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Cistos dos Maxilares- Radiologia- P6-Iúska Mariz

Cisto: Cavidade patológica preenchida com material líquido ou semi-sólido, delimitada por
epitélio e circundada por uma parede bem definida de tecido conjuntivo.

Formação cística:

Etapas:

 Proliferação dos restos epiteliais, formando ilhotas;


 Degeneração e necrose das células centrais;
 Liquefação das células mortas;
 Formação de cavidades centrais.

Crescimento contínuo:

 Por expansão;
 Pressão interna (por osmose);
 Entrada de líquidos tissulares vizinhos.

Características clínicas:

 Lesões crônicas;
 Crescimento lento;
 Assintomática;
 Detectada por exames de rotina;
 Tumefação: lesões volumosas;
 Localização: Maxila (podem crescer para dentro do seio maxilar) e mandíbula (acima
do canal mandibular)

Características radiográficas:

Estruturas adjacentes:

 Deslocamento e reabsorção dental;


 Provocar expansão da mandíbula;
 Transformar as corticais vestibular ou lingual em um fino limite cortical;
 Podem deslocar o canal mandibular em uma direção inferior;
 Invaginar o seio maxilar.

Lesão:

 Área radiolúcida de densidade homogênea;


 Geralmente de forma arredondada ou ovalada;
 Envolta por uma linha radiopaca;
 Calcificação distrófica: cisto de longa duração;
 Múltiplas loculações separadas por trabéculas ósseas ou septos.

Classificação:
1.0- Cistos Odontogênicos:

a- Cisto dentígero:

 Maior freqüência dentre os cistos odontogênicos de desenvolvimento;


 Cisto que se forma ao redor da coroa de um dente não erupcionado ou
supranumerário;

Características clínicas:

 É notado em exame radiográfico de rotina ou durante o exame clínico (ausência


dentária);
 Associado a dentes vitais;
 Inicialmente assintomático;
 Aumento de volume endurecido, podendo levar ocasionalmente a assimetria
facial, parestesia e apinhamento dentário.

Características radiográficas:

 Área radiolúcida, unilocular, delimitada por um halo radiopaco (osteogênese


reacional);
 Associada a coroa de um dente não irrompido;
 Osteogênese situa-se a partir da junção amelocementária;
 O dente envolvido em geral é um terceiro molar ou canino superior (são os mais
comumente afetados).
 Variações radiográficas de acordo com o envolvimento da coroa e da raiz: Central,
lateral ou circunferencial.

Radiografia panorâmica onde


podemos observar o elemento 37
incluso, envolto por área
radiolúcida, delimitada por halo
radiopaco, sugerindo assim, um
caso de cisto dentígero.
Características radiográficas nas estruturas adjacentes:

 Deslocar e absorver dentes adjacentes;


 Ele comumente desloca o dente associado em direção apical;

Diagnósticos diferenciais:

 Folículo hiperplásico;
 Tumor odontogênico ceratocisto;
 Outras lesões que circundam a coroa como: amelo unicístico; fibroma ameloblástico;
cistos calcificantes; tumores adenomatóides.

b- Cistos periodontais:

 Associados a lesões inflamatórias iniciadas na polpa dentária;


 Maior freqüência dos cistos odontogênicos de origem inflamatória;
 Podem estar localizados na região periapical, chamados de radiculares ou apicais, ou
serem encontrados relacionados com canais acessórios ou perfurações radiculares,
chamados de cistos laterais.

-Cisto radicular:

Também conhecido como cisto radicular apical, cisto periodontal apical e cisto periapical;

Definição: Mais comum dos cistos odontogênicos;

Origem: remanescentes epiteliais de Malassez no ligamento periodontal que se proliferam e


sofrem degeneração cística. A resposta inflamatória aumenta a produção de fatores de
crescimento de ceratinócitos pelas células do estroma periodontal, levando a proliferação do
epitélio sadio da região (restos epiteliais de Malassez);

Características radiográficas:

 Periferia e forma: Limite cortical bem definido, delimitado por uma linha de esclerose
óssea marcadamente radiopaca (osteogênese reacional).
 Estrutura interna: Imagem radiolúcida de densidade homogênea arredondada ou
ovalada.

Diagnóstico diferencial: Assemelha-se a outros cistos, mas a vitalidade do dente deve ser
observada para auxiliar no diagnóstico diferencial.

Cisto radicular/Cisto periapical


-Cisto residual:

 São cistos que não foram retirados total ou parcialmente após a avulsão de dentes
correspondentes, continuando a sua evolução. Atingem grandes dimensões em
pacientes desdentados, sendo detectados radiograficamente ou quando provocam
expansão das corticais ósseas.

Cisto residual

-Cisto periodontal lateral:

São cistos periodontais que se desenvolvem lateralmente a uma raiz dental. Classificados em
dois grupos:

1 - A partir de granulomas laterais, resultantes de estímulos infecciosos em um conduto


radicular acessório ou de uma perfuração radicular;

2 - Desenvolvem-se lateralmente a dentes hígidos (provável cisto primordial colateral), com


maior frequência na região de caninos e pré-molares inferiores, local de incidência de dentes
supranumerários, ou talvez possa ter a origem a partir de um cisto dentígero lateral, em que a
erupção do dente faz com que a posição do cisto fique na raiz após a erupção.

Características radiográficas:

 Radiograficamente é unilocular, radiolúcido bem circunscrito, localizado lateralmente


a uma raiz de um dente com vitalidade;
 Quando se apresenta multilocular é chamado de cisto botrióide (semelhante a cacho
de uvas);
 Essas multiloculações possivelmente são o resultado da degeneração cística e fusão
dos restos da lâmina dentária.

Imagem radiográfica que mostra


localização típica entre as raizes
dos pré-molares com vitalidade
pulpar.
2.0-Cistos não-odontogênicos:

Cistos fissurais:

São derivados da proliferação de remanescentes epiteliais embrionários, que ficam retidos nas
linhas de soldadura dos processos embrionários, que futuramente formarão a face.

Exemplos: Cisto nasolabial; Cisto Cisto globulomaxilar; Cisto nasopalatino; Cisto palatal
mediano; Cisto mandibular mediano.

a- Cistos medianos:

São aqueles cistos fissurais localizados no plano sagital mediano da maxila e mandíbula;

Cisto mandibular mediano:

Ocasionalmente encontrado na linha mediana da mandíbula; Caracterizado por uma área


radiolúcida bem delimitada, afastando as raízes dos dentes da região (incisivos centrais
inferiores).

Cisto palatino mediano:

Definição: Área radiolúcida bem definida entre as porções palatinas dos maxilares,
posteriormente a papila, na altura dos pré-molares e molares.

Desenvolvimento: aumento de volume para o lado bucal, devido à presença do septo nasal;
Assintomáticos, podendo supurar se infectados.

OBS: Radiotransparência na linha média sem evidência clínica... se houver expansão,


provavelmente é um cisto do ducto nasopalatino.

b- Cisto nasopalatino:

Sinonímias: Cisto do canal nasopalatino; Cisto do canal incisivo;Cisto maxilar mediano anterior.

Apresenta-se em duas situações:

1. Cisto nasopalatino do canal incisivo: Quando se desenvolveu dentro ou do lado do


canal incisivo;
2. Cisto da papila incisiva: quando se desenvolve em partes moles, abaixo da papila
incisiva, atrás dos incisivos centrais.
Características clínicas:

 Predominância em homens;
 Quarta a sexta décadas de vida;
 Assintomático;
 Tumefação da região anterior do palato;

Características radiográficas:

 Radiograficamente, a lesão apresenta-se com área radiolúcida, unilocular, bem


delimitada, com bordos radiopacos (escleróticos), de formato que varia de ovóide,
arredondada, com aspecto de coração ou pêra próximo ou na linha média da maxila.
Sabe-se que o formato de coração resulta da sobreposição da espinha nasal anterior
ou porque apresentam projetada a imagem do septo nasal enquanto que, a forma de
pêra invertida, provavelmente ocorra devido à resistência das raízes dos dentes
adjacentes. Raramente é notada reabsorção radicular.

c- Cisto nasolabial:

 Cisto pouco freqüente, de partes moles ocorrendo ao nível do sulco nasolabial, abaixo
da asa do nariz;
 4ª e 5ª décadas de vida;
 Pode provocar aumento de volume na região e acima do lábio superior, geralmente
unilocular;
 Elevação da asa do nariz e desaparecimento da incisura nasolabial;
 Sem repercussões radiográficas (ocasionalmente reabsorção superficial do osso por
pressão do cisto).

3.0- Pseudocistos:

Lesões cujo aspecto radiográfico lembra o cisto, mas não possui revestimento epitelial.

a- Cisto ósseo aneurismático:

Características clíncias:
 Lesão benigna;
 Encontrada em todo o esqueleto;
 Crianças e adultos jovens;
 Mais comum em ossos longos (mandíbula);
 Cavidades patológicas preenchidas por sangue;
 Aumento de volume acompanhado ou não por dor;
 Migração dentária; Unilateral.
 Achados radiográficos podem ser inespecíficos, sendo que os achados tomográficos
costumam ser sugestivos (devido à densidade do conteúdo da lesão).
 A patogênese do cisto ósseo aneurismático é controvertida, e várias teorias foram
postuladas para explicá-la. Vários autores têm concordado com o ponto de vista de
que o cisto resulta de um distúrbio hemodinâmico do osso, na forma de uma oclusão
venosa súbita ou o desenvolvimento de um desvio arteriovenoso, gerado por uma
lesão primária (a exemplo do granuloma central de células gigantes).

Características radiográficas:

 Imagem radiolúcida;
 Unilocular;
 Com abaulamento significativo;
 Imagem de forma explosiva do osso.
 Reabsorção endosteal das corticais ósseas, quando estas são alcançadas, ocorrendo
destruição “balonizante” ou com aspecto de “sopro para fora” do contorno do osso
afetado.

b- Cisto ósseo simples:

 Desenvolvimento por uma hemorragia intramedular produzida por trauma (teoria


trauma-hemorragia), formando uma cavidade vazia.
 Mandíbula;
 1ª e 2ª décadas de vida;
 Assintomático-Descoberto em exame de rotina;
 Não há deslocamento dental;

Radiograficamente: Área radiolúcida, bem delimitada, entre as raízes dos dentes


próximos, podendo ser observadas interdigitações entre as raízes dentárias, geralmente,
sem reabsorções radiculares.
Quando vários dentes estão envolvidos na lesão, o defeito radiolúcido frequentemente mostra
projeções em forma de cúpula, que se dirigem para cima entre as raízes dos dentes.

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