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RECOMENDAÇÕES SBU 2016

Cateterismo Vesical
Intermitente

Apoio:
2
RECOMENDAÇÕES SBU 2016

Cateterismo Vesical
Intermitente

3
Diretoria Executiva
Presidente
Dr. Archimedes Nardozza Jr.

Vice-presidente
Dr. Wagner Coelho Porto

Secretário Geral
Dr. Samuel Dekermacher

1º Secretário Conselho Fiscal


Dr. Dante Sica Filho
Presidente
2º Secretário Luiz Augusto Seabra Rios
Dr. José Eduardo Fernandes Távora
Membros
3º Secretário Ricardo Castellani de Mattos
Dr. Julio Resplande de Araújo Filho Rodrigo Sousa Madeira
Campos Carlos Teodósio da
1º Tesoureiro Ros
Dr. Alfredo Félix Canalini Paulo Ricardo Monti

2º Tesoureiro Suplentes
Dr. Sebastião José Westphal Demerval Mattos Jr.
Benedicto Barretto de
3º Tesoureiro Oliveira
Dr. Antonio Cesar M. da Costa Cruz

Diretor de Pesquisas
Dr. Romolo Guida Jr. Depto. de Comunicação
Presidente Eleito
Diretor de Comunicação
Dr. Sebastião José Westphal
Dr. Carlos Alberto Bezerra

www.portaldaurologia.org.br
4
Autores

Dr. José Carlos Truzzi


Doutor em Urologia pela Escola Paulista de Medicina –
UNIFESP
Chefe do Departamento de Uroneurologia da SBU

Dr. Alfredo Felix Canalini


TiSBU
Mestre em Nefrologia – UERJ
Doutor em Cirurgia Geral – UFRJ

Dr. José Antônio Prezotti


Coordenador do Centro Capixaba de Continência
Urinária
Urologista do Hospital Santa Rita de Cassia Vitoria ES
Membro do Departamento de Uroneurologia da SBU

Dr. Júlio Resplande


Mestre e Doutor em Urologia pela Escola Paulista de
Medicina – UNIFESP
Setor de Uroneurologia – CRER - Goiânia

5
Prezado Associado,

Um dos pilares da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é a


Educação Continuada. Fornecer ferramentas que proporcionam
acesso ao conhecimento urológico, principalmente aquele
com aplicação direta no cotidiano do consultório ou hospital
em que atuamos é peça fundamental em meio ao volumoso
número de publicações das diversas áreas da Urologia.

Aproximadamente um quinto da população de ambos os


sexos apresenta alguma forma de disfunção urinária. Uma
série de tabus e muitas vezes o deficit de reciclagem nesse
segmento da Urologia acarretam distanciamento, ou até
mesmo aversão em muitos de nós, no tratamento de
pacientes portadores de alterações funcionais do trato
urinário inferior. A atual Gestão da SBU, através da Escola
Superior de Urologia e do Departamento de Uroneurologia
tem o firme propósito de promover recursos que aproximem
o urologista brasileiro das opções contemporâneas de
diagnóstico e tratamento das disfunções miccionais. A
realização de Cursos presenciais e à distância, Pesquisas
científicas, elaboração de Diretrizes junto à Associação Médica
Brasileira e a criação de materiais de apoio são alguns dos
recursos adotados para auxiliar o urologista na sua prática
diária. A parceria entre a SBU e empresas de elevada
reputação do segmento farmacêutico e da indústria de
materiais tem possibilitado a difusão deste conhecimento e
atualização tão necessários para que possamos oferecer o
que há de melhor e mais atual no tratamento das disfunções
miccionais aos nossos pacientes.

A introdução do método de cateterismo vesical intermitente


no arsenal terapêutico das disfunções miccionais
corresponde a uma das maiores e mais importantes mudanças

6
de paradigma

7
na Urologia. A redução de complicações no trato urinário e
melhora da qualidade de vida associadas à sua utilização nos
últimos 40 anos é inquestionável. Ainda assim, sua indicação,
aspectos técnicos ligados à correta execução e treinamento
permanecem como limitantes à maior difusão do método.
Em um momento, como o que vivemos, em que os elevados
índices de resistência bacteriana aos agentes antimicrobianos
tornaram-se questão de saúde pública mundial, é notória a
necessidade de que, não apenas os conceitos básicos, mas
a boa prática e as novidades envolvidas com o cateterismo
vesical intermitente sejam incorporados por todos nós.

Este manual foi desenvolvido com o objetivo de fornecer


ao Urologista os conceitos fundamentais, uma revisão dos
principais estudos nacionais e internacionais e um guia
prático voltado para a indicação e orientação do cateterismo
intermitente aos pacientes e cuidadores de portadores de
disfunção miccional.

Archimedes Nardozza
Nardozza Aguinaldo Cesar José
JoséCarlos
CarlosTruzz
Truzzi
Archimedes Aguinaldo
Júnior CesarNardi Chefe do
Presidente da Sociedade Diretor da Escola Departamento de
Brasileira de Urologia Superior de Urologia Uroneurologia da SBU

8
Introdução

O funcionamento adequado do trato urinário inferior depende da ação


sinérgica da bexiga e do mecanismo esfincteriano. Neste contexto,
duas fases bem distintas são identificadas: o armazenamento e o
esvaziamento vesical. No adulto, em condições normais de
hidratação e temperatura, há produção de aproximadamente 1 ml
de urina por minuto a qual necessita ser armazenada sob um regime
de baixa pressão. O aparato esfincteriano permite que o período de
enchimento vesical ocorra sem perdas urinárias. No momento da
micção o músculo detrusor se contrai sob a influência do sistema
nervoso parassimpático e o esfíncter uretral relaxa decorrente da
inibição do sistema nervoso simpático (esfíncter liso) e ação do
sistema nervoso motor (esfíncter estriado). O sinergismo vesico-
esfincteriano depende da integridade do sistema nervoso central e
periférico, sendo o centro pontinho da micção, o responsável pela
coordenação de tais eventos. 1

Este mecanismo de armazenamento e esvaziamento vesical pode


sofrer alterações decorrentes de inúmeros fatores, tais como o
envelhecimento, a obstrução infravesical, por aumento do volume
prostático ou estenose uretral, e disfunções neurogênicas do trato
urinário inferior, causadas por doenças congênitas ou adquiridas,
entre elas o disrafismo medular, a lesão traumática raquimedular, o
acidente vascular cerebral, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson
e diabetes mellitus. Como consequência destas disfunções surgem
sintomas de retenção ou incontinência urinária, além de complicações
como infecção urinária de repetição, hidronefrose, litíase vesical e
em casos mais graves, insuficiência renal. 2
9
O cateterismo vesical intermitente mudou a história natural das pessoas
com distúrbios de esvaziamento, de modo mais evidente naquelas
com sequelas de traumatismo raquimedular, cuja mortalidade era
elevada em razão das complicações urológicas pelo uso contínuo de
coletores externos, ou sondas vesicais de demora. 3

O cateterismo vesical intermitente foi proposto pela primeira vez por


Louis Stromeyer em 1844, com o objetivo de promover a evacuação
do resíduo vesical pós-miccional. 4

Divulgado por Guttmann e Lapides, o cateterismo intermitente é


atualmente o tratamento de escolha para promover o esvaziamento
da bexiga em pacientes que apresentam disfunções vésico-
esfincterianas.5, 6 , 7

Os estudos iniciais de Guttman (1947) com cateterismo intermitente


com técnica estéril mostraram uma redução significativa de
complicações, como infecção urinária, fístulas, refluxo vesico-ureteral,
estenose uretral e hidronefrose. Em 1966 este autor publicou
sua experiência de 11 anos em uma série de 476 pacientes, com
argumentos sólidos em relação a este tipo de tratamento para as
disfunções vesicais neurogênicas. 5

Entretanto foi Lapides (1972) que convencido de que a estase da


urina e as elevadas pressões intravesicais eram mais importantes do
que o próprio fator bacteriano na gênese das infecções urinárias e
de que, do ponto de vista prático, o cateterismo intermitente estéril
era impraticável no cotidiano dos pacientes, preconizou e difundiu a
técnica do cateterismo intermitente limpo. 6

Os resultados iniciais apresentados por Lapides foram replicados


por diversos autores e o cateterismo intermitente limpo logo se
transformou no método preferencial de drenagem vesical de pacientes
com disfunções neurogênicas, diminuindo sobremaneira a
morbidade e mortalidade, além de promover melhora expressiva na
qualidade de vida.8

10
Cateterismo Intermitente
ASPECTOS TÉCNICOS

O cateterismo vesical intermitente é o método de esvaziamento


periódico da bexiga realizado pela introdução de um cateter via
uretral, ou através de um conduto cateterizável (como os condutos
de Mitrofanoff ou Monti) até a bexiga ou reservatório urinário. É o
procedimento de eleição para portadores de disfunção neurogênica
ou idiopática do trato urinário inferior, que apresentam
esvaziamento incompletodabexigapordéficitdacontraçãododetrusor,
oudificuldade do relaxamento esfincteriano uretral, temporária ou
definitiva. O objetivo maior é manter a integridade anatômica e
funcional do trato urinário superior e evitar infecções urinárias.
Além disso, o cateterismo intermitente promove melhora da
qualidade de vida, por permitir maior independência com menor
índice de complicações que o apresentado pelos cateteres de uso
contínuo, impactando de modo direto no âmbito higiênico e social
dos pacientes.9

O cateterismo intermitente pode ser realizado de forma temporária


ou definitiva na dependência da condição clínica que motivou a sua
indicação. Grande parte dos pacientes com disfunções miccionais
neurogênicas, principalmente aqueles com sequela de lesão
raquimedular ou de doenças neurológicas congênitas o fazem de
forma definitiva. Por sua vez, nos pacientes com quadro obstrutivo
infravesical agudo, como secundário a bloqueio raquimedular,
correção cirúrgica de incontinência urinária por técnica de sling de
uretra média, ou decorrente de hiperplasia benigna da próstata, o
cateterismo é realizado temporariamente até que haja a retomada

11
da micção espontânea e bom esvaziamento vesical.

12
Diferentes técnicas de
cateterismo

Ainda que o conceito básico seja único, a técnica de cateterismo vesical


intermitente a ser adotada pode variar de acordo com a indicação, o
local onde é realizado, com experiência pessoal de quem o indicou
ou realizou seu treinamento e com a disponibilidade de recursos.

Classicamente existem três técnicas de cateterismo vesical


intermitente:

- técnica estéril

- técnica asséptica

- técnica limpa

Na técnica estéril é preconizado o uso de máscara e gorro,


antisséptico para limpeza da região genital, lubrificante uretral estéril,
luvas estéreis, material de apoio (campos e pinças) estéril, cateter de
uso único estéril e sistema fechado para coleta de urina. Para a técnica
asséptica é utilizado antisséptico local e apenas as luvas, o cateter (de
uso único) e o lubrificante são estéreis. Já no cateterismo
intermitente limpo são utilizadas luvas de procedimento, ou até
mesmo dispensado o uso de luvas, apenas com higienização prévia das
mãos, substância degermante não estéril para limpeza genital,
lubrificante não estéril, coletor externo limpo e apenas o cateter
uretral / vesical que deve ser de modo preferencial, mas não
obrigatoriamente, estéril. 10

13
Há preferência pela realização da técnica estéril ou asséptica, quando

14
indicado o cateterismo vesical intermitente em ambiente hospitalar,
ou em casas de repouso, uma vez que tais técnicas estão associadas
a um menor risco de infecções urinárias e bacteriúria. Uma situação
peculiar em que a técnica estéril está indicada é a de pacientes
neuropáticos imunosuprimidos. Muitas vezes estas técnicas não são
adotadas na prática por envolver maior custo e tempo de realização.
Por sua vez, o cateterismo limpo é amplamente difundido como
rotina no tratamento de longo prazo, principalmente pela
praticidade de execução e baixo custo. 11

De modo geral, na técnica limpa, os pacientes são orientados a


utilizar um cateter para cada procedimento e que o mesmo seja
descartado após o uso. Ainda assim, o reaproveitamento de
cateteres é uma prática adotada por vários pacientes, sobretudo em
locais com baixos recursos financeiros. Diferentes métodos de
limpeza dos cateteres são utilizados, como soluções assépticas,
solução de ácido acético, água fervente e micro-ondas. Um estudo
experimental realizado em 2004 demonstrou que a imersão de
cateter plástico em álcool a 70% por cinco minutos é eficaz na
eliminação bacteriana. 12 Não obstante, os autores deste estudo
recomendam a não reutilização de cateteres de PVC convencionais
ou pré-lubrificados. Atletas paraolímpicos participaram de um
estudo conduzido durante os Jogos Olímpicos de Londres (2012) e
Campeonato Mundial de Para-ciclismo para avaliação de práticas de
cateterismo intermitente. O estudo contou com atletas de vários países,
inclusive Brasil, sendo a maioria constituída por oriundos de países
desenvolvidos. O estudo demonstrou que a reutilização de cateteres
esteve diretamente associada à frequência de infecções do trato
urinário em uma proporção de 4:1. 13 Uma revisão sistemática
identificou três estudos, sendo dois randomizados, que compararam
cateteres estéreis com reutilizáveis, não tendo sido evidenciada
diferença estatística quanto ao desenvolvimento de infecção do
trato urinário.14 Outro estudo randomizado, cross-over, em crianças
obteve a mesma taxa de bacteriúria, independente do cateter ser
reutilizado ou estéril.15 Entretanto limitações metodológicas nestes
estudos não permitem conclusões mais definitivas.

15
Tipos de cateteres

Diferentes materiais são utilizados na confecção dos cateteres


uretrais, como a borracha, o silicone, o látex, o plástico (PVC), vidro,
metal ou poliuretano. Podem ainda ser siliconizados, ou revestidos
por teflon. Cateteres de metal são de uso menos frequente,
usualmente por mulheres, requerendo apenas boa lubrificação e
treinamento específico para manuseio. A maioria dos cateteres
necessita do uso de algum tipo de lubrificante para facilitar e reduzir
o trauma na introdução uretral. O lubrificante pode ser aplicado
diretamente sobre o cateter ou introduzido na uretra,
principalmente em homens. Naqueles pacientes com preservação da
sensibilidade uretral é preconizado o uso de geleias anestésicas
alguns minutos antes da inserção do cateter. 16

A partir da década de 80 passaram a ser disponibilizados cateteres pré-


lubrificados ou hidrofílicos.17 Os hidrofílicos foram desenvolvidos
com o objetivo de facilitar a técnica de cateterismo vesical
intermitente, proporcionando maior conforto ao paciente e
reduzindo o índice de complicações. Possuem uma camada de
polímero que em contato com a água os torna deslizantes e lisos,
facilitando a entrada e mantendo a lubrificação em toda uretra,
sendo demonstrado que sua utilização proporciona menor fricção e
trauma uretral.18

Este tipo de cateter é armazenado em recipiente estéril, sendo


aberto apenas no momento do uso. Por não necessitar de
lubrificação e por possuir um revestimento que limita o contato

16
manual, o uso do

17
cateter hidrofílico é considerado “estéril” e assim menos propenso a
provocar infecção. Os cateteres hidrofílicos, apesar de enfrentarem
uma barreira de acesso no nosso meio, têm sido associados a
menores índices de infecção urinária sintomática, inclusive na fase
aguda de choque medular e hematúria, quando comparados a
cateteres de PVC.
19, 20, 21, 22

Quando observamos a percepção do paciente em relação ao tipo de


cateter utilizado, os cateteres hidrofílicos são melhor avaliados. 23 Há
menor desconforto, assim como a introdução é reportada como mais
fácil com os cateteres hidrofílicos. 24, 25, 26

Uma revisão sistemática conduzida pelo Medical Advisory Secretariat


(Ontário, Canadá) encontrou variação substancial entre os estudos
quanto à indicação do cateterismo, critérios de inclusão e tipo de
cateter. Em dois estudos foram utilizados cateteres reutilizáveis. Os
resultados foram conflitantes em razão de limitações metodológicas.
Os estudos incluídos não permitiram concluir de forma inequívoca
quanto à diferença em termos de satisfação de uso .26

Outra revisão sistemática, com metanálise, mais recente, identificou


cinco estudos clínicos randomizados e prospectivos, perfazendo
um total de 508 lesados medulares, nos quais foram comparados
cateteres hidrofílicos e não-hidrofílicos. A incidência de infecções
urinárias foi significativamente menor nos pacientes submetidos ao
cateterismo intermitente com o cateter hidrofílico (OR=0,36 com IC
(95%): 24% a 54%; p<0,0001). Os episódios de hematúria também
foram menos frequentes no grupo de pacientes em que se utilizou
cateter hidrofílico (OR=0,57 com IC (95%): 35% a 92%; p=0,001). 22

Um estudo randomizado envolveu 123 pacientes com lesão


raquimedular e comparou episódios sintomáticos de infecção do
trato urinário e hematúria entre os usuários quando utilizado cateter
hidrofílico, ou cateter comum (uso único). Foi encontrada menor
taxa de infecção (64% versus 82%; p=0,02) no grupo que utilizou
cateter hidrofílico, sem diferença em termos de hematúria,
leucocitúria e bacteriúria. Vale ressaltar que algumas limitações

18
observadas

19
no estudo, tais como a perda de seguimento em mais da metade
da população incluída, comprometeram a qualidade científica do
mesmo.20

Outro estudo, também randomizado, em pacientes na fase aguda de


lesão raquimedular, concluiu que a incidência de infecções urinárias
sintomáticas durante o período de hospitalização foi reduzida em
21% no grupo em que foram utilizados cateteres hidrofílicos
(p<0,05). Nesse grupo de pacientes, houve ainda uma redução de
33% no risco de desenvolver a primeira infecção urinária
sintomática.21

20
Treinamento e orientações sobre
o cateterismo

Quanto ao calibre dos cateteres, podem variar de 6 a 12 Fr para


crianças, de 10 a 14 Fr para homens e 10 a 16 Fr para mulheres.
Em pacientes com urina piúrica ou submetidos à ampliação vesical
podem ser necessários cateteres com calibres ou orifícios maiores.
De um modo geral, o cateter calibre 12 Fr é utilizado pela maioria
dos pacientes. Para mulheres o comprimento do cateter pode ser
menor, o que facilita seu uso e armazenamento. 27

O cateterismo pode ser realizado em qualquer posição (ortostática,


sentado, supina), dependendo das limitações do paciente e do local
onde é realizado o procedimento. Os pacientes devem lavar bem as
mãos e limpar a região do meato uretral com água e sabão antes da
introdução do cateter. Pacientes do sexo feminino podem necessitar
de um espelho para facilitar a identificação do meato uretral. O cateter
deve ser suficientemente lubrificado e introduzido suavemente através
do meato uretral até que haja saída de urina através do mesmo. A
urina pode ser drenada diretamente no vaso sanitário, saco coletor,
ou qualquer recipiente. O cateter deve ser mantido até que cesse o
fluxo de urina. O cateter deve ser então, removido lentamente,
enquanto se faz manobra de esforço ou compressão suprapúbica a
fim de esvaziar completamente a bexiga.

No caso dos cateteres hidrofílicos, a embalagem plástica em que


estão contidos evita o contato direto com o cateter, prevenindo
contaminação. Vide detalhes na seção de técnica de cateterismo
vesical.

21
A frequência de realização do cateterismo intermitente é
determinada com base nos dados obtidos do diário miccional, sendo
dependente da capacidade vesical funcional, da ingesta hídrica, de
parâmetros urodinâmicos como complacência vesical, pressão de
enchimento, pressão atingida nas contrações involuntárias, eficácia
de medicamentos utilizados, presença e disponibilidade de cuidador,
entre outros. Usualmente, o número de cateterismos diários varia
de quatro a seis vezes, sendo que o volume drenado não deve
ultrapassar os 400 ml. Um número muito reduzido de cateterismos
em 24 horas pode resultar em um maior risco de infecções urinárias,
além do que a distensão exagerada da bexiga pode provocar lesão
na parede vesical. Em contrapartida, cateterismos muito frequentes
aumentam a probabilidade de complicações uretrais. Em dias mais
frios, ou em outras situações que provoquem o aumento do débito
urinário, a frequência do cateterismo intermitente dever ser
ajustada à situação. 28, 29

Nos pacientes neurogênicos com lesão medular traumática é comum


a retirada de elevado volume urinário na fase de choque medular,
havendo redução progressiva à medida que há resolução deste
período. Nos casos de lesão raquimedular incompleta muitas vezes
há micções espontâneas e o cateterismo intermitente é realizado
após cada micção para garantir o completo esvaziamento vesical, ou
para aferir o volume residual. Vale ressaltar que a necessidade e
frequência de realização do cateterismo intermitente devem ser
verificadas com regularidade, uma vez que tanto os processos
patológicos, como a disfunção miccional e a reposta ao tratamento
podem sofrer mudanças ao longo do tempo.

É de fundamental importância o treinamento e orientação do


paciente, familiares e cuidadores sobre a necessidade do
cateterismo intermitente e a correta técnica de execução.
Recursos áudio visuais são usualmente utilizados para ilustrar a boa
prática do cateterismo, bem como os riscos inerentes à sua não
realização e potenciais complicações. Pacientes sem destreza
manual, ou por limitação cognitiva devem ser assistidos por
cuidadores que muitas

22
vezes desconhecem a melhor técnica de realização do cateterismo
intermitente e necessitam de treinamento para correção de vícios no
procedimento.

Alguns fatores podem limitar a realização do cateterismo intermitente,


tais como: obesidade (principalmente em mulheres), lesões uretrais
(divertículos e estenose), sequelas motoras, tremor ou dificuldade
manual, comprometimento cognitivo, hipertonia muscular de
membros inferiores, prótese de quadril, dor neuropática, entre outros.
A faixa etária não deve ser considerada um impeditivo na realização
do cateterismo, sendo possível treinar tanto crianças como idosos
para que tenham sua independência no esvaziamento vesical. Como
mencionado previamente, a utilização de espelhos e dispositivos
para abdução dos membros inferiores pode auxiliar mulheres com
limitações neurológicas ou ortopédicas.

Apesar das controvérsias, o uso de antibióticos profiláticos não é


recomendado, uma vez que, apesar de diminuir a incidência de
bacteriúria assintomática, não existe evidência que seu uso diminua
a incidência de episódios de infecção urinária sintomática. Assim
sendo, a bacteriúria assintomática não deve ser tratada, exceto
quando o paciente necessite ser submetido à manipulação cirúrgica,
ou endoscópica.7

23
Complicações do cateterismo
vesical intermitente

Promover o esvaziamento da bexiga sem a necessidade da permanência


de um corpo estranho in loco tem muitas vantagens, sendo
frequentes as complicações descritas pelo uso de cateter de demora
(figura 1).30 Pacientes com esvaziamento vesical por cateterismo
intermitente têm melhor evolução de longo prazo quando
comparados àqueles que utilizam cateteres de demora por via
uretral, ou supra púbica, ou mesmo daqueles que realizam manobras
de Credé ou Valsalva para promover a micção (figura 2). 31, 32

Infelizmente o cateterismo intermitente não é isento de riscos


e complicações, sendo as mais frequentes infecções urinárias,
sangramento uretral e lesões de uretra. 33 É fundamental ressaltar
que a melhor prevenção para tais complicações é a realização de
acompanhamento constante e reavaliações periódicas dos pacientes
em regime de cateterismo intermitente.

Infecção urinária

A mais frequente complicação do cateterismo intermitente é a infecção


urinária. A prevalência da infecção urinária associada ao cateterismo
intermitente apresenta grande variação na literatura urológica. Isto
se deve aos diferentes critérios adotados neste tipo de levantamento
quanto ao diagnóstico da infecção urinária, intervalo entre os
exames, uso de profilaxia antibiótica, entre outros.34, 35, 36 Séries de
casos com

24
acompanhamentos de longo prazo mostram que em média 42% dos
pacientes terão infecções urinárias recorrentes ou persistentes. 37

Um dos principais fatores de risco para infecção urinária é a


presença de urina residual, sendo importante que a cada
cateterismo, a bexiga seja totalmente esvaziada.13 Outros fatores são
a baixa frequência dos cateterismos, a hiperdistensão da bexiga,
baixa ingesta de líquidos, material do cateter, erros de execução do
procedimento, gênero feminino e baixo nível educacional. 38

Na última década, os crescentes índices de resistência bacteriana a


antibióticos estimularam a realização de estudos voltados à busca
de menores taxas de infecção urinária em pacientes em regime de
cateterismo intermitente. Quando comparada a taxa de aderência
de bactérias a diferentes cateteres, pôde-se observar que tanto
bactérias gram-negativas, como gram-positivas não aderiram à
superfície dos cateteres hidrofílicos devido à usual característica
hidrofóbica das bactérias. 39 De Ridder et al. avaliando de forma
prospectiva homens com bexiga neurogênica devido a trauma
raquimedular, observaram duas vezes menos infecções sintomáticas
entre aqueles em uso de cateteres hidrofílicos. 20 Cardenas et al.
demonstraram que apesar de não ter sido obtida diferença no
número de infecções sintomáticas entre os grupos de cateter com e
sem revestimento hidrofílico, o primeiro grupo apresentou menor
necessidade do uso de antibióticos. Foi observado ainda que homens
apresentam maior benefício que mulheres, neste quesito, quanto ao
uso de cateteres hidrofílicos.40 Em estudo subsequente, randomizado
com pacientes lesados medulares, acompanhados desde o início da
reabilitação por um período de seis meses foi demonstrado
benefício do grupo em uso de cateter com revestimento hidrofílico
durante a fase aguda. Houve retardo na detecção do primeiro
evento de infecção urinária sintomática, com redução de 21% no
risco de infecção no período inicial da reabilitação.21

Na última revisão da Colaboração Cochrane foram analisados 31


estudos publicados até novembro de 2013 quanto ao uso de
cateteres com ou sem revestimento hidrofílico e a incidência de
infecções
25
urinárias sintomáticas e outras complicações. Questões relacionadas
aos métodos utilizados nos estudos não permitiram estabelecer se a
incidência de infecções urinárias foi afetada pela adoção da técnica
limpa ou estéril, pelo uso de cateteres hidrofílicos ou não, de uso
único ou reutilizados. De acordo com os autores, a opção por um ou
outro tipo de cateter deve ficar a critério da preferência e condições
pessoais e ser discutida com o médico que o assiste. 41

É importante enfatizar que o tratamento da infecção urinária só deve


ser feito na presença de sintomas, não havendo consenso sobre
a eficácia da antibioticoprofilaxia de baixa dose ou da instilação
intravesical de antibióticos. 42, 43, 44, 45, 46 O uso de ácido ascórbico por
via oral só parece útil quando associado a agentes antimicrobianos. 47
A ingesta de suco de cranberry em crianças tampouco apresentou
resultados convincentes. 48

Hematúria, trauma e estenose de uretra

Trauma uretral com presença de sangramento é frequentemente


observado no início da realização do cateterismo intermitente, mas
pode persistir em até 30% a 60% dos pacientes em fases mais
tardias.49,50 Lesão da mucosa uretral com a formação de falso trajeto
é uma complicação incomum, podendo ocorrer em virtude da
presença de estenose de uretra, dissinergia detrusor esfincteriana e
aumento do volume prostático. É fato que sua incidência diminui
com o aperfeiçoamento da técnica. 37

A estenose de uretra é uma complicação tardia, demandando em


média cinco anos desde o início do cateterismo intermitente. 50
Estenoses da uretra representam um grande desafio, uma vez que
dificultam a manutenção do cateterismo intermitente. Entre os
principais fatores de risco para esta complicação podem ser citados
os cateterismos muito frequentes, a manipulação forçada da uretra
gerando uretrorragia e o uso de cateter vesical de demora por
tempo prolongado prévio ao regime de cateterismo intermitente. 14,
28, 50, 51
Entre os cuidados para evitar o desenvolvimento de estenoses

26
uretrais

27
devemos atentar à introdução cuidadosa do cateter, assim como sua
lubrificação. O grau de inflamação da uretra, avaliado com citologia,
é menos intenso quando utilizados cateteres hidrofílicos. A baixa
resistência provocada pela superfície do cateter com revestimento
hidrofílico tem sido relacionada à prevenção de complicações
uretrais com significativa redução dos episódios de hematúria
conforme publicado por Stensballe et al. em um estudo cruzado
prospectivo com 49 pacientes do sexo masculino. 52 No entanto, a
Colaboração Cochrane demostrou haver apenas um pequeno
benefício do grupo em uso de cateteres de revestimento hidrofílico,
quanto à diminuição dos episódios de hematúria, não tendo sido
demonstrada diferença estatística entre os dois grupos estudados. 41

Outras complicações como hidronefrose, refluxo vésico-ureteral e o


câncer de bexiga têm maior relação com alterações da estrutura da
parede vesical, infecção urinária recorrente, elevada pressão detrusora
e afecção neurológica de base do que com o cateterismo em si. A
formação de cálculos de bexiga por inoculação de corpos estranhos
(pelo pubiano, fragmento da embalagem do cateter) e perfuração da
bexiga são complicações raras do cateterismo intermitente (figura 3).
53, 54, 55, 56

28
Técnica de Cateterismo Vesical
Intermitente limpo em homens

1. Procurar ambiente com privacidade

2. Preparar o material necessário

- cateter uretral indicado pelo profissional médico

- água corrente e sabão

- coletor externo

- lubrificante uretral

- toalha de rosto ou papel

3. Dispor o material sobre a toalha limpa ou papel em superfície de


fácil acesso

4. Expor adequadamente a genitália, com cuidado para evitar que


respingue água, ou mesmo urina na roupa durante o procedimento.
Caso apresente micção espontânea, esta deve ocorrer antes
do início do cateterismo. O procedimento pode ser realizado
sentado na cadeira de rodas, ou no vaso sanitário, o que facilita
a higienização das mãos e genitália. Em tetraplégicos pode-
se permanecer na cama. O importante é que seja em posição
confortável e ergonômica.

5. Lavar as mãos com água e sabão. A utilização de lenços umedecidos


é uma alternativa na dependência do local e disponibilização de
recursos.

29
6. Limpar a glande e o meato uretral com água e sabão após retrair
o prepúcio.

7. Segurar o pênis perpendicularmente apontando-o para o umbigo.

8. Lubrificar o cateter a ser utilizado colocando uma porção do


lubrificante sobre o mesmo, ou se disponível. Para cateteres
hidrofílicos não há necessidade de lubrificação.

9. Introduzir o cateter de forma contínua até que a urina comece


a sair. Às vezes pode ser sentida uma resistência durante o
procedimento, que pode ser secundária à contração involuntária
do esfíncter, ou pelo aumento da próstata. Nestes casos, pode
ser aumentada a lubrificação de cateteres convencionais, ou
manter o cateter na mesma posição com leve pressão até que o
espasmo esfincteriano cesse e seja vencida a resistência. Não
forçar caso ocorra dobra do cateter, ou em havendo
sangramento uretral.

10. Manter o cateter na uretra drenando a urina direto no vaso, ou


em algum recipiente externo. Anotar o volume urinado caso tenha
sido solicitado.

11. Retirar o cateter suavemente pois ainda pode refluir urina.


Desprezar o cateter e coletor com urina tão logo termine o
procedimento.

12. Limpar o pênis com toalha de papel, pano ou lenço umedecido.

13. Lavar as mãos com água e sabão.

30
Técnica do Cateterismo Vesical
Intermitente limpo nas mulheres

1. Procurar ambiente com privacidade

2. Preparar o material necessário

- cateter uretral indicado pelo profissional médico

- água corrente e sabão

- coletor externo

- lubrificante uretral

- toalha de rosto ou papel

3. Dispor o material sobre a toalha limpa ou papel em superfície de


fácil acesso

4. Permanecer em posição confortável. O cateterismo vesical pode


ser realizado em posição sentada no vaso sanitário, na cadeira
de rodas, ou mesmo em pé, com uma das pernas colocadas
sobre a borda do vaso. Caso necessário, pode ser realizado em
posição deitada, com as pernas afastadas por algum aparato. A
utilização de espelho é recomendada sobretudo no início,
quando ainda não existe uma prática de localizar o meato
uretral.

5. Lavar as mãos com água e sabão. A utilização de lenços umedecidos


é uma alternativa na dependência do local e disponibilização de
recursos.

31
6. Lavar ou limpar o períneo com água e sabão, com movimentos
de cima para baixo.

7. Lubrificar o cateter a ser utilizado colocando uma porção do


lubrificante sobre o mesmo. Para cateteres hidrofílicos não há
necessidade de lubrificação.

8. Afastar os lábios, expondo o meato uretral.

9. Introduzir o cateter de forma contínua até que a urina comece a


sair.

10. Manter o cateter na uretra drenando a urina direto no vaso ou


em algum recipiente externo. Anotar o volume urinado caso tenha
sido solicitado.

11. Retirar o cateter suavemente pois ainda pode refluir urina.


Desprezar o cateter e coletor com urina tão logo termine o
procedimento.

13. Limpar a região genital com toalha de papel, pano ou lenço


umedecido.

14. Lavar as mãos com água e sabão.

32
■ ■■■

Fluxograma
11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111
Esvaziamento vesical incompleto
(ex: Hipocontratilidade detrusora, hiperatividade detrusora neurog€nica, hiperatividade detrusora idiopi3tica)

Obstru ao infravesical

Tratamento especifico do processo obstrutivo Cateterismo vesical intermitente limpo Ambiente Nosocomial
(ex: estenose de uretra, esclerose de cola vesical, hiperplasia da pr6stata)

Considerar Cateterismo vesical esteril ou asseptico, conforme recomenda o


da institui ao

Complica oes
J:,.

Sim Nao

Manter cateterismo intermitente


Estenose de uretra lnfec ao urinaria
Hematuria

Revisar tecnica
do cateterismo
vesical
Revisar tecnica Revisar tecnica
intermitente
do cateterismo do cateterismo
limpo
vesical vesical
intermitente intermitente
Ajuste da
limpo limpo
frequencia do
cateterismo
intermitente

L Considerar ca
* teter
J
hidrofilico

27
Figuras

Figura 1: Lesão de uretra por uso crônico de cateter de demora

28
Figura 2: Urografia excretora de avaliação oito meses após lesão medular traumática. À esquerda
antes do início do cateterismo intermitente, à direita seis meses após o início do cateterismo
associado ao uso de anticolinérgico oral.

Figura 3: Fragmentos de embalagem de cateter uretral inoculados na bexiga, com incrustação.

29
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