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Radiologia Vascular e
Intervencionista na Urgência
12/09/2002 Página 1 de 10
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Radiologia Vascular e Intervencionista na Urgência Guilherme Pitta
Anestesia local, punção e introdução do fio um introdutor, que tem uma válvula anti -
guia refluxo, evitando o refluxo sanguíneo e
Palpa-se o pulso arterial femoral a 2 cm do permitindo através deste as passagens e
ligamento inguinal, realiza-se anestesia local trocas dos mais diversos tipos de cateteres e
com 10 a 15 ml de solução de lidocaína a 1% fios guias.
sem vasoconstrictor, na face anterior, laterais Para cada vaso a ser cateterizado temos os
e posterior arterial. A agulha de punção é mais diversos tipos de cateter, seja na sua
colocada em posição paralela com inclinação em forma, tamanho, diâmentro e número de
torno de 30 graus em relação a artéria e orifícios, permitindo que o nosso procedimento
realizada a punção. A seguir retira -se o seja bastante facilitado.
mandril da agulha e recua-se a agulha até o Quando encontramos dificuldade de
aparecimento do fluxo livre de sangue, introduzirmos o cateter em determindos
introduzindo-se o fio guia através da agulha, vasos, recoremos aos fios guias, que
sem que haja nenhuma resistência. Havendo a introduzidos por dentro dos cateteres,
necessidade de punção venosa a técnica facilitam com as mais diversas formas de
utilizada é a mesma modificando apenas o local pontas, retas e curvas, a introdução nos vasos,
da punção sendo imediatamente medial ao e deslizando através deste fio guia, o cateter
pulso arterial. possa ser introduzido na luz do vaso a ser
cateterizado.
Cateterização percutânea
Retira -se a agulha de punção através do fio Materiais de embolização
guia, e introduz-se o cateter sobre o mesmo. Para ocluirmos os vasos, necessitamos de
Na maioria das vezes realiza-se heparinização materias de embolização que possam ser de
sistêmica com 5.000 UI/ml, EV. fácil introdução através dos cateteres e sejam
Após a cateterização seletiva do vaso a ser eficientes na oclusão do vaso, com resultados
estudado, realiza-se a angiografia diagnóstica eficientes no tratamento das hemorragias.
com a injeção de contraste iodado. Diagnosticado o sangramento, identificando-se
a artéria e o órgão a ser tratado podemos
Dissecção
escolher o material de embolização a ser
Quando não conseguimos a cateterização 5
através da punção, podemos realizar a utilizado.
dissecção arterial ou venosa, através de uma Geolfoam
arteriotomia e/ou flebotomia introduzindo-se Esponja hemostática pode ser usada das mais
o cateter. Este tipo de procedimento é diversas formas, de acordo com o tamanho e
extremamente raro pois na maioria das vezes quantidade necessitada, cortando-se com
conseguimos a cateterização percutânea. lâmina de bisturi e colocando-se em meio de
Materiais de cateterismo, de embolização, constraste tornando o mesmo radiopaco. Pela
endopróteses vasculares, trombolíticos, sua disponibilidade e baixo custo, continua
balões de angioplastia e cateteres de sendo usado com grande frequência. A dúvida
arterectomia. persiste se o geolfoam não é absorvido sendo
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Com os mais diversos vasos a serem um material de média duração.
cateterizados e vários procedimentos a serem Dura-máter e pericárdio bovino
realizados necessitamos de múltiplos tipos de Materiais que podem fucionar como
materiais. hemostáticos, da mesma forma do geolfoam,
podem ser cortados e adaptados aos mais
Materiais de cateterismo diversos tamanhos. Estes materiais são de
Sempre precisamos a utilização de mais de um longa duração para embolização.
tipo de cateteres e fios guias na realização Fragmentos de fio guia
destes procedimentos, por isto colocamos no Quando necessitamos de pequenos fragmentos
local de punção, após a introdução do fio guia, de material de oclusão permanente e de baixo
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custo podemos utilizar parte do fio guia substâncias são; a estreptoquinase, derivada
utilizado nas angiografias por cateterismo, do estreptococus hemolítico, que ativa
retirando-se a parte mais interna a "alma" e indiretamente o plasminogênio através da
seccionando em pequenos fragmentos. formação de um cofator estreptoquinase-
Mola de Gianturco plasminogênio, transformando plasminogênio
Espiral composta de fio de aço com fios de lãs em plasmina, que dissolve a fibrina e o
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amarrados em seu trajeto, podemos
7 fibrinogênio. A uroquinase derivada da urina
encontrar nos mais diversos tamanhos, normal, tendo a vantagem em relação a
material de oclusão permanente é introduzida estreptoquinase, pois não sendo uma proteína
através do cateter e empurradas com fio guia estranha, não ocorre a produção de anticorpos,
até o local a ser ocluído. portanto podem ser utilizadas várias vezes no
mesmo paciente, sem ocorrer sensibilização.
Balões destacavéis Age diretamente no plasminogênio a fim de
São cateteres com balões infláveis na sua produzir plasmina. O ativador do plasminogênio
extremidade que podem ser insuflados e 12
tecidual, age diretamente no coágulo, com
destacados veis em determinados locais para a
risco menor de sangramento.
oclusão temporária ou definitiva de um vaso.
São mais utilizados em neurorradiologia com Balões de angioplastia
emprego em fístulas artério-venosas carótido- O primeiro procedimento de dilatação arterial
cavernosas. Estão sendo substituidos através de um cateterismo transluminal
gradativamente pelas endopróteses vasculares, percuntâneo com cateteres foi realizado por
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com a vantagem de corrigir o defeito vascular, Dotter e Jundinks em 1964, com sucesso,
sem obstruir totalmente o vaso. iniciando e dando impulso para radioliogia
vascular intervencionista. Atualmente temos o
Endopróteses vasculares 13
São tubos intravasculares introduzidos cateter de Grüntzig o mais utilizado nas
através de cateterismo percutâneo dilatações do território aorto-ilíaco-femoral.
transluminal, pela via femoral, sendo balão- Cateteres de arterectomia (arterótomos)
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dilatáveis, stents de Palmaz e de Strecker e Arterectomia significa a recanalização
auto -dilatáveis, Wallstent. As endopróteses arterial, através da ressecção da placa de
vasculares propocionam um meio mecânico para ateroma, sendo usada principalmente em
superar o recuo elástico e comprimir a placa e lesões arteriais mais graves, mais extensas e
as dissecções da íntima contra a parede do praticamente ocluídas onde a angioplastia não
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vaso produzindo recanalização arterial. tem indicação. Os principais tipos de
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Temos também o stent de Covered e o arterótomos são: rotoablator de Auth e
enxerto endovascular de Corvita, que são
19 aterocateter de Simpson.
recobertos com enxertos, utilizados no Complicações
tratamento de lesões vasculares, As complicações decorrentes do cateterismo
pseudoaneurismas e fístulas artério-venosas, podem ser divididas em complicações graves e
corrigindo a lesão e mantendo a perviedade do leves.
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As graves aquelas que provocam
vaso. Existe também a combinação de prótese seqüelas nos pacientes e as leves as que
vascular de dacron suturada a stents, para o provocam desconforto transitório, sem causar
tratamento do aneurisma da aorta abdominal 17
11 seqüelas. Barros Jr. em estudo de 772
infra-renal. cateterismos realizados, ocorreram 74
Trombolíticos complicações (9,6%), sendo 16 graves (2,1%) e
São substâncias capazes de dissolver o coágulo 58 leves (7,5%). Das 16 complicações graves,
sanguíneo (trombólise) sendo mais eficazes 15 foram vasculares (1,9%), sendo 13
quando introduzidos por via percutânea intra - isquêmicas (1,7%) (09 tromboses no local da
arterial diretamente no coágulo. As principais punção e 03 embolias distais de trombos), 01
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hemorrágica (0,1%) e 01 perfuração arterial artéria maxilar interna, com oclusão definitiva
(0,1%), todas tratadas cirurgicamente e 01 com fragmentos de geolfoam e/ou pericárdio
complicação sistêmica grave, ocorreu em 01 bovino, mola de Gianturco ou balão
caso (0,1%), de acidente vascular cerebral, destacáveis.
com hemiplegia direita com predomínio
Hemoptise
braquial, tratada clinicamente e com
As hemorragias do pulmão são causadas
fisioterapia. Das 58 complicações leves, 55
principalmente por bronquiectasias
foram vasculares (7,1%), sendo 02 isquêmicas
decorrentes da tuberculose, tumores malignos
(0,3%) (vasoespasmo), 28 hemorrágicas (3,6%)
e angiodisplasias (hemangiomas e fístulas
(pequenos hematomas), 04 perfurações
artério-venosas artéria brônquica-artéria
arteriais (0,5%) e 21 dissecção intimal (2,7%),
pulmonar). O tratamento realizado é a oclusão
não sendo necessário tratamento cirúrgico e
das artérias brônquicas através de fragmentos
03 pacientes (0,4%) complicações sistêmicas
de geolfoam e/ou fragmentos de fio guia e/ou
leves de ataque isquêmico transitório durante
mola de Gianturco, com cateterismo
a realização de cateterismo de artéria
superseletivo de artéria brônquica, com
carótida comum.
introdução percutânea do cateter através da
CONDUTA NAS HEMORRAGIAS artéria femoral, aorta abdominal, torácica e
As principais causas de sangramentos em acesso as artérias brônquicas na parede
órgãos e partes do nosso corpo estão lateral direita e/ou esquerda do terço
relacionadas principalmente com: tumores proximal e médio da aorta torácica
maligno e benigno, angiodisplasias, ulcerações, descendente, a frequência de controle do
traumatismos, distúrbios de coagulação e sangramento imediato ocorreu em torno de
sequelas de tuberculose, colagenoses, 88,9%.5 Nos sangramentos decorrentes das
hipertensão porta dentre outras, que podem f'ístulas artéria brônquica-artéria pulmonar,
ser tratadas através de cateterismo nos casos que a embolização de artéria
percutâneo transluminal com oclusões brônquica não seja suficiente, teremos que
vasculares por embolizações e descompressão ocluir com mola de Gianturco e fragmentos de
porta, pelos mais diversos materiais, fio guia, também o ramo da artéria pulmonar,
interrompendo os vários tipos de sangramento sendo o cateterismo seletivo de artéria
(Quadro 1). pulmonar realizado através de acesso
percutâneo transluminal na veia femoral ou da
Quadro 1 - Tipos de sangramentos
veia jugular interna, introduzindo-se o cateter
Epistaxe
pela veia cava, átrio direito, ventrículo direito
Hemoptise
e artéria pulmonar.
Digestivo
Metrorragia
Hematúria
Retroperitoneal
Hematomas de parede
Epistaxe
Os sangramentos da nasofaringe são
decorrentes de angiodisplasias, tumores,
traumatismos, hipertensão arterial sistêmica e Pré-trombolítico Pós-trombolítico
distúrbios da coagulação. Podem ser tratados
Figura 1 - Trombólise da artéria femoral direita com
através da embolização de artéria maxilar
estreptoquinase.
interna unilateral ou bilateral, através de
Digestivo
acesso percutâneo transluminal de artéria
As principais causas de sangramento digestivo
femoral comum, com cateterização seletiva de
artéria carótida externa e superseletiva de são as gastrites, úlceras gástrica e duodenais,
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gástricas.
Metrorragia
São decorrentes de tumores malignos de
útero, principalmente de colo, após cirurgia de
histerectomia parcial com sangramento no colo
do útero e lesões de útero por radioterapia.
Realiza-se embolização superseletiva de
artéria uterina, com oclusão através de mola Controle após a angioplastia Aspecto final dos dois stents
Retroperitoneal
Hematúria
As principias hemorragias retroperitoneais são
Os sangramentos renais com manifestação de
causadas por traumatismos fechados de
hematúria são decorrentes de tumores
abdomem, pelve e região lombar, com fraturas
malignos, traumatismos e angiodisplasias. Nos
graves de ossos da pelve. São tratadas com
casos de sangamentos por tumores malignos
embolização seletiva de artéria ilíaca interna
realiza-se embolização seletiva de artéria
unilateral ou bilateral; no homem em casos de
renal com mola de Gianturco e fragmentos de
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