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Radiologia Vascular e Intervencionista na Urgência Guilherme Pitta

Radiologia Vascular e
Intervencionista na Urgência

Guilherme Benjamin Brandão Pitta

Cézar Ronaldo Alves da Silva

INTRODUÇÃO procedimentos, e nos deteremos nas condutas


A partir da década de 60 o diagnóstico por de urgência nos sangramentos, nos traumas
meio da angiografia foi acrescido de vasculares e nos aneurismas da aorta
procedimentos radiológicos intervencionistas, abdominal.
que permitiram através de acesso por Técnicas de cateterismo
cateterismo percutâneo transluminal, o Para a introdução de cateter no sistema
tratamento de hemorragias em órgãos e vascular, existem regiões de melhor acesso,
partes do corpo, através de embolizações como no membro superior através da artéria
terapêuticas ou de estenoses arteriais através braquial no terço distal, na face medial do
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da angioplastia. braço e dos vasos axilares na fossa axilar. No
membro inferior através dos va sos femorais
Na última década estes procedimentos têm
no trígono femoral. No pescoço através da veia
tido um desenvolvimento extraordinário sobre
a árvore arterial, ocluindo, dilatando, jugular interna na região cervical anterior.
infundindo e introduzindo endopróteses Acesso percutâneo
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vasculares, nas mais diversas condutas, A técnica mais usada de acesso do cateter no
tornando não mais um procedimento secundário sistema vascular (artéria e/ou veia) é a punção
ou de excessão, mas como tratamento percuntânea transluminal, descrita por
principal, tendo como vantagens: ser pouco Seldinger4 em 1953, sendo de preferência os
invasivo para o paciente, pois é realizado vasos femorais, seguido dos vasos axilares e
através de cateterismo percutâneo com veia jugular interna. A artéria braquial é mais
pequena incisão; ser realizado com anestesia utilizada como acesso através da dissecção.
local e sedação; período curto de internação
Técnica de Seldinger
hospitalar e baixo custo quando comparado
3 Preparo da região e monitorização do
com o procedimento cirúrgico convencional.
paciente
As grandes limitações para realização destes Coloca-se o paciente em decúbito dorsal,
procedimentos são devidas ao custo dos
punção de uma veia periférica, monitorização
aparelhos de angiografia com fluroscopia, e de cardíaca, oximetria de pulso e sedação. Sendo
recursos humanos, pois necessitamos de
os vasos femorais os mais utilizados para
indivíduos com treinamento específico para a
cateterização realiza-se tricotomia pubiana e
realização dos mesmos. inguinal prévia, antissepsia e colocação de
Neste capítulo abordaremos as técnicas de campos cirúrgicos estéreis.
cateterismo e materiais utilizados nestes

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Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Radiologia Vascular e Intervencionista na Urgência Guilherme Pitta

Anestesia local, punção e introdução do fio um introdutor, que tem uma válvula anti -
guia refluxo, evitando o refluxo sanguíneo e
Palpa-se o pulso arterial femoral a 2 cm do permitindo através deste as passagens e
ligamento inguinal, realiza-se anestesia local trocas dos mais diversos tipos de cateteres e
com 10 a 15 ml de solução de lidocaína a 1% fios guias.
sem vasoconstrictor, na face anterior, laterais Para cada vaso a ser cateterizado temos os
e posterior arterial. A agulha de punção é mais diversos tipos de cateter, seja na sua
colocada em posição paralela com inclinação em forma, tamanho, diâmentro e número de
torno de 30 graus em relação a artéria e orifícios, permitindo que o nosso procedimento
realizada a punção. A seguir retira -se o seja bastante facilitado.
mandril da agulha e recua-se a agulha até o Quando encontramos dificuldade de
aparecimento do fluxo livre de sangue, introduzirmos o cateter em determindos
introduzindo-se o fio guia através da agulha, vasos, recoremos aos fios guias, que
sem que haja nenhuma resistência. Havendo a introduzidos por dentro dos cateteres,
necessidade de punção venosa a técnica facilitam com as mais diversas formas de
utilizada é a mesma modificando apenas o local pontas, retas e curvas, a introdução nos vasos,
da punção sendo imediatamente medial ao e deslizando através deste fio guia, o cateter
pulso arterial. possa ser introduzido na luz do vaso a ser
cateterizado.
Cateterização percutânea
Retira -se a agulha de punção através do fio Materiais de embolização
guia, e introduz-se o cateter sobre o mesmo. Para ocluirmos os vasos, necessitamos de
Na maioria das vezes realiza-se heparinização materias de embolização que possam ser de
sistêmica com 5.000 UI/ml, EV. fácil introdução através dos cateteres e sejam
Após a cateterização seletiva do vaso a ser eficientes na oclusão do vaso, com resultados
estudado, realiza-se a angiografia diagnóstica eficientes no tratamento das hemorragias.
com a injeção de contraste iodado. Diagnosticado o sangramento, identificando-se
a artéria e o órgão a ser tratado podemos
Dissecção
escolher o material de embolização a ser
Quando não conseguimos a cateterização 5
através da punção, podemos realizar a utilizado.
dissecção arterial ou venosa, através de uma Geolfoam
arteriotomia e/ou flebotomia introduzindo-se Esponja hemostática pode ser usada das mais
o cateter. Este tipo de procedimento é diversas formas, de acordo com o tamanho e
extremamente raro pois na maioria das vezes quantidade necessitada, cortando-se com
conseguimos a cateterização percutânea. lâmina de bisturi e colocando-se em meio de
Materiais de cateterismo, de embolização, constraste tornando o mesmo radiopaco. Pela
endopróteses vasculares, trombolíticos, sua disponibilidade e baixo custo, continua
balões de angioplastia e cateteres de sendo usado com grande frequência. A dúvida
arterectomia. persiste se o geolfoam não é absorvido sendo
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Com os mais diversos vasos a serem um material de média duração.
cateterizados e vários procedimentos a serem Dura-máter e pericárdio bovino
realizados necessitamos de múltiplos tipos de Materiais que podem fucionar como
materiais. hemostáticos, da mesma forma do geolfoam,
podem ser cortados e adaptados aos mais
Materiais de cateterismo diversos tamanhos. Estes materiais são de
Sempre precisamos a utilização de mais de um longa duração para embolização.
tipo de cateteres e fios guias na realização Fragmentos de fio guia
destes procedimentos, por isto colocamos no Quando necessitamos de pequenos fragmentos
local de punção, após a introdução do fio guia, de material de oclusão permanente e de baixo
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custo podemos utilizar parte do fio guia substâncias são; a estreptoquinase, derivada
utilizado nas angiografias por cateterismo, do estreptococus hemolítico, que ativa
retirando-se a parte mais interna a "alma" e indiretamente o plasminogênio através da
seccionando em pequenos fragmentos. formação de um cofator estreptoquinase-
Mola de Gianturco plasminogênio, transformando plasminogênio
Espiral composta de fio de aço com fios de lãs em plasmina, que dissolve a fibrina e o
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amarrados em seu trajeto, podemos
7 fibrinogênio. A uroquinase derivada da urina
encontrar nos mais diversos tamanhos, normal, tendo a vantagem em relação a
material de oclusão permanente é introduzida estreptoquinase, pois não sendo uma proteína
através do cateter e empurradas com fio guia estranha, não ocorre a produção de anticorpos,
até o local a ser ocluído. portanto podem ser utilizadas várias vezes no
mesmo paciente, sem ocorrer sensibilização.
Balões destacavéis Age diretamente no plasminogênio a fim de
São cateteres com balões infláveis na sua produzir plasmina. O ativador do plasminogênio
extremidade que podem ser insuflados e 12
tecidual, age diretamente no coágulo, com
destacados veis em determinados locais para a
risco menor de sangramento.
oclusão temporária ou definitiva de um vaso.
São mais utilizados em neurorradiologia com Balões de angioplastia
emprego em fístulas artério-venosas carótido- O primeiro procedimento de dilatação arterial
cavernosas. Estão sendo substituidos através de um cateterismo transluminal
gradativamente pelas endopróteses vasculares, percuntâneo com cateteres foi realizado por
1
com a vantagem de corrigir o defeito vascular, Dotter e Jundinks em 1964, com sucesso,
sem obstruir totalmente o vaso. iniciando e dando impulso para radioliogia
vascular intervencionista. Atualmente temos o
Endopróteses vasculares 13
São tubos intravasculares introduzidos cateter de Grüntzig o mais utilizado nas
através de cateterismo percutâneo dilatações do território aorto-ilíaco-femoral.
transluminal, pela via femoral, sendo balão- Cateteres de arterectomia (arterótomos)
8 9
dilatáveis, stents de Palmaz e de Strecker e Arterectomia significa a recanalização
auto -dilatáveis, Wallstent. As endopróteses arterial, através da ressecção da placa de
vasculares propocionam um meio mecânico para ateroma, sendo usada principalmente em
superar o recuo elástico e comprimir a placa e lesões arteriais mais graves, mais extensas e
as dissecções da íntima contra a parede do praticamente ocluídas onde a angioplastia não
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vaso produzindo recanalização arterial. tem indicação. Os principais tipos de
18 14
Temos também o stent de Covered e o arterótomos são: rotoablator de Auth e
enxerto endovascular de Corvita, que são
19 aterocateter de Simpson.
recobertos com enxertos, utilizados no Complicações
tratamento de lesões vasculares, As complicações decorrentes do cateterismo
pseudoaneurismas e fístulas artério-venosas, podem ser divididas em complicações graves e
corrigindo a lesão e mantendo a perviedade do leves.
14
As graves aquelas que provocam
vaso. Existe também a combinação de prótese seqüelas nos pacientes e as leves as que
vascular de dacron suturada a stents, para o provocam desconforto transitório, sem causar
tratamento do aneurisma da aorta abdominal 17
11 seqüelas. Barros Jr. em estudo de 772
infra-renal. cateterismos realizados, ocorreram 74
Trombolíticos complicações (9,6%), sendo 16 graves (2,1%) e
São substâncias capazes de dissolver o coágulo 58 leves (7,5%). Das 16 complicações graves,
sanguíneo (trombólise) sendo mais eficazes 15 foram vasculares (1,9%), sendo 13
quando introduzidos por via percutânea intra - isquêmicas (1,7%) (09 tromboses no local da
arterial diretamente no coágulo. As principais punção e 03 embolias distais de trombos), 01

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hemorrágica (0,1%) e 01 perfuração arterial artéria maxilar interna, com oclusão definitiva
(0,1%), todas tratadas cirurgicamente e 01 com fragmentos de geolfoam e/ou pericárdio
complicação sistêmica grave, ocorreu em 01 bovino, mola de Gianturco ou balão
caso (0,1%), de acidente vascular cerebral, destacáveis.
com hemiplegia direita com predomínio
Hemoptise
braquial, tratada clinicamente e com
As hemorragias do pulmão são causadas
fisioterapia. Das 58 complicações leves, 55
principalmente por bronquiectasias
foram vasculares (7,1%), sendo 02 isquêmicas
decorrentes da tuberculose, tumores malignos
(0,3%) (vasoespasmo), 28 hemorrágicas (3,6%)
e angiodisplasias (hemangiomas e fístulas
(pequenos hematomas), 04 perfurações
artério-venosas artéria brônquica-artéria
arteriais (0,5%) e 21 dissecção intimal (2,7%),
pulmonar). O tratamento realizado é a oclusão
não sendo necessário tratamento cirúrgico e
das artérias brônquicas através de fragmentos
03 pacientes (0,4%) complicações sistêmicas
de geolfoam e/ou fragmentos de fio guia e/ou
leves de ataque isquêmico transitório durante
mola de Gianturco, com cateterismo
a realização de cateterismo de artéria
superseletivo de artéria brônquica, com
carótida comum.
introdução percutânea do cateter através da
CONDUTA NAS HEMORRAGIAS artéria femoral, aorta abdominal, torácica e
As principais causas de sangramentos em acesso as artérias brônquicas na parede
órgãos e partes do nosso corpo estão lateral direita e/ou esquerda do terço
relacionadas principalmente com: tumores proximal e médio da aorta torácica
maligno e benigno, angiodisplasias, ulcerações, descendente, a frequência de controle do
traumatismos, distúrbios de coagulação e sangramento imediato ocorreu em torno de
sequelas de tuberculose, colagenoses, 88,9%.5 Nos sangramentos decorrentes das
hipertensão porta dentre outras, que podem f'ístulas artéria brônquica-artéria pulmonar,
ser tratadas através de cateterismo nos casos que a embolização de artéria
percutâneo transluminal com oclusões brônquica não seja suficiente, teremos que
vasculares por embolizações e descompressão ocluir com mola de Gianturco e fragmentos de
porta, pelos mais diversos materiais, fio guia, também o ramo da artéria pulmonar,
interrompendo os vários tipos de sangramento sendo o cateterismo seletivo de artéria
(Quadro 1). pulmonar realizado através de acesso
percutâneo transluminal na veia femoral ou da
Quadro 1 - Tipos de sangramentos
veia jugular interna, introduzindo-se o cateter
Epistaxe
pela veia cava, átrio direito, ventrículo direito
Hemoptise
e artéria pulmonar.
Digestivo
Metrorragia
Hematúria
Retroperitoneal
Hematomas de parede

Epistaxe
Os sangramentos da nasofaringe são
decorrentes de angiodisplasias, tumores,
traumatismos, hipertensão arterial sistêmica e Pré-trombolítico Pós-trombolítico
distúrbios da coagulação. Podem ser tratados
Figura 1 - Trombólise da artéria femoral direita com
através da embolização de artéria maxilar
estreptoquinase.
interna unilateral ou bilateral, através de
Digestivo
acesso percutâneo transluminal de artéria
As principais causas de sangramento digestivo
femoral comum, com cateterização seletiva de
artéria carótida externa e superseletiva de são as gastrites, úlceras gástrica e duodenais,

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tumores benignos e malignos do trato fio guia, com objetivos de controle da


digestivo, angiodisplasias, varizes de esôfago e hemorragia e diminuição do tamanho do tumor,
gástricas decorrentes de hipertensão porta. e do rim para maior facilidade posterior de
Nos sangramentos das gastrites, úlceras cirurgia de nefrectomia total. Em casos de
gástricas e duodenais, tumores benigno e hematúria por angiodisplasia, pós-trauma e
maligno, e angiodisplasias, teremos que pós-biópsia, realiza-se embolização
realizar embolização superseletiva com oclusão superseletiva com oclusão de ramo da artéria
do ramo arterial do segmento do trato renal, correspondente ao segmento renal
digestivo sangrante, com fragmentos de sangrante, através de fragmentos de
geolfoam, através de cateterismo seletivo de geolfoam, com cateterismo seletivo de artéria
tronco celíaco e/ou artéria mesentérica renal e acesso percutâneo transluminal de
superior e/ou inferior. artéria femoral comum.
Nos casos de sangramentos de roturas de
varizes de esôfago por hipertensão porta em
cirróticos graves e rebeldes à escleroterapia
endoscópica, podemos criar shunt porto -
sistêmico percutâneo transjugular (TIPS),
através de acesso percutâneo transluminal de
veia jugular interna direita, introdução de
cateter com agulha de punção em veia supra -
hepáticas, punção intra -hepática em direção ao Lesão inicial Posicionamento dos guias
ramo direito da veia porta, passagem de fio
guia, dilatação com balão no trajeto intra -
hepático, comunicação entre as veia supra -
hepática-veia porta, colocação de endoprótese
vascular (stent) para evitar reestenose no
trajeto intra-hepático, construindo o shunt
porto-sistêmico (intra -hepático) percutâneo
17
transjugular (TIPS), diminuindo a
hipertensão porta e controlando o Arteriografia de controle Angioplastia bilateral

sangramento através das varizes esofagianas e


concomitante

gástricas.

Metrorragia
São decorrentes de tumores malignos de
útero, principalmente de colo, após cirurgia de
histerectomia parcial com sangramento no colo
do útero e lesões de útero por radioterapia.
Realiza-se embolização superseletiva de
artéria uterina, com oclusão através de mola Controle após a angioplastia Aspecto final dos dois stents

de Gianturco, com cateterização seletiva de Figura 2 - Angioplatia com stent de estenose na


artéria ilíaca interna, com acesso transluminal bifurcação da aorta. Foi necessário o implante de dois
percutâneo através de artéria femoral comum. stents.

Retroperitoneal
Hematúria
As principias hemorragias retroperitoneais são
Os sangramentos renais com manifestação de
causadas por traumatismos fechados de
hematúria são decorrentes de tumores
abdomem, pelve e região lombar, com fraturas
malignos, traumatismos e angiodisplasias. Nos
graves de ossos da pelve. São tratadas com
casos de sangamentos por tumores malignos
embolização seletiva de artéria ilíaca interna
realiza-se embolização seletiva de artéria
unilateral ou bilateral; no homem em casos de
renal com mola de Gianturco e fragmentos de
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necessidade de embolização bilateral de Figura 3 - Angioplastia com stent na artéria femoral


superficial.
artéria ilíaca interna, preserva -se a artéria
pudenda interna, com embolização Hematomas de parede
superseletiva para oclusão de ramos da artéria Em pacientes com distúrbios de coagulação
ilíaca interna. Estes procedimentos são principalmente por insuficiência hepática,
realizados com fragmentos de geolfoam e/ou podemos ter hematomas de parede torácica,
de fio guia, molas de Gianturco, através de abdominal e/ou lombar. Realiza-se embolização
cateterismo seletivo de artéria ilíaca interna, seletiva de artérias do segmento sangrante,
com acesso transluminal percutâneo de artéria com fragmentos de geolfoam e/ou fragmentos
femoral comum. de pericárdio bovino e de dura máter, através
de cateterismo por acesso através de punção
de artéria femoral ou dissecção de artéria
braquial.

Lesão inicial Angioplastia com balão

Lesão inicial Passagem do guia pela oclusão

Angiografia de controle Aspecto final do stent

Figura 4 - Angioplastia com stent na artéria femoral


superficial.

Controle após passagem do guia Angioplastia com balão

Controle após angioplastia Aspecto final

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principais dos membros ou ocluindo ramos


secundários com embolização através de mola
de Gianturco e/ou fragmentos de fio guia.

Lesâo inicial Aspecto do stent

Angiografia de controle Angiografia de controle

Figura 5 - Correção de pseudoaneurisma venoso


traumático com o implante de uma endoprótese tubular na
veia ilíaca.

Conduta no trauma vascular


Com a utilização da angiografia no diagnóstico
do traumatismo vascular, várias lesões
puderam ser identificadas e tratadas
cirurgicamente. Com o desenvolvimento da
Figura 6 - Fístula artério-venosa aorto-cava após lesão
radiologia vascular e intervencionista passamos por projétil de arma de fogo.
a tratar também estas lesões vasculares
através de cateterismo, colocação de
endopróteses vasculares e/ou oclusão arterial.

Lesão arterial, pseudo-aneurismas e fístulas


artério-venosas.
Lesões arteriais parciais, pseudo-aneurismas
(figura 5) e fístulas artério-venosas (figura 6
a 10), principalmente em extremidades, com
estabilidade hemodinâmica do paciente
podemos tratar através da radiologia vascular
e intervencionista com acesso percutâneo
transluminal anterógrado de artéria femoral
comum, para artérias do membro inferior e
com acesso percutâneo transluminal
retrógrado de artéria femoral comum, para
artérias do tronco supra-aórtico e do membro
superior. Realiza-se cateterismo seletivo da
artéria a ser tratada, e através de
introdutores coloca-se endopróteses
18
vasculares, tipo stent de Covered ou enxerto
19
endovascular de Corvita, corrigindo o defeito
vascular e mantendo a perviedade do vaso Figura 7 - Implante da endoprótese.
(Figuras 100, 101, 102, 103, 104). Em artérias
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Figura 8 - Aspecto final da endoprótese.

Figura 10 - Imagem da malha da endoprótese que foi


utilizado para a correção da fístula artério-venosa.

Conduta na obstrução arterial aguda

A obstrução arterial aguda decorrente


principalmente das alterações de
aterosclerose levam com grande frequência
trombose arterial aguda, tendo como
consequência a isquemia arterial aguda com
risco de perda do membro, necessitando de
procedimentos de desobstrução e
recanalização arterial relatadas a seguir
(Quadro 2).

Quadro 2 - Procedimentos de desobstrução e


recanalização arterial
Trombólise
Arterectomia
Figura 9 - Arteriografia de controle. Angioplastia
Colocação de stent

Trombólise, arterectomia, angioplastia e


colocação de stent.

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Com as técnicas de cateterismo percutâneo proximal e distal. Dilatação com balão de


transluminal descritas no tópico anterior angioplastia, do stent proximal, imediatamente
podemos ter acesso as artérias obstruídas e abaixo das artérias renais, com fixação da
trata-las adequadamente sem a realização de extremidade proximal da prótese de dacron, e
grandes cirurgias, através da trómbolise logo após dilatação do stent distal, com
(dissolver o coágulo, figura 1), realizando-se fixação da extremidade distal, ao nível da
arterectomia (recanalização arterial), aorta terminal, corrigindo a dilatação
angioplastia (dilatação do vaso, figuras 2,3 e 4) aneurismática e mantendo a perviedade da
e colocação de stent de Palmaz ou Strecker aorta .
retornando a perviedade do vaso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento dos mais diversos
Conduta no aneurisma aórtico abdominal procedimentos realizados através da radiologia
infra-renal. vascular e intervencionista, e grande interesse
Nos pacientes com aneurisma aórtico despertado nos cirurgiões vasculares para
abdominal infra-renal, sem comprometimento atuar nesta área, pelo acesso cada vez maior
11
de artérias ilíacas, Parodi desenvolveu de pacientes, estes procedimentos passaram a
técnica de correção de aneurisma da aorta ser chamados de cirurgia endovascular, que
abdominal infra-renal, através da colocação de trarão grandes pespectivas de tratamento das
endoprótese vascular, dissecando-se a artéria doenças vasculares, através de acessos
femoral comum, arteriotomia, heparinização percutâneos, sem grandes incisões, menos
sistêmica e introdução de prótese de dacron invasivos, com menor custo, menor morbidade
suturada a stent de Palmaz, nas extremidades e mortalidade.

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Versão prévia publicada:


Nenhuma
Conflito de interesse:
Nenhum declarado.
Fontes de fomento:
Nenhuma declarada.
Data da última modificação:
12 de setembro de 2002.
Como citar este capítulo:
Pitta GBB, Silva CRA . Radiologia vascular e intervencionista na urgência. In: Pitta GBB,
Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular:
guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.
Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Sobre os autores:

Guilherme Benjamin Brandão Pitta


Professor Adjunto, Doutor, do Departamento de Cirurgia da
Fundação Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas,
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
Maceió, Brasil.

Cézar Ronaldo Alves da Silva


Cirurgião Vascular e Radiologia Vascular,
Maceió, Brasil.
Endereço para correspondência:
Guilherme Benjamin Brandão Pitta
Rua Desportista Humberto Guimarães no 1081, apto 702.
57035-030, Maceió – Alagoas
+82 231 9029
Fax: +82 231 1897
Correio eletrônico: guilhermepitta@lava.med.br
URL: http://www.lava.med.br

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Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro

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