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Materiais e Processos

Têxteis
Prof.a Soleni dos Santos Kuhn Sette

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Soleni dos Santos Kuhn Sette
a

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

S495m

Sette, Soleni dos Santos Kuhn

Materiais e processos têxteis. / Soleni dos Santos Kuhn Sette. –


Indaial: UNIASSELVI, 2021.

227 p.; il.

ISBN 978-65-5663-458-6
ISBN Digital 978-65-5663-459-3

1. Materiais têxteis. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 680

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Materiais e Processos
Têxteis. Este Livro Didático foi formatado pensando no melhor modo de
compartilhar esses conhecimentos com você. O conteúdo que veremos lhe
ajudará a compreender de modo completo todo o processo necessário, desde
a produção e seleção dos materiais têxteis até a produção do tecido e/ou
malha. Além disso, passaremos por discussões de conceitos importantíssimos
e atuais como, por exemplo, o conceito de Sustentabilidade e o de
Inovação. Apresentaremos uma importante ferramenta para a gestão da
sustentabilidade e traremos casos de aplicação que ajudarão na compreensão
de como tudo acontece na prática.

Na Unidade 1, abordaremos as fibras têxteis, o processo de fiação, o


processo de produção da malha e também o processo de produção do tecido.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as abordagens do


beneficiamento têxtil, veremos alguns têxteis técnicos e têxteis especiais
e estes conceitos na atualidade. Além disso, aprenderemos os cuidado e
obrigatoriedades na elaboração e uso de etiquetas em têxteis baseado em
regulamentação específica.

Por fim, na Unidade 3, você irá compreender o conceito de


sustentabilidade, a aplicação e a importância do uso de tecnologia limpa.
Você verá a Indústria 4.0 e o que este novo contexto exige da indústria
têxtil. Outra abordagem da atualidade muito discutida por profissionais,
especialistas e não especialista, é o aspecto da Inovação e de seus conceitos,
ou seja, o que se entende por inovação.

Bem, durante todo o texto prevalece a praticidade de leitura e de


compreensão. Entretanto, você poderá usar este livro como base de consulta,
para revisitar os conceitos e aprendizados sempre que achar necessário.

Você deve ter observado que todas essas abordagens foram divididas
em três unidades, no entanto, elas estão conectadas e em ordem, de modo que
facilite a sua compreensão. Ao final deste livro, você estará apto a discutir
com segurança as abordagens apresentadas. Esperamos que este material,
cuidadosamente elaborado para você, seja de grande valia para seus estudos.
Para qualquer dúvida ou sugestões estaremos à disposição.

Bons estudos!

Prof.a Soleni dos Santos Kuhn Sette


NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM................................ 1

TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS,


FIBRAS QUÍMICAS...................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS TÊXTEIS ..................................................................................... 3
3 FIBRAS NATURAIS ............................................................................................................................ 4
3.1 ALGODÃO ...................................................................................................................................... 6
3.2 LÃ....................................................................................................................................................... 7
3.3 LINHO . ............................................................................................................................................ 8
3.4 SEDA . ............................................................................................................................................. 10
3.5 OUTRAS FIBRAS NATURAIS .................................................................................................... 12
4 FIBRAS QUÍMICAS .......................................................................................................................... 13
4.1 INDUSTRIALIZAÇÃO DE FIBRAS QUÍMICAS ..................................................................... 13
4.2 FILAMENTOS................................................................................................................................ 14
4.3 FIBRAS ARTIFICIAIS: CELULÓSICAS E NÃO CELULÓSICAS . ........................................ 15
4.4 FIBRAS SINTÉTICAS ................................................................................................................... 16
4.5 REUTILIZAÇÃO (OU NÃO) DE FIBRAS QUÍMICAS ........................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 21

TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO


E APLICAÇÕES............................................................................................................ 23
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 23
2 PROCESSOS BÁSICOS PARA A FORMAÇÃO DO FIO........................................................... 23
2.1 PREPARAÇÃO: ABERTURA; BATEDORES; CARDAS, PASSADORES) ............................ 24
2.2 MISTURA DE FIBRAS.................................................................................................................. 26
3 TIPOS DE FIAÇÃO............................................................................................................................ 26
3.1 FIAÇÃO POR ANEL .................................................................................................................... 26
3.2 FIAÇÃO POR ROTOR ................................................................................................................. 27
3.3 FIAÇÃO ARTESANAL ................................................................................................................ 29
4 CLASSIFICAÇÃO DE FIOS............................................................................................................. 30
4.1 FIO PENTEADO ........................................................................................................................... 30
4.2 FIO CARDADO ............................................................................................................................ 31
4.3 FIO FANTASIA ............................................................................................................................. 32
4.4 FIO TINTO...................................................................................................................................... 33
4.5 FIO MULTIFILAMENTO E MONOFILAMENTO .................................................................. 33
4.6 FIO PARA MALHA E FIO PARA TECIDO PLANO: DIFERENÇAS ................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 35
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 36

TÓPICO 3 — MALHARIA: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES..........39


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 39
2 O QUE É MALHA E SUAS CARACTERÍSTICAS ...................................................................... 39
3 MALHARIA: TRAMA E URDUME ............................................................................................... 40
3.1 MALHARIA POR TRAMA: FORMAÇÃO ............................................................................... 40
3.2 MALHARIA POR URDUME: FORMAÇÃO............................................................................. 41
4 TEAR PARA MALHARIA ................................................................................................................ 42
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 45

TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS......................................... 47


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 47
2 TEAR PARA TECIDOS PLANOS E ESCOLHA DO TEAR:...................................................... 47
3 TECELAGEM ARTESANAL E TECELAGEM INDUSTRIAL .................................................. 49
4 PROCESSOS BÁSICOS PRIMÁRIOS DE TECELAGEM ......................................................... 55
4.1 ABERTURA DA CALA . .............................................................................................................. 55
4.2 INSERÇÃO DA TRAMA ............................................................................................................. 56
4.3 BATIDA DO PENTE OU ENCOSTAMENTO DA TRAMA ................................................... 57
5 CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS PLANOS ........................................................................ 58
5.1 TRAMA E URDUME..................................................................................................................... 58
5.2 TIPOS DE LIGAMENTOS: TELA, SARJA, CETIM ................................................................. 59
5.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ESTRUTURA ........................................................................ 60
5.3.1 Tecidos simples..................................................................................................................... 60
5.3.2 Tecidos compostos . ............................................................................................................. 60
5.3.3 Tecidos mistos....................................................................................................................... 60
5.3.4 Tecidos especiais................................................................................................................... 60
5.3.5 Tecidos artísticos .................................................................................................................. 61
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 62
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 73

UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS,


ETIQUETAGEM.........................................................................................................................75

TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS.................................................................................................. 77
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 77
2 TIPOS DE BENEFICIAMENTOS.................................................................................................... 77
2.1 PRIMÁRIOS . ................................................................................................................................. 77
2.2 SECUNDÁRIOS............................................................................................................................. 78
2.3 TERCIÁRIOS ................................................................................................................................. 78
3 TINGIMENTO ................................................................................................................................... 79
3.1 CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................................................... 79
3.2 TINTURA A QUENTE E A FRIO ............................................................................................... 79
3.3 CORANTES NATURAIS E SINTÉTICOS ................................................................................. 80
3.4 MORDENTES ................................................................................................................................ 81
3.5 PROCESSOS DE TINGIMENTO: CORANTES DIRETOS, CORANTES A MORDENTE,
CORANTES DE CUBA, CORANTES A COBRE, CORANTES ÁCIDOS E CORANTES
NA MASSA .................................................................................................................................... 82
4 ESTAMPAGEM .................................................................................................................................. 83
4.1 TIPOS DE ESTAMPARIA ............................................................................................................ 83
4.2 MÉTODOS DE ESTAMPARIA . .................................................................................................. 83
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 91
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS......................................... 93
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 93
2 TECIDOS E EXEMPLOS DE APLICAÇÃO EM DIVERSAS ÁREAS...................................... 94
2.1 TECIDO NA DECORAÇÃO ....................................................................................................... 94
2.2 TECIDO NA MODA .................................................................................................................... 95
2.3 TECIDO NA ARTE ....................................................................................................................... 97
2.4 TECIDO NAS ENGENHARIAS ................................................................................................. 98
3 TÊXTEIS TÉCNICOS E TECNOLÓGICOS................................................................................... 99
3.1 TÊXTEIS E A BIOTECNOLOGIA . ........................................................................................... 100
3.2 TÊXTEIS E A NANOTECNOLOGIA . ..................................................................................... 102
3.3 TÊXTEIS E ANTIBACTÉRIAS .................................................................................................. 103
3.4 TÊXTEIS COM PROTEÇÃO SOLAR........................................................................................ 104
3.5 TECIDOS VIVOS.......................................................................................................................... 105
3.6 OS NÃO TECIDOS: FELTRO, TNT........................................................................................... 106
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 112

TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO........................................................... 115


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 115
2 ETIQUETAGEM ............................................................................................................................... 115
2.1 NORMAS DE ELABORAÇÃO DE ETIQUETAS.................................................................... 116
2.2 SIMBOLOGIA TÊXTIL . ............................................................................................................. 117
2.3 ESTRUTURA DA ETIQUETA . ................................................................................................. 124
3 REGULAMENTO ............................................................................................................................ 125
3.1 RIGOR INMETRO ...................................................................................................................... 125
3.2 FISCALIZAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS TÊXTEIS .............................................................. 127
3.3 REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL ............................................................................ 128
4 INOVAÇÃO EM ETIQUETAS ...................................................................................................... 130
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 137
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 142
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 143
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 146

UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA


PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO................. 149

TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE...................................................................................................... 151


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 151
2 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: PERSPECTIVAS EM DESIGN ................... 152
2.1 MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTENTABILIDADE
GLOBAL ....................................................................................................................................... 152
2.2 PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS ............................................................................................. 157
3 TECNOLOGIA LIMPA E O PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) ................... 158
3.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DO P+L........................................................................................ 161
3.2 BARREIRAS PRINCIPAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO......................................................... 163
3.3 BENEFÍCIOS DO P+L.................................................................................................................. 164
3.4 APLICAÇÃO DO P+L COMO FERRAMENTA DE MELHORIA CONTÍNUA................. 165
4 FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO P+L .................................................................................... 165
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 170
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0.......................................................................................................... 173
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 173
2 INDÚSTRIA 4.0: A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ................................................. 174
2.1 HISTÓRICO DAS REVOLUÇÕES E O SURGIMENTO DA 4a REVOLUÇÃO ................. 174
2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA INDÚSTRIA 4.0 .............................................................. 177
2.3 PRINCÍPIOS DA INDÚSTRIA 4.0 . .......................................................................................... 178
2.4 TECNOLOGIAS PRESENTES NA INDÚSTRIA 4.0 ............................................................. 181
3 ADEQUAÇÃO DA ÁREA TÊXTIL AO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0 E O USO
DE NOVAS TECNOLOGIAS......................................................................................................... 184
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 185
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 186

TÓPICO 3 — INOVAÇÃO................................................................................................................. 189


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 189
2 O QUE É A INOVAÇÃO ................................................................................................................. 189
2.1 CONCEITOS DE INOVAÇÃO . ................................................................................................ 191
2.2 INOVAÇÃO NO CONTEXTO DA ÁREA TÊXTIL ............................................................... 193
3 INOVAÇÃO EM MATERIAIS TÊXTEIS, TÊXTIL MODERNO ............................................ 197
3.1 NOVOS MATERIAIS TÊXTEIS . ............................................................................................... 199
4 INOVAÇÃO NA MODA: TÊXTEIS INTELIGENTES.............................................................. 200
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 210
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 220
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 221
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 224
UNIDADE 1 —

FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA,


TECELAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o processamento dos materiais têxteis desde a as fibras até


tecelagem;

• aprender como são feitos e como se classificam os fios têxteis;

• entender o processo de malharia e os equipamentos utilizados (teares);

• entender o processo de tecelagem e o uso de equipamentos (teares).

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS


NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

TÓPICO 2 – FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO,


TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

TÓPICO 3 – MALHARIA: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E


APLICAÇÕES

TÓPICO 4 – TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS,


FIBRAS QUÍMICAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 1, apresentaremos brevemente o contexto
histórico dos têxteis; iremos abordar as fibras naturais, passando pelas tradicionais
mais utilizadas na área têxtil, além de sabermos quais são elas, veremos outras
possibilidades de fibras, menos usuais, mas igualmente importantes para o setor.

Posteriormente, abordaremos as fibras químicas e falaremos sobre a


industrialização delas, como são classificadas e quais os processos de reciclagem
existentes e utilizados em produtos têxteis, isto pensando na problemática
ambiental muito discutida atualmente.

Esse panorama das fibras lhe permitirá saber um pouco mais das
possibilidades usuais e as não tão usuais de cada uma delas. Esse aspecto das
fibras, assim como as outras etapas subsequentes do processamento têxtil, traz
consigo algumas especificidades que serão explanadas no decorrer do tópico.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS TÊXTEIS


Acadêmico, a história nos permite saber que existem indícios de utilização
de têxteis que datam mais de 24 mil anos, no Período Paleolítico ou Idade da Pedra
Lascada (até 10.000 a.C.). Além disso, no Egito, foram encontrados tecidos de
linho datados de 6.000 a.C.; lã de 3.000 a.C.; e algodão, que já era tecido utilizando
equipamentos/ferramentas de girar e tecer. Estamos falando de um contexto
histórico que nos remete milhares de anos antes de Cristo. Os teares, apesar dos
vestígios anteriores, começam a ter mais notoriedade e surgem com mais força por
volta de 1.400 d.C. (PEZZOLO, 2013).

Com base em estudos arqueológicos, as fibras mais antigas cultivadas e


utilizadas pela humanidade são o linho, com mais de 8.000 anos de história, com
origem no Egito; o algodão, utilizado desde a pré-história, com origem na Índia; a
lã, desde o período de 10.000 a.C., com achados na Mesopotâmia; e a seda, utilizada
desde a época do Imperador Amarelo, 2.600 a.C., na China (PEZZOLO, 2013).

3
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

Essas são fibras primitivas e foi a partir delas que os tecidos começaram
a tomar forma nas mãos de nossos antepassados. Hoje em dia, assim como
antigamente, essas fibras (linho, algodão, lã e seda) são muito utilizadas, tratadas
como materiais fundamentais para o ramo têxtil, propiciando belos produtos e
de qualidade.

Antes de entrarmos em questões específicas de cada fibra, vale ressaltar


que na indústria têxtil são utilizados diversos tipos de fibras, as que se originam
dos reinos vegetal, animal e mineral; temos também as que são quimicamente
produzidas, por meio da manipulação de materiais provenientes dos reinos
vegetal e mineral. É importante conhecermos as características de cada fibra, pois
estas definem as características dos tecidos planos ou das malhas.

E
IMPORTANT

O processamento têxtil é fundamental para converter as fibras em tecidos que,


posteriormente, serão utilizados principalmente em vestimentas. Além das vestimentas
também encontramos aplicações em áreas diversas como, por exemplo, nas áreas de
construção civil, na arquitetura, e nas artes!

3 FIBRAS NATURAIS
Acadêmico, as fibras nos permitem várias possibilidades, variando
percentuais de uma mesma fibra, conseguimos inúmeros tipos de tecidos. Os
tecidos terão mais ou menos qualidade a partir de escolhas feitas desde a fibra
utilizada até o tratamento que será dado à fibra. Conforme Aguiar Neto (1996),
independente se a fibra é natural ou não, existem características que devem ser
observadas, e as principais delas são: comprimento; largura/diâmetro; a sua
resistência à tensão; a sua resistência ou capacidade de absorção; o alongamento;
a elasticidade; e a resistência à abrasão.

Além dessas propriedades características, outras podem ser elencadas


dependendo do produto têxtil pretendido. Existe a tendência de um produto
têxtil ser adaptado a usos para os quais não foram previstos.

A usabilidade de um produto feito a partir de determinada fibra é uma


condição importante a ser observada, pois existem produtos que são feitos
para outros fins que não condizem, ou não são compatíveis, para uso em corpo
humano, como a utilização de tecidos para a área da construção civil, por
exemplo. Desse modo, é necessário um cuidado maior em todo o processo. As
fibras, quando não processadas de modo correto, podem provocar alergias e
outras reações no corpo humano.

4
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

As fibras naturais são encontradas na natureza e a elas são dados diversos


usos, de acordo com a imaginação ou necessidade humana. Observe o Quadro 1,
ele ilustra a proveniência das fibras naturais, segundo sua classificação:

QUADRO 1 – PROVENIÊNCIA DAS FIBRAS

FONTE: Pezzolo (2013, p. 120)

As fibras podem ser de origem animal, vegetal ou mineral. As fibras de


origem animal podem ser obtidas da secreção glandular ou de pelos, enquanto
as fibras vegetais são obtidas de sementes, caules, folhas, frutos ou raízes
(FINKIELSZTEJN, 2006).

A partir da definição de Finkielsztejn (2006), já podemos associar que


fibras naturais, independente da origem, estão ao nosso redor. E elas são usadas
na sua forma natural ou transformadas em produtos. Vejamos, a seguir, como a
fibra de algodão é utilizada pela Indústria Têxtil.

5
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

ATENCAO

As fibras naturais podem ser usadas como única matéria prima, ou ainda
misturadas com outras fibras.

3.1 ALGODÃO
A fibra natural vegetal de algodão é uma das primeiras fibras que se tem
informações da utilização, cultivadas há milhares de anos pelo homem, além
disso, é a fibra mais usada na área têxtil. É uma fibra que se adéqua facilmente a
outras para serem mescladas e, assim, formar novos têxteis.

Podemos ver, na obra de Udale (2009), que as fibras de algodão são


utilizadas para produzir 40% dos tecidos do mundo. A autora ainda pontua
que o algodão é versátil, durável e respirável. Características importantes para
tecidos que pretendem ser práticos em climas quentes, por exemplo, uma vez que
absorve a umidade e seca facilmente.

A maioria dos têxteis fabricados na atualidade, possuem uma porcentagem


de algodão, por conta da sua propriedade duradoura. Além disso, pensando
na sustentabilidade, pode ser usado o algodão orgânico como alternativa de
elaboração de produtos ecologicamente corretos.

No algodão ecológico, o rigor tem início na seleção das sementes e


na plantação, em que é assegurado o desenvolvimento natural. A
colheita é feita a mão. Se o algodão não for naturalmente colorido,
ecologicamente correto, poderá receber tintura, contanto que sejam
usados pigmentos naturais (PEZZOLO, 2013, p. 47).

Acadêmico, observe, não estamos falando de uma fibra recém-descoberta,


mas de uma fibra com muita história, e que confirma a sua grande importância
enquanto material têxtil, estando presente na maioria dos tecidos.

No Brasil, a história do algodão em território brasileiro é mais recente.


Pezzolo (2013, p. 47) relata que “por volta de 1519, os navegadores portugueses que
chegavam ao Brasil encontravam o algodão selvagem, que já era cultivado, fiado
e tecido. Os índios o utilizavam par fabricar redes e algumas peças que usavam
no corpo e também na elaboração de tochas”. Desde então, a evolução da fibra
veio crescendo aceleradamente, sendo a principal fibra têxtil utilizada atualmente.
Outra fibra mais utilizadas é a lã, a qual será o assunto da próxima abordagem.

6
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

NTE
INTERESSA

O algodão também é encontrado naturalmente colorido já cultivado há


milhares de anos. “Desde 4500 a.C., incas e outros povos antigos da América, assim como
da África e da Austrália, já utilizavam o algodão colorido, principalmente na tonalidade
marrom” (PEZZOLO, 2013, p. 44).

3.2 LÃ
Acadêmico, você sabia que, na antiguidade, milênios atrás, a lã era uma
fibra de origem animal muito utilizada para proteção e agasalho? A lã de carneiro
é uma das fibras mais antigas que se tem história.

Na Idade da Pedra, o homem aproveitava a lã dos carneiros que os


alimentavam e faziam vestimentas que os protegiam. Registros apontam que, na
Turquia, já se usava lã tecida há mais de 7.000 anos. No período Neolítico, 10.000
a.C. a 4.000 a.C., na Mesopotâmia, no Oriente Médio, também a lã esteve presente
(PEZZOLO, 2013).

Na indústria, a lã vem sendo utilizada na fabricação de fios e posteriormente


transformada em tecidos. Possui propriedade antitérmica, além de outras
usabilidades, ela é aplicada para produtos que protejam do frio. Descoberta há
milhares de anos, ainda vem contribuindo com a indústria Têxtil.

FIGURA 1 – LÃ DE OVELHA/CARNEIRO

FONTE: <https://cptstatic.s3.amazonaws.com/imagens/enviadas/materias/materia25539/
tosquia-em-ovelhas-cursos-cpt.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

7
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

A lã tem propriedades que isolam calor e frio, sendo utilizada principalmente


na confecção de produtos isolante térmicos. Por isso a sua usabilidade, que era
frequente como proteção para o corpo de nossos antepassados, permanece sendo
explorada na elaboração de novos tecidos na atualidade.

3.3 LINHO
O linho é a fibra têxtil natural de origem vegetal mais antiga dentre todas
as que vimos desde a introdução. É utilizada há milhares de anos, tem registros
históricos desde 8.000 a.C., que relatam que esse material envolvia corpos
de múmias. Isso certamente comprova que essa fibra já era reconhecida como
material têxtil desde os tempos mais remotos.

Udale (2009, p. 43) também nos traz dados muito interessantes sobre as
características de tecidos produzido a partir do linho, vejamos: “o linho tem
propriedades semelhantes ao algodão, especialmente no que diz respeito ao
manuseio, embora tenda a amassar mais facilmente. Tem boa absorção e lavagem e
é produzido a partir da fibra do linho, comumente considerada a fibra mais antiga”.

Na fabricação de têxteis, o linho é uma matéria prima muito utilizada e


valorizada. Principalmente em produtos de vestuário. Na Figura 2, o linho está
sendo penteado artesanalmente.

FIGURA 2 – FIBRA DE LINHO

FONTE: <encurtador.com.br/cglIQ>. Acesso em: 31 mar. 2021.

8
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

Você já percebeu como é valorizado um produto produzido com linho?


Esta ênfase, a qual normalmente percebemos nos discursos de vendedores, se dá
justamente pelo fato de o tecido ser historicamente reconhecido como nobre. Veja a
Figura 3, que exemplifica um tecido feito de linho.

FIGURA 3 – TECIDO DE LINHO

FONTE: <https://santalina.com.br/blog/wp-content/uploads/2019/03/Sem-
T%C3%ADtulo-3-768x513.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Os tecidos feitos com variações dessa fibra diferenciam-se em espessura e


isso permite que, a partir dela, possam ser criadas peças diversas como uma calça
ou uma camisa, roupas de cama ou mesmo um lindo blazer, tudo depende do tipo
do linho a ser utilizado. Utilizado em roupas de alto padrão, essa fibra ganhou
mercado conferindo, também, status a quem a usa. Outra fibra que remete à pura
nobreza é a seda, nosso próximo tema.

NTE
INTERESSA

Existem grandes produtores de linho no mundo, mas o maior é a Rússia.

9
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

3.4 SEDA
A seda, assim como a lã, também é uma fibra natural de origem animal.
Uma das matérias primas naturais mais envolvente e fascinante, de fácil
manuseio, com toque leve e muita resistência. Traz consigo um valor que vem
sendo percebido a milhares de anos. A seda surgiu a mais de 4.000 anos (UDALE,
2009). Seu status de fibra altamente valorizada lhe assegurou a participação no
mercado dos têxteis. O tecido da seda é fácil de modelar, tem bastante brilho e
seu manuseio é simples.

FIGURA 4 – TECIDO DE SEDA

FONTE: A autora

A seda é produzida pelo bicho-da-seda, o qual faz casulos com fios longos
e resistentes. É uma das fibras mais valiosas e é muito utilizada na fabricação de
têxteis. O fio longo e fino pode ser chamado de filamento. A seda apresenta o
mais fino dos filamentos na ordem das fibras naturais.

Podemos verificar que a Seda é obtida do casulo do bicho da seda. Ela


pode ser encontrada na natureza ou mesmo cultivada. Quanto ao cultivo, Udale
(2009) explica que é possível conseguir uma fibra mais resistente e mais fina.
Além disso, durante a produção, a larva é eliminada facilitando o trabalho de
transformá-la num fio contínuo.

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TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

FIGURA 5 – BICHO DA SEDA

FONTE: <https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/bd/2020/06/19/bicho-da-
seda-1592574851490_v2_450x450.jpg.webp>. Acesso em: 31 mar. 2021.

E
IMPORTANT

A seda já foi muito utilizada em trocas, assumindo a característica de moeda


de troca, muito comum nas antigas civilizações. Quem possuía seda eram os poderosos
políticos, religiosos e os pertencentes às altas classes sociais.

Ainda que as pesquisas datem mais de 4.000 anos, de acordo com Pezzolo
(2013, p. 86): “A criação do bicho-da-seda alimentado com folhas de amoreira,
em local fechado, data de 3 mil anos”. Portanto, traz consigo, uma trajetória de
utilidade para a humanidade, há muito tempo contribuindo para o bem estar.

Além das fibras primitivas mais utilizadas em têxteis, também podemos


contar com diversas outras fibras de origem animal ou vegetal importantes para
o setor têxtil. Assunto que será nossa próxima abordagem!

11
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

3.5 OUTRAS FIBRAS NATURAIS


Acadêmico, você já ouviu falar da fibra de bananeira ou mesmo fibra
de coco? Não estamos falando de fibra alimentar, mas sim de outras fibras
têxteis. Saiba que essas são nomenclaturas dadas a alguns tipos de fibras têxteis
disponíveis no mercado e que têm sido profundamente pesquisadas e estão
gerando produtos têxteis incríveis.

Com a fibra de coco, por exemplo, foi possível desenvolver um tecido


funcional, com características antibacterianas para atender às necessidades de
pessoas idosas.

FIGURA 6 – TECIDO DE FIBRA DE COCO

FONTE: <https://www.stylourbano.com.br/wp-content/uploads/2017/06/20170318-engrmutt19-
576x383-min.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

E com a fibra de bananeira, você também pode encontrar tecidos com várias
aplicabilidades. Essa fibra confere resistência e versatilidade aos tecidos além do
apelo biodegradável, o que é muito forte nos produtos constituídos a partir dela. As
suas aplicações vão desde peças de vestuário à biojóias, mobiliários etc.

12
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

FIGURA 7 – APLICAÇÃO DE FIBRA EM BOLSA, PROJETO BRASILEIRO

FONTE: <https://conexaoplaneta.com.br/wp-content/uploads/2019/04/bananatex-abre-
768x432.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Assim como, também podemos encontrar aplicações de fibra de juta,


cânhamo, sisal, malva, abacá, rami, coroá e diversas outras já utilizadas em
têxteis. E, para além das fibras naturais, hoje encontramos no mercado as fibras
químicas, o nosso assunto a seguir.

4 FIBRAS QUÍMICAS
As fibras químicas são produzidas pelo homem e muitas delas se
assemelham visualmente, e também na textura, às fibras naturais. Conforme
Aguiar Neto (1996), fibra têxtil é o nome que se dá aos materiais básicos necessários
para desenvolver produtos têxteis, esses materiais/fibras podem ser naturais ou
artificiais. Vejamos, a seguir, algumas abordagens nesse aspecto.

4.1 INDUSTRIALIZAÇÃO DE FIBRAS QUÍMICAS


Com a Revolução Industrial, as fibras químicas foram aprimoradas e
criadas para suprir um déficit de material natural. Sim! As fibras artificiais foram
criadas para substituir as naturais, com características muito semelhantes.

Certamente você já observou nas etiquetas da sua roupa a nomenclatura


‘poliamida’ ou ‘poliéster’, elas são fibras quimicamente produzidas e, entre seus
objetivos, estão a substituição dos materiais naturais, melhorar as características
(por exemplo, não amarrotar facilmente), baratear o produto (já que a fibra

13
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

é produzida em larga escala num curto período de tempo) e terem maior


durabilidade. A poliamida e o poliéster não são as únicas fibras quimicamente
produzidas. As fibras químicas e as naturais podem ser mescladas, e estas mesclas
são definidas em percentuais de uma ou outra fibra, dependendo da característica
que se busque no material final. A partir dessas misturas, podemos obter melhor
caimento, maior macies, mais resistência, mais respirabilidade etc.

O mundo não para de evoluir, passo a passo, trazendo muitas inovações


no mercado, principalmente dos têxteis. Essa evolução nos proporciona optar por
outros produtos ou matérias primas, ampliando a forma de trabalhar, também
diversificando em produtos e trazendo novidades. Para isso, é preciso novas
fontes de criação de matéria prima, a utilização de produtos químicos foi uma
alternativa que causou muito impacto.

A indústria química evoluiu bastante, com estudos e testes foi possível


trazer novidades em fibras químicas, algumas tão parecidas com as naturais
que chegam a serem confundidas e vendidas por tal, como, por exemplo, a seda
artificial (raiom), chamada assim por sua semelhança à seda natural. Já outras
vêm com o propósito de diversificar mesmo, trazendo novas características e
transformadas em novos tecidos, todas atendendo às necessidades da população.
Essas fibras são as artificiais e as sintéticas, produzidas com produtos químicos
total ou parcialmente, são manipuladas e trabalhadas para que se tornem uma
nova fibra, ou substitutas de alguma fibra natural, ampliando o mercado.

4.2 FILAMENTOS
As fibras se diferem dos filamentos por seu comprimento. Os filamentos
são muito finos e alongados, podem ser contínuos (mais longos, por exemplo, a
seda que chega até 1.000 m) ou descontínuos (mais curtos).

FIGURA 8 – EXEMPLO DE FILAMENTOS TÊXTEIS INDUSTRIALIZADOS QUIMICAMENTE

FONTE: <https://text1magpull-10516.kxcdn.com/wp-content/uploads/2019/08/Domestic-
Textile-Industry.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

14
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

Pezzolo (2013, p. 139) diz que “filamento contínuo é unidade linear de


comprimento indefinido, por exemplo, fibras químicas chegam a ter vários
quilômetros de comprimento”. Os filamentos, portanto, são muito longos e finos
e, se tratando de um filamento químico, ele pode ser tratado como o próprio fio
e servir de base para a tecelagem. Vamos ver um pouco sobre as fibras artificiais
na sequência.

ATENCAO

Na classe de fibras naturais, o bicho da seda é quem fornece o mais fino


dos filamentos com cerca de 1.000 m, a maioria das fibras naturais possuem filamentos
descontínuos. Já na classe das químicas, esses filamentos são mais frequentes, pois podem
ser produzidos facilmente pelo homem.

4.3 FIBRAS ARTIFICIAIS: CELULÓSICAS E NÃO CELULÓSICAS


Sabemos que a indústria têxtil tem evoluído muito no sentido de criar
novas possibilidades em materiais têxteis, essa diversificação de produtos está
atrelada com a demanda do mercado, atendendo às expectativas e necessidades
dos consumidores.

Fibras artificiais foram criadas como opção de novas fibras, utilizadas


como matéria prima têxtil, elas se dividem entre celulósicas e não celulósicas, isso
depende se, na sua formula, leva a celulose extraída de plantas e árvores, ou seja,
mesmo sendo químicas, podem ter em sua composição matéria prima natural,
seja ela em maior ou menor quantidade, ou até mesmo nula.

Essa composição influenciará na intenção de cada produto a ser construído,


para que se destina e o efeito que pretende ser dado, como, por exemplo, caimento
ou dureza.

Veja o que Udale (2009, p. 48) nos informa acerca desse tema: “As fibras
artificiais como raiom, tencel, acetato, triacetato e lyocell são celulósicas porque
contém celulose natural. Todas as outras fibras artificiais, também conhecidas
como sintéticas, são não celulósicas, o que significa que são fabricadas inteiramente
de substâncias químicas”.

Note que raiom, tencel, acetato, triacetato e lyocel são outras opções de
fibras produzidas quimicamente.

15
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

As fibras artificiais celulósicas são as que levam em sua composição a


celulose extraída da natureza, e que, manipulada por processos químicos, são
transformadas em novas fibras. Já as fibras artificiais não celulósicas não levam
em sua composição a celulose, são criadas apenas de substâncias químicas.

Na busca de conforto e comodidade, as opções de fibras crescem cada vez


mais, cada uma com sua utilidade ou função específica. Algumas conferem mais
conforto, outras têm mais elasticidade, mais durabilidade, mais aderência ao suor
ou mais proteção contra o frio/calor. Cada uma é criada ou manipulada de acordo
com especificações pré-definidas, sempre levando em consideração o que buscam
os consumidores e pensando em suas necessidades.

4.4 FIBRAS SINTÉTICAS


As fibras sintéticas são as chamadas artificiais não celulósicas, portanto,
não levam em sua composição a celulose (produto natural). Essas fibras são feitas
quimicamente, criadas para suprir necessidades específicas.

Muitos dos produtos delas parecem muito com os de fibra natural e, na


maioria das vezes, passam despercebidas as diferenças entre uma ou outra devido
à semelhança, tanto visualmente quanto no toque. Porém, essas fibras podem não
suprir algumas necessidades, pois costumam ser menos confortáveis, retêm mais
calor e, por consequência, são pouco respiráveis.

São exemplos de fibras sintéticas: Nylon, Acrílico, Poliéster e Spandex.


Acerca das fibras sintéticas, Udale (2009) explica que “Por serem pouco respiráveis,
podem não ser tão confortáveis quanto às fibras naturais. Sua sensibilidade ao
calor permite que pregas e vincos sejam definidos de modo permanente, e que os
tecidos sejam lustrados e decorados em alto-relevo de maneira definitiva”. Neste
sentido, as fibras naturais costumam ser mais confortáveis do que as artificiais,
porém, com um valor mais elevado.

A falta de conhecimento das pessoas as impede de saber das especificidades


de cada uma dessas fibras, e quais realmente suprem as necessidades procuradas no
momento. No entanto, isso não impede de levar para casa um bom produto, pois,
seja qual for a escolha, há sempre um ou outro benefício. Essas fibras vieram para
suprir uma demanda pelo crescimento populacional e também pela escassez de
recursos naturais.

Acadêmico, veja o Quadro 2, que ilustra a distribuição por classificação


das fibras químicas artificiais e sintéticas.

16
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

QUADRO 2 – FIBRAS QUÍMICAS

FONTE: Pezzolo (2013, p. 120)

NOTA

“As fibras sintéticas são originárias de polímeros petroquímicos como o acrílico,


nylon, poliéster, polipropileno, elastano entre outras. Hilaire de Chardonnet foi quem, em
1889, produziu a primeira seda (fibra) artificial” (PEREIRA, 2009, p. 14).

De modo geral, a fibra usada de modo isolado (seja química ou natural),


não atende todas as necessidades da indústria têxtil; e é por isso que surgiram as
misturas de fibras químicas e fibras naturais. Das fibras naturais mais utilizadas
nas misturas podemos citar o algodão, que confere às fibras sintéticas melhor
desempenho, maior durabilidade, melhor caimento e, também, resistência.

17
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

Um problema recorrente nas pesquisas acadêmicas, e muito discutido


na atualidade, é a questão da reciclagem das fibras químicas. Em contraponto
com as fibras naturais que biodegradam facilmente, as fibras químicas não têm o
mesmo desempenho. Portanto, é necessário buscar por alternativas de reciclagem,
reutilização ou mesmo separar a composição química que dá a estrutura para
fibra. Desse modo, veremos a seguir algumas possibilidades nesse sentido.

4.5 REUTILIZAÇÃO (OU NÃO) DE FIBRAS QUÍMICAS


É comum a utilização de mistura das fibras na elaboração de novos
tecidos, por exemplo, algodão + poliéster. Esta técnica possibilita agregar valor
ao produto, mas, ao mesmo tempo, limita a reciclagem dos tecidos. Isso porque
não é possível reciclar fibras naturais e sintéticas da mesma maneira.

Atualmente, 64% das fibras têm composição sintética de fonte petroquímica.


As fibras artificiais e sintéticas demoram muito tempo para se decompor na
natureza, poliéster, por exemplo, pode levar mais de 100 anos.

Historicamente, a reciclagem têxtil surgiu na Itália, em meados do século


XIX, para recuperação de resíduos de lã (ZONATTI, 2016), desde então, essa
atividade vem se tornando cada vez mais necessária, devido a grande quantidade
de resíduos gerados pela cadeia têxtil.

Reciclagem é o processo em que um produto ou seus componentes


são usados para criar algo novo; representa uma forma técnica ou reuso. Mais
especificamente, se refere à utilização de itens descartados, como insumos
para fabricação de novos materiais, minimizando o uso de matérias virgens e a
disposição de lixos em aterros sanitários ou incineração (AMARAL et al., 2018).
Existem dois métodos de reciclagem: mecânica e química.

O modo mecânico transforma o tecido novamente em fibras utilizadas,


como enchimentos, tecidos não tecidos, feltros, mantas térmicas e acústicas,
retorno a fiação. A reciclagem mecânica consiste em modificar o tecido através
de uma manipulação mecânica com diferentes métodos, como desfiar ou triturar
para formar novas fibras que podem virar mantas ou novos fios. A maioria dos
resíduos têxteis reciclados mecanicamente retorna ao mercado com menor valor
econômico e qualidade inferior (MENG et al., 2019).

O modo químico é mais complexo, utilizando maneiras químicas como


dissolução de partes celulósicas ou sintéticas. Desse modo, é possível separar os
materiais que compõem a fibra. De acordo com Leal Filho et al. (2019), o ideal é
que as tecnologias químicas sejam priorizadas pois são capazes de possibilitar a
reciclagem de tecidos com composições mistas e variadas, como as misturas de
fibras naturais com sintéticas.

18
TÓPICO 1 — FIBRAS TÊXTEIS: CONTEXTO HISTÓRICO, FIBRAS NATURAIS, FIBRAS QUÍMICAS

Por fim, acreditamos que a reciclagem têxtil não deve ser considerada
um fim nela mesma, mas sim um caminho de benefícios socioeconômicos,
significando o crescimento econômico de uma nação (LEAL FILHO et al., 2019).

19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As fibras estão envolvidas em um contexto histórico desde a era primitiva e


que seu uso passou por milhares de anos sendo base na elaboração de têxteis.
Esses têxteis cobriam os corpos dos nossos antepassados, tal qual acontece na
atualidade só que nas condições daquela realidade. A fibra sendo usada como
moeda de troca, como uma moeda corrente.

• As fibras naturais possuem algumas características principais que devem ser


observadas antes de serem usadas: comprimento; largura/diâmetro; resistência
à tensão; resistência ou capacidade de absorção; alongamento; elasticidade;
e resistência à abrasão. E que além destas existem outras, que devem ser
elencadas dependendo do produto que se queira elaborar.

• O algodão é utilizado em cerca de 40% dos têxteis atualmente.

• A lã já era utilizada como agasalho a mais de 7.000 anos.

• No Egito, foram encontrados tecidos de Linho datados de 6.000 a.C.

• A seda fornece o mais fino e longo dos filamentos entre as fibras naturais.

• As fibras artificiais celulósicas e não celulósicas foram criadas com a intenção


de substituição às fibras naturais, algumas delas podem ser confundidas com
as fibras naturais como, por exemplo, a seda artificial.

20
AUTOATIVIDADE

1 É sabido que as fibras naturais possuem uma história de descoberta há


milênios, com base em estudos arqueológicos, as fibras mais antigas
cultivadas e utilizadas pela humanidade são o linho, o algodão, a lã e a
seda (PEZZOLO, 2013). Essas são fibras primitivas e foi a partir delas que
os tecidos começaram a tomar forma nas mãos de nossos antepassados.
Hoje em dia, assim como antigamente, essas fibras (linho, algodão, lã e
seda) são muito utilizadas, tratadas como materiais fundamentais para o
ramo Têxtil, propiciando belos produtos e de qualidade. Sobre a história
das fibras, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O linho tem no registro mais de 8.000 anos de história, com origem no Egito.
( ) A lã de carneiro tem registro de utilização no período de 10.000 a.C., com
achados na Mesopotâmia.
( ) A utilização da seda consta em registro desde a época do Imperador
Amarelo (2.600 a.C.) na China.
( ) O algodão consta nos dados históricos desde 5.000 a.C., com origem na
Grécia.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) V – F – F – V.

2 Um especialista em materiais têxteis precisa entender como elas, as


fibras, se comportam em toda a linha de produção e também atentar-se,
principalmente, nas características das fibras. Com base nas propriedades
físicas estruturais das fibras é que podemos projetar um tecido antecipando
suas possíveis características finais. Sobre cuidados e características das
fibras têxteis, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Usabilidade.
II- Propriedade.
III- Elasticidade.

( ) O texto utiliza o termo associando as características físicas estruturais


das fibras.
( ) O texto utiliza o termo referindo-se aos cuidados com os produtos
elaborados especialmente para vestuário.
( ) É descrito por Aguiar Neto (1996) e refere-se a uma das características
físicas principais, que devem ser observadas nas fibras.

21
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II – I – III.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.

3 As fibras químicas recebem esta nomenclatura porque são elaboradas


quimicamente. As fibras químicas ganharam espaço na área têxtil, pois eram
consideradas uma boa opção para elaboração de tecidos. A fibra poliéster,
por exemplo, é uma das mais utilizadas na elaboração de fios para tecidos.
Algumas qualidades podem ser melhoradas, se utilizadas fibras químicas
no lugar das fibras naturais. E existem fibras químicas sintetizadas a partir
do próprio material natural. Sobre o exposto, analise as afirmativas a seguir:

I- Com a Segunda Guerra mundial, as fibras químicas foram aprimoradas e


criadas para suprir um déficit de material natural.
II- As fibras químicas e as naturais não podem ser mescladas, as mesclas são
incompatíveis, pois as fibras são muito diferentes na sua estrutura física.
III- As fibras químicas só podem ser mescladas entre elas, pois podem
acontecer reações químicas que prejudicam a saúde humana.
IV- As fibras químicas podem ser artificiais e sintéticas, e algumas fibras
químicas são tão parecidas com as naturais que chegam a serem
confundidas e vendidas por tal, como, por exemplo, a seda artificial.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa I está correta.

4 Na classe de fibras naturais, o bicho da seda é quem fornece o mais fino dos
filamentos, com cerca de 1.000 m, a maioria das fibras naturais possuem
filamentos descontínuos. Já na classe das químicas, esses filamentos são
mais frequentes, pois podem ser produzidos facilmente pelo homem. Com
base no que Pezzolo (2013) define, descreva o que é filamento contínuo.

5 A reciclagem é o processo em que um produto ou seus componentes são


usados para criar algo novo; representa uma forma técnica ou reuso. Mais
especificamente, se refere à utilização de itens descartados, como insumos
para fabricação de novos materiais, minimizando o uso de matérias virgens
e a disposição de lixos em aterros sanitários ou incineração (AMARAL et al.,
2018). Existem dois métodos de reciclagem, disserte sobre os dois principais
modos de reciclagem de têxteis:

22
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO,


TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico iremos apresentar como acontecem os
processos básicos para a formação do fio. Cada um desses passos processuais
contribui, em uma linha produtiva, para que as fibras sejam trabalhadas e possam
resultar numa fiação com uma qualidade boa. Consequentemente, esse processo
garantirá bons tecidos finais.

O processo de fiação, assim como todo e qualquer processo na cadeia


produtiva têxtil, depende de técnicas e cuidados especiais para garantir um
produto final de qualidade.

Portanto, abordaremos, dentro dos processos básicos para a formação


do fio, a preparação das fibras e as misturas. Posteriormente, veremos os
tipos de fiação e a questão da fiação por anel e por rotor e, também, a fiação
artesanal. Veremos, ainda, a classificação de fios passando pelas abordagens de
fio penteado, fio cardado, fio fantasia, fio tinto, os fios mono e multifilamentos e
veremos, por fim, a diferença entre o fio utilizado para malharia e o fio utilizado
para tecido plano.

Essas abordagens visam dar um parâmetro do processo de fiação como um


todo. Embora este seja um assunto complexo e amplo traremos informações que
permitirão que você compreenda esse processo e sua magnitude dentro da área
têxtil. Iniciaremos, portanto, com os processos básicos para a formação do fio.

2 PROCESSOS BÁSICOS PARA A FORMAÇÃO DO FIO


Acadêmico, esta é uma das principais atividades na indústria têxtil. Na
fiação é onde acontece uma das principais atividades do setor.

Aqui os fios vão tomar forma a partir da utilização das fibras. Essas
fibras vão passando por processos que permitem que elas cheguem ao estágio de
fio, adquirindo características e especificidades que vão refletir lá na frente, na
construção do tecido, ou melhor, no produto final.

23
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

A Figura 9 mostra, em 1, o setor recebendo as fibras e formando feixes; em


2, os fusos por onde começam a surgir os fios que são estirados e torcidos; e, em
3, os fios tomando forma.

FIGURA 9 – PROCESSOS

FONTE: Adaptada de Souza (2020)

Acadêmico, a partir dessa visualização, é importante que você entenda


que nesse processo “é definido a densidade linear ou diâmetro do fio, que
tecnicamente é chamado de título, ou seja, sua relação entre comprimento e massa.
O título é basicamente determinado pelas velocidades de entrada e saída durante
a estiragem. Quanto mais estirado o feixe, menor o diâmetro do fio” (SOUZA,
2020, p. 14). A Figura 9 demonstra uma ideia bem resumida dos processos básicos
para uma compreensão macro. Trataremos, a seguir, de algumas etapas de modo
mais aprofundado.

2.1 PREPARAÇÃO: ABERTURA; BATEDORES; CARDAS,


PASSADORES)
Para a fase de preparação separamos, em passos bem específicos, como
acontece cada um desses processos de abertura, batedores, carda e passadores,
seguindo as etapas descritas a partir de Pereira (2009).

24
TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

Na etapa de abertura, as matérias-primas apresentam-se na forma de


fardos compactados, com peso em torno de 200 kg cada. Ao chegar à indústria,
as fibras na forma de fardos são preparadas para serem processadas para a
transformação em fio, em quatro passos:

• Coleta de amostras e recebimento: os fardos são descarregados em local


apropriado, são retiradas amostras para analisar a quantidade de água na amostra;
analisar o tipo da fibra, esta análise é feita partir de padrões de classificação.
• Armazenagem: os fardos são posicionados no depósito conforme suas
propriedades, o que irá facilitar o plano de mistura da fiação.
• Sala de abertura: a abertura é feita por um equipamento, automático ou manual,
que coleta pequenas porções de cada fardo.
• Batedores para remoção de impurezas: as impurezas, que consistem de cascas,
galhos, folhas, areia e barro, entre outras, são removidas – em grande parte –
nesses batedores. Dos batedores, as fibras são transportadas ao processo de
cardagem. Geralmente o transporte é realizado por tubulações.

Posteriormente, entramos na fase da carda, nesta etapa é quando acontece


a obtenção da mecha de fibras, como aquelas mechas da Imagem 1 da Figura
9. O processo de carda tem a finalidade de limpar e separar as fibras, tirar as
impurezas que, por ventura, ainda estejam presas à matéria-prima e também
possibilita misturar as fibras. É na carda que inicia o processo de paralelismo e
estiragem da massa de fibras. O produto de entrada é a manta e o produto de
saída é a fita de carda (PEREIRA, 2009).

Passada a etapa de cardagem, vêm os passadores. Os passadores,


“objetivam uniformizar o peso por unidade de comprimento, paralelizar as fibras
através da estiragem e misturar as fibras” (PEREIRA, 2009, p. 15).

Esse processo pode ser descrito em passos como os que seguem:

• A fita é introduzida num par de cilindros giratórios com velocidade.


• Posteriormente, a fita de algodão entra em outro par de cilindros movimentando-
se a uma velocidade maior, por exemplo, seis vezes maior que a do primeiro par.
• A fita resultante será seis vezes mais comprida e fina do que a introduzida no
primeiro par de cilindros.
• A uniformização da qualidade das fibras é realizada nos passadores.

Os passadores têm a função de misturar várias fitas de carda para a
obtenção de uma nova em um sistema de junção, com posterior estiramento e
torção, para obtenção de fitas com melhor uniformidade.

25
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

2.2 MISTURA DE FIBRAS


Já vimos que na indústria têxtil e na moda as fibras são trabalhadas na sua
forma natural ou mesclada, compondo novos tipos/variedades de tecidos. Com
percentuais diferentes de fibras, é possível criar novos tipos de tecidos. Conforme
Gruber (2016, p. 33), “os fios podem ser misturados entre si, influenciando na
produção dos tecidos em razão da qualidade, do conforto, do valor comercial, dentre
outras características”. As roupas normalmente trazem uma etiqueta que descreve a
composição do tecido ou da malha de que são feitas.

Vejamos o exemplo das misturas de lã, baseado no que (PEREIRA, 2009)


nos mostra, podemos verificar que a lã normalmente apresenta-se de modo
misto, embora alguns lanifícios apresentem lã 100%. As misturas mais utilizadas
são: poliéster e lã em percentuais que variam de 80/20 a 50/50 das fibras,
respectivamente. As misturas normalmente são pensadas em razão de redução
de custos, mas não apenas por isso, qualidades extras podem ser adquiridas a
partir das misturas como, por exemplo, que o fio/tecido não enrugue.

É importante entender que, do mesmo modo que a lã, outras fibras


naturais ou químicas são misturadas e, assim, comercializadas, devendo sempre
obedecer a regra de fornecer aos consumidores as informações dos percentuais
de cada fibra utilizados.

3 TIPOS DE FIAÇÃO
Quando o assunto é fiação, encontramos dois principais tipos na escala
industrial: fiação por anel e fiação por rotor. Além dessas, existe ainda a fiação
feita artesanalmente. Cada uma delas tem seu processo, sua função e também um
contexto. Veja, por exemplo, a fiação artesanal é uma técnica milenar e, como já
vimos, existem histórico de tecidos feitos com fios que, na atualidade, entendemos
como artesanais, mas para nossos antepassados se tratava da tecnologia existente
naquela época e contexto, e que funcionava muito bem, suprindo as necessidades
de vestimenta da época. Trataremos de cada forma de fiar, separadamente.

3.1 FIAÇÃO POR ANEL


A evolução dos equipamentos na Revolução Industrial, entre 1850 e
1914, trouxe infinitas possibilidades, e uma delas foi a melhoria contínua nos
equipamentos para tecer. O tipo de fiação por anel é um processo de fiação de
têxteis industriais, chamado de convencional (CO).

A fiação por anel oferece maior resistência, e nela podem ser usadas tanto
as fibras curtas como as longas. É um processo considerado oneroso em relação
ao feito por rotor. No entanto, resulta num fio macio desde o núcleo à superfície.

26
TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

ATENCAO

Veja na Figura 10 – TIPOS DE FIAÇÃO E SEUS PROCESSOS –, uma demonstração


dos processos de produção de fios cardados feitos por anel e fios penteados feitos por anel.

3.2 FIAÇÃO POR ROTOR


Assim como a fiação por anel, a fiação por rotor é outro processo de
fiação industrial de têxteis chamada também de fiação Open-End (OE). Produz fio
regular em relação à fiação por anel. No entanto, é menos resistente.

Este processo trabalha muito bem utilizando as fibras mais curtas que
normalmente causam dificuldades ao fiar. Com a utilização do processo Open-
End, é possível de conseguir maior alongamento do fio, característica importante
para a produção de malharia, por exemplo.

Vejamos, na Figura 10, um demonstrativo dos fluxos da fiação por anel e


também da fiação por rotor:

27
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

FIGURA 10 – TIPOS DE FIAÇÃO E SEUS PROCESSOS

FONTE: Miashita et al. (2017, p. 4)

Note que a fiação penteada produzida por anel passa pelos processos de
reunideira e penteadeira diferenciando-se do fio cardado. Importante frisar que
a fiação por rotor é uma opção para a utilização dos resíduos têxteis de outros
processos, inclusive da fiação por anel!

TUROS
ESTUDOS FU

Você já percebeu que a Figura 10 se refere aos tipos de fios cardado e penteado,
certo? Sobre esses fios, veremos mais logo em sequência, na classificação dos fios.

28
TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

3.3 FIAÇÃO ARTESANAL


A fiação artesanal é uma atividade milenar, trazida e repassada por
nossos antepassados. Já vimos na história dos têxteis que existem registros de fios
e tecidos construídos a mais de 6.000 anos. Existem alguns modos de se obter fios
artesanais feitos manualmente com a utilização de equipamentos mais simples
como, por exemplo, a fiação com o fuso (Figura 11): fuso e roca (Imagem 1) e a
fiação com roca (Imagem 2), que, apesar de serem técnicas bem antigas, ainda são
utilizadas atualmente no desenvolvimento de produtos artesanais, uma atividade
considerada importante para as memórias culturais e muito valorizada.

FIGURA 11 – FUSO E ROCA

FONTE: Adaptada de Capeletti (2012)

A Imagem 3 da Figura 11, ilustra um fio sendo fiado no equipamento roca,


com uma mistura de fibra natural vegetal – paina – e fibra natural animal – lã de
carneiro.

Bem, agora sabendo que existem modos diferentes de construir o fio,


precisamos entender como esses fios são classificados na indústria. Portanto, na
abordagem a seguir, veremos os tipos de fios e sua classificação.

29
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

4 CLASSIFICAÇÃO DE FIOS
A classificação dos fios se dá a partir do modo como eles são construídos,
ou seja, a partir dos processos aos quais são submetidos, pois são esses processos
que lhes garantem esta ou aquela qualidade ou característica.

4.1 FIO PENTEADO


Conforme já vimos, o modo de produção por anel é que origina o fio
penteado. Mas, para que o processo de pentear aconteça, na linha de produção
são necessários dois equipamentos/processos adicionais: a reunideira e a
laminadeira. A reunideira é o que reúne as fitas saídas da carda ou do passador,
formando uma manta que, posteriormente, vai para a penteadeira. Já a
laminadeira reúne as mantas dando maior uniformidade para poder alimentar
a penteadeira. Pereira (2009) nos relata que a laminadeira é alimentada por
quatro a seis mantas de reunideira.

Agora, depois desses dois passos, as fibras passarão pela penteadeira, e,


neste passo da penteadeira, as fibras longas formam fitas. Uma vez uniformizadas
as fibras em formato de fita, entende-se que o material está apto para formar fios
de boa qualidade.

FIGURA 12 – FIO PENTEADO E APLICADO

FONTE: <https://vandalpower.files.wordpress.com/2019/02/vandal-penteado-cardado.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

30
TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

Mas como a penteadeira influencia no fio? Ela é um equipamento cuja


função é eliminar as fibras mais curtas e as impurezas, ou seja, existe um processo
de limpeza das fibras, ao passo que elas ficam penteadas e alinhadas.

Passando pela penteadeira, o fio, que será produzido lá no final, adquire


aspecto mais regular e resistente, pois ficam apenas as fibras mais longas, e, por
consequência, lhe é atribuído melhor qualidade reduzindo o pilling – aquelas
indesejáveis bolinhas que se formam nas roupas.

FIGURA 13 – TECIDO SEM PILLING E COM PILLING

FONTE: <https://nitrocdn.com/EArRGGWoDALieBzqHUsHFiGtVBmuqofA/assets/static/optimized/
rev-78c8b75/wp-content/uploads/2017/11/Pilling-no-good-min.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Os fios penteados são mais espessos, mais resistentes, resultam em uma


maior maciez e, por isso, são mais confortáveis, têm uma menor taxa de encolhimento
e com maior valor agregado. Já sobre as sobras residuais desse processo, as fibras
curtas são aproveitas para formar novos fios, mais espessos e rústicos.

Entendido o processo de pentear, agora vamos ver os fios cardados, outra


categoria de fio, que por sua vez, tem processos diferenciados.

4.2 FIO CARDADO


Fio cardado é aquele que não passa pela penteadeira, ele passa pela
carda e vai diretamente para os passadores, num processo que não lhe exige
tanta limpeza. O fio cardado deixa o tecido com a propensão de formar pilling,
a estrutura do fio é irregular, os fios são mais grossos dos que os penteados. A
Figura 14 ilustra um fio de algodão cardado, ou seja, aquele que não passou pelo
processo de pente:

31
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

FIGURA 14 – FIO CARDADO E APLICADO

FONTE: <https://vandalpower.files.wordpress.com/2019/02/vandal-penteado-cardado.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

É visível que as fibras curtas dão aspecto de irregularidade ao fio, ficando


sujeito à formação das indesejáveis bolinhas no tecido, tecnicamente chamadas de
pilling. Essas texturas nem sempre são desfavoráveis, por exemplo, se a intenção
é texturizar um fio para determinado fim é válido utilizar deste processo de carda,
ou mesmo de um processo artesanal, no qual resultam fios irregulares muito
utilizados em produtos artesanais. Lembre-se que as escolhas processuais também
levam em consideração a finalidade do fio, ou seja, para que ele está sendo feito,
com qual objetivo, qual a usabilidade que eu quero dar a esse fio. O quê, por que
e como, são questões que norteiam as decisões na escolha dos processos têxteis.

4.3 FIO FANTASIA


O fio fantasia é um tipo de fio que passa por processos de beneficiamento
para lhe conferir diferenciais como, por exemplo, o toque, a leveza e a maciez.
Podemos citar como exemplo os fios botonê e o buclê.

No fio fantasia são adicionadas estrategicamente irregularidades, desde


a torção, ou na espessura ou mesmo na cor. O fio então fica “fantasiado”, como
retrata sua própria classificação. Para a sua estrutura são utilizados três fios:
miolo, efeito e amarração. Cada um deste tem sua função enquanto estrutura. O
miolo, também chamado de fio-alma, e fica ao centro.

32
TÓPICO 2 — FIAÇÃO: PROCESSO DE FIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, TITULAÇÃO E APLICAÇÕES

FIGURA 15 – EXEMPLO DE FIO FANTASIA

FONTE: <www.criartfiotextil.com.br/fio-fantasia/>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Os fios fantasias são construídos para um fim específico e dificilmente


elabora-se um tecido 100% a partir deles, pois são usados, na maioria das vezes,
em peças decorativas e artesanais.

4.4 FIO TINTO


O fio tinto é muito utilizado na elaboração de tecidos, principalmente
aqueles que, em seu projeto, haja necessidade de receber o fio já colorido, ou
seja, ele é aquele fio tingido antes de ir para a tecelagem. Para a tinturaria do fio,
normalmente usa-se corantes e mordentes fixadores de cor.

4.5 FIO MULTIFILAMENTO E MONOFILAMENTO


Vimos que o filamento é basicamente um material fibroso contínuo e fino.
Um exemplo clássico do fio monofilamento e de multifilamento é o fio de náilon,
que, inclusive, é frequentemente utilizado para pescaria.

A diferença entre os tipos se dá pelo fato de que, para o monofilamento, é


utilizado apenas um único filamento, enquanto o fio multifilamento é constituído
de dois ou mais filamentos. Como os próprios nomes sugerem.

NTE
INTERESSA

O fio mais fino do mundo usado para tecelagem é composto de seis ou sete
filamentos de seda e resulta no tecido crepe da china (PEZZOLO, 2013).

33
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

4.6 FIO PARA MALHA E FIO PARA TECIDO PLANO:


DIFERENÇAS
O fio de malharia é um tipo de fio que deve ser mais fino e oferecer
resistência mecânica maior do que aqueles utilizados em tecidos planos. Isso
se deve ao fato de que a malha é constituída por uma continuação de laçadas
utilizando o mesmo fio. Essas laçadas conferem flexibilidade às peças de malha
que esticam e voltam ao seu estado normal.

Já nos fios para têxteis de tecido plano, os fios não precisam oferecer tanta
resistência mecânica, embora seja ideal oferecer, pois a própria trama permite tornar
o tecido mais resistente mecanicamente. Portanto, podemos dizer que a diferença
entre o fio de malha e o fio têxtil dos planos reside na resistência mecânica.

34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A fiação é um processo que transforma a fibra em fio têxtil, demanda muita


atenção e técnica. Na fabricação do fio, a fibra passa pela abertura, batedores,
cardas e passadores e cada um desses passos é um processamento específico.

• É possível misturar as fibras mesmo que de origens diferentes, elas podem


complementar-se melhorando as características finais de um tecido ou mesmo
agregando alguma propriedade específica ao fio/tecido.

• Os principais modos de se obter fiação são: a fiação por anel, que se subdivide
em fiação cardada e fiação penteada; a fiação por rotor, com um caminho
operacional mais curto que a fiação por anel e além desses também é possível
fazer a fiação artesanal.

• O fio mais fino do mundo é composto por seis ou sete filamentos de seda, este
tecido é o crepe da China.

35
AUTOATIVIDADE

1 Para a fase de preparação acontecem os processos de abertura, batedores,


carda e passadores, conforme descreve Pereira (2009). Cada um desses
processos tem uma função importante para transformar as fibras em fio.
Sobre o processo de carda da preparação das fibras, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Na carda acontece a obtenção da mecha de fibras.


( ) O processo de carda tem a finalidade de limpar e separar as fibras, tirar as
impurezas que, por ventura, ainda estejam presas à matéria-prima.
( ) A carda objetiva uniformizar o peso por unidade de comprimento e
misturar as fibras.
( ) É na carda que inicia o processo de paralelismo e estiragem da massa de
fibras.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – F – V.
d) ( ) V– F – F – V.

2 A fiação é um setor que produz fios e que, para isso, necessita de vários
passos, ou subprocessos, para transformar as fibras em fio. Cada subprocesso
tem uma função específica, desde a limpeza das fibras até a expedição do
produto final. Sobre os tipos de fiação industrial, associe os itens, utilizando
o código a seguir:

I- Fiação por Anel – Penteada.


II- Fiação por Rotor.
III- Fiação por Anel – Cardada.

( ) Envolve os seguintes passos: linha de abertura-carda-passador,


I-reunideira-penteadeira-passador, II-maçaroqueira-filatório anel-
conicaleira-vaporizadeira-embalagem e expedição.
( ) Envolve os seguintes passos: linha de abertura-carda-passador,
I-passador; II-maçaroqueira-filatório a anel-conicaleira-vaporizadeira-
embalagem e expedição.
( ) Envolve os seguintes passos: linha de abertura-carda-passador,
I-passador, II-filatório a rotor-vaporizadeira-embalagem e expedição.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II - III - I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.
36
3 A classificação dos fios se dá a partir do modo como eles são construídos, ou
seja, a partir dos processos aos quais são submetidos. Na fiação por anel, é
possível conseguir o fio penteado e o fio cardado. Existem passos adicionais
para que se obtenha o fio penteado, os quais estão descritos no texto como
reunideira e lâminadeira, para, posteriormente, passar pela penteadeira.
Sobre o fio penteado, analise as sentenças a seguir:

I- Os fios penteados são mais fracos que os fios cardados, porém mais
espessos, resultam em maior maciez e, por isso, mais confortável.
II- Os fios penteados, no seu processamento, geram sobras residuais que
são fibras curtas, elas podem ser aproveitas para formar novos fios, mais
espessos e rústicos.
III- Os fios penteados são mais espessos, mais resistentes, resultam em uma
maior maciez e, por isso, são mais confortáveis, têm uma menor taxa de
encolhimento e com maior valor agregado.
IV- O fio penteado é um equipamento cuja função é eliminar as fibras mais
curtas e as impurezas, ou seja, existe um processo de limpeza das fibras,
ao passo que elas ficam penteadas e alinhadas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente afirmativa I está correta.

4 As escolhas processuais no setor de fiação consideram a finalidade do fio,


para qual produto ele será destinado ao final, ou seja, que usabilidade que
eu quero dar a esse fio. Fio cardado é aquele que, no seu processo, não passa
pela penteadeira. Ele passa pela carda e vai diretamente para os passadores,
num processo que não exige tanta limpeza. Discorra sobre a propensão de
um tecido feito a partir de um fio cardado e quais são as características do fio.

5 Existem diferenças fundamentais ente o tecido plano e a malha. A principal


diferença é que a malha é formada por laçadas e o tecido plano por trama
de dois conjuntos de fios. O fio de malha precisa ter características que o
diferem do fio produzido para tecidos planos. O que lhe proporcionará
ceder a tensões e depois voltar ao seu estado normal sem grandes desgastes
físicos. Diante disso, discorra sobre as características necessárias ao fio
para malha.

37
38
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

MALHARIA: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS


E APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico, especificamente no Subtópico 2, nós abordaremos
as malhas e veremos quais são as suas características estruturais.

Posteriormente, no Subtópico 3, falaremos sobre como funciona a trama e o


urdume na confecção da malha, que é bem diferente, por exemplo, do tecido plano!

No Subtópico 4, falaremos dos teares utilizados na confecção da malha,


tanto das malhas circular quanto das malhas retilíneas. Finalizado o Subtópico
4, faremos um apanhado dos conteúdos para podermos passar para as
autoatividades ao final deste tópico.

É muito importante sabermos interpretar um tecido ou uma malha para


diferenciarmos um do outro. A nomenclatura ‘malha’ pode vir acompanhada do
termo ‘tecido’ de malha, no entanto, o produto diferencia-se completamente do
tecido plano em estrutura e processos produtivos.

Esse panorama das malhas permitirá que você saiba um pouco mais
dessa especialidade. Existem indústrias segmentadas nesse nicho de mercado,
e as novidades vêm chegando a todo o momento, seja em produto, seja em
equipamentos, seja em processo.

Portanto, o que traremos são conceitos básicos primordiais para a


compreensão do processo de malharia. Mas gostaríamos de poder contar com
a sua curiosidade e que este conhecimento possa ser ampliado por meio de suas
próprias buscas. Você verá quão interessante e amplo é a área dos têxteis.

2 O QUE É MALHA E SUAS CARACTERÍSTICAS


A malha é um produto têxtil construído industrialmente a partir de fios
que são entrelaçadas. O tricô, por exemplo, é formado por laçadas, reproduzindo
a essência da forma como se constrói a malha, ou seja, entrelaçando.

39
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

FIGURA 16 – EXEMPLO DE LAÇADA DE MALHA

FONTE: <http://farm5.staticflickr.com/4095/4905506109_dffb09cc53.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2021.

A malharia costuma dar mais elasticidade ao produto, por conta das


laçadas e também pela resistência mecânica dos fios.

A Tecnologia da Malharia desenvolveu-se do tricô, técnica manual


utilizada para produzir artigos têxteis majoritariamente de lã e,
de acordo com Ray (2011), é a segunda mais popular tecnologia de
construção de tecidos conhecida no mundo. Como no tricô, um tecido
de malha é formado a partir do entrelaçamento sucessivo de laçadas,
tanto na direção horizontal quanto na direção vertical, em que cada
laçada é conhecida como um ponto de malha, formado com o auxílio
de agulhas. (ALMEIDA, 2017, p. 17).

As malhas são conhecidas por sua flexibilidade de uso, seu caimento e,


principalmente, pelo conforto. É muito comum que a malha de algodão tenha
característica como o conforto e a respirabilidade. Assim como podemos encontrar
na malha poliviscose, popularmente conhecida como malha PV, a durabilidade
oferecida pelos fios quimicamente elaborados, o caimento necessário ao dia a dia,
bem como preço reduzido.

3 MALHARIA: TRAMA E URDUME


As malhas, são formadas por laçadas na vertical ou na horizontal e é
possível visualizar o sentido das laçadas bem como verificar o lado direito e o
avesso com facilidade. Veremos, a seguir, a formação da malha por trama.

3.1 MALHARIA POR TRAMA: FORMAÇÃO


As malhas por trama são amplamente utilizadas na fabricação de
vestuário como, por exemplo, moletons, lingeries e outros. A versatilidade de
aplicação se dá pela sua estrutura larga e flexível, possibilitando que as peças
se adaptem facilmente ao corpo ou objeto que ela envolve. Conforme Almeida
(2017), na malharia de trama, os fios, ou grupos de fios, são alimentados na
direção horizontal da construção do tecido, compondo sua largura.
40
TÓPICO 3 — MALHARIA: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

FIGURA 17 – MALHARIA POR LAÇADA EM TRAMA

FONTE: Almeida (2017, p. 19)

O sentido horizontal da laçada nos remete ao mesmo sentido da trama


dos tecidos planos. Porém as laçadas permitem flexibilidade à malha, diferente
dos tecidos planos que possuem estruturas mais firmes e retas.

Na malharia por trama, as laçadas são orientadas na horizontal, direção


da largura do tecido. Sua estrutura possui poucas variações, pois este modo de
fabricação é limitante. A sua estrutura permite excelente elasticidade na direção
horizontal. É importante frisar que, apesar de o sentido da laçada na horizontal
receber a nomenclatura de 'trama', ela não pode ser entendida como no tecido
plano. Trata-se somente da direção das laçadas.

3.2 MALHARIA POR URDUME: FORMAÇÃO


No sistema de malharia por urdume as laçadas são construídas no sentido
vertical, formando colunas. Não permite tanta flexibilidade e elasticidade, no
entanto, continuam sendo mais flexíveis do que os tecidos planos. Neste tipo
de malharia, os fios dispostos na posição vertical estão no mesmo sentido do
comprimento da malha.

FIGURA 18 – DIREÇÃO DA LAÇADA NA MALHA PRODUZIDA POR URDUME

FONTE: Almeida (2017, p. 19)

41
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

Um aspecto que podemos ressaltar na formação por urdume é a


possibilidade de formar estruturas, diferentemente da opção por trama. O custo
desse produto feito por laçadas verticais é maior, em função do alto custo dos
maquinários. Para cada coluna da malha é necessária uma agulha no tear e é
necessário possuir um alimentador para cada agulha. Os principais produtos
feitos deste modo são as rendas e os têxteis técnicos.

4 TEAR PARA MALHARIA


As malhas por trama utilizam, basicamente, o tear circular e o retilíneo. Os
teares circulares produzem malhas circulares, aquelas que normalmente usamos
na confecção de camisetas. Vejamos um exemplo de tear circular:

FIGURA 19 – TEAR CIRCULAR

FONTE: <https://tiimg.tistatic.com/fp/1/004/887/circular-power-looms-machine-621.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

São exemplos de malhas de trama produzidas em teares circulares: malha


piquet, meia malha, ribana e poliviscose. Elas geralmente medem 1,15 m de
largura, com possibilidade de variação. Já, os teares retilíneos são mais utilizados
para as malhas mais pesadas (de inverno), como moletons, por exemplo.

42
TÓPICO 3 — MALHARIA: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

FIGURA 20 – TEAR RETILÍNEO

FONTE: <https://pt.made-in-china.com/co_jstongli/product_10g-Auto-Computerized-Collar-
Flat-Knitting-Machine_eiuiihgyy.html>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Os teares retilíneos possuem larguras diferentes para tecidos planos.


Quando finalizados, os tecidos são dispostos em grandes rolos com medidas até
1,50 m de largura.

43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• As malhas são um produto têxtil, elaboradas a partir de fios têxteis. Elas se


tornaram muito populares por conta de sua flexibilidade, fácil modelagem e
pelo conforto. São produtos versáteis que se adequam a várias usabilidades.

• As malhas têm direcionamentos de laçadas que influenciam na sua elasticidade


e também no custo final de um produto.

• Quanto às direções das laçadas, as malhas são classificadas como: malharia


por trama e malharia por urdume. E viu o que cada uma delas representa e/ou
influencia no têxtil final (malha) e como elas são formadas.

• A trama e o urdume na malha não são iguais à trama e ao urdume dos tecidos
planos!

• Os modelos industriais são dois: o tear circular, para malhas circulares; e o tear
retilíneo para malha retilínea. Cujas medidas de largura vão de 1,15 m para as
malhas circulares e chegam à 1,50 m para as retilíneas.

44
AUTOATIVIDADE

1 A malharia é um nicho do mercado que conta com muitas indústrias


focadas no desenvolvimento de novos produtos, tanto em produção
de novas malhas quanto de novos produtos feitos a partir da malha. O
consumo de malhas está muito atrelado à ideia de conforto para o dia a dia.
Ela é utilizada em peças como, por exemplo, moletons, pijamas, lingeries
etc. Elas costumam dar mais elasticidade ao produto por conta das laçadas
e também pela resistência mecânica dos fios. O tricô é um exemplo clássico
de utilização desse modo de tecer. No contexto da malha, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A malha pode ser elaborada com suas laçadas tanto na vertical quanto na
horizontal, e isso não modifica seu desempenho e elasticidades.
( ) A direção das laçadas da malha faz com que o tecido seja mais elástico ou
menos elástico, e isso deve ser considerado na hora de produzir o tecido.
( ) A tecnologia da malharia desenvolveu-se do tricô, técnica manual
utilizada para produzir artigos têxteis majoritariamente de lã e, de acordo
com Ray (2011).
( ) As malhas são conhecidas por sua flexibilidade de uso, seu caimento e,
principalmente pelo conforto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – F – F – V.

2 A malha é constituída por fios têxteis, diferencia-se dos tecidos planos por
sua elasticidade e adaptabilidade. Cada tipo de malha tem uma aplicação
específica e o seu modo de construção direciona essas aplicações. Por
exemplo, para o segmento de lingerie costuma-se utilizar as malhas mais
elásticas, mais finas. Já para a confecção de moletons, a malha precisa ser
mais espessa, no entanto, a elasticidade já não é requisito essencial, embora
exista em menor proporção. As malhas são diferentes em aspectos físicos,
e isso vai além da espessura do fio. No contexto da formação da malha,
associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Trama.
II- Laçadas.
III- Urdume.

( ) Diz respeito à direção vertical das laçadas da malha, essa direção, em


coluna, não permite tanta flexibilidade e elasticidade.
( ) Diz respeito a direção horizontal das laçadas da malha, essa direção lhe
confere mais flexibilidade e elasticidade.
( ) Refere-se a uma característica básica de construção da malha.
45
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) II – I – III.
b) ( ) II – III – I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.

3 As malhas por trama são amplamente utilizadas na fabricação de vestuário


como, por exemplo, moletons, lingeries e outros. A versatilidade de aplicação
se dá pela sua estrutura larga e flexível, possibilitando fácil modelagem de
peças. Sobre as malhas, analise as seguintes sentenças:

I- O sentido horizontal da laçada nos remete ao mesmo sentido da trama


dos tecidos planos. Porém as laçadas permitem flexibilidade à malha,
diferente dos tecidos planos que possuem estruturas mais firmes e retas.
II- Na malharia por trama, as laçadas são orientadas na horizontal – direção
da largura do tecido. Sua estrutura possui poucas variações, pois esse
modo de fabricação é limitante. A sua estrutura permite excelente
elasticidade na direção horizontal.
III- O sentido da trama na malha significa dizer que ela é construída com um
grupo de fios de trama, assim como nos tecidos planos.
IV- Na malha por trama não é obrigatório o uso de laçadas, tanto que existem
malhas por trama e por urdume.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
b) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa I está correta.

4 “As malhas são fabricadas por entrelaçamentos, ou seja, laçadas


interligadas. A malharia por trama é criada a partir de um fio que corre ao
longo da ‘carreira’. O tricô a mão é um excelente exemplo disso. As linhas
horizontais da malha são conhecidas como ‘carreiras’, e as verticais como
‘fileiras’” (UDALE, 2009, p. 88). Este texto se refere a como as malhas são
formadas. Diante disso, disserte sobre a diferença de uma malha produzida
com laçadas na direção horizontal.

5 Nas malhas, a versatilidade de aplicação se dá por sua estrutura larga e


flexível, possibilitando fácil modelagem de peças. A malha por urdume é a
que mais tem possibilidade de aplicações como, por exemplo, em rendas e
têxteis técnicos, isso porque é possível maiores variações. Em contra partida,
o custo para a confecção dessa malha é muito alto. Diante do exposto,
disserte sobre o fator que influencia esse encarecimento na produção da
malha por urdume.

46
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1

TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, a Revolução Industrial trouxe um impulso significativo na
produção têxtil, trazendo consigo as primeiras máquinas utilizadas para auxiliar
os homens. Nesta área, o start foi em 1733, quando começaram a surgir inventos
e aprimoramentos.

Destacamos a invenção da lançadeira volante, por John Kay, em 1733,


como o primeiro passo na renovação do ramo de têxteis. Com a adaptação da
lançadeira aos teares manuais foi possível aumentar a capacidade de tecer e
permitiu a obtenção de tecidos mais largos, pois, até então, o tecelão só podia
fazer tecidos da largura de seus braços (PEZZOLO, 2013, p. 145).

Desde então, a indústria vem evoluindo, melhorando seus processos,


aderindo novas tecnologias e aprimorando seus têxteis. Hoje, os teares são
verdadeiras máquinas produtivas, fazem grande diferença numa linha de
produção de tecidos. Propiciam agilidade e precisão na tecelagem, pois, com a
produção automatizada, as indústrias conseguem produzir em larga escala.

Pensando neste contexto, e na importância dos teares para esta área, além
desta breve introdução, falaremos, no Subtópico 2, sobre tear para tecidos planos;
abordaremos, no Subtópico 3, as tecelagens artesanal e industrial; no Subtópico
4, você vai conhecer os processos básicos para a tecelagem; e, no Subtópico 5, a
abordagem ficará por conta das características dos tecidos planos. Além desses
itens, contamos também com uma leitura complementar e um resumo com os
principais pontos abordados neste Tópico 4. A partir desta contextualização,
seguimos com a teoria sobre tear para tecidos planos.

2 TEAR PARA TECIDOS PLANOS E ESCOLHA DO TEAR:


Os teares utilizados na indústria são grandes máquinas, produto da
evolução dos teares primitivos. E sua estrutura física básica de funcionamento
conta com urdume, trama, cala e pente.

O urdume é um conjunto de fios que são colocados na vertical. Esse


processo chama-se urdidura. Já a trama é um conjunto de fios passados no sentido
horizontal, utilizando uma lançadeira/navete.

47
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

Navete é uma peça em que os fios ficam enrolados, eles são lançados
(daí o nome lançadeira) de um lado para outro, passando pelas calas, entre os fios
da urdidura, formando a trama do tecido e, depois, recebe a batida do pente. Esse
é um exemplo básico de como acontece a dinâmica do tear para tecidos planos.

ATENCAO

Perceba como é diferente do sistema de tear para malharia, aqui, no sistema de


tear para tecidos planos, não se usa agulhas ou laçadas, mas sim passadas de fios de trama
por entre a cala formada pelos fios de urdume.

TUROS
ESTUDOS FU

Veremos mais dessa dinâmica do tear e sua estrutura física, de modo ilustrado,
no Subtópico 4.

Para a escolha do tear, precisamos observar as necessidades dos têxteis


que queremos produzir, bem como outros aspectos como, por exemplo, agilidade e
eficiência. Existem teares bem específicos como os teares de pinça, utilizados para
tecidos pesados como o denim. Podemos citar, ainda na área industrial, o tear
projétil, o tear de lançadeira, tear a jato de água e tear a jato de ar.

Os “tecidos sintéticos e tecidos mistos de algodão e poliéster, por causa da


resistência de seus fios, têm sido produzidos em teares mais velozes. Teares a jato
de ar geralmente criam tecidos de estrutura leve e até média” (PEZZOLO, 2013,
p. 149). Perceba que a escolha do tear vai depender do tipo de tecido que se quer
e também da resistência do fio a ser utilizado. Para fios menos resistentes, por
exemplo, utiliza-se o tear jato de ar. Para os mais resistentes, teares mais velozes
podem ser utilizados, e por aí seguem as definições para a escolha do tear.

Na área têxtil, contamos também com trabalhos manuais e com teares


para trabalhos artesanais, cuja tradição é milenar, como já vimos anteriormente.
Bem, vejamos a seguir alguns exemplos para termos um parâmetro e diferenciar
a tecelagem artesanal da tecelagem industrial.

48
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

3 TECELAGEM ARTESANAL E TECELAGEM INDUSTRIAL


Há várias formas de fazermos arte, uma delas é a tecelagem. Através desse
método podemos, de forma artesanal, criar tecidos usando diferentes tipos de
tramas que podem resultar em trabalhos belíssimos e de qualidade, um exercício
que exige muita paciência e dedicação.

A tecelagem, ou tecedura, é considerada um grande marco na evolução do


ser humano e na sua inclusão social. “Consta que era um trabalho exclusivamente
feminino até por volta de 1270 da era cristã [...]” (CHATAIGNIER, 2006, p. 21).

Com a utilização de teares, podemos construir esses trabalhos artesanais,


experimentar uma técnica antiga de fabricação de tecidos. Temos alguns tipos de
teares para esse trabalho mais artesanal, mas o mais usado é o tear pente liço. No tear
pente liço é possível fazer produtos comercializáveis de ótima qualidade.

FIGURA 21 – TEAR PENTE LIÇO

FONTE: <https://tecelagemartesanal.files.wordpress.com/2020/07/ana-luiza.
jpg?w=640&h=730>. Acesso em: 31 mar. 2021.

No passado, eram usados apenas teares que poderia se ter em casa, por
isso consideravam trabalho feminino, pois as mulheres, na sua maioria, eram
quem usava dessa técnica. Vejamos o que escreve Chataignier (2006, p. 22, grifo
do original) sobre as características do tear pente liço:

Possui dois rolos básicos, o da frente e o traseiro. O primeiro serve de


apoio ao fio já produzido e localiza-se na extremidade inferior. Esta
parte também pode ser chamada de rolo urdidor de trama. O rolo da
parte de trás fica na extremidade superior do tear e recebe o nome de

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UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

rolo urdidor de fios. Este tipo de tear possui uma armação de madeira
ao seu contorno, que é chamada de pente ou liço; esta travessa possui
furos que são atravessados pelos fios de urdume e exerce duas
funções: a primeira é a de abrir alternadamente os fios do urdume
para a passagem do fio da trama; a abertura recebe o nome de cala.
A segunda função é a de bater os fios da trama para que eles possam
dar mais consistência ao tecido, encostando, desta forma, a trama na
última trama inserida, construindo o tecido.

DICAS

Para melhor compreender o processo de tecelagem no tear pente liço,


indicamos alguns vídeos demonstrativos:

• Como colocar o urdume: https://www.youtube.com/watch?v=26Dp4Kr52v0.


• Entenda a passada da trama com navete: https://www.youtube.com/watch?v=
NSuOqpgWo28.

Um dos tipos de teares mais utilizados é o tear vertical, o qual é muito


presente em séries e filmes que remetem à antiguidade.

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TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

FIGURA 22 – TEAR VERTICAL

FONTE: <https://tecelagemartesanal.files.wordpress.com/2013/04/karen-morning-sand.jpg?w=640>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

Vamos ver um exemplo de tear portátil, que você pode ter em casa e
elaborar tramas artesanais incríveis, construindo suas peças de modo criativo e
intuitivo:

51
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

FIGURA 23 – TEAR PORTÁTIL

FONTE: <encurtador.com.br/egtW9>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Existem teares que podem ser feitos manualmente, muito utilizados para
trabalhar artes na educação com as crianças, adolescentes e até mesmo adultos.
Veja alguns exemplos na Figura 24:

FIGURA 24 – EXEMPLOS DE TEARES ARTESANAIS

FONTE: A autora

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TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

Saindo de uma perspectiva artesanal, vamos olhar agora para a tecelagem


industrial. Você já viu vários tipos de teares artesanais e agora vamos ver alguns
utilizados especificamente na indústria. Os teares industriais normalmente
possuem uma grande e reforçada estrutura física, pelo fato de ter que produzir
peças continuadamente.

A esse processo produtivo, (acelerado e preciso) chamamos de produção


em larga escala ou produção em escala industrial. Essas máquinas têxteis são
constituídas de material resistente o suficiente para aguentar longas horas
de trabalho. Também é necessário mão de obra qualificada que entenda o
funcionamento detalhadamente.

DICAS

Confira um pouco mais da história da evolução dos teares, no endereço:


https://www.youtube.com/watch?v=B9gf1D-WcYs

ATENCAO

Os teares são muito antigos, estima-se que, há 6.000 anos, já existia esse
modo de produzir têxteis.

Podemos dizer, a partir dos registros históricos, que o tecer é uma herança
cultural que começou a ganhar novos olhares a partir da primeira revolução
industrial e vem evoluindo tecnologicamente a cada passo.

Historicamente, podemos pontuar alguns avanços que permitiram a


evolução da cadeia têxtil e, neste contexto, está inserida a evolução dos próprios
teares industriais: a invenção da lançadeira volante, em 1733, por John Kay, que
propiciou aumentar a capacidade produtiva e a obtenção de tecidos mais largos;
em 1763, James Hargreaves criou o filatório manual, para suprir a falta de fios
causada pelo aumento de produtividade do tear; em 1767, essa invenção foi
reelaborada por Hargreaves e passou a fiar até 80 fios de uma única vez, com
uma pessoa no comando. Esse passo foi incrível para aumentar a produtividade
ainda mais; ainda entre 1763 e 1769 (registro de patente), aconteceu a invenção da
máquina a vapor por James Watt. Esta máquina usava um movimento rotativo de

53
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

volante, sendo ela adaptada a todos os trabalhos; e em 1785, veio o tear mecânico
de Edmond Cartwright, aumentando ainda mais a capacidade das fábricas. A
partir disso, o setor têxtil deu um salto produtivo, além dessas novas invenções,
ainda se aumentava o tamanho dos teares (PEZZOLO, 2013).

NTE
INTERESSA

Antes da invenção da lançadeira, os tecidos só alcançavam a largura do braço


do tecelão.

Temos dois principais tipos de tear, o mecânico e o automático. No


modelo mecânico, as lançadeiras fazem a inserção das tramas, enquanto que, no
automático, ela é inserida por outros meios processuais, como pinças, jato de ar ou
jato de água que projetam a trama. Veja, na Figura 25, as imagens representativas
desses teares:

FIGURA 25 – TEAR MECÂNICO / TEAR AUTOMÁTICO

FONTE: <encurtador.com.br/psMX3>; <encurtador.com.br/ahY69>. Acesso em: 31 mar. 2021.

DICAS

Conheça um tear industrial em funcionamento, acessando:


https://www.youtube.com/watch?v=yT4TOe-0mKg

54
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

4 PROCESSOS BÁSICOS PRIMÁRIOS DE TECELAGEM


Tecelagem é o processo pelo qual se produzem tecidos com a utilização de
fios, e para que esta dinâmica aconteça, existe uma sequência de manuseio do tear
que deve ser vista antes de entendermos sobre o tecido especificamente.

Existe a preparação do urdume em um rolo de fios paralelos que serão


utilizados no tear e que estarão formando o comprimento do tecido. Esses fios
irão passar no quadro de liços. Esses quadros de liços formam a cala, a partir
de um movimento de abertura. Posteriormente, os fios são direcionados ao
pente, o pente é o que determina a largura e densidade do urdume e também é
o responsável pelo arremate da trama. Os fios de trama são inseridos na cala em
movimento de vai e vem. A forma como a trama é lançada depende do tipo de
tear, conforme vimos anteriormente. No caso dos teares domésticos, é inserido
por meio de navete

4.1 ABERTURA DA CALA


Antes da abertura da cala, é feita a colocação dos fios de urdume, após isso
começam os movimentos de abertura de cala, conforme nos mostra a Figura 26.

FIGURA 26 – ABERTURA DE CALA

FONTE: <https://audaces.com/wp-content/uploads/2017/09/tecidoideal1.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

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UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

A cala receberá a trama, antes de vermos a inserção da trama, note que os


fios de urdume estão intercalados, um para cima e outro para baixo.

4.2 INSERÇÃO DA TRAMA


A inserção da trama pode ser feita por lançadeira (navete), pinças ou jatos
de ar ou água, isso vai depender do tipo de tear que está sendo usado. É no meio
da abertura de cala que são passados os fios de trama, no sentido contrário do
urdume, ou seja, na horizontal.

FIGURA 27 – INSERÇÃO DA TRAMA

FONTE: <https://audaces.com/wp-content/uploads/2017/09/tecidoideal1.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

Assim que a trama é inserida, os fios de urdume mudam de posição


e, deste modo, entrelaçam as tramas. Esse tipo de entrelaçamento por trama e
urdume conferem ao tecido certa firmeza.

56
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

4.3 BATIDA DO PENTE OU ENCOSTAMENTO DA TRAMA


O urdume passa pelo pente, o pente mantém os fios tensionados. Passada a
trama por entre a cala formada pelo urdume, é o momento de bater o pente. A
batida do pente aproxima as tramas uniformizando e dando firmeza ao tecido.
Veja o esquema que mostra a totalidade do tear de modo bem simples:

FIGURA 28 – DIAGRAMA DOS ELEMENTOS CONSTITUINTES DE UM TEAR NECESSÁRIOS PARA


SE PRODUZIR UM TECIDO

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-xHNnG2g5mdo/UwsU5uHcdDI/AAAAAAAAAf8/
pA5xtI5MUqU/s1600/instrucoes_tecelagem.png>. Acesso em: 31 mar. 2021.

Repare, da esquerda para a direita, o processo que vimos até aqui: o rolo
(órgão) de urdume em fios paralelos. Os fios passando pelos liços que sobem e
descem formando a cala. Posteriormente, chegamos no pente, que tensiona e faz
a ‘batida’ que, na verdade, é um movimento de encostar firmemente uma trama
às outras anteriores, formando assim o tecido.

Entendida a formação dos tecidos e a dinâmica do tear, agora chegou o


momento de vermos sobre os próprios tecidos planos.

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UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

DICAS

Entenda mais da batida do pente assistindo a este vídeo prático:


www.youtube.com/watch?v=ed2Npkt6uAc.

5 CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS PLANOS


Os tecidos planos possuem características na sua estrutura, que serão
determinadas desde a escolha das fibras e como elas são processadas; escolha
do fio e como foi produzido; escolha de maquinários (teares) utilizados; e quais
acabamentos receberão. Essas escolhas definem se é ou não um tecido plano,
mas essa definição se dá principalmente pela trama. Sobre essas características,
veremos nas próximas abordagens.

TUROS
ESTUDOS FU

Sobre acabamentos têxteis, termo mencionado no texto, veremos logo mais


adiante.

5.1 TRAMA E URDUME


Você já deve estar familiarizado com as terminologias de trama e urdume,
não é mesmo? Isso porque, para os tecidos planos, elas são fundamentais. Um
tecido tramado obrigatoriamente possui o trabalho conjunto de trama e urdume.
Desse modo, são as tramas que definem o tecido plano.

Os tecidos se diferenciam dependendo de como a trama é trabalhada, ou


seja, depende dos ‘tipos de ligamentos’. São inúmeras combinações possíveis, mas
podemos classificar em três fundamentais que iremos conhecer em sequência.

58
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

5.2 TIPOS DE LIGAMENTOS: TELA, SARJA, CETIM


Os tecidos são formados e diferenciados por seus ligamentos. Os tipos
de ligamentos principais que podemos encontrar nos têxteis são o ligamento de
tela também conhecido como tafetá, ligamento de sarja e o ligamento de cetim.
Cada um deles tem um padrão diferente e, a partir desses padrões básicos, são
originados outros novos padrões de tecidos.

Ligamento Tela: o mais simples dos ligamentos, é utilizado em estruturas


mais leves, tem baixa possibilidade de esgarçamento. E tem diversidade de áreas
de aplicação para os tecidos feitos com esse ligamento como, por exemplo, a gaze
usada na área da saúde.

Ligamento Sarja: os tecidos com esse tipo de ligamento costumam ser


muito resistentes. Começa a ser mais complexo em estrutura. Sua aplicação
também é grande. Normalmente usados para roupas de trabalho pesado, por
exemplo, calças de uniforme em brim, sarja ou jeans. É mais firme que o ligamento
tela e o tecido normalmente mais espesso, mas não em regra.

Ligamento Cetim: é de todos o mais complexo, suas tramas são mais


elaboradas e seus tecidos são direcionados para roupas mais luxuosas. É menos
firme que a opção de tela e sarja. O seu modo de trama lhe confere brilho e melhor
caimento ao tecido final.

Vejamos, na Figura 29, algumas imagens desses ligamentos e tecidos


comumente utilizados em nosso dia a dia.

FIGURA 29 – LIGAMENTOS E EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

FONTE: Adaptada de Pezzolo (2013)

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UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

Perceba que o tipo de ligamento confere características distintivas entre


os têxteis, por exemplo, mais brilho ou menos brilho ao tecido de cetim, mais
resistência ao tecido brim ou maior respirabilidade ao tecido gaze.

Acadêmico, posterior a essas considerações sobre os ligamentos, vamos


ver agora como se classificam os tecidos.

5.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ESTRUTURA


Caro acadêmico, os tecidos recebem uma classificação quanto a sua
estrutura, veremos os tecidos simples, os compostos, os mistos, os especiais e
os artísticos.

5.3.1 Tecidos simples


Os tecidos simples são aqueles formados por um conjunto de fios de
urdume e um de trama. Eles são formados de estrutura básica de tramas.

5.3.2 Tecidos compostos


Os tecidos compostos são aqueles que possuem na sua estrutura mais de
um conjunto de fios de urdume e também mais de um conjunto de trama. A partir
disso, é possível formar tecidos dupla face, por exemplo.

5.3.3 Tecidos mistos


Nos tecidos mistos, existe uma combinação de fibras naturais e sintéticas.
Normalmente, utiliza-se a lã, poliéster ou acrílico. Variando percentuais das fibras
é possível conseguir variações do tecido.

5.3.4 Tecidos especiais


Os tecidos especiais são aqueles que receberam em seu acabamento
aplicações como laminados, emborrachados, plastificados. Além desses, temos
aqueles que apresentam estruturas mistas e os não tecidos, como o TNT e o Feltro
(PEZZOLO, 2013).

60
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

5.3.5 Tecidos artísticos


Um exemplo clássico de arte em tecidos é a tapeçaria. Nos tecidos
artísticos, as expressões podem ser criadas juntas à própria trama. Geralmente
esses tecidos contam alguma história ou expressam uma determinada cultura e
são utilizados em decoração.

ATENCAO

Acadêmico, é muito importante que você utilize os conceitos e abordagens deste


livro para buscar novas leituras e ampliar seus conhecimentos, pois a área têxtil é magnífica e
ampla demais para que todo o conhecimento caiba num único livro. Seja curioso!

61
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

LEITURA COMPLEMENTAR

PROCEDIMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO TÊXTIL EM TECIDO


DE MALHA

Maria Izabel Costa


Ingrid Lagemann Isoppo
Bárbara Jung da Rosa
Melina Makowieck
Geise Fabiane Nazario
Tadeu Damo
Gabriele Louise Ribeiro da Silva

Resumo: Este texto apresenta resultados parciais da pesquisa que objetiva a


criação de novos produtos têxteis, a partir da transformação da estrutura e do
design de superfície do tecido de malha circular, fornecido pela empresa Sun
Camisetas Ltda (SC). Aplica Procedimentos de Transformação Têxtil Estrutural,
Construtivo, Colorístico e Combinado bem como a Sinética como técnica
facilitadora do processo criativo.

A pesquisa que envolve a transformação têxtil tem sido valorizada


no âmbito da moda, pois permite agregar valor técnico/estético diferenciado
a um produto industrializado, proporcionando maior variedade estilística
ao profissional de moda e maior otimização da matéria prima ao empresário.
Pesquisar a transformação da malha circular vem completar uma série de
pesquisas da UDESC, na área têxtil, como a transformação do não tecido
(COSTA, 2003), pesquisa desenvolvida em parceria com a empresa Freudenberg
(SP); transformação do tecido plano (COSTA, 2005), desenvolvida na disciplina
Desenho Têxtil II; e em malha retilínea (BERVIAN, 2005), pesquisa desenvolvida
em Trabalho de Conclusão de Curso com a Empressa Téssere Malharia (RS).
Contudo, os Procedimentos de Transformação Têxtil ainda não foram empregados
e testados com o tecido de malha circular - ponto Jersey. Acredita-se que, pode-se
gerar uma série de bandeiras (amostras de tecidos) com diferencial agregado em
termos de estrutura e estética de superfície.

Neste escopo, coube a seguinte questão de pesquisa: como propor novas


estruturas têxteis a partir da transformação do tecido de malharia circular
com vistas à utilização intencional para o produto de moda? No momento, já
se concluiu a etapa de desenvolvimento de bandeiras têxteis em laboratório
experimental, que será o foco deste artigo, e parte-se para a segunda etapa que
consiste na aplicação destas amostras em coleção de moda visando o estudo da
viabilidade funcional dos tecidos criados.

62
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

Conforme, Ribeiro (1984, p. 63) “Tecido é um produto manufaturado, em


forma de lâmina flexível, resultante do entrelaçamento, de forma ordenada ou
desordenada, de fios ou fibras têxteis entre si”. Pela forma como os fio ou fibras
são trabalhados para a formação de uma estrutura têxtil, tem-se diferentes tipos
de tecidos.

Quanto a sua formação, o autor classifica os têxteis em Tecidos Comuns


(tecidos planos, formados pelo entrelaçamento de fios de urdume e trama em
ângulo reto); Tecidos de Malha (constituídos pelo entrelaçamento de fios em
forma de laçadas); Tecidos de Laçada (o mesmo que tecido de renda, obtido por
laçadas completas em forma de nós); Tecidos Não tecidos (desenvolvidos por
tecnologia especifica que resulta na compactação de fibras e/ou fios sem que estes
estejam tramados), e Tecidos Especiais (formados pela junção de mais que um
tipo de estrutura anteriormente descritas ou resultantes da adição de polímeros
em forma de filmes). O tecido deve apresentar, segundo Araújo (1987, p. 919), o
comprimento e a largura significativamente superiores à espessura, sendo a sua
resistência mecânica suficiente para lhe dar coesão.

Considerando-se a matéria prima e objeto de transformação têxtil deste


estudo, abordar-se-á apenas as propriedades do Tecido de Malha.

Independentemente de sua produção (artesanal ou industrial), tecidos de


malha podem ser definidos como os “resultantes da formação de laços que se
interpenetram e se apoiam lateral e verticalmente, provenientes de um ou mais
fios” (RIBEIRO, 1984, p. 65).

Os tecidos de malha podem ser produzidos por dois métodos básicos:


urdume e trama. Para a produção de malha por urdimento, tem-se o processo
que utiliza o método de entrelaçamento de malhas no sentido do urdume
(sentido vertical), empregando numerosos fios que se entrelaçam lateralmente
e podem alimentar uma ou mais agulhas. Caracterizam-se pela boa estabilidade
dimensional e, devido a isso, não se deformam facilmente. Também, possuem
menor elasticidade que os tecidos de malha por trama e são indesmalháveis.

Os tecidos de malha por trama são estruturas resultantes do


entrelaçamento de um único grupo de fios entre si através de laçadas no sentido
da largura do tecido, ou seja, na direção da trama sentido horizontal. Todas as
agulhas são alimentadas por um mesmo fio ou grupo de fios e as malhas são
formadas sucessivamente. A malha por trama pode ser circular (produzida na
forma de um tubo) ou retilínea (consiste numa malha aberta, geralmente com
largura variável entre 1,40 cm e 1,60 cm, fabricada em máquinas planas). Estes
artigos de malha por trama caracterizam-se pela pouca estabilidade dimensional,
o que facilita a sua deformação, além de apresentarem elasticidade nos dois
sentidos. São também tecidos desmalháveis.

63
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

As estruturas fundamentais da malharia por trama, segundo Andrade


Filho e Santos (1987), resumem-se nos pontos jersey (meia-malha), rib (canelado) e
ponto reverso (links). A malha jersey “é formada pela repetição da laçada normal
na direção das colunas e na direção das fileiras [cursos]” (ARAÚJO, 1984, p. 483).
Sua principal característica refere-se ao entrelaçamento de pontos na mesma
direção, no lado direito da malha, enquanto, no avesso, as laçadas aparecem de
forma semicircular.

A malha jersey “apresenta um certo desequilíbrio pelo fato de o lado


direito apresentar laçadas, ao passo que o lado avesso técnico só apresenta listras
horizontais” (SMITH, 1989, p. 16). Por esse motivo, a malha jersey possui uma
única face, ao contrário das malhas rib e de ponto reverso, ambas com duas e
com a mesma aparência tanto do lado direito quanto do avesso, ainda que suas
estruturas sejam completamente diferentes. Outra característica atribui-se ao fato
da malha jersey desmalhar livre- mente em qualquer um dos lados.

O tecido, utilizado nesta pesquisa, é uma malha de trama, de ponto Jersey


(meia-malha) e, portanto, para a transformação têxtil, foram observadas estas
características anteriormente apontadas. Por transformação têxtil, entende-se as
mudanças artesanais ou industriais, ocasionadas na estrutura do substrato têxtil
(tecido), ou em seu relevo, ou na coloração ou combinação destas.

A designação de procedimentos Estrutural, Construtivo, Colorístico e


Combinado surgiu a partir de pesquisa desenvolvida com o substrato têxtil não
tecido (COSTA, 2003). Hoje, estes procedimentos são adotados na disciplina de
têxtil e tem propiciado a organização da prática experimental na transformação
têxtil artesanal de diversos substratos têxteis.

• O Procedimento Estrutural caracteriza-se pela mudança da estrutura do


substrato têxtil. No caso da malha, deve-se atuar no sentido de descaracterizá-
la enquanto estrutura em forma de laçada. Sendo assim, as intervenções como
recorte em tiras para posterior emprego de técnicas como a tecelagem, malimo,
macramé, fuxico, entre outras, são válidas.
• Procedimento Construtivo é aquele que utiliza a sobreposição de tecidos
uns sobre os outros, ou modifica-se a superfície do substrato a ser transformado
visando dar ênfase ao relevo, textura, como também, reforço dos substratos de baixa
gramatura. Emprega-se técnicas de sobreposições/apliques, “esculpimentos”,
bordados, bem como matelassês e tecidos dublados, entre outras.
• O Procedimento Colorístico caracteriza-se pela transformação da matéria-
prima têxtil pela agregação de cor. Neste procedimento estão agrupadas as
técnicas que objetivam colorir os tecidos, através de tingimento (coloração total
do tecido) ou aplicar desenhos através de estamparia (coloração parcial). Várias
são as técnicas de estamparia e de tingimento (tie dye, batik, descoloramento,
pintura a mão, carimbo, serigrafia, sublimação, estamparia digital, etc.).

64
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

• O Procedimento Combinado, caracteriza-se pela utilização de mais que


uma das técnicas descritas anteriormente. Se os procedimentos anteriores já
possibilitam o desenvolvimento de uma grande quantidade de bandeiras,
com este (Procedimento Combinado), as possibilidades criativas se ampliam
ao máximo. Para organizar o processo criativo e melhor visualizar as
possibilidades de utilização deste procedimento, empregou-se o quadro
“Formação do Procedimento Combinado” (COSTA, 2003), que consiste no
cruzamento dos Procedimentos de Transformação Têxteis entre si, com suas
respectivas técnicas de desenvolvimento dos tecidos.

O cruzamento pode dar-se também entre técnicas do mesmo procedimento.

Além da fundamentação teórica que envolve o produto e processo


da malharia e os procedimentos de transformação têxtil, o estudo a respeito
da Sinética também foi considerado para embasar a pesquisa, servindo de
instrumento facilitador do processo criativo.

Para Virgolim (1994), Sinética é uma palavra de origem grega, que


significa a associação de elementos diferentes e aparentemente irrelevantes.
Segundo Baxter (1998, p. 69), a palavra sinética é derivada do grego e significa
juntar elementos diferentes, aparentemente não relacionados entre si. A técnica
tem como objetivos: permitir que o indivíduo perceba a realidade de forma
não corriqueira, fazendo com que um grupo de pessoas faça emergir, do nível
inconsciente, várias ideias visando à solução do problema proposto; aumentar
a consciência e os mecanismos que podem ser utilizados para chegar soluções
novas de um problema; obter respostas de qualidade e não a quantidade delas.

A sinética reconhece dois tipos de mecanismos mentais: transformar o


estranho em familiar e transformar o familiar em estranho. Este segundo recorre
a quatro tipos de analogias: analogia pessoal; direta; simbólica; fantasiosa
(ALENCAR, 1995, p. 22). Destas, utilizou-se, a analogia Direta que consiste na
comparação direta de fotos, elementos vivos, conhecimentos ou tecnologias
paralelas. Esses paralelos são buscados em situações da natureza e, por isso, muito
empregados na biônica. Para se fazer a analogia direta fez-se a seguinte pergunta:
De que forma o reino vegetal utiliza-se para reforçarem as suas estruturas? De
que forma se encontra na natureza exemplos ou modelos de beleza para dar-se
como característica a um Tecido?

Através da sinética direta e, utilizando-se sementes brasileiras como


referência para a inspiração do desenho têxtil, empregou-se diversas formas
de análise (diacrônica, sincrônica, estrutural, morfológica) utilizadas por
Aquistapasse (2001).

A Análise Diacrônica consistiu em pesquisa bibliográfica para retiradas de


imagens e dados. Na Análise Sincrônica, realizou-se uma pesquisa bibliográfica
na intenção de verificar um universo mais amplo onde houvesse a presença da
semente, em outros campos, como na história da arte.

65
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

A Análise Estrutural consistiu em realizar a escolha da semente que seria


a referência da criação, bem como as partes da planta, fruto e flores. A Análise
Morfológica, permitiu que se retirassem a cor (tabela de cores com as tonalidades), a
forma (uma interpretação mais geométrica do desenho e outra com traços mais
gestuais) e a textura das sementes.

Cabe ressaltar também que o estudo de simetrias contribuiu para


desenvolver uma série de outros padrões a partir de uma figura estabelecida.
Neste sentido, quanto a simetria e ao jogo resultante das análises combinatórias
entre elas, (GOMES, 1994 apud AQUISTAPASSE, 2001), em suas considerações
sobre composição de “elementos, motivos e padrões” gráficos, nos diz que
estes podem ser iniciados seguindo algumas leis de simetria, a saber: isografia,
homeografia, singenografia, catagrafia e heterografia.

Estes estudos teóricos contribuíram com o processo de transformação do


tecido de malha que foi concretizado metodologicamente pelas seguintes etapas:

• Estudo das características e propriedades da matéria-prima a ser transformada.


Nesta etapa, passou-se a conhecer o substrato têxtil analisando e identificando,
por meio de dados fornecidos pela empresa, a composição, a gramatura, tipo
de malha, sua forma de apresentação para comercialização, campo de aplicação
original, suas características técnicas e estéticas.
• Experimentação dos procedimentos de transformação têxtil: estrutural
(elaboração através de estruturas), construtivo (elaboração através de
sobreposições de materiais e/ou apliques), colorístico (elaboração através de
tingimento/estamparia) e combinado (empregando-se mais do que uma das
técnicas dos procedimentos anteriores).
• Testes e adequação. Nesta etapa, as transformações foram testadas através
de lavagens em máquina doméstica onde verificou-se a resistência dos
procedimentos aplicados.
• Elaboração e Preenchimento de Fichas de Registro Têxtil – memorial descritivo
e fotográfico do produto. Além das características técnicas, os apelos estéticos,
dirigidos pela percepção, – visão e tato – mesmo sendo mais subjetivos e
culturais, foram analisados e registrados, procurando-se como critério, a própria
comparação entre a matéria prima original estudada. Assim, a cor, o desenho,
o brilho, relevo e textura são os principais fatores visuais aos quais se juntam os
fatores táteis. Estes, traduzidos em sensações de maciez e aspereza, de quente
e de frio; de dureza e moleza, de flexibilidade e rigidez, de elasticidade; de
volume (espessura), de peso e outros, compõem o atributo “toque”.
• Aplicação em produtos de moda (esta última fase ainda está em estudo).

Como resultado, foram pesquisadas as características técnicas/estéticas


do tecido de meia malha e produzidas 119 bandeiras têxteis de 0,50 m de
comprimento X 0,40 m de largura, sendo que:

• 21 são do Procedimento Estrutural;


• 22 são do Procedimento Construtivo;

66
TÓPICO 4 — TEAR, PROCESSO DE TECER E TECIDOS PLANOS

• 36 são do Procedimento Colorístico;


• 40 são do Procedimento Combinado.

Todas as bandeiras criadas já possuem suas Fichas de Registro Têxtil


elaboradas constando todas as informações referente à matéria prima, composição
(% fibra têxtil utilizada); tamanho amostra têxtil; descrição procedimento/técnica
de elaboração do produto; registro fotográfico, entre outros dados.

Foram realizados diversos estudos para estamparia corrida e localizada


empregando-se a técnica “Sinética Direta” com o tema sementes brasileiras como
fonte de inspiração para o desenho têxtil. A metodologia de transformação têxtil
desta pesquisa foi adotada como conteúdo em uma unidade da Disciplina de
Desenho Têxtil II, da 7ᵃ fase do Curso de Bacharelado em Moda, e tem sido positiva
ao ensino, pois emprega o trabalho reflexivo/prático envolvendo os acadêmicos à
pesquisa. maioria das bandeiras da pesquisa (95%) já foram catalogadas.

Concluindo, pode-se dizer que a pesquisa tem mostrado que é possível


realizar todos os procedimentos de transformação têxtil no tecido de malha
circular. Desta forma, um tecido básico, utilizado geralmente para a confecção
de camisetas, é passível de transformações tanto na sua estrutura quanto em
sua superfície. O valor estético agregado pode ser utilizado em outras peças do
vestuário, proporcionando maior variedade estilística ao produto.

Observa-se uma maior quantidade de bandeiras criadas a partir


do procedimento Combinado que emprega mais que uma técnica para a
transformação têxtil, pois vem possibilitar uma maior aproximação do tecido
criado com o tema proposto – sementes brasileiras.

As características próprias do ponto jersey – malha por trama – de


apresentar pouca estabilidade dimensional, foi utilizada como recurso positivo,
principalmente na construção de rolotês.

Contudo, a característica “desmalhável” não foi muito utilizada, pois


a malha muito fina de algodão não desmalha tão facilmente quanto um tecido
de tricô. No Procedimento Estrutural, a técnica de tecelagem e malimo foram
as mais utilizadas, a partir do corte transversal da malha em tiras. Através do
Procedimento Construtivo, pode-se desenvolver novos produtos que atenderão
principal- mente a meia estação e o inverno por apresentarem sobreposições de
materiais elevando a gramatura têxtil. O desenvolvimento de bandeiras com o
Procedimento Colorístico torna-se acessível na maioria das técnicas de estamparia
e tingimento por ter a meia-malha estrutura de superfície lisa e, em geral, ter
composição 100% algodão que é uma fibra que aceita facilmente corantes e
pigmentos. A estamparia digital não foi experimentada.

A utilização da técnica de criatividade sinética foi produtiva na resolução


de problemas que dizem respeito mais à criação estética que a problemas de
resistência têxtil ou de deformidade da malha. Este fato deveu-se a um maior

67
UNIDADE 1 — FIBRAS TÊXTEIS, FIAÇÃO, MALHARIA, TECELAGEM

interesse da equipe de pesquisa nos aspectos estéticos. A escolha de sementes não


tinha como objetivo o estudo da função e resistência destas na natureza para
servir de modelo para a resolução de problemas técnicos/funcionais do tecido.

A participação dos acadêmicos em parte específica desta pesquisa tem


mostrado o lado positivo da integração ensino-pesquisa. Da mesma forma, o
interesse da empresa e sua atitude de colaboração, sem interferência na parte criativa
dos designers (equipe de pesquisa) tem facilitado o processo. Contudo, a resposta
da viabilidade da pesquisa para a área de confecção, ainda está em andamento e, em
breve, virá com o término da última etapa, onde as bandeiras serão transformadas
em peças do vestuário na concretização de uma coleção de moda.

FONTE: <https://periodicos.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/download/16639/10778/57281>.
Acesso em: 31 mar. 2021.

68
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os teares possuem variações e seu uso depende dos tecidos a serem


confeccionados, por exemplo: para tecidos pesados, os teares de pinça; para
tecidos mais leves, os teares a jato de ar; e teares mais velozes podem ser usados
para tecidos com fios mais resistentes.

• Na tecelagem, existe a tecelagem industrial, mas que também é possível tecer


artesanalmente. E conheceu, a partir de imagens, alguns aparelhos de tear de
variadas formas, desde os mais simples feitos com papel para trabalhar a arte de
tecer com as crianças, até os teares industrias nos modelos: mecânico e automático.

• Tecelagem é o processo pelo qual se produzem tecidos com a utilização de fios,


e para que esta dinâmica aconteça, existe uma sequência de manuseio do tear.

• Os tecidos planos possuem características na sua estrutura, que serão


determinadas desde a escolha das fibras e como elas são processadas; escolha
do fio e como foi produzido; escolha de maquinários (teares) utilizados; e quais
acabamentos receberão. Essas escolhas definem se é ou não um tecido plano.

• São inúmeras combinações possíveis de trama e urdume, mas podemos


classificar em três fundamentais: tela, sarja e cetim.

• Os tecidos recebem uma classificação quanto a sua estrutura, ou seja: tecidos


simples, compostos, mistos, especiais e artísticos.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

69
AUTOATIVIDADE

1 A indústria têxtil foi alavancada com invenções e inovações a partir da


Revolução Industrial, desde então, vem melhorando seus processos,
aderindo novas tecnologias e aprimorando seus têxteis. Mas não é só na
área têxtil que as mudanças aconteceram. Grandes invenções, como a
máquina a vapor, serviram para inovar em muitas outras áreas. Sobre as
inovações na área têxtil a partir da Revolução Industrial, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A Revolução Industrial trouxe um impulso significativo na produção têxtil,


vindo consigo as primeiras máquinas utilizadas para auxiliar os homens.
( ) A Revolução Industrial trouxe também a invenção da linha em cones
para a produção têxtil.
( ) A invenção da lançadeira volante, por John Kay, em 1733, é considerada
o primeiro passo na renovação do ramo de têxteis.
( ) Os teares, melhorados a partir da Revolução Industrial, propiciam
agilidade e precisão na tecelagem, pois, com a produção automatizada,
as indústrias conseguem produzir em larga escala.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – F – V – V.

2 Os teares utilizados na indústria são grandes máquinas, produto da


evolução dos teares primitivos. E sua estrutura de funcionamento conta
com itens básicos, como: urdume, trama, cala e pente. Sem esses itens não
é possível construir um tecido no tear, ainda que seja manualmente. Na
área têxtil, contamos também com trabalhos manuais e com teares para
trabalhos artesanais, cuja tradição é milenar. Sobre os teares, associe os
itens, utilizando o código a seguir:

I- Trama.
II- Urdume.
III- Navete.

( ) É um conjunto de fios colocados na vertical.


( ) É um conjunto de fios passados no sentido horizontal, utilizando uma
lançadeira.
( ) É uma peça onde os fios ficam enrolados, eles são lançados (daí o nome
lançadeira) de um lado para outro passando pelas calas, entre os fios da
urdidura, formando a trama.

70
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II – I – III.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.

3 O mercado dos têxteis é amplo, nele há espaço e demanda para tecidos


mais simples e para aqueles mais elaborados. Os tecidos recebem uma
classificação quanto a sua estrutura física e suas aplicabilidades. Entre essas
classificações estão os tecidos especiais, aqueles que recebem acabamentos
especiais como, por exemplo, os emborrachados. Diante do exposto sobre a
classificação dos materiais, analise as seguintes sentenças:

I- Os tecidos compostos são aqueles que, na sua estrutura, possuem mais de


um conjunto de fios de urdume e também mais de um conjunto de trama.
II- Os tecidos simples são aqueles formados apenas por um conjunto de fios
de urdume.
III- Nos tecidos mistos, existe uma combinação de fibras naturais e não sendo
possível usar sintéticas.
IV- Nos tecidos artísticos, as expressões podem ser criadas junto à própria
trama. Geralmente, esses tecidos contam alguma história ou expressam
uma determinada cultura e são utilizados em decoração.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa V está correta.

4 Os tecidos também são diferenciados por seus ligamentos. Existe um


grupo de ligamentos principais e estes se ramificam formando outros
ligamentos, e, desse modo, é possível fazer variações de tecidos. Os
tipos de ligamentos principais que podemos encontrar nos têxteis, são o
ligamento de tela, também conhecido como tafetá, ligamento de sarja e o
ligamento de cetim. O ligamento de tela é considerado o mais simples de
todos os ligamentos. Podemos exemplificar o uso deste com os produtos:
gaze cirúrgica e fraldas de pano, usadas para higienizar bebês. Já com
o ligamento de sarja, temos exemplos de aplicação em calças jeans,
uniformes de empresas para serviços pesados entre outras aplicações.
Diante disso, disserte sobre o ligamento de cetim.

71
5 A história nos revela registros. “A tecelagem ou tecedura é considerada
um grande marco na evolução do ser humano e na sua inclusão social.
Consta que era um trabalho exclusivamente feminino até por volta de
1270 da era cristã [...]” (CHATAIGNIER, 2006, p. 21). Também sabemos da
existência do tear há milênios e verificamos que existem teares verticais,
portáteis, artesanais, industriais, aqueles feitos de madeira e aqueles feitos
de papel. Cada um deles tem uma aplicabilidade diferente na atualidade,
mas a essência histórica é a mesma. No passado, apenas as mulheres
teciam, pois os teares eram caseiros. Hoje, no entanto, temos na indústria
grandes teares. Discorra sobre os dois principais tipos de tear industrial e a
diferença entre eles.

72
REFERÊNCIAS
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(Volumes I e II).

ALMEIDA, J. L. S. Malharia de trama e urdume: uma abordagem da


construção dos tecidos no software AutoCad. 2017, 94 f. Trabalho de conclusão
de curso (Graduação em Engenharia Textil) – Universidade Tecnológica Federal
Do Paraná, Coordenação Do Curso De Engenharia Têxtil, Apucarana, 2017.
Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/10357/1/
AP_COENT_2017_1_10.pdf. Acesso em: 31 mar. 2021.

AMARAL, M. C. do et al. Reciclagem industrial e reuso têxtil no Brasil: estudo


de caso e considerações referentes à economia circular. Gest. Prod., São Carlos,
v. 25, n. 3, p. 431-443, abr. 2018.

CAPELETTI, S. S. K. Uso de fibra da árvore nativa regional: “paineira” no


processo de desenvolvimento de fios para tecidos antitérmicos. 2012. Trabalho
de Conclusão de curso (Graduação em Design de Moda) – Universidade da
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CHATAIGNIER, G. Fio a fio. São Paulo: Estação das Letras, 2006.

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https://www.researchgate.net/publication/337585580_Procedimentos_de_
transformacao_textil_em_tecido_de_malha. Acesso em: 31 mar. 2021.

FINKIELSZTEJN, B. Sistemas modulares têxteis como aproveitamento de


fibras naturais: uma alternativa sustentável em arquitetura & design. 2006. 172
f. Dissertação (Pós-Graduação em Artes) – Pontifícia Universidade Católica Rio
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GRUBER, V. Material têxtil e a indústria catarinense: proposta de laboratório


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em Design) – Universidade da Região de Joinville, 2016. Disponível
em: https://www.univille.edu.br/account/ppgdesign/VirtualDisk.html/
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LASCHUK, T. Design têxtil da estrutura à superfície. Porto Alegre: Ed.


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LEAL FILHO, W. et al. A Review of the socio-economic advantages of textile


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73
MENG, X. et al. Recycling of denim fabric waste into high-performance
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MIASHITA, A. S. et al. Desenvolvimento e construção de um aplicativo


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Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/7/7d/Apostila_
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PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. São Paulo: Editora
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SOUZA, G. M. de. Otimização da distribuição de produção nos setores de


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edu.br/wp-content/uploads/2020/09/CT_CEAUT_XII_2019_08.pdf. Acesso em:
31 mar. 2021.

UDALE, J. Fundamentos do design de moda: tecidos e moda. Porto Alegre:


Bookman, 2009.

ZONATTI, W. F. Geração de resíduos sólidos da indústria brasileira têxtil


e de confecção: materiais e processos para reuso e reciclagem. 2016. 251 f.
Tese (Doutorado em Sustentabilidade) – Universidade de São Paulo, Escola
de Artes Ciência e Humanidades. São Paulo, 2016. Disponível em: https://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-26042016-192347/publico/
CorrigidaWeltonZonatti.pdf. Acesso em: 31 mar. 2021.

74
UNIDADE 2 —

BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS


E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a classificação dos beneficiamentos;

• diferenciar tipos de tingimentos e tipos de estampagens;

• compreender a aplicação dos tecidos em diversas áreas, bem como


entender os tecidos técnicos e suas aplicações;

• discutir a regulamentação e aplicar as regras de etiquetagem;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – BENEFICIAMENTOS

TÓPICO 2 – APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

TÓPICO 3 – ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

75
76
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

BENEFICIAMENTOS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, os beneficiamentos podem acontecer em diversas
etapas do processo produtivo têxtil. Por meio do beneficiamento, é possível
empregar técnicas que ajudam a tornar um tecido atrativo e próprio para
uso desde a preparação da fibra. Assim como é possível finalizá-los com a
utilização de tecnologias de superfície. As escolhas dessas técnicas ficam a
critério de cada projeto.

Abordaremos as principais subdivisões na etapa de beneficiamentos.


Veremos também acerca dos tipos de tingimentos, bem como sobre os
corantes e mordentes. Posteriormente, estudaremos estampagem, e você verá
alguns modos de fazer estampas praticados pela indústria têxtil. Trataremos
a abordagem dos beneficiamentos como uma ‘etapa’ que se subdivide, deste
modo, favorecendo a compreensão.

2 TIPOS DE BENEFICIAMENTOS
Podemos entender como beneficiamento uma série de etapas ou aplicações
que visam melhorar as características, as propriedades de um tecido, de um fio
ou mesmo de uma fibra. Essas etapas são classificadas de acordo com seu estágio,
são eles: os beneficiamentos primários, secundários e terciários.

2.1 PRIMÁRIOS
Os beneficiamentos primários compreendem desde a limpeza das fibras
até a etapa que antecede o tingimento, isto varia de caso a caso, mas podemos
ilustrar com o processamento da lã, por exemplo:

• limpeza da lã (eliminando gorduras e oleosidades);


• obtenção do fio (que será usado em tramas e urdumes);
• banho de proteção de base de amido, resinas etc. (para proteger da fricção na
tecelagem);
• tecelagem;
• preparação para o tingimento.

77
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

A quinta etapa do nosso exemplo, é etapa limite entre os beneficiamentos


primários e secundários. Nela, o tecido é preparado para a coloração total ou
parcial, dependendo do objetivo empregado.

2.2 SECUNDÁRIOS
Os beneficiamentos secundários abrangem os processos de tinturaria e
estampagem. Cada um desses beneficiamentos tem seus próprios subprocessos,
por exemplo, para a tinturaria existem técnicas especificas de tingimento bem
como uma infinidade de materiais utilizados para tal. Da mesma forma, a
estampagem conta com diversas técnicas para imprimir uma estampa. Sobre
essas duas abordagens veremos, de modo aprofundado, a partir no Subtópico 3
deste tópico.

2.3 TERCIÁRIOS
Os beneficiamentos terciários são as etapas finais, podem ser aplicados
por diversos modos com objetivo de tratar a superfície modificando a aparência
acrescentando novas características ou propriedades. São alguns exemplos de
beneficiamento terciário: acabamento antifogo (impede que o tecido queime);
antimicroorganismo (usado principalmente em tecidos constituídos de celulose,
impedindo a ação de microorganismos que os deterioram); hidrofugação (para
repelir água); impermeabilização (formação de filme que impede a passagem da
água) etc.

DICAS

Existem muitos outros acabamentos terciários, por exemplo, antimanchas;


gofragem (para efeitos de relevo), carregamento (torna tecido mais pesado) e tantos outros
que podemos encontrar por meio de pesquisas e leituras auxiliares. Você pode ver mais dos
beneficiamentos no livro de Pezzolo (2013): Tecidos: história, tramas, tipos e usos.

78
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

3 TINGIMENTO
O tingimento, como já mencionado, é um beneficiamento classificado
como secundário. As cores são obtidas a partir de matérias primas colorantes que
podem ser de origem animal, vegetal e mineral. São alguns exemplos de corantes:
caracóis marinhos (animal), cúrcuma (vegetal) e óxido de ferro (mineral).

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO


Os primeiros registros de utilização de corantes foram obtidos na
China, em 2.600 a.C. A garança (vermelho), pastel (tons de azul) e gauda (verde
amarelado) eram as principais cores obtidas no processo de tinturaria na Idade
Média (476 a 1453).

Com o desenvolvimento do comércio chagavam as novidades em corantes


e mordente. As cores eram utilizadas para distinção de posição e classe social, para
adornos e decoração de utensílios (PEZZOLO, 2013). Com a disseminação do uso
de tecidos tingidos, os conhecimentos acerca das tinturas e processos químicos
cresceram durante a segunda metade do século XVII, desta vez os franceses foram
os protagonistas na descoberta do ‘vermelho turco’, expandindo pela Europa. A
partir de então, os europeus dominaram a tecnologia da tintura e se destacaram no
mundo todo até o século XIX, utilizando corantes animais e vegetais.

Sobre a evolução das tonalidades obtidas, na Idade Média utilizava-


se no máximo 16 cores, no século XVII, em Paris, já se utilizava entre 80 e 120
tonalidades dessas 16 cores; no século XVIII, já se obtinha 30 mil tons advindos
de 36 cores (PEZZOLO, 2013).

3.2 TINTURA A QUENTE E A FRIO


Podemos verificar que os processos de tingimento praticados até os dias
atuais são feitos de duas formas: a tintura a frio e a tintura a quente.

A tintura a quente é feita por imersão do tecido ou fio em banho


que contém o corante, desse modo é extraído a tintura pelo aquecimento ou
fervura. Na indústria, encontramos a tintura classificada por sua temperatura
na utilização de corante reativo, por exemplo, “a temperatura de fixação dos
corantes decresce de acordo com sua reatividade com a fibra celulósica, poderá
ser a frio (20 a 30 °C), morno (40 a 60 °C) ou a quente (80 a 98 °C)” (CORANTES,
2020, s. p.).

A reação do corante acontece a partir do aumento de temperatura.


Posteriormente, é necessária uma lavagem para remover os corantes que não
se fixaram. “Os processos mais comuns, nas indústrias, são ‘pad-steam’, com
vaporizador para tecidos de algodão, e, ‘paddry’, com circulação de ar-quente

79
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

(hot-flue) para tecidos sintéticos, ou a combinação desses” (REGIS, 2011, s. p.,


grifo nosso). Os corantes reativos possuem altos níveis de sal e corante, gerando
resíduos. Além disso, implica no uso de água (para repetidas lavagens) e também
o consumo de energia.

A tecnologia a frio CPB (Cold Pad Batch) é um método que permite


o tingimento reativo utilizando menos recursos. Nesse sentido, é percebido
como um processo menos agressivo ao meio ambiente e, portanto, um processo
ecológico e sustentável. Além disso, o nível de reprodução de cor e tonalidade é
alto e reduz os custos tornando o processo mais econômico.

3.3 CORANTES NATURAIS E SINTÉTICOS


Os corantes podem ser classificados entre naturais e sintéticos. Os
corantes naturais estão sendo melhor explorados tecnicamente, em função da
preocupação crescente com a sustentabilidade. No entanto, os corantes naturais
têm sido alvo de críticas. Existe uma dificuldade na padronização das cores, ou
seja, dificilmente consegue-se a mesma tonalidade de cor para uma produção em
grande escala. Além disso, a estabilidade da cor a longo prazo também é uma
preocupação frequente. Este tipo de corante precisa de muito cuidado, pois reage
de formas diferentes às misturas alcalinas, ácidos e sais metálicos, produzindo
diferentes nuances.

A reflexão acerca da usabilidade dos corantes naturais permeia, sobretudo,


questões subjetivas, intrínsecas aos valores ambientais de sustentabilidade,
e, neste sentido, são melhores aceitos. De modo geral, os corantes naturais
são frequentemente empregados em produções que não exijam repetição de
tonalidades. Eles são normalmente utilizados em produtos que visam minimizar
os riscos ambientais e são defendidos por correntes de pensamento como o slow
movement, que visa resistir aos padrões industriais (FLETCHER; GROSE, 2011).

Quanto aos corantes sintéticos (químicos), eles possuem características


e usabilidades que suprem as necessidades industriais. Podemos elencar como
principais características a estabilidade de cor, uniformidade e facilidade em
obter a mesma tonalidade em larga escala produtiva. São requisitos essenciais
para tingimento industrial, quando é necessário replicar tons indefinidamente.

Os corantes químicos começaram a surgir no fim no século XIV, quando


um estudante inglês do curso de química acabou obtendo, em meio a seus
experimentos, um corante de cor púrpura, chamado malveína. Patenteou a
descoberta em agosto de 1856 (PEZZOLO, 2013).

Os corantes sintéticos, ao contrário do que se imagina, tomaram o mercado


a partir de um pensamento sustentável, com a intenção de frear desmatamentos e
da preocupação com diminuição dos recursos naturais em corantes.

80
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

Com o tempo, foi ganhando mercado tintureiro, seus processos foram


sendo otimizados e padronizados para uma infinidade de materiais. Diferente do
corante vegetal que necessitava de vários processos até chegar na cor desejada.

Com o passar do tempo, os sintéticos tomaram conta do mercado têxtil,


sobrando, para o corante natural vegetal, os trabalhos artesanais que permitem
resgatar as tonalidades utilizadas em tempos remotos (PEZZOLO, 2013).

3.4 MORDENTES
Os mordentes são substâncias que fixam as cores, funcionam como uma
interface entre as fibras e o corante. Sua utilização possibilita a duração da cor
por mais tempo, garantindo certa resistência às lavagens. Na Idade Média (476
a 1453) os tintureiros já utilizavam o alúmen como fixador de tintas (PEZZOLO,
2013). Listamos alguns tipos de mordentes, no Quadro 1:

QUADRO 1 – MORDENTES E ESPECIFICIDADES

Mordente Especificidade

Alume de potássio Também chamado de pedra hume, mineral extraído da alunita.


Indicado para fibras vegetais; bastante usado como pré-
Tanino
mordente; para tons de marrom e verde musgo.
Decoada (cinzas de Solução alcalina, rica em soda cáustica e potássio (dependendo
madeiras) da matéria vegetal usada).
Usado para fibras proteicas, amacia a lã, em certas tradições é
Creme de tártaro usado junto ao tingimento com a Rúbia tinctorium para avivar a
cor, e com a Cochonilia muda o tom de fúcsia para vermelho.
Refinado da bauxita e do ácido acético, atua como agente
Acetato de alumínio
purificador recomendado para fibras vegetais.
Mordente proteico muito usado em algumas culturas, como
Leite de soja no Japão; outras soluções proteicas podem ser feitas a partir de
leites animais ou vegetais e do ovo.
Vinagre Usado para dar brilho a cor; para os tons rosa e violeta.
Acetato de ferro Escurece as cores e muda as tonalidades.

FONTE: Adaptado de <http://napureza.com/mordentes/>. Acesso em: 1° abr. 2021.

“A maioria dos mordentes provém de minerais, como o estanho, o cromo,


o sulfato de alumínio (alume de potássio). Destacamos que o uso de mordentes
naturais é possível, que podem ser obtidos da lama, juncos, fungos, cascas de
frutas e urina” (UDALE, 2015, p. 65). Destacamos o uso de mistura de sal e
vinagre, ou até ferrugem (de ferro), como fixador natural.

81
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

NTE
INTERESSA

A panela de ferro também é utilizada como mordente e, por vezes, podem


ser deixados pregos molhados ao tempo para utilizar a ferrugem posteriormente. Conheça
mais sobre mordentes no link: http://napureza.com/mordentes/.

3.5 PROCESSOS DE TINGIMENTO: CORANTES DIRETOS,


CORANTES A MORDENTE, CORANTES DE CUBA, CORANTES
A COBRE, CORANTES ÁCIDOS E CORANTES NA MASSA
O processo de tingimento é delicado e complexo. Antes de utilizar corantes
naturais vegetais, é necessário obter o extrato e limpar suas impurezas. Esse
processo exige etapas de maceração, ebulição e fermentação, feitas sob acidez e
temperatura controladas (PEZZOLO, 2013).

Quanto aos tipos de corantes para tingimento temos os:

• Corantes diretos: podem tingir sem uso de químicos (exemplo: casca de noz).
• Corantes a mordente: são aqueles que necessitam de mordente para uma
fixação de cor.
• Corantes de cuba: neste processo, o têxtil é banhado em derivado (incolor) do
corante e exposto ao ar para que surja a cor a partir da oxidação.
• Corantes a cobre: o têxtil é banhado em sulfato de cobre, resultando em tintura
resistente à luz e lavagens.
• Corantes ácidos: neste processo, a lã e a seda são tingidas num banho ácido.
• Corantes na massa: utilizado em fibras químicas, neste processo, a tintura é
adicionada à massa (matéria prima) antes de ser transformada em fio.

NOTA

A cor é um dos aspectos mais vitais e visualmente estimulantes da moda


[...] para obter a cor em um tecido ou peça de vestuário sem uso de corantes, é preciso
pesquisar explorações criativas; no longo prazo, usar fibras naturalmente coloridas contribui
muito mais para a sustentabilidade do que escolher corantes de baixo impacto (FLETCHER;
GROSE, 2011, p. 40).

82
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

4 ESTAMPAGEM
Sabe-se que as técnicas de estamparia tiveram início na Índia e na
Indonésia, surgindo próximo aos tingimentos. Foi a introdução da estamparia
sobre o tecido que impulsionou a arte. Sabe-se que no Egito, os egípcios, em
meio a guerra de 1480 a 1448 a.C., viram os tecidos estampados pelos asiáticos e
passaram a usar e praticar o processo. As técnicas utilizadas foram aprimoradas
e documentadas em rolos de papiro datados do século III, inclusive mencionando
corantes e demonstrando alto conhecimento químico. Nos séculos V e VI a.C.,
os egípcios já dominavam as técnicas de estampa utilizando ácidos e corantes
naturais (PEZZOLO, 2013).

No campo criativo, ressaltamos que “mesmo no início do século XX,


as artes e fatos históricos serviram de ilustração para panos de diversos tipos,
registrando dessa forma épocas, costumes e correntes artísticas” (CHATAIGNIER,
2006, p. 82).

Deste modo, podemos concluir que a estampa pode conter, na sua criação
aspectos inerentes ao de design, moda, arte e tecnologia, além de ser carregada
de história.

4.1 TIPOS DE ESTAMPARIA


Atualmente, em escala industrial, podemos pontuar alguns tipos de
estamparia mais utilizadas e, portanto, mais difundidos ou conhecidos. Com suas
origens nos primórdios da história da estamparia, foram evoluindo conforme
o avanço e surgimento de novas tecnologias, são elas: estamparia digital,
sublimação, serigrafia e transfer (termoimpressão).

Podemos ressaltar que diversos tipos de estamparias utilizados desde a


antiguidade não caíram no esquecimento, sendo que seu principal uso é nas artes e
artesanatos, bem como em escolas, para compreensão lógica do processo.

4.2 MÉTODOS DE ESTAMPARIA


As estampas precisam de métodos para aplicação. Esses métodos
vêm evoluindo tanto em questão de manipulação química quanto de uso de
equipamentos mais sofisticados, ao passo que novas tecnologias surgem. Vejamos, a
seguir, algumas maneiras de produzir estampas para melhor compreensão, essas
técnicas estão inseridas num breve contexto histórico de origem e uso.

Batik: o nome batik vem da palavra batikken, que quer dizer “desenho
ou pintura com cera”. É um método artesanal muitas vezes associado à tinta
aplicada com a mão e a detalhes estampados com auxílio de pranchas de
madeira gravadas em relevo, usadas como carimbo.

83
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 1 – BATIK

FONTE: <http://www.gastrovia.com.br/upload/arquivos/13-Abril/Batik.jpg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Bloco de madeira: o registro desta técnica é do século V, consiste em


utilizar uma prancha ou bloco de madeira dura esculpida em relevo. Quando o
bloco é colocado sobre tinta, somente o relevo é molhado. Para grandes estampas é
dividido em blocos para não ficar muito pesado.

84
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

FIGURA 2 – BLOCO DE MADEIRA

FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/29/b1/6d/29b16d2c6563ca7ec0fc809ffcbfaf3a.jpg>.
Acesso em: 1° abr. 2021.

Rolo de madeira: criado para substituir o bloco de madeira, no século


XVIII, o motivo era transferido para uma superfície cilíndrica. Começa o processo
de mecanização em estampas.

ATENCAO

Hoje é possível encontrar rolos estampados adaptados a diversas aplicações,


por exemplo, para ensino de estamparia para crianças ou mesmo para utilizar na cozinha
em massas decoradas.

85
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 3 – ESTAMPA ROLO DE MADEIRA

FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/c9/98/fc/c998fccc8a3663b4ee3f361481265fb6.jpg>.
Acesso em: 1° abr. 2021.

Cilindro: tipo de estampagem por rolo de cobre esculpido em baixo-


relevo, teve seu pedido de patente em 1783, por Thomas Bell. Método rápido e
eficaz, que permitia simplicidade nos ajustes e nitidez nos desenhos. Este método
foi aprimorado em 1797, permitindo imprimir 25 vezes mais do que o método por
blocos. Esta técnica é conhecida também, por estampagem roule-aux.

Cilindro rotativo: também chamado de quadro rotativo, foi criado em


1962, é um processo que combina as técnicas a rolo e a quadro. Utiliza-se uma tela
cilíndrica de inox que imprime na superfície de um tecido estendido sobre uma
esteira rolante. O processo é auxiliado por computador que transmite informações
às máquinas e elas, por sua vez, alimentam os cilindros com jatos de tinta, num
processo ágil.

86
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

FIGURA 4 – CILINDRO ROTATIVO

FONTE: <http://wikimapia.org/4032119/pt/Lancaster-Tinturaria-Estamparia-Tingimento-Moda-
Fashion-Blumenau>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Quadros: utilizado no Oriente, desde o século VIII, no setor têxtil.


Também foi usado em obras litúrgicas e para colorir imagens populares (séculos
XVII e XVIII). No século XX, passou a ser usado em serigrafia, destacando-se
na publicidade na elaboração de cartazes e embalagens. Trata-se de um quadro
posicionado em cima de um tecido bem esticado (preso por uma moldura).
Espalha-se a cor com uma espátula ou rodo. Este processo foi automatizado em
1950, e é feito pelo processo chamado fotogravura.

FIGURA 5 – TINGIMENTO/ESTAMPA QUADROS

FONTE: Pezzolo (2013, p. 192)

87
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

Termoimpressão/transfer: surgiu na França, em 1980. O processo exige


alta temperatura. Coloca-se um papel impresso sobre o tecido, e estes passam
por cilindros quentes de uma calandra, transferindo a impressão do papel para
o tecido.

FIGURA 6 – TRANSFER

FONTE: Pezzolo (2013, p. 193)

Jato de tinta: é um processo de impressão da atualidade, comandado por


ferramentas de informática, colore fibras em profundidade lançando, em alta
velocidade, o material colorante. Utiliza-se largamente em têxteis para decoração
de interiores (cortinas, colchas, lençóis etc.).

88
TÓPICO 1 — BENEFICIAMENTOS

FIGURA 7 – ESTAMPARIA JATO DE TINTA

FONTE: <https://digital.feirafutureprint.com.br/sites/feirafutureprint.com/files/styles/article_
featured_retina/public/jato%20de%20tinta%20txtil.jpg?itok=H51-_6cd>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Conforme podemos encontrar nas palavras de Chataignier (2006, p. 82),


“Há quem considere a estamparia como uma arte, até porque as tendências
de moda muitas vezes apropriam-se de estilos, motivos e desenhos das artes
plásticas”.

DICAS

Veja mais sobre estamparia nos endereços a seguir:

• https://crioteka.com.br/2018/04/24/sua-estampa-no-estilo-d-i-y-com-a-lineogravura/.
• https://teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100133/tde-08112016-135837/publico/
AnexoIII_Manual.pdf.
• https://www.colecao.moda/4-tecnicas-de-estamparia/.

89
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os beneficiamentos são processos pra mudanças físicas e estruturais que


podem ser aplicados desde as fibras têxteis até o produto final, tecido. E eles
são classificados em três etapas: primários, secundários e terciários.

• Os tingimentos possuem um longo percurso histórico, com registros desde


2.600 a.C., e, desde então, vêm se desenvolvendo com o auxílio da tecnologia,
sendo aplicados, principalmente, em escala industrial.

• Os corantes são utilizados tanto em tingimentos quanto em estamparias, e são


amplamente utilizados nas artes e artesanatos que procuram resgatar as técnicas
antigas de tingimento. No entanto, sua principal aplicação é na indústria para
produção em larga escala. Vimos que eles podem ser classificados conforme
sua origem e vimos, ainda, alguns tipos de corantes. Além disso, vimos sobre
o mordente, essencial para maior fixação e durabilidade de cor.

• As estampas foram surgindo concomitante ao tingimento.

90
AUTOATIVIDADE

1 Na cadeia produtiva da indústria têxtil, é possível adicionar processos


que permitem alterar a cor, a maleabilidade e a espessura, entre muitos
outros aspectos de um têxtil. Estes processos acontecem em todas as
etapas produtivas e podemos chamá-los de beneficiamentos. Sobre os
beneficiamentos, é CORRETO afirmar:

( ) Acontecem durante todo o processo produtivo, desde o tratamento das


fibras até o produto final (tecido).
( ) Esses processos chamam-se manufatura, pois são feitos pelas mãos dos
trabalhadores industriais.
( ) É uma série de etapas ou aplicações que visam melhorar as características,
as propriedades de um tecido, de um fio, ou mesmo de uma fibra.
( ) Essas etapas são classificadas de acordo com seu estágio, são elas: os
beneficiamentos primários, secundários e terciários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) F – V – V – F.

2 Para uma melhor fixação de cor nos tecidos utiliza-se um produto chamado
mordente, cuja função é promover uma espécie de interface entre as fibras
e o corante. A utilização também possibilita a duração da cor mais tempo
garantindo certa resistência às lavagens. Alguns mordentes podem ser feitos
de modo artesanal como, por exemplo, a utilização de mistura de vinagre e
sal. Sobre os mordentes, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Decoada.
II- Alúmen.
III- Acetato de ferro.

( ) É um mineral extraído da alunita.


( ) É um refinado da bauxita e do ácido acético, atua como agente purificador;
recomendado para fibras vegetais.
( ) É uma solução alcalina, rica em soda cáustica e potássio (dependendo da
matéria vegetal usada).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – III – II.
b) ( ) II – III – I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.

91
3 Para obtermos diferentes produtos têxteis podemos utilizar de técnicas ou
processos que nos permitam variações. Vimos que os beneficiamentos são
uma série de etapas ou aplicações que visam melhorar as características,
as propriedades de um tecido, de um fio, ou mesmo de uma fibra. Os
beneficiamentos recebem uma classificação de acordo com as etapas, bem
como seu estágio dentro da produção têxtil. Desse modo, os beneficiamentos
classificam-se em primários, secundários e terciários. Sobre as classificações,
podemos afirmar:

I- Os beneficiamentos secundários abrangem os processos de tinturaria


e estampagem. Cada um desses beneficiamentos tem seus próprios
subprocessos,
II- Os beneficiamentos terciários abrangem todos os beneficiamentos
primários e secundários formando, assim, um modo moderno de
beneficiar.
III- Os beneficiamentos primários compreendem desde a limpeza das fibras
até a etapa que antecede o tingimento, isto depende de cada caso.
IV- Os beneficiamentos recebem uma classificação de acordo com o que
precisa ser feito e não de acordo com o seu estágio produtivo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa V está correta.

4 Os registros mais antigos de utilização de corantes foram obtidos na China,


em 2.600 a.C., as principais cores obtidas no processo de tinturaria na
Idade Média (476 a 1453) eram a garança (vermelho), pastel (tons de azul)
e gauda (verde amarelado). As novidades em corantes chagavam à medida
que o comércio de desenvolvia e, em razão disso, as possibilidades em
tonalidades foram aumentando exponencialmente. Diante disso, disserte
sobre a evolução das tonalidades.

5 Sobre as estampas, sabe-se que as técnicas tiveram início na Índia e na


Indonésia, surgindo próximo aos tingimentos. Com a disseminação do
uso de tecidos tingidos, os conhecimentos acerca das tinturas e processos
químicos cresceram durante a segunda metade do século XVII. Nessa
época, as descobertas de novas cores e tonalidades eram fundamentais para
competir no mercado de tinturaria e de estamparia. Discorra sobre o papel
dos Franceses nesse contexto.

92
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, os tecidos possuem diversas aplicações, são elementos
essenciais no campo da moda e podem ser utilizados para design de interiores,
artes, artesanatos e tantos outros fins. Eles, os têxteis, podem ser escolhidos de
várias formas, normalmente de acordo com suas funcionalidades e desempenhos.
Os tecidos de desempenho também são chamados de têxteis técnicos ou, ainda,
tecidos inteligentes. Acabamentos e tratamentos podem ser aplicados em
qualquer estágio da produção (na fibra, no fio, no tecido ou no produto final).
Deste modo, é possível destacar ou alterar as qualidades do material têxtil, podem
ser adicionadas características relacionadas à cor, à textura e ao desempenho. Por
exemplo, esses tecidos podem ser inteligentes a ponto de mudar de cor ou atuar
como interface de comunicação (UDALE, 2015).

Processos químicos e/ou mecânicos também podem tornar os tecidos


funcionais. Por exemplo, os tecidos podem ser à prova de fogo, impermeáveis,
antiestáticos, resistentes às traças, reduzir a penetração de raios UV (ultravioleta)
(UDALE, 2015). Já os tecidos especiais, são têxteis obtidos de processos que
misturam tecidos diferentes entre si ou aqueles resultantes de soluções de
polímeros de fibras aplicadas aos tecidos (RUBBO, 2015).

Dentre os tecidos especiais encontramos os laminados feitos a partir de


colagem de dois tecidos diferentes entre si ou pela aplicação de impermeabilizantes
químicos a um tecido qualquer num processo que unem dois têxteis com substância
adesiva; o malimo, produto obtido por meio da sobreposição de camadas de
urdume e camadas de trama, sem entrelaçamento, porém, a amarração é feita por
uma camada de pontos de malha; e os tecidos especiais filmes, que não possuem
estruturas têxteis e aproximam-se da estrutura de papéis. Produzidos a partir
de soluções de fibras têxteis, frequentemente provenientes do nylon e podem
aparecer isolados ou laminados com outro tecido (RUBBO, 2015).

Acadêmico, para entendermos a abrangência de aplicação dos têxteis,


veremos, no Subtópico 2, alguns exemplos de aplicações. Posteriormente,
estudaremos no Subtópico 3 os têxteis técnicos e tecnológicos, e também
conheceremos alguns tipos de desempenho e funções que, atualmente, estão
sendo empregados na área têxtil com sucesso e grande aceitação no mercado.

93
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

DICAS

Veja mais sobre tecidos especiais no endereço: https://audaces.com/


tecidos-especiais-classificacao-e-construcoes/#:~:text=Os%20Tecidos%20Especiais%20
recebem%20essa,de%20fibras%20aplicadas%20aos%20tecidos.

2 TECIDOS E EXEMPLOS DE APLICAÇÃO EM DIVERSAS ÁREAS


O uso de tecidos pode ser tão expressivo a ponto de representar a vida
e a cultura de um povo, como acontece na moda. No entanto, não é apenas em
vestimentas que os tecidos são aplicados. As artes os utilizam largamente em suas
representações artísticas e assim também é na decoração. Outra área que se vale
exponencialmente dos tecidos é a Engenharia, nesta, a aplicação pode acontecer
na construção civil, mas é na engenharia de materiais que encontramos maior
interesse. No Design de Interiores, a utilização de têxteis ganhou maior espaço,
visto a larga aplicação em decoração de interiores. Veremos, em sequência,
algumas áreas de aplicação dos têxteis praticados no mundo todo.

2.1 TECIDO NA DECORAÇÃO


Atualmente, os profissionais da área de decoração contam com uma
infinidade de tecidos, entre eles alguns tradicionais merecem destaque, como
o damasco, jacquard, veludo e voil. Os tecidos mais grossos são normalmente
aplicados em revestimentos de mobiliários: cabeceira, estofados e também na
decoração de parede.

A chita brasileira é um tecido utilizado em decoração de ambientes de


casa rústica, casa de praia e casebres. A aplicação de tecidos sintéticos aliados aos
acabamentos inovadores (acabamento antifungos, antialérgicos, antimanchas,
impermeabilizantes etc.) além de serem ótimas opções no quesito beleza, conferem
durabilidade, bem estar e segurança (PEZZOLO, 2013).

A tapeçaria pode ser apontada como item histórico na decoração.


Os tapetes e carpetes são itens que, desde tempos antigos, vêm decorando
ambientes. O tapete mais antigo, chamado Pazyrick, foi feito de lã e data de V
a.C., descoberto nas geleiras dos montes Altai, na Mongólia, entre 1925 e 1949,
durante escavações. Hoje, exposto no Museu Hermitage em São Petersburgo, na
Rússia (PEZZOLO, 2013).

94
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

2.2 TECIDO NA MODA


É sabido que, desde a Pré-História, os humanos já utilizavam de tecidos
para cobrir seu corpo. No período Paleolítico (1.000 a.C.), os povos já utilizavam,
inclusive, de agulhas para construir suas vestimentas. No entanto, o fundamental
intuito era proteger o corpo das intempéries e de algum malefício que pudesse
acontecer, nada tendo a ver com sentimento de pudor. Com o passar do tempo,
o homem foi sentindo novas necessidades e desejos como, por exemplo, mudar
a aparência, marcar a superioridade, distinguir hierarquia e posição social etc. E,
assim, os tecidos foram se tornando essenciais para os seres humanos de diversas
épocas e culturas (PEZZOLO, 2013).

No período medieval (476 a 1453), passou-se a ter um gosto mais apurado


para os tecidos e suas usabilidades são mais evidentes enquanto artigo de distinção
de classe e hierarquia. Os passos iniciais da moda são percebidos no final da Idade
Média, em meados do século XV, detalhes extravagantes começaram a ser utilizados
como manifestação cultural. Nessa época, os homens começaram a usar roupas
justas e curtas e as mulheres usavam vestidos longos, utilizados pela realeza, logo
tornou-se moda começando a ser utilizado pela corte (PEZZOLO, 2013).

A moda então passa a existir, e o vestuário fixou-se como um modo de


distinção, sempre explorado e modificado de acordo com o surgimento de novas
tecnologias em tecidos, ou corantes, estampas, modelagens etc. Em 1820, na França
e Inglaterra, começaram a produção industrial, na qual era possível produzir
peças de vestuário com menor custo. Em 1860, a mecanização impulsionou ainda
mais a produção com as máquinas de costura. No fim do século XIX, começa a
ser moda a utilização de seda artificial e, entre 1890 e 1920, a seda artificial surge
como substituta à seda natural, ganhando mercado. A seda é um dos tecidos mais
valorizados no mercado da moda, por seu toque e leveza. Em meio ao advento
da produção industrial, em 1857, surge a ideia de alta costura trazida por Charles
Frèdèric Worth, que inicialmente propunha a utilização de tecidos nobres na
fabricação de peças exclusivas (PEZZOLO, 2013).

Após a Primeira Guerra Mundial, ou seja, no pós-guerra, com a escassez


de material, surgiu a necessidade de mudança de hábitos de consumo, o que
impulsionou mudanças no campo da moda. Por volta de 1920, Coco Chanel foi
um marco na adaptação e criatividade, considerando o novo contexto, propondo
um guarda-roupas simplificado, com peças chaves como os tailleurs e o pretinho
para a noite.

O surgimento do nylon, em 1935, foi um marco, pois era possível produzir


roupas que não amassavam. Em 1949, surge o prêt-à-porter (pronto para vestir),
por Robert Weill e Jean Claude (pai e filho, respectivamente), que tratavam de
produzir roupas industrialmente, e acessíveis a todos. Com as inovações, novas
coleções passaram a ser lançadas a cada estação, incentivando concorrência
internacional entre Inglaterra, Itália, Estados Unidos e Japão (PEZZOLO, 2013).

95
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

Os tecidos, durante todo esse percurso, foram impulsionadores das


mudanças na moda e ainda são. Grandes estilistas, assim como Coco Chanel,
impulsionaram a moda no pós-guerra, especialmente no prêt-à-porter, criando
peças adaptáveis à diversos corpos que até hoje são lembradas, a exemplo do
vestido tubinho.

FIGURA 8 – VESTIDO TUBINHO DE YVES SAINT LAURENT

FONTE: <https://wp-cdn.etiquetaunica.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/04/26230706/
vestidos-com-listras-de-ysl-261119-696x522.jpg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

DICAS

Leia mais sobre a história e popularização do prêt-à-porter a partir de criações


e impulsos de grandes estilistas, em: https://www.etiquetaunica.com.br/blog/pret-a-porter-
significado-e-historia/.

A todo o momento surgem novas pesquisas científicas, novos


experimentos, novas aplicações. Essas evoluções perpassam a ideia de distinção
e hoje os tecidos, assim como a moda num contexto geral, assumem grandes
propósitos como, por exemplo, zelar pela saúde do corpo por meio da utilização
de recursos tecnológicos.
96
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

2.3 TECIDO NA ARTE


Nas artes, é recorrente o uso dos tecidos para receberem as pinturas dos
artistas, entre os têxteis, para bases, estão a juta, o linho, cânhamo e algodão.

“Se os tecidos guardam em sua história informações tão preciosas sobre


suas origens, sua evolução, seu comércio, seu uso e os costumes dos mais diversos
povos, qual maneira seria a mais apropriada, a mais bela, para documentar sua
passagem pelos séculos do que por meio da arte?” (PEZZOLO, 2013, p. 285).

A imagem ilustra o momento captado das atividades das engomadeiras,


registrado por Edgar Degas (Figura 9). A pintura está exposta no museu Orsay
em Paris.

FIGURA 9 – QUADRO ARTÍSTICO: AS ENGOMADEIRAS (1884)

FONTE: <https://lh6.googleusercontent.com/-FuNpOy-XJQ8/TYZXkAInF1I/AAAAAAAAAII/
KFVe6meIVbc/s400/Repasseuses+Degas.jpg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Uma obra de arte transmite a visão e pensamento do artista, no entanto,


“a produção artística, incluindo neste contexto os designs em tecidos das
vanguardas, tratados como arte e como design, só pode ser adequadamente
compreendida dentro de uma perspectiva sociológica” (SOUZA, 2019, p. 119).
As representações artísticas eram muito usadas, e ainda o são, como um modo
de expressão. Desse modo, é importante estar inteirado do contexto histórico ao
fazer a observação da arte.

97
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

E
IMPORTANT

O trabalho com fibras, as quais podem tornar-se tecidos, compõe


especialidades artísticas, sobretudo valorizada por algumas culturas e épocas históricas.
Geralmente empregados na fabricação de indumentárias para grandes acontecimentos
civis ou religiosos, constituem, com seus procedimentos de fabricação, materiais (sedas,
fios de ouro ou prata, entre outros), decoração e desenhos dos trajes, um objeto de estudo
do historiador de arte.

FONTE: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/tecnicas-artisticas-a-arte-textil/>.
Acesso em: 5 maio 2021.

2.4 TECIDO NAS ENGENHARIAS


Na Engenharia de Materiais é possível investigar a criação de novos
produtos, visto que este campo trabalha especificamente a composição de
materiais estudando a parte física estrutural e avaliando o desempenho dos
mesmos para a construção de novos produtos. A elaboração de compósitos é,
atualmente, um campo explorado para a aplicação de têxteis (de fibras a tecidos),
que funcionam como reforço na maioria das vezes, no entanto, podem agregar
propriedades ou mesmo modificar.

Nesse sentido, as características das fibras ou dos tecidos devem ser


avaliadas minuciosamente a fim de obter dados específicos, principalmente
em relação a sua estrutura física e desempenho mecânico. Esses dados são
conseguidos a partir de ensaios, testes e análises.

Indiscutivelmente e obviamente, a Engenharia Têxtil é, disparada, a que


mais explora o segmento de tecidos, visto que trabalha exclusivamente produzindo
pesquisas, experimentos e inovações e colocando em prática todo o contexto de
produção de têxteis com sua infinidade de alternativas e possibilidades criativas.

UNI

Leia mais sobre os tecidos na área de engenharia de materiais:


https://engenheirodemateriais.com.br/2016/01/20/engenheirando-a-industria-textil/.

98
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

3 TÊXTEIS TÉCNICOS E TECNOLÓGICOS


Conforme vimos na introdução, os também chamados de têxteis técnicos
ou tecidos inteligentes desempenham alguma função específica (tecidos de
desempenho), com uso de tecnologias avançadas (e por isso tecnológicos).
Função esta que convém ser explorada em um produto.

Destacamos algumas áreas que aderiram aos têxteis: Agrotech:


agricultura, horticultura e pescas; Buildtech: construção e obras públicas;
Clothtech: componentes funcionais para calçado e vestuário; Geotech: geotêxteis
e Engenharia Civil; Hometech: componentes de mobiliário e coberturas de chão;
Indutech: filtração e outros produtos para a indústria; Medtech: cuidados de
saúde e higiene; Mobiltech: construção de veículos de transporte; Oekotec:
proteção do meio ambiente; Packtech: embalagem e armazenagem; Protech:
proteção pessoal; Sportech: desporto e lazer (NEVES, 2016). Conforme a ABINT
(Associação Brasileira das Indústrias de Não tecidos e Tecidos técnicos), os têxteis
técnicos podem ser obtidos de várias formas, estas estão descritas no Quadro 2:

QUADRO 2 – FORMAS DE FABRICAÇÃO DOS TÊXTEIS TÉCNICOS

FONTE: Pereira (2005, p. 7)

99
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

A partir disso, demostraremos aqui um panorama de aplicação que, no


entanto, ainda não é completo, pois esses têxteis possuem vastas possibilidades
de aplicação que podem ser exploradas e evoluídas todo o tempo.

3.1 TÊXTEIS E A BIOTECNOLOGIA


A Biotecnologia é uma área da ciência pela qual estuda-se o uso de
seres vivos em processos de elaboração de produtos (ARÊAS, 2016). Segundo
a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, a “Biotecnologia define-se
pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades
dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade”
(ARÊAS, 2016, p. 13). A Biotecnologia pode ser entendida, ainda, como um
campo interdisciplinar que envolve áreas de conhecimento bem definidas, como
a Bioquímica, a Biomedicina, a Química, a Biologia, a Engenharia e, ultimamente,
Direito, Administração e Economia.

Para a EFB (European Federation of Biotechnology) (1988), a biotecnologia é


definida como: o uso integrado da bioquímica, da microbiologia e da engenharia na
aplicação de microrganismos, células cultivadas (animais ou vegetais) ou parte delas
na indústria, na saúde e nos processos relativos ao meio ambiente, na área têxtil
vários movimentos científicos estão acontecendo em escala biotecnológica.

Na área têxtil, temos os biotecidos, materiais feitos a partir de um


composto de natureza orgânica. Conectados com a sustentabilidade, carregam
na sua essência esse viés. Eles podem ser oriundos da própria natureza (caules,
folhas etc.) e, também, a partir de reciclados como o próprio PET (Polietileno
Tereftalato) e sobras residuais de tecidos.

Destacamos o processo enzimático, um procedimento comum na área


têxtil, enzimas são produzidas a partir de processos fermentativos de produção
microbiana. Os tecidos geralmente de algodão passam por um processo chamado
biopreparação, para remover as impurezas, também conhecido por purga
enzimática. É considerado um modo ecológico que funciona como um substituto
em relação a produtos e/ou processos químicos.

Exemplificaremos com alguns cases especiais de criação de tecidos:

O Biosteel (aço biológico) se origina das teias de aranha, vem sendo


testado em aplicação de uniformes para o exército dos Estados Unidos e também
para aplicação em aeronaves e veículos de combate (PEZZOLO, 2013).

A criação de biotecido tem se destacado no mercado, surgindo como


alternativa sustentável às fibras vegetais, animais ou sintéticas. No Brasil, a
startup Biotecam utiliza uma bactéria do gênero  Acetobacter  encontrada no

100
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

vinagre. Os engenheiros produzem um filme de celulose que ganha o aspecto de


couro e transforma-se em roupas e acessórios. Chamado de biotecido Texticel,
está sendo direcionado, a princípio, para consumidores que se preocupam com
questões ambientais.

FIGURA 10 – TÊXTIL BIOTECNOLÓGICO, PRODUZIDO A PARTIR DE TIPO DE BACTÉRIA DO


GÊNERO ACETOBACTER ENCONTRADA NO VINAGRE

FONTE: <https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2020/05/078_biotecidos_291.jpg>.
Acesso em: 28 de nov. de 2020.

NTE
INTERESSA

Essa inovação em biotecnologia foi produzida pela startup Biotecam,


incubada no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

101
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

DICAS

Conheça mais sobre biotecnologia na moda, em: https://profissaobiotec.com.


br/biotecnologia-na-moda-tecidos-partir-de-micro-organismos/.

3.2 TÊXTEIS E A NANOTECNOLOGIA


A nanotecnologia pode conferir ou potencializar características
estruturais de um tecido, a área têxtil tem tecnologias avançadas nesse
aspecto. “A nanotecnologia trabalha em nível molecular para criar tecidos
extremamente inteligentes e sofisticados, que podem ser utilizados na confecção
de roupas para mudar sua cor, sua estrutura ou até mesmo seu tamanho. Hoje
a nanotecnologia produz acabamentos para tecidos” (UDALE, 2015, p. 58). No
caso de beneficiamentos têxteis, é possível aplicar nanopartículas para conferir
modificações tecnológicas em escala manométricas. “A utilização de partículas
muito pequenas, as nanopartículas – da ordem de 10-7 m a 10-9 m – é um recurso
empregado para solucionar problemas e agregar valores aos artigos têxteis”
(COSTA, 2012, FERREIRA et al., 2014 apud GOMES; COSTA; MOHALLEM, 2016,
p. 292). Complementando a questão dos estágios, nos quais podem ser aplicados
os tratamentos, temos que “as nanopartículas podem ser aplicadas desde a
fabricação das fibras, quando se trata de fibras químicas, até nos acabamentos,
com grande abrangência” (SÁNCHEZ, 2006 apud GOMES; COSTA; MOHALLEM,
2016, p. 292).

Podemos exemplificar como tecidos nanotecnológicos, aqueles que


possuem a capacidade de regular a temperatura do corpo, ou mesmo que mudam
de cor conforme o ambiente. Esse é o caso do tecido da Biosteel, pensado para o
exército dos Estados Unidos, já mencionado no Subtópico 3.1.

A criação da Biosteel, a partir de teias de aranha, é também utilizado pela


famosa marca de tênis, adidas.

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TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

FIGURA 11 – TÊNIS FABRICADO A PARTIR DE TECIDO DA BIOSTEEL

FONTE: <https://img.olhardigital.com.br/uploads/acervo_imagens/2016/11/20161118152441.jpg>
Acesso em: 26 de nov. de 2020.

A empresa focou em produzir tênis mais leves e biodegradáveis. A criação


contou com a parceria da empresa alemã AMSilk, que desenvolveu o material.
Na sequência, veremos mais sobre tecidos agregados com tecnologias.

3.3 TÊXTEIS E ANTIBACTÉRIAS


Os têxteis antibactérias são encontrados em dois formatos: bactericidas e
bacteriostáticos.

Os bactericidas possuem propriedades que eliminam ou reduzem a


colônia de bactérias. Já os bacteriostáticos são aqueles que evitam o crescimento
das bactérias causadoras de odores. Os tecidos bacteriostáticos receberam uma
atenção especial em 1999, quando a Rhodia Poliamida lançou o Amni Biotec, o
primeiro fio bacteriostático, cuja função (eliminar ou reduzir colônias de bactéria)
se manteria durante toda sua vida útil, diferente dos primeiros achados, nos quais
as propriedades desapareciam conforme os tecidos eram lavados. Esses tecidos,
normalmente, vêm sendo utilizados para práticas esportivas, roupas íntimas e
meias (PEZZOLO, 2013).

Além disso, os tecidos antibactérias têm grande potencial para aplicações


na área da medicina. Por exemplo, na criação de tecidos antivírus.

103
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

NTE
INTERESSA

Existem iniciativas de desenvolvimento de tecidos antibacterianos e antivirais


cujos efeitos são por duração limitada. Veja um case no endereço: https://www.economiasc.
com/2020/06/02/empresa-desenvolve-tecido-com-efeito-antiviral-e-antibacteriano-
durante-20-lavagens/.

3.4 TÊXTEIS COM PROTEÇÃO SOLAR


Tecidos com proteção solar têm sido um nicho interessante com boas
perspectivas de mercado. Isso devido às preocupações com o aumento gradativo
das temperaturas e com a perda de camada de ozônio, assuntos frequentemente
discutidos em debates ambientais e de sustentabilidade.

Desse modo, as pesquisas de desenvolvimentos de têxteis abarcam a


problemática e inovam em possibilidades de proteção que podem ser feitas pelo
tecido. Algumas formas de aplicação desta proteção são mais simples do que
outras, por exemplo, utilizar de uma trama mais fechada na fabricação do tecido,
evitando a passagem dos raios UV ou mesmo a utilização de cores mais claras
que absorvem menos o calor do Sol. Tecnologias mais avançadas são aplicadas,
como a aplicação de agentes protetores aos raios UVA e UVB no DNA dos fios
(PEZZOLO, 2013).

FIGURA 12 – PEÇA DE ROUPA/ETIQUETA DE ROUPA COM DESCRIÇÃO DE PROTEÇÃO UV E


BACTERIOSTÁTICA

FONTE: <http://www.stigli.com.br/camisa-infantil-feminina-kanxa-protecao-solar-uv50-
pr-2559-390900.htm>. Acesso em 27 de nov. de 2020.

104
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

Encontramos uma vasta aplicação de proteção solar em roupas infantis,


entre outros segmentos. Crianças se expõem ao Sol de forma excessiva, o que
aumenta o risco de câncer de pele na idade adulta. Dentre dados científicos e
médicos, podemos destacar que, 25% a 50% de toda radiação solar que recebemos
durante toda a vida ocorre nos primeiros 18 anos de idade (BAU, 2016).

Como as crianças realizam muitas atividades ao ar livre, ficam mais


expostas aos raios UV. Raios UVB causam queimadura e vermelhidão enquanto
raios UVA geram fotoenvelhecimento e são acumulados durante toda a vida,
podendo desencadear o câncer de pele. Além disso, a questão da pele de uma
criança ser mais fina e sensível, a torna mais vulnerável frente às exposições solares.

3.5 TECIDOS VIVOS


Para entendermos os tecidos vivos, precisamos entender o que são
os tecidos inteligentes, aos quais estão intrinsecamente ligados. Um tecido
inteligente é aquele que tem a capacidade de reagir mediante estímulos ou a
variação deles, por exemplo, com determinada quantidade de luz, alterar sua cor,
ou quando detecta suor, trabalha para eliminar o odor, e assim por diante. Existe
certa interação inteligente com o corpo humano. Se conectado a dispositivos
tecnológicos é possível que o tecido transfira sinais que podem ser interpretados
por softwares específicos.

Podemos pegar como exemplo o tecido térmico desenvolvido com base


nas pesquisas da NASA com microcápsulas de parafina. Quando aumenta
a temperatura do corpo a parafina liquidifica e armazena o calor excessivo, e
quando a temperatura diminui, ela solidifica e libera calor. Esse é um exemplo
simples de interação do tecido com o corpo humano. Outro exemplo, o tecido com
memória, usado por Miéle, no Brasil, contendo aço inoxidável na trama, é capaz
de reconhecer a última forma dada a roupa e retornar ao seu estado original, ou
seja, memoriza a forma do corpo.

Os tecidos vivos estão inseridos na classe dos tecnológicos e são


nomeados assim por sua grande interação com humanos e máquinas. Exemplo
disso é o tecido ElekTex® da Eleksen, o qual foi desenvolvido para a área de filmes
de animação.

As roupas detectam os movimentos permitindo convertê-los,


imediatamente, em animações. Com camadas de 1 mm de espessura, conecta-se
a um software. Tecido lavável, resistente, macio e flexível. Muda de forma, cor e
transmite sinais. Considerado mais do que inteligente, um tecido vivo.

Sem demora, empresas começaram a adaptar esse tecido em seus


produtos. A marca Zegna Sports, por exemplo, aderiu ao tecido aplicando em
jaqueta cujo usuário poderia usufruir do luxo da jaqueta esportiva e, além disso,
ouvir um excelente som com fones de ouvido que podem ser conectados à jaqueta
(PEZZOLO, 2013).

105
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 13 – JAQUETA DA GRIFE HERENEGILDO ZEGNA (ZEGNA SPORTS)

FONTE: <https://ib.canaltech.com.br/242510.jpeg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Outras marcas se valeram desta tecnologia e, deste modo, o uso foi se


expandindo. Podemos ainda citar a marca Belkin SportCommand do segmento
esporte. E, também, a CuteCircuit com a iMiniSkirt®, cuja peça é uma minissaia
plissada com têxteis inteligentes e microeletrônica que projeta animações digitais,
semelhante ao case da ElekTex®.

3.6 OS NÃO TECIDOS: FELTRO, TNT


Os não tecidos são têxteis cuja forma de construção se dá pela técnica de
feltragem. Não são tramados como os tecidos ou as malhas tradicionais. Conforme
a ABINT (2001, p. 5, grifo do original), sob a norma NBR-13370:

não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de


véu ou manta de fibras ou filamentos, orientados direcionalmente ou
ao acaso, consolidados por processo mecânico (fricção) e/ou químico
(adesão) e/ou térmico (coesão) e combinações destes. O não tecido
também é conhecido como nonwoven (inglês), notejido (espanhol),
tessuto nontessuto (italiano), nontissé (francês) e vliesstoffe (alemão).
Algumas definições mais rígidas, que fogem ao escopo desse
documento, para diferenciar não tecidos de alguns tipos de papéis,
estabelecem porcentagens de fibras vegetais muito curtas em relação
à massa total.

A feltragem é feita por uma prensagem das fibras. O seu uso permeia
a moda, decoração, design de interiores, artesanatos, com destaque para
a chapelaria. Na antiguidade, os feltros foram descobertos e usados como
substituto ao couro animal, para proteção do corpo. Escavações arqueológicas e

106
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

textos antigos confirmam que o uso de não tecidos são precursores dos tecidos,
ou seja, seu uso é mais antigo. A técnica de feltragem, por exemplo, foi difundida
a partir dos povos nômades da Ásia central que, inicialmente, domesticaram o
carneiro. A partir daí, seu uso se espalhou alcançando países eslavos, germânicos
e romanos (PEZZOLO, 2013).

Hoje temos no mercado têxtil o feltro e o TNT (tecido não tecido) que são
feitos pela prensagem das fibras formando um produto compacto e resistente. O
produto feltro leva este nome em razão do seu processo de construção ser chamado
de feltragem. Já o TNT, assim é chamado em razão de ser tramado. Ambos, feltro e
TNT são feitos por prensagem, mas variam em espessura e aplicações. Os feltros são
muito utilizados em artes e artesanatos, como demonstra a Figura 14:

FIGURA 14 – FELTROS

FONTE: <https://www.escoladefeltro.com.br/wp-content/uploads/2018/03/tipos-de-feltro.jpg>;
<https://www.escoladefeltro.com.br/wp-content/uploads/2018/01/enchimento-da-letra-de-fel-
tro-com-contorno-300x200.jpg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

O feltro encontra grande aplicação valorizada em chapéus, que podem ser


feitos de lã de carneiro e pelo de coelho, camelo, veado e alpaca.

107
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 15 – CHAPÉU DE FELTRO

FONTE: https://emais.estadao.com.br/noticias/moda-e-beleza,chapeu-de-feltro-e-peca-chave-
no-inverno,1692546. Acesso em: 1° abr. 2021.

Já o TNT tem usabilidade maior em produtos descartáveis. É o mais


barato, pois a capacidade produtiva é facilitada. Menos espesso que o feltro, o
TNT encontra vasta aplicação em produtos hospitalares descartáveis (tocas,
aventais etc.). Também é utilizado em artesanato.

FIGURA 16 – TOCA DESCARTÁVEL DE TNT

FONTE: <https://www.limpardistribuidora.com.br/touca-tnt-clipada-branca-unico-c-100.html?v=v13>.
Acesso em: 1° abr. 2021.

108
TÓPICO 2 — APLICAÇÕES DOS TECIDOS, TÊXTEIS TÉCNICOS

Os TNT também são frequentemente utilizados em decoração de festas


infantis. Na sua produção é possível conseguir muitas cores vivas e atrativas.
TNT estampados fazem uma bela composição para enfeitar ambientes para uma
data especial ou mesmo para um evento.

FIGURA 17 – TNT

FONTE: A autora

ATENCAO

Tanto o TNT quanto o feltro são classificados como têxteis técnicos.

109
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

O mercado de têxteis não tecidos é amplo e com muitas possibilidades.


Vejamos alguns exemplos principais de aplicações conforme encontrado na
ABINT (2001, p. 9-10):

AUTOMOBILÍSTICO
Isolação térmica e acústica (antirruídos), base de peças moldadas,
acabamento superficial, 1ᵃ e 2ᵃ base de tufting, tetos, separador de bateria,
revestimento interno de laterais, reforço de bancos, filtros e outras.
COMÉRCIO
Embalagens, sacos e fitas decorativas, invólucros de calçados e
presentes, revestimento para estojos, decoração de vitrines e outras.
CONSTRUÇÃO CIVIL / IMPERMEABILIZAÇÃO
Como armadura de sistemas asfálticos, na impermeabilização de
lajes, telhados e subsolos, como isolante térmico e acústico de tetos e
paredes, outras.
DOMÉSTICO
Pano de limpeza para polir, limpar ou enxugar; forração para carpetes,
tapetes, cortinas, decoração de paredes, cobertores, toalhas de mesa,
persianas, saches de chá e café, filtros de óleo, guardanapos, proteção
das molas dos colchões e estofados, substrato de laminados sintéticos
para móveis, em enchimento de colchas e edredons, outras.
FILTRAÇÃO
Filtração de sólidos, líquidos (óleos, solventes químicos) e outras
impurezas. Filtração de alimentos, ar, óleos, minerais, coifas,
exaustores, filtração de óleos de usinagem e para indústrias.
HIGIENE PESSOAL
Véu de superfície de fraldas, fraldões (incontinência), absorventes
femininos, lenços umedecidos para limpeza de bebês e higiene de
adultos e pacientes médicos.
INDUSTRIAL
Elemento filtrante para líquidos e gases, cabos elétricos, fitas adesivas,
plástico reforçado para barcos, tubulações e peças técnicas, abrasivos,
correias, etiquetas, disquetes para computador, pisos plásticos,
envelopes, outras.
MÉDICO HOSPITALAR
Produtos descartáveis tais como máscaras, gorros, toucas, aventais,
sapatilhas, ataduras, gazes e outros. Nas áreas éticas ou ambulatoriais:
fronha, campos operatórios, bandagens e curativos.
OBRAS GEOTÉCNICAS / ENGENHARIA CIVIL
Geotêxteis para estabilização do solo, drenagem, controle de erosão,
recapeamento asfáltico, reforço, canais e contenção de encostas. 3.10.
VESTUÁRIO Entretelas de modo geral para confecções, componentes
e matérias-primas.

Conforme vimos, cada tipo de tecido encontra seu nicho de mercado bem
específico. No próximo tópico, veremos sobre a etiquetagem e a regulamentação.

110
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os têxteis possuem uma vasta aplicação, sobretudo os tecidos de desempenho,


os quais têm ganhado mercado propiciando a criação de produtos com valor
agregado e função da inteligência e inovadora em tecidos.

• Os tecidos encontram aplicações que sobressaem, desde tempos remotos, em


área como decoração, artes, moda e engenharias.

• A biotecnologia, a nanotecnologia e a tecnologia em si, permitem criações


fantásticas em tecidos funcionais.

• Os tecidos recebem classificações e dentre elas estão os não tecidos, como o


feltro e o TNT.

111
AUTOATIVIDADE

1 Os tecidos possuem diversas aplicações, e são considerados elementos


essenciais no campo da moda. Eles, os têxteis, podem ser escolhidos
de várias formas, normalmente de acordo com suas funcionalidades e
desempenhos. Acabamentos e tratamentos, por exemplo, podem ser
aplicados em qualquer estágio da produção (na fibra, no fio, no tecido ou
na roupa final). Sobre os tecidos, é CORRETO afirmar:

( ) Os têxteis técnicos não podem ser confundidos com os tecidos inteligentes,


pois são produtos completamente diferentes.
( ) Processos químicos podem tornar os tecidos funcionais, porém os
processos mecânicos não conseguem o mesmo efeito.
( ) Laminado é um tipo de tecido especial, feito a partir de colagem de dois
tecidos diferentes entre si.
( ) Os têxteis que desempenham algum tipo de função são chamados tecidos
funcionais, e eles são diferentes dos tecidos especiais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – F – V – F.
d) ( ) F – F – V – V.

2 Os chamados de têxteis técnicos, desempenham funções específica, podem


ser associados ao uso de tecnologias avançadas. Sobre os têxteis técnicos,
associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Tecidos de desempenho.
II- Têxteis tecnológicos.
III- Têxteis inteligentes.

( ) Desempenham alguma função específica com uso de tecnologias


avançadas.
( ) São têxteis técnicos, assim chamados porque funcionam como uma
interface e possuem aplicações de tecnologia que conferem inteligência
aos tecidos.
( ) Também são chamados de têxteis técnicos ou, ainda, tecidos inteligentes.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) II – III – I.
b) ( ) I – II – III.
c) ( ) III – I – II.
d) ( ) I – III – II.

112
3 Os artigos têxteis sempre tiveram a intensão estética e de transmitir conforto
ao seu usuário, porém atualmente houve um aumento da preocupação com
os danos causados por exposição a micróbios, produtos químicos, pesticidas,
a luz UV e poluentes nos últimos anos, aumentando assim a demanda por
roupas de proteção. Um determinado artigo hoje em dia tem a possibilidade
de ser à prova d'água, resistente à chama, autolimpante, repelente de
insetos e antimicrobiana para proteger seres humanos de infecção, luz UV,
química e agentes biológicos, ser mais quente no inverno e mais frio no
verão, enquanto, ao mesmo tempo que é leve e menos volumosos do que
os produtos de antigamente (GULRAJANI; GUPTA, 2001, apud CIONEK;
ARRUDA; PUPPIM, 2018). Sobre os tecidos, podemos afirmar:

I- Os têxteis antibactérias são encontrados em dois formatos: os bactericidas e


os bacteriostáticos.
II- Os bactericidas possuem propriedades que eliminam ou reduzem a
colônia de bactérias. Já os bacteriostáticos são aqueles que não evitam o
crescimento das bactérias causadoras de odores.
III- Os tecidos bacteriostáticos receberam uma atenção especial no ano
2009, quando a Rhodia Poliamida lançou o Amni Biotec, o primeiro fio
bacteriostático.
IV- Os tecidos antibactérias tem grande potencial para aplicações na área da
medicina. No entanto, não são aplicados na área de Moda.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
c) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
d) ( ) Somente a afirmativa V está correta.

4 O uso de tecidos pode ser tão expressivo a ponto de representar a vida e a


cultura de um povo, como acontece na moda. No entanto, não é apenas em
vestimentas que os tecidos são aplicados. Registros históricos apontam a
utilização milenar dos tecidos para além da proteção do corpo. Diante disso,
disserte sobre quais foram as áreas citadas como exemplos de aplicações
dos tecidos.

5 Uma obra de arte transmite a visão e pensamento do artista, “Se os tecidos


guardam em sua história informações tão preciosas sobre suas origens, sua
evolução, seu comércio, seu uso e os costumes dos mais diversos povos,
qual maneira seria a mais apropriada, a mais bela, para documentar sua
passagem pelos séculos do que por meio da arte?” (PEZZOLO, 2013, p.
285). Discorra sobre a aplicação usual dos tecidos nas artes e quais são esses
tecidos normalmente utilizados.

113
114
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, as informações contidas nas etiquetas de quaisquer
produtos têxteis sobre a composição, a origem e os cuidados de conservação
dos produtos, são fundamentais. Desse modo, os consumidores podem fazer
prevenção de reações alérgicas a determinadas fibras e/ou filamentos têxteis. É
importante conhecer as informações principais que podem ser repassadas por
meio das etiquetas.

As informações contidas na etiqueta deverão estar presentes em todos


os produtos têxteis. Sendo que a fixação da etiqueta é obrigatória e deve estar
sempre à vista do consumidor, além disso, deve ser legível. A forma de repassar
essas informações pode assumir formatos variados (selo, rótulo, decalque,
carimbo, estampagem etc.) ou outra maneira similar a essas, desde que tenha
caráter permanente.

Veremos sobre etiquetagem no Subtópico 2 deste tópico, posteriormente,


no Subtópico 3, abordaremos o regulamento, bem como as leis vigentes. Por fim,
no Subtópico 4, estudaremos as inovações em etiquetas.

2 ETIQUETAGEM
Podemos entender o conceito de etiqueta como um modo que pode
assumir várias formas, de comunicar informações sobre determinado material ou
objeto afim de que possa se fazer uso correto e conservá-lo.

A etiquetagem abrange conhecimentos específicos e necessários para


que esteja em conformidade com regras existentes, bem como fornecer um bom
material ao consumidor. Entre estes conhecimentos essenciais estão: saber das
normas e leis vigentes para a elaboração de etiquetas informativas; conhecer as
simbologias utilizadas e suas nomenclaturas; estar a par do regulamento que
norteia a fiscalização desses materiais têxteis e também conhecer o que está sendo
ofertado em etiquetas no mercado. Desse modo, seguiremos com a explanação
das normas e seu contexto evolutivo.

115
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

TUROS
ESTUDOS FU

Para entendermos sobre etiquetagem, temos que entender, também, suas


regras, veremos alguns aspectos relativos ao histórico de criação de resoluções. No entanto,
conheceremos a lei vigente no Subtópico 3 deste tópico. Fique atento!

2.1 NORMAS DE ELABORAÇÃO DE ETIQUETAS


A regulamentação de etiquetagem vem percorrendo um caminho que
vem desde 1988, quando a norma de simbologia de cuidados têxteis foi inserida
no acervo de nor­mas da ABNT sob o número NBR 8719. Até então não havia normas
equivalentes. Utilizou-se como base as normas internacionais da ISO, que
serviram de origem (ABNT, 2012).

NOTA

ISO significa: International Organization for Standardization, é traduzida como


Organização Internacional de Padronização (https://www.iso.org/home.html).

Em 1994, a NBR 8719 foi revisada de acordo com as alterações da ISO, mas
ainda não incluía a secagem natural a qual é muito usual no Brasil.

Em 2005, a ISO 3758 contemplou a secagem natural, sendo assim, a ABNT


adotou norma equivalente em 2006, resultando na NBR ISO3758 (ABNT, 2012).

A partir de 2001, surgiu a Resolução de Etiquetagem Têxtil, a qual incluiu


o uso de cuidados padroniza­dos de forma que os consumidores recebessem
melhores informações, seja na forma de símbolos ou na forma de textos. Para
reduzir o tamanho da etiqueta, foram criados os símbolos que, por vezes, podem
não ser de fácil compreensão para o consumidor esta prática de utilizar símbolos
e textos já existia, no entanto, de modo amplo. “Algumas empresas já utilizavam
símbolos ou tex­tos para indicar como tratar a roupa, contudo de forma enigmática,
como por exemplo: lavar com sabão neutro, mas a etiqueta não indicava o que é
considerado sabão neutro; ou passar com ferro brando, mas qual é a temperatura
branda?” (ABNT, 2012, p. 39).

116
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

A etiqueta que acompanha o produto têxtil deve conter as seguintes


informações: nome ou razão social ou marca registrada do fabricante; a
identificação fiscal do fabricante nacional ou do importador (CNPJ); país de
origem; nome das fibras ou filamentos têxteis e seu conteúdo expresso em
porcentagem; uma indicação de tamanho e, pelo menos, os cinco principais
tratamentos de conservação do produto têxtil, por meio de símbolos e/ou texto,
que devem estar descritos conforme a Norma NM-ISO 3758:2013.

2.2 SIMBOLOGIA TÊXTIL


As simbologias são um modo visual de repassar ao consumidor como ele
pode cuidar de seu produto. Vejamos, no Quadro 3, os símbolos que ilustram os
tipos de cuidados e/ou tratamentos que podem ser dados.

QUADRO 3 – SÍMBOLOS E TIPOS DE TRATAMENTOS

FONTE: ABNT (2012, p. 40)

Quando não é possível fazer algum tipo de tratamento, como estes


ilustrados no Quadro 3, ele deve vir acompanhado com o símbolo da Cruz de
Santo André, ilustrado na Figura 18. Assim, evidencia-se a propensão a danos,
caso seja aplicado um tratamento inapropriado.

117
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 18 – CRUZ DE SANTO ANDRÉ

FONTE: ABNT (2012, p. 40)

Podemos, ainda, indicar que o tratamento aplicado deve ser suave


(centrifugação), para isso coloca-se um ou dois traços abaixo do símbolo. Um
traço significa suavidade, dois traços significam que o processo deve ser muito
suave ou que se deve optar por não centrifugar.

FIGURA 19 – TRATAMENTO SUAVE

FONTE: ABNT (2012, p. 40)

Podemos, ainda, indicar se a lavagem deve ser manual e a temperatura


ideal. A Figura 20 ilustra exemplos desses símbolos: cruz de Santo André,
tratamento suave, temperatura e tipo de lavagem (manual e a máquina):

FIGURA 20 – SÍMBOLOS PARA LAVAGEM DOMÉSTICA

FONTE: <https://i0.wp.com/blog.damyller.com.br/wp-content/uploads/2014/08/significado-
simbolo-etiqueta-roupa-lavar.jpg?w=800&ssl=1>. Acesso em: 1° abr. 2021.

118
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

Ainda sobre as lavagens, algumas vezes você pode encontrar o símbolo de


lavagem (balde com água) sem a temperatura em números, e sim representada
por pontos. Desse modo, um pontinho (bolinha), significa que a temperatura
máxima é de 30 °C; dois pontos, 40 °C; três pontos, 50 °C; quatro pontos, 60 °C;
cinco pontos, 70 °C; e para seis pontos a temperatura é de 95 °C. Vejamos um
exemplo na Figura 21:

FIGURA 21 – SÍMBOLO DE TEMPERATURA REPRESENTADO POR PONTOS

FONTE: <encurtador.com.br/kBKT4>. Acesso em: 1° abr. 2021.

Já, para o tratamento com alvejantes com cloro ou substâncias com poder
de oxigênio (usado para tratar manchas ou tirar o amarelado de roupas e/ou
tecidos), usa-se o símbolo do triângulo.

Destacamos que o triângulo normal, sem nada dentro, significa que pode
ser usado alvejante com cloro. Aquele que contém dois riscos, indica o uso de
alvejante sem cloro. E, como já mencionado, o que possui a cruz de Santo André
proíbe o uso de qualquer alvejante.

QUADRO 4 – SÍMBOLOS E TIPOS DE TRATAMENTOS PERMITIDOS

FONTE: ABNT (2012, p. 41)

A lavagem profissional recebe destaque por conta de seus processos


profundos e assertivos, ao passo que limpa profundamente pode causar danos
à peça. Desse modo, o Quadro 5 ilustra alguns símbolos utilizados pelos
profissionais para melhor atender aos serviços sem danificar o produto.

119
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

QUADRO 5 – SÍMBOLOS E PROCESSOS DE LIMPEZA PROFISSIONAL

FONTE: ABNT (2012, p. 43)

Conforme vimos anteriormente, os pontos dentro de símbolos significam


a temperatura, para a secagem a tambor (ou máquina), usa-se um ou dois
pontos, sendo que um ponto significa temperatura baixa e dois pontos significa
temperatura alta.

120
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

QUADRO 6 – SÍMBOLOS E PROCESSOS DE SECAGEM EM TAMBOR

FONTE: ABNT (2012, p. 41)

ATENCAO

Note que os pontos podem representar temperaturas específicas, ou mesmo


em escala, neste caso, a escala é representada pelos termos: ‘baixa’ e ‘alta’. E pode, também,
compreender um intervalo de valor, como acontece na passadoria a ferro, por exemplo:
até 110 °C.

O tipo de secagem também influencia na conservação do produto, a


secagem à sombra, por exemplo, conserva melhor a cor. Vejamos o Quadro 7, que
apresenta os tipos de secagem:

121
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

QUADRO 7 – SÍMBOLOS E TIPOS DE SECAGEM

FONTE: ABNT (2012, p. 42)

A temperatura ideal do ferro é algo que precisa de atenção, queimar


uma roupa por distração é algo corriqueiro. Normalmente, encontramos ferros
caseiros com a classificação por tipos de tecidos. No entanto, para representar
tecnicamente essa informação, encontramos nas roupas e têxteis em geral,
símbolos específicos para recomendar a temperatura ideal para passadoria,
ilustrados no Quadro 8:

QUADRO 8 – SÍMBOLOS E PROCESSOS DE PASSADORIA

FONTE: ABNT (2012, p. 42)

122
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

Note que a temperatura não é específica (em números), mas traz um


intervalo que aponta o limite máximo suportado, ou seja, pode partir da
temperatura ambiente até X °C (temperatura máxima).

Além de todas essas informações por símbolos, a etiqueta ainda pode


conter outras informações, chamadas adicionais. Vejamos alguns exemplos:

QUADRO 9 – INFORMAÇÕES ADICIONAIS

FONTE: ABNT (2012, p. 44)

O uso de informações adicionais abre possibilidades de informar algo


ao usuário que ainda não possui uma simbologia específica ou para enfatizar
alguma ação importante. Pode-se, também, descrever o cuidado necessário sem
a utilização dos símbolos, o que facilita a compreensão do usuário, já que alguns
símbolos não são intuitivos ou conhecidos. O fator limitante é que, ao descrever,
a etiqueta pode ficar grande.

123
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

DICAS

Conheça o documento: Normalização: caminho da qualidade na confecção,


disponível em: http://abnt.org.br/paginampe/biblioteca/files/upload/anexos/pdf/d2f9
da2dc7058b510ebf8923e474a88d.pdf.

2.3 ESTRUTURA DA ETIQUETA


A forma de comunicar pode variar entre diversos meios: etiqueta es­
tampada, etiqueta bordada, etiqueta jacquard, estampa “silkada” diretamente
na peça confeccionada, estampa “transfer” aplicada diretamente na peça
confeccionada etc. Com as novas regras, as confecções devem apresentar seus
produtos aos consumidores em uma única etiqueta ou em várias, sempre de
forma legível e não pode ser falsificada (ABNT, 2012). Vejamos um exemplo de
etiqueta na Figura 22:

FIGURA 22 – MODELO DE ETIQUETA

FONTE: ABNT (2012, p. 25)

Via de regra, alguns itens são prioridades e obrigatórios constar na


etiqueta, são elas: razão social ou marca do fabricante ou importador; CNPJ
respectivo do fabricante ou importador; país de origem; composição das fibras
que compõem o produto têxtil; tamanho da peça e os cuidados de conservação
que podem ser expressos em símbolos e/ou textos. Além disso, as letras devem
ter altura de no mínimo 2 mm e os símbolos 4 mm x 4 mm (ABNT, 2012).

TUROS
ESTUDOS FU

Veremos mais sobre tipos de etiquetas e outros meios de comunicar no


Subtópico 4 desde tópico.

124
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

3 REGULAMENTO
As etiquetas são elaboradas a partir do que encontramos no regulamento
técnico sobre etiquetagem têxtil. As empresas fornecedoras devem sempre estar
atentas às leis, resoluções e atualizações do documento que rege a fabricação destas.
No regulamento, encontramos definições que visam promover comércio justo.

Para compreendermos melhor, iremos abordar, na sequência, o


rigor Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e,
posteriormente, veremos o regulamento vigente com suas especificidades.

3.1 RIGOR INMETRO


É importante entendermos quais são os objetivos do Inmetro e quais são
suas funções, ou seja, onde ele aplica seu rigor enquanto fiscalizador. Conforme
podemos encontrar no próprio site do Inmetro:

No âmbito de sua ampla missão institucional, o Inmetro objetiva


fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por
meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade
de produtos e serviços. Sua missão é prover confiança à sociedade
brasileira nas medições e nos produtos, por meio da metrologia e da
avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações
de consumo, a inovação e a competitividade do País (O QUE É O
INMETRO, 2018, s. p.).

Desse modo, podemos entender que ele é responsável pelo comércio justo
de etiquetas, fornecendo as regras de elaboração para empresas, promovendo
justa concorrência. Ele também garante melhores produtos e uma melhor
comunicação com o consumidor final, de modo que não reste dúvida quanto ao
produto adquirido.

NOTA

O Inmetro é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia, que


atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).

FONTE: <https://www.gov.br/inmetro/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/institucional-index>.
Acesso em: 1° abr. 2021.

125
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

Elaboramos um quadro cujas principais competências e atribuições do


Inmetro são destacadas, vejamos:

QUADRO 10 – PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DO INMETRO

FONTE: Adaptado de <https://www.gov.br/inmetro/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/


competencias>. Acesso em: 1° abr. 2021.

O Quadro 10 explana as principais funções do Inmetro, no entanto,


existem várias outras. Destacamos ser necessário buscar informações, conforme a
necessidade da empresa, como, quais são as regras que incidem em seus produtos
e instituições fiscalizadoras. E quanto aos consumidores, é importante se atentar
às regras para não consumir produtos ilegais e fora do padrão. Veremos na
sequência a fiscalização e verificação dos têxteis.

126
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

3.2 FISCALIZAÇÃO E VERIFICAÇÃO DOS TÊXTEIS


Destacamos o quão importante é o conhecimento da Portaria n° 166, de 8 de
abril de 2011, para saber como proceder no caso de fiscalização em estabelecimento.
Pois serão avaliados se os produtos contêm as informações obrigatórias e se estão
sendo apresentadas, conforme solicitadas na regulamentação.

Existe a possibilidade de coletas de amostras para verificar, em laboratório


credenciado, se a composição do mesmo é aquela apresentada na etiqueta.

Todos os dados sobre as amostras e tolerâncias de resultados dos ensaios


de laboratório em relação àquelas apresentadas na etiqueta, você pode encontrar
nessa portaria. Vejamos a quantidade de amostras no quadro de dados disponível
no referido documento regulador:

QUADRO 11 – AMOSTRAS PARA FISCALIZAÇÃO:

FONTE: Inmetro (2011, p. 8)

Conforme a Portaria n° 296, de 12 de junho de 2019, no art. 4°, a fiscalização


do cumprimento das disposições contidas no Regulamento ora aprovado, em
todo território nacional, ficará a cargo do Inmetro e das entidades e órgãos de
direito público delegados.

E no art. 5° encontramos que “O Inmetro revisará, em ato específico e no


que couber, o Procedimento de Fiscalização e Coleta de Amostras de Produtos
Têxteis para a Avaliação da Fidedignidade das Informações, aprovado pela
Portaria Inmetro n° 166, de 8 de abril de 2011” (INMETRO, 2019, p. 2).

Agora que vimos o que é o Inmetro e a suas obrigações enquanto


fiscalizador, veremos o regulamento vigente no contexto de elaboração de
etiquetas têxteis.

127
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

3.3 REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL


No dia 12 de julho de 2019, foi lançada a Portaria n° 296, a qual estabeleceu
o Regulamento Técnico do Mercosul sobre a Etiquetagem de Produtos Têxteis,
envolvendo os países Argentina, Paraguai, Uruguai e o Brasil. Desse modo, todos
os produtos têxteis fabricados no Brasil ou importados e comercializados em
território nacional precisaram se adequar às normas contidas no documento.

Conforme encontramos no Regulamento, produto têxtil é aquele que, em


estado bruto, semibeneficiado, beneficiado, semimanufaturado, manufaturado,
semiconfeccionado ou confeccionado, seja composto exclusivamente de fibras ou
filamentos têxteis (INMETRO, 2019).

As regras de etiquetagem contribuem para a segurança do consumidor em


questão de compra e satisfação, e, assim, os beneficiando, pois presta informações
sobre a composição (relativas ao material), origem (País/CNPJ), como deve ser
feita a limpeza do material para a manutenção do mesmo etc.

Considerando que o benefício que o mencionado Regulamento Técnico


proporciona aos consumidores, a existência de um instrumento que
assegure uma clara e correta identificação da composição dos produtos
têxteis, das dimensões e gramatura dos tecidos, do título dos fios,
assim como as características do tratamento, limpeza e conservação
dos produtos têxteis ao longo de sua vida útil (INMETRO, 2019, p. 1).

Mas o que pode ser considerado produto têxtil? O regulamento nos informa
que: produto que possua, pelo menos, 80% de sua massa constituída por fibras
ou filamentos têxteis; revestimentos de móveis, colchões, travesseiros, almofadas,
artigos de acampamento, revestimentos de pisos e forros de aquecimento para
calçados e luvas, cujos componentes têxteis representem, pelo menos, 80% de sua
massa; os produtos têxteis incorporados a outros produtos, dos quais passam a
fazer parte integrante e necessária, exceto calçados.

O Capítulo II do Anexo I da Portaria n° 296, de 12 de julho de


2019, descreve as informações obrigatórias que os produtos têxteis de procedência
nacional ou estrangeira, destinados à comercialização, devem apresentar:

• Nome ou razão social ou marca registrada no órgão competente do


país de consumo e identificação fiscal do fabricante nacional ou do
importador ou de quem apõe a sua marca exclusiva ou razão social,
ou de quem possua licença de uso de uma marca, conforme o caso.
Entende-se como “identificação fiscal” os registros tributários de
pessoas jurídicas ou físicas, de acordo com a legislação vigente dos
Estados Partes.
• País de origem precedido das palavras: “Feito no(a)” ou
“Fabricado no(a)” ou “Indústria” seguida do adjetivo gentílico do
país de origem. Não serão aceitas somente designações de blocos
econômicos, nem indicações por bandeiras de países.
• Nome das fibras têxteis ou filamentos têxteis e seu conteúdo
expresso em percentagem em massa.
• Tratamento de cuidado para a conservação do produto.
• Indicação de tamanho ou dimensão, conforme o caso (INMETRO,
2019, p. 1).

128
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

Desse modo, quanto aos fabricantes, só poderão comercializar em


território nacional as empresas que estiverem de acordo com as exigências. Assim
sendo, o não cumprimento das regras descritas na Portaria n° 296, publicada pelo
Inmetro em 12 de julho de 2019, implicará em penalidades que podem incluir do
cancelamento de pedidos a multas.

DICAS

Acadêmico, você pode ler este documento na íntegra e saber de todas as


demais regras, acessando: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002583.pdf.

A norma descreve que:

As informações obrigatórias deverão ser verídicas e poderão ser


indicadas através de etiquetas, selos, rótulos, decalques, carimbos,
estampagem ou similares, a partir de agora denominado “meio”. A
escolha do “meio” deverá adequar-se ao produto, satisfazendo os
requisitos de indelebilidade e de afixação em caráter permanente
(INMETRO, 2019, p. 5).

A partir disso, vejamos alguns exemplos a seguir, no Subtópico 4, dos


‘meios’ utilizados atualmente para repassar informações ao consumidor, bem
como o que existe de inovador em questão de interação com usuário/consumidor.

NTE
INTERESSA

A Lei n° 5.956 (Lei das Etiquetas) foi implementada em 1973 na área têxtil,
abrangendo da fibra até a confecção, com o objetivo de melhor informar o consumidor,
bem como garantir uma concorrência leal entre fabricantes.

129
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

4 INOVAÇÃO EM ETIQUETAS
Houve um tempo em que as etiquetas serviam apenas para a identificação
das peças. No entanto, hoje elas vêm ganhando mais atenção e sendo destacadas de
modo criativo, agregando valor às peças de roupas. Elas podem ser produzidas
seguindo tendências de moda e de design, além de inovar no uso de materiais
e tecnologia.

Desse modo, podem inclusive influenciar na confecção de roupas, pois,


por vezes elas ficam à mostra. Além de mostrar a identidade de uma marca ou
empresa, as etiquetas comunicam visualmente, e se ela for atrativa pode ser um
fator de decisão de compra de um produto, por exemplo.

Cada empresa vai escolher como fazer suas etiquetas, existem alguns
modelos de alto padrão como, por exemplo, as de alta definição, do tipo corte a
laser, galão, entre outros.

Veja o case de uma startup inovadora na área de serviços e etiquetas,


apresentado na leitura a seguir:

ETIQUETA CERTA

A startup Etiqueta Certa oferece o serviço por meio de um software


inovador e exclusivo para o desenvolvimento automático das etiquetas,
interpretação das normas e legislações e acompanhamento de autos de infração.

Combinando inteligência e tecnologia, o sistema possibilita economia e


produtividade, com informação especializada e confiável.

A ferramenta permite a geração ilimitada de etiquetas automatizadas


no padrão da nova regulamentação publicada em 2019 e conforme a legislação
do Mercosul, em português e espanhol.

A interface é bilíngue (português e inglês), possui biblioteca digital com


informações técnicas sobre as normas, certificações e regulamentos nacionais
e internacionais, além de suporte e orientações online ilimitadas sobre as
normas obrigatórias, certificações e regulamentos, alertas e atualizações por
e-mail sobre mudanças na regulamentação.

A Etiqueta Certa substitui o processo manual, evita prejuízos com


multas de até R$ 1,5 milhão, e devoluções que podem chegar a 40% do volume
de pedidos feitos por uma loja.

FONTE: Adaptado de <https://www.economiasc.com/2020/06/08/solucao-automatiza-


processo-de-etiquetagem-de-industrias-texteis/>. Acesso em: 1° abr. 2021.

130
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

A tecnologia é uma grande aliada nesta área de etiquetagem, para


exemplificarmos, veja essa ideia divulgada por uma empresa destaque em
confecção de etiquetas no Brasil:

ETIQUETA RFID – IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO FREQUÊNCIA

Imagine seus clientes recebendo dicas interativas de produtos


complementares diretamente no espelho enquanto experimentam suas roupas.
Ou você ter informações em tempo real de toda a rede sobre o controle do
estoque. Essas são só algumas das aplicações que se tornaram possíveis com
as etiquetas RFID (Radio Frequency Identification) – uma espécie de evolução a
passos largos do barcode.

Tudo isso em um dispositivo pequeno, leve e discreto, capaz de


identificar diversos produtos de uma só vez e à distância. É o fim do trabalho
manual e individual de leitura dos códigos de barra.

Como um todo, o sistema de controle e gerenciamento de produtos


por rastreamento do sinal de radiofrequência é composto por apenas três
componentes: as etiquetas, um hardware formado por antenas/leitores e
um software.

A estrutura da etiqueta, por sua vez, é bem simples: uma pequena


antena receptora das informações e um microchip para armazenar os dados
recebidos – como os números de série de um produto, por exemplo.

A tag que os protege pode ter vários formatos, como argolas, pastilhas,
cartões, plástico, vidro, epóxi ou silicone; flexíveis, semiflexíveis ou rígidas.

Assim, a etiqueta transmite as informações que contém ao entrar no


campo de radiofrequência gerado pelas antenas.

Os leitores acoplados às antenas, por sua vez, decodificam essa


mensagem e a enviam para o computador já previamente conectado ao sistema
de gestão.

Em suma, o RFID é um sistema simples, descomplicado e eficiente – e


que na verdade teve sua base criada em plena Segunda Guerra Mundial.

[...]

A tecnologia RFID desponta cada vez mais como a substituta do código


de barras. Mais seguras, mais práticas e mais eficientes, elas são importantes
fontes de informações para tomadas de ações cada vez mais assertivas.

FONTE: Adaptado de <https://www.haco.com.br/rfid/>. Acesso em: 1° abr. 2021.

131
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

Agora veremos alguns exemplos de etiquetas produzidas e comercializadas


atualmente:

Tecnologia tagless:

Em inglês, significa sem etiqueta (tag é etiqueta, less é sem). Ou seja,


esta tecnologia dispensa a etiqueta de tecido sintético que é costurada
no interior das roupas. Com a tecnologia aplicada na produção e
aplicação de  thermotransfers, a tagless é resultado de uma ideia
inovadora para etiquetas de roupa: transfers no formato de uma
etiqueta convencional com todas as informações necessárias são
produzidos e aplicados em qualquer área da roupa, geralmente sendo
na gola de camisetas e na região do cóccix em calças (TAGLESS, 2014,
s. p., grifo do original).

FIGURA 23 – EXEMPLOS DE TAGLESS E APLICAÇÃO

FONTE: A autora

Também encontramos esse método no mercado como “linha de etiquetas


termoflex” trata-se de adesivo têxtil aplicado com o auxílio de prensa térmica
sobre o tecido. É um modo que proporciona conforto, tem toque macio, não
irritando a pele, como acontece com algumas etiquetas costuradas. Alguns
segmentos fazem maior uso das etiquetas termoflex e (ou) tagless, são elas: linha
fitness; moda praia; moda infantil; e linha jeanswear.

• Etiqueta Metalflex:

A etiqueta metalflex tem o aspecto de metal, porém, é maleável e flexível.


Fácil de manusear, para aplicar pode-se fazer uso de máquina de costura e não
necessita de matriz para isso, sua maleabilidade permite costurar sem danificar
o equipamento.

132
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

FIGURA 24 – ETIQUETA METALFLEX

FONTE: <http://safraetiquetas.com.br/wp-content/uploads/1-1.png>. Acesso em: 1° abr. 2021.

• Etiquetas decorativas:

São usadas para decorar, personalizar, diferenciar peças destacando


a marca. Este tipo de etiqueta, normalmente, não vem acompanhada das
especificações exigidas pelo Inmetro, portanto, deve-se atentar em usar outra
etiqueta especifica para atender as normas impostas.

FIGURA 25 – ETIQUETA DECORATIVA

FONTE: <https://www.haco.com.br/pt/identificacao-moda>. Acesso em: 1° abr. 2021.

• Etiqueta de cós:

Usada para causar impacto visual em peças do segmento jeanswear, o


diferencial fica por conta da qualidade do material e arte nela impressa, pode ser
bem elaborada com aplicação de strass, pérola, metalflex entre outros, a critério
de cada marca.

133
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 26 – ETIQUETA DE CÓS

FONTE: <https://www.haco.com.br/pt/identificacao-moda>. Acesso em: 1° abr. 2021.

• Etiqueta interna:

Este modelo contém as especificações exigidas pelo Inmetro, em conjunto


com os modelos apresentados anteriormente, compõem o pacote de informações
técnicas e visuais, das quais as peças ou produtos precisam para se comunicar
com o usuário/cliente.

FIGURA 27 – ETIQUETA INTERNA

FONTE: <https://www.digitaletextil.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/07/como-etiquetar-
roupa.jpg>. Acesso em: 1° abr. 2021.

É importante ressaltarmos que a etiquetagem, apesar de parecer um campo


esquecido por não ser algo em voga nos veículos de comunicação, sempre está
recebendo novidades e aderindo a novas tecnologias para se diferenciar e tornar o
mercado mais competitivo. Mas como é que acontecem as inovações? A academia
é grande impulsionadora de pesquisas, e nela também podemos encontrar
aprofundamentos e estudos na área de etiquetas. Como, por exemplo, um estudo
feito em Portugal, na Universidade da Beira Interior (UBI), em 2011, o qual avaliou
a produção de etiquetas internas que se degradam com decorrer das lavagens.

134
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

Neste trabalho, Joana Sofia Pinto Ferreira (2011, p. vii) destaca que “com
o passar do tempo a presença da etiqueta têxtil nas peças de vestuário, torna-se
desnecessária, levando os utilizadores a corta-la. Esta necessidade de retirar a
etiqueta têxtil deve-se ao incômodo que esta provoca, como também à deformação
que pode provocar na respectiva peça de vestuário”. A partir dessa percepção de
usabilidade, surgiu a ideia de desenvolver uma etiqueta que se degrade com as
lavagens, através da utilização de materiais solúveis.

O processo de desenvolvimento contou com a utilização de não tecido à


base de PVA (Álcool polivinílico), pois, segundo a autora “estes polímeros além de
serem uma mais-valia para o meio ambiente, por se degradarem totalmente sem
deixar qualquer tipo de resíduo poluidor, conseguem responder às necessidades da
indústria e dos consumidores” (FERREIRA, 2011, p. 89)

FIGURA 28 – IMPRESSÃO DE CARIMBO EM PVA

FONTE: Ferreira (2011, p. 82)

Como resultado, o tecido adaptou-se à aplicação de etiquetas


biodegradáveis, por meio de testes práticos, notou-se que o material solubilizou
em contato com a água e, desse modo, supriu as expectativas, contemplando
o objetivo do trabalho desenvolvido. Podemos verificar no demonstrativo das
lavagens (Figura 29), que a sequência de lavagens degradou o material:

135
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

FIGURA 29 – DEMONSTRATIVO DE LAVAGENS

FONTE: Adaptado de Ferreira (2011)

Consideramos de fundamental importância que o acadêmico seja curioso


e pesquisador, buscando, assim, sua evolução e crescimento pessoal. Em todos os
campos, o conhecimento se renova, não é diferente na área de materiais têxteis
e, podemos enfatizar, na criação de etiquetas. Nesse contexto, convidamos você,
acadêmico, a sempre buscar novidades sobre aquilo que lhe inspira e interessa.
Mova-se em direção ao conhecimento!

DICAS

Conheça o trabalho de Joana Sofia Pinto Ferreira, disponível em: https://


ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1696/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Joana%20Sofia%20
Pinto%20Ferreira.pdf.

136
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

INCORPORAÇÃO DE AGENTES REPELENTES EM TÊXTEIS TÉCNICOS

V. Kreutzfeld
R. B. Venturelli
A. A. U. de Souza
A. P. S. Immich

RESUMO: Estudos realizados pela Associação Brasileira da Indústria do PET


comprovam que existe um déficit no índice de reciclagem do PET comparado a
sua produção. Nos últimos anos, a quantidade deste polímero tem aumentado
na composição de resíduos sólidos urbanos, sendo um polímero de difícil
degradação. Uma alternativa à reciclagem do PET é o reprocessamento via
eletrofiação. Esta técnica é versátil, de baixo custo e fácil reprodutibilidade.
Assim, o que se pretende neste projeto de pesquisa é propor uma alternativa para
reutilização do PET proveniente de garrafas descartáveis utilizando a técnica de
eletrofiação para produção de um Não tecido. A este Não tecido foi incorporado
óleo de citronela para agregar propriedades funcionais de repelência a insetos.
Os resultados mostram que a eletrofiação produziu Não tecidos uniformes, com
diâmetros de fibra regulares, sem a presença dos indesejados beads, indicando
a viabilidade do processo de eletrofiação como alternativa a reciclagem de PET.

1 INTRODUÇÃO

Conforme a norma ABNT NBR 13370:2002 “Não tecido é uma estrutura


plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos,
orientados direccionalmente ou ao acaso, consolidados por processo mecânico
(fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico (coesão) e combinações destes”
mostrado por Maroni et al. (1999). O Não tecido é um material que apresenta
características semelhantes à de um tecido – material produzido pelo
entrelaçamento de um conjunto de fios de urdume e outro conjunto de fios de
trama, formando o ângulo de (ou próximo a) 90°.

Existem diferentes formas de se obter um Não tecido, as técnicas mais


utilizadas para fabricação consistem na formação de manta, uma estrutura
ainda não consolidada, formada por uma ou mais camadas de véus de fibras ou
filamentos obtidos por três processos distintos: via seca, via úmida e via fundida.

Uma alternativa recente, de fácil aplicação e baixo custo para produção


de Não tecido é a técnica de eletrofiação que combina duas técnicas chamadas
electrospray (do inglês eletropulverização) e spinning (do inglês fiação).

137
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

A eletrofiação é um processo que consiste na aplicação de uma alta


voltagem em que uma solução polimérica contida em uma seringa ou capilar é
carregada eletricamente e, sob influência de um campo elétrico, é fiada, estirada
e coletada em uma superfície coletora para produzir fibras com um diâmetro
relativamente pequeno, na ordem de nanômetros.

Uma das principais características da nanofibra polimérica é a elevada área


superficial, isso permite uma superfície de contato com o meio externo muitas vezes
superior as das fibras convencionais (GOMES, 2014). O processo de eletrofiação
para produção de artigos têxteis se tornou muito atrativo devido a sua metodologia
de baixo custo, produzindo fibras a partir de uma grande variedade de materiais,
de um modo relativamente simples, repetitivo e de fácil construção.

Os trabalhos de Li et al. (2004) mostraram que os parâmetros da solução a


ser eletrofiada, tais como, viscosidade, condutividade elétrica e tensão superficial
influenciam diretamente nas morfologias e na geometria das nanofibras.
Estes parâmetros estão relacionados com as propriedades físico-químicas dos
polímeros, dos solventes e com as interações do tipo polímero-solvente.

Uma vantagem da eletrofiação é a possibilidade de transformar o Não


tecido em um artigo funcional, com características ativas como têxteis contendo
fármacos para liberação controlada de medicamentos, peças de vestuário contendo
microcápsulas de material hidratante liberado pelo atrito com a pele, toalhas de
mesa com hidrorepelência, evitando manchas de líquidos coloridos, uniformes
com propriedade antichama, oferecendo proteção em ambientes perigosos,
entre outros. Estes Não tecidos funcionais são conhecidos como têxteis técnicos,
considerados estruturas especificamente projetadas e desenvolvidas para
utilização em produtos, processos ou serviços de quase todas as áreas industriais
e domésticas. São produtos que pretendem satisfazer requisitos funcionais bem
determinados visando economia, segurança, praticidade e durabilidade definida
conferindo propriedades a substratos têxteis de forma a proporcionar uma
valorização estética, de conforto, proteção, limpeza e conservação.

A obtenção do Não tecido se dá a partir de uma variedade de polímeros


sintéticos e/ou naturais, como os poliuretanos apresentado por Stankus et al.
(2004), poli(vinilpirrolidona) estudado por McCann et al. (2005), poli(ácido lático)
estudando por Yang et al. (2005), poli(álcool vinílico) apresentado por Costa et
al. (2010), entre muitos outros. Uma alternativa de polímero para ser utilizado
nessa técnica é o politereftalato de etileno (PET), objetivando oferecer mais uma
alternativa de reciclagem deste polímero, largamente utilizado na indústria,
sendo seu principal uso no segmento da indústria de embalagens.

Estudos realizados pela Abipet (Associação Brasileira da Indústria


do PET) comprovam que existe um déficit no índice de reciclagem do PET
comparado a sua produção. Nos últimos anos, a quantidade deste polímero tem
aumentado na composição de resíduos sólidos urbanos, sendo um polímero de
difícil degradação, pois não existem bactérias na natureza capazes de degradar
rapidamente o PET.

138
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

Considerando que uma garrafa de PET leva cerca de 400 anos para se
degradar no meio ambiente, existem inúmeras vantagens na sua reciclagem,
diminuindo o volume de lixo nos aterros sanitários, economia de petróleo,
economia de energia na produção de novos plásticos, geração de renda e
empregos, entre outros.

Desta forma, este trabalho consiste em utilizar a técnica de eletrofiação


para reprocessar o politereftalato de etileno, produzindo um tecido técnico
funcional, no formato de uma cortina para proteção, e neste agregar um
componente com propriedades de repelência a insetos, como por exemplo, o
óleo essencial de citronela.

O óleo de citronela é um repelente de insetos natural, possuindo


propriedade antifúngica, seu uso é difundido e aprovado desde o ano de 1948.
O órgão americano chamado United States Environmental Protection Agency o
considera um tipo de biopesticida que não agride a saúde humana.

2 OBJETIVOS

O que se pretende neste projeto de pesquisa é utilizar a técnica de


eletrofiação para produção de cortinas de tecido Não tecidos eletrofiados com
propriedades funcionais de repelência a insetos.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos laboratoriais foram realizados no Laboratório de


Transferência de Massa do Departamento de Engenharia Química e Engenharia
de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina.

3.1 MATERIAIS

Para a realização do trabalho foram utilizados o PET (Politereftalato de


etileno) provenientes de garrafas 600 mL de coca-cola, diclorometano com 99,5%
de pureza, fabricado pela Synth, ácido trifluoroacético, com 99,8% de pureza,
fabricado pela Vetec, óleo de citronela, fabricado pela Distrol e álcool etílico
absoluto P.A., com 99,5% de pureza, fabricado pela Lafan Química fina LTDA.

3.2 MÉTODOS

• Preparação da solução a ser eletrofiada: Para o preparo da solução a ser


eletrofiada foi utilizado, como matéria-prima, garrafas descartáveis de PET (garrafa
de 600 mL de coca- cola). As garrafas foram cortadas em tiras e solubilizadas em
uma solução contendo 20% ácido trifluoroacético e 80% de diclorometano com
10% PET (m/m). A solução foi mantida sob agitação magnética por 24 horas em
temperatura ambiente, para completa dissolução do PET.

139
UNIDADE 2 — BENEFICIAMENTOS, TÊXTEIS TÉCNICOS E ESPECIAIS, ETIQUETAGEM

• Preparo do óleo de citronela: Para o preparo da solução de citronela utilizou-


se a proporção de 50% de óleo essencial da citronela diluído em 50% de álcool
etílico obtendo-se uma mistura homogênea
• Processo de produção do Não tecido: O Não tecido foi obtido por eletrofiação
mediante as seguintes condições de trabalho: vazão do polímero e do óleo de
citronela de 1,0 mL/h; voltagem aplicada as soluções de 25kV; distância entre
agulhas e coletor de 12 cm; rotação da placa coletora de 5 RPM; volume infundido
de 1,5 ml; umidade relativa de 68,4% e temperatura ambiente de 24,8 °C.
• Incorporação do agente repelente: O agente repelente foi incorporado ao Não
tecido por electrospraying, simultaneamente ao processo de electrospinning,
sendo pulverizado aleatoriamente nas camadas do Não tecido sendo formado.
• Análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV): A análise morfológica
dos Não tecidos produzidos foi realizada por microscopia eletrônica de
varredura em um microscópio eletrônico da marca JEOL, modelo JSM-6390LV.

4 RESULTADOS

Neste trabalho, o PET foi utilizado como matéria-prima para produção


de um Não tecido eletrofiado para produção de cortinas de proteção com a
funcionalidade de repelência a insetos. Os Não tecidos eletrofiados foram
analisados por microscopia eletrônica de varredura e as imagens são mostradas
a seguir.

FIGURA 1 – NÃO TECIDO DE PET ELETROFIADO COM AMPLIAÇÃO DE 2000 VEZES:


A) SEM ADIÇÃO DE CITRONELA; B) COM CITRONELA

As análises de imagem mostram que o PET tem grande potencial de


eletrofiação, produzindo fibras regulares, de diâmetro constante na escala
submicrométrica, sem a presença dos indesejados beads, como mostra a Figura 1 (a).
Beads são gotas de polímero não estiradas, que causam irregularidade no diâmetro
das fibras e aparecem devido às condições de trabalho pouco controladas.

140
TÓPICO 3 — ETIQUETAGEM E REGULAMENTAÇÃO

O processo de eletrofiação foi otimizado para produzir fibras íntegras,


porém, com espaço tridimensional poroso para incorporação do agente repelente,
como é evidenciado na Figura 1 (b), em que as gotas do repelente, pulverizadas
via electrospraying, encontram-se distribuídas entre as camadas de fibras.

5 CONCLUSÃO

Este estudo mostrou que a eletrofiação é uma técnica viável para a


reciclagem do PET, permitindo a adição de compostos que aumentem o valor
agregado do Não tecido, como por exemplo, a citronela. A eletrofiação produziu
Não tecidos uniformes, com diâmetros de fibra regulares, sem a presença dos
indesejados beads, indicando a viabilidade do processo de eletrofiação como
alternativa a reciclagem de PET.

FONTE: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/
chemicalengineeringproceedings/cobeqic2015/136-32497-247255.pdf>. Acesso em: 1° abr. 2021.ᵒ°

141
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A etiquetagem vem percorrendo um caminho evolutivo em questão de


regulamentação desde 1988, e está sendo atualizada a cada intervalo de tempo,
como vimos até aqui.

• A etiquetagem ainda possui critérios e normas de elaboração que devem ser


observados, para estar em conformidade.

• O Inmetro é responsável pela fiscalização dos critérios de elaboração, garantindo


justa concorrência.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

142
AUTOATIVIDADE

1 A norma de elaboração de etiquetas, NM-ISO 3758:2013, aponta a


obrigatoriedade de informações que precisam constar nas etiquetas de
têxteis e seus derivados. Sabe-se que a simbologia também é um modo
de repassar informação, ela pode ser colocada na etiqueta por meio de
formas/símbolos ou escrita, informando sobre os cuidado e manuseios
necessários para a conservação do produto. Neste sentido, sobre as normas
de elaboração, é CORRETO afirmar:

a) ( ) É obrigatório constar somente o nome ou razão social ou marca registrada


do fabricante, o CNPJ, uma indicação de tamanho e, pelo menos, os cinco
principais tratamentos de conservação do produto têxtil.
b) ( ) É obrigatório constar o nome ou razão social ou marca registrada do
fabricante, o CNPJ, país de origem, nome das fibras ou filamentos
têxteis e seu conteúdo expresso em porcentagem, uma indicação de
tamanho e, pelo menos, os cinco principais tratamentos de conservação
do produto têxtil.
c) ( ) É obrigatório constar somente o nome ou razão social ou marca
registrada do fabricante, o CNPJ, país de origem, nome das fibras
ou filamentos têxteis e seu conteúdo expresso em porcentagem, uma
indicação de tamanho.
d) ( ) É obrigatório constar somente o CNPJ, país de origem, nome das fibras
ou filamentos têxteis e seu conteúdo expresso em porcentagem, uma
indicação de tamanho e, pelo menos, os cinco principais tratamentos
de conservação do produto têxtil.

2 As simbologias são um modo visual de repassar ao consumidor como


ele pode cuidar de seu produto. A colocação dos cuidados pode
ser informada por símbolos internacionalmente norma­lizados, por
textos descritos em norma para evitar informações incompletas ou
ainda colocar o símbolo acompanhado por texto. Muitos produtores
alegam que os consumidores não conhecem os símbolos, porém esse
reconhecimento dos símbolos só ocorrerá com o tempo, pois se tornará
um hábito (ABNT, 2012). De acordo com o conteúdo sobre simbologia,
associe os itens utilizando o código a seguir:

I- Símbolo de tratamento suave.


II- Símbolo de temperatura.
III- Símbolo de tratamento com alvejante.

( ) Indicado pela forma de triângulo.


( ) Indicado com um ou dois tracinhos abaixo do símbolo.
( ) Indicado pela presença de pontinhos ou números no interior da forma.

143
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) II – III – I.
b) ( ) I – II – III.
c) ( ) III – I – II.
d) ( ) I – III – II.

3 Conforme podemos encontrar na Portaria n° 296, de 12 de junho de 2019,


no capítulo VII: “A informação sobre os tratamentos de cuidado para
a conservação é obrigatória. A declaração dessa informação deve estar
de acordo com a norma NM ISO 3758:2013. Essa informação poderá ser
indicada por símbolos ou textos ou ambos, ficando a opção a cargo do
fabricante ou do importador ou daquele que apõe sua marca exclusiva ou
razão social ou de quem possua licença de uso de uma marca, conforme
o caso. São alcançados por essa obrigatoriedade os seguintes processos:
lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e cuidado têxtil profissional,
que deverão ser informados na sequência descrita” (INMETRO, 2019,
p. 6). O não cumprimento da norma acarreta penalidade imposta pelo
fiscalizador INMETRO. Sobre o Inmetro, podemos afirmar:

I- O Inmetro objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua


produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria
da qualidade de produtos e serviços.
II- O Inmetro é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Economia,
que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro).
III- Inmetro é abreviatura de Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia.
IV- O Inmetro possui competências e atribuições bem definidas e uma
delas é estimular a utilização das técnicas de gestão da qualidade nas
empresas brasileiras.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente as afirmativas I, II estão corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

4 No dia 12 de julho de 2019, foi lançada a Portaria n° 296, que estabeleceu


o  Regulamento Técnico do Mercosul sobre a Etiquetagem de Produtos
Têxteis envolvendo os países Argentina, Paraguai e Uruguai. Discorra
sobre como as informações obrigatórias devem ser indicadas e como se
deve escolher o “meio”:

144
5 Para manter a integridade de uma peça de vestuário, ou mesmo de um
tecido, é importante prestar atenção quanto aos cuidados com manuseio
(lavagens, passadoria etc.). Quando os cuidados indicados são seguidos, eles
garantem que a peça não estrague ou perca sua qualidade precocemente.
Para isso, conhecer os símbolos impressos nas etiquetas informativas
é imprescindível. Discorra sobre a simbologia utilizada, quando não é
possível fazer determinado tipo de tratamento.

145
REFERÊNCIAS
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Classificação, identificação e aplicações de não tecidos. São Paulo: ABINT,
2001. Disponível em: http://www.abint.org.br/pdf/Manual_ntecidos.pdf. Acesso
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Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Normalização:


caminho da qualidade na confecção. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. Disponível
em: http://abnt.org.br/paginampe/biblioteca/files/upload/anexos/pdf/
d2f9da2dc7058b510ebf8923e474a88d.pdf. Acesso em: 1° abr. 2021.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO


3758:2006. Têxteis - códigos de cuidado usando símbolos. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8719-


1994. Símbolos de cuidado para conservação de artigos têxteis - Simbologia. Rio
de Janeiro: ABNT, 1994.

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bioética. Santo André: UFABC, 2016.

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INMETRO – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E


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PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. São Paulo: Editora
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RUBBO, R. Tecidos especiais: classificação e construções. Audaces,


Florianópolis, 7 fev. 2014. Disponível em: https://audaces.com/tecidos-especiais-
classificacao-e-construcoes/#:~:text=Os%20Tecidos%20Especiais%20recebem%20
essa,de%20fibras%20aplicadas%20aos%20tecidos. Acesso em: 1° abr. 2021.

SOUZA, R. G. de. Os Designs de têxteis das vanguardas modernistas: o


objeto artístico e o objeto históriso. Nava, Juiz de fora, v. 7, n. 1-2, p. 114-134,
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2014. Disponível em: http://www.braffix.com.br/novidades/tagless-tecnologia.
Acesso em: 1° abr. 2021.

TECNOLOGIA de tingimento a frio é a mais sustentável para algodão e


viscose. Assintecal, Novo Hamburgo, 2 out. 2019. Disponível em: https://
www.assintecal.org.br/noticias/1798/tecnologia-de-tingimento-a-frio-e-a-mais-
sustentavel-para-algodao-e-viscose. Acesso em: 1° abr. 2021.

UDALE, J. Fundamentos do design de moda: tecidos e moda. Porto Alegre:


Bookman, 2009.

148
UNIDADE 3 —

MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA:


PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA
(P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os conceitos que norteiam a sustentabilidade;

• entender como identificar as ações que devem ser postas em prática


para que se obtenha melhor aproveitamento produtivo, guiando-se por
metodologia e não apenas por saber empírico;

• conhecer os conceitos norteadores da Indústria 4.0;

• compreender a questão da inovação sob diferentes perspectivas do Design.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – MEIO AMBIENTE

TÓPICO 2 – INDÚSTRIA 4.0

TÓPICO 3 – INOVAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

149
150
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico abordaremos questões relativas ao meio ambiente
focando em sustentabilidade produtiva. Salientamos que existem muitas
perspectivas diferentes em relação a este assunto, abrangemos inicialmente um
contexto geral e, posteriormente, direcionaremos por perspectivas do design.

É muito importante fixar a informação de conceitos e abordagens sob a


ótica do Design, nossa área de conhecimento e estudos. Entendemos que cada
área possui seu modo e suas perspectivas diante de uma mesma problemática,
neste caso, veremos como o design pode lidar com questões que permeiam a
sustentabilidade especialmente no viés produtivo, ou seja, está diretamente
ligado ao desenvolvimento e produção de materiais têxteis, bem como pode ser
aplicado a diversos outros setores a depender de cada interpretação adaptação
dos conceitos teóricos.

Veremos, portanto, no Subtópico 2 deste tópico, os conceitos de meio


ambiente, sustentabilidade, educação ambiental para uma sustentabilidade global
e como o design pode contribuir neste contexto. No Subtópico 3, estudaremos
a tecnologia limpa e, de modo específico, veremos o método de Produção mais
Limpa (P+L), entenderemos os conceitos e princípios do P+L e quais são as
principais barreiras encontradas em sua implementação, quais são os benefícios
dessa aplicação e como essa metodologia pode ser utilizada como uma ferramenta
de melhoria contínua. No Subtópico 4, veremos de modo bem detalhado as fases
de implementação do P+L. Para finalizar este tópico, você poderá testar seu
aprendizado por meio das autoatividades.

Você pode verificar por esta introdução que seguiremos uma linha de
raciocínio lógica, com um passo a passo desde a compreensão da problemática
até a possibilidade de resolução, que contemple aspectos ambientais sustentáveis
e equilibrados com a capacidade de resiliência ambiental, muito discutido na
atualidade devido às emergências socioambientais. Seguimos, portanto, tratando
sobre meio ambiente e sustentabilidade na perspectiva do design.

151
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

2 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: PERSPECTIVAS EM


DESIGN
Um contexto ambiental é aquele do mundo, mundo da natureza e mundo
das interconexões globais de caráter político, econômico, social e cultural.
A questão da natureza e suas implicações de caráter ecológico tornam-se
emergênciais, um contexto de fatores perigosos, de modo que ninguém evitará
enfrentá-las. Apresenta-se uma realidade entre a catástrofe e o desenvolvimento
sustentável, com uma margem de indefinição muito elevada. Sob esse fundo,
se coloca o mundo em que vivemos, um sistema complexo em que cada evento
local engatilha uma cadeia de efeitos globais, e que, na maioria das vezes, são
imprevisíveis (MAURI, 1996).

Neste sentido, buscamos entender de que modo podemos contribuir


para a sustentabilidade, respeitando os limites ambientais e enfrentando as
emergências. Reconhecemos e nos entendemos como parte do meio ambiente.
Vemos o mundo como nossa casa e, desse modo, ao percebermos necessidades
ambientais emergentes, esta emergência é, na realidade, global.

2.1 MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A


SUSTENTABILIDADE GLOBAL
Acadêmico, é importante compreender que se faz necessária a capacidade
de reconhecer as emergências que provocaram, provocam e provocarão
desequilíbrios ambientais, bem como reconhecer os fatores que interagem em
todo o sistema. Vamos entender, historicamente, o surgimento dessa preocupação
ambiental (MAURI, 1996).

Movimentos voltados à proteção do meio ambiente começaram a


apontar, de modo globalizado, a partir da ECO 92, realizada no Rio de Janeiro,
por uma iniciativa da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento. Preocupados com as catástrofes e os acidentes ambientais
que vinham se acentuando. A diminuição da camada de ozônio, os terremotos,
os acidentes de vazamento de óleo ou materiais poluentes em oceanos e rios,
queimadas, explosões em usinas atômicas etc. que comprometem a vida no
planeta, foram alguns dos fatores causa desse cenário preocupante. Diante disso,
cresceu um alerta para os indivíduos assumirem seu papel enquanto responsáveis,
impulsionando movimentos para salvaguardar o planeta (DE CARLI et al. 2012).

A expressão desenvolvimento sustentável foi criada em 1987, no


Relatório Brundtland da Organização das Nações Unidas (ONU), o qual recebeu
a denominação de Nosso Futuro Comum (CMMAD, 1991). O relatório introduziu
o conceito de desenvolvimento sustentável, na perspectiva de harmonizar o

152
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

desenvolvimento econômico, com a proteção do meio ambiente, e buscar


a equidade social. Dessas três vertentes, a que “melhor sabemos fazer” é
a econômica, a ambiental estamos iniciando e a social é o grande desafio (DE
CARLI et al. 2012).

Conceitualmente, a ONU define que “Desenvolvimento Sustentável é


o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer
a capacidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”
(CMMAD,1991, p. 46).

No Design, o qual, aqui, compreendemos como área projetual criativa,


vem se discutindo os limites de recursos e o impacto de nossa produção de
material no meio ambiente. No livro Design para o mundo real: ecologia humana e
mudança social, Papanek (1985) forneceu uma crítica aprofundada da profissão de
design destacando seu papel no incentivo ao consumo e, portanto, contribuindo à
degradação ecológica e social. Seu trabalho refletia uma resposta concentrando-se
não apenas em melhorar os resultados da atividade de design, mas promovendo
transformação da profissão de design. Nesse tempo, existia o que era chamado
de atitudes “verdes” na profissão de design, o que não demonstrava um grande
resultado transformador, apesar do desejo elevado de mudança (CESCHIN;
GAZIULUSOY, 2016).

Os primeiros esforços voltados para sustentabilidade podem ser vistos


na prática de design verde, na qual os designers focaram, principalmente, na
redução do impacto ambiental através do redesenho das qualidades dos produtos
individuais. Obteve-se bons resultados seguindo a hierarquia de resíduos,
ou método dos 3R (reduzir – reutilizar – reciclar), o qual objetivava reduzir a
quantidade de material usado em um produto, reutilizar peças ou produtos
inteiros na concepção de novos produtos, substituindo materiais virgens com
materiais reciclados, substituindo materiais tóxicos/perigosos por não perigosos
etc. Neste período, também surgiram os primeiros projetos focados no uso de
energia, como lâmpadas solares. O design verde significou melhorias de eficiência
no produto e engenharia de processo (CESCHIN; GAZIULUSOY, 2016).

Embora considerado um grande passo em relação à utilização de


materiais, o design verde ainda era carente de profundidade em suas intenções.
Notou-se uma promoção de consumismo verde, e não apresentou uma
capacidade significativa para gerar ganhos ambientais. Ou seja, faltou instigar
um comportamento sustentável pensando na problemática ambiental como um
conjunto no qual haja equilíbrio entre as necessidades humanas e a capacidade de
regeneração natural (CESCHIN; GAZIULUSOY, 2016).

Além do design verde, novas abordagens de design começaram a surgir


nesse mesmo viés, a exemplo do ecodesign. Uma abordagem de ecodesign
pôde fornecer aos designers um conjunto de estratégias de design para reduzir
o impacto ambiental de um produto em todo o seu ciclo de vida. No entanto,
essa abordagem não dedica muita atenção à influência que o comportamento

153
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

dos usuários pode ter no impacto geral de um produto. E o design, enquanto


projeto, precisa considerar um comportamento sustentável, funcionando como
uma educação para a sustentabilidade.

A maneira como os consumidores interagem com os produtos pode


produzir impactos ambientais. Por exemplo, para produtos que consomem
energia quando são usados, este consumo é determinado principalmente pelo
comportamento do usuário (CESCHIN; GAZIULUSOY, 2016).

Desse modo, começou-se a explorar o papel do design enquanto


influenciador, focando no comportamento do usuário, desenvolvendo abordagens,
ferramentas e diretrizes que se concentram explicitamente no design para um
comportamento sustentável. Essas abordagens e ferramentas são construídas
sobre várias teorias de mudança de comportamento como, por exemplo, o Modelo
de Design for Sustainable Behavior (CESCHIN; GAZIULUSOY, 2016).

A transição para a sustentabilidade requer uma mudança profunda


na cultura, tanto social quanto industrial. Em particular, será necessária uma
reorientação de ideias de negócio, as quais se deslocam do tipo orientado para o
produto tradicional de negócio, para um novo, orientado para a sustentabilidade
global. E aí surge a teoria do Design Estratégico (D.E.), ou Design Estratégico para
a Sustentabilidade, que pode ser traduzido pela expressão projeto estratégico para a
sustentabilidade (MANZINI, 1999).

O que caracteriza o D.E. são seus processos, os quais configuram a


estratégia, ou seja, um modo de conseguir um resultado (qualquer que seja) de
interesse do coletivo. Além disso, compreende-se que o Design Estratégico é um
processo projetual que se dá pelas relações que se estabelecem entre as pessoas
movidas por uma intencionalidade (BISTAGNINO, 2016).

Nesta abordagem de D.E., o design está voltando para o modo como


as coisas devem ser – como elas devem ser afim de atingir metas e funcionar
(MANZINI, 2017), ou seja, segue a ideia de estratégia enquanto organização
que tem um objetivo comum e traça metas para alcançar. As estratégias de
design podem permear várias áreas e contar com diversos especialistas,
desde que, de algum modo, possam contribuir nas ações estratégicas. É uma
abordagem que pode promover e incentivar ações criativas, visto que abarca
diversos tipos de conhecimento.

O D.E. nas empresas (ou organizações) pode contribuir no caminho para


a sustentabilidade. Manzini (1999) escreve que as empresas, na sua transição
para a sustentabilidade, terão que aprender a fazer bons negócios diminuindo
a produção e consumo de bens físicos. Essa ideia pode parecer improvável se
o ponto de vista for aquele de que o bem estar está relacionado à quantidade
de bens consumidos. Entende-se, a partir da leitura do autor, que enquanto a
economia for guiada/baseada em produção de produtos físicos não há como fazer
bons negócios consumindo e produzindo menos.

154
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

Entende-se que os sistemas de valores e regras na economia e na política


são de construção humana e podem ser mudados. A hipótese de Manzini (1999) é
de que uma mudança iria acontecer e que já estava dando sinais. A preocupação
inicial direcionava para questões ambientais e pensamentos surgiam no sentido
de produzir produtos amigáveis e socialmente aceitáveis. Mas, do ponto de vista
do autor, este pensamento novamente leva a procura por novos produtos, novo
consumo, pensando e agindo pelo velho paradigma dominado pela cultura e
economia de mercadorias. Para desafiar esse paradigma e torná-lo um terreno
fértil para um novo sistema sustentável de produção e consumo, Manzini
(1999) propõe olhar para uma direção diferente, perceber sinais de mudança
não diretamente ligados à questão ambiental, olhar primeiro para a inovação
social impulsionada pelas tecnologias de informação e aumento de possibilidade
de gerir sistemas complexos de interações, particularmente, o que tange aos
produtos, produtores e usuários.

Manzini (1999) chama atenção para que seja promovida uma reorientação
ambiental, uma orientação ambiental das dinâmicas culturais, sociais e
econômicas impulsionada pela difusão das tecnologias de informação. O autor
alerta para a dificuldade na sociedade contemporânea, e traz uma alternativa
inovadora, trazer o futuro para o presente, fazendo algo hoje que, de certa
forma, antecipe o amanhã. Para ele, essa é uma forma de fazer a transição para
a sustentabilidade por caminhos que chamou de estratégias de curto prazo para
a sustentabilidade. Ele escreve que um possível passo para a sustentabilidade
é o mover-se a partir de uma combinação de produtos e serviços não sustentáveis
para outra combinação possível e sustentável. E que essa mudança (deslocamento)
necessária no padrão de consumo e comportamento para outro, pode ser visto
como uma descontinuidade sistêmica (MANZINI, 1999).

Ressalta-se a importância de observar os consumidores e sociedade


identificando as demandas não óbvias. Projeto estratégico para a sustentabilidade,
é uma atividade que abre novos mercados e apela para diferentes combinações de
produtos e serviços e os resultados de design estratégico podem ser vistos como
soluções ganha-ganha, ou seja, uma iniciativa em que todos ganham (fabricante,
usuário e meio ambiente) (MANZINI, 1999).

Outro caminho de design para construir um avanço inovador e significativo


dando rumo ao projeto para a sustentabilidade é o caminho do design sistêmico, que
acrescenta novo fôlego ao projeto enquanto sistema aberto e moldável conforme
a necessidade de cada sistema contemplado. É apontado como uma abordagem
que se inspira na natureza imitando ecossistemas. Bistagnino (2016) aponta que
este é um modo de ver o mundo produtivo de maneira sistêmica, distanciando do
foco exclusivo do produto ou do seu ciclo de vida, estendendo atenção à cadeia
produtiva inteira, considerando a problemática inerente dos descartes de trabalho
e a própria escassez de matéria-prima.

155
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Hoje, as condições de contexto requerem, e sempre mais requererão,


que os produtos venham concebidos sob a ótica do sistema. Esse viés sistêmico
de design é tido como uma nova abordagem na evolução do design para a
sustentabilidade.

O entendimento atual sugere que a sustentabilidade é uma propriedade do


sistema e não uma propriedade de elementos individuais de sistemas. Portanto,
alcançar a sustentabilidade requer uma abordagem sistêmica, multiescala e
baseada em processos para planejamento para a sustentabilidade guiado por
uma meta/visão (CESCHIN 2016).

A abordagem definida como design sistêmico remete ao centro, os valores


conectados ao homem e o fato dele viver no interior de um ecossistema. Sob
essa ótica, a produção deve ser considerada como uma forma de sustentação da
sociedade e não o seu fim último.

Afinal, queremos projetar o produto ou projetar o homem? Projetar a


forma ou a sociedade? Desejamos nos exprimir através de um design hedonístico
ou temos a propensão para o design humanístico?

Podemos observar, por meio dessas abordagens de design, que a


sustentabilidade tem sido tema de discussão de longa data. Além disso,
ressaltamos que estas discussões possuem diferentes dimensões e suas aplicações
podem estar relacionadas a áreas distintas, inclusive na indústria da moda ou
design de moda (MORGENSTERN; AGUIAR, 2016). “Preservar o meio ambiente
tornou-se essencial nas organizações, visto que a sustentabilidade está se
difundindo ligeiramente, o que faz empresas, meios de comunicação em massa
e organizações da sociedade incorporarem um novo estilo de vida e consumo”
(MORGENSTERN; AGUIAR, 2016, p. 97).

DICAS

Por vezes, tendemos defender nossa área de atuação, sem entender ao certo
quais os danos ambientais que ela causa. Você pode ver mais dos impactos da indústria
da moda, pesquisando livremente. Neste sentido, sugerimos a leitura do artigo Moda e
sustentabilidade: quais são os impactos da indústria da moda no meio ambiente e como
reduzí-los, disponível em: http://jornalismojunior.com.br/moda-e-sustentabilidade-quais-
sao-os-impactos-da-industria-da-moda-no-meio-ambiente-e-como-reduzi-los/.

No contexto da problemática das emergências relativas à sustentabilidade


global, e, ao mesmo tempo, com as necessidades produtivas inerentes ao
crescimento populacional, criam-se leis e regulamentos que visam minimizar os
impactos. Veremos, a seguir, quais são as principais leis de segurança ambiental.
156
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

2.2 PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS


É importante entender que, independente da área em que se atue, a
preocupação no cumprimento de obrigações regidas por leis devem ser seguidas
à risca, caso contrário, existe a aplicação de penalidades. Hoje o que garante a
segurança ambiental são as leis criadas para este fim. O IBF (Instituto Brasileiro
de Florestas) aponta uma relação das principais leis, vamos ver quais são:

QUADRO 1 – PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS

Novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651 – 2012)


Dispõe sobre a preservação da vegetação nativa e revoga o Código Florestal Brasileiro de
1965, determinando a responsabilidade do proprietário de ambientes protegidos entre a
Área de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL) em preservar e proteger
todos os ecossistemas. O Novo Código Florestal levanta pontos polêmicos entre os interesses
ruralistas e ambientalistas até os dias de hoje.
Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 – 1998)
 Trata das questões penais e administrativas no que diz respeito às ações nocivas ao meio
ambiente, concedendo aos órgãos ambientais mecanismos para punição de infratores,
como em caso de crimes ambientais praticados por organizações. A pessoa jurídica, autora
ou co-autora da infração, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela
tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. A punição pode
ser extinta caso se comprove a recuperação do dano.
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938 – 1981)
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus Fins e Mecanismos de Formulação
e Aplicação, e dá outras providências. Tem como objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental benéfica à vida, pretendendo garantir boas condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção
da qualidade da vida humana. Proíbe a poluição e obriga ao licenciamento, além de
regulamentar a utilização adequada dos recursos ambientais.
Lei de Fauna (Lei 5.197 – 1967)
  Esta Lei proporcionou medidas de proteção à fauna. Ela classifica como crime o uso,
perseguição, captura de animais silvestres, caça profissional, comércio de espécies da fauna
silvestre e produtos originários de sua caça, além de proibir a importação de espécie exótica
e a caça amadora sem autorização do IBAMA. Criminaliza também a exportação de peles
e couros de anfíbios e répteis.
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433 – 1997)
Institui a política e o sistema nacional de recursos hídricos. Define a água como recurso
natural limitado, provido de valor econômico, que pode ter diversos usos, como por
exemplo o consumo humano, produção de energia, transporte, lançamento de esgotos
e outros. Esta lei também prevê a criação do Sistema Nacional para a coleta, tratamento,
armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores que
interferem em seu funcionamento.
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei 9.985 – 2000)
Dentre seus objetivos, estão a conservação de variedades de espécies biológicas e dos
recursos genéticos, a preservação e restauração da diversidade de ecossistemas naturais e
a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais.

157
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Área de Proteção Ambiental (Lei 6.902 – 1981)


Estabelece as diretrizes para a criação das Estações Ecológicas e as Áreas de Proteção
Ambiental (APA’s). As Estações Ecológicas são áreas representativas de diferentes
ecossistemas do Brasil que precisam ter 90% do território inalteradas e apenas 10% podem
sofrer alterações para fins acadêmicos. Já as APA’s, compreendem propriedades privadas
que podem ser regulamentadas pelo órgão público competente em relação às atividades
econômicas para proteger o meio ambiente.
Política Agrícola (Lei 8.171 – 1991)
Essa lei objetiva a proteção do meio ambiente e estabelece a obrigação de recuperar os
recursos naturais para as empresas que exploram economicamente águas represadas e para
as concessionárias de energia elétrica. Define que o poder público deve disciplinar e fiscalizar
o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos
para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas, desenvolver programas de
educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre outros.

FONTE: <https://www.ibflorestas.org.br/conteudo/leis-ambientais>. Acesso em: 8 abr. 2021.

DICAS

Veja mais sobre as principais leis ambientais, no próprio site do IBF:


https://www.ibflorestas.org.br/conteudo/leis-ambientais.

Caro acadêmico, na área de gestão ambiental, podemos contar com


métodos que ajudam a adequar-se às leis ambientais, ao mesmo tempo em que se
insere uma nova cultura sustentável. O P+L (Produção mais Limpa), por exemplo,
é um modo ou uma estratégia que visa a diminuição de impactos ambientais, ao
mesmo tempo em que ajusta as instituições em relação às leis ambientais.

3 TECNOLOGIA LIMPA E O PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS


LIMPA (P+L)
Antes de adentrar no P+L, precisamos ressaltar que estamos considerando,
nesta abordagem, a questão do desenvolvimento sustentável sob a ótica
produtiva, ou seja, considerando modos de produção, maneiras de entender
e repensar o processo para que, dentro dele, possam ser aplicados na prática
conceitos e teorias voltados à sustentabilidade. Ressaltamos, ainda, que estamos
situados pelo viés da elaboração de materiais têxteis, Esses conceitos aqui
aprendidos podem ser adaptados ao setor têxtil tanto quanto em outros setores.

O mais importante, aqui, é entender que existem possibilidades sustentáveis


de produção. Assim sendo, é essencial entendermos que existem métodos que
podem auxiliar nesse processo e vêm sendo chamados de tecnologias limpas.

158
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

Hoje, no Brasil, podemos encontrar vários modelos produtivos


sustentáveis sendo difundidos, como Produção Mais Limpa (P+L); Prevenção
à Poluição (P2); Ecodesign; Ecoeficiência; Design Para Reciclagem (DfR) entre
outros (CEBRI, 2013). Além disso, agora em nível mundial, encontramos outras
ações que tratam a questão de redução de resíduos desde a fonte, alguns
exemplos são: o programa WRAP (Waste Reduction Always Pays – Redução de
resíduos sempre vale a pena), o qual a transformou numa das empresas líderes
dos EUA; Du Pont, com a ConAgra, na utilização do resíduo como matéria-
prima de outros processos; 3M, com o programa 3P (Pollution Prevention Pays,
isto é, prevenção da poluição vale a pena), que se tornou um exemplo bem
conhecido dos benefícios da prevenção da poluição.

Apesar de existirem tantos modos de resolver os problemas ambientais de


uma empresa produtiva, muitas receiam resolver seus problemas ambientais por
desconhecer os benefícios que podem surgir da adoção de medidas de proteção
ambiental (MEDEIROS et al., 2007).

Com o objetivo de alcançar a eficiência econômico-ambiental podemos


destacar o P+L, que contribui para que uma empresa possa se ajustar com as
leis ambientais, ao mesmo tempo em que ela pode alcançar ganhos financeiros
e até aumentar a sua competitividade. “Como meio eficaz de atingir a eficiência
econômica e ambiental, a chamada Produção mais Limpa está respaldada no
fato de que o meio mais eficaz em termos de custos ambientais para a redução
da poluição é analisar o processo na origem da produção e eliminar o problema
na sua fonte” (MEDEIROS et al., 2007, p. 110), esse é um método que vem se
desenvolvendo e ganhando credibilidade e aplicação desde 1970.

O P+L ganhou mais força com o programa dos Centros Nacionais de


Produção mais Limpa (National Cleaner Production Centres – NCPC), uma ação
desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Industrial (UNIDO) juntamente com o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (UNEP), no ano de 1994, com o objetivo de promover práticas e
produção mais limpa, principalmente em países não desenvolvidos ou aqueles
em desenvolvimento. A Figura 1 representa os locais onde a rede abrange.

159
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

FIGURA 1 – REDO P+L

FONTE: <https://lh3.googleusercontent.com/ePQOaKQx2BUCv081f3r-WFbNqx-ucSjiypkqi9pUA
c9jlxwLs8eOIslHSMaGo_hkH02am8I=s121>. Acesso em: 8 abr. 2021.

O P+L ensina a observar, levantar e atacar problemas desenvolvendo


soluções. Para isso, instiga os envolvidos a pensar de modo lógico e utilizar
seu conhecimento empírico e técnico, para sugerir alterações e modificações
inteligentes e econômicas de produzir. Ou seja, envolve as pessoas de modo que
elas sejam parte de toda a solução. Veremos, a seguir, os conceitos e princípios
que norteiam essa metodologia.

DICAS

Procure por livros sobre o tema, acadêmico, e amplie seus conhecimentos. Um


exemplo a ser citado é o livro Produção mais limpa no Brasil: subsídios para implantação,
de Graciane Regina Pereira e Fernando Soares Pinto Sant’Anna.

160
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

DICAS

No Brasil, o programa Produção mais Limpa possui um manual explicativo que


pode ser baixado em: https://www.senairs.org.br/es/node/18150.

3.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DO P+L


O conceito de tecnologia limpa pode ser compreendido como uma
metodologia que pode ser aplicada tanto em processos como em produtos e
serviços. Nos processos, o P+L permite a conservação de matéria prima na fonte.
Já nos produtos, permite a redução de danos ambientais por meio do ciclo de
vida, obtendo um produto para o qual haja um controle de todo seu ciclo desde
a produção em si até o descarte. E, quanto aos serviços, permite que a indústria
alinhe seus objetivos com os cuidados ambientais, incorporando leis e regras em
todas as fases, desde o planejamento até a execução. Para o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, 2015) o P+L é a aplicação contínua de
uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processo, produtos e serviços
para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente.
Ainda, para Fernandes et al. (2001 apud WERNER; BACARJI; HALL, 2003, p. 3)
Produção + Limpa é:

a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e


tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar
a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da
não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um
processo produtivo. Produção + Limpa também pode ser chamada de
Prevenção da Poluição, já que as técnicas utilizadas são basicamente
as mesmas.

O Produção mais Limpa implementa o princípio de prevenção e


precaução, de uma nova abordagem holística e integrada para questões
ambientais centradas no produto. Isso porque entende-se que, na grande maioria,
os problemas ambientais têm como causa a forma e o rítmo de produção e
consumo dos recursos. Além disso, considera necessário a participação popular
na tomada de decisões políticas e econômicas.

Alguns aspectos importantes resultantes da implementação do P+L podem


ser apontados: o primeiro, a não geração de resíduos; o segundo, minimização
da geração dos resíduos; o terceiro, o reaproveitamento dos resíduos dentro
do próprio processo; e o quarto, não havendo possibilidade de aplicar os três
primeiros, utiliza-se de reciclagem na formação de novos produtos.

161
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Diante disso, podemos entender que as questões ambientais evoluem, se


anteriormente o pensamento era com a disposição dos resíduos, hoje, a preocupação
está em prevenir os danos para não gerar resíduos. Vejamos a Figura 2:

FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS

FONTE: Adaptado de Senai.RS (2003b)

O P+L traz consigo a questão de responsabilidade ambiental e de mudança


de cultura. Anteriormente, as posturas assumidas, de cunho ambiental, tratavam
de reparar os danos causados ao meio ambiente, diferente do pensamento atual
de prevenção a esses danos, conforme ilustra a Figura 3:

162
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

FIGURA 3 – POSTURA CONVENCIONAL E POSTURA ATUAL

FONTE: Adaptado de Senai.RS (2003b)

Em uma produção que segue modos convencionais, é muito comum


encontrarmos modelo de produção como o ‘fim de tubo’, no qual existe a
solução de um problema, porém sem questioná-lo, sem buscar a solução na raíz
do problema.

Mudar uma cultura instalada exige esforço, atitude e muito planejamento.


Ao olharmos para um cenário que precisa de mudança encontramos
desafios. Veremos, portanto, algumas barreiras comumente enfrentadas na
implementação.

3.2 BARREIRAS PRINCIPAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO


É importante sabermos que existem barreiras potenciais que podem
impedir ou retardar a adoção do programa Produção mais Limpas nas empresas.
Os maiores obstáculos identificados dizem respeito à resistência à mudança,
à concepção errônea (falta de informação sobre a técnica e a importância dada
ao ambiente natural), à inexistência de políticas nacionais que deem suporte às
atividades do P+L; barreiras econômicas, por exemplo, alocação incorreta dos
custos ambientais e investimentos; barreiras técnicas (novas tecnologias) (SENAI.
RS, 2003a). Acadêmico, pontuamos algumas barreiras de modo mais direto, para
melhor compreenção:

• Barreiras conceituais: nesta podemos destacar a falta de percepção do


potencial papel positivo da empresa na solução dos problemas ambientais; a
interpretação incorreta e limitada do conceito do P+L; resistência à mudança.

163
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

• Barreiras organizacionais: falta de liderança interna para questões ambientais;


percepção pelos gerentes do esforço e risco relacionados à implementação de
um programa P+L, pois existe uma falta de incentivo para participação no
programa e possibilidade de revelação dos erros operacionais existentes.
• Barreiras técnicas: ausência de uma base operacional sólida; complexidade
do P+L, pois necessita de empreender uma avaliação extensa e profunda para
identificação de oportunidades do P+L; acesso limitado à informação técnica
mais adequada à empresa, bem como desconhecimento da capacidade de
assimilação dessas técnicas pela empresa.
• Barreiras econômicas: investimentos em programas P+L não são rentáveis
quando comparados a outras alternativas de investimento; desconhecimento
do montante real dos custos ambientais da empresa; alocação incorreta dos
custos ambientais aos setores em que são gerados.
• Barreiras financeiras: alto custo do capital externo para investimentos em
tecnologias; falta de linhas de financiamento e mecanismos específicos de
incentivo para investimentos em programas P+L; percepção incorreta de que
investimentos em programas Produção mais Limpa representam um risco
financeiro alto devido à natureza inovadora destes projetos.
• Barreiras políticas: foco insuficiente nas estratégias ambiental, tecnológica,
comercial e de desenvolvimento industrial; desenvolvimento insuficiente de
estrutura de política ambiental, incluindo a falta de aplicação das políticas
existentes.

Para além das barreiras que podem ser encontradas, também temos os
benefícios da implementação do P+L, os quais veremos em sequência.

3.3 BENEFÍCIOS DO P+L


Implementar o P+L permite que a empresa conheça seu processo de
forma melhor, identificando as suas necessidades. Proporciona um completo
entendimento do sistema de gerenciamento da empresa/indústria. Pontualmente,
podemos apontar cinco maiores benefícios ambientais:

• Eliminação/redução de resíduos: procura eliminar o lançamento de resíduos


no meio ambiente ou reduzí-los substancialmente. Entende-se por resíduos
todos os tipos de poluentes, incluindo resíduos sólidos, perigosos ou não,
efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído ou qualquer tipo de
perda que ocorra durante o processo de geração de um produto ou serviço.
• Produção sem poluição: processos produtivos ideais, de acordo com o
conceito de produção mais limpa, ocorrem em um circuito fechado, sem
contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais com a máxima
eficiência possível.
• Eficiência energética: a produção mais limpa requer os mais altos níveis de
eficiência energética na produção de bens e serviços. A eficiência energética
é determinada pela maior razão possível entre energia consumida e produto
final gerado.

164
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

• Saúde e segurança no trabalho: a produção mais limpa procura sempre


minimizar os riscos para os trabalhadores através de um ambiente de trabalho
mais limpo, mais seguro e mais saudável.
• Produtos ambientalmente adequados: o produto final, bem como todos os
subprodutos comercialmente viáveis, devem ser ambientalmente adequados
tanto quanto possível. Fatores relacionados à saúde e ao meio ambiente devem
ser priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto, e devem ser
considerados ao longo de todo seu ciclo de vida, da produção à disposição,
passando pelo uso (SENAI.RS, 2003b).

3.4 APLICAÇÃO DO P+L COMO FERRAMENTA DE


MELHORIA CONTÍNUA
A produção mais limpa envolve interações complexas com desempenho
econômico e social. Ela desempenha um papel importante no desenvolvimento
sustentável. Aposta na implementação das melhores práticas ambientais em
processos de fabricação e operacionais. O P+L pode ser definido como um
processo contínuo de melhoria que visa o uso eficiente dos recursos naturais
evitando impactos ambientais de processos, produtos ou serviços, gerando
benefícios econômicos e mudança organizacional.

É, portanto, considerado uma ferramenta de melhoria contínua, porque


conta com a modificação do processo visando minimizar emissões poluentes
criada pelo processo de fabricação ou operações através da redução do consumo
de matéria-prima, água e energia, bem como minimizando a emissão e geração
de resíduos nocivos à saúde ambiental.

4 FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO P+L


O principal elemento da avaliação de produção mais limpa é a análise dos
fluxos de material e de energia que entram e saem do processo, a fim de identificar
oportunidades de produção mais limpa e resolver, na fonte, os problemas
relacionados à geração de resíduos e emissões. Este método está inserido em um
procedimento que promove a verdadeira implementação destas oportunidades e
inicia atividades constantes de produção mais limpa dentro da empresa (SENAI.
RS, 2003a).

O Produção mais Limpa se divide em cinco fases distintas: planejamento


e organização; pré-avaliação; avaliação; estudo de viabilidade e implementação.
Conforme ilustra o Quadro 2:

165
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

QUADRO 2 – FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DO P+L

FONTE: Senai.RS (2003a, p. 1)

Cada uma dessas fases compreende vários outros passos, que se moldam
conforme a necessidade do projeto. 

Agora vamos ver, de modo esquemático, como podemos desenvolver na


prática essa aplicação, desde a visita ao cliente (empresa/indústria) até o plano de
continuidade. O organograma apresentado na Figura 4 mostra as etapas e, dentro
de cada etapa, as ações que devem ser tomadas para implementar: 

166
TÓPICO 1 — MEIO AMBIENTE

FIGURA 4 – ETAPAS DE APLICAÇÃO DO P+L

FONTE: Senai.RS (2003b, p. 19)

Neste organograma podemos observar que cada uma das etapas está
acompanhada por subpassos essenciais para avançar na implementação. 

Podemos verificar facilmente esses subpassos na aplicação descrita


por Medeiros et al. (2007). Ele divide o processo de aplicação por estágios
bem definidos e descreve que “O Programa de Produção mais Limpa tem seis
estágios, composto de 22 passos, divididos desde o planejamento até a avaliação,
monitoramento e continuidade do programa” (MEDEIROS et al., 2007, p. 115). O
Quadro 3 mostra, para cada fase, o que foi considerado nos subpassos. 

167
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

QUADRO 3 – ESTÁGIOS, DESCRIÇÃO E PASSOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO P+L

FONTE: Adaptado de Medeiros et al. (2007)

Estes sub passos, bem como a sua descrição da atividade correspondente,


ilustram uma ação de implementação planejada e com foco nos resultados de
melhoria contínua e na sustentabilidade de todo o processo produtivo.

DICAS

Acadêmico, busque pelo artigo: Aplicação da Produção mais Limpa em uma


empresa como ferramenta de melhoria contínua. Ele traz detalhadamente esta aplicação
do P+L na indústria, discute os resultados e mostra toda a organização necessária para
realização. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/prod/v17n1/07.pdf.

168
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem emergencias ambientais e que essas emergências vêm sendo discutidas


de forma mais acentuada desde os anos 1990, a partir da Eco92.

• Existem metodologias de design que projetam sustentabilidade por meio de


seus processos produtivos, a exemplo do Design verde, Ecodesign, Design
sistêmico.

• Existem leis ambientais que amparam o meio ambiente e forçam as indústrias a


estar em conformidade e vimos algumas das principais.

• Para estarmos alinhados com a sustentabilidade produtiva, podemos aderir a


tecnologias limpas como, por exemplo, o P+L.

169
AUTOATIVIDADE

1 Há vários modelos produtivos sustentáveis e de prevenção da poluição


sendo difundidos no Brasil. Podemos apontar alguns exemplos como:
Ecodesign; Ecoeficiência; Design Para Reciclagem (DfR) entre outros
(CEBRI, 2013). O conceito de tecnologia limpa pode ser compreendido
como uma metodologia que pode ser aplicada tanto em processo quanto
em produtos e serviços. Sabendo que o P+L é uma tecnologia limpa, dentre
as afirmativas a seguir, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Nos produtos, permite a redução de danos ambientais, por meio do


ciclo de vida obtendo um produto para o qual haja um controle de todo
seu ciclo, desde a produção em si até o descarte.
b) ( ) Nos serviços, permite que a indústria obtenha grandes lucros baseado
no status sustentável.
c) ( ) Nos processos, o P+L permite a conservação de matéria prima na fonte.
d) ( ) Permite aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao
meio ambiente.

2 A criação de leis é uma alternativa que assegura o cumprimento de regras


estabelecidas em detrimento a um bem comum. Para a preservação do meio
ambiente no Brasil, foram criadas leis que devem ser consideradas a todo
tempo. Com base nas principais leis ambientais apresentadas, analise as
descrições a seguir:

I- Lei 6.902 de 1981: estabelece as diretrizes para a criação das Estações


Ecológicas e as Áreas de Proteção Ambiental (APAs). As Estações
Ecológicas são áreas representativas de diferentes ecossistemas do Brasil
que precisam ter 90% do território inalteradas e apenas 10% podem sofrer
alterações para fins acadêmicos. Já as APAs compreendem propriedades
privadas que podem ser regulamentadas pelo órgão público competente
em relação às atividades econômicas para proteger o meio ambiente.
II- Lei 9.985 de 2000: dentre seus objetivos, estão a conservação de
variedades de espécies biológicas e dos recursos genéticos, a preservação
e restauração da diversidade de ecossistemas naturais e a promoção do
desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais.
III- Lei 9.605 de 1998: trata das questões penais e administrativas no que
diz respeito às ações nocivas ao meio ambiente, concedendo aos órgãos
ambientais mecanismos para punição de infratores, como em caso de
crimes ambientais praticados por organizações. A pessoa jurídica, autora
ou coautora da infração, pode ser penalizada, chegando à liquidação da
empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um
crime ambiental.

170
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O programa Produção mais Limpa (P+L) é um método que vem se


desenvolvendo e ganhando credibilidade e aplicação desde 1970, está
respaldado no fato de que o meio mais eficaz, em termos de custos
ambientais para a redução da poluição, é analisar o processo na origem da
produção e eliminar o problema na sua fonte. Sobre o P+L, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) P+L contribui para que uma empresa possa se ajustar com as leis
ambientais, ao mesmo tempo em que ela pode alcançar ganhos financeiros
e até aumentar a sua competitividade.
( ) P+L pode ser aplicado com objetivo de alcançar a eficiência econômico-
ambiental.
( ) O P+L contribui mais para ganhos financeiros do que para ganhos
ambientais e por isso oferece vantagem competitiva.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A questão da natureza e suas implicações de caráter ecológico tornaram-se


emergenciais, um contexto de fatores perigosos, de modo que ninguém pode
e poderá evitar enfrentá-las. Apresenta-se uma realidade entre a catástrofe
e o desenvolvimento sustentável, com uma margem de indefinição muito
elevada. Sob este fundo, se coloca o mundo em que vivemos, um sistema
complexo no qual cada evento local engatilha uma cadeia de efeitos globais
que, na maioria das vezes, são imprevisíveis. Com base no exposto, disserte
sobre o que está sendo considerado como ‘contexto ambiental’.

5 Dentro das tecnologias limpas podemos destacar a ‘Produção mais Limpa’


ou P+L, que “significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica,
ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de
aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através
da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um
processo produtivo” (FERNANDES, 2001 apud WERNER; BACARJI; HALL,
2003, p. 3). Nesse contexto, disserte sobre as fases de aplicação do P+L.

171
172
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

INDÚSTRIA 4.0

1 INTRODUÇÃO
A Indústria 4.0 é uma nova era de Revolução Industrial, na qual as empresas
têxteis e de vestuário estão adotando e integrando tecnologias avançadas para
alcançar a sustentabilidade e vantagem competitiva. 

Grandes melhorias são percebidas no negócio de varejo de vestuário porque


as empresas de vestuário são mais propensas a adotar as tecnologias da Indústria 4.0
com soluções de inteligência de negócios (Business Intelligence – BI) avançadas.

A Revolução Industrial moderna durou várias centenas de anos e agora é


a era da Indústria 4.0 começou. A ideia da Indústria 4.0 foi originalmente proposta
para o desenvolvimento da economia, em 2011.  A contínua Indústria 4.0, com
características de produção de sistemas cyber-físicos (Cyber Physical Systems), inclui
a integridade do conhecimento com o uso de dados heterogêneos. 

As principais funções dos Cyber Physical Systems (CPS) são para atender
aos desafios de produção ativos e dinâmicos. O CPS da Indústria 4.0 é baseado
no uso de tecnologias para aumentar a eficiência e eficácia de toda a indústria. 

A Indústria 4.0 inclui muitas tecnologias e sistemas associados, incluindo


planejamento de recursos empresariais (ERP), identificação por radiofrequência
(RFID), Internet das Coisas (IoT), computação em nuvem, realidade aumentada e
robótica colaborativa com aprendizado de máquina e Big Data (LU, 2017).

Diante da importância do tema, aprenderemos, no Subtópico 2, sobre a


quarta Revolução Industrial, passando pelo histórico das revoluções e o surgimento
da 4ᵃ Revolução Industrial; veremos os conceitos e definições da Indústria 4.0,
seus princípios e as tecnologias utilizadas. No Subtópico 3, veremos a adequação
da área têxtil ao contexto da Indústria 4.0 e o uso de novas tecnologias. Por fim,
você verá um breve resumo do aprendizado e, posteriormente, responderá às
autoatividades relativas aos temas abordados.

173
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

2 INDÚSTRIA 4.0: A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


Podemos apontar algumas características potenciais da Indústria 4.0:
automação, digitalização, alocação, produção, otimização e adaptação da
interação homem-máquina, bem como um valor agregado corporativo processos e
comunicação que se baseiam na troca automática de dados.

A visão de futuro da produção conta com eficientes sistemas de manufatura


e essa característica cria cenários em que o produto tem seu próprio processo de
fabricação, ou seja, individualmente. No entanto, esse sistema deve manter as
eco-condições econômicas de produção em massa. Nessa perspectiva, o termo
“Indústria 4.0” foi estabelecido visando uma 4ᵃ Revolução Industrial planejada.
Vale ressaltar que a sustentabilidade econômica assume um papel central da na
adoção das tecnologias na Indústria 4.0, nas empresas têxteis no mundo.

Pode-se destacar o conceito de sustentabilidade firmado em três pilares


(Triple Bottom Line) sendo eles: o pilar econômico, o pilar ambiental e o pilar
social. Estima-se que a Indústria 4.0 vai impactar positivamente esses três pilares.

Vamos compreender as questões envolvidas em cada pilar:

• desenvolvimento econômico: promoção de lucro, criação de empregos, atração


de consumidores, redução de custos, antecipação e gerenciamento de risco e
busca de competitividade ao longo do prazo;
• responsabilidade ambiental: conservação de energia e recursos, consumo de
energia renovável e menos poluente, reciclagem, minimização de embalagens
e redução de emissão de carbono;
• bem-estar social: criação de normas e condições de trabalho, melhoria da
comunidade e desenvolvimento de responsabilidade social nos produtos e
serviços (PALMA et al., 2017).

2.1 HISTÓRICO DAS REVOLUÇÕES E O SURGIMENTO DA


4a REVOLUÇÃO
Uma das principais indústrias beneficiadas com a Revolução Industrial
foi a indústria têxtil. A indústria têxtil foi baseada no desenvolvimento de tecidos
e roupas. Antes do início da Revolução Industrial, que começou nos anos 1700, a
produção de bens era feita em escala muito pequena. Os historiadores referem-se a
este método de produção como a “indústria caseira”. Simplificando, a indústria
artesanal se refere a um período de tempo em que os produtos à venda eram
produzidos em uma escala muito pequena, geralmente em uma casa.

Nesse sistema, as pessoas produziam bens, como lã, em suas casas ou


fazendas e depois os vendiam para as comunidades locais, já que o transporte de
longa distância não era comum. Esse método de produção era lento e ineficiente
e lutava para acompanhar o ritmo da crescente demanda causada pelo aumento

174
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0

da população. Em contraste, a industrialização permitiu que os bens fossem


produzidos em uma localização central e em grande escala. Também levou a
inventos que ajudaram a acelerar o método de produção de muitos bens, mas
mais notadamente na indústria têxtil.

A indústria faz parte da economia que produz bens materiais altamente


mecanizados e automatizados. Desde o início da indústrialização, saltos
tecnológicos levaram a mudanças de paradigma que hoje são denominadas
“Revoluções Industriais”.  Veremos, no Quadro 4, uma linha do tempo das
Revoluções Industriais.

175
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

QUADRO 4 – LINHA DO TEMPO DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

FONTE: CONBREPRO (2019, p. 131)

176
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0

No campo da mecanização, tivemos o desenvolvimento de equipamentos


movidos a vapor originando a primeira Revolução Industrial; do intensivo uso de
energia elétrica e produção em massa surgiu a segunda Revolução Industrial; e da
digitalização generalizada/automatização de processos surgiu a terceira Revolução
Industrial. Agora, com base em sistemas cyber-físicos, digitalização avançada dentro
de fábricas, a combinação de tecnologia da Internet, tecnologias orientadas para o
futuro e tecnologias no campo de objetos “inteligentes” (equipamentos) resultam
em nova mudança de paradigma fundamental em produção industrial, a quarta
Revolução Industrial, chamada também de Industria 4.0.

2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA INDÚSTRIA 4.0


Pode-se entender que o termo “Indústria 4.0” descreve diferentes
mudanças, principalmente impulsionadas pela TI, mudanças em sistemas de
manufatura. Como resultado, uma mudança de orientação de produto para
serviço, mesmo em indústrias tradicionais. 

Pode-se afirmar que a Indústria 4.0 se refere a uma nova era digital,
também conhecida como Revolução 4.0, que faz uso de várias
tecnologias conectadas, a fim de otimizar processos, melhorar serviços,
reduzir custos, diminuir a poluição ambiental e a utilização dos recursos
naturais, auxiliar na tomada de decisões, alavancar a interoperabilidade
e interatividade entre máquinas e também a interface homem-máquina
(KAMBLE; GUNASEKARAN; SHARMA, 2018; VAIDYA; AMBAD;
BHOSLE, 2018 apud CONBREPRO, 2019, p. 131).

As indústrias precisam se adaptar às tecnologias e buscar uma cultura de


inovação para, desse modo, conseguir se adequar nos moldes desta revolução.
Conforme a Vaidya, Ambad e Bhosle (2018 apud CONBREPRO, 2019, p.131):

A quarta Revolução Industrial é definida ainda como uma nova


configuração organizacional, ou seja, a arquitetura da empresa (layout)
deve ser modificada para se ajustar as novas tecnologias investidas, e
seu planejamento é fator crucial para que uma linha de produção 4.0
opere de acordo com o estabelecido.

Existem várias abordagens pelas quais uma oportunidade de uso de


tecnologia pode ser identificado:

• Aumentar ainda mais a mecanização e automação: no processo de trabalho, mais


e mais ajudas técnicas, que suportam o trabalho físico, serão usadas. Soluções
automáticas irão adotar a execução de operações versáteis, que consistem
em dispositivos operacionais e componentes analíticos, tais como células de
manufatura “autônomas” que controlam de forma independente e otimizam a
fabricação em várias etapas.

177
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

• Digitalização e rede: a crescente digitalização de todas as ferramentas de


fabricação (e de apoio à fabricação) resulta na obtenção de uma quantidade cada
vez maior de dados capazes de auxiliar funções de controle e análise. Os processos
digitais evoluem como resultado do, igualmente crescente, compartilhamento
em rede (networking) de componentes técnicos e, em conjunto com o aumento
da digitalização de produtos e serviços, conduzem a ambientes completamente
digitalizados. Estes, por sua vez, são força motriz para novas tecnologias como
simulação, proteção digital e realidade virtual ou aumentada.
• Miniaturização: simultaneamente, a miniaturização é uma tendência.
Computadores ocupavam espaços significativos há alguns anos; no
entanto, nos dias de hoje, aparelhos de desempenho similar – ou até mesmo
consideravelmente melhor – podem ser instalados em alguns centímetros
cubicos. Isto permite novos campos de aplicação, especialmente no contexto
de produção e logística.

Os desenvolvimentos elaborados são bem conhecido em detalhes, mas, no


total, existe o potencial para transformar a prática industrial de forma abrangente.

2.3 PRINCÍPIOS DA INDÚSTRIA 4.0


Há um consenso básico entre muitos pesquisadores de que revoluções
industriais requerem um longo período de desenvolvimento e cobrem alguns
aspectos, considerados como visões de futuro.

Como um dos principais componentes da Indústria 4.0, a futura fábrica


vai envolver uma nova integrativa, na qual não apenas todos os recursos de
fabricação (sensores, máquinas, robôs, transportadores etc.) estão conectados e
trocam informações automaticamente, mas também a fábrica se tornará consciente
e inteligente o suficiente para prever e manter as máquinas; controlar o processo
produtivo e gerenciar o sistema de fábrica. Além disso, muitos processos de
fabricação, como design de produto, planejamento de produção, engenharia de
produção e produção de serviços, serão modular e conectado de ponta a ponta,
o que significa que esses processos não são comandados apenas por um sistema
descentralizado, mas também controlados de forma interdependente. Este tipo
de futura fábrica é conhecido como Smart Factory.

A Indústria 4.0 implica que uma comunicação completa de rede existirá


entre várias empresas, fábricas, fornecedores, logística, recursos, clientes
etc. Cada seção aperfeiçoa sua configuração em tempo real, dependendo das
demandas e status de seções associadas na rede, que permite o lucro máximo
para todas as cooperativas.

Além disso, os custos de poluição, matérias-primas, emissões de CO2 etc.


serão reduzidos. Em outras palavras, a futura rede de negócios é influenciada por
cada seção de cooperação, que poderá alcançar um status de auto-organização e
transmitir, em tempo real, as respostas para as necessidades.

178
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0

Na Indústria 4.0, haverá um novo tipo do produto gerado na fabricação,


os smart produtos. Esses produtos são incorporados com sensores, componentes
identificáveis ​​e processadores que carregam informações e conhecimento para
transmitir, orientando os clientes e transmitindo o feedback de uso para o sistema
de manufatura. Com esses elementos, muitas funções podem ser adicionadas aos
produtos, por exemplo, medindo o estado dos produtos ou usuários, levando
essas informações, rastreando os produtos e analisando os resultados dependendo
da informação. Além disso, um completo registro de informações de produção
pode ser incorporado ao produto. Os clientes também terão muitas vantagens na
Indústria 4.0. Um novo método de compra será fornecido aos clientes. Permite
que eles façam pedidos personalizados, alterem seus pedidos e ideias a qualquer
momento durante a produção, mesmo no último minuto, sem nenhum custo.
Diante disso, vamos ver quais são os seis princípios da Indústria 4.0 apresentados
por Hermann, Pentek e Otto (2015):

• Interoperabilidade é a capacidade de um sistema se comunicar, de forma


transparente, com outro sistema, semelhante ou não. A Indústria 4.0 seria
impossível se os sistemas não pudessem se conectar, realizar transações e
trocar dados com outros sistemas, isto é interoperabilidade. Sensores, scanners,
etiquetas RFID e outras tecnologias são amplamente utilizados no depósito
de hoje, gerando uma grande quantidade de dados. Sem interoperabilidade,
esses dados permanecem isolados em dispositivos ou sistemas de software
de warehouse.
• Virtualização é a capacidade de um sistema monitorar processos físicos de forma
virtual. À medida que os warehouses se tornam mais integrados à tecnologia, as
empresas podem aproveitar os dados para obter insights de estágios individuais
de fluxos de trabalho cada vez mais complexos, aprimorando a consciência
situacional e melhorando o controle. “A virtualização é um dos princípios mais
interessantes da Indústria 4.0 porque nos permite ver e fazer coisas que não
eram possíveis no passado”, disse o Dr. Kerstin Höfle (apud AMARAL, 2019,
s. p.), chefe de produtos digitais da Swisslog Logistics Automation. Ao combinar
dados adquiridos de monitoramento de processos físicos e equipamentos
com warehouse virtual e modelos de simulação, as organizações podem criar
cenários virtuais para gerenciar melhor a complexidade crescente, reduzir o
tempo de inatividade e otimizar processos.
• Descentralização é a capacidade de um sistema de tomar decisões próprias,
através de computadores embarcados, conversando com o sistema CPS.
Embora os sistemas de warehouse centralizado tenham sido a norma por anos,
eles têm escalabilidade limitada e não podem se expandir além de um certo
ponto para atender aos requisitos crescentes. Além disso, eles são arriscados
porque uma única rede ou falha elétrica pode derrubar sistemas inteiros e
quaisquer subsistemas que eles controlam. As organizações que desejam
realizar verdadeiramente a visão da Indústria 4.0 – na qual os sistemas cyber-
físicos “se comunicam” com humanos e entre si – precisarão investigar o
investimento necessário em arquitetura de warehouse distribuída ou totalmente
descentralizada. Eles não são apenas mais escaláveis, mas também oferecem a
capacidade de evoluir ao longo do tempo e se adaptar às mudanças. Considere

179
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

o sistema Swisslog CarryPick, que usa robôs pequenos e móveis com muitas
vantagens de um sistema descentralizado. O sistema é fácil de escalar com a
adição de mais robôs e pode se adaptar às mudanças no design do armazém ou
mesmo ser realocado para uma nova instalação.
• Operação ou Trabalho em Tempo Real é o rastreamento e análise contínua
da operação, reagindo rapidamente contra algum desvio. Habilitado pela
interoperabilidade e pelos princípios de virtualização, os dados em tempo real,
em toda a cadeia de abastecimento, são o que permite que todo o conceito de
sistemas cyber-físicos inteligentes se torne uma realidade. Dispositivos digitais,
como RFID, sensores e scanners agora são intrínsecos ao gerenciamento de
logística inteligente.  Eles podem ser encontrados em tudo, desde produtos
individuais e caixas, a equipamentos de manuseio de materiais, empilhadeiras
e robôs. Quando conectados por meio de redes IoT, eles fornecem visibilidade
em tempo real para ajudar tanto as máquinas quanto os humanos a tomarem
decisões baseadas em dados.
• Orientação a Serviços é a disponibilidade dos serviços da empresa também
para outros participantes do processo, interna e externamente, através da IoS
(Internet, Tecnologia de produção, Personalização etc.). As funções operacionais
dentro de depósitos,  ou centros de distribuição, hoje são divididas em
‘serviços’ individuais, referindo-se e incluindo tudo, desde a movimentação
de mercadorias até ferramentas de análise de dados especialmente projetadas
para solução de problemas. A Internet of Services, que funciona de forma
semelhante à Internet of Things (IoT) ao conectar serviços tanto interna quanto
externamente, permite que essas funções operacionais sejam concluídas ou
entregues de forma mais eficiente e combinadas para aumentar seu valor.
Abordar o gerenciamento do centro de distribuição usando esta abordagem
orientada a serviços beneficia as empresas de várias maneiras, incluindo:
◦ permitindo um melhor fluxo de informações dentro e entre as organizações;
◦ fornecendo a transparência para derivar mais valor de uma única função, por
exemplo, a capacidade de rastrear produtos que estão sendo enviados
beneficia o remetente, mas tem maior valor quando disponibilizada para o
cliente final.
◦ oferecendo às organizações maior flexibilidade e facilidade de mudança,
eliminando a dependência do software de suporte.
• Sistema Modular significa flexibilidade em se adaptar às mudanças de
requisitos, substituindo ou expandindo módulos individuais facilmente
adaptados em casos de flutuações sazonais ou mudança de características
do produto, baseados em interfaces padronizadas de software e hardware.
As organizações de manuseio de materiais devem adotar novas tecnologias,
como automação, para aumentar a produção e a eficiência em suas cadeias
de suprimentos. Mas, à medida que novas tecnologias se desenvolvem como
nunca antes, o ritmo de mudança no warehouse, hoje, é sem precedentes. As
organizações devem preparar sua automação e investimentos para o futuro,
ou correr o risco de não conseguir inovar ou se adaptar a futuras mudanças
perturbadoras na gestão de logística. Soluções modulares, como sistemas de
armazenamento como AutoStore, reduzem o espaço necessário para armazenar

180
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0

o estoque e podem ser facilmente expandidas.  Robôs móveis como o CarryPick


da Swisslog podem se mover entre as estações e fornecer flexibilidade para as
organizações se adaptarem rapidamente às mudanças na demanda e escala
conforme necessário.

Agora que vimos os princípios e entendemos como funcionam cada um


deles, vamos seguir com os tipos de tecnologias presentes na Indústria 4.0.

2.4 TECNOLOGIAS PRESENTES NA INDÚSTRIA 4.0


A Indústria 4.0 evolui devido à vários avanços tecnológicos que a
impulsionam, como as novas formas de interação homem-máquina, o uso da
realidade aumentada e sistemas interativos, a robótica avançada e a prototipagem
rápida com a impressão tridimensional, a capacidade de interpretação e análise
de dados, e seu armazenamento em nuvem (CONBREPRO, 2019). Para isso,
tecnologias emergentes são utilizadas simultaneamente na criação das fábricas
inteligentes (CONBREPRO, 2019). Algumas das principais tecnologias aplicadas
neste contexto são apresentadas na Figura 5:

FIGURA 5 - TECNOLOGIAS NA INDUSTRIA 4.0

FONTE: CONBREPRO (2018, p. 132)

Vamos entender as tecnologias descritas na figura.

181
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

• Computação em nuvem

É a prática de usar uma rede de servidores remotos hospedados na Internet


para armazenar, gerenciar e processar dados, em vez de um servidor local ou um
computador pessoal. Como haverá um aumento na taxa de produção, também
haverá a necessidade de armazenamento de compartilhamento de dados para ter um
grande espaço, o qual será fornecido pela nuvem e, assim, dar uma resposta rápida e
permitir a produção baseada em dados em grande medida.

• Realidade aumentada

Pode ser entendida como uma tecnologia que sobrepõe uma imagem
gerada por computador na visão do usuário do mundo real, proporcionando
assim uma visão composta. Os gadgets e produtos baseados em realidade
aumentada fornecem uma ampla gama de serviços. A realidade aumentada nos
permite informar as encomendas de reparação e quaisquer informações sobre
o produto através de smartphones. A realidade aumentada não é muito usada
atualmente, mas terá grandes demandas no futuro.

• Manufatura aditiva

É um processo específico de impressão 3D, usada para fazer protótipos


de amostra do modelo final com antecedência para ver qual será o resultado e
quais os requisitos necessários. Este processo cria peças camada por camada,
depositando material de acordo com os dados de projeto 3D digital. Por exemplo,
em vez de fresar uma peça de um bloco sólido, a manufatura aditiva constrói a
peça camada por camada com material fornecido como um pó fino.

• Análise de dados

Trata do desenvolvimento de sistemas modernos que monitoram processo


e analisam dados e contribuem na competição global na manufatura insdustrial
para aumentar a produtividade; qualidade do produto; segurança do processo
etc. Existem várias plataformas de computação em nuvem disponíveis para
uso em Internet das Coisas e análises de Big Data.  Os principais participantes
incluem provedores de serviços em nuvem (como Microsoft Azure, Amazon Web
Services, IBM, Intel etc.), fornecedores de soluções corporativas (notadamente
PTC e Oracle), empresas de rede (como Cisco e AT&T) e empresas de engenharia
industrial (nomeadamente General Electric, Siemens e Bosch), entre outros.

Na  Indústria 4.0,  o armazenamento e a estimativa eclética da enorme


quantidade de dados e a produção de gadgets e sistemas para gerenciamento de
clientes serão a norma para a tomada de decisões em tempo real.

182
TÓPICO 2 — INDÚSTRIA 4.0

• Sistemas cyber-físicos

Consistem em componentes cibernéticos e físicos, por isso o chamamos de


sistema físico cibernético. É baseado em um sistema de processamento de informações
embutido em um produto, como um carro, avião ou outro dispositivo.  Esses
sistemas de computador são usados para ​​ realizar tarefas específicas.

• Internet das coisas

Descreve a interconexão de componentes inteligentes (identificáveis ​​e


interoperáveis ​​de maneira única), sejam dispositivos físicos, softwares, sensores,
componentes para conexão a uma rede que permite coletar e trocar informações.

Os itens inteligentes podem ser monitorados e controlados remotamente,


permitindo a integração entre o mundo físico e os sistemas computadorizados.
A Internet das Coisas (IoT) usa capacidade de aprendizado de máquina e
tecnologia para recuperar, interpretar e usar dados dos sensores e sistemas de
automação indústrial.

• Robótica

É um setor interdisciplinar da Ciência e Engenharia dedicado ao


projeto, construção e uso de robôs mecânicos.  Existem diferentes tipos de
robôs para serem aplicados nas indústrias. Os robôs estão sendo usados​​
atualmente, mas não tão extensivamente como serão nos anos posteriores. Os
robôs irão eventualmente se atualizar para se comunicarem com eles mesmos e
trabalharem com segurança perto de humanos. Também terá um preço menor e
maior qualidade no futuro próximo. 

Diante disso, podemos levantar algumas razões pelas quais a Industria


4.0 é a melhor opção para as empresas/indústrias. A fabricação de qualidade e
aumento da taxa de produção é um fator importante para toda empresa. Diante
disso, existem razões pelas quais as empresas devem optar pela indústria 4.0.

A adoção da Indústria 4.0 ajuda a melhorar a competitividade; faz a empresa


parecer mais marcante para os jovens pois os jovens trabalhadores desta geração
são atraídos pela tecnologia e, ao optar pela Indústria 4.0, é possível obter uma alta
resposta das mentes jovens para ingressar num novo negócio, por exemplo. Além
disso, conhecer os erros e problemas antes de construir o modelo real do produto,
permite eliminar os problemas e evitar que aconteçam. Permite, ainda, que a
empresa obtenha lucros e reduza custos, pois a Industria 4.0 melhora a qualidade da
produção da empresa ao mesmo tempo que permite obter uma maior margem de
lucro com menores custos no processo. A partir disso, vamos ver como a indústria
têxtil está se adequando a esse contexto da nova Revolução Industrial.

183
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

3 ADEQUAÇÃO DA ÁREA TÊXTIL AO CONTEXTO DA


INDÚSTRIA 4.0 E O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS
A indústria têxtil brasileira é a quarta maior do mundo. Considerando
o mercado brasileiro, a indústria têxtil se destaca pela variedade de segmentos
que a compõe e considerável contribuição econômica para o país, uma vez que
gerou 14.750 empregos no primeiro trimestre de 2018, sendo o terceiro melhor
desempenho registrado dentre as indústrias de transformação (SETOR, 2018).

O termo indústria, nos próximos anos, estará cada vez mais associado
à complexidade de sistemas cyber-físicos, autônomos, integrados e robotizados.
Essas novas tecnologias trazem uma complexidade que resultará em produtos,
processos e redes produtivas diversificadas e sofisticadas. Essa complexidade, por
sua vez, exigirá profissionais com boa formação e produtivos para, desse modo,
gerar mais riqueza e melhor remuneração (SILVEIRA, 2016). A introdução de
fábricas e roupas inteligentes na Indústria 4.0 é marcada por extensas mudanças.
Desenvolveu digitalização e automação com a aplicação de Tecnologias de
Informação (TI) e dispositivos eletrônicos em serviços e manufatura (Big Data),
computação em nuvem, dispositivos móveis e computação desempenham um
papel significativo na Indústria 4.0 (ISTRAT; LALIC, 2017).

Geralmente, os principais problemas enfrentados pelas empresas de têxteis


eram o longo prazo de entrega do produto para a moda, ciclo curto de produto e
questões de previsão para artigos de moda. Outro problema foi a eliminação de
uma cota para mercados internacionais em 2005, o que criou um desafio crítico
para a sustentabilidade efetiva em empresas têxteis. No entanto, para lidar com
essas questões, a empresa pode integrar projetos de negócios versáteis baseados
em software para processos de varejo. 

DICAS

Veja mais da utilização de softwares na Industria 4.0 em: https://bit.ly/3d3qnBR.

184
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A nova Revolução Industrial, chamada Indústria 4.0, possui princípios,


características inerentes ao contexto tecnológico.

• A Indústria 4.0 permeia fortemente a troca de informação e o fornecimento de


serviços, por meio do uso de tecnologias.

• A Industria 4.0 melhora a qualidade da produção da empresa ao mesmo tempo


que permite obter uma maior margem de lucro com menores custos no processo.

• A indústria têxtil brasileira é a quarta maior do mundo, ela se destaca pela


variedade de segmentos que a compõe e considerável contribuição econômica
para o país.

185
AUTOATIVIDADE

1 Sabe-se que a visão de futuro da produção industrial conta com eficientes


sistemas de manufatura. Porém, esses sistemas precisam manter as eco-
condições econômicas de produção em massa. Nesse sentido, entende-se
que a sustentabilidade econômica assume um papel central da na adoção
das tecnologias na Indústria 4.0, nas empresas têxteis no mundo. Cada pilar
da sustentabilidade sofre ou sofrerá impactos positivos. Sobre o pilar social,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Bem-estar social: criação de salários altos e condições de trabalho,


melhoria da comunidade e desenvolvimento de responsabilidade
social nos produtos e serviços.
b) ( ) Bem-estar social: criação de normas e condições de trabalho, melhoria
salarial e desenvolvimento de responsabilidade social nos produtos e
serviços.
c) ( ) Bem-estar social: criação de normas e condições de trabalho, melhoria
da comunidade e desenvolvimento de responsabilidade social nas
cadeias produtivas.
d) ( ) Bem-estar social: criação de normas e condições de trabalho, melhoria
da comunidade e desenvolvimento de responsabilidade social nos
produtos e serviços.

2 Hoje as emergências no contexto da indústria impactam não somente o


modo de produção, mas também como consumimos. A nova Revolução
Industrial, chamada Indústria 4.0, possui princípios, características
inerentes ao contexto tecnológico. A inovação tecnológica vem evoluindo
numa velocidade exponencial. Há algumas décadas surgiu a internet,
que nos colocou em conexão em tempo real nos permitindo trocas de
conhecimento, experiencias, ofertas de produtos, serviços entre tantas outras
possibilidades. Dentre as possibilidades, podemos destacar os produtos
intangíveis aos quais chamamos de ‘serviços’, os quais são comercializados
de tal forma que, por exemplo, no meio da comunicação/marketing, são
considerados o produto principal. Diferente de tempos passados, quando a
valorização estava nos produtos tangíveis. Diante desse contexto evolutivo,
considerando os princípios da indústria 4.0, analise as sentenças a seguir:

I- Virtualização – é um dos princípios da Indústria 4.0 e significa a capacidade


de um sistema monitorar processos físicos de forma virtual;
II- Sistema Modular – é um dos princípios da Indústria 4.0 e significa a
flexibilidade em se adaptar às mudanças de requisitos, substituindo ou
expandindo módulos individuais, facilmente adaptados em casos de
flutuações sazonais ou mudança de características do produto, baseados
em interfaces padronizadas de software e hardware.

186
III- Orientação a Serviços – é um dos princípios da Indústria 4.0 e significa a
disponibilidade dos serviços da empresa também para outros participantes
do processo, interna e externamente, através da IoS (Internet, Tecnologia de
produção, Personalização etc.);

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente as sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença I e III estão corretas.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

3 A adoção da Indústria 4.0 ajuda a melhorar a competitividade; faz a empresa


parecer mais marcante para os jovens, pois os jovens trabalhadores desta
geração são atraídos pela tecnologia e, ao optar pela Indústria 4.0, é possível
obter uma alta resposta das mentes jovens para ingressar num novo negócio,
por exemplo. Além disso, permite que se dissolvam todas as ameaças possíveis
antes que aconteçam, conhecer os erros e problemas antes de construir o modelo
real do produto.  Isso permite eliminar os problemas e evitar que aconteçam.
Permite, ainda, que a empresa obtenha lucros e reduza custos, pois a Industria
4.0 melhora a qualidade da produção da empresa ao mesmo tempo que permite
obter uma maior margem de lucro com menores custos no processo. Dentre as
sete tecnologias apontadas, disserte sobre computação em nuvem; realidade
aumentada e sistemas cyber-físicos.

4 As revoluções acontecem devido aos avanços tecnológicos que as


impulsionam a utilizar novas formas de interação. Neste contexto, disserte
sobre as revoluções anteriores, nome de cada uma delas e quais as principais
tecnologias que impulsionadoras.

5 A Indústria 4.0 é resultado de diferentes mudanças tecnológicas


principalmente as de Tecnologia de Informação (TI).  De acordo com o
conceito de Indústria 4.0 utilizada pelo CONBREPRO (2019), classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A Indústria 4.0 se refere a uma nova era digital, também conhecida como
Revolução 4.0, que faz uso de várias tecnologias conectadas, a fim de
otimizar processos.
( ) A Indústria 4.0 tende a melhorar serviços, reduzir custos, diminuir
a poluição ambiental e a utilização dos recursos naturais e auxiliar na
tomada de decisões.
( ) A Indústria 4.0 tende a alavancar a interoperabilidade e interatividade
entre máquinas e também a interface homem-máquina.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – V.
b) ( ) F – F – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) V – F – V.

187
188
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

INOVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, nos últimos trinta anos, a inovação evoluiu como sinônimo de
desenvolvimento das nações, progresso tecnológico e impulsionador do sucesso
empresarial. A inovação hoje em dia não é simplesmente a “criação de algo novo”,
mas também uma possibilidade de solução de uma gama de problemas.

O termo “inovação” é cada vez mais usado por legisladores, especialistas


em marketing, especialistas em publicidade e consultores de gestão, não como
um conceito científico estrito mas como metáfora, promessa política, slogan ou
palavra da moda. Aqui iremos tratar a inovação como um percurso.

Desse modo, veremos a seguir o que é a inovação e conhecer sua


classificação, ou seja, os tipos de inovação. Veremos ainda alguns conceitos e
também como a área têxtil está permeando esse contexto de inovação.

2 O QUE É A INOVAÇÃO
Inovar é ser capaz de alcançar continuamente um futuro desejado e
planejado. Conceitualmente, “a inovação é criar o que é novo e valioso, não é uma
área técnica estritamente definida de competência [...] em vez disso, a inovação
surge quando diferentes corpos de conhecimento, perspectivas e disciplinas são
trazidos juntos” (KAO, 2007, p. 9).

No passado, a inovação era pensanda como um processo simples de


investimento em pesquisa fundamental, levando a comercialização perspicaz
na indústria. Este processo tem sido tradicionalmente apoiado por iniciativas de
política do lado da oferta.

A inovação se baseia em uma variedade de fontes e é impulsionada tanto


pela demanda quanto pela oferta. Os insights gerados pela ciencia básica são
essenciais para o desempenho da inovação a longo prazo. Mas o percurso de
laboratório até o mercado é incerto e complexo.

189
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Outras fontes de inovação incluem a aplicação criativa de tecnologias


testadas e comprovadas e o papel do design no desenvolvimento de produtos e
serviços inovadores. A inovação também não se restringe ao setor privado, cada
vez mais o setor público é chamado a inovar no design e na prestação de serviços
públicos (KAO, 2007).

Importante destacarmos os tipos de inovação: quanto ao grau de novidade,


a inovação pode ser radical ou incremental. A radical compreende uma mudança
expressiva, como o lançamento de algo inédito, enquanto a incremental abrange
pequenas mudanças que trazem adaptações ou aperfeiçoamentos de algo já
existente (TIDD; BESSANT, 2015).

QUADRO 5 – TIPOS DE INOVAÇÃO

FONTE: Adaptado de Tidd e Bessant (2015)

A inovação pode ser sustentável ou disruptiva, em função do impacto


que gera no mercado (OECD, 2005). Inovações são sustentáveis se resultam em
produtos e serviços que atendam mercados já estabelecidos, possibilitando às
empresas aumentarem margem de lucro e qualidade sem assumir grandes riscos.
Disruptivas decorrem de novos modelos de negócios que ocasionam ruptura ao
alterar as bases de competição existentes.

Nesses dois exemplos, uma evolução da noção de “inovação” torna-se


aparente. Enquanto, na década de 1980, o foco estava nas etapas de inovação, o
foco principal muda para a inovação tipologias de implementação e inovação.
Mais recentemente, muda metodologicamente para distinguir a inovação de
outras mudanças são evidentes.

190
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

Em geral, dois aspectos principais (conceituais) da inovação podem ser


distinguidos:

• inovação como um processo que incentiva a mudança (o resultado da ênfase


em inovação);
• inovação como evento, objeto ou produto discreto, caracterizado pela novidade.

No entanto, como essa classificação é muito ampla, ela pode ser dividida
ainda mais. Inovação como evento, objeto ou produto discreto podem ser
separados em vários aspectos: inovação como evento, inovação como objeto
físico e inovação como algo novo (processo ou método para organização de
algo. Com o tempo, uma classificação mais detalhada dos aspectos da inovação
foi desenvolvida.

Por exemplo, Godin (2008) define quatro classes de conceitos de inovação:


1) inovação como processo de fazer algo novo, pode ser subdivida em: inovação
como imitação, inovação como invenção, inovação como descoberta; 2) inovação
como habilidades humanas para a atividade criativa: inovação como imaginação,
inovação como engenhosidade, inovação como criatividade; 3) inovação como
mudança em todas as esferas da vida: inovação como mudança cultural, inovação
como mudança social, inovação como mudança organizacional, inovação como
mudança política, inovação como mudança tecnológica; 4) inovação como
comercialização de novo produto.

Outra classificação detalhada dos aspectos e dimensões da inovação


é dada por Ram, Cui e Wu (2010). Os autores distinguem cinco aspectos da
inovação: inovação como algo novo, inovação como um canal de mudança,
inovação como processo, inovação como gerador de valor, e a inovação como
invenção (KOTSEMIR; ABROSKIN; DIRK, 2013).

2.1 CONCEITOS DE INOVAÇÃO


As definições e tipos básicos de inovação (às vezes chamados de “formas”
ou “tipologia” de inovação) são dadas pela Organização para Cooperação
Econômica e Desenvolvimento (OECD) em uma série de manuais.

A última revisão desses manuais é o Oslo Manual, que define inovação


como “a implementação de um novo ou significativamente melhorado produto
(bem ou serviço), ou processo, um novo método de marketing ou um novo
método organizacional nas práticas de negócios, organização do local de trabalho
ou relações externas” (OECD, 2005, p. 46).

A variedade de características de inovação é expressa por muitas


definições diferentes. Diferentes definições de inovação refletem o amplo espectro
de aspectos da inovação.

191
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Barnett (1953, p. 7) considera a inovação como algo novo: “qualquer


pensamento, comportamento ou coisa que seja nova porque é qualitativamente
diferente das formas existentes”.

Drucker (2002, p. 25) descreve a inovação como um canal de mudança:


“a inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio pelo qual
eles exploram plural como uma oportunidade para um negócio diferente ou um
serviço diferente. É capaz de ser apresentada como uma disciplina, capaz de ser
aprendida, capaz de ser praticada”.

Já a definição de inovação (disruptiva) é “um processo pelo qual um produto


/ serviço se enraíza em aplicativos simples na parte inferior de um mercado e então
sobe, eventualmente substituindo concorrentes estabelecidos” (CHRISTENSEN;
RAYNOR, 2006 apud STÜRZEBECHER; HARTMANN, 2015, p. 7)

QUADRO 6 – VISÕES SOBRE INOVAÇÃO

FONTE: de Carli et al. (2012, p. 28)

Para inovar, as empresas podem utilizar apenas sua capacidade interna,


como é o caso da inovação resultante de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o
que se denomina inovação fechada.

Também é possível inovar por meio de associações com agentes externos,


como Universidades, Institutos de Pesquisa, colaboradores individuais e outras
organizações, assim promovendo a inovação aberta.

192
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

2.2 INOVAÇÃO NO CONTEXTO DA ÁREA TÊXTIL


As indústrias estão se movimentando para adequarem-se às inovações
inerentes à Indústria 4.0 em diferentes níveis de velocidade, no entanto, todas
percebem a necessidade de se mover.  Mesmo as mais tradicionais, como a
indústria têxtil. 

Nesta perpectiva, as tendências de inovação na indústria têxtil, com base


na Organização Internacional do Trabalho (OIT) são: a inteligência de mercado,
design, materiais, fornecedores e logística, produção,  marketing , varejo  e
atendimento ao cliente são as principais áreas nas quais as tecnologias têm maior
potencial de ação (BUSINESS, 2019).

São, portanto, algumas das oportunidades que se geram com a 4ᵃ


Revolução Industrial, na qual a transformação vem justamente de quem cria.

Ainda, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Bureau for


Employers’ Activities (ACT/EMP) da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) e da Organização Internacional de Empregadores (IOE), na França,
a lacuna de competências é um grande problema, e 78% dos líderes
empresariais dizem que as escolas são incapazes de atender às necessidades
futuras dos empregadores.

De forma mais ampla, o relatório aponta para cinco tendências que


estão mudando radicalmente os modelos de negócios em todo o mundo,
independentemente de seu tamanho, do setor em que operam e onde estão
localizados: inovação tecnológica; integração econômica global; mudanças
climáticas e sustentabilidade; mudança demográfica e geracional; e a
escassez global de mão de obra qualificada.

O relatório intitulado Um mundo de negócios em mudança: novas


oportunidades para empregadores e organizações empresariais, enfatiza que as
empresas sozinhas não podem enfrentar esses desafios e devem desenvolver
soluções coletivas, com a ajuda de organizações de empregadores e
associações profissionais.

Para isso, “a inovação tecnológica é de longe a tendência mais influente


e está mudando fundamentalmente a forma como as empresas agregam valor
aos produtos e serviços”, disse Deborah France-Massin, diretora da ACT/
EMP. “Ao mesmo tempo, acreditamos que uma maior taxa de penetração da
tecnologia aumenta a demanda por habilidades humanas, como criatividade,
capacidade de encontrar soluções, comunicação e colaboração”.

193
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Segundo o Secretário-Geral da Organização Internacional de


Empregadores-OIE, Roberto Suarez Santos, “O relatório confirma que as
empresas, com o apoio de organizações patronais e associações profissionais,
que optem pela conectividade e digitalização serão as vencedoras neste
ambiente competitivo”.

FONTE: Adaptado de <https://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/


WCMS_679177/lang--en/index.htm>. Acesso em: 8 abr. 2021.

Desse modo, reafirmamos a necessidade de atualização das empresas,


não só da área têxtil, mas de modo geral. E, retomando a questão das empresas
consideradas ‘de família’, esse aspecto inovação tecnologica e digital, precisa
receber ainda maior atenção, pois tendem ao conformismo e estagnação.

Atualmente, os têxteis e os padrões são ferramentas que caracterizam as


roupas e definem sua estética, tornando-se elementos formadores de identidade
tanto para o poduto ou coleção quanto para marcas. Em particular, é na
atividade de desenvolvimento de padrão têxtil onde podemos encontrar, por
um lado, exemplos interessantes de inovações de produto por meio ferramentas
tradicionais, como os arquivos da empresa e, por outro lado, exemplos
interessantes de inovações de processo por meio de novas possibilidades
criativas oferecidas por tecidos de alta tecnologia.

A inovação em desenvolvimento de têxteis tem o potencial de revolucionar


a funcionalidade de nossas roupas e tecidos ao nosso redor. A manipulação em
escala tecnológica resulta em novas funcionalidades para têxteis inteligentes,
incluindo autolimpeza, detecção, atuação e comunicação. Isso é possível graças
a desenvolvimentos como novos materiais, fibras e acabamentos.

As funcionalidades adicionais têm inúmeras aplicações, abrangendo


saúde, esportes, aplicações. militares e moda. O usuário e o ambiente ao redor
podem ser monitorados de maneira inofensiva, fornecendo atualizações contínuas
do estado de saúde individual ou dos riscos ambientais. De forma geral, têxteis
inteligentes e inovadores tornam-se uma parte crítica da área emergente de redes
de sensores corporais que incorporam detecção, atuação, controle e transmissão
de dados sem fio.

Vejamos algumas inovações que atualmente podem ser fontes de


inspiração e inovação na área de materiais têxteis:

• Impressão 3D

Em 2015, a designer Danit Peleg pensou em uma coleção que pudesse


ser feita em casa.  Ela se dedicou à pesquisa, conectando-se com pessoas que
conheciam tecnologia, aprendendo sozinha para atingir seu objetivo. 

194
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

FIGURA 6 – PRODUTOS DE MODA 3D

FONTE: <https://danitpeleg.com/wp-content/uploads/2021/01/Online-Course-home-min.jpg>.
Acesso em: 8 abr. 2021.

Os resultados obtidos foram saias, blusas, vestidos e mais peças de roupas,


todos alcançados com a impressão 3D.

• Novas fibras, novas matérias-primas

A ciência também tem muito a crescer em relação às novas matérias-


primas. Já podemos encontrar roupas adaptadas para manter uma determinada
temperatura, algo muito útil para atletas ou pessoas que enfrentam climas fortes
(muito frio ou calor) ou que precisam de roupas resistentes.
 
As fibras e filamentos artificiais que oferecem maior resistência e
durabilidade, com flexibilidade e leveza, são cada vez mais procurados.
Portanto,  na indústria têxtil há uma necessidade urgente de aumentar as
habilidades para fabricar novas fibras de alto desempenho feitas com polímeros,
carbono e até mesmo que possam oferecer soluções para a reciclagem de resíduos.

No campo das naturais, temos um grande exemplo de material resistente


e altamente flexível e que nos serve de inspiração, as teias de aranha.

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UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Podemos ainda citar as chamadas roupas inteligentes, usadas para


melhorar os trajes dos bombeiros ou para fins médicos, só para citar algumas
capazes de detectar, agir, armazenar, gerar (energia, por exemplo) e comunicar
.  As ‘roupas inteligentes’ têm um vasto campo de ação e estão associadas a
soluções como a Internet das Coisas (IoT), análise de dados (Big Data), Inteligência
Artificial entre outras.

• Moda cíclica, responsável e sustentável

Moda sustentável é uma nova tendência que ganha força, reaproveitando


peças de vestuário. Grandes marcas já implantam programas para que os usuários
entreguem suas roupas de viagem em troca de bônus, em alguns casos, para
depois confeccionar novas peças.

Nesse aspecto, alguns dados importantes são impulsionadores, segundo


o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)  , a indústria
da moda é uma das mais poluentes, mais ainda do que os voos internacionais e
marítimos juntos (UNEP, 2015). 

Entre algumas descobertas alarmantes, a ONU aponta que são necessários


7.500 litros de água para produzir jeans; o setor de confecções consome 93
bilhões de metros cúbicos de água por ano, o suficiente para a sobrevivência de 5
milhões de pessoas; a indústria da moda é responsável por 20% do desperdício
total de água globalmente; a produção de roupas e calçados produz 8% dos
gases de efeito estufa; a cada segundo, uma quantidade de tecidos equivalente
a um caminhão de lixo é enterrada ou queimada; a produção de roupas mais
que dobrou entre 2000 e 2020.

Na França, uma grande produtora de moda optou por seguir os objetivos


do Acordo de Paris,  no qual empresas líderes se comprometeram a reduzir
em 30% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030. As empresas também
concordaram em priorizar os fornecedores de transporte de baixo carbono e
priorizar os materiais ecológicos. Entendem isso como um compromisso global,
pois muitas soluções são necessárias desde a concepção, fabricação, distribuição,
venda e processo de descarte, ou seja, a economia circular é fundamental.

• Experiências imersivas

Se há uma coisa que define a atualidade, é a personalização. Os clientes


desejam coisas específicas, moldadas ao seu gosto e que possam experimentar
antes de efetuar a compra; roupas claramente não são exceção. Na verdade, é um
dos campos que podem oferecer mais soluções.

Tecnologias imersivas como Realidade Virtual e Aumentada permitem


que os usuários vejam e ‘testem’ como ficariam com uma determinada roupa, se
ela fica melhor em azul, vermelho, verde, mais comprida, mais curta ou com
estampas. Em outros casos, é explorado o potencial de assistentes de voz, como
a Alexa, que se tornam consultores de moda.

196
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

Marcas reconhecidas já usam a Realidade Virtual para vender em suas


lojas.  O usuário só precisa focar o telefone em diferentes pontos da loja e verá
uma modelo com roupas de marcas diferentes.

Essas não são as únicas inovações. Sem dúvida, com o passar do tempo


e as novas demandas do mundo, estas e outras indústrias terão que seguir em
frente, em constante transformação. 

ATENCAO

Num estudo publicado em 2016 pela Plataforma Tecnológica Europeia


intitulado  Rumo a uma quarta Revolução Industrial dos têxteis e do vestuário:  a
agenda estratégica de investigação e inovação para a indústria têxtil e do vestuário
europeu, se delineram três tendências pares que seriam posicionadas em 2025:
digitalização e virtualização, colaboração e pay-per-use, além da sustentabilidade e da
circularidade. Hoje, podemos ver que existem várias tendências a serem adicionadas.
Questione-se: o que mais você adicionaria?

3 INOVAÇÃO EM MATERIAIS TÊXTEIS, TÊXTIL MODERNO


A inovação em materais remete fortemente ao têxtil inteligente também
chamados Smart Textiles e têxtil moderno.

Podemos entender a definição principal de tecidos inteligentes e modernos


como sendo tecidos/materiais projetados para maximizar uma sensação, por
exemplo, a leveza, a respirabilidade, a impermeabilização etc., ou para reagir ao
calor ou à luz. Normalmente, os Smart Textiles são fabricados com microfibras.

Podemos encontrar explicações e definições diferentes de têxteis inteligentes


e modernos, aqui estão alguns exemplos. Iniciamos com os Smart Textiles:

A definição da Euratex (2021, s. p.) de têxteis smart é: “estrutura têxtil


passiva capaz de responder à estimulação externa, ou seja, de pressão, temperatura,
luz, corrente de baixa tensão etc.”. A definição geralmente significa que os têxteis
smart são uma forma de têxtil que utiliza materiais que auxiliam seu propósito de
poder “sentir” o que está ao seu redor.

A Figura 7 mostra uma camiseta infantil de têxteis smart. Repare na


mudança de tons nas mangas, conforme a exposição ao Sol aumenta. Uma vez
sob a luz do Sol, mudará de cor devido aos Raios de UVB.

197
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

FIGURA 7 – ROUPA QUE MUDA DE COR AO SOL

FONTE: <https://blog.brandili.com.br/empresa-holandesa-cria-camisetas-que-mudam-de-cor-no-sol/>.
Acesso em: 8 abr. 2021.

É assim que o tecido “sente” o ambiente. Por exemplo, uma empresa têxtil
explica que materiais inteligentes respondem a diferenças de temperatura ou luz e
mudam de alguma forma. Eles são chamados de inteligentes porque sentem as
condições em seu ambiente e respondem a essas condições.

Os materiais inteligentes parecem “pensar” e alguns têm uma “memória”


à medida que voltam ao estado original. O termo ‘inteligente’ pode ser ambíguo,
pois em alguns casos é difícil distinguir entre moderno e inteligente.

Eles também podem “sentir” outras coisas, como mudanças térmicas,


químicas, magnéticas e mecânicas no meio ambiente. No entanto, os têxteis smart
são, em geral, nomeados desta forma, pois são ‘inteligentes’ devido ao seu design
em relação ao máximo de leveza, respirabilidade e reações ao calor e à luz etc.

E o que são têxteis modernos? podemos entender os têxteis modernos


como: materiais modernos desenvolvidos através da invenção de processos
novos ou melhorados, por exemplo, como resultado de materiais/ingredientes
feitos pelo homem ou intervenção humana, em outras palavras, alterações que
não ocorrem naturalmente. Eles são alterados para desempenhar uma função
específica. Muitos materiais inteligentes e modernos são desenvolvidos para
aplicações especializadas, mas alguns eventualmente se tornam disponíveis para
uso geral.

A definição precisa de têxteis modernos é literalmente igual aos têxteis


smart, embora a única diferença seja que os têxteis smart reagem ao ambiente
externo, por exemplo, se um bebê estivesse vestindo roupas feitas para materiais
smart e tivesse febre, o tecido mudaria de cor para informar os pais, embora os
têxteis modernos não tenham essa capacidade. Podemos dizer que texteis smart
são modernos, mas nem todos os modernos são smart.

198
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

3.1 NOVOS MATERIAIS TÊXTEIS


A roupa não é mais um material drapeado sobre o corpo humano para
protegê-lo das intempéries.  Ela tem muito mais funções: um símbolo de status,
agente de embelezamento, desenvolvedor de personalidade e, em uma era de
roupas inteligentes, também pode ser um guia de condicionamento físico, zelador
e um dispositivo multitarefa. 

As roupas inteligentes são diferentes das roupas básicas em termos das


funções desempenhadas.  Suas funções incluem detecção e monitoramento do
metabolismo do corpo humano, incluindo umidade, temperatura e padrões
de ritmo respiratório, hábitos, comportamentos e manutenção do bem-estar
emocional e físico.  Se uma peça de roupa preparada a partir de um tecido
inteligente pode atender a isso, é fundamental entender seu funcionamento,
funções, necessidade, participação de mercado e demanda futura.

Desse modo, precisamos compreender o por quê escolher roupas


‘inteligentes’ ou ‘funcionais’, vamos destacar alguns aspectos: a roupa é o único
meio que pode sempre, ou em todas as condições, aderir ao corpo humano
por estar próximo à pele; pode facilmente se tornar um material para sentir o
movimento do corpo; um tecido é flexível por natureza e pode ser moldado na
forma desejada; além disso, a roupa pode atuar como auxiliar de trabalho para a
mídia eletrônica. 

Destacamos que compósitos de fibras, fios ou tecidos com metal também


podem conferir conforto ao corpo humano e pode, facilmente, se tornar um meio
de interação homem-máquina. Neste viés, podemos observar a necessidade de
fusão, frequentemente vemos as pessoas carregando dispositivos eletrônicos como
celulares, relógios de pulso, fones de ouvido, laptops etc. que se tornaram essenciais. 

A venda de tais aparelhos está testemunhando uma curva ascendente e seu


volume de mercado provavelmente aumentará. Se as pessoas realmente vão carregar
esses aparelhos a maior parte do tempo, a fusão deles pode ser proveitosamente
explorada. Vamos ver em sequência, algumas inovações nesse viés.

DICAS

Veja mais sobre tecnologia na industria têxtil em: https://fcem.com.br/noticias/


tecnologia-para-industria-textil-o-que-ha-de-mais-moderno-no-setor/.

199
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

4 INOVAÇÃO NA MODA: TÊXTEIS INTELIGENTES


Acadêmico, as mesclas de têxteis e tecnologia são muito promissoras
na elaboração de materiais têxteis, sobretudo, no contexto da Revolução 4.0,
que já exploramos conceitualmente. Existe uma categoria de têxteis inteligentes
chamada de ‘e-têxteis’, que são uma combinação de têxteis e eletrônicos. 

O material têxtil modificado e os dispositivos eletrônicos miniaturizados


criam roupas inteligentes.  São como tecidos comuns, que oferecem funções
especiais em diversas situações, de acordo com o design e a aplicação. Dispositivos
eletrônicos como chips, microfones, LEDs e fios de baixa tensão podem ser
combinados com têxteis.

A evolução das roupas inteligentes pode ser brevemente resumida: as


roupas inteligentes de primeira geração forneciam espaço nas roupas necessárias
para transportar dispositivos portáteis de maneira conveniente, bem como guias
de fio (ou caminho) para fones de ouvido. A próxima geração integrou dispositivos
eletrônicos às roupas.  Por exemplo, fios elétricos baseados em fibra, que usam
fibra de metal, são inseridos nas roupas e pequenos dispositivos eletrônicos são
fixados nas roupas. 

Roupas inteligentes são um novo tipo de vestuário criado pela fusão


de engenharia eletrônica e design de vestuário.  O processo de fusão oferece
funcionalidade eletrônica e características têxteis.  Para obter a combinação
perfeita, são usados ​​materiais como carbono, silício, partículas de metal e tintas
condutoras.  As matérias-primas básicas são: partículas de carbono/metal;
enchimento de fios sintéticos e fibras revestidas com polímeros condutores.

Pode ser embutido na fabricação do tecido, tricotado ou bordado, isso


depende da técnica de criação escolhida.  Essas matérias-primas geralmente
contêm algumas funcionalidades, características específicas que lhes permitem
desempenhar uma função específica conforme o uso. Quanto às características
especiais de materiais inteligentes podemos apontar:

• Materiais de mudança de fase: aumentando o conforto por meio do controle de


temperatura, alterando sua fase.
• Materiais com memória de forma: que induz vibrações mecânicas em roupas,
uso de liga com memória de forma (SMA) e propriedades de polímero com
memória de forma (SMP).
• Materiais crômicos: possuem fibras tipo camaleão, que podem mudar de cor
de acordo com as condições externas, oferecendo fotoluminescência. Bastante
utilizadas em roupas de festa, e luminescência óptica.
• Têxteis eletrônicos e condutores: o próprio material têxtil pode conduzir
eletricidade na forma de fibra ou fio ou usando revestimentos em
tecido.  Polianilina e polipropileno são polímeros condutores.  Os fios
multifilamentos de aço inoxidável Bekinox e X-silver são exemplos.

200
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

As fibras têxteis tem uma participação especial e uma historia de


evolução que perpassam gerações. As fibras têxteis de primeira geração foram
aquelas adquiridas diretamente da natureza e aquela época durou 4.000 anos. A
segunda geração consistia em fibras artificiais como o náilon e o poliéster,
resultado dos esforços dos químicos, em 1950, para evoluir com materiais que
se assemelhavam às fibras naturais. A terceira geração inclui fibras de recursos
naturais subutilizados para atender às necessidades da população cada vez
maior.  Estas não são apenas alternativas ou acréscimos às fibras naturais
existentes, mas acredita-se que possuem características diversificadas que
podem auxiliar em diversas áreas de aplicação. Como resultado das mudanças
na indústria têxtil, o setor de têxteis técnicos está crescendo nas economias
desenvolvidas, com aplicação em diversos campos. 

Durante a era industrial de 1775 a 1850, a extração e a produção de fibras


naturais estavam no auge.  O período entre 1870 e 1980 marcou o epítome da
exploração da fibra sintética, ao final da qual a palavra ‘têxteis técnicos’ foi
cunhada.  Após uma década, mais inovações, incluindo materiais flexíveis,
estruturas extremamente leves, moldagem 3D, evoluíram no campo dos têxteis
inteligentes.  O século XX marca a era da informação, quando trajes espaciais,
robôs, têxteis autolimpantes, eletroluminescência de painel, têxteis camaleônicos
e vestimentas de monitoramento corporal são comercialmente bem-sucedidos. 

Os polímeros sintéticos têm um potencial enorme e uma funcionalidade


abundante que pode superar as fibras naturais.  Por exemplo, biopolímeros
derivados de milho têm sido amplamente usados ​​na criação de fibras de
alta tecnologia com funcionalidade suprema com aplicação em fraldas
biodegradáveis ​​e laváveis.  Essas técnicas avançadas tornaram possível as
fibras que se dissolvem na água, reduzindo, assim, o despejo nas tubulações
de saneamento.  As almofadas compostáveis ​​são projetadas de forma que
contenham 100% de materiais naturais biodegradáveis. 

Atualmente, os têxteis convencionais são materiais tecidos ou tricotados


cujo uso é baseado em resultados de testes. Em contraste, os têxteis técnicos são
desenvolvidos com base nas aplicações do usuário.  Suas aplicações incluem
trajes espaciais, rins e corações artificiais, roupas repelentes de pesticidas para
agricultores, construção de estradas, bolsas para evitar que as frutas sejam
comidas por pássaros e materiais de embalagem repelentes de água eficientes.

Os diferentes ramos dos têxteis técnicos incluem vestuário, embalagem,


desporto e lazer, transporte, medicina e higiene, industrial, invisível, eco-têxteis,
casa, segurança e protecção, construção civil, geotêxteis, agro-têxteis entre outros.

Comparando as tendências de consumo com o resto do mundo, a


Índia tem uma participação de 35% em têxteis para aplicações funcionais em
roupas e calçados, os chamados clothtech, 21% em têxteis para aplicações em
embalagens, as packtech, e 8% em têxteis para esporte, o sportech.  O restante
soma-se aos 36%. No entanto, globalmente o setor líder são os têxteis usados​​

201
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

na construção de automóveis, ferrovias, navios, aeronaves e espaçonaves


(mobiltech), o que representa 25% do mercado de têxteis técnicos, seguido pelos
têxteis industriais (indutech) com 16% e sportech em 15%, com todos os outros
campos compreendendo 44%.

 Os produtos que podem impulsionar a indústria incluem correias para


cintos de segurança, fraldas e descartáveis, geotêxteis, tecidos retardadores de
fogo, roupas de proteção antibala, filtros, não tecidos, painéis e sinalização.

Na Índia, encontra-se uma enorme rede de recursos e um forte mercado


interno. A indústria têxtil indiana despertou para o enorme potencial dos setores
técnico e não tecido. O forte apoio do governo por meio de políticas, introdução de
legislação apropriada e desenvolvimento de testes e padrões adequados podem
ter um impacto positivo no crescimento desta indústria. A necessidade principal
do momento é a de pessoal mais treinado, pois deveria haver mais planos
para treinar trabalhadores e iniciar centros de incubação para experimentos de
laboratório em terra. As contribuições significativas das associações de pesquisa
no país são altamente louváveis. Elas incluem a Ahmedabad Textile Industry Research
Association (ATIRA), a Bombay Textile Research Association (BTRA), a South India
Textile Research Association (SITRA), a Northern India Textile Research Association
(NITRA), a Wool Research Association (WRA), o Synthetic & Art Silk Mills ‘Research
Association (SASMIRA) e Man-made Textile Research Association (MANTRA). Trinta
e três parques têxteis integrados, distribuídos da seguinte forma: cinco em Tamil
Nadu, quatro em Andhra Pradesh, cinco em Karnataka, seis em Maharashtra, seis
em Gujarat, dois em Rajasthan, um em Uttar Pradesh, e um em Bengala Ocidental.

Os têxteis, sendo uma interface abrangente e universal, são ideais para


a integração de sensores para monitorar o usuário e o ambiente. Os têxteis
oferecem uma estrutura versátil para incorporar dispositivos de detecção,
monitoramento e processamento de informações. Os têxteis inteligentes
podem sentir e reagir a condições ou estímulos ambientais, por exemplo, de
fontes mecânicas, térmicas, químicas, elétricas ou magnéticas. Alguns são
chamados de “têxteis inteligentes passivos”, capazes de detectar as condições
ambientais, enquanto os “têxteis inteligentes ativos” contêm tanto atuadores
quanto sensores, como termorreguladores. Visto essa contextualização, vamos
aprender alguns têxteis inteligentes:

• Geotêxteis

Os geotêxteis são usados para cobrir a terra ou o chão, usados também


para a construção de casas, pontes, represas e monumentos, além de aumentar
sua vida útil.

202
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

• Biomimética

Biomimética é o projeto de novos materiais de fibra, sistemas ou máquinas


por meio do estudo de sistemas vivos, para aprender com seus mecanismos
funcionais de alto nível e aplicá-los ao projeto molecular e material. Por exemplo,
imitação de como a folha de lótus se comporta com gotículas de água; a superfície
é microscopicamente áspera e coberta por uma camada de substância parecida
com cera com baixa tensão superficial.  Quando a água cai na superfície da
folha, o ar aprisionado forma um limite com a água.  O ângulo de contato da
água é grande por causa da substância semelhante à cera.  No entanto, outros
fatores como a textura da superfície também afetam a repelência. O critério para
repelência à água é que o ângulo de rolagem deve ser inferior a dez graus. Esta
ideia é tomada e recriada como um tecido. O material potencial pode reduzir o
esforço em esportes como natação.

• Vivometrics

A eletrônica integrada aos tecidos pode ler as condições do corpo, como


batimento cardíaco, pressão sanguínea, calorias queimadas, tempo de volta,
passos dados e níveis de oxigênio. Essa é a ideia por trás da Vivometrics, também
chamada de vestimenta de monitoramento corporal (BMG). Pode salvar a vida de
um recém-nascido ou de um esportista. A marca Life conquistou o mercado com
seu colete de monitoramento corporal eficiente. Funciona como uma ambulância
têxtil, analisando e alterando para obter ajuda. Uma ampla gama de informações
cardiopulmonares é coletada com base na função cardíaca, postura, registros de
atividades, pressão arterial, níveis de oxigênio e dióxido de carbono, temperatura
corporal e movimentos. É uma grande inovação no campo dos têxteis desportivos
e médicos. 

• Têxteis de camuflagem

A superfície que muda de cor do camaleão é observada e recriada no


material têxtil.  Têxteis de camuflagem que lidam com a ocultação de objetos e
pessoas imitando ambientes foram introduzidos durante a Segunda Guerra
Mundial.  Esta técnica utiliza fibras que ajudam na mesclagem com o fundo,
algo que pode refletir o fundo como um espelho e também ser forte como o
carbono. Essas fibras são usadas junto com algodão e poliéster para criar têxteis
de camuflagem.  Inicialmente, apenas dois padrões de cores foram projetados
para se assemelhar a uma cena de uma floresta densa com tons de verde e
marrom.  Mas agora, sete variações são projetadas com melhor funcionalidade
e enganação. Inclui espaçamento, movimento, superfície, forma, brilho, silhueta
e sombra.  Os parâmetros são essenciais para detectar uma pessoa a longa
distância. A avaliação de tecidos de camuflagem é difícil, pois difere com a luz
do Sol, umidade e estação. Assim, pessoas com daltonismo são contratadas para
detectar camuflagem visual. A análise subjetiva, a análise quantitativa e o auxílio
de equipamentos eletrônicos são realizados para testes dos materiais. 

203
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

• Têxteis para entrega de drogarias (medicamentos)

Os avanços na indústria da saúde agora combinam têxteis e


medicamentos. Os materiais têxteis podem ser usados ​​para aumentar a eficácia
dos medicamentos, fornecendo um mecanismo para a liberação controlada dos
medicamentos durante um período de tempo sustentado e fornecendo alta
concentração de medicamentos aos tecidos-alvo sem efeitos colaterais graves. Por
exemplo, o adesivo transdérmico anticoncepcional Ortho Evra para mulheres tem
20 cm de comprimento, consiste em três camadas e é aprovado pela Food and Drug
Administration dos EUA.

• Uso de gás ou plasma para acabamento têxtil

A tendência começou em 1960, quando o plasma foi usado para mudar


a superfície do tecido.  É uma fase da matéria distinta de sólidos, líquidos e
gases e é eletricamente neutra. São gases ionizados compostos de elétrons, íons
e partículas neutras.  O plasma é um gás parcialmente ionizado formado por
espécies neutras como átomos excitados, radicais livres, partículas metaestáveis​​
e espécies carregadas (elétrons e íons).  Existem dois tipos de plasma: à base
de vácuo e à base de pressão atmosférica. A superfície do tecido é submetida
ao bombardeio de elétrons, gerado no campo elétrico do plasma.  Os elétrons
atingem a superfície com uma ampla distribuição de energia e velocidade e isso
leva a uma sessão em cadeia na camada superior da superfície têxtil, criando
reticulação e reforçando o material.

O tratamento com plasma causa corrosão ou efeito de limpeza na


superfície do tecido. O ataque ácido aumenta a área de superfície, o que cria uma
melhor aderência dos revestimentos. O plasma afeta o alvo e é muito específico
por natureza.  Pode ser usado em tecidos de seda, não causando alteração nas
propriedades físicas do alvo. Aramidas, como o Kevlar, que perdem força quando
molhadas, podem ser tratadas com mais sucesso com plasma do que por métodos
convencionais.  Pode-se, também, conferir uma propriedade diferente em cada
lado do tecido. Um lado pode ser hidrofóbico e o outro hidrofílico. O tratamento
com plasma funciona tanto para fibras sintéticas como naturais, com sucesso
particular em antifeltragem e resistência ao encolhimento para lã.

Ao contrário do processamento químico tradicional que requer várias


etapas para a aplicação de diferentes acabamentos, o plasma permite a aplicação
de acabamentos multifuncionais em uma única etapa e em um processo
contínuo.  Woolmark patenteou a tecnologia de percepção sensorial (SPT) que
adiciona cheiro aos tecidos. A empresa norte-americana NanoHorizons ‘SmartSilver’ é
uma tecnologia líder no fornecimento de proteção antiodor e antimicrobiana para
fibras e tecidos naturais e sintéticos. Pacientes com ataque cardíaco, no Ocidente,
estão sendo resfriados em uma tenda inflável durante a operação para reduzir
o risco de derrame, diminuindo a temperatura corporal.  Uma nova bandagem
natural foi desenvolvida usando fibrinogênio de proteína plasmática.  Como é
feito de coágulo de sangue humano, o curativo não precisa ser removido. Ele se
dissolve na pele durante o processo de cicatrização.

204
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

• Tecnologia de percepção sensorial (SPT)

Esta tecnologia captura fragrâncias, essências e outros efeitos em


microcápsulas afixadas em tecidos.  Essas microcápsulas são recipientes em
miniatura com um revestimento de polímero protetor ou concha de melamina
que protege o conteúdo da evaporação, oxidação e contaminação. Quando esses
tecidos são usados, algumas dessas cápsulas se rompem, liberando o conteúdo.

• Microencapsulação

É um processo simples que consiste em encapsular substâncias líquidas


ou sólidas em microesferas seladas (0,5-2.000 mícrons).  Essas microcápsulas
liberam gradualmente os agentes ativos por simples fricção mecânica que rompe
a membrana. Eles são usados ​​em desodorantes, loções, tinturas, amaciantes de
roupas e retardantes de chamas.

• Têxteis eletrônicos

Eletrônicos vestíveis, como a jaqueta ICD® da Philips e Levi’s, com seu


telefone celular embutido e MP3 player, funcionam com baterias. Uma vestimenta
incorporada à tecnologia não é nova, mas os avanços contínuos em têxteis
inteligentes os tornam mais viáveis, desejáveis ​​e práticos na aplicação. Fios são
costurados no tecido para conectar os dispositivos a um controle remoto e um
microfone é embutido na gola. Muitos outros fabricantes surgiram posteriormente
com tecidos inteligentes que escondem todos os fios.

• Camiseta que abraça

Outra invenção interessante é a camiseta que abraça (Hug Shirt®). Ela confere
ao usuário a sensação de estar sendo abraçado. Quando um abraço é enviado por
mensagem ou por bluetooth, os sensores reagem criando calor, frequência cardíaca,
pressão e o momento do abraço da pessoa virtual, em realidade. 

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UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

FIGURA 8 – CAMISA HUGSHIRT

FONTE: <https://cdn.trendhunterstatic.com/thumbs/hug-shirt-send-somone-a-hug-via-text-
message.jpeg>. Acesso em: 8 abr. 2021.

A pessoa que receberá o abraço deve vestir a camisa, o remetente abre um


aplicativo (Hug me®) em um celular e escolhe o tipo de abraço que gostaria de dar,
o qual, posteriormente, é transmitido para a roupa. O objetivo desta criação foi
usar a tecnologia para reproduzir emoções.

NTE
INTERESSA

Veja uma reportagem sobre a Hug Shirt® (camiseta que abraça) no endereço:
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL20570-6174-545,00.html.

• Tecido Luminex

Embora a tecnologia possa estar escondida através de revestimentos


invisíveis e fibras avançadas, ela também pode ser usada para alterar drasticamente
a aparência do tecido, proporcionando efeitos novos e deslumbrantes. Luminex é
um tecido com fios de fibra ótica entrelaçados, iluminados por diodos emissores
de luz de LED). O Luminex foi incorporado a roupas brilhantes, de segurança,
bolsas, móveis e até mesmo um vestido de noiva. Outro desenvolvimento
recente é o tecido Lumalive® da Philips, apresentando matrizes flexíveis de LEDs
coloridos totalmente integrados ao tecido. Esses tecidos emissores de luz podem
transmitir mensagens dinâmicas, gráficos ou imagens multicoloridas. Com base
nos conceitos de cor e terapia de luz, brilho e aparência da cor da luz.

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TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

• Tecido smart Elextex

Destacamos, ainda, a invenção Elextex®, o teclado em tecido smart, um


QWERTY do tamanho de um laptop que oferece todos os recursos do teclado de
escritório para executivos ocupados em um pacote ultraportátil e compacto, um
teclado que consiste em uma laminação de cinco camadas de têxteis condutores
e isolantes formando um sensor de toque em todo tecido.  Pode ser costurado,
dobrado e lavado.

FIGURA 9 – TEXTIL SMART EM TECLADO DA ELEKSEN

FONTE: <encurtador.com.br/jnxY8>; <encurtador.com.br/osAD9>. Acesso em: 8 abr. 2021.

• Têxtil autodesinfetante

Recentemente, a Livinguard anunciou que a Agência de Proteção


Ambiental dos Estados Unidos (EPA) aprovou o tecido autodesinfetante
patenteado da empresa de tecnologia de higiene (EPA Reg N. 95700-2). O novo
tecido é eficaz contra bactérias Gram negativas e Gram positivas, 100.000 vezes em
dez minutos entre os níveis mais altos de defesa contra patógenos causadores de
doenças.  Com patentes, trata-se de uma tecnologia única, segundo a empresa.
Além de matar 99,999% das bactérias, a tecnologia da Livinguard desinfeta
continuamente e é segura para os humanos e o meio ambiente, explica a empresa. 

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UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

FIGURA 10 – MÁSCARA COM TECIDO AUTODESINFETANTE

FONTE: <https://livinguard.com/wp-content/uploads/2020/10/usteaser_new-1024x768.png>.
Acesso em: 8 abr. 2021.

Além disso, a aprovação da EPA confirma que a tecnologia de


autodesinfecção da Livinguard permanece eficaz em têxteis testados após 30
lavagens industriais, dando-lhe ampla aplicação em muitas indústrias, afirma.

NOTA

Esta certificação da EPA é a confirmação da invenção revolucionária e


patenteada da Livinguard, criando uma nova categoria de autodesinfecção de têxteis, em
que o tecido mata bactérias em contato, é lavável e reutilizável.

FONTE: Adaptado de <https://livinguard.com/coronavirus/>. Acesso em: 8 abr. 2021.

Existem basicamente duas categorias diferentes de têxteis


inteligentes: estética e desempenho. 

Ressaltamos que os têxteis ‘normais’ têm atuado como uma segunda pele
para proteção e aparência, enquanto os têxteis inteligentes têm o potencial de
simular e aumentar o sistema sensorial da pele ao sentir estímulos externos, como
proximidade, toque, pressão, temperatura e substâncias químicas/biológicas.

Lumelsky, Shur e Wagner (2001) descrevem uma grande área flexível


de sensores semelhantes à pele, com recursos de processamento de dados que
podem ser usados para cobrir toda a superfície de uma máquina, como um
sistema robótico ou mesmo parte de um corpo humano.

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TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

Para condições como diabetes, em que o paciente perde sensibilidade nos


membros, ou para pacientes acamados, os tecidos sensíveis à pressão podem
auxiliar na avaliação e alertar para reduzir a ocorrência de úlceras.

Sensores de pressão de espuma já foram demonstrados para esse propósito.


Têxteis que aumentam o desempenho são feitos para condições extremas, como
aplicações militares e atividades esportivas. Ajudam a regular a temperatura
corporal, as vibrações musculares e a redução da resistência. Há também outras
categorias de tecidos que foram desenvolvidos para roupas de proteção, a fim
de se proteger de condições ambientais extremas, como exposição à radiação e
viagens espaciais. 

Tudo isso nos ajuda a entender como a eletrônica e os têxteis podem


ser integrados para melhorar a qualidade de vida. Com nanotecnologias smart
os têxteis podem fornecer uma interface tátil, ou seja, uma alternativa à pele
sensível ao toque. As novas funcionalidades dos têxteis, obviamente, não se
limitam ao vestuário pessoal.

Acadêmico, compreender as várias invações em têxteis só é possível se


buscas contínuas sobre as tecnologias e processos aplicados na atualidade forem
feitas. Então busque, e veja quantas novidades interessantes você encontrará.

DICAS

Leia mais sobre e-têxteis no endereço: https://www.labtex.com.br/single-


post/2017/11/03/e-t%C3%AAxteis-t%C3%AAxteis-vest%C3%ADveis.

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UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

ESTUDO DE CASO: IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA EM


PROCESSOS TÊXTEIS PARA CONFECÇÃO DE ARTIGOS DENIM

Natani Aparecida do Bem


Beatriz Ueda Yamaguchi
Ana Carolina Dias de Albuquerque
Rute Milani Grossi
Luciana Cristina Soto Herek Rezende

RESUMO: A indústria têxtil é responsável por produzir um enorme volume de


resíduos líquidos e sólidos, devido aos inúmeros processos que fazem parte do
seu sistema produtivo, além da exploração de recursos naturais. Desta forma
é indispensável o uso de ferramentas de gestão ambiental para implementar
estratégias que minimizam os impactos ambientais e otimizam a utilização
de recursos naturais. Neste contexto, a Produção Mais Limpa (PmaisL) é uma
estratégia ambiental preventiva e integrada, aplicada de forma contínua nos
processos produtivos, produtos e serviços, com o objetivo de redução de riscos
à vida e ao ambiente. Por meio da PmaisL são realizados ajustes no processo
produtivo que permitem a redução da geração de resíduos, utilizando pequenos
reparos no modelo existente ou com a aquisição de novas tecnologias. Esta
pesquisa teve como objetivo analisar a gestão da água em uma indústria com
atividade de produção no setor têxtil, atuando principalmente no processo de
tecelagem, por meio da análise da implantação da ferramenta PmaisL. O estudo
realizado aponta como ocorreu a implantação da PmaisL nesta indústria de
transformação, criando parâmetros para a apresentação do funcionamento da
PmaisL dentro dos setores da empresa, assim como é realizada a utilização da
água nas etapas e processos.

PALAVRAS-CHAVE: Água; Indústria têxtil, Sustentabilidade; Resíduos sólidos


e líquidos.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a preocupação da sociedade com os impactos causados


ao meio ambiente tem crescido e se difundido, isso tem sido refletido nos efeitos
visíveis de poluição à saúde do homem, na diminuição dos recursos naturais,
dentre outros aspectos provenientes desse impacto ambiental que tem levantado
a preocupação com as gerações futuras.

Até pouco tempo, o meio ambiente era visto como fonte inesgotável de
recursos naturais, mas a constante busca pelo crescimento a qualquer custo, fez
com que o planeta se tornasse vulnerável aos impactos ambientais causados
pelas atividades produtivas das indústrias. Com isso, as questões ambientais

210
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

em qualquer ramo de atividade industrial tem estado cada vez mais em pauta,
pois a preocupação com os impactos negativos gerados ao ambiente fez com que
os empresários se conscientizassem de sua responsabilidade social, adotando
medidas de gestão ambiental.

Para enfrentar esse cenário, a gestão ambiental tem atuado dentro das
organizações vinculada ao princípio do uso múltiplo dos recursos naturais,
definido como uma estratégia de planejamento aplicada para alcançar aprodução
máxima do uso racional de recursos, gerando amplos benefícios (LOPES, 2007).

Como alternativa para esses problemas que vêm sendo enfrentados,


a racionalização do uso de matéria-prima, água e energia tem promovido
ascendente eficiência no processo industrial, diminuindo os desperdícios e
resultando em menor investimento para soluções de problemas ambientais.
Estratégia competitiva adotada por empresas ao transformar matérias-primas,
água e energia em produtos, e não em resíduos, práticas oriundas da produção
mais limpa (SENAI, 2007).

A Produção Mais Limpa (PmaisL) é uma estratégia ambiental preventiva


e integrada aplicada de forma contínua, nos processos produtivos, produtos,
serviços, para reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente. Com ela
são realizados ajustes no processo produtivo que permitem a redução da geração de
resíduos, por meio de pequenos reparos no modelo existente ou com a aquisição
de novas tecnologias (CNTL/SENAI-RS 2003).

Neste contexto, a PmaisL atua como ação preventiva aplicada ao processo


produtivo, que objetiva a preservação do meio ambiente aliado a busca pelo
crescimento sustentável das organizações por melhorias na sua competitividade
e lucratividade.

Para Filho et al. (2007) a PmaisL diferencia-se da abordagem convencional


principalmente por enxergar o sistema produtivo no campo ambiental, pensando
em formas de gerenciamento e aplicação de tecnologia na melhoria de sistemas
em prol do ambiente.

Para realizar a implantação desse processo de produção em produtos ou


serviços, é necessário conhecer um pouco sobre sua estrutura, como é dividida
e onde pode ser aplicada, essa divisão ocorre em três níveis que possibilitam
a identificação das condições de preservação do meio ambiente nos processos
executados (CNTL/SENAI-RS, 2003).

Neste sentido, a PmaisL defende a prevenção de resíduos na fonte,


estabelecendo o compromisso com a precaução contra riscos ambientais de
processos e produtos desde o seu surgimento até o seu descarte (FILHO et al. 2007).

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UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Segundo CNTL/SENAI-RS (2003), a PmaisL é considerada a aplicação


contínua de uma estratégia que envolve aspectos ambientais, econômicos e
tecnológicos, integrados aos processos e produtos que por meio da minimização
ou reciclagem de resíduos gerados no processo, aumentam a eficiência no uso de
água e energia.

A indústria têxtil é responsável pela geração de um grande volume de


resíduos sólidos e líquidos, devido aos inúmeros processos constituintes de seu
processo produtivo, além da exploração dos recursos naturais. Desta forma se
torna indispensável o uso de ferramentas de gestão ambiental, para implementar
estratégias para a minimização dos impactos ambientais e otimização da utilização
de recursos naturais. Permitindo, desta forma, melhorias no processo produtivo
e potencializando a sustentabilidade econômica e ambiental (TEIXEIRA;
CASTILLO, 2012).

Considerado um dos setores mais tradicionais e complexos das indústrias


do mundo, o setor têxtil possui uma cadeia produtiva extensa, que se inicia na
produção de fibras e filamentos, passando pelas etapas de fiação, tecelagem,
malharia, acabamento e confecção. Boa parte das indústrias que realizam esses
processos estão presentes em todo o planeta, desde a países desenvolvidos, até
aqueles de menor desenvolvimento econômico (CNI, 2017).

Segundo informações levantadas pela Confederação Nacional da


Indústria (CNI, 2017), a indústria têxtil é considerada a principal responsável por
deflagrar a primeira Revolução Industrial, ao substituir os teares manuais pela
tecnologia das máquinas movidas a vapor, que realizavam o processo de forma
mais rápida e em grande escala. Desde então o setor não parou de investir em
novas tecnologias de produção, e atualmente, está na implementação da chamada
indústria 4.0, conhecida como a quarta Revolução Industrial.

A indústria têxtil e de confecção nacional é responsável pela quarta maior


cadeia produtiva integrada e verticalizada do mundo, contando com mais de 32
mil empresas, presentes nos 27 Estados brasileiros, entretanto, sendo a região
sudeste distinguindo-se das demais, pois concentra o maior número de geração
de empregos, 49,4% (CNI, 2017). Diante disso e de outros estudos que mostram
a relevância do setor para o desenvolvimento do país e dos Estados em que
está presente, a indústria têxtil e de confecção possui enorme relevância social e
econômica para o país.

Devido aos inúmeros processos no qual o produto têxtil é submetido


durante sua fabricação, fica visível a complexidade da cadeia produtiva, além de
levantar questões sobre a caracterização da implantação de questões ambientais,
devido aos diferentes insumos e processos poluidores.

Com o objetivo de analisar a gestão da água em uma indústria com


atividade de produção no setor têxtil, o estudo é voltado para uma empresa
que fabrica tecidos usados na confecção de peças jeans, por meio da análise da
implantação da ferramenta PmaisL.

212
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

A ferramenta da PmaisL aplicada no processo produtivo da empresa,


atua no aperfeiçoamento do uso de matéria-prima principal da produção (água),
além de fazer o reuso dessa matéria-prima em outras etapas do seu processo
produtivo. Atrelado a isso, será abordado de forma breve outras práticas
mantidas pela empresa que resultam em benefícios ambientais e econômicos,
ocasionados pela redução dos impactos ambientais e o aumento da eficiência
no processo produtivo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado em duas etapas: a primeira consistiu na


realização de um levantamento de dados bibliográficos voltados para a aplicação
da PmaisL em indústrias do ramo têxtil; e a segunda etapa consistiu, a partir dos
referenciais teóricos pesquisados, na implementação da ferramenta PmaisL em
uma indústria do ramo têxtil.

2.1 1ᵃ Etapa: Levantamento de dados bibliográficos

Foi realizada uma busca em duas bases de dados: SCIELO e SCOPUS, no


mês de abril de 2019. Foram utilizados 5 descritores: “environmental management”,
“textile”, “cleaner production”, “life cycle” e “environmental impact”. Para esses
descritores foram levantados os volumes de publicações referentes ao período de
2007 até o primeiro semestre de 2019.

Os trabalhos foram selecionados com base na priorização da aplicação


da PmaisL no setor têxtil, e após a seleção, foi realizada uma quantificação das
informações, para determinação da aplicação e pontos de melhorias no processo
produtivo da empresa escolhida.

2.2 2ᵃ Etapa: Aplicação da ferramenta PmaisL

A empresa, na qual foi aplicada a ferramenta de melhoria do processo


produtivo PmaisL. O processo produtivo da empresa consiste nas etapas de fiação,
tecelagem, tinturaria, acabamento, inspeção, depósito e expedição de tecidos
denim. Sua capacidade produtiva é em torno de 4 milhões de metros de tecido por
mês, feitos por uma mão de obra de 1.500 funcionários e aproximadamente 300
colaboradores terceirizados em atividades auxiliares e de manutenção.

A referida empresa possui perfil poluidor durante seu processo de


fabricação, devido ao grande volume de água usado na produção, além dos
processos de tingimento e acabamento, que resultam em um efluente altamente
poluente se lançado diretamente nos rios.

A Figura 1 apresenta as etapas para aplicação da ferramenta PmaisL neste


trabalho, de acordo com os conceitos de produção mais limpa apresentados pelo
CNI /SENAI (2003).

213
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Conforme exposto na Figura 1 a aplicação da PmaisL consiste nas


etapas de:

• Planejamento, quando ocorre ao formação do ecotime, composto por


colaboradores de diferentes setores da empresa, gerenciados por um
colaborador do setor administrativo, com o foco voltado para aqueles que
atuam nos setores mais poluentes;
• Pré-avaliação: tem por objetivo a inserção de melhorias propostas no uso da
água com foco na substituição de processos que permitam maior eficiência no
uso da água na produção, e diminuição do consumo, além das melhorias no
tratamento dos efluentes para voltá-los a fonte;
• Avaliação: realização de um balanço de dados para compreender as fontes e
causas do desperdício da água e o aspecto dos efluentes descartados no rio.

Figura 1: Fluxograma da aplicação da PmaisL para a indústria têxtil em estudo.

Fonte: Adaptado, CNTL/SENAI-RS (2003, p. 116).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o estudo, foi possível avaliar a metodologia e tecnologia, que


tornou possível a redução, o reuso e a melhoria no processo de tratamento,
possibilitando a compreensão das estratégias e métodos adotados durante
a implantação da PmaisL, que apresentaram resultados satisfatórios em sua
aplicação durante o processo produtivo por meio da transformação e tratamento

214
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

da fibra do algodão em tecido. Em algumas etapas deste processo, como é o caso


do tingimento - imersão dos fios em banho de corantes - e, a fixação realizada por
meio da oxidação, pode haver uma geração significativa de efluentes.

Após serem tingidos, os fios são abertos em camadas para serem inseridos
nas próximas etapas do processo, em seguida o fio passa pela engomadeira e
recebe uma camada fina de goma, para dar resistência necessária ao fio para que ele
suporte o processo de produção do tecido, a tecelagem propriamente dita. Por fim,
na etapa de acabamento, garante-se a estabilidade dimensional ao tecido, para
que ele apresente a largura, encolhimento e desvio desejados, além disso, nessa
etapa é possível agregar complementos ao tecido como: proteção contra chama,
repelência a líquidos entre outros tipos de beneficiamentos caracterizados por
um alto consumo de água.

Diante disso, o caminho trilhado pela empresa ao aplicar a ferramenta


da PmaisL abrange avaliações técnicas, ambientais e econômicas, presentes
nas cinco etapas do programa de implantação, apresentadas anteriormente,
na qual expõe como ocorreu a implantação da PmaisL dentro da indústria de
transformação; onde foi possível criar parâmetros para a apresentação de como é
o funcionamento da ferramenta dentro dos setores mais críticos, apontando como
é feita a reutilização dos recursos naturais, no caso a água, por meio da desse
modelo de gestão.

Os resultados da implementação da PmaisL foram avaliados nas etapas


um, dois, três, quatro e cinco do programa de implantação.

Na etapa 1, em que ocorre o planejamento e organização, foi desenvolvido


um trabalho de conscientização ambiental pelo ecotime, que resultou na
implantação de conceitos ambientais a cultura organizacional da empresa, pois,
o colaborador ambientalmente responsável é aquele que reconhece e incorpora
atitudes de um cidadão ecologicamente correto, aplicando as ações como: não
desperdiçar; reutilizar; reciclar e proteger, convertendo o outro pelo exemplo das
ações praticadas. Essas ações realizadas durante a pré-avaliação são resultado da
promoção feita por meio do levantamento dos aspectos e impactos ambientais
dos diversos processos realizados pela empresa envolvendo todos os funcionários
pela conscientização.

Já na segunda fase, na qual acontece o diagnóstico e a pré-avaliação


de ações que são resultado da promoção feita por meio do levantamento dos
aspectos e impactos ambientais dos diversos processos realizados pela empresa
envolvendo 100% dos funcionários, aplicando os estudos feitos na primeira
etapa. Por meio dessa ação foi possível gerenciar o uso de água no dia- a-dia na
empresa, a fim de evitar que ocorresse desperdício, além de estabelecer as bases
para o gerenciamento de processos implantados, possibilitando a identificação de
onde o consumo de água e a geração de efluentes é significativa.

215
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Diante disso, os recursos para a medição e gestão do uso da água na


unidade, foi uma ação que possibilitou a análise crítica dos processos e a alternativa
de reutilizar o efluente dentro do próprio processo produtivo se mostrou uma
das novas estratégias mais eficazes aplicadas pela indústria de transformação.

Mediante a ação foi possível gerenciar o uso de água no dia-a- dia


da empresa, a fim de evitar que ocorresse desperdício, além de estabelecer
as bases para o gerenciamento de processos implantados, possibilitando a
identificação de todos os processos em que o consumo de água e a geração de
efluentes é significativa.

O terceiro estágio compreende-se na avaliação. Nesta etapa, para alcançar


o objetivo, algumas ações foram desenvolvidas visando à redução de consumo
de água e aumento da conscientização da necessidade de gerenciamento que
contribuirão como parte da implantação da PmaisL aplicada no processo
produtivo, dividida em três etapas: a redução do desperdício por meio da
racionalização do uso da água; o reuso da água dentro dos processos industriais;
e a melhoria dos processos de tratamento de efluentes a fim de mitigar impactos
ambientais e viabilizar o reuso dos efluentes.

Após a aplicação desses conceitos de conscientização, os setores da empresa


que passaram por avaliação apresentaram mudanças em alguns processos com
simples ações do cotidiano, que geraram um impacto significativo na redução do
consumo e desperdício de água, tanto no consumo humano dentro da fábrica,
como no processo produtivo. Na etapa quatro em que acontece o estudo da
viabilidade técnica, econômica e ambiental, a indústria de transformação optou
por aplicar ações já descritas nas etapas anteriores, considerando o fato de que os
resultados obtidos foram satisfatórios em cada etapa do processo e que se torna
possível à aplicação dessas ações.

Portanto, nas etapas iniciais do levantamento das informações e estudo


das oportunidades, os resultados foram de carácter satisfatório evidenciando
como a PmaisL tem apresentado resultados positivos à empresa em diferentes
aspectos, como as campanhas de conscientização, o reuso da água nos processos
industriais, o tratamento de efluentes para reuso, a redução de consumo direto
na fonte com melhorias e o monitoramento dos equipamentos. Estes diferentes
aspectos somados impactaram significativamente e economia e os custos que a
empresa dispende de compra e consumo de água.

Por fim, na quinta fase e última etapa ocorre a implantação da PmaisL, na


qual é considerado os conceitos apresentados sobre os níveis de classificação em
conformidade com os resultados obtidos pela empresa nas etapas anteriores. Desta
forma, ao analisar a Figura 2, é possível visualizar os níveis e ações desenvolvidas
pela empresa, expondo que a indústria de transformação aplica de forma efetiva
a PmaisL em seu processo produtivo. Por meio de ações preventivas relacionadas
ao uso de matérias-primas tóxicas nos efluentes devolvidos a fonte; levando em
consideração a conscientização dos colaboradores a respeito da importância de
proteger o ambiente como dever de todos.

216
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

Neste sentido, a empresa passa a fazer o uso eficiente de sua matéria-


prima principal que é a água, evitando problemas ambientais envolvidos no
processo produtivo, além de tudo sendo “beneficiada” com a redução de custos
devido ao desperdício e mal-uso da água como era feito anteriormente.

Figura 2: Fluxograma de implantação da PmaisL na indústria de transformação

Fonte: Autoras (2019)

Considerando os níveis apresentados na Figura 2 e as características


do processo produtivo da indústria de transformação, percebe-se que no nível
1 ocorre a minimização de resíduos e emissões na fonte, ou seja, as medidas
aplicadas aos processos e até mesmo no produto ajudam a reduzir a geração de
resíduos na fonte. No nível 2 a minimização de resíduos e emissões, acontece
através da reciclagem interna da água, podendo ser reintegrada ao processo
produtivo como matéria-prima, ou de uma forma diferente dependendo do
propósito da empresa.

Logo, o objetivo de integrar o processo de produção com as questões


ambientais, pode ser alcançado se aplicada a PmaisL afim de atingir o nível 1 e
2. Em resposta a isso, se comparada com a tecnologia convencional, as vantagens
em relação a isso, segundo a CNTL/SENAI-RS (2003) implicam na redução da
quantidade de materiais e energia usados na exploração do processo produtivo
com a minimização de resíduos e emissões induzidos pelo processo de inovação,
e desta forma caminhando para o desenvolvimento econômico e sustentável por
meio da minimização de resíduos e emissões. Além de aspectos como melhora na
conduta ambiental, redução de custos de produção, melhoria na condição de saúde
e de segurança do trabalhador, melhor relacionamento com os órgãos ambientais e
com a comunidade, melhorando consequentemente a satisfação dos clientes.

217
UNIDADE 3 — MEIO AMBIENTE, TECNOLOGIA LIMPA: PROGRAMA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L), INDÚSTRIA 4.0 E INOVAÇÃO

Diante desses aspectos é possível afirmar que os resultados obtidos


pela empresa com a implantação da PmaisL nas etapas do seu processo
produtivo,possibilitou que a mesma atingisse um resultado satisfatório por
meio de ações preventivas, aliadas a estratégias para redução de riscos ao meio
ambiente em seus processos, integrando ações do homem e o cuidado com a
água. Desde 2006, as ações para a redução do consumo de água e ampliações do
sistema de tratamento de efluentes tem apresentado uma redução significativa da
outorga de captação de água.

A preocupação e o compromisso de preservação ambiental fazem parte


da empresa, isso resultou na implantação da gestão hídrica as atividades
industriais, pois a água é o recurso natural mais usado em seu processo
produtivo. Essas e outras ações que começaram a ser implantadas resultaram
nas certificações ISO 9001- princípios da gestão de qualidade -, e a certificação
ISO 14001- implantação de um sistema de gestão ambiental-, ambas aplicadas
em todas as unidades da empresa.

Logo, sob a perspectiva da gestão ambiental, fica evidente que a empresa


pratica ações que impulsionam o desenvolvimento de práticas sustentáveis em seus
negócios, produtos e serviços, visando atingir os três pilares da sustentabilidade
– o econômico, o social e o ambiental - em sua organização.

Portanto, a gestão ambiental aliada às ações de melhorias nos processos


de fabricação da empresa, como a Estação de Tratamento de Água para fins de
consumo e também para reinserção no processo produtivo, possibilitará uma
redução na emissão de efluentes líquidos na produção do tecido e principalmente
no consumo de água. Sendo assim, será possível empregar as soluções propostas
pela gestão da água por meio da ferramenta PmaisL nos processos mais poluentes
da empresa: tingimento, engomagem e acabamento do tecido.

4 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos pela empresa por meio de ações preventivas,


aliadas a estratégias para redução de riscos ao meio ambiente em seus processos,
mediante a implantação da PmaisL integraram ações do homem e o cuidado
com a água em primeiro momento apresentaram um resultado satisfatório,
considerando as ações da primeira etapa, em que foi possível realizar a
conscientização ambiental por meio das ações promovidas pela empresa, interna
e externamente que dentro dos princípios de desenvolvimento sustentável
possibilitaram o desenvolvimento de novas alternativas para redução de
consumo de forma efetiva.

O trabalho em equipe, demonstrou a pró-atividade da empresa na


melhoria do seu desempenho ambiental, pela implantação da PmaisL no reuso de
água, permitindo que a Unidade de Estudo alcançasse os objetivos de expansão
e modernização inclusos na produção limpa, que levou a empresa ser reconhecida
pela conservação e reuso da água.

218
TÓPICO 3 — INOVAÇÃO

A indústria de transformação tida como objeto de estudo atua há décadas


com a PmaisL em seu processo produtivo, isso, possibilitou a comprovação
que é possível praticar uma Produção Mais Limpa mesmo que em processos
considerados totalmente poluentes.

Atrelado a isso, com os dados apresentados, torna-se possível afirmar que


as ações para reuso de água não exigem grandes investimentos financeiros ou
alterações técnicas significativas nos processos, tudo isso se dá pela cultura de
busca por excelência implantada na organização, o que acaba contribuindo para
o aperfeiçoamento dos processos em função das novas necessidades. Deixando
evidente que esse estudo, e a implantação da PmaisL pode ser aplicado por
diferentes organizações que trabalhem com o uso de água ou outro recurso
natural, sempre pensando em reduzir o impacto no meio ambiente independente
do porte ou ramo de atividade da empresa.

Por fim, entende-se que a redução do consumo de água por parte da


indústria de transformação é primordial para o desenvolvimento sustentável,
além disso, as ações praticadas só serão eficazes se todas as pessoas em seu
dia-a-dia tiverem consciência sobre como elas podem refletir positivamente no
meio ambiente.

FONTE: <http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/3312>. Acesso em: 30 dez. 2020.

219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem vários modos de conceber o conceito de inovação.

• Inovar é ser capaz de alcançar continuamente um futuro desejado e planejado.

• Na área têxtil, as indústrias estão se movimentando para adequar-se às


inovações inerentes indústria 4.0.

• A inovação em materiais, atualmente, remete fortemente a texteis inteligentes


chamados de Smart Textiles e aos têxteis modernos, conhecidos como
“inteligentes”.

• As roupas inteligentes são diferentes das roupas básicas em termos das funções
desempenhadas.

• Mesclar tecnologia e têxteis é um nicho de atuação promissor.

• As roupas inteligentes são um novo tipo de vestuário criado pela fusão de


engenharia eletrônica e design de vestuário.

CHAMADA

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220
AUTOATIVIDADE

1 O Manual de Oslo, um guia de referência internacional da OECD (2005) para


coletar e usar dados sobre inovação, definiu o conceito de inovação como
um produto ou processo novo ou aprimorado (ou uma combinação dos
mesmos) que difere significativamente da unidade anterior produtos ou
processos e que tenham sido disponibilizados para usuários potenciais
(produto) ou colocados em uso pela unidade (processo). Com base no
conceito de inovação de Kao (2007), assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A inovação é criar o que é novo e valioso, não é uma área técnica


estritamente definida de competência, em vez disso, a inovação surge
quando diferentes corpos de conhecimento, perspectivas e disciplinas
são trazidos juntos.
b) ( ) A inovação se baseia em uma variedade de fontes e é impulsionada
tanto pela demanda quanto pela oferta. Os insights gerados pela ciência
básica são essenciais para o desempenho da inovação a longo prazo
c) ( ) A inovação pode ser sustentável ou disruptiva, em função do impacto
que gera no mercado. Inovações são sustentáveis e resultam em produtos
e serviços que atendam mercados já estabelecidos, possibilitando às
empresas aumentarem a margem de lucro e a qualidade sem assumir
grandes riscos.
d) ( ) A inovação é como algo novo (novo processo ou método para
organização de algo). Com o tempo, uma classificação mais detalhada
dos aspectos da inovação foi desenvolvida.

2 Hoje, os têxteis estão passando por uma nova revolução, sendo cada vez
mais usados ​​por seu desempenho técnico e propriedades funcionais.
Novos materiais têxteis são cocriados em colaborações que permitem
o desenvolvimento de novas funções têxteis, integrando inovações
tecnológicas. Esses materiais permitirão desenvolver as novas aplicações de
amanhã. O século XXI será dos chamados têxteis “inteligentes”, capazes de
proteger, curar e facilitar a vida de várias formas. Com base nas informações
a respeito das inovações em materiais têxteis, analise as sentenças a seguir:

I- Podemos entender a definição principal de tecidos inteligentes e modernos


como sendo tecidos/materiais projetados para maximizar uma sensação,
por exemplo, a leveza, a respirabilidade, a impermeabilização etc., ou
para reagir ao calor ou à luz.
II- A inovação em materiais remete fortemente ao têxtil inteligente também
chamados ‘Smart Textiles’, e têxtil moderno.
III- Existe uma categoria de têxteis inteligentes chamada de ‘e-têxteis’, que
são uma combinação de têxteis e eletrônicos. 

221
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente as sentenças I e II estão corretas
b) ( ) Somente a sentença III está correta.
c) ( ) Somente as sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

3 Smart têxteis e modernos são muito semelhantes, exceto que os smart são
modernos, mas nem todos os têxteis modernos são smart têxteis. Podemos
entender os têxteis modernos como: materiais modernos desenvolvidos
através da invenção de processos novos ou melhorados, por exemplo, como
resultado de materiais/ingredientes feitos pelo homem ou intervenção
humana, em outras palavras, utiliza-se de alterações que não ocorrem
naturalmente. Eles são alterados para desempenhar uma função específica.
De acordo com essa abordagem, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

( ) Têxteis smart são estruturas têxteis passivas capazes de responder à


estimulação externa, ou seja, de pressão, temperatura, luz, corrente de
baixa tensão etc.
( ) Normalmente os Smart Textiles não são fabricados com microfibras,
apenas com materiais eletrônicos e fibras naturais.
( ) Os têxteis smart são uma forma de têxteis que utiliza materiais que
auxiliam seu propósito de poder “sentir” o que está ao seu redor.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 No futuro, a indústria deixará de ser fornecedora de tecidos e passará a


fazer parte do desenvolvimento social.  Inovações têxteis que melhoram o
dia a dia das pessoas e trazem benefícios para a indústria, a saúde e o meio
ambiente. Mas as inovações não surgem no vácuo. É necessário um ambiente
aberto, onde vozes de muitas especialidades diferentes são atendidas e as
conversas ocorrem num esforço coletivo para encontrar soluções desejadas
e inesperadas.  Os têxteis, sendo uma interface abrangente e universal, são
ideais para a integração de sensores para monitorar o usuário e o ambiente.
Os têxteis oferecem uma estrutura versátil para incorporar dispositivos
de detecção, monitoramento e processamento de informações. Os têxteis
inteligentes podem sentir e reagir a condições ou estímulos ambientais, por
exemplo, de fontes mecânicas, térmicas, químicas, elétricas ou magnéticas.
Com base nessas informações, e nos exemplos de materiais inovadores e
inteligentes apresentados, disserte sobre a Tecnologia de Percepção Sensorial.

222
5 O recente surto da pandemia COVID-19 mudou o mundo dramaticamente,
apresentando desafios profundos para nossa infraestrutura de saúde,
sistemas econômicos, vida social e cultural, mas também para nossa
liberdade. O que essa pandemia nos fez perceber até agora, é que, apesar
dos enormes avanços da medicina e da farmácia, nos momentos iniciais,
cruciais para a contenção da propagação de qualquer pandemia, o papel
fundamental foi desempenhado pelas medidas não farmacêuticas.  Essas
medidas são as que medem o tempo entre os surtos de pandemia e o
desenvolvimento de medicamentos ou vacinas, e são cruciais para o número
de vidas humanas poupadas. Têxteis inteligentes e novos materiais, como
parte do equipamento de proteção individual (EPI), são fatores cruciais
no sistema de saúde. Estão sendo apresentadas perspectivas que os têxteis
inteligentes, tecnologias vestíveis e novos materiais oferecem na luta contra
pandemias, principalmente, como parte do equipamento de proteção
individual. Nesse contexto, disserte sobre o têxtil autodesinfetante.

223
REFERÊNCIAS
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