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RELATÓRIO DE ENSAIO DE

BOMBEAMENTO DO POÇO 03, FONTE


DE CAPTAÇÃO DO SISTEMA DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO
PROJETO ANTAS NORTE

GEÓLOGA: ANTONIA KEITE TELES DE SOUSA


CREA N°: 21745D/PA

CURIONÓPOLIS/PA
SETEMBRO DE 2018
__________________________________________________________________________________________
Construtora Amazonas Ltda. CNPJ: 03729446/0001-40 Insc. Estadual: 15.211.093-3
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
2. CONCEITOS BÁSICOS .................................................................................................... 3
3. DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO ............................................................................... 5
4. EXECUÇÃO DO ENSAIO ................................................................................................. 6
5. PARAMETROS HIDRODINÂMICOS ............................................................................ 11

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1. INTRODUÇÃO

O referido relatório contempla a descrição dos procedimentos executados


para realização de um estudo hidrogeológico, no qual possibilitou adquirir os valores
dos parâmetros hidrogeológicos e a determinação de vazão para instalação do poço
03, fonte de captação do sistema de abastecimento de água do Projeto Antas
Norte, localizado na Zona Rural do Município de Curionópolis/PA, sentido Canaã
dos Carajás/PA.
O ponto de captação possui as seguintes coordenadas geográficas:
06°14’10.5” de latitude sul e 49°45’33.1” de longitude oeste.
Este relatório foi elaborado conforme as NBRs 12212 e 12244 que específica
as normas para projetos e construção de poços tubulares, tendo em vista, o pedido
de autorização de uso dos Recursos Hídricos Subterrâneos junto a Secretaria de
Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA.

2. CONCEITOS BÁSICOS

A potencialidade de um aqüífero, relativo à sua reserva explotável e sua


vazão de segurança, está relacionada aos seus parâmetros hidrogeológicos, onde
os mais importantes são representados pela porosidade total, porosidade efetiva,
espessura saturada, condutividade hidráulica, transmissividade, coeficiente de
armazenamento e capacidade específica. Essas grandezas descrevem as feições
físicas e hidrodinâmicas dos aqüíferos, mas também são muito importantes para a
sua adequada gestão, uma vez que estes são utilizados para as estimativas das
taxas anuais de recarga (reservas renováveis), condições gerais de circulação
subterrânea e vulnerabilidade do sistema à contaminação.
Quando um poço sofre um bombeamento o nível da água dentro dele
rebaixa progressivamente com o tempo. Este efeito é denominado rebaixamento.
Quando a bomba é desligada, ou seja, o bombeamento é encerrado, o nível da água
sobe gradativamente tendendo a voltar ao nível original (nível estático). Esta
elevação do nível denomina-se recuperação.
As variáveis envolvidas no bombeamento de um poço e que devem ser
monitoradas são as seguintes:

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• Vazão de Bombeamento (Q)
• Rebaixamento do Nível da Água dentro do Poço (s)
• Tempo (t)

 A vazão de bombeamento é o volume de água por unidade de tempo


extraído do poço por um equipamento de bombeamento;
 Rebaixamento do nível da água dentro do poço é a distância entre o nível
estático (NE) e o nível dinâmico (ND);
 Nível estático (NE) é a distância da superfície do terreno ao nível da água
dentro do poço antes de iniciar o bombeamento;
 Nível dinâmico (ND) é a distância entre a superfície do terreno e o nível da
água dentro do poço após o início do bombeamento;
 A variável Tempo é o tempo decorrido a partir do início do bombeamento.

A figura 1, a seguir, ilustra claramente estas variáveis.

FIGURA 1 – Variáveis do teste de bombeamento.

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3. DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO

Os testes em rochas cristalinas deverão ser executados através de um


bombeamento contínuo por um período de, no mínimo, 12 horas, independente da
estabilização dos níveis (Feitosa, 1998).
As medidas do nível da água dentro do poço e da vazão de bombeamento
devem obedecer ao seguinte intervalo de tempo:
1a medida – 1 minuto após o início do bombeamento
2a medida – 2 minutos após o início do bombeamento
3a medida – 3 minutos após o início do bombeamento
E assim sucessivamente para a seguinte seqüência de tempo em minutos
(conforme expresso na ficha de bombeamento apresentada na tabela 1 ): 4, 5, 6, 8,
10, 12, 15, 20, 25, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 100, 120, 150, 180, 240, 300, 360, 420,
480, 540, 600, 660, 720 minutos.
Após o término do bombeamento é aconselhável o registro da recuperação
dos níveis por um período de 6 horas, utilizando-se a seguinte seqüência de tempo
em minutos (conforme expresso na ficha de bombeamento apresentada na tabela 1):
1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 15, 20, 25, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 100, 120, 150, 180, 240,
300, 360 minutos.
A vazão inicial do teste deve ser avaliada ao final da perfuração, durante a
etapa de limpeza/desenvolvimento do poço, para não exceder a sua potencialidade
e mascarar os resultados do teste.
Em geral, as vazões de poços cristalinos são baixas, logo pode ser indicado
o método volumétrico como um meio prático e rápido para o registro das vazões. O
método volumétrico consiste apenas em marcar o tempo para encher um recipiente
de volume conhecido (figura 2). Entretanto utilizam-se os seguintes referenciais para
evitar erros de avaliação acima de 5%.
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 Vazões até 3,6 m /h - Volume mínimo do recipiente = 20 L
3
 Vazões entre 3,6 e 36,0 m /h – Volume mínimo do recipiente = 200L

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FIGURA 2 - Dispositivos para medição de vazão.

4. EXECUÇÃO DO ENSAIO

Este ensaio foi realizado em um poço tubular perfurado em rocha cristalina


(Figura 3). O poço bombeado sofreu repouso por um período de 24 h antes de iniciar
o ensaio de bombeamento.
O teste foi executado por uma equipe operacional constituída por duas
pessoas. Uma para executar as medidas de vazão e a outra para realizar o
acompanhamento dos níveis dinâmicos. Neste procedimento foi utilizado uma
bomba submersa com 4” de diâmetro, marca Ebara, modelo 4BPS9i - 14, Trifásica
com 3 CV de potência, um medidor elétrico de nível, um recipiente com capacidade
de armazenamento para 50 litros e um cronômetro digital.
O poço sofreu bombeamento durante um período de 720 minutos e a água
retirada do mesmo durante o bombeamento foi conduzida por uma tubulação a uma
distância de 60 m.

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FIGURA 3 – Perfil de construção e litológico do poço 03, Projeto Antas Norte.

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Os parâmetros hidrodinâmicos foram definidos a partir da equação
característica do poço. Segundo Cooper & Jacob, (1946), o rebaixamento em um
poço bombeado obedece aproximadamente à equação característica abaixo.
s= BQ + CQ2, Onde:
s é o rebaixamento do nível da água medido em metros no momento do
bombeamento;
B é o coeficiente de perda do aqüífero;
C é o coeficiente de perdas do poço;
Q é a vazão, m3/h.
O termo BQ representa o rebaixamento do nível d água devido às perdas do
aqüífero e CQ2 relacionam-se ao rebaixamento devido às percas de carga do poço.
A equação acima pode ser escrita da seguinte maneira: s/Q= B + CQ2
A (Tabela 1) contém um sumário dos dados relativos ao teste de produção
contínua e a figura 4 ilustra graficamente o comportamento do poço com base no
rebaixamento específico, onde os valores de Rebaixamento (s) correspondem a
cada etapa de Vazão (Q) ao final de cada 4 horas de bombeamento, sempre referido
ao nível estático.
TABELA 1 - Sumário das etapas do teste de bombeamento do poço.
ETAPA s (m) Q (m³h) s/Q (m/m³/h) TEMPO (H)
1 17,96 14,27 1,259 4
2 18,65 14,13 1,320 4
3 18,72 14,12 1,326 4

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FIGURA 4 - Rebaixamento Específico s/Q (m/m /h) x Vazão Q (m /h).

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Do gráfico “Rebaixamento específico x Vazão” obtêm-se: B: 1,259 C: (1,32
– 1,259)/14,13 = 0,00431 .
Portanto, a equação característica do poço é: s= 1,259Q+0,00431. Q2
A analise conjunta da Equação e da Curva Caracteristica do Poço, permite
concluir:
A) Com base na vazão empregada, o coeficiente C é muito baixo, ou seja,
as perda de carga do poço são muito pequenas, o que indica exelente capacidade
de produção do poço. O coeficiente B também é baixo, o que denota baixas percas
de carga do aquífero, gerando pouco rebaixamento do nível dinâmico sob as
condições de vazão submetidas.
B) O rebaixamento foi mais acelerado durante as três primeiras horas de
bombeamento, após este período o rebaixamento foi lento, gradual e proporcional a
vazão bombeada. A recuperação do nível estático foi bastante acelerada o que
mostra a elevada capacidade de produção o poço (Tabela 2).

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TABELA 2 - Tabela de ensaio de bombeamento do poço 03.

Poço: 03 Projeto Antas Norte Prof, Perf, (m): 150 m Raio (Pol.): 6"
Local: Área de Implantação do Munic,/UF:
Aquífero: Fraturado
alojamento. Curionópolis/PA.
Mét, De Vazão:
Boca do Poço (m): 1,00 Crivo da Bom,(m): 41
volumétrico
Tem, de bombeam,
NE (m): 2,95 Q Final (m³/h): 14,12
(min): 720
ND (m): 21,22 Rebaixamento total: 18,72
Data de início: 26/08/2018 Data do término: 27/08/2018

Rebaixamento Recuperação
Tempo ND s Q s/Q Tempo ND

(m) (m) (m) (m³h) (m/m3/h) (min) (m)


1 10,37 7,87 16 0,492 1 19,68
5 11,82 9,32 15,32 0,608 5 15,57
10 11,92 9,42 15,31 0,615 10 11,34
15 12 9,5 14,99 0,634 15 9,62
20 12,5 10 14,74 0,679 20 8,42
25 12,57 10,07 14,69 0,685 25 6,35
30 12,59 10,09 14,59 0,692 30 3,2
40 12,85 10,35 14,55 0,711 40
50 13,68 11,18 14,51 0,771 50
60 13,69 11,19 14,49 0,772 60
70 16,17 13,67 14,47 0,945 70
80 18,74 16,24 14,44 1,125 80
100 18,85 16,35 14,42 1,134 100
120 19,14 16,64 14,41 1,155 120
150 19,85 17,35 14,38 1,207 150
180 20,04 17,54 14,32 1,225 180
240 20,46 17,96 14,27 1,259 240
300 20,86 18,36 14,22 1,291 300
360 21,09 18,59 14,2 1,310 360
420 21,1 18,6 14,13 1,316
480 21,15 18,65 14,13 1,320
540 21,18 18,68 14,12 1,323
600 21,2 18,7 14,12 1,324
660 21,21 18,71 14,12 1,325
720 21,22 18,72 14,12 1,326

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5. PARAMETROS HIDRODINÂMICOS

O gráfico Rebaixamento x Vazão (Figura 5) mostra a eficiência do poço


através do valor da Capacidade Específica, que é dada em (m2/min). A Vazão é
inversamente proporcional ao rebaixamento, ou seja, quanto maior o rebaixamento,
menor a vazão. O poço 03 sofreu pouco rebaixamento, a vazão também não sofreu
uma substancial variação, inicialmente foi 16 m³/h e ao final do teste estabilizou-se
em 14,12 m³/h. A capacidade específica resultante foi 1,87x10-3 m²min.

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FIGURA 5 - Gráfico Rebaixamento Específico (m) x Vazão Q (m /h) do poço 03.

O gráfico da (figura 6) mostra a solução de Cooper & Jacob para aqüíferos


livres, que representa o Rebaixamento (s) em (m) x Tempo (t) em (min), onde é
possível observar que o comportamento inicial de produtividade do poço foi
negativo, ao longo do teste sofreu variações positivas e negativas e ao final do
ensaio os pontos plotaram acima do trend ideal de rebaixamento, denotando uma
variação na taxa de fornecimento de água do aqüífero para o poço com baixas
proporções, não causando em hipótese alguma influencias negativas na capacidade
de fornecimento de água do aqüífero.

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FIGURA 6 - Gráfico Tempo X Rebaixamento

O Rebaixamento do poço e o Tempo de bombeamento (Tabela 2), aplicados


ao método de Neuman (Figura 7), possibilitaram calcular os parâmetros de
Transmissividade, Condutividade Hidráulica, Porosidade Específica e
Coeficiente de Armazenamento.

A Transmissividade corresponde à quantidade de água que possa ser


transmitida horizontalmente por toda a espessura saturada do aqüífero. Pode-se
conceituá-la como a taxa de escoamento de água através de uma faixa vertical do
aqüífero com largura unitária submetida a um gradiente hidráulico unitário.
A Condutividade Hidráulica (K) leva em conta as características do meio,
nas rochas cristalinas este parâmetro é definido em virtude da quantidade, trama,
abertura e interconexão das fraturas. Nas rochas sedimentares inclui porosidade,
tamanho, distribuição, forma e arranjo das partículas. Em ambos aqüíferos também
se leva em consideração as características do fluido que está escoando (viscosidade
e massa específica). Em meio isotrópico a condutividade hidráulica pode ser
definida como a velocidade aparente por gradiente hidráulico unitário. Refere-se a
facilidade da formação aqüífera de exercer a função de um condutor hidráulico.
A Porosidade específica pode ser definida como a quantidade de água
fornecida por unidade de volume do material, ou seja, a razão entre o volume de
água efetivamente liberada de uma amostra de rocha porosa ou fraturada saturada e
o volume total.
O Coeficiente de armazenamento é a capacidade de um aqüífero
armazenar e transmitir água. Este parâmetro depende das propriedades da água

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(densidade, viscosidade e compressibilidade) e das propriedade do meio poroso
(porosidade, permeabilidade e compressibilidade). Estas propriedades são
responsáveis por todo comportamento do aqüífero.

Método de Neuman

FIGURA 7 - Gráfico do método de Neuman mostrando os parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero e


do poço.

6. DEFINIÇÃO DE VAZÃO PARA INSTALAÇÃO DO POÇO

Vazão específica é a razão entre vazão de bombeamento (Q) e o


rebaixamento (s) produzido no poço em função do bombeamento, para um
determinado tempo.

Vazão Específica Qesp= Vazão = Q = 14,12 = 0,754


Rebaixamento s 18,72

Rebaixamento disponível é o máximo que se pode rebaixar num poço sem


que o mesmo sofra riscos de colapso, ou seja, o nível dinâmico ultrapasse o crivo da
bomba. Não existe uma fórmula definitiva para o dimensionamento do rebaixamento
disponível, porém pode-se sugerir como referencial as seguintes formulações:

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Rochas Cristalinas

RD = 0,6 (FP – NE) = 0,6 (104 – 2,95) = 60,63


Onde:
RD = Rebaixamento disponível
FP = Profundidade da fenda mais produtora
NE = Profundidade do nível estático

A vazão referencial para a instalação do poço em rochas cristalinas é dada


pela equação:

Vazão para Instalação do Poço = Qesp. x RD = 0,754 x 60,63 = 45,71 m3/h.

Portanto a vazão máxima do poço 03 não pode ultrapassar os (45,71 m3/h),


pois um valor superior a este, poderá causar rebaixamento excessivo do nível
freático, proporcionando um cone de depressão, conseqüentemente o aumento
desproporcional do rebaixamento, comprometendo assim a produtividade do
aqüífero.

Curionópolis/PA, 13 de Setembro de 2018.

Antonia Keite Teles de Sousa


Geóloga
CREA N° 21745 D/PA

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REFERÊNCIAS

COSTA, J. A. da & MORENO, E. F. 1966 - Manual de Métodos Cuantitativos en el


Estudio de Águas Subterráneas - Organización y Realización de Pruebas de
Acuíferos, Métodos e Ejemplos. 2ed., Centro Regional de Ayuda Tecnica/
Agencia para el Desarrollo Internacional (A.I.D.), Mexico.

CUSTÓDIO, E & LLAMAS, M.R. 1983 - Hidrologia Subterrânea. 2ed., Ediciones


Omega S.A,. Barcelona.

DRISCOLL, F. C. 1986 - Groundwater and wells. 2ed., Johnson Division, Minnesota.

FEITOSA, F. A. C. 1996 – Testes de Bombeamento em Poços Tubulares , Fortaleza


Apostila de curso, 156 p. il.

FEITOSA, F. A. C. & MANOEL FILHO, J. (Coords.) 1997 - Hidrogeologia: Conceitos


e Aplicações, Fortaleza: CPRM / LABHID – UFPE, 412 p. il.

IPT - Manual de Métodos para Interpretação de Ensaios de Aqüífero. Relatório


Técnico No 25.699, São Paulo, 1988.

KRUSEMAN, G. P. & DERIDDER, N. A. - Analysis and Evaluation of Pumping Test


Data. 2ed. International Institute for Land Reclamation and Improvement
Wageningen the Netherlands, 1970.

MARTINEZ, M. V. & LOPEZ, A. I. - Poços e Acuíferos: Tecnicas de Evaluacion


Mediante Ensayos de Bombeo. Instituto Geologico y Minero de España,
Madrid, 1984

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