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INFORMAÇÕES EDITORIAIS
ISBN: 978-65-996341-0-9.
Conselho Editorial
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
APRESENTAÇÃO
O avassalador acontecimento histórico da disseminação do “novo
Coronavírus” SARS- Cov-2 (COVID-19), monopoliza a pauta mundial, sendo
escopo de estudo sob diversos campos da ciência. A feição de tal fenômeno,
absolutamente inesperado, grave e exponencial, impôs, aos países afetados, a
necessária adoção de medidas sanitárias, econômicas, políticas e jurídicas de
enfrentamento.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos visando mitigar as
desigualdades sociais no âmbito da saúde, bem como, as deletérias formas de
exclusão asseveradas durante este período, aprovou resoluções em prol de
prerrogativas fundamentais nas Américas, estabelecendo padrões e
recomendações, com a convicção de que as medidas adotadas pelos Estados na
atenção e contenção da pandemia devem ter como centro o pleno respeito aos
direitos humanos
A partir das discussões sobre tais resoluções, o Grupo de Estudos e
Pesquisas em Enfermagem, Saúde Global, Direito e Desenvolvimento
(GEPESADES), realizou trabalhos notáveis que clarificam, com profundidade
teórica e vetor prático, a premencia da incorporação dos direitos humanos na luta
contra a COVID-19 pela gramática do direito fundamental à saúde.
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
SOBRE OS AUTORES
Aline Cristina Castellane Arena. Graduada em Enfermagem pela UNIP/RP.
Especialista em Estratégia de Saúde da Família pela UNIFESP e Especialista em
Administração Hospitalar pela UNIP/RP.
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SUMÁRIO
5 APRESENTAÇÃO
7 SOBRE OS AUTORES
PARTE 1
Estados de exceção, liberdades fundamentais e Estado de Direito
PARTE 2
O direito humano à saúde e outros direitos econômicos, sociais,
culturais e ambientais no contexto das pandemias
PARTE 3
Direitos Humanos de Grupos em situação de especial
vulnerabilidade durante a pandemia de COVID-19
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PARTE 4
Direitos Humanos, Vulnerabilidade e Saúde Mental
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RESUMO
Este capítulo visa, prima facie, empreender uma análise sobre a disseminação
global do Coronavírus e seus desdobramentos políticos, observando no
panorama de ações de confronto da pandemia e se o atendimento de
necessidades foi gerenciado ou não em prol das finalidades instituídas
democraticamente pelo Estado. Isto posto, após detida análise dos contextos
materiais e constitucionais de aplicação, comportamento de Estados de Exceção,
operacionalização e interpretação dos direitos fundamentais, legalidade
extraordinária e teoria dos limites dos limites; far-se-á uma ligação entre os
parâmetros hermenêuticos e a Resolução n.º 1 da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH), com a finalidade de estender as reflexões
constitucionais para a realidade pandêmica de toda a população latino-
americana.
Palavras-chave: Direitos Fundamentais, Princípios Constitucionais, Estado de Exceção,
COVID-19.
INTRODUÇÃO
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Elster cita a Odisseia de Homero, em que Ulisses faz viagem de navio e, sendo alertado que
havia duas sereias em uma ilha de rochedos que possuíam um canto irresistível, fazendo com
que atraísse os homens de forma descontrolada e acarretassem sua ruína.
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Segundo Sarmento-Souza Neto (2012), “Uma conhecida versão desta justificativa é a teoria do
pré-compromisso, bem simbolizada pela história grega de Ulisses e das sereias, contada no
Canto XII da Odisseia de Homero. O barco de Ulisses passaria ao largo da ilha das sereias, cujo
canto é irresistível, levando sempre os marujos a se descontrolarem e a naufragarem. Sabendo
disso, o herói mitológico ordena aos marinheiros que tapem os próprios ouvidos com cera, e que
amarrem os braços dele, Ulisses, ao mastro do navio, para impedir que conduzisse o barco em
direção à ilha (ele não quis que seus ouvidos fossem também tapados, para não se privar do
privilégio de ouvir o canto das sereias). Mas Ulisses, astutamente, antecipa que, ao passar
próximo da ilha, poderia perder o juízo e determinar aos marujos que o soltassem do mastro. Por
isso, ordena aos seus marinheiros, de antemão, que não cedam em nenhuma hipótese àquele
seu comando. Ulisses instituiu um pré-compromisso: ciente das suas paixões e fraquezas futuras,
delas se protegeu”.
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Constituição deve estar preparada para momentos de crise, tendo que regular
situações excepcionais, de estado de necessidade que, não raro, acabam por
ocorrer.
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CF/88, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: IV - aprovar o estado de
defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
medidas;
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Sobre o preenchimento do suporte fático, vide MORAES, Guilherme Peña de.
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“Art. 48. Caso a segurança e a ordem públicas sejam seriamente (erheblich) perturbadas ou
feridas no Reich alemão, o presidente do Reich deve tomar as medidas necessárias para
restabelecer a segurança e a ordem públicas, com ajuda se necessário das Forças Armadas.
Para este fim ele deve total ou parcialmente suspender os direitos fundamentais (Grundrechte)
definidos nos artigos 114, 115, 117, 118, 123, 124, and 153”.
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constante e, nesta linha de ideias, o mais forte se impõe sobre o mais fraco,
impulsionando a sociedade política a se organizar de modo a coibir que um se
sobreponha ao outro por intermédio da força (BARRETO, 2005). A organização
da sociedade, pelo raciocínio de Hobbes, é a de buscar essencialmente a paz
social. O soberano é investido de poderes amplos com o propósito de garantir a
paz e a segurança, de modo que Hobbes vislumbra o governante com função
assecuratória.
Com esta lógica, há uma negação de direitos para o grupo inimigo que,
supostamente, ameaça a “paz social”, negando a própria humanidade desse
grupo “inimizado”. Trabalha-se com a superestrutura de uma violência unilateral
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Interessante ponderar que, o soberano que age de forma tirânica, propicia a eclosão do direito
de resistência. Tirano como sendo aquele que não respeita os direitos dos cidadãos e, uma vez
que o soberano que se transforma em tirano, há movimentos buscando a sua retirada do poder,
sendo considerada a matriz embrionária do impeachment, que nasce com o reconhecimento de
direitos ao povo (SERRANO, 2016).
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Nas palavras da Ministra Carmen Lúcia, do STF, “O que o Supremo disse é que a
responsabilidade é dos três níveis [federativos] — e não é hierarquia, porque na federação não
há hierarquia —- para estabelecer condições necessárias, de acordo com o que cientistas e
médicos estão dizendo que é necessário, junto com governadores, junto com prefeitos. Acho
muito difícil superar [a pandemia] com esse descompasso, com esse desgoverno”. Disponível
em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/06/24/acho-dificil-superar-a-
pandemia-com-esse-desgoverno-diz-carmen-lucia.htm?cmpid=copiaecola
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Robert Alexy (2008) defende a ideia de que as regras são normas que são
sempre satisfeitas ou não satisfeitas”. O jurista ensina que, se uma regra vale,
então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos.
Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e
juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é
uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau. Toda norma é ou uma
regra ou um princípio” (ALEXY, 2008).
Em sendo válida a regra, o comando nela contido deve ser praticado, uma
vez que apresenta comandos definitivos. Ou é ou não é cumprida, a não ser que
haja situação excepcional que enseje a sua superabilidade. Segundo o
jusfilósofo, as regras:
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Para ele, metanormas são “normas de segundo grau”.
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Segundo Ávila (2016, n. 3.1), “[...] os postulados, de um lado, não impõem a promoção de um
fim, mas, em vez disso, estruturam a aplicação do dever de promover um fim; de outro, não
prescrevem indiretamente comportamentos, mas modos de raciocínio e de argumentação
relativamente a normas que indiretamente prescrevem comportamentos. Rigorosamente,
portanto, não se podem confundir princípios com postulados.”
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O Código de Processo Civil Brasileiro, Lei n. 13.105/15 enaltece que a proporcionalidade deve
ser levada em consideração na tomada de decisões. Para boa parte da literatura processual
brasileira, o legislador adotou a teoria de Robert Alexy, que se vale da proporcionalidade como
critério para solucionar colisões de direitos fundamentais. Sobre o tema, vide o nosso: GUTIER,
Murillo; GUTIER, Santo. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020.
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Em direito tributário são denominados de hipótese de incidência.
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Pilares do Estado Liberal, com ampla proteção na CF/88.
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Nas palavras do ex-ministro, “a atividade que já era ‘livre’ (incisos IV e IX do art. 5º), a
Constituição Federal acrescentou o qualificativo ‘plena’ (§ 1º do art. 220). Liberdade plena que,
repelente de qualquer censura prévia, diz respeito à essência mesma do jornalismo (o chamado
‘núcleo duro’ da atividade). Assim, entendidas as coordenadas de tempo e conteúdo da
manifestação do pensamento, da informação e da criação lato sensu, sem que não se tem o
desembaraço trânsito das ideias e opiniões, tanto quanto da informação e da criação. Interdição
à lei quanto às matérias nuclearmente de imprensa, retratadas no tempo de início e de duração
do concreto exercício da liberdade, assim como de sua extensão ou tamanho do seu conteúdo.
[...] As matérias reflexamente de imprensa, suscetíveis, portanto, de conformação legislativa, são
as indicadas pela própria Constituição, tais como: direitos de resposta e de indenização,
proporcionais ao agravo; proteção do sigilo da fonte (“quando necessário ao exercício
profissional”; responsabilidade penal por calúnia, injúria e difamação; diversões e espetáculos
públicos” (STF – ADPF n. 130).
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O STF, no RE n. 603.583/RS, no caso acerca da constitucionalidade do exame da Ordem
dos Advogados do Brasil (“Exame da Ordem”), o Tribunal enalteceu que este exame passa
pelo crivo da proporcionalidade, não violando o núcleo essencial da liberdade profissional. Nas
palavras do Ministro Luiz Fux, “no que concerne, por seu turno à eventual violação do núcleo
essencial da liberdade profissional, também não se enxerga sua ocorrência. Como visto acima
[princípio da proporcionalidade],[14] qualquer bacharel em Direito pode prestar o Exame da
Ordem quantas vezes for necessário até a sua aprovação, sendo certo que não há qualquer
limitação numérica de aprovados...”
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A teoria dos “limites dos limites”, surgida na Alemanha, tem por propósito
discutir os limites a esta limitação dos direitos fundamentais, pois apresenta
requisitos para que a restrição dos direitos fundamentais seja considerada
legítima ou de conformidade com a Constituição. Há um paradoxo interessante
acerca dos direitos fundamentais, que surgiram para limitar o Poder do Estado,
de modo a conter seu arbítrio, mas estes direitos podem ser limitados pelo
próprio Estado, por intermédio das Leis. Basicamente, esta teoria afirma que a
atividade de limitação do poder do Estado deve ser limitada, vale dizer há limites
ao poder estatal de limitar direitos fundamentais por Lei. Quando esta lei surgir,
restringindo direitos fundamentais, deve observar certos limites (MENDES, 2004;
PIEROTH; SCHINK, 2012; NOVELINO, 2018; FERNANDES, 2020; PEREIRA,
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Há autores que enaltecem a proporcionalidade como princípio (maioria), como regra (Virgílio
Afonso da Silva) ou como postulado (Humberto Ávila).
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Acerca desta teoria, o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem muitos
precedentes a respeito. Na ADI n. 4.578, assim como ADC 29 e 30, julgadas
conjuntamente, salientou o STF que não pode haver arbitrariedade na
intervenção restritiva legislativa, enfatizando que “[...] as restrições legais aos
direitos fundamentais sujeitam-se aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade e, em especial, àquilo que, em sede doutrinária, o Min. Gilmar
Mendes [...] denomina de limites dos limites (Schranken-Schranken), que dizem
com a preservação do núcleo essencial do direito”.
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Curioso que, em direito administrativo, o silêncio administrativo não produz efeito algum, como
regra. Para eu o silêncio produza efeitos, deve estar previsto em lei. O art. 3º, § 7º-A da Lei
13.979/20 enaltece que “§ 7º-A. A autorização de que trata o inciso VIII do caput deste artigo
deverá ser concedida pela Anvisa em até 72 (setenta e duas) horas após a submissão do pedido
à Agência, dispensada a autorização de qualquer outro órgão da administração pública direta ou
indireta para os produtos que especifica, sendo concedida automaticamente caso esgotado o
prazo sem manifestação”.
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No RE 657.718, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, o STF salientou que ““[...] É possível,
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de
mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei nº
13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do
medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);
(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e
(iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil”.
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E previu mais: “a autorização excepcional e temporária para importação e distribuição de
quaisquer materiais, medicamentos, equipamentos e insumos da área da saúde sujeitos à
vigilância sanitária sem registro na Anvisa considerados essenciais para auxiliar no combate da
pandemia, desde que [...]” registrados em pelo menos uma de quatro autoridades sanitárias
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Ainda de acordo com a referida Lei, essas medidas somente podem ser
implementadas pelas autoridades “com base em evidências científicas e em
análises estratégicas”, assegurados, sempre, o direito à informação e ao
tratamento gratuito, bem assim “o pleno respeito à dignidade, aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais das pessoas” (art. 3°, §§ 1° e 2°, I, II e
III). Com este entendimento, a ponderação de bens jurídicos é feita apenas sob
o prisma dos médicos, que, obviamente, possuem a visão apenas sob a
perspectiva da saúde e vida sob o viés da medicina e não sob o prisma jurídico.
Há um deslocamento da esfera de decisão para o aparato médico, o que
configura, sob o prisma jurídico-político, um certo paternalismo médico (MARTEL,
2010).
estrangeiras que indica, “autorizados à distribuição comercial nos respectivos países” (art. 3°,
VIII).
19
ADI 6.341-MC-Ref/DF, redator do acórdão Min. Edson Fachin; ADI 6.343-MC-Ref/DF, redator
do acórdão Min. Alexandre de Moraes; ADPF 672/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes; e ADIs
6.362/DF, 6.587/DF e 6.586/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski.
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Conforme o voto de Gilmar Mendes, “Nesse ponto, desde que observados os critérios que
constam da própria Lei 13.979/2020, especificamente nos incisos I, II, e II do § 2º do art. 3º, a
saber, o direito à informação, à assistência familiar, ao tratamento gratuito e ao “pleno respeito
à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais das pessoas”, tem-se no todo
preservada as garantias de liberdade de consciência, no limite possível” (STF - ADI 6586 / DF)
21
No pedido, o Partido Rede Sustentabilidade postulou a a extensão aqui pleiteada limitada ao
dia 31/12/2021 ou até o término da emergência internacional de saúde decorrente do
coronavírus, em decisão da Organização Mundial de Saúde, o que ocorrer por último [...].
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ou que incitem ódio nacional (arts. 21 e 22), garantia dos direitos humanos de
primeira geração (art. 23) e garantia do devido processo legal (art. 24).
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por quanto tempo e qual sua real eficácia. Somente assim se respeitarão os
direitos coletivos e as liberdades individuais, principalmente das populações
mais vulneráveis, às quais o sopesamento costuma pender em seu desfavor.
Considerações finais
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Por fim, ante tudo quanto exposto, o estudo sobre as decisões, leituras
constitucionais e resoluções internacionais de direitos humanos em momentos
de crise, no que tange às medidas de controle social para o enfrentamento do
Coronavírus, podem fornecer material precioso para a sociedade aberta de
intérpretes, indicando, por sua vez, um contra-argumento agonístico que
possibilite, por meio de um trabalho constante e sério, exercer uma gestão
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REFERÊNCIAS
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção: [Homo Sacer, II, I]. São Paulo:
Boitempo, 2004.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios. 10ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2009,
p. 148-149.
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.979-de-6-de-fevereiro-de-2020-
242078735. Acesso em: 20 nov. 2020.
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SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009.
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SERRANO, Pedro. É a ciência, estúpido! Revista Carta Capital, São Paulo (SP),
20 de maio de 2020, seção Opinião. Disponível em:
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/e-a-ciencia-estupido/ acesso em
09/12/2020.
STRECK, Lenio. Lockdown e Estado de Sítio: operar uma unha não exige
anestesia geral! In: Revista Consultor Jurídico, 11 de maio de 2020. Disponível
em: https://www.conjur.com.br/2020-mai-11/lenio-streck-operar-unha-nao-
exige-anistia-geral. Acesso em 09/12/2020.
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RESUMO
INTRODUÇÃO
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Desta forma, fica entendido que o Estado pode ser obrigado a fornecê-
los, desde que comprovadas a extrema necessidade do medicamento, a
incapacidade financeira do paciente e de sua família para sua aquisição. O
entendimento também considera que o Estado não pode ser obrigado a fornecer
fármacos não registrados na agência reguladora.
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Considerações finais
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REFERÊNCIAS
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BACHIREDDY C., CHEN C., DAR M. Securing the safety net and protecting
health during a pandemic: medicaid’s response to COVID-19. JAMA, 323 (20)
(2020), pp. 2009-2010, 10.1001/jama.2020.4272
BARONE, M.T.U et al. The impact of COVID-19 on people with diabetes in Brazil.
Diabetes Research and Clinical Practice, v.166, 2 jun. 2020.
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MASSUDA, A.; HONE, T.; LELES, F.A.G. et al. The Brazilian health system at
crossroads: progress, crisis and resilience. BMJ Global Health; Australia, v. 3,
e000829, 2018.
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https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2001/lei-10938-
19.10.2001.html >. Acesso em 30 set. 2020.
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Francinele Valdivino
RESUMO
Em pleno século 21, no ano de 2020, o mundo é assolado por uma pandemia,
causando uma doença que desorganizou a vida de todos em matérias sociais e
econômicas, influenciando todos os aspectos da sociedade. Como medida inicial
dos governantes foram pautados o isolamento social em alguns lugares, e onde
a doença estava mais grave foi realizado o lockdown. A partir deste evento, com
o fechamento das fronteiras e o isolamento social, começam a surgir demandas
judiciais relacionadas à pandemia, visando garantir Direitos dos cidadãos em
questões relacionadas de saúde atreladas ao princípio da justiça social e dos
pressupostos constitucionais que embasam o Direito à Vida e o Direito à Saúde.
Dessa forma, este trabalho centra-se em demandas judiciais no estado de São
Paulo relacionadas ao coronavírus e sua resolução enfocando o princípio da
Justiça.
INTRODUÇÃO
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Conceito de Justiça
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esbarrar na Justiça, que já soma ao menos cem ações por vagas no país” (2020,
online, s.p.).
Antes de adentrar no mérito das ações judiciais, destacamos a
importância da discussão em tela por meio da transcrição de relevante trecho do
artigo científico escrito pela autora Eloá Carneiro Carvalho (e outros) para a
Revista Latino-Americana de Enfermagem, publicada em agosto de 2020.
Vejamos:
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Considerações finais
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REFERÊNCIAS
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BATISTA. Henrique Gomes et al. Brasil já tem cem ações judiciais por
vagas de leitos em UTI na pandemia de Covid-19. O Globo, 14 mai. 2020.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/brasil-ja-tem-
cem-acoes-judiciais-por-vagas-de-leitos-em-uti-na-pandemia-de-covid-19-
24421151. Acesso em 24 out. 2020.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do
Sistema Único de Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à
saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficial
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https:// http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/abrirDocumentoEdt.do?nuProcesso=1012957
02.2020.8.26.0071&cdProcesso=1Z000DUJR0000&cdForo=71&baseIndice=IN
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FnlLwr1eMVOPrTUTioYhdJaorHAf0v6qdSqZ6Q2%2BmT1DR5SozZMFYycTE8
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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83
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
RESUMO
INTRODUÇÃO
84
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
85
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
fatores conjunturais etc.). Quando se olha para o recorte por raça/cor, verifica-
se que é significativamente maior a participação da população negra em
ocupações informais (47,3%), quando comparada com os trabalhadores brancos
(34,6%).Dessa forma, as atividades administrativas e financeiras que possuem
renda mensal superior à média são compostas por mão de obra majoritariamente
branca. Numa média geral, em 2018, as pessoas brancas ganharam
aproximadamente 73,9% mais que as pessoas pretas e os homens ganharam,
em média, 27,1% mais que as mulheres (IBGE, 2019).
Os dados revelam a desigualdade racial, que se mantem desde a abolição
da escravidão no Brasil, em 1888. Sabe-se que a população negra representa
parcela significativa das comunidades tradicionais (quilombolas, ribeirinhas, de
pescadores artesanais, de pessoas em situação de rua, de pessoas privadas de
liberdade, de pessoas que vivem na extrema pobreza, em domicílios
inadequados e sem saneamento básico, de pessoas que possuem menor
rendimento ou sobrevivem da informalidade, daqueles que dependem do lixo de
natureza reciclável ou não; de empregadas domésticas, de cuidadoras de idosos,
dos idosos negros, dos que estão em situação de insegurança alimentar e
hídrica) que têm dificuldades de acesso a serviços e equipamentos de saúde,
assistência social, segurança e educação (IBGE, 2019).
Percebe-se uma enorme disparidade nas taxas de desocupação e,
mesmo quando comparados com os mesmos anos de escolaridade, as pessoas
negras estão em desvantagem. De acordo com IBGE, Grafico 18 (2019,b): o
total de taxa de desocupação para pessoas brancas foi de 9,5%, enquanto que
para os negros foi de 14%. Essas desigualdades raciais se estendem em muitas
outras áreas, conforme esta mesma fonte:
Homens e mulheres pretos ou pardos têm restrições em maior
proporção, quando comparados a homens e mulheres brancos, para
todas as dimensões analisadas. Pretos ou pardos tinham maiores
restrições à Internet (23,9%), saneamento básico (44,5%), educação
(31,3%), condições de moradia (15,5%) e à proteção social (3,8%).
Todos esses valores estão acima dos percentuais registrados para
homens ou mulheres brancas (...) (IBGE, 2019, p. 73).
86
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
87
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
O Racismo à brasileira
O racismo corresponde à teoria de superioridade de uma ‘raça’ sobre
outra, que tem suas origens primitivamente justificadas sob argumentos de
linhagem nobre. Seguido por tentativas religiosas, posteriormente tentou-se
demonstrá-lo por meio de argumentos biológicos, com testes baseados em
características físicas dos indivíduos como o formato craniano, e dos lábios
(HOFBAUER, 2006). Segundo o mesmo autor, a análise do DNA passou a
mudar completamente o entendimento sobre raça no campo conceitual, pois, de
acordo com as análises, o conceito de raça baseado na biologia foi
cientificamente derrubado, uma vez que diferenças genéticas entre os grupos se
mostraram infinitamente pequenas para determinar que os seres humanos se
dividiram em diferentes raças. Nesse sentido, a prática do racismo já não ocorre
com base na teoria da inferioridade biológica e há uma migração para o campo
cultural, isto é, o entendimento de que uma cultura é superior a outra cumpre o
mesmo papel de discriminar e excluir certos grupos de pessoas (HOFBAUER,
2006).
Almeida (2020) afirma que a cor da pele ainda é a principal característica
que leva à discriminação racial no Brasil. Para o autor, o racismo não é somente
uma herança do regime escravocrata, ele se reestrutura na necessidade de
manter os privilégios da população dominante, se consolidando nas relações
sociais. Dessa forma, como já foi abordado acima, as pessoas negras são
89
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
90
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
91
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
que o racismo está presente nas diversas instituições e nas práticas dos
profissionais que nelas atuam, bem como é um determinante social que interfere
na qualidade de vida da população negra e deve ser combatido por todos.
92
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se que o racismo está presente nas instituições do Estado
Brasileiro, interferindo diretamente nas relações entre população negra e
profissionais que atuam nessas instituições. Esse racismo se manifesta limitando
o acesso aos serviços, as possibilidades de diálogos e no número alarmante de
indicadores que evidenciam o apartheid social à brasileira.
No mesmo ano em que o Estatuto da Igualdade Racial completa dez anos,
o Brasil e o mundo enfrentam um cenário complexo e difícil. Se antes os desafios
eram na sua maioria conhecidos, a pandemia do novo coronavírus aponta para
horizonte de curto, médio e longo prazo de aumento da desigualdade social a
níveis nunca antes vistos, implicando em um cenário desafiador para a
população negra.
A pandemia do novo Coronavírus tem agravado a vulnerabilidade social
das populações negras, pois elas estão sendo afetadas pelos impactos na saúde,
econômicos e sociais. Assim, evidencia-se a importância do fortalecimento do
SUS, da proteção das garantias e dos direitos para todos cidadãos negros.
REFERÊNCIAS
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
96
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
ZHAO, Zebin; LI, Xin; LIU, Feng; ZHU, Gaofeng; MA, Chunfeng; WANG, Liangxu.
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97
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
PANDEMIA E POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA: CONTEXTO E
POLÍTICAS
Gustavo D’Andrea
RESUMO
O objetivo do capítulo foi entender como o Direito à Saúde deve ser interpretado no cenário de
pandemia quando o público-alvo se encontra em situação de vulnerabilidade social. Nesta
proposta teórica, analisa-se um caso real, relacionado ao atendimento de pessoas em situação
de rua que testaram positivo para a Covid-19, ocorrido em um município do interior paulista
divulgado em meios de comunicação, problematizando-o à luz de um framework conceitual
qualitativo de Direito à Saúde. Ademais, buscou-se relacionar essa perspectiva científica com a
definição de pandemia e vulnerabilidade social. Ao se aplicar o framework conceitual acima
citado ao contexto de disseminação da Covid-19 na população em situação de rua, é possível
indicar questões macro e micropolíticas que incidem sobre os seus quatro aspectos: legislativo,
sociopolítico, bioético e de demandas específicas. A literatura define pandemia como a
propagação mundial de uma nova doença que envolve elementos biomédicos e psicossociais
nos quais a vulnerabilidade social, inclusive a vivenciada pela população em situação de rua,
incide na discussão sobre necessidades sociais, em especial, sobre o acesso à assistência em
saúde. Nesse sentido, apresenta-se e discute-se o panorama nacional e local sobre a legislação
acerca da proteção social à população em situação de rua, no contexto da Covid-19. Conclui-se
que essa população permanece frequentemente invisível e esquecida na prática, sobretudo em
cenários sanitários específicos nos quais a visão biomédica limita a compreensão abrangente
sobre direito à saúde, necessária para produzir cuidados ampliados e diversificados.
INTRODUÇÃO
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Um caso real
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
O caso nos chama à reflexão por ser uma situação típica em que as
políticas públicas possuem exigências implícitas de condições que não são regra
na população. Ter uma casa onde se isolar não é a realidade de todos. Além da
questão do déficit habitacional, a existência da população que vive nas ruas
deveria preocupar os gestores públicos no momento de avaliarem as medidas
de saúde pública a serem aplicadas. No entanto, a população de rua é
praticamente invisível nas estatísticas (SASSE; OLIVEIRA, 2019)
100
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
101
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
É preciso, por isso, que tenhamos em mente que uma pandemia não
representa apenas um aspecto especial biomédico. É mais do que isso. Uma
pandemia deve ser vista no sentido psicossocial, sendo que um dos problemas
nesse campo é a questão da vulnerabilidade.
102
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Políticas Locais
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Discussão
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REFERÊNCIAS
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RESUMO
INTRODUÇÃO
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
MÉTODO
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116
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
TOTAL 66
117
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Estudos identificados
nas bases de dados:
N= 66
Estudos duplicados:
N= 15
Estudos incluídos:
N= 51
118
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
RESULTADOS
119
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
DISCUSSÃO
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
indígenas, bem como suas visões dos processos de saúde e doenças. Este
atributo permite ações voltadas à educação em saúde, visando mudanças em
prol da contenção da COVID-19, qualificando o cuidado e reduzindo as
iniquidades (FLOSS et al, 2020).
CONCLUSÃO
128
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
REFERÊNCIAS
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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130
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
VULNERABILIDADES NA INFÂNCIA E
NA ADOLESCÊNCIA: legislações, cenários,
perspectivas e a pandemia de COVID-19
Juliana Silva Bernardini Gomes
Matheus Bottaro Pereira da Silva
Bruno H. Longo da Silva
Jussara Carvalho dos Santos
Maria Luiza dos Santos Barbosa
Mariluci Piconez Arena Ventura
Marina Liberale
RESUMO
Direitos e garantias fundamentais são direitos inerentes à pessoa humana e estão ligados à
defesa da dignidade humana. À luz do artigo 227 da Constituição Federal, em 1990, sancionou-
se a Lei nº 8.069, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instrumento
normativo dos direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil. Entretanto, apesar das leis
garantirem direitos fundamentais e a dignidade humana ser inerente às crianças e adolescentes,
sabe-se que no Brasil, essa população ainda presencia várias violações de direitos, o que agrava
as suas situações de vulnerabilidade. Neste capítulo serão apresentados alguns cenários e
indicadores sobre as condições de maior ou menor vulnerabilidade vivenciadas por crianças e
adolescentes tanto no período de pré-pandemia, quanto um olhar para os primeiros sete meses
de pandemia de COVID-19.
INTRODUÇÃO
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Para tanto, esse capítulo foi estruturado da seguinte forma: primeiro, uma
apresentação dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.
Segundo, uma apresentação de alguns cenários e indicadores sobre as
condições de maior ou menor vulnerabilidade vivenciadas por crianças e
adolescentes na pré-pandemia; e por último, no período de pós pandemia da
COVID-19. Vale destacar que embora exista uma ampla gama de componentes
a serem observados, o enfoque deste capítulo será para os indicadores de
escolarização, de trabalho infantil e de violência doméstica.
132
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
22
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. [...].
133
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
23
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
24
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei [...]
25
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente [...].
135
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
2.1 Escolarização
Para que a escola exerça seu papel é importante que todos os alunos
estejam matriculados e frequentando a escola. Políticas públicas vêm sendo
137
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Outro dado importante levantado pela PNAD (2019, p. 10) apontou que
"50 milhões de pessoas, 20,2% não completaram o ensino médio, seja por terem
abandonado a escola antes do término desta etapa, seja por nunca tê-la
138
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Diante desta realidade, para que o ECA seja colocado em prática a fim de
garantir os direitos das crianças e adolescentes que estão submetidos ao
trabalho infantil, são necessárias, segundo Guimarães e Asmus (2010), políticas
sociais que objetivam o combate ao trabalho infantil. Salientam ainda que é
imprescindível que essas políticas não sejam estabelecidas apenas pela
perspectiva de renda e, especialmente, sejam traçadas de maneira que não
objetivem apenas a retirada das crianças do trabalho, mas que criem condições
para que sejam descontinuadas, englobando ações de prevenção, em
consonância às instituições pertinentes, incorporando as crianças e
adolescentes e suas famílias, como melhoria do sistema educacional e a criação
de programas de geração de emprego e renda (GUIMARÃES; ASMUS, 2010).
141
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
148
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
149
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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155
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Os reflexos da imunossenescência e
da violência sofrida por idosos
brasileiros frente a covid-19.
RESUMO
A pandemia global de COVID-19 que estamos atravessando não tem precedentes em nossa
geração. Sabe-se, até o momento, que a principal medida para evitar a disseminação do vírus é
o isolamento social. Contudo, idosos foram expostos a situações de vulnerabilidade em virtude
do confinamento, da fragilidade física e da relação de codependência estabelecida nos lares,
gerando um cenário alarmante. O presente artigo faz uma breve reflexão sobre os efeitos da
pandemia na vida dos idosos e sobre como o governo e a sociedade civil têm se organizado para
minimizar as consequências para esse grupo.
INTRODUÇÃO
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
157
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
MATERIAIS E MÉTODOS
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Dados Epidemiológicos
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Medidas governamentais
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Idosos Institucionalizados
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Tecnologia e Estigmas
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Medidas preventivas
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
mais; prevê punições para quem violar tais direitos, o que corresponde a um
avanço sociojurídico. (BRASIL, 2020)
169
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
170
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
Toda forma de violência deve ser repudiada e combatida. Para isso faz-
se imprescindível a participação de todos.
CONCLUSÕES
171
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
REFERÊNCIAS
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sistemática. Liberabit, v. 22, n. 2, p. 185-196, 2016.
174
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USHER, Kim et al. Family violence and COVID-19: Increased vulnerability and
reduced options for support. International journal of mental health nursing,
2020.
175
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RESUMO
Com o cenário de instabilidade e de ameaça à saúde pública instalado com a pandemia por
Covid-19, a preocupação com a população que se encontra privada de liberdade foi redobrada
nas Américas. Considerando ser essa a região mais desigual do mundo (CIDH, 2020), a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos aprovou, em abril de 2020, a Resolução nº
1/2020. Especificamente quanto à realidade das pessoas com deficiência física em privação de
liberdade, a Resolução recomenda, no item 78, o ajuste dos ambientes físicos de privação da
liberdade e atenção médica, tanto em instituições públicas como em instituições privadas. Desse
modo, o presente trabalho tem por objetivo compreender se as medidas recomendadas pela
referida Resolução têm sido implementadas no Brasil. Para tanto, foi realizada revisão narrativa
da literatura, cuja coleta de dados realizou-se nas bases de dados PubMed, Web of Science,
Scopus e HeinOnline. Os resultados foram organizados em quatro categorias, que foram
apresentadas e discutidas. Conclui-se pela dupla vulnerabilidade das pessoas com deficiência
física que se encontram privadas de liberdade no Brasil em tempos de pandemia por Covid-19.
Apesar da considerável amplitude das normas que regulamentam essa situação, a realidade da
maioria das unidades prisionais é imprópria à permanência com dignidade humana das pessoas
que nelas habitam.
INTRODUÇÃO
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26
A criminalização secundária é “a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas” (ZAFARONI, 2013),
que significa a incursão de pessoas em alguns dos tipos penais originados da criminalização primária, ou
seja, do resultado do processo legislativo (lei).
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2 Material e Método
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3 Resultados e Discussão
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Segundo a NBR 9050: “Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a
utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e
elementos”
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muitos egressos das instituições carcerárias não possuem rede social. Tal fato
levaria ao efeito contrário ao desejado, pois estas pessoas recém libertadas
poderiam se contaminar e passar a ser transmissores do Covid-19 ao buscarem
por renda, moradia, ou se tornarem parte da população em situação de rua
(GORMAN, RAMASWUAMY, 2020). Para tanto, compreende-se que há um
consenso em liberar presos e suspender visitas, mas sem deixar de lado a
educação em saúde e testes em massa na população carcerária, que ajudariam
nas projeções epidemiológicas e na criação de indicadores em saúde dessa
população.
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Considerações finais
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A Lei de Execução Penal, por outro lado, reconhece, no art. 41, VII, como
direitos do preso a assistência material à saúde; no entanto, é completamente
silente no regramento específico da acessibilidade dos condenados com
deficiência física, o que se trata de um problema relacionado à saúde individual.
REFERÊNCIAS
193
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194
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LEAL, César Barros. Execução penal na América Latina à luz dos direitos
humanos: viagem pelos caminhos da dor. Curitiba: Juruá, 2010.
195
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RESUMO
Objetivo: Identificar notícias encontradas sobre a saúde mental e/ou pessoas com transtorno
mental no contexto da pandemia de COVID-19. Método: Trata-se de pesquisa descritiva e
documental baseada em notícias publicadas em meios eletrônicos de sites institucionais e
governamentais, sendo eles Ministério da Saúde do Brasil (MS), Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS). Resultados: A amostra consistiu
em 20 notícias e a análise permitiu elencar quatro categorias temáticas para discussão, sendo
elas: Promoção à Saúde Mental e Prevenção de Transtornos Mentais durante a pandemia de
COVID-19; Questões relacionadas ao suicídio e COVID-19; Acesso aos Serviços de Saúde
Mental e COVID-19; Investimentos em Saúde Mental. Conclusão: A pandemia de COVID-19
trouxe grande evidência para a área de saúde mental, já que muitas têm sido as preocupações
sobre as vivências das pessoas durante a pandemia e suas possíveis consequências na saúde
mental das pessoas.
INTRODUÇÃO
197
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(MIRANDA, 2017).
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Método
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Resultados
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october
19 Comunic World Mental 27 de agosto de WHO https://www.who.int/n WHO
ado de Health Day: an 2020 ews/item/27-08-
imprens opportunity to 2020-world-mental-
a kick-start a health-day-an-
massive scale- opportunity-to-kick-
up in investment start-a-massive-
in mental health scale-up-in-
investment-in-
mental-health
20 Comunic Substantial 14 de maio de WHO https://www.who.int/n WHO
ado de investment 2020 ews/item/14-05-
imprens needed to avert 2020-substantial-
a mental health investment-needed-
crisis to-avert-mental-
health-crisis
Fonte: Próprio estudo.
206
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05 Ação ‘Mentalize’ abordará temas como O Ministério da Saúde promove uma série de ações
ansiedade, depressão, transtornos de com o objetivo de informar à população sobre questões
aprendizagem e envelhecimento em envolvendo doenças mentais, na expectativa de
três encontros virtuais com objetivo de promover saúde e bem-estar do brasileiro diante da
desmistificar e reduzir estigmas pandemia da Covid-19. A primeira iniciativa consiste em
relacionados a doenças mentais. três eventos virtuais do programa “Mentalize: sinal
amarelo para atenção à saúde mental”.
06 Municípios brasileiros receberão Investimento para ampliação e abertura de novos
recursos para habilitação de 74 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços
Centros de Atenção Psicossocial Residenciais Terapêuticos (SRT), Unidades de
(CAPS), 100 Serviços Residenciais Acolhimento (UA) e Serviços Hospitalares de Referência
Terapêuticos (SRT), duas unidades de (SHR) nos municípios brasileiros.
acolhimento e 144 Serviços
Hospitalares de Referência
07 No município de Guajará Mirim (RO), o O cuidado com a saúde mental dos pacientes indígenas
Distrito Sanitário Especial Indígena com COVID-19 também é uma preocupação da
(DSEI) Porto Velho estruturou uma Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do
Casa de Saúde Indígena (CASAI) para Ministério da Saúde. As orientações técnicas sobre
receber exclusivamente pacientes com saúde mental foram repassadas pela SESAI aos 34
COVID-19 que necessitam de Distritos. A atuação dos psicólogos é importante neste
isolamento. O local tem uma Equipe momento de pandemia para evitar a depressão que o
Multidisciplinar de Saúde Indígena isolamento pode causar. “Esse atendimento é feito
(EMSI) disponível durante 24 horas presencialmente com psicólogo nas CASAIS e
para acompanhamento dos sintomas. remotamente nas aldeias que possuem internet. Essa
ação visa melhorar a qualidade de vida e dar o apoio
necessário aos pacientes”, explica o coordenador do
DSEI Porto Velho, Luiz Tagliani.
08 A iniciativa tem como foco a oferta Iniciativa tem como foco a oferta educacional para a
educacional para a formação e formação e qualificação dos profissionais do SUS,
qualificação dos profissionais do SUS, promoção da saúde mental e prevenção de doenças
promoção da saúde mental e mentais.
prevenção de doenças mentais.
09 Medida aumentaria as chances de Durante a participação no seminário virtual realizado
recuperação e diminui a ocorrência de pela Escola Superior do Ministério Público da União
casos mais graves (ESMPU) nesta quinta-feira (3), o ministro interino da
Saúde, Eduardo Pazuello, reforçou a importância do
tratamento precoce aos primeiros sintomas de Covid-19.
Na oportunidade, o ministro interino apresentou o
programa Mentalize, lançado no final de agosto para
promover ações de saúde mental ao brasileiro diante do
cenário de Covid-19. “O programa foi pensado para
tratar as consequências dos distúrbios emocionais e
psicológicos que poderão surgir”, afirmou.
10 Municípios brasileiros vão receber Os recursos irão financiar a aquisição de medicamentos
cerca de R$ 650 milhões para para saúde mental ofertados no SUS no âmbito do
aquisição de medicamentos essenciais Componente Básico da Assistência Farmacêutica,
para a saúde mental, em virtude dos constantes no Anexo I da Relação Nacional de
impactos causados pela pandemia da Medicamentos Essencias - Rename.
Covid-19.
11 A pandemia de COVID-19 interrompeu A pandemia está aumentando a demanda por serviços
serviços essenciais de saúde mental de saúde mental. Os países relataram interrupção
em 93% dos países em todo o mundo, generalizada de muitos tipos de serviços essenciais de
enquanto a demanda por saúde saúde mental: Mais de 60% dos países destacaram
mental está aumentando, de acordo interrupções nos serviços de saúde mental para pessoas
com uma nova pesquisa da OMS. A vulneráveis, 67% viram interrupções no aconselhamento
pesquisa com 130 países fornece os e psicoterapia; 65% nos serviços críticos de redução de
primeiros dados globais que mostram danos; e 45% nos tratamentos de manutenção com
o impacto devastador da pandemia no agonista opióide para dependência de opióide.
acesso aos serviços de saúde mental
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Discussão
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a) Indígenas
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Vale ressaltar que a OMS emitiu orientações aos países sobre como
manter os serviços essenciais, incluindo serviços de saúde mental, durante a
pandemia de COVID-19 e recomenda que os países aloquem recursos para a
saúde mental como um componente integral de seus planos de resposta e
recuperação (WHO, 2020a). Os passos mais eficazes são contratar e treinar
mais profissionais de saúde e integrar a saúde mental e o apoio psicossocial nos
sistemas de atenção primária à saúde para que sejam facilmente acessíveis
àqueles que mais precisam deles (OPAS, 2020a). A OPAS tem ajudado os
países a fortalecerem políticas e serviços e expandirem o aprendizado virtual
para profissionais de saúde para que saibam como identificar e apoiar
sobreviventes de violência durante a pandemia (OPAS, 2020d).
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CONCLUSÃO
Os desafios não são novos, já que não é de hoje que este setor vive
obstáculos com subfinanciamentos, preconceito, estigma e lacunas em sua
visibilidade, já que pouco se fala e se discute sobre as pessoas que já convivem
com transtornos mentais, principalmente em meio a uma emergência de saúde
pública. Dessa forma, enfatiza-se a necessidade de que novas políticas públicas
sejam pensadas para as pessoas que necessitam dos serviços de saúde mental
durante e após a pandemia. É importante, também, que sejam elaboradas e
implementadas ações e políticas pensando nas pessoas que já conviviam com
219
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REFERÊNCIAS
220
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
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Acesso em: 3 dez. 2020.
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during the COVID-19 pandemic. Psychiatry Research, v. 293, p. 113452,
Sept. 2020. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165178120331139. Acesso
em: 3 dez. 2020. DOI https://doi.org/10.1016/j.psychres.2020.113452.
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
PENG, D.; WANG, Z.; XU, Y. Challenges and opportunities in mental health
services during the COVID-19 pandemic. General Psychiatry, v. 33, n. 5, p.
e100275, 2020. Disponível em: https://gpsych.bmj.com/content/33/5/e100275.
Acesso em: 26 nov. 2020. DOI: https://doi.org/10.1136/gpsych-2020-100275.
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RESUMO
O presente estudo objetiva analisar, ainda que de forma não exaustiva, a vulnerabilidade da
mulher ocasionada pela violência de gênero e agravada pelo contexto da pandemia da COVID-
19, especialmente sob o enfoque da saúde mental. É notável que todo e qualquer contexto
pandêmico atinja a saúde mental dos indivíduos, que muitas vezes se veem privados de uma
série de direitos anteriormente possuídos (como o direito de locomoção, saúde, trabalho, lazer
etc.) e se deparam com várias incertezas para o futuro. Igualmente notável é a desigualdade
entre homens e mulheres que ainda insiste em permanecer na sociedade, historicamente
ocasionada por uma cultura patriarcal, resultante dos mais variados tipos de violência contra as
mulheres descritos na Lei Maria da Penha, notadamente a violência física, psicológica, sexual,
patrimonial e moral. Resta observar se há um aumento da violência de gênero no contexto da
pandemia da COVID-19, na tentativa de refletir e propor algumas possíveis formas de reduzir
esse grave problema de saúde pública que é a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Assim, faz-se necessária tal pesquisa bibliográfica, pautada em artigos os mais recentes
possíveis, visto que o recorte feito é dinâmico.
1 INTRODUÇÃO
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A Lei Maria da Penha é tida como uma das três melhores legislações do
mundo sobre o tema da violência doméstica e trata de forma pormenorizada
sobre os tipos de violência, os lugares em que estas se dão, bem como as
medidas a serem utilizadas para coibir tais atos agressores.
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III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não
houver delegado disponível no momento da denúncia.
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Como bem assevera Marques et. al. (2020, p. 1), no âmbito relacional
pesa o maior tempo de convivência com o agressor. Além disso, na dimensão
social, reduzindo o contato da vítima com familiares e amigos, são reduzidas as
possibilidades de a mulher criar ou fortalecer uma rede social de apoio para
buscar ajuda e sair da situação de violência. A convivência ao longo do dia todo,
especialmente entre famílias de baixa renda vivendo em domicílios de poucos
cômodos e grande aglomeração, reduz a possibilidade de denunciar com
segurança o agressor, o que acaba desencorajando a mulher.
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6 Considerações Finais
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Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Tania Maria de; PINHO, Paloma de S.; ALMEIDA, Maura Maria G.
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com as características sociodemográficas e o trabalho doméstico. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife: 5(3): 337-348. 2005
BRASIL. Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
Acesso em: 23 de nov. 2020.
______. Lei 13.827 de 13 de maio de 2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13827.htm.
Acesso em: 23 de nov. 2020.
CAMPOS, Brisa; TCHALEKIAN, Bruna; PAIVA, Vera. Violência contra a
mulher: vulnerabilidade programática em tempos de SARS-COV-2/ COVID-19
em São Paulo. Psicologia e Sociedade. Belo Horizonte: vol.32, 2020.
ELLSBERG, Mary; JANSEN, Henrica AFM; WATTS, Charlotte Helen; GARCIA-
MORENO, Cláudia. WHO Multi-country Study on Women’s Health and
Domestic Violence against Women Study Team. Intimate partner violence
and women’s physical and mental health in the WHO multi-country study
240
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
241
Pandemia, Direitos Humanos e Vulnerabilidade Social
VIEIRA, Pâmela Rocha; GARCIA, Leila Posenato.; MACIEL, Ethel Leonor Noia.
Isolamento social e o aumento da violência doméstica: o que isso nos revela?
Revista brasileira de epidemiologia. Rio de Janeiro, 23. 2020.
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INTERFACES DA VIOLÊNCIA E
DIREITOS HUMANOS NA ÁREA
PSIQUIÁTRICA: USUÁRIOS, FAMÍLIA E
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Felicialle Pereira da Silva
RESUMO
INTRODUÇÃO
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que a existência de uma doença mental não deve justificar uma privação,
salvaguardando as situações com o propósito de proteger o indivíduo e terceiros
de danos graves, que devem ser o último recurso. Apesar disso, existem
medidas que se contrapõem no mercado assistencial, priorizando o hospital
psiquiátrico para lidar com o sofrimento psíquico (VENANCIO, SOARES, VIEIRA,
2018).
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estar preparados para acolher a pessoa com transtorno mental dentro do seu
território de abrangência. Estudo realizado sobre a violência no cenário
psiquiátrico apontou que a violência psicológica foi um fator presente quando a
equipe é agredida pelo paciente durante os cuidados (BRASIL, 2011).
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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