Você está na página 1de 34

1

Material elaborado por Genesis da Silva Honorato


@materiasdedireito.doc

SUMÁRIO

APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: ...................................................... 3

1. TEORIAS DA APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: ................. 3

2. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS: ................................................................................ 4

2.1. NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: ......................................................................... 4

2.2. NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: .................................................................... 6

2.3. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: ................................................................... 7

2.4. REFLEXÕES CRÍTICAS: ........................................................................................ 8

2.5. CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ:.................................................. 9

2.6. CLASSIFICAÇÃO DE LUÍS ROBERTO BARROSO: ........................................... 9

PODER CONSTITUINTE ........................................................................................................... 10

3. CONCEITO: .................................................................................................................... 10

4. TRÊS LEITURAS DO PODER CONSTITUINTE: ........................................................ 12

5. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: ..................................................................... 12

5.1. NATUREZA JURÍDICA: ....................................................................................... 13

5.2. CARACTERÍSTICAS: ............................................................................................ 13

5.3. TITULAR: ............................................................................................................... 15

5.4. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DIREITOS ADQUIRIDOS: ............ 15

5.5. DINÂMICA CONSTITUCIONAL: ........................................................................ 16

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ............................................................................................ 24

Este caderno foi elaborado com base nas aulas e no livro do professor
BERNARDO GONÇALVES bem como aulas e livro do professor LENZA.

2
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

APLICABILIDADE DAS NORMAS


CONSTITUCIONAIS:

1. TEORIAS DA APLICABILIDADE DAS NORMAS


CONSTITUCIONAIS:
Duas teorias serviram de base para a classificação das normas
constitucionais:

a) Teoria Americana: Existiriam 2 tipos de normas, as normas


autoexecutáveis (self-executing) e as normas não autoexecutáveis
(not self-executing).

b) Teoria Italiana: Salienta a importância das intituladas normas


programáticas.

#ATENÇÃO: TEORIA BRASILEIRA – JOSÉ AFONSO DA SILVA:


Ocorre que, surge no Brasil uma teoria extremamente mais sofisticada
que as mencionadas. Assim, o debate ganha novos ares. A teoria
desenvolvida em terrae brasilis afirma que em uma constituição não
teríamos normas não autoaplicáveis e, portanto, sem aplicabilidade.

Nesse sentido, todas as normas são dotadas de aplicabilidade, pois


todas as normas constitucionais teriam EFICÁCIA JURÍDICA.
Toda norma, portanto, teria no mínimo 2 efeitos:

3
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

A) EFEITO POSITIVO: Quando surgem, revogam (não


recepcionam) tudo do ordenamento anterior que for contrário a
elas;

B) EFEITO NEGATIVO: As normas constitucionais irão vedar /


negar o legislador ordinário de produzir normas
infraconstitucionais contrárias.

Assim, o que existem são graus de eficácia ou aplicabilidade. Lembre-


se que a aplicabilidade possui 3 requisitos: vigência, validade e eficácia
jurídica. Se todas as normas têm aplicabilidade, esta seria desenvolvida em
graus. Ou seja, existe uma escala de aplicabilidade.

Vamos à classificação das normas constitucionais. #VenceOsono...

2. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS:


(neste ponto você deve saber o conceito de cada tipo de norma e
exemplos dessas normas na CF, bem como também é de suma importância
a Jurisprudência do STF. Vamos colocar tudo aqui)

2.1. NORMAS DE EFICÁCIA PLENA:


São aquelas normas bastantes em si, pois reúnem todos os elementos
para produção de todos os efeitos jurídicos possíveis.
São dotadas de aplicabilidade DIRETA e IMEDIATA.

Os exemplos citados na doutrina são os Arts. 1º, 44 e 46 da CF.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,

4
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como


fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide


Lei nº 13.874, de 2019)

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por


meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso


Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos


Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio
majoritário.

§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,


com mandato de oito anos.

§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será


renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
dois terços.

§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

5
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

2.2. NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA:


Meus caros amigos, muita gente confunde essa espécie com a próxima
ou então não compreende direito esta norma. ISSO NÃO PODE
ACONTECER!

Estas normas, NASCEM COM EFICÁCIA PLENA, todavia terão


seu âmbito de eficácia CONTIDO (daí o nome) pelo legislador
infraconstitucional.
São dotadas de aplicabilidade DIRETA e IMEDIATA.
São exemplos citados os Arts. 5º, VIII e XIII e 37, I:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

6
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

2.3. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA:


Estas normas não são bastantes em si mesmas, pois não reúnem todos
os elementos necessários para todos os possíveis efeitos jurídicos.
Assim, estas normas PRECISAM DE COMPLEMENTAÇÃO
(REGULAMENTAÇÃO) para produção de todos os efeitos, ou seja,
necessitam de uma atuação do poder público.

Possuem, portanto, aplicabilidade INDIRETA e MEDIATA.

Esta norma se subdivide em outras 2 espécies (calma que é simples):

A) Normas de eficácia limitada de PRINCÍPIOS


INSTITUTIVOS: São normas que traçam esquemas gerais de
organização e estruturação de órgãos, entidades ou instituições do
Estado.
São exemplos os Arts. 18, §2º; 33 e 25, §3º:
Art. 18, § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de
origem serão reguladas em lei complementar.

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e


judiciária dos Territórios.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições


e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.

7
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

B) Normas de eficácia limitada de PRINCÍPIOS


PROGRAMÁTICOS: Essas traçam tarefas, fins e programas para
cumprimento por parte dos poderes públicos (lembrem-se e leiam
se for necessário nosso caderno de teoria da constituição onde
tratamos de constituição dirigente e normas programáticas).

São exemplos dessas normas, os Art. 196, 205, 217:


Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da


família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas


formais e não-formais, como direito de cada um, observados (...).

2.4. REFLEXÕES CRÍTICAS:


1) Diferenciar normas de eficácia contida de normas de eficácia
limitada:
CONTIDA LIMITADA
A atuação do legislador se dá para A atuação do legislador se dá para
RESTRINGIR, reduzir o seu AUMENTAR o âmbito de sua
âmbito de aplicação. aplicação.
Ambas trabalham com a atuação do legislador. A diferença se dá no
modo de atuação.

8
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

2) Norma de eficácia limitada que ainda não recebeu atuação do


poder público é dotada de aplicabilidade e eficácia?
SIM!
Lembre-se que todas as normas possuem pelo menos 2 efeitos: o efeito
positivo e o negativo.
Sua aplicabilidade será MEDIATA e INDIRETA.

OBS: julgue o item:


Norma de eficácia limitada programática, que não recebeu
atuação do poder público não produz todos os efeitos, mas produz
alguns.
CERTO! Produz também os mínimos efeitos (negativo e positivo)

3) Atualmente, com base na judicialização da política e no


fenômeno do ativismo judicial, o STF vem determinando a
concretização de Direitos Fundamentais sociais presentes em
normas programáticas.
Assim, temos decisões sobre educação, saúde e sistema carcerário.

2.5. CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ:


A professora MARIA HELENA DINIZ também trabalha com a ideia
das normas de eficácia plena e contida/restringível.
Além disso, adiciona as chamadas normas de EFICÁCIA
ABSOLUTA. Elas são justamente as normas constitucionais imodificáveis
e constam do famoso rol das cláusulas pétreas (Art. 60, §4º).

2.6. CLASSIFICAÇÃO DE LUÍS ROBERTO BARROSO:


Aqui temos:

9
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

a) Normas constitucionais de organização: Aquelas normas que se


direcionam aos poderes do Estado e seus agentes; e

b) Normas constitucionais definidoras de direitos: Aquelas que


guardam relação com os direitos classicamente intitulados de
subjetivos.

Pessoal, essa é a parte teoria que exige mais a sua atenção. Lembro
que existem outras classificações de outros autores (são muitos).

DEVER DE CASA:
Classificação de UADI LAMMÊGO BULOS – normas de eficácia
exaurida e ADCT

Mas, vamos nos concentrar mais fortemente na análise


jurisprudencial do assunto. Então LEIA OBRIGATORIAMENTE a parte
da jurisprudência correlata, pois de fato é muito cobrado em prova.
No mais, vamos ao nosso segundo tema...

PODER CONSTITUINTE

3. CONCEITO:
É o poder ao qual incumbe criar ou elaborar uma constituição, alterar
ou reformar uma constituição e complementar uma constituição.
Sua origem se dá quando surgem as constituições escritas. Certo é que
ele nasce como poder no movimento do constitucionalismo, no século XVIII,

10
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

que vai inaugurar as constituições escritas. É esse movimento que vai trazer
o Poder Constituinte Originário.

#APROFUNDAMENTO PARA DISCURSIVAS – REVELAR, DIZER


OU CRIAR UMA CONSTITUIÇÃO?
CANOTILHO lança 4 perguntas que irão guiar o estudo do tema:

a) O que é poder Constituinte?


b) Quem é o titular?
c) Qual o procedimento e forma de seu exercício?
d) Existem ou não limites políticos-jurídicos ao seu exercício?

O professor português, procurando a gênese do Poder Constituinte,


guia seu estudo por três expressões que dimensionam três momentos
fundamentais do constitucionalismo moderno: REVELAR, DIZER, CRIAR.

REVELAR – Ingleses
DIZER – Americanos
CRIAR – Franceses

Os ingleses compreendem o poder constituinte como um processo


histórico de REVELAÇÃO da constituição da Inglaterra; os americanos
DIZEM num texto escrito, produzido por um Poder Constituinte “the
fundamental and Paramount law of the nation”; os franceses CRIAM uma
nova ordem através da destruição do antigo.

11
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

4. TRÊS LEITURAS DO PODER CONSTITUINTE:

1) Versão Clássica: Entende o poder constituinte como poder de fato


(não jurídico) criador de uma nova ordem jurídica por meio de um
novo texto constitucional.

2) Visão Moderna: Temos a mudança de titularidade da nação para


o POVO.

3) Leitura Contemporânea: Baseada nos ensinos de HABERMAS e


conectada ao conceito de PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL.

#DEVER DE CASA:
Caros amigos, para um maior aprofundamento do conteúdo da leitura
contemporânea sugiro uma leitura de algum artigo sobre o patriotismo
constitucional, tendo em vista a grande aceitação dos ensinos de
HABERMAS no nosso direito constitucional.

5. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO:


Podemos conceituar, conforme o professor BERNARDO
GONÇALVES, como uma prerrogativa extraordinária que ocorre em um
momento extraordinário e que visa à desconstituição de uma ordem anterior
e a constituição de uma nova ordem.
Tem como artífice o Abade EMANUEL SIEYES (o que é o terceiro
estado?)
O Poder Constituinte Originário pode ser dividido em histórico e
revolucionário. Vejamos:

12
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

a) histórico: cria a primeira Constituição do Estado, por isso é também


chamado de fundacional.
b) revolucionário: decorre de uma ruptura ou de uma revolução.

5.1. NATUREZA JURÍDICA:


Há uma verdadeira pluralidade de teorias sobre este ponto:

1ª: PODER DE DIREITO: Fundamentado em um direito (natural),


que é inerente ao homem e a sua natureza.

2ª: PODER DE FATO: Que funda a si próprio. Será, portanto, uma


ruptura que não é jurídica, pois rompe com a lei máxima se impondo como
força social ou político-social.

3ª: NATUREZA HÍBRIDA: Como ruptura, é um poder de fato,


porém na elaboração de sua obra, ele se apresenta como poder de direito
(revogando e construindo).
Assim, podemos dizer que é um poder desconstitutivo-constitutivo
ou ainda dispositivo-positivo.
Esta é a posição de CANOTILHO e também do professor
BONAVIDES e é a corrente majoritária.

5.2. CARACTERÍSTICAS:

A) INICIAL: Ponto zero que indica uma ruptura jurídico-positiva,


que estabelece um novo Estado e sociedade;

B) AUTÔNOMO: Só a ele cabe fixar as bases de uma nova


constituição;

13
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

C) ILIMITADO: Do ponto de vista do direito positivo (positivismo)


é ilimitado. Todavia, sob a ótica do Direito Natural
(jusnaturalismo), ele seria limitado por cânones, vetores do direito
natural (que advém da natureza humana) como: vida, liberdade,
igualdade e dignidade.
Tem prevalecido o positivismo nesse embate de escolas.
Todavia, já existe corrente mais sofisticada:

ANTENÇÃO: CORRENTE DE TENDÊNCIA


SOCIOLÓGICA: Entende que o Poder Constituinte originário é
ilimitado pelo direito positivo anterior, porém ele não é absoluto, pois
encontra limites internos na própria sociedade que o fez emergir (no
próprio movimento de ruptura).
Tem também limites externos em princípios de Direito
Internacional, como: princípio da independência dos povos, da não
intervenção e prevalência dos Direitos Humanos.

D) INCONDICIONADO: Não guarda condições ou termos pré-


fixados procedimentalmente para elaboração da nova constituição.
Portanto, em regra, quem define os procedimentos é o próprio
poder constituinte originário;

E) PERMANENTE: O poder constituinte originário mesmo após a


elaboração da constituição continua vivo, ainda que em estado de
latência (hibernando), pois está alocado no povo que é o seu titular.

14
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

5.3. TITULAR:
Temos 2 visões neste ponto: a clássica e a moderna.

A) VISÃO CLÁSSICA: Corresponde ao paradigma liberal. O titular


seria a NAÇÃO. Esta ideia decorre da obra de Sieyès. O conceito
de Nação está ligado à ideia de homogeneidade cultural,
linguística, econômica e política.

B) VISÃO MODERNA: Parte das lições JELLINECK que irá


conceber o titular do Poder Constituinte Originário na figura do
POVO (como conceito jurídico) ao invés da Nação (conceito
fortemente ligado a noções sociológicas e antropológicas.

A noção de POVO incorpora feições pluralistas trazendo uma


preocupação com a tolerância e o direito à diferença. “Povo” é entendido em
seu sentido político, ou seja, conjunto de pessoas que atuam a partir de ideia,
interesses e representações de ordem política.

5.4. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DIREITOS


ADQUIRIDOS:
Sendo o Poder Constituinte Originário ilimitado, poderá ou não ele
reconhecer direitos adquiridos?

Meus caros, a jurisprudência do STF se firmou no sentido de não


reconhecer a invocação de direitos adquiridos que sejam CONTRÁRIOS à
constituição em vigor.

15
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

5.5. DINÂMICA CONSTITUCIONAL:


Diz respeito aos efeitos das normas constitucionais no tempo. O poder
constituinte originário não representa uma ruptura integral como edifício
jurídico-normativo sustentado pela Constituição anterior.

Aqui, temos alguns fenômenos importantes e de conhecimento


obrigatório:

1) RECEPÇÃO (de norma infraconstitucional):


Pode se dar por duas vias: expressa ou tácita.
A teoria é atribuída a KELSEN quando busca conciliar o poder
constituinte originário com o vácuo legislativo originado da instauração de
uma nova ordem constitucional.
Dessa forma, os antigos diplomas normativos devem ser lidos à luz da
nova constituição.
Nesses termos, o requisito básico para que haja a recepção é
justamente o da não contrariedade das normas infraconstitucionais para
com a nova constituição.

OBS: A recepção pode se dar com o mesmo status ou com um status


diferenciado.

ATENÇÃO: Não havendo compatibilidade, a doutrina diverge


afirmando uma corrente que se trata de não recepção (revogação), enquanto
outra afirma ser caso de inconstitucionalidade superveniente.
O STF acolhe a tese da NÃO RECEPÇÃO que ficou firmada na ADI
nº 2 do DF em 1997.

16
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

#QUESTÕES RELEVANTES SOBRE O TEMA:

a) Se o critério de recepção é de cunho material (não


contrariedade) é possível uma norma que não observou as
exigências formais anteriores ser recepcionada?
Meus caros, parte da doutrina afirma que sim em virtude da presunção
de constitucionalidade.
Para outra parte da doutrina, teríamos afirmada a tese do princípio da
contemporaneidade que sustenta que a lei que nasceu maculada, que possui
vício congênito insanável é impossível de ser corrigida pelo fenômeno da
recepção, ou seja, o vício ab origine NULIFICA a lei, tornando-a ineficaz.
Teríamos a tese da impossibilidade da constitucionalidade superveniente.
Esta é a regra geral.

Porém, há exceção: ADI 2.240 e ADO 3.682, sobre o caso do


município Luís Eduardo Magalhães – possibilidade de
constitucionalidade superveniente decorrente de decisão judicial.
Vejamos:
A ADI nº 2.240 foi ajuizada pelo PT contra a Lei nº 7.619/2000, do
Estado da Bahia, que criou o município Luís Eduardo Magalhães. O autor
alegou que a lei impugnada violaria o art. 18, §4º, da Constituição Federal,
pois teria criado município em ano de eleições municipais, quando ainda se
encontrava pendente a lei complementar federal mencionada no texto
constitucional, a qual determinaria o período dentro do qual os Estados
poderiam criar, incorporar, fundir e desmembrar municípios.
O Plenário do Tribunal, com base em pacífica jurisprudência a respeito
da inconstitucionalidade de leis que criam municípios sem observância do
art. 18, §4º, da Constituição, reconheceu a inconstitucionalidade da lei

17
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

impugnada, que criou o município de Luís Eduardo Magalhães. Contudo, o


Tribunal, ao constatar a inconstitucionalidade da lei, deparou-se com o fato
de que o município em questão fora efetivamente criado havia mais de seis
anos. Nesse ponto, o Tribunal vislumbrou o caos jurídico que uma
declaração de inconstitucionalidade, com pronúncia da nulidade total da lei,
poderia causar à realidade do município.
Assim, constatou-se a necessidade da ponderação entre o princípio da
nulidade da lei inconstitucional e o princípio da segurança jurídica.
Consequentemente, o Plenário do Tribunal, por unanimidade de votos,
julgou procedente a ação direta, e, por maioria, declarou a
inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade da lei impugnada,
mantendo sua vigência pelo prazo de 24 (vinte e quatro) meses, lapso
temporal razoável dentro do qual pode o legislador estadual reapreciar o
tema, tendo como base os parâmetros que deverão ser fixados em lei
complementar federal, conforme decisão da Corte na ADI 3.682. A ADI nº
3.682 foi ajuizada em face do Presidente da República e do Congresso
Nacional, em virtude da não elaboração da lei complementar a que se refere
o art. 18, §4º, da Constituição de 1988.
O Plenário do STF reconheceu a omissão inconstitucional do Poder
Legislativo em elaborar a lei complementar e que perpetua desde a
promulgação da EC nº 15/96 a inviabilidade do exercício, pelos Estados, da
competência para criar, incorporar, fundir e desmembrar municípios. Sendo
assim, consignou-se que a inertia deliberandi das Casas Legislativas pode
ser objeto de ADI e que a não edição da lei complementar dentro de um prazo
razoável consubstancia autêntica violação da ordem constitucional.
Então, o Plenário do STF, por unanimidade de votos, julgou
procedente a ADI para declarar o estado de mora em que se encontra o
Congresso Nacional, a fim de que, em prazo razoável de 18 (dezoito) meses,
adote as providências legislativas necessárias ao cumprimento do dever

18
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

constitucional imposto pelo art. 18, §4º, da Constituição, devendo ser


contempladas as situações imperfeitas decorrentes do estado de
inconstitucionalidade gerado pela omissão.
Por fim, ressaltou-se que não se tratava de impor um prazo para a
atuação legislativa do Congresso Nacional, mas apenas da fixação de um
parâmetro temporal razoável, tendo em vista o prazo de vinte e quatro meses
determinado pelo Tribunal em outras ADIs (a 2.240, sobre Luís Eduardo
Magalhães, uma delas) para que as leis estaduais que criam municípios ou
alteram seus limites territoriais continuem vigendo, até que a lei
complementar federal seja promulgada contemplando as realidades desses
municípios.
Para o professor LENZA, essas decisões são discutíveis por causa do
princípio da separação dos Poderes.
De qualquer maneira, a Emenda Constitucional 57 de 2008 foi a
solução encontrada pelo Poder Legislativo. Esta emenda foi a correção do
vício congênito da norma que criou Luís Eduardo Magalhães e de outras
afins por decisão política do parlamento. A emenda alterou o art. 96 do
ADCT para convalidar os atos de criação, fusão, incorporação e
desmembramento de Municípios.

b) O que aconteceria com uma lei produzida por um ente da


federação no regime constitucional anterior se, com nova
ordem constitucional, a mesma competência legislativa fosse
transferida para figura federativa diversa?
O professor GILMAR MENDES ensina que “não há que se cogitar de
uma federalização de normas estaduais ou municipais, por força de alteração
de competência”.
Além disso, o entendimento é pela MANUTENÇÃO DA LEI
FEDERAL no caso de alteração da competência para as legislaturas

19
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

estaduais e municipais. Nesse caso, admite-se que as leis seriam


municipalizadas ou estadualizadas.

c) É possível falar em modulação da recepção?


O STF poderá modular os efeitos da decisão, declarando a partir de
quando a sua decisão passa a valer. Nesse caso, a modulação poderia se
implementar tanto no controle difuso como no controle concentrado por
meio da ADPF.
Exemplo: Art. 68, CPP, estabeleceu a ação civil ex delito, que deve ser
ajuizada pelo Ministério Público. Vejamos:
Art. 68, CPP. Quando o titular do direito à reparação do dano for
pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória
(art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu
requerimento, pelo Ministério Público.

Contudo, a partir da Constituição de 1988, essa atribuição passou a ser


da Defensoria Pública, bem como vedou-se ao MP a representação judicial
de entidades públicas. Logo, o art. 68 teria sido revogado por não-recepção
pela Constituição de 1988.
Porém, a Defensoria Pública não se instalou efetivamente em todos os
Estados. Por isso, o STF vem entendendo que o art. 68 do CPP é uma lei
ainda constitucional e que está, progressivamente, caminhando para a
inconstitucionalidade, à medida que as Defensorias Públicas forem sendo
efetiva e eficazmente instaladas.

Sigamos com mais fenômenos importantes...

20
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

2) Desconstitucionalização:
Normas de uma constituição anterior são recepcionadas pelo novo
ordenamento constitucional, porém com o status de normas
infraconstitucionais.
São requisitos:

a) Não contrariedade; e
b) Disposição expressa do Poder constituinte originário, na medida
em que sua falta faz com que a desconstitucionalização não possa
ocorrer por razões de segurança jurídica.

3) Repristinação:
Para ocorrer seria necessário disposição expressa, pois não há, em
nosso ordenamento, repristinação automática.

CUIDADO: Repristinação X efeito repristinatório:


Na repristinação há revogação da norma revogadora, enquanto no
efeito repristinatório há inconstitucionalidade de lei revogadora.
A declaração de inconstitucionalidade reconhece a nulidade dos atos
inconstitucionais e, consequentemente, a inexistência de qualquer efeito
jurídico oriundo deles. Assim, a declaração de inconstitucionalidade de ato
normativo que tenha revogado outro provoca o restabelecimento do anterior,
quando a decisão tiver efeito retroativo. Isso porque, se a lei é nula, ela nunca
teve eficácia. Se nunca teve eficácia, nunca revogou nenhuma norma (ao
contrário da repristinação, em que houve sim revogação).

21
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

4) Recepção Material das normas constitucionais:


Normas de constituição são recepcionadas ainda com o status de
normas constitucionais.
Possui 3 requisitos:

a) Não contrariedade;
b) Disposição expressa; e
c) Por se tratar de prática excepcional e de caráter precário, é
necessário a determinação de um prazo certo. Ou seja, as normas
da antiga constituição ficariam no novo ordenamento por um prazo
estabelecido.
Como exemplo temos o Art. 34 do ADCT:
Art. 34, ADCT. O sistema tributário nacional entrará em vigor a
partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação
da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967,
com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas
posteriores.
§ 1º Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os
arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e 159, I, "c", revogadas as
disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas
que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III

5) Inconstitucionalidade Superveniente:
É o fenômeno em que uma lei que era constitucional ao tempo de sua
edição, já que compatível com a Constituição vigente à época, passa a ser
inconstitucional em virtude de uma modificação no parâmetro
constitucional.
Logo, regra geral: proibição do fenômeno da inconstitucionalidade
superveniente (porque a lei “nasceu” perfeita, sem vício formal e sem vício
material).

22
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

Cuidado, pois as já vi questões tentando confundir o candidato sobre


este ponto e a não recepção. Assim, o que ocorre com a nova constituição
não é uma inconstitucionalidade superveniente, mas sim REVOGAÇÃO,
ou seja, não recepção. Todavia, cuidado com as exceções...

Exceções:
Mutação constitucional: a redação do dispositivo da Constituição
não é alterada, mas o seu sentido interpretativo muda. A lei, então, que
nasceu constitucional, se torna inconstitucional em razão da mudança no
sentido interpretativo do parâmetro de constitucionalidade. Exemplo: o
conceito de união estável se alargou e hoje abrange a união homoafetiva.

Mudança no substrato fático da norma: não há alteração no


parâmetro da Constituição, mas nos novos aspectos de fato que surgem e que
não eram claros no momento da primeira interpretação. Exemplo: STF
declarou a lei sobre o uso controlado de algumas modalidades de amianto
constitucional, mas, 22 anos depois, foi constatada a natureza cancerígena da
substância. Ou seja: mudança no substrato fático da norma que ensejou a
declaração de inconstitucionalidade superveniente por ofensa ao direito à
saúde.

Meus caros, vamos finalizar este caderno por aqui e no próximo


continuaremos com muitas noções importantes sobre Poder Constituinte
Derivado.

Espero que tenham gostado de caderno e bons estudos!


Divulguem e compartilhem

23
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

Aplicabilidade das normas constitucionais:

Ação direta de inconstitucionalidade: art. 2.º, inciso IV, ‘c’, da Lei n. 12.755, de
22 de março de 2005, do Estado de Pernambuco, que estabelece a vinculação
da Defensoria Pública estadual à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos:
violação do art. 134, § 2.º, da Constituição Federal, com a redação da EC 45/04:
inconstitucionalidade declarada. A EC 45/04 outorgou expressamente
autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas estaduais,
além da iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2.º): donde
ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria
Pública a Secretaria de Estado. A norma de autonomia inscrita no art. 134, §
2.º, da Constituição Federal pela EC 45/04 é de eficácia plena e
aplicabilidade imediata, dado ser a Defensoria Pública um instrumento de
efetivação dos direitos humanos. Defensoria Pública: vinculação à Secretaria de
Justiça, por força da LC est. (PE) 20/98: revogação, dada a incompatibilidade
com o novo texto constitucional. É da jurisprudência do Supremo Tribunal –
malgrado o dissenso do Relator — que a antinomia entre norma ordinária anterior
e a Constituição superveniente se resolve em mera revogação da primeira, a cuja
declaração não se presta a ação direta. O mesmo raciocínio é aplicado quando,
por força de emenda à Constituição, a lei ordinária ou complementar anterior se
torna incompatível com o texto constitucional modificado: precedente (ADI
3.569, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 02.04.2007, DJ de 11.05.2007).

o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de


proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de
ofício. No concernente à adequação do exame à finalidade prevista na
Constituição — assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por
pessoas com conhecimento técnico suficiente, de modo a evitar danos à
coletividade — aduziu-se que a aprovação do candidato seria elemento a

24
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

qualificá-lo para o exercício profissional” (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurélio,
j. 26.10.2011, Plenário, Inf. 646/STF)
• esclarecimento do precedente: garante-se o direito do livre exercício
profissional, mas uma lei, por exemplo, o Estatuto da OAB, pode exigir
que para nos tornarmos advogados sejamos aprovados em um exame
de ordem. Sem essa aprovação, infelizmente, não poderemos exercer a
profissão de advogado, sendo apenas bacharéis em direito. O que a lei
infraconstitucional fez foi reduzir a amplitude do direito
constitucionalmente assegurado.

“nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionados ao


cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a
liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser
exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de
músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação artística
protegida pela garantia da liberdade de expressão” (RE 414.426, Rel. Min. Ellen
Gracie, j. 1.º.08.2011, Plenário, DJE de 10.10.2011)

Para deixar nosso estudo ainda mais tranquilo e visual, vou colacionar
uma mega tabela do livro do professor PEDRO LENZA (leia o capítulo
onde ele traz vários precedentes):

25
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

26
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

27
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

28
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

29
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

30
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.619/00, DO ESTADO DA


BAHIA, QUE CRIOU O MUNICÍPIO DE LUÍS EDUARDO MAGALHÃES.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR À EC 15/96.
AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTO
CONSTITUCIONAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 18, § 4º, DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. OMISSÃO DO PODER LEGISLATIVO. EXISTÊNCIA
DE FATO. SITUAÇÃO CONSOLIDADA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA DA
JURÍDICA. SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO, ESTADO DE EXCEÇÃO. A EXCEÇÃO NÃO
SE SUBTRAI À NORMA, MAS ESTA, SUSPENDENDO-SE, DÁ LUGAR À EXCEÇÃO
--- APENAS ASSIM ELA SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM
RELAÇÃO COM A EXCEÇÃO. 1. O Município foi efetivamente criado e assumiu
existência de fato, há mais de seis anos, como ente federativo. 2. Existência de
fato do Município, decorrente da decisão política que importou na sua instalação
como ente federativo dotado de autonomia. Situação excepcional consolidada,
de caráter institucional, político. Hipótese que consubstancia reconhecimento e
acolhimento da força normativa dos fatos. 3. Esta Corte não pode limitar-se à
prática de mero exercício de subsunção. A situação de exceção, situação
consolidada --- embora ainda não jurídica --- não pode ser desconsiderada. 4.

31
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

A exceção resulta de omissão do Poder Legislativo, visto que o impedimento de


criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, desde a
promulgação da Emenda Constitucional n. 15, em 12 de setembro de 1.996,
deve-se à ausência de lei complementar federal. 5. Omissão do Congresso
Nacional que inviabiliza o que a Constituição autoriza: a criação de Município. A
não edição da lei complementar dentro de um prazo razoável consubstancia
autêntica violação da ordem constitucional. 6. A criação do Município de Luís
Eduardo Magalhães importa, tal como se deu, uma situação excepcional não
prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceção é uma zona de indiferença
entre o caos e o estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai à
norma, mas a norma que, suspendendo-se, dá lugar à exceção --- apenas desse
modo ela se constitui como regra, mantendo-se em relação com a exceção. 8.
Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulando também essas
situações de exceção. Não se afasta do ordenamento, ao fazê-lo, eis que aplica
a norma à exceção desaplicando-a, isto é, retirando-a da exceção. 9. Cumpre
verificar o que menos compromete a força normativa futura da Constituição e
sua função de estabilização. No aparente conflito de inconstitucionalidades
impor-se-ia o reconhecimento da existência válida do Município, a fim de que
se afaste a agressão à federação. 10. O princípio da segurança jurídica prospera
em benefício da preservação do Município. 11. Princípio da continuidade do
Estado. 12. Julgamento no qual foi considerada a decisão desta Corte no MI n.
725, quando determinado que o Congresso Nacional, no prazo de dezoito
meses, ao editar a lei complementar federal referida no § 4º do artigo 18 da
Constituição do Brasil, considere, reconhecendo-a, a existência consolidada do
Município de Luís Eduardo Magalhães. Declaração de inconstitucionalidade da
lei estadual sem pronúncia de sua nulidade 13. Ação direta julgada procedente
para declarar a inconstitucionalidade, mas não pronunciar a nulidade
pelo prazo de 24 meses, da Lei n. 7.619, de 30 de março de 2000, do Estado
da Bahia. (STF - ADI: 2240 BA, Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento:
09/05/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-072 DIVULG 02-08-2007
PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-02283-02 PP-00279).

32
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

ADI Nº 3682

33
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc

ADI Nº 2:

34

Você também pode gostar