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DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO TGI

TRATADO DE FISIOLOGIA MÉDICA - GUYTON

Carboidratos, proteínas e lipídios – não podem ser absorvidos pelo organismo da maneira como são ingeridos. São
metabolizados e reduzidos a unidades cada vez menores visando a absorção. O mecanismo básico da digestão desses
nutrientes é a hidrólise.
Hidrólise de Carboidratos:
• Os carboidratos da dieta são grandes polissacarídeos ou dissacarídeos, que são combinações de monossacarídeos,
ligados uns aos outros por condensação. Isso significa que um H+ foi removido de um dos monossacarídeos e um
íon hidroxila foi removido de outro. Os dois monossacarídeos se combinam, então, nos locais de remoção, e os dois
íons se juntam e formam água.
• Quando são digeridos o processo é invertido e os carboidratos são convertidos em monossacarídeos. Enzimas
específicas, nos sucos digestivos do TGI, catalisam a reintrodução dos íons hidrogênio e hidroxila, obtidos na água,
nos polissacarídeos e, assim, separam os monossacarídeos. Esse processo é denominado hidrólise (quebra da
molécula na presença se água).
Digestão Boca e Estômago:
• Quando o alimento é mastigado, ele se mistura com a saliva que contém ptialina, secretada em maior parte pelas
glândulas parótidas. Essa enzima hidrolisa o amido no dissacarídeo maltose e em outros pequenos polímeros de
glicose.
• Não mais do que 5% dos amidos terão sido hidrolisados, até a deglutição do alimento.
• A digestão do amido continua no corpo e fundo estômago por até uma hora, antes do alimento ser misturado às
secreções gástricas.
• A atividade da amilase salivar é bloqueada pelo ácido das secreções gástricas. Contudo, cerca de 30% a 40% dos
amidos terão sido hidrolisados para formar maltose até o alimento e a saliva estarem completamente misturados
com as secreções gástricas.
Digestão no Intestino Delgado:
• Tem a presença de uma amilase mais potente, a amilase pancreática = convertidos em maltose e polímeros de
glicose.
• Os enterócitos das vilosidades do intestino delgado contêm quatro enzimas (lactase, sacarase, maltase, alfa-
dextrinase) que são capazes de clivar os dissacarídeos nos seus respectivos monossacarídeos.
• Lactose = lactose + glicose
Galactose = frutose + glicose
Maltose = glicose + glicose
▪ Os produtos sempre são monossacarídeos hidrossolúveis absorvidos imediatamente para o sangue porta.

Hidrólise de Gorduras:
• Quase todas as gorduras consistem em triglicerídeos (gorduras neutras), formados por três moléculas de ácidos
graxos condensadas com uma só molécula de glicerol. Durante a condensação, três moléculas de água são
removidas.
• Hidrólise: A digestão consiste no processo inverso: as enzimas digestivas de gorduras reinserem três moléculas de
água na molécula de triglicerídeo e, assim, separam as moléculas de ácido graxo do glicerol.
Digestão das Gorduras:
• No estômago: lipase lingual

Hidrólise de Proteínas:
• As proteínas são aminoácidos unidos por ligações peptídicas. Em cada ligação, íon hidroxila foi removido de um
aminoácido e íon hidrogênio de outro. Assim, os aminoácidos se ligam sucessivamente entre si por condensação.
• Na digestão, ocorre o inverso: a hidrólise.
• Todas as enzimas digestivas são proteínas.
Digestão das Proteínas no Estômago:
• Pepsina, a importante enzima péptica do estômago. É ativa em pH ácido. Apenas inicia o processo de digestão das
proteínas (10% a 20%), convertendo-as em proteoses, peptonas e outros polipeptídios.
• Um dos aspectos importantes da digestão pela pepsina é a sua capacidade de digerir colágeno e proteínas do tipo
albuminoide.
Digestão das Proteínas do Intestino Delgado:
• Imediatamente, ao entrar o intestino delgado, os produtos da degradação parcial das proteínas são atacados pelas
principais enzimas proteolíticas pancreáticas: tripsina, quimiotripsina carboxipolipeptidase e proelastase.
• Tanto a tripsina quanto a quimiotripsina clivam moléculas de proteína em pequenos polipeptídeos.
• A carboxipolipeptidase então libera aminoácidos individuais dos terminais carboxila dos polipeptídeos.
• A proelastase é convertida em elastase e, assim, digere moléculas de elastina (carnes)
• Apenas pequena quantidade das proteínas é digerida completamente, até seus aminoácidos constituintes pelos sucos
pancreáticos. A maioria digerida até de dipeptídeos e tripeptídeos.
• As peptidases produzidas pelos enterócitos das vilosidades do intestino delgado continuam a hidrólise dos maiores
polipeptídeos remanescentes em tripeptídeos e dipeptídeos. Aminoácidos, dipeptídeos e tripeptideos são facilmente
transportados através da membrana microvilar para o interior do enterócito. Dentro do enterócito, existem peptidases
específicas para os tipos de aminoácido ainda não hidrolisados.

Absorção:
• O estômago é área de pouca absorção já que não tem vilosidades típicas da membrana absortiva, e também porque
as junções estreitas entre as células epiteliais têm baixa permeabilidade. Apenas algumas poucas substâncias muito
lipossolúveis, tais como o álcool e aspirina, são absorvidos em pequenas quantidades.
• A presença dessas vilosidades na superfície mucosa do intestino, aumenta a área absortiva total por mais de 10
vezes. Cada célula epitelial intestinal é caracterizada por borda em escova com microvilosidades que se projetam
para o lúmen intestinal, isso aumenta a área superficial exposta aos materiais intestinais.
No Intestino Delgado:
• Absorção de água no intestino delgado consiste em centenas de carboidratos, proteínas e lipídios, além de íons e
água, porém o intestino grosso pode absorver ainda mais água e íons e quase nada de nutrientes.
• A água é transportada através da membrana intestinal inteiramente por osmose.
• O sódio é transportado ativamente através da membrana intestinal. Cerca de 30 g de sódio são secretados nas
secreções intestinais a cada dia. Além disso a pessoa ingere em média de 5 a 8 g de sódio por dia, portanto, para
prevenir a perda de sódio os intestinos precisam absorver de 25 a 35 g de sódio por dia.
• A força motriz da absorção de sódio é dada pelo transporte ativo do íon das células epiteliais através das membranas
basolaterais para os espaços paracelulares. Requer energia. Parte do sódio é absorvido em conjunto com íons cloreto,
na verdade os íons cloreto com carga negativa se movem pela diferença de potencial transepitelial, gerada pelo
transporte dos íons sódio.
• A aldosterona intensifica muito absorção de sódio quando a pessoa se desidrata. Grandes quantidades de aldosterona
são secretados pelos córtices das glândulas adrenais. Essa aldosterona provoca ativação dos mecanismos de absorção
do sódio pelo epitélio intestinal. A maior absorção de sódio aumenta a absorção dos íons cloreto e de água. Esse
efeito da aldosterona é especialmente importante no cólon, já que na vigência dele não ocorre, praticamente, perda
de cloreto de sódio nas fezes e também pouca perda hídrica. Assim a função da aldosterona no trato intestinal é a
mesma que elas descem nos túbulos renais: também serve para conservação de cloreto de sódio e água no corpo nos
casos de desidratação.
• Na parte superior do intestino delgado, a absorção de íons cloreto é rápida e se dá principalmente por difusão. Então,
os íons cloretos se movem por esse gradiente elétrico para seguir o sódio. O cloreto também é absorvido pela
membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso por trocador de cloreto-bicarbonato da
membrana da borda em escova.
• Absorção Ativa de Bicarbonato – grande quantidade de íons bicarbonato precisa ser absorvida no intestino delgado
superior, já que grande quantidade de íons bicarbonato foi secretada para o duodeno na secreção pancreática e biliar.
O bicarbonato é absorvido de modo indireto quando: íons sódio são absorvidos, quantidade moderada de íons
hidrogênio é secretada no lúmen intestinal em troca de parte do sódio. Esses íons hidrogênio, por sua vez, se
combinam com íons bicarbonato formando ácido carbônico que se dissocia formando água e dióxido de carbono. A
água permanece como parte do quimo nos intestinos, mas o dióxido de carbono é e absorvido para o sangue e
expirado pelos pulmões.
• Secreção de íons bicarbonato no íleo e no intestino grosso e absorção simultânea de íons cloreto.
Absorção de Nutrientes (Intestino Delgado):
• Quase todos os carboidratos são absorvidos sobre a forma de monossacarídeos. Praticamente todos os
monossacarídeos são absorvidos por processo de transporte ativo. A glicose é transportada por meio de cotransporte
com o sódio, na ausência do transporte de sódio através da membrana intestinal quase nenhuma glicose é absorvida.
A razão é que a baixa concentração intracelular de sódio literalmente arrasta o sódio para o interior da célula levando
com ele a glicose.
• As proteínas são absorvidas sob a forma de dipeptídeos, tripeptideos e alguns aminoácidos livres. A energia para
esse transporte é suprida por mecanismo de cotransporte com o sódio. A energia do gradiente de sódio é, em parte,
transferida para o gradiente de concentração do aminoácido peptídeo, que se estabelece pelo transportador. Isso é
chamado de cotransporte ou transporte ativo secundário. Alguns aminoácidos são transportados por proteínas
transportadoras da membrana especiais do mesmo modo que a frutose é transportada por difusão facilitada.
• As gorduras são digeridas formando monoglicerídeos e ácidos graxos livres. Esses produtos finais da digestão são
imediatamente incorporados na parte lipídica contra as micelas de sais biliares que são solúveis no quimo. As
micelas penetram os espaços entre os vilos em constante movimento. Os monoglicerídeos e os ácidos graxos se
difundem das micelas para as membranas das células epiteliais o que é possível porque os lipídios também são
solúveis na membrana da célula epitelial. Depois de entrar na célula os ácidos graxos e os monoglicerídeos são
captadas pelo retículo endoplasmático liso da célula e são usados para formar novos triglicerídeos e serão sobre a
forma de quilomícrons transferidos para os lactíferos das vilosidades. Pelo ducto linfático torácico os quilomícrons
são transferidos para o sangue circulante.
• Pequenas quantidades de ácidos graxos de cadeia curta e média são absorvidos diretamente pelo sangue porta em
vez de serem convertidos em triglicerídeos e transferidos para a linfa: a causa é que eles são mais hidrossolúveis.
Absorção no Intestino Grosso:
• Grande parte da água e dos eletrólitos são absorvidos no intestino grosso.
• Grande parte da absorção o intestino grosso se dá na metade proximal do colo o que confere a essa porção o nome
de color absortivo. Enquanto o colo distal funciona armazenamento das fezes até o momento da sua excreção por
isso é chamado de colo de armazenamento.
• A mucosa do intestino grosso tem alta capacidade de absorver, ativamente, sódio e a diferença de potencial elétrico
gerada pela absorção do sódio promove a absorção de cloreto.
• Os complexos juncionais entre as células epiteliais do intestino grosso são muito menos permeáveis que os do
intestino delgado, isso evita a retrodifusão significativa de íons através dessas funções permitindo assim que a
mucosa do intestino grosso absorva íons sódio contra gradiente de concentração bem maior.
• A presença da aldosterona intensifica a capacidade de transporte de sódio.
• Além disso, assim como ocorre na porção distal do intestino delgado, a mucosa do intestino grosso secreta íons
bicarbonato enquanto absorve simultaneamente igual ao número de íons cloreto em processo de transporte por troca.
O bicarbonato ajuda a neutralizar os produtos finais ácidos da ação bacteriana no intestino grosso. A absorção de
sódio e cloreto cria um gradiente osmótico que leva a absorção de água.
• Substâncias formadas como resultado da atividade bacteriana são: vitamina K, B12, tiamina, riboflavina e diversos
gases que contribuem para flatulência. A vitamina K, formada pela atividade bacteriana é especialmente importante,
por que a quantidade dessa vitamina nos alimentos ingeridos é insuficiente para manter a coagulação sanguínea
adequada.

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