTA
255
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Seção II
Art. 116. A execução da pena aplicada prescreverá em cinco anos, tendo como
termo inicial a data da intimação do denunciado da decisão condenatória (CFM,
2016, grifos do autor).
DICAS
Prezado acadêmico, para encerrar este tema, gostaríamos de deixar mais três
artigos para a sua leitura, que aprofunda o tema da prescrição. Acesse os links:
• https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11672/Da-prescricao-e-da-decadencia-
no-Direito-Civil.
• http://genjuridico.com.br/2018/04/05/efeitos-da-inercia-e-do-decurso-do-tempo-
prescricao-e-decadencia/.
• https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11311/A-falta-medica-disciplinar-e-a-
prescricao-da-pretensao-punitiva.
Boa leitura!
Esse foi um tema mais rápido, mas de muita importância, pois os CRMs e
o CFM devem tomar muito cuidado para que não ocorram prescrição dos prazos
legais e problemas reais não sejam punidos de fato por esta falta interna.
256
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
3 DA REVISÃO DO PROCESSO
A revisão do processo é prevista no Código de Processo Ético-Profissional
(CPEP), principalmente respaldado nas legislações nacionais, pois pode ter
ocorrido alguma intercorrência que de suporte legal a este fato, para que ocorra
uma nova averiguação e revisão processual de fato já julgado.
Capítulo IV
Da Revisão do Processo
Seção I
257
UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Art. 120. O pedido de revisão não terá efeito suspensivo (CFM, 2016).
258
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção II
Da Reabilitação Profissional
Art. 124. Decorridos oito anos após o cumprimento da pena e sem que tenha
sofrido qualquer outra penalidade ético-profissional, poderá o médico requerer
sua reabilitação ao CRM onde está inscrito, com a retirada dos apontamentos
referentes a condenações anteriores.
Parágrafo único. Exclui-se da concessão do benefício do caput deste artigo o
médico punido com a pena de cassação do exercício profissional, prevista na
letra "e", do Art. 22 da Lei nº 3.268/1957 (CFM, 2016, grifos do autor).
Esse artigo possibilita que o médico solicite após oito anos do cumprimento
da pena e sem que tenha sofrido qualquer outra penalidade ético-profissional,
requerer sua reabilitação ao CRM em que está inscrito, com a retirada dos
apontamentos referentes a condenações anteriores, excetuando-se o médico
punido com a pena de cassação do exercício profissional.
Capítulo V
Seção I
Seção II
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UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
Art. 126. Os prazos deste CPEP são contínuos e ininterruptos e serão contados a
partir da data da juntada aos autos, da comprovação do recebimento da citação,
intimação ou notificação.
Parágrafo único. Havendo mais de um denunciante ou mais de um denunciado,
o prazo será contado individualmente para cada um, a partir da certidão de
juntada aos autos da respectiva citação, intimação ou notificação.
Seção III
No Artigo 126 do CPEP, ele discorre sobre os prazos do PEP que são
contínuos e ininterruptos e serão contados a partir da data da juntada aos autos.
Terminamos, aqui, esta disciplina. Você deve ter notado a grande carga
de leitura da legislação sobre o tema, pois não tem como falarmos do CEM e do
CPEP dos médicos sem trazermos a discussão e interpretação dessas normativas.
260
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
DICAS
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UNIDADE 3 — O CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
262
TÓPICO 3 — DA PRESCRIÇÃO, DA REVISÃO DO PROCESSO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
263
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O CRM e ou CFM não podem deixar uma sindicância ou PEP paralisado por
mais de três anos.
264
• O médico que solicitar após oito anos do cumprimento da pena e sem que
tenha sofrido qualquer outra penalidade ético-profissional, requerer sua
reabilitação ao CRM em que está inscrito, com a retirada dos apontamentos
referentes a condenações anteriores, excetuando-se o médico punido com a
pena de cassação do exercício profissional.
CHAMADA
265
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Dois anos.
b) ( ) Três anos.
c) ( ) Cinco anos.
d) ( ) Dez anos.
266
REFERÊNCIAS
BARROS JÚNIOR, E. Código de ética médica: comentado e interpretado. Timburi:
Cia do eBook, 2019. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/epmufpr/wp-
content/uploads/sites/42/2019/05/CEM-2018-EDMILSON-PROTEGIDO.pdf. Acesso
em: 20 nov. 2020.
267
CFM. Resolução CFM Nº 2.145, de 17 de maio de 2016. Aprova o Código de
Processo Ético-Profissional (CPEP) no âmbito do Conselho Federal de Medicina
(CFM) e Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Disponível em: https://sistemas.
cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2016/2145. Acesso em: 20 nov. 2020.
CUNHA, S. S. Dicionário compacto do direito. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
268