Você está na página 1de 3

OS MEIOS DE

COMUNICAÇÃO
E A QUESTÃO
IDEOLÓGICA
2

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A QUESTÃO


IDEOLÓGICA
Em meio ao contexto histórico de avanços científicos e do incremento em relação à indústria
com novas tecnologias, fruto do próprio avanço científico, os meios de comunicação passaram a ter
uma participação como protagonista no processo de formulações e reformulações em relação aos
aspectos ligados à cultura. Esse contexto acabou repercutindo não apenas na criação de mercadorias
mais sofisticadas à disposição das sociedades, mas também na elevação dos ganhos capitalistas e na
instituição de meios de comunicação que pudessem alargar o consumo de produtos padronizados
e elaborados em larga escala.
É nesse cenário que podemos pensar o surgimento da mídia como um meio de comunicação
complexo nas sociedades capitalistas e de que maneira tal veículo de comunicação pôde interferir no
universo cultural de uma sociedade de massa, promovendo o que se denominou indústria cultural.

COMUNICAÇÃO NÃO MEDIADA E MEDIADA


Pensar as sociedades é, antes de tudo, colocar em evidência a capacidade humana de interação
e de relacionamento. Tal interação se faz por meio da comunicação, da veiculação e do compartilha-
mento de ideias, de valores, que permitem a organização necessária para que haja minimamente
uma “sociedade humana”.
Nesse sentido, a comunicação tem papel fundamental na vida coletiva, desempenhando a
tarefa de vinculação e de pertencimento a um determinado grupo ou sociedade.
Destarte, é preciso saber que a comunicação tem caráter originalmente direto, em que as
interações são face a face, por meio de uma oralidade em que o “outro” está ao lado ou de frente,
mas próximo em termos físicos. Foi o advento da imprensa, no início dos tempos modernos que
permitiu a constituição de um espaço mais abrangente de comunicação, ao envolver um número
elevado de pessoas, sem o contato face a face. Surgia, assim, uma forma de comunicação mediada,
não direta, entre as pessoas em uma escala até então impensada. A imprensa instituiu uma nova
rede de transmissão de ideias, de valores e de comportamentos.
De certa forma, não apenas conhecimentos eram compartilhados, mas também novas modas,
novos costumes e novos hábitos. No quadro da expansão capitalista da Época Moderna, já se
encontrava a base da padronização a que assistimos nos nossos dias. Contudo, a imprensa, embora
modificasse um padrão de relacionamento e de comunicação humana, não substituiu a relação
face a face. Era uma forma mediada de comunicação que não destruía o modelo tradicional, sendo
vista como um acréscimo.
Só a partir do século XIX, com as inovações trazidas pela ciência instrumentalizada em tecno-
logia de produção, é que se pôde afirmar um sentido diferente da relação humana, pois formas de
comunicação e interações mediadas ganharam cada vez mais o espaço que antes era só das rela-
ções face a face, ou seja, diretas. É nessa movimentação capitalista industrial que se compreende
o surgimento da mídia, e é exatamente no interior da lógica do capital que se deve compreender
a sua utilização essencial, intrínseca.

IMPACTO DA MÍDIA NA SOCIEDADE


Com o desenvolvimento da mídia, as pessoas passaram cada vez mais a buscar informações nos
meios de comunicação do que propriamente nos meios sociais em que viviam, ou seja, as pessoas
OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A QUESTÃO IDEOLÓGICA 3

com quem se interage no cotidiano, no meio físico, perderam a importância primeira no processo
de instituição de valores e comportamentos.
Percebe-se certa ambiguidade no processo tecnológico de comunicação midiática: da mesma
forma que permite ao participante desse meio de comunicação acesso a informações novas, dife-
rentes, tais informações estão marcadas pela modelação que também corresponde à manipulação
e ao controle.

SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
A questão central relativa à mídia é seu poder de criação de consensos sociais. Tais consensos
podem ser o resultante do debate, das articulações abertas e democráticas que postulam, num
determinado momento, uma forma mais adequada de atuação humana, de comportamento, ou,
seguindo outro caminho podem ser o produto de grupos sociais com interesses específicos que
constituem ideologias, cujo princípio fundamental se encontra na manipulação de uma sociedade
massificada e “midiatizada”.
A sociedade da informação não é uma sociedade que, por ter notícias mais abrangentes acerca
do mundo, possui uma visão “científica” ou “neutra” desse mundo. Esta visão “neutra” é ilusão, pois
o que está em jogo é a transformação de uma visão de mundo como se fosse a única “verdadeira”,
legítima. É exatamente nesse ponto que está a ideologia.
Para alguns estudiosos, a mídia verticalizou o acesso da população a um determinado tipo
de cultura (massificação), mas não houve preocupação em aprimorar o senso crítico da população
atingida, sendo possível, por meio desta constatação, compreender como os meios de comunicação
(mídia) se tornam facilmente meios de dominação, de imposição e de hegemonia de um grupo social
sobre outros. No campo da cultura, a mídia assumiu um papel central, preponderante, limitando
o poder de comunicação e a troca da cultura face a face. Até mesmo esta passou a se pautar pelos
elementos culturais construídos de forma midiática.
Independente do sentido dada às informações – por meio de arranjos argumentativos dispostos
na forma de interpretação acerca disso ou daquilo – pode-se afirmar que a sociedade da informa-
ção dei respeito a um estágio tecnológico que permite o acesso rápido, instantâneo, a dados e a
referências de ordem cultural, tornando possível a troca e ampliado as interações sociais.
Os avanços nas tecnologias de comunicação correção corresponderam ao desenvolvimento
do capitalismo e a uma lógica inerente de acumulação de capitais. Por isso, é preciso investigar a
relação entre a mídia e o consumo em massa, atendendo à exigência de mercantilização dos objetos
industriais por meio da padronização de comportamentos, de valores e de crenças.
Os meios de comunicação de massa tornaram-se os mediadores das relações sociais, ocu-
pando um papel de destaque ao estabelecer imagens sedutoras, ao inculcar desejos de consumo,
ao constituir padrões de beleza, tornando-se a base da propaganda necessária à reprodução do
capital. O mercado se constitui de uma relação comunicativa.
Esta atuação midiática tem uma ligação inequívoca com os processos de assimilação cultural,
de massificação de determinados valores, instituindo-se, dessa maneira, uma verdadeira cultura
da mídia.

Você também pode gostar