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DESCOMPLICANDO AUDITORIA FINANCEIRA 12/01/2020

ÍNDICE
1.1. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AUDITORIA NO CONTEXTO
INTERNACIONAL .............................................................................................................. 3
1.2. A NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA CREDÍVEL ........................ 5
1.3. TEORIA DA AGÊNCIA ............................................................................................ 6
1.4. CARACTERISTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA ÚTIL 7
1.5. AS ASSERÇÕES SUBJACENTES ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ....... 10
1.6. ESTRUTURA CONCEPTUAL DOS TRABALHOS DE ASSEGURAÇÃO ............ 12
1.7. OBJECTO E OBJECTIVO DA AUDITORIA FINANCEIRA .................................. 14
1.8. NORMAS DE AUDITORIA .................................................................................... 15
1.9. OUTROS TIPOS DE AUDITORIA ......................................................................... 16
2. FORMAS DE EXERCER A PROFISSÃO................................................................... 19
2.1. PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS SUBJACENTES À PROFISSÃO ........................ 20
ALGUNS EXERCÍCIOS PROPOSTOS AVALIADOS ...................................................... 21
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 24

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AO ESTUDANTE/ LEITOR

O presente material visa tão somente pôr a disposição dos estudantes das ciências
económicas, inscritos para o preparatório realizado pelo PROJECTO EXPLICAÇÃO SEM
LIMITES ( PESL), mais um subsídio, um instrumento que em primeira instância sirva de apoio
para que no acto de acompanhamento das aulas no preparatório, o estudante consiga estar
presente e situar seu conhecimento , de ser capaz de indagar para melhor compreensão, e que
em última instância após o término do preparatório poderá servir ainda ao estudante para
efeitos de consulta e para revisão de alguns conceitos.
Descomplicando, tal como o nome sugere, é mais uma obra dentre os outros todos
“Descomplicando” que foram achados convenientes elaborar pelos membros do PESL, que
visa proporcionar aos estudantes um fascículo um tanto quanto sintético , elaborado em função
do programa da cadeira em causa, mas, evocando sim, aqueles aspectos fundamentais para o
estudante com vista a fazer a conciliação com as aulas ao longo do preparatório. Deste modo,
tudo quanto não ficar claro ao longo da leitura do presente material, será colmatado no decurso
das aulas no preparatório, e será extensivo também para a resolução de alguns problemas aqui
proposto, com isso concluo por reiterar as minhas saudações ao estudante e votos de boa
leitura.

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1.1.A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AUDITORIA NO CONTEXTO


INTERNACIONAL
Segundo vários autores há conhecimento que por volta do ano 4000 antes de Cristo se
efectuavam auditorias na Babilónia, na China e no Egipto sobretuto relacionadas com a
cobrança de impostos e com o controlo dos armazéns dos faraós.

Mais tarde (1800 AC a 95 DC) existem referências bíblicas a controlos internos e à


realização de auditorias de surpresa. Também durante o império romano era normal os
imperadores encarregarem funcionários de inspeccionarem as contabilidades de diversas
províncias. Contudo, a Auditoria como modernamente é entendida, teve o seu início na Grã-
Bretanha em meados do século XIX (como consequência da revolução industrial operada anos
antes) onde aliás foram publicadas as primeiras normas de relato financeiro e de auditoria. Em
1854 foi criada The Society of Accountants in Endinburgh, que em 1951 deu origem ao actual
The Institute of Chartered Accountants of Scotland, primeiro organismo profissional de
contabilistas e auditores a nível mundial. Também na Grã-Bretanha, e desde o final do século
XVII, se reconhecia o contabilista profissional como indivíduo habilitado a tratar dos casos de
insolvências, falências,

De notar que já em 1547 tinha sido publicado em língua inglesa (depois de ter sido
escrito sucessivamente em italiano, holandês e francês) um livro de autor anónimo que versava
a escrituração comercial e que se dirigia, entre outros, aos auditores. A partir do final do século
XIX os auditores deixaram progressivamente de efectuar aqueles trabalhos, começando a
praticar a contabilidade e a auditoria como hoje são entendidas. Isto surgiu devido sobretudo,
ao grande incremento das empresas industriais e comerciais, as quais começaram a sentir a
necessidade de implementar bons procedimentos contabilísticos e eficientes medidas de
controlo interno. Por outro lado, o facto de a maior parte de tais empresas serem sociedades de
responsabilidade limitada implicou que as demonstrações financeiras apresentadas aos
accionistas fossem auditadas, o que para este tipo de sociedades se tornou obrigatório, na Grã-
Bretanha, a partir de 1900.

Devido à colonização inglesa nos Estados Unidos da América e no Canadá e ao grande


desenvolvimento industrial ocorrido nestes países, a auditoria acompanhou muito de perto esse
incremento, tendo alcançado não só uma enorme difusão como também um aperfeiçoamento
técnico bastante elevado.

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Assim, em 1887 foi criado o American institute of Acciuntants, o qual em 1917,


publicou os primeiros documentos técnicos sobre auditoria. Por seu lado, o sucessor deste
organismo, o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) publicou, em 1948,
as primeiras normas de auditoria geralmente aceites. As actuais normas de auditoria do AICPA
são aplicáveis às auditorias das empresas não cotadas (private companies).

Na sequência dos grandes escândalos contabilísticos e financeiros ocorridos no século


XX foi publicada, nos Estados Unidos da América, em 2002, a Lei Sarbanes-Oxley (SOA) que
se destina a proteger os investidores melhorando a precisão e a fiabilidade das demonstrações
financeiras das empresas emitentes de valores mobiliários e, através do Public Company
Accountting Oversight Board (PCAOB), a monitorizar os auditores de tais empresas. Esta
entidade passou a emitir normas de auditoria aplicáveis exclusivamente às auditorias das
empresas cotadas (Public Companies).

Com a progressiva deslocalização das grandes empresas multinacionais norte


americanas, sobretudo em direção à América Latina, a auditoria expandiu-se também para esta
região, devido ao facto de os auditores só poderem expressar suas opiniões sobre
demonstrações financeiras consolidadas desde que as demonstrações financeiras das
respectivas empresas subsidiárias auditadas.

Na Europa, exceptuando os casos da Grã-Bretanha e da Holanda, o desenvolvimento


desta atividade não foi tão pronunciado, se bem que os países do centro e do Norte estejam
nitidamente mais avançados que os países latinos, onde, tal como no caso da América do Sul,
a auditoria “entrou a reboque” das multinacionais.

Nos outros continentes verifica-se que a auditoria também se instalou nos países que
têm sofrido influências económicas dos grandes países industrializados. Foi o que sucedeu na
Austrália, Japão, África do Sul, etc..

De referir ainda que nos países socialistas a auditoria não tem perseguido, obviamente,
objectivos idênticos aqueles que são seguidos nos países capitalistas, dando-se mais ênfase à
verificação da eficácia das medidas de controlo interno.

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1.2.A NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA CREDÍVEL


Em termos gerais podemos afirmar que todo e qualquer tipo de informação deve ser
credível de forma a que as pessoas a quem a mesma se destina possam dela retirar conclusões
idóneas.
Se se considera este princípio como objectivo a atingir para a generalidade da
informação ele será, contudo, da maior importância para a informação financeira produzida
pelas empresas uma vez que a mesma irá ser interpretada por uma vasta gama de destinatários.
Hoje em dia considera-se que existem diversas pessoas envolvidas nas demonstrações
financeiras, como sejam: As que a preparam, as que a auditam, as que a analisam e as que a
utilizam.
De todas essas pessoas, são sem dúvida as ultimas, ou seja, os utilizadores, as que
devem ser privilegiadas uma vez que esperam que as demonstrações financeiras, como parte
que são da informação financeira em termos gerais sejam preparadas com o fim de
proporcionar informação que seja útil na tomada de decisões económicas como por exemplo:
a) Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento financeiro (acções,
quotas, obrigações ou títulos de participação)
b) Avaliar a responsabilidade da gestão
c) Avaliar a capacidade da empresa em pagar remunerações e proporcionar outros
benefícios aos seus empregados.
d) Avaliar a segurança das quantias emprestadas à empresa
e) Determinar as politicas de imposto.
f) Determinar os lucros e os dividendos distribuíveis.
g) Regular o sector de actividade em que a empresa se insere.

De acordo com o mencionado trabalho apresentado pelo então IASC (actual IASB), os
referidos utilizadores incluem: Investidores, trabalhadores, financiadores, e outros credores
comerciais, clientes, governo e seus departamentos e o publico. Todos eles utilizam as
demonstrações financeiras a fim de satisfazerem algumas das diferentes necessidades de
informação.
Por fim, salienta-se que a responsbilidade pela preparação e apresentação das
demonstrações financeiras das empresas cabe aos respectivos órgãos de gestão (conselho de
administração, gerência ou equivalente), os quais devem assiná-las, no caso português
juntamente com o respectivo contabilista certificado. Por seu lado, a auditoria financeira surge
como forma de dar credibilidade a tais demonstrações financeiras.

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1.3.TEORIA DA AGÊNCIA
A teoria da agência é considerada como sendo uma aplicação a contabilidade, e por
extensão a auditoria das teorias das ciências económicas e comportamentais.
Em termos genéricos, podemos afirmar que em qualquer empresa existem os detentores
do capital (sócios ou accionistas) e os gestores ou membros do órgão de gestão. De acordo com
a teoria da agência, aos accionistas ou sócios dá-se o nome de principais e aos gestores agentes.
Podemos então dizer que os gestores (agentes) actuam com Trustees dos accionistas
(principais) ou seja, são aqueles que administrando os bens de outros têm a responsabilidade
de lhes prestar contas.
Quando as funções de principal e de agente estão concentradas na mesma pessoa, o que
geralmente acontece nas micro, pequenas e algumas medias empresas, não existe eventual
suspensão por parte do primeiro de que o segundo esteja a utilizar indevidamente os recursos
que lhe foram colocados a disposição ou a aplicar politicas contabilísticas que tragam
benefícios ao calculo da sua remuneração variável. Isto alem do facto de o principal poder
sempre admitir que lhe estão a apresentar demonstrações financeiras que não correspondem a
realide.
Uma vez que os principais não têm, geralmente, nem a perícia nem a competência
necessária para concluírem se os agentes cumpriram ou não com as suas responsabilidades,
surge então a necessidade da auditoria financeira como forma de ultrapassar tal realidade.
Por fim, salienta-se que a responsabilidade pela preparação e apresentação das
demonstrações financeiras das empresas cabe aos respectivos órgãos de gestão (conselho de
administração, gerência ou equivalente) os quais devem assina-las, juntamente com o
respectivo técnico oficial de contas ou seja a auditoria financeira surge como forma de dar
credibilidade a tais demostrações financeiras.

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1.4.CARACTERISTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA ÚTIL


De acordo com o Framework do IASB toda a informação financeira deve possuir
determinadas características qualitativas as quais mais não são do que os atributos que tornam
a informação proporcionada pelas demosntrações financeiras útil aos seus utilizadores.
A aplicação das características qualitativas e das normas contabilísticas apropriadas
resulta, normalmente, em demonstrações financeiras que apresentam uma imagem verdadeira
e apropriada da posição financeira, dos resultados e dos fluxos de caixa de uma empresa.
O referido Framework considera a existência de quatro características qualitativas da
informação financeira que são: Compreensibilidade, relevância, fiabilidade e a
comparabilidade.
Compreensibilidade: A informação financeira proporcionada pelas demonstrações
financeiras deve ser rapidamente compreensível pelos utilizadores, o que pressupõe que estes
tenham não só um conhecimento razoável dos aspectos empresariais, económicos e
contabilísticos, como também vontade de estudar a referida informação com a necessária
diligência.
Salienta-se, contudo, que não deve ser excluída das demonstrações financeiras qualquer
informação acerca de matérias complexas exclusivamente na base de que a mesma seja
demasiado complicada e difícil para a compreensão de certos utilizadores.
Relevância: A informação é relevante quando influencia as decisões económicas dos
utilizadores ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros ou a
confirmar ou a corrigir as suas avaliações passadas.Os aspectos preditivos e confirmatórios da
informação estão interrelacionados.
A capacidade de fazer predições a partir das demonstrações financeiras históricas é
melhorada pela forma como é apresentada a informação sobre as operações e os
acontecimentos passados. A relevância da informação é afectada pela sua natureza e
materialidade, sendo nalguns casos a natureza da informação, por si só, suficiente para
determinar a sua relevância.
Considera-se que a informação é material se a sua omissão ou inexatidão influenciarem
as decisões económicas dos utilizadores tomadas na base das demonstrações financeiras.
Fiabilidade: Para ser digna de confiança a informação deve representar
fidedignamente, as operações e outros acontecimentos que ela pretende representar ou possa
razoavelmente esperar-se que represente.
Uma boa parte da informação financeira está sujeita a algum risco de não chegar a ser
a representação fidedigna daquilo que ela pretende retratar devido, sobretudo, a dificuldades
inerentes à identificação das operações e a outros acontecimentos a serem valorizados ou à
concepção e aplicação de técnicas de valorimetria e de apresentação.
Assim, poderá haver casos em que é preferível não divulgar os efeitos financeiros de
determinados elementos e outros casos em que pode ser relevante reconhecer os elementos e
divulgar os riscos de erro que rodeia o seu reconhecimento e valorização.

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Se a informação deve representar fidedignamente as operações e outros acontecimentos


que tenha por fim representar, é necessário que estes sejam contabilizados e apresentados de
acordo com a sua substância e realidade económico-financeira e não meramente com a sua
forma legal.
Para que seja fiável, a informação contida nas demonstrações financeiras deve ser
neutra( LIVRE DE PRECONCEITO), ou seja, não deve influenciar a tomada de uma decisão
ou de um juízo a fim de atingir um resultado ou efeito predeterminado.
Por último, para que seja fiável, a informação contida nas demonstrações financeiras
deve ser completa tendo em conta as fronteiras da materialidade e do custo da sua preparação
e divulgação.
Comparabilidade : Esta característica diz que os utilizadores devem ser capazes de
comparar, teremos:
a) As demonstrações financeiras de uma empresa através do tempo, a fim de nelas
identificarem tendências na posição financeira e no desempenho.
b) As demonstrações financeiras de diferentes empresas, a fim de avaliarem de forma
relativa a posição financeira, o desempenho e as alterações na posição financeira.

Assim sendo, a valorimetria e a exposição dos efeitos financeiros de transações e outros


acontecimentos semelhantes devem ser levados a efeito de forma consistente, em toda empresa
e no decurso do tempo nessa empresa e de forma consistente para diferentes empresas.
Impõe-se, pois, que os utilizadores sejam informados das politicas contabilísticas
utilizadas na preparação das demonstrações financeiras, de quaisquer alterações nessas
políticas (e das respectivas razões) e dos efeitos de tais alterações.
Contudo a necessidade de comparabilidade não deve ser confundida com a mera
uniformidade, não devendo ser permitido que se torne um impedimento à introdução de
politicas contabilísticas melhoradas. A consistência não deve ser seguida se a politica
contabilística adoptada não estiver de acordo com as características qualitativas da
RELEVÂNCIA e da FIABILIDADE.
É de referir, contudo, que quanto a relevância e quanto a fiabilidade da informação
financeira podem existir limitações ou restrições, as quais, segundo o mencionado Framework,
são as três seguintes: TEMPESTIVIDADE, EQUILIBRIO ENTRE BENEFÍCIO E CUSTO, E
EQUILIBRIO ENTRE AS CARACTERISTICAS QUALITATIVAS.
A informação financeira pode perder muito da sua relevância se for divulgada com
atraso. Mesmo que haja a hipótese de se não obter o máximo de fiabilidade, é preferível que
tal informação seja apresentada em tempo oportuno do que com máximo de fiabilidade mas
com atraso significativo.
A utilização, cada vez mais em uso, das estimativas contabilísticas auxiliará, sem
qualquer dúvida, à resolução desta aparente incompatibilidade: Tempestividade versus
Fiabilidade.
O equilíbrio entre o beneficio e custo é mais uma limitação ou restrição difusa do que
uma característica qualitativa.
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O que está fundamentalmente em causa é que o custo com a divulgação da informação


não seja superior ao beneficio que a mesma proporciona aos seus utilizadores. Trata-se,
necessariamente, de um conceito muito subjectivo.
Por seu lado, o equilíbrio entre as características qualitativas é muitas vezes necessário,
sendo a importância relativa das mesmas uma questão de julgamento profissional.

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1.5.AS ASSERÇÕES SUBJACENTES ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


Em termos gerais, uma Asserção é uma afirmação ou asseveração, ou seja uma
proposição que se adianta como verdadeira.
Dito de outra forma, uma Asserção é uma proposição, positiva ou negativa, enunciada
como verdadeira, ou seja, é uma afirmação categórica.
Como já referimos anteriormente, o órgão de gestão da empresa é responsável pela
preparação de demonstrações financeiras que apresentem de forma verdadeira e apropriada a
posição financeira, o resultado das operações e os fluxos de caixa de acordo com uma estrutura
conceptual aplicável de relato financeiro.
Para tal o órgão de gestão faz asserções Implícitas ou Explicitas, relativamente ao:
reconhecimento, mensuração, apresentação, e divulgação dos vários elementos das
demonstrações financeiras.
Vejamos o significado de cada um destes quatro conceitos:
RECONHECIMENTO: É o processo de incorporar no balanço ou na demonstração dos
resultados um item que cumpra a definição de um elemento e satisfaça os seguintes critérios
de reconhecimento:
a) Seja provável que qualquer beneficio económico futuro associado com o item flua para
ou da empresa.
b) O item tenha um custo ou um valor que possa ser mensurado com fiabilidade.

MENSURAÇÃO: É o processo de determinar as quantias monetárias pelas quais os


elementos das demonstrações financeiras devem ser reconhecidos e inscritos no balanço e na
demonstração dos resultados.
APRESENTAÇÃO: Tem a ver com a forma como os diversos elementos( activos,
passivos, capital próprio, rendimentos e gastos) são classificados nas respectivas
demonstrações financeiras tendo em conta que as transações e os acontecimentos devem ser
contabilisticamente tratados de acordo com a sua substância e realidade económica e não
meramente de acordo com a sua forma legal.
DIVULGAÇÃO: tem sobretudo a ver com a forma sistemática e cruzada como deve ser
proporcionada a informação não só no balanço, nas demonstrações dos resultados, das
alterações no capital próprio e dos fluxos de caixa como também no respectivo anexo( notas às
demonstrações financeiras) de forma que todos os interessados seja proporcionada uma
adequada compreensão do significado de tal informação.
A ISA 315: É um instrumento com objectivo de identificar e avaliar os riscos de
distorções material através da compreensão da entidade e do seu meio envolvente, ela divide
as Asserções em Três categorias que são:

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a) ASSERÇÕES RELATIVAS A CLASSES DE TRANSAÇÕES E


ACONTECIMENTOS DURANTE O PERÍODO SOB AUDITORIA:
➢ Ocorrência – as transações e os acontecimentos que estão registados ocorreram e têm a
ver com a entidade.
➢ Plenitude, Integralidade ou Totalidade –todas as transações e acontecimentos que
deviam ter sido registados foram de facto registados
➢ Exatidão – quantias e outros dados relativos a transações e acontecimentos registados
foram apropriadamente registados.
➢ Corte-transações e acontecimentos foram registados no período contabilístico correcto
➢ Classificação –transações e acontecimentos foram registadas nas contas apropriadas.
b) ASSERÇÕES RELATIVAS A SALDOS DE CONTAS NO FINAL DO
PERÍODO:
➢ Existência- activos, passivos e interesses no capital próprio existem.
➢ Direitos e obrigações- a entidade detém ou controla os direitos sobre os activos e os
passivos são obrigações da entidade.
➢ Plenitude, Integralidade ou Totalidade- todos os activos, passivos e interesses no capital
próprio que deviam ter sido registados foram registados.
➢ Valorização e Imputação- activos, passivos e interesses no capital próprio estão
incluídos nas demonstrações financeiras por quantias apropriadas e quaisquer
ajustamentos resultantes da valorização ou imputação estão apropriadamente
registados.
c) ASSERÇÕES RELATIVAS À APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO:
➢ Ocorrência e direitos e obrigações- acontecimentos, transações e outros assuntos
divulgados ocorreram e têm a ver com a entidade.
➢ Plenitude, Integralidade ou totalidade- todas as divulgações que deviam ter sido
incluídas nas demonstrações financeiras foram incluídas.
➢ Classificação e compreensibilidade- a informação financeira está apresentada e descrita
de forma apropriada e as divulgações estão claramente expressas
➢ Exatidão e valorização- informações financeiras e outras estão apropriadamente
divulgadas e por quantias apropriadas.

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1.6.ESTRUTURA CONCEPTUAL DOS TRABALHOS DE ASSEGURAÇÃO


Nos pontos anteriores fizemos algumas referências do Framework do IASB, o qual trata
da preparação e apresentação das demonstrações financeiras.
A IFAC também elaborou um documento de natureza idêntica mas relacionado com os
trabalhos de asseguração. Trata-se do Internacional Framework for Assurance Engagements(
Estrutura conceptual internacional para trabalhos de Asseguração ) cuja versão datada de 1 de
janeiro de 2005 inclui as seguintes partes:
➢ Introdução
➢ Definição e objectivos de um trabalho de asseguração
➢ Âmbito da estrutura conceptual
➢ Aceitação do trabalho
➢ Elementos de um trabalho de asseguração
➢ Utilização inapropriada do nome profissional.

Iremos de seguida fazer breves referência às duas partes que consideramos mais
importantes.
Segundo a IFAC, Um trabalho de Asseguração significa trabalho no qual um
profissional expressa uma conclusão destinada a aumentar o grau de confiança dos utilizadores,
que não sejam a parte responsável acerca do resultado da avaliação ou mensuração de um
assunto contra critério.
De acordo com o Framework da ifac existem dois tipos de trabalhos de asseguração
que são:
a) TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO RAZOÁVEL- cujo o objectivo é uma redução
no risco do trabalho de asseguração a um nível baixo aceitável nas circunstâncias do
trabalho como base para uma forma positiva de expressão da conclusão do profissional.

Os trabalhos de asseguração razoável relativos a informação financeira histórica


denominam-se AUDITS ( AUDITORIAS).
b) TRABALHO DE ASSEGURAÇÃO LIMITADA- cujo o objectivo é uma redução
no risco do trabalho de asseguração a um nível que seja aceitável nas circunstâncias do
trabalho, mas onde tal risco seja maior que para um trabalho de asseguração razoável,
como base para a forma negativa de expressão da conclusão do profissional.

Os trabalhos de asseguração limitada relativos a informação financeira histórica


denominam-se Reviews(REVISÕES).
Por outro lado o Framework da Ifac refere que num trabalho de asseguração existem os
seguintes cinco elementos:
➢ Uma relação entre três partes que são : o profissional, a parte responsável e os
utilizadores.
➢ Uma matéria apropriada em questão .
➢ Critérios convenientes.

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➢ Prova apropriada e suficiente.


➢ Um relatório de asseguração escrito na forma apropriada.

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1.7.OBJECTO E OBJECTIVO DA AUDITORIA FINANCEIRA


Etimologicamente a palavra Auditoria tem a sua origem no verbo latino audire o qual
significa ouvir, conduziu à criação da palavra auditor( do latim Auditore) como sendo aquele
que ouve, ou seja, O OUVINTE. Isto pelo facto de nos primórdios da auditoria os auditores
tirarem as suas conclusões fundamentalmente com base nas informações que verbalmente lhes
eram transmitidas.
Antes de entrarmos propriamente no objecto e o objectivo da auditoria financeira
vejamos o que significam estas duas palavras:
Objecto: é matéria, assunto sobre o qual recai a atenção ou seja alvo de investigação .
Objectivo: tem a ver com o fim a atingir com a investigação .
No que se refere a Auditoria podemos assim dizer que ela tem como objecto as
demonstrações Financeiras, e como Objectivo a expressão de uma opinião sobre estas por
parte de um profissional competente e independente.
Mais tarde, Edward Stamp e Maurice Moonitz definem a Auditoria como sendo: um
exame independente, objectivo e competente de um conjunto de demonstrações financeiras de
uma entidade, juntamente com toda a prova de suporte necessária, sendo conduzida com a
intenção de expressar uma opinião informada e fidedigna, através de um relatório escrito, sobre
se as demonstrações financeiras apresentam apropriadamente a posição financeira e o
progresso da entidade. de acordo com normas contabilidade geralmente aceites.
O objectivo da opinião do perito independente, a qual deve ser expressa em termos
positivos ou negativos, é emprestar credibilidade às demonstrações financeiras ( cuja a
responsabilidade pela sua preparação pertence ao órgão de gestão ).
Assim em 1978 a UEC referia que o objecto de uma auditoria de demonstrações
financeiras é a expressão de uma opinião sobre se ou não estas demonstrações apresentam uma
imagem verdadeira e apropriada do estado do negocio da empresa à data do balanço e dos seus
resultados do ano financeiro.
Finalmente, em 2009, a IFAC, através da ISA 200 refere que o Objectivo de uma
Auditoria é aumentar o grau de confiança dos utilizadores interessados nas demonstrações
financeiras.
A mesma ISA 200 estabelece ainda que ao realizar uma Auditoria de demonstrações
financeiras, os objectivos globais do Auditor são :
a) Obter uma segurança razoável sobre se as demonstrações financeiras como um todo
estão isentas de distorções materiais, seja devido a fraude ou erro permitindo-lhe
portanto expressar uma opinião sobre se as demonstrações financeiras estão
preparadas em todos os aspectos materiais, de acordo com uma estrutura conceptual
de relato financeiro aplicável .

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b) Relatar sobre as demonstrações financeiras, e comunicar conforme exigido pelas


ISA, de acordo com as suas constatações.

1.8.NORMAS DE AUDITORIA
Em termos gerais uma norma significa Lei, regra, fórmula pela qual se deve dirigir
qualquer pessoa, coisa, etc; modelo, exemplo, regra, procedimento.
Aplicadas a uma qualquer actividade profissional, as normas têm fundamentalmente a
ver com a qualidade do trabalho executado pelo que, no que respeita a auditoria, elas debruçam-
se não só sobre as qualidades profissionais dos auditores como também sobre o julgamento
pelos mesmos exercido na execução do seu exame e na elaboração do consequente relatório.
Neste capitulo farei referência às normas emitidas pelos seguintes quatro organismos:
• AICPA que, como já referi anteriormente, foi o primeiro organismo profissional que
publicou normas de auditoria que foi criado em 1948;
• PCAOB O qual como já referimos , foi criado em 2002 nos EUA pela lei Sarbanes-
Oxley.
• UEC Organismo representativo da profissão contabilística a nível Europeu e que
existiu de 1951 a 1986.
• IFAC Organismo representativo da profissão contabilística a nível mundial, que foi
criado em 1977.

OBS: para mais informações pesquisar o livro do Carlos Baptista .

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1.9. OUTROS TIPOS DE AUDITORIA


O conceito de Auditoria evoluiu ao longo dos anos dai a necessidade de mostrar os
vários tipos de Auditoria que existem, pois os tipos são:
AUDITORIA INTERNA
Inicialmente, cometia-se à Auditoria Interna, sobretudo, as funções de salvaguarda dos
activos das empresas, a verificação do cumprimento dos procedimentos estabelecidos pelo
órgão de gestão e a constatação acerca da credibilidade da informação financeira. Dava-se
também uma ênfase bastante grande à detecção de fraudes. Por aqui se pode ver que o trabalho
efectuado pelos auditores internos era bastante limitado,cingindo fundamentalmente à área
contabilístico-financeira. Por outro lado, muitas vezes o trabalho dos auditores internos era
visto como uma extensão do trabalho dos auditores externos sobretudo no sentido de
proporcionar a estes diversos tipos de analises, conferências e verificações, de forma a que os
respectivos honorários finais pudessem sofrer uma redução.
Outro passo importante para a consolidação da auditoria interna foi dado em 1978, em que
cuja a introdução se define auditoria interna como sendo: Uma função de apreciação
independente, estabelecida dentro de uma organização , como um serviço para a mesma, para
examinar e avaliar as suas actividades. O objectivo da auditoria interna é o de auxiliar os
membros da organização no desempenho eficaz das suas responabilidades. Com esta
finalidade, a auditoria interna fornece-lhes analises, apreciações, recomendações, conselhos e
informações respeitantes às actividades analisadas.
Em 1999, o IIA aprovou a seguinte definição de auditoria interna: A auditoria interna é
uma actividade independente, de segurança objectiva e de consultoria, destinada a acrescentar
valor e a melhorar as operações das organizações . ajuda uma organização a atingir os seus
objectivos facultando-lhe uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a
eficácia dos processos de gestão dos riscos, controlo e governação.
Como se sabe, de entre as varias funções cometidas ao órgão de gestão de uma empresa
assume particular importância a que se refere à implementação de um sistema de controlo
interno cujos principais objectivos devem visar assegurar, segundo a norma 2130-A1, do IPPF
do IIA. Pois os objectivos do controlo interno são:
➢ A confiança e a integridade da informação financeira e operacional.
➢ A eficiência das operações de forma a atingir os objectivos estabelecidos.
➢ A salvaguarda dos activos; e
➢ O cumprimento das leis, regulamentos e contratos.

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Os auditores internos devem exercer as suas funções de forma independente em relação


aos serviços da organização que são objecto da sua atenção. Assim sendo, tal
independência permitirá que os auditores internos realizem as suas tarefas de forma
livre e objectiva.
OBS: LER O LIVRO DO CARLOS BAPTISTA pag 114 à 115.

AUDITORIA OPERACIONAL
É um aprofundamento do âmbito da auditoria interna, este tipo de auditoria se socorre
do conjunto das técnicas de julgamento e de apreciação das operações da empresa
utilizadas na auditoria financeira, tem como objectivo:
a)auditar os controlos operacionais
b)auditar a gestão
c)auditar a estratégia.
O campo de investigação da auditoria operacional é o conjunto do controlo interno pelo
que a mesma se preocupa sobretudo com a eficácia das operações e o cumprimento das
politicas e, se for o caso, com a adequação das mesmas.

AUDITORIA DE GESTÃO
A auditoria de gestão e uma técnica relativamente recente podendo ser entendida como
um dos segmentos ou extensões da auditoria operacional.
As técnicas da auditoria de gestão cobrem um espectro bastante amplo de
procedimentos, métodos de avaliação, politicas e tarefas sendo concebidas para analisar,
avaliar e rever o desempenho da empresa ou entidade em relação a um conjunto pré-
determinado de Standards.
Pode pois afirmar-se que o grande objectivo da auditoria de gestão é o de verificar em
que medida é que os recursos postos à disposição dos gestores estão a ser aplicados com a
maior economicidade, eficiência e eficácia. Por outras palavras a auditoria de gestão pretende
medir e dar opinião sobre o desempenho dos gestores e sobre a rendibilidade da empresa, ou
seja, concluir sobre se os resultados por eles apresentados não poderiam ser diferentes( para
melhor, obviamente). Por esta razão há pois vários pontos de contacto entre a auditoria de
gestão e o sistema de controlo interno.
Em termos gerais podemos então referir que as funções da gestão são primordialmente:
a) Fixar politicas e objectivos
b) estabelecer planos, normas e procedimentos para que se possam atingir as politicas e os
objectivos.
c) Organizar a empresa ou entidade a fim de que os planos , normas e procedimentos
possam de facto operar.

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Assim sendo o programa modelo que o auditor deve seguir para avaliar os gestores, quer
no que respeita à eficácia e à eficiência da gestão da empresa em geral quer quanto às suas
áreas funcionais em particular,terá que forçosamente cobrir os seguintes aspectos:
a) Verificar se os objectivos e as politicas foram fixados
b) Avaliar todo o processo de planeamento, o qual necessariamente inclui as
normas, procedimentos, mapas e prioridades;
c) Avaliar todo o processo organizativo, ou seja, avaliar se a estrutura
organizativa é consistente com as politicas e objectivos globais.
d) Analisar o processo de controlo, ou seja, as medidas de desempenho.

Para tal, o auditor de gestão tem necessariamente que:


- Verificar se o órgão de gestão identificou as áreas-chave que devem ser controladas.
-Avaliar e julgar as bases usadas para desenvolver os padrões de medida;
-Rever os parâmetros para identificar o desempenho e os resultados.

AUDITORIA PREVISIONAL OU PROSPECTIVA


Nos últimos anos cada vez mais tem vindo a ser considerado que a divulgação da
informação financeira histórica, por parte das empresas, não é suficiente para que os diversos
utilizadores externos dessa mesma informação possam tirar conclusões validas sobre a
viabilidade futura das empresas.
OBS: LER LIVRO O DO CARLOS BAPTISTA pag 118 à 119.

AUDITORIA FORENSE
A auditoria forense surgiu nos últimos anos como forma de responder a aspectos legais
relacionados com as matérias contabilísticas trata-se, ao fim e ao cabo, de uma
especialização da auditoria financeira direcionada primordialmente para a investigação
e detecção de actos ilegais cometidos pelos órgãos de governação e/ ou de gestão das
empresas ou por trabalhadores das mesmas e que possam afectar as demonstrações
financeiras das empresas em causa.
A auditoria forense pretende detectar possíveis fraudes confirmando não apenas
o que esta contabilizado, apresentado e divulgado nas demonstrações financeiras mas
tentando, sobretudo, detectar o que não está evidenciado nestes documentos e que devia
estar.
É pois um verdadeiro trabalho de investigação ou de peritagem altamente
especializado em que o conceito de materialidade não pode ser tido em consideração
de forma idêntica aquele que é geralmente seguido na realização da auditoria financeira.
Muitas vezes os auditores forenses são solicitados pelos tribunais para
efectuarem peritagem ou investigações contabilísticas a fim de prestarem assessoria

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técnica e apoiarem as decisões dos juízes aquando de processos judiciais relacionados


com conflitos entre duas ou mais entidades.

2. FORMAS DE EXERCER A PROFISSÃO


A profissão de auditor( externo ou independente) pode ser exercido de duas formas: a nível
Individual ou em Firmas de auditores.
No primeiro caso um auditor pode, contudo, trabalhar efectivamente sozinho ou ter
colaboradores, sejam eles de natureza técnica ou simplesmente a nível de secretariado.
Mas a forma mais comum de exercer a profissão é, efectivamente, através das chamadas
firmas de auditores que em Portugal denominam-se “ Sociedades de revisores oficiais de
contas”.
E compreende-se que esta actividade profissional seja basicamente exercida através de
estruturas societárias devidamente organizadas. De facto o número de horas necessárias para
efectuar a auditoria a uma empresa de pequena ou média dimensão impossibilitaria que um
auditor pudesse rendibilizar a sua actividade no caso de trabalhar individualmente uma vez que
o número de empresas onde poderia prestar os seus serviços seria forçosamente muito limitado.
Como seria possível por exemplo, um auditor exercendo a sua actividade individualmente,
assistir às contagens físicas dos inventários (e testá-las) das empresas que auditasse supondo
que todas elas realizavam aquele procedimento apenas uma vez no ano e nos últimos dias do
ano?
O problema da especialização também é um óbice ao exercício individual da profissão. A
especialização coloca-se não só a nível dos diversos sectores de actividade( indústria,
comércio, serviços) como também no que concerne aos serviços complementares a prestar (
organização ou reorganização administrativo-contabilística, sistemas de informação de gestão,
assessoria fiscal, formação profissional, consultoria de gestão em geral).
Essa razão pela qual as firmas internacionais de auditores se encontram geralmente
divididas em três ou mais departamentos: AUDITORIA E ASSEGURAÇÃO, ASSESSORIA
FISCAL, CONSULTORIA DE GESTÃO, etc.. No entanto há sempre que ter em especial
atenção o aspecto da independência do auditor, razão pela qual a legislação de alguns países
não admite que uma firma preste serviços profissionais de auditoria possa prestar, à mesma
empresa, quaisquer outros serviços.
Nos últimos anos tem-se vindo a assistir às chamadas mega-fusões de firmas de
auditores. Assim, depois de ter havido a época das big eight”, das big nine, das big six e das
big five estamos presentemente na época das big four havendo fortes preocupações quanto aos
efeitos da concentração destes grandes grupos internacionais.
A forma como cada firma de auditores está organizada varia de caso para caso, A
matéria prima fundamental é, obviamente o PESSOAL o qual se pode dividir em pessoal
Técnico e pessoal Administrativo.
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2.1.PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS SUBJACENTES À PROFISSÃO


De acordo com o actual código de ética da IFAC um marco que distingue a profissão
contabilística é o de esta aceitar a responsabilidade de agir no interesse público. Portanto a
responsabilidade de um contabilista profissional não é exclusivamente a de satisfazer as
necessidades de um cliente ou de um empregador específicos. Um contabilista profissional
pode trabalhar em prática pública ou em entidades.
Vejamos o significado que no mencionado código se dá às referidas expressões:
-CONTABILISTA PROFISSIONAL: Uma pessoa que é membro de um organismo que faz
parte da IFAC.
-CONTABILISTA PROFISSIONAL EM PRÁTICA PÚBLICA: Um contabilista profissional,
independente de classificação funcional (auditoria, impostos ou consultoria), que integre uma
firma que preste serviços profissionais.
-CONTABILISTA PROFISSIONAL EM ENTIDADES: Um contabilista profissional
empregado ou comprometido, numa capacidade executiva ou não executiva, em sectores de
actividades tais como o comércio, a indústria, os serviços, o sector público, o ensino, o sector
sem fins lucrativos, os organismos reguladores ou os organismos profissionais ou um
contabilista profissional contratado por tais entidades.
Um parêntesis para referir que há países onde os “Organismos profissionais
relacionados com a profissão contabilística englobam quer os preparadores da informação
financeira( os contabilista)” quer os que certificam ou atestam tal informação( auditores).É o
que geralmente acontece nos países anglo-saxónicos.
Noutros países(França e em Portugal) aqueles dois tipos de profissionais são
representados por organismos distintos(Ordem dos técnicos Oficiais de contas e ordem dos
Revisores Oficiais de contas,respectivamente)
Pessoalmente entendemos que a segunda opção tem mais vantagem que a primeira, pois
apesar de ambos os profissionais trabalharem com a mesma matéria-prima ( a contabilidade)
as suas funções são substâncialmente diferentes.
Assim sendo o referido código de ética estabelece que um contabilista profissional é
obrigado a cumprir com cinco princípios fundamentais que são: INTEGRIDADE,
OBJECTIVIDADE, COMPETÊNCIA PROFISSIONAL E CUIDADO DEVIDO,
CONFIDENCIALIDADE E COMPORTAMENTO PROFISSIONAL.
Por seu lado, a Directiva 2006/43/CE estabelece que os auditores devem estar sujeitos
aos seguintes princípios: DEONTOLOGIA PROFISSIONAL, INDEPENDÊNCIA,
OBJECTIVIDADE, CONFIDENCIALIDADE, E SIGILO PROFISSIONAL.

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ALGUNS EXERCÍCIOS PROPOSTOS AVALIADOS


Em 31/12/2000, o saldo da conta titulos negociáveis apresenta-se como abaixo se segue:
6.000,00 acções da empresa pesl,s.a. de valor nominal de aoa 1,00. adquiridas em junho ao ano
anterior a aoa 1,4 cada.
Informações adicionais:
As acções da empresa pesl,s.a. estavam cotadas em aoa 1,35 em 31/12/2000 e em aoa 1,10 em
31/12/1999
Pretende-se:
- A determinação do saldo da conta títulos negociáveis em 31/12/2000, considerando que ao
longo do exercício, através da conta de depósitos a ordem procedeu-se a venda de 1000 acções
por AOA 1.350,00.

EXERCÍCIO PROPOSTO 2
Como auditor e no quadro da valorização e imputação, determine o saldo da conta titulos
negociáveis da empresa pesl em 31 de dezembro de 2015, cuja composição no inicio do ano
era conforme abaixo:

3.500,00 acções da empresa pesl,s.a. no valor de aoa 5.250,00


Em setembro foram vendidas 800 acções por aoa 1,7 cada e em 31 de dezembro as acções
estavam cotadas em aoa 1,4 cada.

Pretende-se
- A determinação do saldo da conta títulos negociáveis

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EXERCICIOS PROPOSTOS 3
Após concluido o processo de rescisão de contrato de trabalho,a empresa habitualmente
disponibilizava os valores dos proveitos atravéz da emissão de cheques ao portador. este
procedimento permitia ao diretor financeiro e administrativo aproveitando-se do
desconhecimento dos ex-funcionarios, a determinação de novas datas de pagamentos ,dando
aos fundos a utilidade que melhor lhe conviesse!
Ao acaso foi selecionado e examinado pelos auditores da empresa um processo com as
seguintes caracteristicas:
valor de rescisão do contrato de akz 190.000,00 que permaneceu aplicado na conta do
diretor durante 8 dias.
Da informação recolhida pelos auditores, relativamente as taxas de juros reais diárias
praticadas pelo banco comercial onde o director tinha os rendimentos domiciliado,conclui-se
o seguinte:
Até o 6º dia 0,45%
do 7º dia até 10º dia 0,7%
Esta aplicação foi constituída no terceiro dia do mês e, durante o referido período a inflação
era de 7,2%
Pretende-se:
- A determinação do valor real apropriado pelo director
- A determinação do valor real recebido por cada ex funcionário

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EXERCICIOS PROPOSTOS 4
O director de um banco estatal teve as suas actividades submetidas a uma auditoria,
pois vinha realizando empréstimos sobre os quais pairavam dúvidas sobre a certeza dos
procedimentos utilizados.
Uma denúncia levou os auditores a examinar um determinado processo de emprestimo com
as seguintes caracteristicas:
➢ empréstimo de usd 100.000,00 em moeda nacional
➢ pagamento de juros no final de cada mês
➢ taxa de juros flutuantes arbritadas pelo banco, segundo um critério racional previsto no
contrato.
➢ a duração do empréstimo é de 5 meses
➢ a taxa de câmbio é de 1usd=12 akz na data do empréstimo
➢ a taxa de juros aplicável e a inflação mensal no decurso do empréstimo tiveram o
seguinte comportamento:

MESES i mensal I mensal


Janeiro 12% 9%
Fevereiro 18% 25%
Março 21% 24%
Abril 14% 12%
Maio 16% 20%
Em 01 de Março houve uma desvalorização de 30%
Desconfiava-se que através de um acordo entre o director do banco e um cliente haveria
a cobrança de juros negativos sendo o resultado da artimanha, em usd, repartido ao meio entre
ambos.
Pretende-se:
a)Qual o valor desviado do banco, em USD, no final do período?
b)Quantas vezes ocorreram desvios neste processo? Qual o valor de cada desvio e quanto coube
ao Director?
c)Qual é a taxa global de juro nominal no período?
d)Qual é a taxa global de inflação no período?
e) Qual é a taxa global de juro real?
f) Qual é a taxa de inflação média no período?
g)Qual é a taxa de juro média nominal no período?
h)Qual é a taxa de juro média real no período?

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BIBLIOGRAFIA

LIVRO DE AUDITORIA FINANCEIRA, TEORIA E PRÁTICA, 11ª EDIÇÃO

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