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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANALISTA JUDICIÁRIO (ÁREA ADMINISTRATIVA) – TRT 1ª REGIÃO


PROFESSOR RENATO FENILI

Prezado(a) amigo(a) concursando (a),

Iniciamos aqui nossa jornada rumo a um excelente desempenho nas


questões de Noções de Administração Pública, no concurso para Analista
Juriciário – Área Administrativa do Tribunal Regiona do Trabalho da 1ª
Região. Tenho total certeza de que estas aulas poderão aproximá-lo da tão
desejada aprovação, por dois motivos.
Primeiramente, eu estava no seu lugar há quase cinco anos. Estudava
para o concurso de Analista Legislativo – atribuição material e patrimônio, da
Câmara dos Deputados. Eram mais de 7 mil candidatos para apenas 11
vagas. E foi a primeira vez que tive contato com o material do Ponto dos
Concursos. Não tive tempo, e não vi motivo de estudar por outras fontes as
matérias de AFO, Administração Pública, Administração de Materiais e Direito
Constitucional. Resultado: consegui a aprovação em 6º lugar. Começa daí
minha crença pela seriedade do material que disponibilizamos aqui.
Outro motivo é direto: comprometi-me pessoalmente com a missão de
ajudá-lo.
Meu nome é Renato Ribeiro Fenili, sou natural de São Paulo e tenho 33
anos. Atualmente sou Analista Legislativo – atribuição técnico em material e
patrimônio, na Câmara dos Deputados. Antes disso, fui Oficial da Marinha do
Brasil, servia embarcado em navio, tendo exercido o cargo de Chefe de
Máquinas por cerca de dois anos. Fazia cerca de 120 dias de mar por ano, o
que não me deixava alternativa a não ser estudar sozinho... não era fácil!
Bom, feitas as apresentações, creio que seja hora de começarmos o
estudo. A Gestão Pública, apesar de não ser uma das disciplinas mais
“densas” que encontramos em concursos públicos, tem suas
particularidades, capazes de pegarem os desavisados de “calças curtas”.
Trata-se de uma disciplina que elucida muito do funcionamento
administrativo dos governos federal, estadual e municipal, em especial
abordando técnicas gerenciais exaustivamente empregadas no setor privado,
mas que se devem moldar às normas legais do âmbito público.
Vejamos como será a estrutura do curso:

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AULA CONTEÚDO
1 Convergências e divergências entre a gestão pública e a
gestão privada.

2 Características básicas das organizações formais


modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza,
finalidades e critérios de departamentalização.

3 Processo organizacional: planejamento, direção,


comunicação, controle e avaliação.

4 Gestão de resultados na produção de serviços públicos.


Gestão da Qualidade: excelência nos serviços públicos.
Avaliação da Gestão Pública – Programa Nacional de Gestão
Pública e Desburocratização. Critérios de avaliação da
gestão pública.

5 Gestão estratégica: Negócio, missão, visão de futuro,


valores. Diagnóstico organizacional: análise dos ambientes
interno e externo. Indicadores de desempenho. Tipos de
indicadores. Variáveis componentes dos indicadores;
planejamento estratégico, tático e operacional.

6 Gestão por Processos. Gestão por Projetos. Gestão de


contratos.

7 Comunicação na gestão pública e gestão de redes


organizacionais.

8 Gestão de pessoas do quadro próprio e terceirizadas.


Gestão de desempenho.

9 Revisão em exercícios.

De modo geral, podemos dizer que a programação do edital, no que se


refere à Administração Pública, é vasta e muito voltada às práticas e Às
ferramentas de gestão atualmente levadas a cabo nos diversos públicos.
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A aula de hoje será menos densa do que as demais de nosso curso. Trata-
se de uma aula introdutória, na qual serão expostas e trabalhadas as
principais facetas que aproximam e que distinguem a administração privada
e pública.

Feita esta introdução, vamos ao trabalho!

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I. CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE A


GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA

1. Introdução

Preliminarmente, um aspecto básico que devemos ter em mente é que, ao


falarmos em “gestão pública”, estamos, na realidade, abordando o modo
como os órgãos e entidades públicos são administrados. Trata-se de um
conceito que remete à Administração Pública, em sentido estrito. Difere,
assim, da noção de “gestão privada”, ou seja, da sistemática de
administração de empresas e organizações particulares.
No intuito de prover maior embasamento à discussão acerca das
convergências e divergências entre gestão pública e privada (bem como a
tópicos a serem estudados no decorrer de nosso curso), é pertinente termos
um entendimento mais aprofundado sobre a Administração Pública, bem
como sobre os Princípios Constitucionais que a norteiam.
Mesmo que este conteúdo não seja cobrado explicitamente em nosso
programa no edital, julgo essencial o seu conhecimento para o estudo da
Administração Pública. Ainda, serve como um reforço para o primeiro tópico
dentro de Direito Administrativo, ok?
É o que veremos a seguir.

2. O Conceito de Administração Pública

1. (FGV / BADESC / 2010) Com relação ao funcionamento da


administração pública, analise as afirmativas a seguir.

I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de


órgãos instituídos para a consecução dos objetivos de governo.
II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos
de governo.
III. A administração pública executa, com responsabilidade
constitucional e política, os projetos governamentais.

Assinale:

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a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

De forma geral, ao falarmos de Administração Pública, nos referimos


ao seu sentido estrito, ou seja, aos órgãos públicos responsáveis pela
execução de atividades administrativas em geral, bem como a estas
atividades desenvolvidas. Difere, pois, do sentido amplo, que contempla
também os órgãos governamentais, que traçam os planos e diretrizes de
ação.
Dessa forma, podemos fazer a primeira distinção conceitual dentro da
Administração Pública:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SENTIDO ABRANGÊNCIA
Abrange:
 os órgãos governamentais, que traçam
planos e diretrizes de ação (atos de
AMPLO governo). Trata-se de uma função política.
 órgãos que exercem função meramente
administrativa, bem como as atividades a ela
inerentes.
Restringe-se aos órgãos públicos que exercem
função meramente administrativa, bem como às
atividades por eles desenvolvidas. Não alcança,
ESTRITO
assim, a função política de Governo – é uma
função administrativa, que dá base à
consecução dos objetivos do governo.

IMPORTANTE! Quando não especificado, devemos entender a expressão


“Administração Pública” como empregada em seu sentido estrito (apenas a
função administrativa), ok?

A Administração Pública (agora na sua concepção estrita) pode


apresentar, ainda, dois sentidos complementares. Podemos estar nos

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referindo ao aparelhamento – órgãos, pessoas jurídicas e agentes – que o


Estado dispõe para a consecução da função administrativa (sentido formal,
subjetivo ou orgânico), ou à atividade administrativa em si (sentido material,
objetivo ou funcional). Vejamos o quadro abaixo:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ESTRITA)


SENTIDO SIGNIFICADO
Neste sentido, “Administração Pública” (com letras
maiúsculas) refere-se aos órgãos, pessoas
jurídicas e agentes que estejam exercendo
função administrativa, em qualquer dos Poderes
(Executivo, Legislativo ou Judiciário), em qualquer
das esferas políticas (União, Estados, DF ou
Municípios). Assim, poderemos estar nos referindo
à:
 Administração Pública Direta = conjunto de
FORMAL, SUBJETIVO
órgãos que integram a União, Estados, DF ou
OU ORGÂNICO
os Municípios e que exercem, de forma
centralizada, as atividades administrativas.
 Administração Pública Indireta = conjunto de
órgãos e pessoas jurídicas que se vinculam à
Administração Pública Direta e que exercem,
de forma descentralizada, atividades
administrativas (são as autarquias, empresas
públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas).
Neste sentido, “administração pública” (agora com
letras minúsculas) refere-se à atividade
administrativa em si, executada pelo Estado
através de seus órgãos e entidades, de forma
MATERIAL, centralizada ou descentralizada. Há quatro
OBJETIVO OU atividades que podem ser listadas como próprias
FUNCIONAL da administração pública em sentido material:
 Fomento = incentivo à iniciativa privada de
utilidade pública (concessão de incentivos
fiscais, por exemplo);
 Intervenção = atuação econômica do Estado

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ESTRITA)


SENTIDO SIGNIFICADO
no setor privado, seja diretamente
(empresas públicas ou sociedades de
economia mista, por exemplo) ou por
regulação econômica;
 Polícia Administrativa = deriva do poder de
polícia (um dos poderes do administrador
público) e refere-se às eventuais restrições
ou condicionamentos impostos aos
particulares, em benefício do interesse
público (fiscalizações sanitárias em
estabelecimentos, por exemplo); e
 Serviço Público = é a atividade que a
Administração Pública executa para
satisfazer a necessidade pública geral
(serviços de transporte, de telecomunicações
etc.).

Bom, depois dessa exposição teórica, creio que podemos retomar a


questão proposta. Vejamos os comentários às afirmativas:

I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos


instituídos para a consecução dos objetivos de governo.
Como vimos, o sentido formal, subjetivo ou orgânico da administração
pública é referente aos órgãos, pessoas jurídicas e agentes que estejam
exercendo função administrativa, em qualquer dos Poderes e das esferas
políticas. E lembre-se que a função administrativa só existe para dar base à
consecução dos objetivos governamentais. A afirmativa está correta.

II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos de


governo.
A administração pública não se refere a atos de governo. Esta é uma
função política, não inserida no âmbito da função administrativa inerente à
administração pública. A afirmativa está errada.

III. A administração pública executa, com responsabilidade constitucional e


política, os projetos governamentais.
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A responsabilidade pela execução de projetos governamentais,


derivada de desígnios da Constituição Federal, é tipicamente uma função
política, uma vez mais não relacionada com a função administrativa da
administração pública. Lembre-se:
 Governo: atua com responsabilidade constitucional e política;
 Administração Pública: atua com responsabilidade técnica e legal.
A afirmativa está errada.

A alternativa A, portanto, está correta.

Uma vez esclarecido o conceito de administração pública, podemos


adentrar no estudo dos Princípios que regem seu funcionamento. É o que
veremos na próxima seção.

3. Os Princípios que regem a Administração Pública

Os princípios são as ideias centrais de um sistema, em torno das quais


são estabelecidas regras e demais disposições. Servem como um norte,
provendo as orientações e diretrizes que devem ser observados no
desempenho das atividades nas quais são aplicáveis.
Nesta aula, veremos os princípios que regem a administração pública,
conforme constante da Constituição Federal de 1988 – em especial no
Capítulo VII do Título III.
Vejamos a próxima questão:

2. (FGV / TRE – PA / 2011) De acordo com a Constituição Federal


de 1988, a Administração Pública obedecerá aos seguintes
princípios:

a) legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e


eficiência.
b) legalidade, impessoalidade, moralidade, probidade e
externalidade.
c) legitimidade, impessoalidade, moralidade, probidade e
externalidade.
d) razoabilidade, proporcionalidade, improbidade e personalismo.
e) discricionariedade, ponderação, isenção e separação de
poderes.

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Os princípios que regem o funcionamento da administração pública


podem ser explícitos ou implícitos.
São explícitos os constantes o texto constitucional, em especial do
caput do artigo 37:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência (...)

Neste ponto, mostram-se importantes algumas observações:

 a observância dos princípios constitucionais relativos à administração


pública é obrigatória para todos os Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário);
 os princípios listados no caput do artigo 37 da Constituição Federal de
1988 são aplicáveis à administração pública direta e indireta, e
 os princípios são válidos em todas as esferas de governo: União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.

Os princípios implícitos não se encontram enunciados no texto


constitucional. Iremos falar sobre eles mais adiante, ainda nesta aula.
O enunciado da questão solicita que identifiquemos os princípios
relativos à administração pública “de acordo com a Constituição Federal de
1988”. Estamos falando, portanto, dos princípios explícitos. Como vimos, são
eles:

L I M P E
LEGALIDADE IMPESSOALIDADE MORALIDADE PUBLICIDADE EFICIÊNCIA

Assim, a alternativa A está correta.

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Nas próximas questões, veremos com maiores detalhes cada um dos


princípios acima.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

3. (CESPE / PC – TO / 2008) Em toda atividade desenvolvida


pelos agentes públicos, o princípio da legalidade é o que
precede todos os demais.

Esta questão traz um enunciado capcioso – trata-se de uma


“pegadinha” da banca.
Primeiramente, é essencial entendermos que não há hierarquia
entre os princípios constitucionais relativos à administração pública.
Ou seja, todos os princípios possuem a mesma importância, sendo aplicados
de forma harmônica.
Tendo esse aspecto esclarecido, vejamos com maior profundidade o
Princípio da Legalidade.

O Princípio da Legalidade é enunciado no inciso II do artigo 5º da


CF/88:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão


em virtude de lei;

Este inciso, estando inserido no Capítulo da Constituição Federal que


discorre sobre direitos e deveres individuais e coletivos, tem por objetivo
minimizar o poder arbitrário do Estado. Nesse sentido, em obediência ao
Princípio da Legalidade, o Estado só poderá impor algo ao particular
por força de lei. A implicação disso é que ao particular é permitida a
realização de tudo o que a lei não proíba.
Contudo, ao tratarmos da administração pública, esse princípio
carece de novos contornos. Há maior rigidez em sua aplicação, visto que não
pode haver lugar para a vontade subjetiva (= arbitrária) do administrador
público. Imagine um órgão público que aplique multas sem critérios legais?
Este tipo de arbitrariedade é, mais uma vez, minimizado pelo Princípio da
Legalidade.
Desta maneira, podemos fazer a seguinte síntese do Princípio da
Legalidade:
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Esfera de aplicação Significado
 O Estado só pode impor sua vontade ao
particular por força de lei (e demais espécies
Particular normativas).
 É lícito fazer tudo aquilo que a lei (e as
demais espécies normativas) não proíbe.
Só é permitida à Administração Pública a execução
Administração
do que está expressamente previsto em lei, ou nas
Pública
demais espécies normativas.

Com esse entendimento, fica claro que qualquer atividade


administrativa da esfera pública que não tenha previsão legal é ilícita.
Ao verificarmos a validade de determinado ato efetuado por um
agente público, devemos, de antemão, avaliarmos se o ato deu-se em
atendimento ao princípio da legalidade. Este é o ponto inicial. Somente a
partir daí é que podemos verificar o atendimento aos demais princípios.
Há a possibilidade de um ato legal não atender ao princípio da
eficiência, por exemplo (uma conduta antieconômica para o Estado, por
exemplo). Como também há a possibilidade da ilegalidade ser proveniente
da inobservância de outros princípios (uma conduta antiética, em
desatendimento ao princípio da moralidade, pode implicar um ato de
improbidade administrativa, como veremos na próxima aula). Mas, em um
primeiro plano, haverá um desrespeito à lei.
É nesse sentido que o enunciado da questão emprega o verbo
“precede”. Não se trata de uma hierarquia entre princípios (coisa que não
existe, como vimos), mas sim de uma verificação da validade do ato
protagonizado pela Administração Pública.
O enunciado, portanto, está correto.

4. (FCC / TRT – 23ª região / 2011) No cumprimento estrito do


princípio da legalidade, o agente público só pode agir:

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a) quando não houver custo elevado para a administração pública.


b) se tiver certeza de não ferir interesses privados.
c) de acordo com a consciência do cumprimento do dever.
d) depois de consultados seus superiores hierárquicos.
e) nos termos estabelecidos explicitamente pela lei.

Esta questão tem o intuito de apenas sedimentar o conceito do


Princípio da Legalidade.
Como vimos, de acordo com o referido princípio, o agente público só
pode agir nos termos estabelecidos explicitamente pela lei (e demais
espécies normativas).
A alternativa E, assim, está correta.

5. (FGV / SEAP – AP / 2010) Os atos administrativos possuem


presunção de legitimidade. Esta presunção decorre do princípio
da:

a) impessoabilidade
b) moralidade
c) publicidade
d) legalidade
e) eficiência

Sem querer ingressar muito no Direito Administrativo, é pertinente a


apresentação do conceito de ato administrativo. Para Hely Lopes Meirelles,
ato administrativo é:

“...toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,


agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações ao
administrados ou a si própria”.

Uma síntese do conceito é proposta por Carvalho Filho, para quem


ato administrativo é a exteriorização da vontade da Administração Pública,
com o fim de atender ao interesse público.
Sem a intenção de adentrar com maior profundidade no âmbito do
Direito Administrativo, devemos apenas ter a ciência de que os atos
administrativos possuem três atributos:
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 Imperatividade = capacidade de se imporem aos particulares;


 Autoexecutoriedade = capacidade de execução imediata, sem que se
invoque outros Poderes ou órgãos públicos.
 Presunção de legitimidade (ou de veracidade) = há a pressuposição de
que os atos administrativos são emitidos de acordo com a lei, ou seja,
de que houve a observância do Princípio da Legalidade. Visto que o ato
nasce com esta pressuposição, cabe ao interessado que identificar a
ilegalidade prova-la em juízo.

Desta forma, vemos que a presunção de legitimidade é decorrente


do Princípio da Legalidade. A alternativa D está correta.

6. (CESPE / TJ – RJ / 2008) Em relação ao princípio da legalidade


administrativa, assinale a opção correta.

a) Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a


lei não proíbe, na administração pública só é permitido ao agente
fazer o que a lei autoriza.
b) A legalidade administrativa é princípio constitucional implícito e
decorre da necessidade de observância da moralidade
administrativa nas relações de Estado.
c) O administrador público pode criar seus próprios limites,
mediante norma regulamentar editada no âmbito da competência
do órgão.
d) Na licitação, o leiloeiro deve obedecer ao edital que dita as
normas da concorrência pública, e não à lei.
e) Somente lei pode extinguir cargo público, quando este estiver
vago.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) A alternativa expõe, de forma apropriada, a interpretação do Princípio da


Legalidade para o indivíduo e para a Administração Pública. A afirmativa está
correta.
b) A legalidade é um princípio constitucional explícito, constante do caput do
artigo 37 da CF/88. Ainda, decorre da necessidade de minimizar a
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arbitrariedade do Estado, e não da observância da moralidade


administrativa. A alternativa está errada.
c) Os limites a serem criados por um administrador são extremamente
restritos, conforme veremos mais adiante em nosso curso (no tópico
Discricionariedade). Ainda, estes limites estão, necessariamente, inseridos
em uma previsão legal. A alternativa dá a ideia que uma norma
regulamentar editada no âmbito da competência de um órgão público seria
plenamente capaz de estabelecer regras aos particulares, o que não é
verdade. A alternativa está errada.
d) O edital de uma licitação está, necessariamente, submetido às leis
8.666/93 e, no caso de pregão, também da 10.520/2002. Não é admissível
um edital que contrarie estas normas. A alternativa está errada.
e) A extinção de um cargo público, quando ocupado, é dada por lei (inciso X
do artigo 48 da CF/88). No entanto, quando vago, a extinção é dada por
decreto, de competência privativa do Presidente da República. Eis o
normatizado pelo artigo 84 da CF/88:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

A alternativa está errada.

Resposta: A

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

7. (FGV / TCM – RJ / 2008) A assertiva “que os atos e


provimentos administrativos são imputáveis não ao
funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade
administrativa em nome do qual age o funcionário” encontra
respaldo, essencialmente:

a) no princípio da eficiência.
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b) no principio da moralidade.
c) no princípio da impessoalidade.
d) no princípio da unidade da Administração Pública.
e) no princípio da razoabilidade.

Na sua acepção (= significado) mais comum, o Princípio da


Impessoalidade confunde-se com o Princípio da Finalidade Administrativa,
conforme nos ensina Hely Lopes Meirelles:

“o princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37,


caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao
administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim
legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou
virtualmente, de forma impessoal”.

Dessa forma, o ato administrativo não deve visar a interesses do


agente que o pratica ou de terceiros, mas sim ao cumprimento da “letra da
lei” que, por regra, tem por objetivo a defesa do interesse público. O agente,
assim, é apenas um veículo de manifestação da vontade do Estado.
Há o entendimento da doutrina de que o Princípio da Impessoalidade
decorre do Princípio da Isonomia ou da Igualdade, tendo em vista que não
corromper o ato administrativo pelo atendimento a interesses de particulares
significa oferecer oportunidades iguais àqueles que são alcançados pelo ato.
Nesse sentido, há exemplos explícitos na Constituição, como a exigência de
concurso público para investidura em cargo ou emprego público
(oportunidades iguais aos concorrentes, conforme inciso II do artigo 37), ou
a igualdade de condições aos concorrentes em um processo de licitação
(inciso XXI do artigo 37).
Em uma acepção menos comum, o Princípio da Impessoalidade
refere-se ao conteúdo do §1º do artigo 37 da CF/88:

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos


órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

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Sendo o agente público apenas um veiculador da vontade do Estado,


não cabe a autopromoção por sua atuação nessa condição. Afinal, quem faz
uma obra é o Estado (e não o agente), com dinheiro público. Um típico
exemplo do descumprimento dessa
acepção do Princípio da
Impessoalidade é apresentado no
outdoor ao lado. Não foram os
deputados que duplicaram a
avenida. Foi o Estado.

Retornando à questão proposta, o enunciado solicita a identificação


do princípio da administração pública que impõe que os atos administrativos
são imputáveis (= atribuíveis) a órgãos públicos, e não aos funcionários que
os praticam. Trata-se do Princípio da Impessoalidade ou da Finalidade
Administrativa.
A alternativa C, portanto, está correta.

8. (ESAF / SET – RN / 2005 – adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, pode-se afirmar que:

I. a exigência de concurso público para ingresso nos cargos


públicos reflete uma aplicação constitucional do princípio da
impessoalidade.
II. o princípio da impessoalidade é violado quando se utiliza na
publicidade oficial de obras e de serviços públicos o nome ou a
imagem do governante, de modo a caracterizar promoção
pessoal do mesmo.

a) ambas as assertivas estão corretas.


b) Apenas a assertiva I está correta.
c) Apenas a assertiva II está correta.
d) Nenhuma das assertivas está correta.

Dentre os exemplos explícitos do Princípio da Impessoalidade na


Constituição, temos a exigência de concurso público para investidura em
cargo ou emprego público (oportunidades iguais aos concorrentes, conforme
inciso II do artigo 37), e a igualdade de condições aos concorrentes em um

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processo de licitação (inciso XXI do artigo 37). São condições em que há


impessoalidade no tratamento dos particulares, visando ao interesse público
(e não do particular). Assim, a assertiva I está correta.
A assertiva II, por sua vez, faz uma expressa alusão ao conteúdo do
§1º do artigo 37 da CF/88 (lembre-se do outdoor que vimos anteriormente).
Esta assertiva também está correta.
Resposta: A.

9. (ESAF / CGU / 2004) Entre os princípios básicos da


Administração Pública, conquanto1 todos devam ser
observados em conjunto, o que se aplica, particular e
apropriadamente, à exigência de o administrador, ao realizar
uma obra pública, autorizada por lei, mediante procedimento
licitatório, na modalidade de menor preço global, no exercício
do seu poder discricionário, ao escolher determinados fatores,
dever orientar-se para o de melhor atendimento do interesse
público, seria o da:

a) eficiência
b) impessoalidade
c) legalidade
d) moralidade
e) publicidade

Um administrador, ao elaborar um edital para a contratação de uma


obra pública, deve fazer constar algumas exigências em termos de
qualificação técnica aos licitantes (atestados de capacidade técnica relativos
a obras semelhantes, comprovação da existência de determinados
profissionais em seu quadro de pessoal etc.). Isso comprova que a futura
vencedora seja realmente capaz de realizar a obra desejada pela
administração.
A efetiva enumeração das qualificações técnicas exigidas – um típico
exemplo do exercício da discricionariedade do administrador – deve visar
sempre ao interesse público, não favorecendo particulares, dispensando aos
licitantes um tratamento impessoal. Estamos, assim, falando mais
diretamente do princípio da impessoalidade (apesar de notarmos a presença,
como não poderia deixar de ser, dos princípios da legalidade, eficiência e
moralidade).

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conquanto = embora
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Com esse entendimento, a alternativa B está correta.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

10. (ESAF / SET – RN / 2005 – adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, julgue a afirmativa
abaixo:

A aplicação do princípio da moralidade administrativa demanda


a compreensão do conceito de “moral administrativa”, o qual
comporta juízos de valor bastante elásticos.

Vimos que o administrador público só pode agir de acordo com o


previsto em norma legal, em consonância com o Princípio da Legalidade. No
entanto, isso não é suficiente.
No exercício de sua função pública, o agente deve respeitar os
princípios éticos de razoabilidade e de justiça. Deve-se aliar a observância às
leis a uma atuação ética.
Talvez a melhor síntese do Princípio da Moralidade seja a
apresentada pelo Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética do Servidor
Público Federal), em seu inciso II:

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de


sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o
justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o
inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
Federal.

A moral administrativa é o norte que rege a aplicação do Princípio


da Moralidade. Difere da moral comum, a qual todos os membros de uma
sociedade estão submetidos.
Ok...estamos falando de moral administrativa, de moral
comum...mas, afinal, o que é moral?
Conforme nos ensina Antônio Joaquim Severino:

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Moral = conjunto de prescrições vigentes numa determinada


sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do
agir de todos os membros dessa sociedade.

Assim, a moral refere-se ao somatório de valores numa sociedade. É


uma espécie de banco de dados.
A ética, por sua vez, acessa esse banco de dados sempre que vamos
determinar se a ação humana é “boa” ou “má”. Sempre que falarmos de
ética, sempre estará envolvido um conjunto de valores (moral) e uma ação
do indivíduo.
Agora sim poderemos fazer uma comparação entre os conceitos de
moral administrativa e moral comum:

MORAL ADMINISTRATIVA MORAL COMUM


Toma por base os valores referentes Refere-se ao conjunto de valores
ao desempenho da atividade estatal. inerentes aos membros de certa
coletividade.
É imposta ao agente público para a É imposta ao homem para sua
sua conduta interna, ou seja, perante conduta externa, perante os
a instituição que representa. membros da sociedade.

Apesar da maior delimitação do conceito de moral administrativa


com relação ao conceito de moral comum, não há como negar que comporta
(=abrange) juízos de valor bastante elásticos. A título de exemplo, Maria
Sylvia Zanella di Pietro faz a seguinte lista de tais juízos: honestidade,
retidão, equilíbrio, justiça, respeito à dignidade do ser humano, boa fé,
trabalho e ética das instituições.
Assim, a afirmativa proposta pela questão está correta.

11. (FGV / TJ-PA / 2008 - adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, julgue a afirmativa
abaixo:

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I. A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio


da moralidade administrativa enquadra-se nos denominados "atos
de improbidade". Tal conduta poderá ser sancionada com a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Do mesmo modo que a Constituição Federal de 1988 consagrou o


Princípio da Moralidade como de obrigatória observância pela Administração
Pública, houve a preocupação da Carta Magna em responsabilizar o agente
público que assumir uma postura antiética.
A ofensa ao princípio constitucional da moralidade é um ato de
improbidade administrativa. Veremos esse assunto com maior detalhe em
nossa próxima aula, mas, por ora, vale a menção do que o §4º do artigo 37
da CF/88 estabelece como sanções provenientes de um ato de improbidade:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos


direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível.

A literalidade deste §4º foi o cobrado no enunciado da questão que,


desta maneira, está correto.

12. (CESPE / Correios / 2011) De acordo com o princípio da


moralidade administrativa, o agente público deve atuar
cumprindo estritamente a lei, e o julgamento sobre
oportunidade e conveniência, que não deve ser considerado
pelo agente público, deve ser feito somente quando reclamado
no devido foro.

Devemos ter em mente que, em se tratando de atos administrativos,


há os atos vinculados – aqueles que restringem a liberdade de atuação do
agente público ao estritamente previsto em lei, e os atos discricionários –
que conferem certa margem de liberdade ao administrador, conferida por
previsão legal.
Recorrendo-se ao Direito Administrativo, devemos lembrar que são 5
(cinco) os requisitos ou elementos do ato administrativo:

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1) Competência = poder legal conferido ao agente para a prática do ato;


2) Finalidade = aquilo que se pretende obter com o ato administrativo que,
em última instância, sempre é algo de interesse público;
3) Forma = aquilo que reveste exteriormente o ato administrativo (atos
escritos, ordens verbais etc.);
4) Motivo = é o fato que gera a situação a partir da qual o ato administrativo
se mostra necessário. A divulgação de um edital de concurso, por exemplo,
tem no motivo a escassez de pessoal efetivo de um órgão, talvez por
excesso de aposentadorias;
5) Objeto = é o conteúdo do ato em si. O objeto de uma posse de um cargo
público, por exemplo, é a própria investidura do servidor nesse cargo.
Os três primeiros requisitos (competência, finalidade e forma) são
sempre vinculados, ou seja, não há a mínima liberdade do agente em
ponderar sobre esses requisitos. A finalidade de um ato é e sempre será o
interesse público. É vinculado, ok?
Já os dois últimos requisitos (motivo e objeto) são passíveis de
serem ponderados pelo agente público, quando se trata de atos
discricionários.
Assim, nos atos discricionários, os requisitos motivo e objeto são não
vinculados, podendo o agente decidir sobre as seguintes questões:

 é oportuno considerar determinado fato gerador como um motivo para


certo ato administrativo? (= julgamento da oportunidade do ato,
relacionada ao requisito motivo);
 é conveniente o resultado do ato para a situação concreta?
(=julgamento da conveniência do ato, relacionada ao requisito objeto).

Dessa maneira, cabe ao agente público, nos atos administrativos


discricionários, seguir estritamente o estabelecido pela lei no que diz respeito
aos requisitos competência, finalidade e forma, mas cabe o seu julgamento
sobre o motivo e o objeto, sempre em consonância com a moral
administrativa. A ponderação sobre o motivo e o objeto, nesses casos, é
chamada de mérito administrativo.
A assertiva, portanto, está errada.

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PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

13. (FCC / MPE – SE / 2010) Sobre o princípio da publicidade, é


correto afirmar:

a) A veiculação de notícias de atos da Administração pela


imprensa falada, escrita e televisivada atende ao princípio da
publicidade.
b) Se a lei não exigir a publicação em órgão oficial, a
publicidade terá sido alcançada com a simples afixação do ato
em quadro de editais, colocado em local de fácil acesso do
órgão expedidor.
c) As edições eletrônicas do Diário Oficial da União são
meramente informativas, não produzindo, em nenhuma
hipótese, os mesmos efeitos que as edições impressas.
d) A publicação de atos, contratos e outros instrumentos
jurídicos, inclusive os normativos, pode ser resumida.
e) A publicidade é elemento formativo do administrativo.

O Princípio da Publicidade, a exemplo do Princípio da


Impessoalidade, também possui dupla acepção.
No sentido mais comum, o Princípio da Publicidade refere-se à
necessidade de publicação oficial dos atos administrativos a fim de que
possam produzir efeitos externos. Nesse caso, diz-se que a publicidade dos
atos administrativos é pressuposto de sua eficácia, ou seja, é condição
necessária para que passe a produzir efeitos com relação àqueles a quem se
destina.
Um edital de licitação que não é publicado não produz efeitos
externos. É ineficaz, já que nenhum dos licitantes ficará sabendo da intenção
da Administração Pública em adquirir um bem ou em contratar um serviço.
A publicidade dos atos é feita nos Diários Oficiais (da União, dos
Estados, do DF ou dos Municípios em que haja imprensa oficial) ou, em
alguns casos, a mera afixação do ato em lugar próprio para a divulgação de
atos públicos é suficiente.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo também lembram do sentido
menos comum do Princípio da Publicidade: a exigência da transparência da
atividade administrativa como um todo. Nessa acepção, todos têm direito a

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receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de


interesse coletivo ou geral (inciso XXXIII do artigo 5º da CF/88).
Feita essa introdução teórica, vejamos os comentários às
alternativas:

a) a simples veiculação dos atos administrativos pela imprensa não atende


ao Princípio da Publicidade. Um ato que é divulgado no Jornal Estado de São
Paulo não é uma publicação oficial. O ato tem de ser publicado em algum dos
Diários Oficiais mencionados previamente (ou, com exceções previstas em
lei, afixados em quadros de aviso próprios para a publicação de atos
públicos). A alternativa está errada.
b) O entendimento dessa alternativa está correto. No caso de um convite
(modalidade de licitação), a Lei nº 8.666/93 não exige a publicação do edital
(chamado, neste caso, de carta-convite) em um dos Diários Oficiais. Basta a
afixação do documento em um quadro de aviso próprio da repartição. A
alternativa está correta.
c) As edições eletrônicas dos Diários Oficiais produzem os mesmos efeitos
das edições impressas. A alternativa está errada.
d) A publicidade dos atos normativos não pode ser resumida. A alternativa
está errada.
e) A publicidade não é ato formativo do ato administrativo. O ato pode ser
perfeito (= tendo concluído com êxito todas as etapas de sua formação),
mas, se não publicado, não terá atendido a condição para sua eficácia. A
alternativa está errada.
Resposta: B.

14. (CESPE / TCU / 2007) Em obediência ao princípio da


publicidade, é obrigatória a divulgação oficial dos atos
administrativos, sem qualquer ressalva de hipóteses.

Vejamos o conteúdo do artigo 2º da Lei nº 9.784/99

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.
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Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre


outros, os critérios de:

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses


de sigilo previstas na Constituição;

Dentre as hipóteses de sigilo previstas na CF/88, podemos citar:

 restrição da publicidade de atos processuais em prol da defesa da


intimidade ou do interesse social (inciso XXXIII, art. 5º);
 sigilo da informação, quando for imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado (inciso XIV, art. 5º);

A assertiva está, portanto, errada.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

15. (FCC / TRT 1ª Região / 2011) Analise as seguintes


proposições, extraídas dos ensinamentos dos respectivos
Juristas José dos Santos Carvalho Filho e Celso Antônio
Bandeira de Mello:

I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e


economicidade e, o que é mais importante, a exigência de
reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a
execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e
rendimento funcional.

II. No texto constitucional há algumas referências a aplicações


concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II, ao
exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público
depende de concurso, exatamente para que todos possam
disputar-lhes o acesso em plena igualdade.

As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes


princípios da Administração Pública:

a) moralidade e legalidade.
b) eficiência e impessoalidade.
c) legalidade e publicidade.
d) eficiência e legalidade.
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e) legalidade e moralidade.

O Princípio da Eficiência – último dentre os princípios que regem a


administração pública, conforme caput do artigo 37 da CF/88 – foi
acrescentado à Carta Magna pela Emenda Constitucional nº 19/1998.
Vejamos o conceito do Princípio da Eficiência, nas palavras de
Moraes (2010):

“[...] o princípio da eficiência é aquele que impõe à Administração Pública


direta e indireta e a seus agentes a persecução2 do bem comum, por meio do
exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente,
participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade,
primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor
utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios
e garantir-se uma maior rentabilidade social.”

Note que a busca pela melhor utilização possível dos recursos


públicos, conforme destacado acima, faz com que o Princípio da Eficiência
aproxime-se muito da noção de economicidade, ou seja, da consecução do
melhor custo X benefício no trabalho da Administração Pública, evitando-se o
desperdício do dinheiro público.
A Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, ainda, entende haver
dois aspectos de aplicação do Princípio da Eficiência:

 a forma de atuação do agente público deve resultar no melhor


desempenho possível;
 o modo de organização, de estruturação e de disciplina da
Administração Pública deve ser o mais racional possível.

Pelo exposto, fica claro que a assertiva I é referente ao Princípio da


Eficiência.
Já a assertiva II faz alusão à exigência de concurso para ingresso em
cargo, função ou emprego público. Esta é uma aplicação prática do Princípio
da Impessoalidade, como já vimos nesta aula.
Assim, a alternativa B está correta.

2
persecução = busca, perseguição.
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16. (FCC / TRT 1ª Região / 2011) No tocante à Administração


Pública, o direcionamento da atividade e dos serviços públicos
à efetividade do bem comum, a imparcialidade, a neutralidade,
a participação e aproximação dos serviços públicos da
população, a eficácia, a desburocratização e a busca da
qualidade são características do princípio da:

a) publicidade.
b) legalidade.
c) impessoalidade.
d) moralidade.
e) eficiência.

Esta questão é passível de fazer surgir algumas dúvidas. O motivo


disso é que há características listadas no enunciado que muito se aproximam
do Princípio da Impessoalidade (direcionamento da atividade e dos serviços
públicos ao bem comum, a imparcialidade e a neutralidade).
No entanto, o restante das características (aproximação dos serviços
públicos da população, eficácia, desburocratização e busca da qualidade) não
deixam dúvidas: trata-se do Princípio da Eficiência (falou eficácia +
desburocratização + qualidade, o resultado é a eficiência, ok?).
De qualquer modo, é interessante notarmos que o enunciado parece
ter sido totalmente baseado na definição do Princípio da Eficiência exposto
na resolução da questão anterior, e elaborado por Moraes (2010).
A alternativa E está correta.

17. (FCC / TRE – PE / 2011)

O conceito refere-se ao princípio da:

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a) impessoalidade.
b) eficiência.
c) legalidade.
d) moralidade.
e) publicidade.

O extrato de Hely Lopes Meirelles menciona alguns atributos desejáveis


da atividade administrativa: presteza, perfeição e rendimento funcional. São
atributos geralmente aplicáveis a empreendimentos privados, mas que,
desde a Emenda Constitucional nº 19/1998, passou a fazer parte dos
objetivos da atividade administrativa estatal.
Trata-se, assim, do Princípio da Eficiência. A alternativa E está correta.

Uma vez estudado o conceito de Administração Pública, bem como


estando familiarizado(a) com os Princípios que regem o seu funcionamento,
estamos prontos para salientar os pontos de convergência e divergência
entre a gestão pública e privada.

4. Convergências e divergências entre a Gestão Pública e a


Gestão Privada

4.1. As convergências

Talvez seja mais fácil apontar as distinções entre gestão pública e privada.
Apontar as semelhanças (ou convergências) acaba por exigir um olhar mais
superficial: em geral, quando nos aprofundamos, as diferenças começam a
surgir.
De qualquer modo, podemos apontar duas convergências básicas
entre a gestão pública e a privada, descritas a seguir.

1ª convergência: a busca pela eficiência

Tanto a gestão pública quanto a privada buscam a eficiência em suas


práticas organizacionais. Enquanto a primeira o faz por força de atendimento
a um Princípio Constitucional, a segunda o faz como modo de maximizar a
utilização dos recursos que ela dispõe. De qualquer forma, a eficiência está
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associada à economicidade da atuação da organização, havendo o melhor


custo X benefício com vistas à consecução de seus objetivos.
No Brasil, a convergência entre as práticas administrativas do setor
privado e as do setor público, objetivando a consecução de maior eficiência
pela Administração Pública, deu-se com maior força a partir do final do
século passado. Nesse sentido, é recomendável fazermos um breve
apanhado histórico.
Após uma conturbada transição, marcada pelo movimento das “Diretas
Já”, o Brasil retorna ao regime democrático em 1985. Há, nesse momento,
uma recuperação do poder pelos governadores dos estados, bem como o
surgimento dos prefeitos municipais como atores políticos relevantes.
Esta descentralização de poder foi, na realidade, fruto de uma crise fiscal
e política que assolava o País. Havia a demanda da sociedade civil por maior
autonomia dos estados e municípios, com vistas a melhor gerir os interesses
públicos. No entanto, o cenário econômico não poderia ter se concretizado
mais desfavorável: o fracasso do Plano Cruzado e profunda crise fiscal nos
anos 1988 e 1989 culminou no mergulho do País na hiperinflação do início da
década de 1990.
Em contrapartida, enquanto o País descentralizava-se no plano político, no
plano administrativo havia a centralização, por intermédio da Constituição
Federal de 1988, denotando um significativo retorno aos ideais burocráticos
da primeira metade do século XX. Para Bresser-Pereira (2001), este
retrocesso burocrático resultou da crença equivocada de que a flexibilização
da administração pública trazida pelo Decreto-Lei nº 200/1967 seria o cerne
da crise do Estado. Desta forma, a soma de uma burocracia fortalecida pela
CF/88 com a profunda crise econômica implicou o desprestígio da
administração pública brasileira, até meados da década de 1990.
Após esforços pouco eficazes nos governo Collor (1990-1992) e Itamar
Franco (1992-1994), foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que a
Reforma Administrativa passou a ser tema central no País, no intuito de
implantar um modelo de administração mais ágil e eficiente: o modelo
gerencial.
A fim de dar o devido suporte à citada Reforma, criou-se, em 1995, o
Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), nomeando-se o
ministro Bresser-Pereira a fim de levar a cabo as ações necessárias. Bresser-
Pereira, no mesmo ano, elabora o Plano Diretor de Reforma do Aparelho
do Estado (Pdrae), tomando por base a análise das reformas ocorridas em

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outros países (em especial Inglaterra), bem como o livro Reinventando o


Governo3 (obra de David Osborn e Ted Gaebler).
Contando com o respaldo do então presidente Fernando Henrique, a
proposta acabou por ganhar o apoio de políticos e intelectuais. Foi aprovada
e teve como marco central a Emenda Constitucional nº 19, de 1998.
No modelo de administração pública gerencial, prioriza-se a
eficiência na atuação administrativa (aliás, foi a própria EC nº 19/98 que
inseriu o Princípio da Eficiência como norteador da atividade administrativa,
conforme consta do caput do art. 37 da CF/88). Aspectos como a qualidade
dos serviços ao cidadão, a redução de custos e a descentralização
administrativa passam a tomar forma como objetivos da gestão estatal.
Ainda, muito da linguagem e das ferramentas típicas da administração
privada foram trazidas para o âmbito da administração pública.
O esquema abaixo traz as principais características do modelo de
administração gerencial:

 Orientação para a obtenção de resultados;


 Foco no cidadão, entendido como cliente / usuário último da
administração pública;
 Descentralização administrativa (delegação de autoridade),
priorizando os resultados e o seu controle (efetuado através de
contratos de gestão);
 Descentralização política, transferindo-se recursos e atribuições
para os níveis políticos regionais e locais;
 Fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal,
organizada em carreiras de Estado, passando a formular e a
gerir, juntamente com políticos e demais membros da sociedade,
as políticas públicas;
 Terceirização de atividades auxiliares e de apoio, que passam a
ser licitadas competitivamente no mercado.

3
A obra Reivnetando o Governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público, publicada em
1998, retrata a experiência ocorrida no Estado de Minnesota (EUA), devido a uma gestão inovadora promovida pelo
prefeito e vice-prefeito da cidade de Saint Paul.
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Na aula 04 de nosso curso, voltaremos a este assunto, estudando-o com


maior atenção.

2ª convergência: a prestação de contas aos cidadãos

A obrigação do administrador público em prestar contas ao cidadão é um


aspecto muito em pauta atualmente. Com a recente entrada em vigor da Lei
nº 12.527/11, mais conhecida como Lei de Acesso à Informação, deu-se um
importante passo no sentido da consolidação da transparência da atividade
pública perante a sociedade.
O dever do agente público em prestar contas aos cidadãos é chamado de
accountability, cuja consecução é essencial em regimes democráticos.
Após uma extensa análise dos principais autores que abordam a
accountability (O’Donnel, Schedler, Mainwaring), Mota (2006, p. 58) nos
apresenta duas definições abrangentes deste conceito:
Accountability consiste na relação obrigacional legal que determina que
quem recebeu um encargo público deve prestar esclarecimentos de seus
atos, motivando-os, e se apurada alguma irregularidade, estará sujeito à
sanção.

Accountability é um mecanismo de controle de poder com a natureza


jurídica de uma relação obrigacional objetiva extra-contratual (isto é, legal)
que coage os agentes encarregados da administração dos interesses públicos
a explicar seus atos discricionários, tornando públicas as suas motivações,
quando provocados institucionalmente, sob pena de punição legal.

Mota (2006) chama atenção a dois aspectos essenciais desta última


definição. Primeiramente, o que determina se o sujeito está ou não
submetido à necessidade de prestar contas de seus atos é o fato de
administrar interesses públicos. Outro aspecto diz respeito à sanção: se for
apurado abuso de poder ou desvio de finalidade, haverá aplicação de
penalidade.
Ok...mas e o setor privado? Há o dever de prestação de contas aos
cidadãos?

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Em um primeiro momento, poderíamos responder que não. Afinal, uma


empresa particular, a princípio, prestaria contas apenas a seus stakeholders4
mais importantes, na ótica financeira: seus acionistas e seus clientes diretos.
Contudo, a FCC, em provas recentes, vem demonstrando entendimento
diverso. Segundo a banca, há de se considerar o conceito de
Responsabilidade Social Corporativa (RSC), um enfoque amplo das
organizações, no qual é a elas atribuída a consciência de seu papel de agente
fomentador do desenvolvimento social. Tal conceito é assim definido por
Ashley (2002):

“Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma


organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e
atitudes que a afetem positivamente, [...] agindo proativamente e
coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela. A organização [...] assume obrigações de
caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente
vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o
desenvolvimento sustentável dos povos.”

Assim, em conformidade com o entendimento mais atual da banca,


tanto o setor público quanto o privado são incumbidos da prestação
de contas para com os cidadãos.

4.2. As divergências

Os fatores motivadores da ação desenvolvida pelo setor público, em


última instância, não são os mesmas das inerentes à iniciativa privada.
As empresas privadas visam, em última instância, ao lucro. Para tanto,
elas devem tornar-se competitivas, fidelizando clientes e garantindo sua
parcela do mercado consumidor. Nesse sentido, é imprescindível medidas
como a implementação de programas de qualidade, ações de treinamento e
desenvolvimento, a condução efetiva da gestão de projetos e por processos,
minimizando custos e impactando positivamente seus clientes.

4
Stakeholders são todos aqueles que, direta ou indiretamente, afetam ou são afetados pelas atividades
da organização. Segundo a Associação Brasileira de Relações Públicas, são os “acionistas, clientes,
fornecedores, governos, indústria, comércio, financiadores etc.”, além da própria imprensa.

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No setor público, em especial na Administração Direta, o objetivo (com


raríssimas exceções) é a prestação de serviços à população. No entanto, não
há a preocupação em termos de competitividade, ou de lucro. Caso, por
exemplo, o Tribunal Regional do Trabalho não cumpra suas “metas” para o
exercício, ou apresente uma má gestão, seguramente não irá ser substituído
por outro órgão ou deixará de existir.
O fato é que os esforços de gestão no setor público apresentam algumas
especificidades inerentes à própria atividade pública, ausentes no setor
privado. O Caderno MARE nº 4 (p. 12-13) faz a seguinte lista das diferenças
entre os setores:

DIVERGÊNCIAS GERAIS ENTRE OS SETORES PÚBLICO E PRIVADO

SETOR PÚBLICO SETOR PRIVADO

A finalidade principal do setor


A finalidade principal é o
Finalidade

público está imbuída do ideal


lucro e a sobrevivência em
democrático de prestar serviços à
um ambiente de alta
sociedade, em prol do bem-estar
competitividade.
comum.
Cliente

Há o dever de prover satisfação ao Há interesse em prover


cliente (cidadão) satisfação ao cliente.

O cliente atendido remunera


O pagamento pelo serviço prestado
diretamente a organização,
dá-se por meio de impostos, não
Receita

havendo proporcionalidade
havendo simetria entre o valor
entre o valor despendido e a
despendido e a quantidade e a
quantidade / qualidade do
qualidade do serviço recebido.
serviço recebido.

A meta, em termos de política de A meta, em termos de


Qualidade

qualidade, é a busca da excelência política de qualidade, é a


no atendimento a todos os cidadãos, obtenção, manutenção e
ao menor custo possível. expansão do mercado.

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DIVERGÊNCIAS GERAIS ENTRE OS SETORES PÚBLICO E PRIVADO

SETOR PÚBLICO SETOR PRIVADO


de

Atuação limitada pelo estritamente Atuação não pode contrariar


atuação

disposto em lei (Princípio da o disposto em lei (Princípio


Limites

Legalidade). da Legalidade).

A diferença entre tais características das administrações privada e pública


justifica a seguinte afirmativa (um pouco extremista) de Flauzino et al.
(2005, p. 12-13)

As organizações pertencentes ao setor de serviços públicos não recebem a


pressão direta de sua clientela (que frequentemente é a população em
geral), da mesma forma que as empresas do setor privado. Portanto, sua
percepção de necessidade de qualidade no serviço prestado tende a ser
menor do que no setor privado. O setor público acaba por esbarrar em
lentidão e ineficiência; na maioria dos casos, sem um resultado que promova
a satisfação pessoal da organização e da população-cliente.

Vejamos como as convergências e divergências entre nas gestões pública


e privada são abordadas em concursos:

18. (FCC / Prefeitura de São Paulo / 2012) Embora haja muitas


diferenças entre a gestão pública e a privada, ambas:

a) podem realizar tudo o que não está juridicamente proibido.


b) só podem ser criadas ou alteradas por meio de instrumentos
contratuais ou societários.
c) dependem, para continuar existindo, da eficiência
organizacional avaliadas pelos cidadãos consumidores.
d) baseiam suas decisões em critérios de racionalidade
instrumental.

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e) devem prestar contas ao cidadão, enquanto membro da


sociedade que possui direitos e deveres.

Vejamos a análise das assertivas:

a) Apenas o setor privado pode realizar o que não está juridicamente


proibido. Por força do Princípio da Legalidade, à Administração Pública
só cabe a atuação dentro do estritamente previsto em lei. A assertiva
está errada.
b) Na verdade, não podemos dizer que a gestão pública (ou privada) é
criada. “Gestão”, nesse caso, é uma sistemática própria de
administração. Ainda sim, se considerarmos que a banca está se
referindo a “entidades públicas e privadas”, ainda assim teríamos que
considerar exemplos como órgãos públicos e entidades da
administração indireta (por exemplo, autarquias), que não são criados
mediante contratos. A assertiva está errada.
c) A existência de um órgão público não está condicionada à sua
eficiência. Caso o TRT – RJ seja caracterizado com práticas de gestão
ineficientes (excessivamente burocráticas, por exemplo), isso não será
motivo para a sua extinção. A assertiva está errada.
d) Ao falarmos de racionalidade, na realidade, estamos discutindo os
fatores que motivam o indivíduo / a organização à ação. Assim,
seguindo os ensinamentos de Weber, há dois tipos de racionalidade:
 Racionalidade instrumental = diz respeito ao cálculo da melhor
relação custo-benefício para o atingimento de determinado fim.
As organizações públicas no modelo burocrático, por exemplo,
eram regidas unicamente pela racionalidade instrumental. Para a
racionalidade instrumental, vale a máxima de Maquiavel: “os fins
justificam os meios”;
 Racionalidade substantiva = diz respeito aos valores sociais e
morais / éticos da comunidade, que privilegiam aspectos como
cooperação, compreensão entre as pessoas e preocupação com o
bem estar.
Na realidade contemporânea, há uma intensa discussão em prol da
consideração dos aspectos sociais, morais, e de gestão de pessoas dentro
das organizações, sejam elas públicas e privadas. Assim, as decisões não
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mais são tomadas com base na racionalidade instrumental, mas passa a


haver uma ponderação entre as racionalidades instrumental e substantiva
para a definição da melhor linha de ação. Com esse entendimento, a
assertiva está errada.
e) Como vimos, a necessidade de prestação de contas aos cidadãos é um
ponto de convergência entre a gestão pública e a privada. A assertiva
está correta.
Resposta: E.

19. (ESAF / AFT – MTE / 2006) Na coluna A são indicados dois


tipos de gestão – Pública e Privada. Na coluna B,
características das organizações públicas e privadas e de sua
gestão. Correlacione as colunas e escolha a opção que
apresenta corretamente essa correlação.

a) A1 com B2, B3, B4 e B5.


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b) A2 com B1, B3, B5 e B7.


c) A1 com B3, B4, B6 e B7.
d) A2 com B6, B7 e B8.
e) A1 com B2 e B6 e A2 com B6 e B7.

A correlação entre as características arroladas na coluna “B” e os tipos


de gestão (coluna “A”) pode ser assim disposta:

A1 Organizações Públicas A2 Organizações


(Gestão Pública) Privadas
(Gestão Privada)
B1 – são criadas por
B6 – na maioria das vezes,
Criação vontade individual ou de um
são criadas por lei.
grupo de pessoas.
B3 – estão sujeitas aos
princípios da legalidade, B2 – regem-se pela
Princípios impessoalidade, publicidade competitividade, a conquista
norteadores e eficiência. de mercados e a
(faltou o princípio da responsabilidade social.
moralidade)
B8 – propõem-se a realizar
B4 – existem para prestar
objetivos de natureza
Propósito serviços de interesse para a
particular para benefício dos
coletividade.
próprios instituidores.
B7 – só podem fazer o que
B5 – podem fazer tudo,
Liberdade a legislação e regras
exceto o que a legislação e
de atuação permitem. (Princípio da
as regras coíbem.
Legalidade)

Feita esta correlação, vemos que a alternativa C está correta.


Resposta: C.

20. (ESAF / AFT- MTE / 2006) Indique a opção correta:

a) O gestor público está sujeito à competitividade do mercado,


devendo prestar serviços a um maior número de pessoas.

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b) O gestor público presta serviços à sociedade em prol do bem


comum e o gestor privado está sujeito à venda de produtos e
serviços.
c) O gestor privado deve prestar conta de seus atos à sociedade e
tomar decisões transparentes, atendendo os interesses do
usuário-cidadão.
d) O gestor público visa à sobrevivência e retorno do investimento
e o gestor privado tem o dever de satisfazer os interesses do
mercado.
e) O gestor público foca a excelência dos serviços e o gestor
privado é dependente dos contribuintes.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) O gestor público usualmente não está sujeito à competitividade do


mercado (as exceções seriam empresas públicas e sociedades de
economia mista, voltadas à exploração de atividades no mercado). O
gestor público, em geral, está sujeito tão somente à observância aos
princípios constitucionais que regem a administração pública. A
alternativa está errada.
b) Em atendimento ao Princípio da Finalidade, o gestor público
efetivamente deve prestar serviços à comunidade em prol do bem
comum. Já o gestor público submete-se à sua atuação no mercado,
visando ao lucro, auferido mediante a comercialização de produtos e
serviços. A alternativa está correta.
c) As características listadas nesta alternativa referem-se ao gestor
público, e não ao privado. Está, assim, errada.
d) Não é o gestor público, mas sim o privado que visa à sobrevivência e ao
retorno do investimento feito. A alternativa está errada.
e) Não é o gestor privado, mas sim o público que é dependente dos
contribuintes. O gestor privado obtém seus recursos financeiros do lucro
auferido do mercado, e não do pagamento de impostos dos
contribuintes. A alternativa está errada.
Resposta: B.

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21. (CESPE / TRE – RJ / 2012) A organização pública que pretende


ter uma postura empreendedora deve buscar inovações por
meio de ações similares às organizações privadas, como, por
exemplo, realizar tudo que não for proibido em lei.

Neste ponto da aula, devemos estar familiarizados com as distintas


aplicações do Princípio da Legalidade. No setor público, em obediência a este
Princípio, somente se pode realizar o estritamente previsto em Lei.
Assim, a questão está errada.

22. (FCC / TRT – 6ª Região / 2012) Com relação às convergências


e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada,
considere as afirmativas a seguir.

I. As empresas devem suas receitas aos seus clientes. Os


governos têm os tributos como fonte exclusiva de receita.
II. Os clientes só pagam às empresas se comprarem seus
produtos, mas pagam ao governo mesmo que não estejam
"consumindo" seus serviços.
III. As empresas normalmente operam em um ambiente
competitivo (seus clientes podem trocar de fornecedor se
não estiverem satisfeitos), já os governos sempre operam
por meio de monopólios.
IV. Os cidadãos controlam o governo por meio das eleições, já as
empresas privadas são controladas pelo mercado.
V. A Administração Pública só pode fazer o que estiver
autorizado em lei, enquanto o gestor privado pode fazer tudo
que não estiver proibido.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a) I, III e IV.
b) I e III.
c) II, III, IV e V.
d) II, IV e V.
e) II e V.

Vejamos os comentários às alternativas:

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I. Tributo não é a fonte exclusiva (= única) de receita do Governo.


Como exemplos de outras fontes, podemos citar a receita
patrimonial (aluguéis pelo uso de imóveis cedidos a terceiros),
multas, juros de mora, indenizações, operações de crédito,
alienação (venda) de bens etc. A assertiva está errada.
II. A assertiva retrata apropriadamente a realidade de pagamento dos
clientes / cidadãos aos setores privado e público. Mesmo que um
cidadão tenha plano de saúde particular, seus impostos irão prover
os recursos necessários ao SUS. A afirmativa está correta.
III. Realmente as empresas usualmente operam em um ambiente
competitivo. Com relação aos governos, há situações em que não
operam em monopólios. Veja, por exemplo, a indústria bancária
brasileira. O Banco do Brasil (entidade da Administração Pública
Indireta) compete com uma séria de bancos privados. A assertiva
está errada.
IV. Uma redação mais apropriada da assertiva seria: “O governo é
controlado também por meio das eleições; já as empresas privadas
são controladas também pelo mercado”. O fato é que o governo é
controlado por outros fatores além das eleições (ações populares,
denúncias da mídia, ações de ONGs etc). Já as empresas privadas
podem também ser controladas pelo próprio governo, no caso da
atuação de Agências Reguladoras (ANATEL, ANAC etc.). De qualquer
forma, isso não torna a afirmativa errada. Ela pode estar
incompleta, mas está, no mérito, correta.
V. A assertiva espelha o correto entendimento sobre o Princípio da
Legalidade, já estudado anteriormente. Está, assim, correta.

Resposta: D.

23. (FCC / TRT – 11ª Região / 2012) Um dos fatores que tornam o
setor governamental menos ágil do que o privado é que na
gestão pública:

a) aquilo que não está juridicamente proibido está juridicamente


facultado.
b) todo comportamento moralmente reprovável está proibido.
c) a eficiência econômica é incompatível com o princípio da
equidade.
d) tudo o que não está juridicamente determinado está
juridicamente proibido.
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e) a ênfase na avaliação do desempenho com base nos resultados


prejudica a sua eficácia.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) Esta alternativa espelha a aplicação do Princípio da Legalidade ao setor


privado. Está, assim, errada.
b) Ao admitirmos que a alternativa “b” está correta, estaríamos falando o
absurdo que o setor privado é mais ágil porque é imoral. A alternativa
está errada.
c) Não há sentido nesta alternativa. A eficiência econômica é plenamente
compatível com o princípio da equidade (igualdade). A alternativa está
errada.
d) Agora sim temos uma aplicação adequada do Princípio da Legalidade
ao setor público. Note que a restrição ao estritamente previsto em leis
pode sim ser um obstáculo à agilidade da gestão. As compras públicas,
por exemplo, ao seguirem a regra de licitação (por força da Lei nº
8.666/1993), tornam-se usualmente morosas. A alternativa está
correta.
e) A ênfase na avaliação de desempenho com base nos resultados é fator
que favorece a eficácia da gestão. A alternativa está errada.
Resposta: D.

Ficaremos aqui nesta primeira aula. Na próxima semana estudaremos os


tipos de estrutura organizacional e os critérios de departamentalização.
Espero uma participação ativa no fórum.

Bons estudos!

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QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1. (FGV / BADESC / 2010) Com relação ao funcionamento da


administração pública, analise as afirmativas a seguir.

I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de


órgãos instituídos para a consecução dos objetivos de governo.
II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos
de governo.
III. A administração pública executa, com responsabilidade
constitucional e política, os projetos governamentais.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

2. (FGV / TRE – PA / 2011) De acordo com a Constituição


Federal de 1988, a Administração Pública obedecerá aos
seguintes princípios:

a) legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e


eficiência.
b) legalidade, impessoalidade, moralidade, probidade e
externalidade.
c) legitimidade, impessoalidade, moralidade, probidade e
externalidade.
d) razoabilidade, proporcionalidade, improbidade e personalismo.
e) discricionariedade, ponderação, isenção e separação de
poderes.

3. (CESPE / PC – TO / 2008) Em toda atividade desenvolvida


pelos agentes públicos, o princípio da legalidade é o que
precede todos os demais.

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4. (FCC / TRT – 23ª região / 2011) No cumprimento estrito do


princípio da legalidade, o agente público só pode agir:

a) quando não houver custo elevado para a administração pública.


b) se tiver certeza de não ferir interesses privados.
c) de acordo com a consciência do cumprimento do dever.
d) depois de consultados seus superiores hierárquicos.
e) nos termos estabelecidos explicitamente pela lei.

5. (FGV / SEAP – AP / 2010) Os atos administrativos possuem


presunção de legitimidade. Esta presunção decorre do princípio
da:

a) impessoabilidade
b) moralidade
c) publicidade
d) legalidade
e) eficiência

6. (CESPE / TJ – RJ / 2008) Em relação ao princípio da


legalidade administrativa, assinale a opção correta.

a) Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a


lei não proíbe, na administração pública só é permitido ao agente
fazer o que a lei autoriza.
b) A legalidade administrativa é princípio constitucional implícito e
decorre da necessidade de observância da moralidade
administrativa nas relações de Estado.
c) O administrador público pode criar seus próprios limites,
mediante norma regulamentar editada no âmbito da competência
do órgão.
d) Na licitação, o leiloeiro deve obedecer ao edital que dita as
normas da concorrência pública, e não à lei.
e) Somente lei pode extinguir cargo público, quando este estiver
vago.

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7. (FGV / TCM – RJ / 2008) A assertiva “que os atos e


provimentos administrativos são imputáveis não ao
funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade
administrativa em nome do qual age o funcionário” encontra
respaldo, essencialmente:

a) no princípio da eficiência.
b) no principio da moralidade.
c) no princípio da impessoalidade.
d) no princípio da unidade da Administração Pública.
e) no princípio da razoabilidade.

8. (ESAF / SET – RN / 2005 – adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, pode-se afirmar que:

I. a exigência de concurso público para ingresso nos cargos


públicos reflete uma aplicação constitucional do princípio da
impessoalidade.
II. o princípio da impessoalidade é violado quando se utiliza na
publicidade oficial de obras e de serviços públicos o nome ou a
imagem do governante, de modo a caracterizar promoção
pessoal do mesmo.

a) ambas as assertivas estão corretas.


b) Apenas a assertiva I está correta.
c) Apenas a assertiva II está correta.
d) Nenhuma das assertivas está correta.

9. (ESAF / CGU / 2004) Entre os princípios básicos da


Administração Pública, conquanto5 todos devam ser
observados em conjunto, o que se aplica, particular e
apropriadamente, à exigência de o administrador, ao realizar
uma obra pública, autorizada por lei, mediante procedimento
licitatório, na modalidade de menor preço global, no exercício
do seu poder discricionário, ao escolher determinados fatores,
dever orientar-se para o de melhor atendimento do interesse
público, seria o da:

a) eficiência
5
conquanto = embora
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b) impessoalidade
c) legalidade
d) moralidade
e) publicidade

10. (ESAF / SET – RN / 2005 – adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, julgue a afirmativa
abaixo:

A aplicação do princípio da moralidade administrativa demanda


a compreensão do conceito de “moral administrativa”, o qual
comporta juízos de valor bastante elásticos.

11. (FGV / TJ-PA / 2008 - adaptada) Sobre os princípios


constitucionais da administração pública, julgue a afirmativa
abaixo:

I. A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio


da moralidade administrativa enquadra-se nos denominados "atos
de improbidade". Tal conduta poderá ser sancionada com a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

12. (CESPE / Correios / 2011) De acordo com o princípio da


moralidade administrativa, o agente público deve atuar
cumprindo estritamente a lei, e o julgamento sobre
oportunidade e conveniência, que não deve ser considerado
pelo agente público, deve ser feito somente quando reclamado
no devido foro.

13. (FCC / MPE – SE / 2010) Sobre o princípio da publicidade, é


correto afirmar:

a) A veiculação de notícias de atos da Administração pela


imprensa falada, escrita e televisivada atende ao princípio da
publicidade.
b) Se a lei não exigir a publicação em órgão oficial, a
publicidade terá sido alcançada com a simples afixação do ato
em quadro de editais, colocado em local de fácil acesso do
órgão expedidor.

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c) As edições eletrônicas do Diário Oficial da União são


meramente informativas, não produzindo, em nenhuma
hipótese, os mesmos efeitos que as edições impressas.
d) A publicação de atos, contratos e outros instrumentos
jurídicos, inclusive os normativos, pode ser resumida.
e) A publicidade é elemento formativo do administrativo.

14. (CESPE / TCU / 2007) Em obediência ao princípio da


publicidade, é obrigatória a divulgação oficial dos atos
administrativos, sem qualquer ressalva de hipóteses.

15. (FCC / TRT 1ª Região / 2011) Analise as seguintes


proposições, extraídas dos ensinamentos dos respectivos
Juristas José dos Santos Carvalho Filho e Celso Antônio
Bandeira de Mello:

I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e


economicidade e, o que é mais importante, a exigência de
reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a
execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e
rendimento funcional.

II. No texto constitucional há algumas referências a aplicações


concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II, ao
exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público
depende de concurso, exatamente para que todos possam
disputar-lhes o acesso em plena igualdade.

As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes


princípios da Administração Pública:

a) moralidade e legalidade.
b) eficiência e impessoalidade.
c) legalidade e publicidade.
d) eficiência e legalidade.
e) legalidade e moralidade.

16. (FCC / TRT 1ª Região / 2011) No tocante à Administração


Pública, o direcionamento da atividade e dos serviços públicos
à efetividade do bem comum, a imparcialidade, a neutralidade,
a participação e aproximação dos serviços públicos da

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população, a eficácia, a desburocratização e a busca da


qualidade são características do princípio da:

a) publicidade.
b) legalidade.
c) impessoalidade.
d) moralidade.
e) eficiência.

17. (FCC / TRE – PE / 2011)

O conceito refere-se ao princípio da:

a) impessoalidade.
b) eficiência.
c) legalidade.
d) moralidade.
e) publicidade.

18. (FCC / Prefeitura de São Paulo / 2012) Embora haja muitas


diferenças entre a gestão pública e a privada, ambas:

a) podem realizar tudo o que não está juridicamente proibido.


b) só podem ser criadas ou alteradas por meio de instrumentos
contratuais ou societários.
c) dependem, para continuar existindo, da eficiência
organizacional avaliadas pelos cidadãos consumidores.
d) baseiam suas decisões em critérios de racionalidade
instrumental.
e) devem prestar contas ao cidadão, enquanto membro da
sociedade que possui direitos e deveres.

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19. (ESAF / AFT – MTE / 2006) Na coluna A são indicados dois


tipos de gestão – Pública e Privada. Na coluna B,
características das organizações públicas e privadas e de sua
gestão. Correlacione as colunas e escolha a opção que
apresenta corretamente essa correlação.

a) A1 com B2, B3, B4 e B5.


b) A2 com B1, B3, B5 e B7.
c) A1 com B3, B4, B6 e B7.
d) A2 com B6, B7 e B8.
e) A1 com B2 e B6 e A2 com B6 e B7.

20. (ESAF / AFT- MTE / 2006) Indique a opção correta:

a) O gestor público está sujeito à competitividade do mercado,


devendo prestar serviços a um maior número de pessoas.

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b) O gestor público presta serviços à sociedade em prol do bem


comum e o gestor privado está sujeito à venda de produtos e
serviços.
c) O gestor privado deve prestar conta de seus atos à sociedade e
tomar decisões transparentes, atendendo os interesses do
usuário-cidadão.
d) O gestor público visa à sobrevivência e retorno do investimento
e o gestor privado tem o dever de satisfazer os interesses do
mercado.
e) O gestor público foca a excelência dos serviços e o gestor
privado é dependente dos contribuintes.

21. (CESPE / TRE – RJ / 2012) A organização pública que pretende


ter uma postura empreendedora deve buscar inovações por
meio de ações similares às organizações privadas, como, por
exemplo, realizar tudo que não for proibido em lei.

22. (FCC / TRT – 6ª Região / 2012) Com relação às convergências


e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada,
considere as afirmativas a seguir.

I. As empresas devem suas receitas aos seus clientes. Os


governos têm os tributos como fonte exclusiva de receita.
II. Os clientes só pagam às empresas se comprarem seus
produtos, mas pagam ao governo mesmo que não estejam
"consumindo" seus serviços.
III. As empresas normalmente operam em um ambiente
competitivo (seus clientes podem trocar de fornecedor se
não estiverem satisfeitos), já os governos sempre operam
por meio de monopólios.
IV. Os cidadãos controlam o governo por meio das eleições, já as
empresas privadas são controladas pelo mercado.
V. A Administração Pública só pode fazer o que estiver
autorizado em lei, enquanto o gestor privado pode fazer tudo
que não estiver proibido.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a) I, III e IV.
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b) I e III.
c) II, III, IV e V.
d) II, IV e V.
e) II e V.

23. (FCC / TRT – 11ª Região / 2012) Um dos fatores que tornam o
setor governamental menos ágil do que o privado é que na
gestão pública:

a) aquilo que não está juridicamente proibido está juridicamente


facultado.
b) todo comportamento moralmente reprovável está proibido.
c) a eficiência econômica é incompatível com o princípio da
equidade.
d) tudo o que não está juridicamente determinado está
juridicamente proibido.
e) a ênfase na avaliação do desempenho com base nos resultados
prejudica a sua eficácia.

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GABARITO

1- A 2- A
3- C 4- E
5- D 6- A
7- C 8- A
9- B 10- C
11- C 12- E
13- B 14- E
15- B 16- E
17- E 18- E
19- C 20- B
21- E 22- D
23- D 24-

Sucesso!

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Referências

ASHLEY, P. A. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo:


Saraiva, 2002.

ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito Administrativo, 11ª edição. Rio de


Janeiro: Ed. Impetus, 2006.

BRESSER-PEREIRA, L. C. Do Estado Patrimonial ao Gerencial. In: PINHEIRO;


WILHEIM e SACHS (orgs.) Brasil: um Século de Transformações. São
Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 222-259.

FILHO, J. S. C. Manual de Direito Administrativo, 6ª ed. Rio de Janeiro:


Editora Lúmen Júris, 2000.

MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro, 30ª ed. São Paulo:


Malheiros, 2005.

MORAES, A. Direito Constitucional, 26ª edição. São Paulo: Ed. Atlas,


2010.

PALUDO, A. V., Administração Pública: Teoria e Questões. 2ª Edição. Rio


de Janeiro: Elsevier, 2012.

WEBER, M. Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia


Compreensiva, v. 2. Brasília: Editora UnB, 2004.

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