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LIGAÇÃO IÔNICA OU ELETROVALENTE

INTRODUÇÃO
Na natureza, somente poucos elementos, como os da família dos gases nobres (família 18),
aparecem na forma de átomos isolados. O termo nobre tem raízes históricas e era utilizado para
descrever o comportamento de certos metais, como o ouro (Au), a prata (Ag) e a platina (Pt), que
são pouco reativos, ou seja, dificilmente reagem. Assim, esse termo, aplicado a esses gases, indica
que eles têm uma tendência muito grande a ser quimicamente inertes.
Os gases nobres apresentam sua última camada completa: o He com 2 elétrons e os demais com
8 elétrons. Veja a distribuição eletrônica dos gases nobres:

Quando dois átomos se combinam (reagem) entre si, dizemos que entre eles se estabeleceu uma
ligação química. Para que ocorra uma ligação química é necessário que os átomos se aproximem.
Os elétrons mais externos do átomo são os responsáveis pela ocorrência das ligações químicas, o
que irá caracterizar o comportamento de cada elemento químico. As ligações químicas são
decorrentes de dois fatores importantes:
• A força de atração que existe entre cargas elétricas com sinais opostos;
• A tendência que os elétrons apresentam de formar pares.
Assim, para que ocorra uma ligação química, os átomos podem perder ou ganhar elétrons, ou,
ainda, compartilhar seus elétrons. A ocorrência de uma dessas possibilidades depende das
características dos átomos envolvidos.

TEORIA DO OCTETO
Em 1916, os cientistas Gilbert Lewis (1875-1946) e Walther Kossel (1888-1956) associaram
dois fenômenos:
• A tendência de os átomos dos elementos com oito elétrons no nível (camada) de valência (gases
nobres) aparecerem isolados na natureza;
• A tendência de os átomos dos outros elementos fazerem ligações, perdendo, ganhando ou
compartilhando elétrons.
Lewis e Kossel concluíram que os átomos se tornam estáveis quando sua camada de valência
apresenta uma distribuição eletrônica semelhante à dos gases nobres.
A tese proposta ficou conhecida por teoria do octeto pelo fato de a maioria dos gases nobres
apresentarem oito elétrons na camada mais externa. Assim, podemos dizer que, de acordo com a
teoria do octeto, um grande número de átomos adquire estabilidade eletrônica quando apresenta oito
elétrons na sua camada mais externa. Essa teoria é aplicada principalmente para os elementos das
famílias 1, 2 e de 13 a 17.
Exceção:
O hélio (He) apresenta somente dois elétrons na sua única e última camada eletrônica, por isso
espécies químicas com uma única camada eletrônica atingiriam a estabilidade com dois elétrons.
A LIGAÇÃO IÔNICA
A ligação iônica ocorre entre íons, positivos (cátions) e negativos (ânions), e é caracterizada pela
existência de forças de atração entre eles. Ocorre entre elementos que apresentam tendências
opostas, ou seja, é necessário que um dos átomos participantes da ligação tenha a tendência de
perder elétrons, enquanto o outro, a de receber elétrons.
ELETROPOSITIVIDADE:
Os elementos das famílias 1, 2 e 13 (metais) tendem a perder, respectivamente, 1, 2 e 3 elétrons
das suas camadas de valência. Dessa maneira, sua penúltima camada, com 8 elétrons, passa a ser
agora a camada de valência, o que satisfaz a regra do octeto.
Pela distribuição eletrônica de um átomo do elemento potássio ( 19K), podemos notar que ele
apresenta um elétron na sua camada de valência, sendo classificado como um metal. Esse átomo de
metal tende a perder o seu único elétron da camada de valência, originando um íon monovalente
positivo (cátion monovalente) com oito elétrons na sua camada de valência.

De maneira semelhante, átomos de metais com 2 e 3 elétrons na camada de valência também vão
originar, respectivamente, íons bivalentes positivos e íons trivalentes positivos.

ELETRONEGATIVIDADE
Os elementos das famílias 15, 16 e 17 (ametais) tendem a receber, respectivamente, 3, 2 e 1
elétrons, para ficarem com 8 elétrons na sua camada de valência, satisfazendo assim a regra do
octeto. Vejamos alguns exemplos.
Pela distribuição eletrônica de um átomo do elemento nitrogênio ( 7N), podemos notar que ele
apresenta 5 elétrons na camada de valência, sendo classificado como um ametal. Esse átomo de
ametal tende a receber 3 elétrons, originando um íon trivalente negativo (ânion trivalente) com 8
elétrons na camada de valência.

De maneira semelhante, átomos de ametais com 6 e 7 elétrons na camada de valência também


irão originar, respectivamente, íons bivalentes negativos e íons monovalentes negativos:
REPRESENTAÇÃO
A ligação iônica entre os átomos A e B, genéricos, pode ser assim representada:

EXEMPLO REPRESENTATIVO

DETERMINAÇÃO DAS FÓRMULAS IÔNICAS


A fórmula correta de um composto iônico deve apresentar o menor número possível de cátions e
ânions, de maneira que forme um conjunto eletricamente neutro. Para que isso ocorra, o número
total de elétrons perdidos deve ser igual ao número de elétrons recebidos.
Vejamos como determinar a fórmula do composto resultante da combinação de átomos de cálcio
(20Ca) e átomos de flúor (9F).
Para adquirir configurações eletrônicas semelhantes às dos gases nobres, cada átomo de cálcio
perde 2 elétrons e cada átomo de flúor recebe 1 elétron. Como o número de elétrons perdidos deve
ser igual ao número de elétrons recebidos, são necessários 2 átomos de flúor para receber os 2
elétrons perdidos por um átomo de cálcio.

CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS IÔNICOS


Os íons se unem devido às forças de atração eletrostática. Na prática, essa interação ocorre por
todo o espaço, onde cargas elétricas de sinais opostos se atraem. Em nível microscópico, a atração
entre os íons acaba produzindo aglomerados com formas geométricas bem definidas denominados
retículos cristalinos.
No retículo cristalino,
cada cátion atrai
simultaneamente vários
ânions, e cada ânion
atrai simultaneamente
vários cátions.
A existência do retículo iônico determina as principais características dos compostos:
• Como apresentam forma definida, são sólidos nas condições ambientes (temperatura de 25 ºC e
pressão de 1 atm);
• Os compostos iônicos apresentam elevadas temperaturas de fusão e de ebulição;

• Submetidos a impacto, quebram facilmente, produzindo faces planas; são, portanto, duros e
quebradiços;
• Conduzem corrente elétrica quando dissolvidos em água ou quando puros no estado líquido
(fundidos) devido à existência de íons com liberdade de movimento, que podem ser atraídos
pelos eletrodos, fechando o circuito elétrico;
• Seu melhor solvente é a água.

EXERCÍCIOS

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