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OS 125 ANOS DO RESSURGIMENTO DAS FESTAS NICOLINAS (OU “O SÃO NICOLAU”)

Hoje, dia 15 de Novembro de 2020, assinala-se o aniversário natalício do Engenheiro Hélder Rocha,
figura destacada da sociedade Vimaranense do Século XX. Se fosse vivo, completaria a provecta idade
de 104 anos. É (foi), até à data, o único Nicolino-Mor.

Perde-se nas brumas do tempo a origem das nossas Festas. Sabemos que as mesmas se alimentavam, há
muito, muito tempo, do Dízimo de Urgezes (entregue a 6 de Dezembro, dia de São Nicolau), e que
correram perigo quando os dízimos foram extintos, na década de ‘30 do século XIX.

Trinta e nove dos nossos antepassados, no seguimento de uma derrota em tribunal (contra a Colegiada
da Oliveira, que se demitira de pagar a renda/dízimo), fundaram e aprovaram os estatutos da
Associação Escolástica Vimaranense, a 23 de Novembro de 1837, com o fim de “promover a
continuação, aumento e luzimento dos festejos do dia 6 de Dezembro, e pugnar por todos os foros e
regalias que os Estudantes desta Vila desfrutam, desde tempo imemorial”.

Essa carta fundadora continha, também, o chamado “foro escolástico”, distinguindo entre estudantes e
aqueles que (já) não o seriam.

Durante o que se seguiu do século XIX, as Festas foram sendo realizadas com alguma intermitência,
até que, à entrada para os últimos vinte anos dessa centúria, pareciam realmente extintas (apesar de
algumas tentativas revivalistas sem grande resultado).

Aos Vinte e Um de Novembro de Mil Oitocentos e Noventa e Cinco, no Teatro Dom Afonso Henriques
(que era junto ao actual São Francisco Centro e à Pastelaria Brasília), reuniu a Academia Vimaranense.
Depois de um interregno que se julgava definitivo, as festas dos estudantes a São Nicolau ressurgiriam,
nesse mesmo ano, com grande fulgor. O "São Nicolau", nome pelo qual eram conhecidas as Nicolinas
naquela época, ganharia a 'face' que ainda hoje apresenta, estendendo os números por vários dias.

Vários nomes foram determinantes para esse renovado fulgor: o Padre Gaspar Roriz, José Luís de Pina,
Bráulio Caldas e, sobretudo, Jerónimo Sampaio (entre outros).

Em 1896, começa a funcionar o Liceu (anteriormente Seminário-Liceu) e as Festas acabam por ser
apropriadas pelos seus estudantes. É a partir daqui que se estabelecerá a relação entre estes jovens e
uma figura que ajudarão a santificar: a Senhora Aninhas, Madrinha dos Estudantes.

Já no início do século XX, João de Meira, um antigo aluno do Colégio de São Dâmaso, hoje Pousada
da Costa (e no século XVI Colégio/Universidade), cunhou, no Pregão de 1904 por si escrito, o nome
que hoje lhe chamam: Nicolinas.

Não conheceram menor turbulência durante o século XX do que aquela que haviam experienciado no
século XIX: depararam-se com a implantação da República, à qual sobreviveram,assim como à
extinção do curso complementar dos Liceus, que andou longe de Guimarães durante 30 anos (1928-
1958). Por essa altura, seriam os estudantes a que hoje chamamos do 3º ciclo, entre os quais Hélder
Rocha, pregoeiro em 1935 e 1936, a assegurar a sua realização. Gente muito nova.
As Nicolinas adaptaram-se às mudanças e às convulsões sociais, como por altura do 25 de Abril de
1974 e tudo o que se lhe seguiu. Democratizaram-se, acedendo a elas todas as escolas, formando um
elo entre novos e velhos estudantes de Guimarães.

Devemos a sua existência e a sua prevalência, durante o século XX, a muitas outras figuras, com o já
referido Eng. Hélder Rocha, mas também António Faria Martins, à cabeça.

Chegam, assim, aos nossos dias, em pleno século XXI, mantendo o formato criado por aqueles valentes
de 1895. É a essa gente, e a tanta outra, que devemos a originalidade e a peculiaridade de umas Festas
que souberam atravessar os tempos, não havendo base de comparação entre estas e outras festas
académicas portuguesas.

Para terminar como se começou, resgatamos uma expressão do Eng. Hélder Rocha, o aniversariante do
dia:

"Originais, só as Nicolinas. As outras (Festas estudantis) copiam-se umas às outras."

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