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Escola Secundária de Muatala

Trabalho da Disciplina de Português

Tema: Variação Linguística: Moçambique - Brasil

Ménia Miguel Arcanjo

, Turma: C1.1,

Classe 12ª

Docente

Nampula, Fevereiro
2022
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Introdução
O presente trabalho de caracter avaliativo, que carrega com sigo o seguinte tema: Variacao
Linguistica Mocambique-Brasil Para a materialização deste trabalho servimo-nos de diferentes
abordagens teóricas consultadas desde manuais do ensino secundário geral a artigos e livros
disponibilizados na Internet. Pretende-se, como objectivo, expor as diferenças entre as variações
do português epigrafado.

Variação da língua portuguesa: Brasil e Moçambique


A actualização de uma língua apresenta diferenças no espaço geográfico, na medida em
que os falares diferem de continente para continente e até de região para região. Tal é o caso de
Moçambique e Brasil.
A essas diferenciações quanto à forma de falar em cada região ou local chamamos
variações diatópicas. Como propõem Cunha e Cintra (1991) “todas as variedades linguísticas são
estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades dos seus
usuários. Mas o facto de a língua estar fortemente ligada estrutura social e aos sistemas de valores
da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades
diatópicas, diastráticas e diafásicas”. Entende-se com isso que sendo a língua um organismo vivo
e articulado em sociedade por um grupo específico ela muda conforme as diversidades que esse
mesmo grupo social apresenta e vivencia.
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Evocando o dito mais acima, notar-se-á que as grandes diferenças derivam ou tem
influência de línguas nativas e estrangeiras, que resultam em palavras e expressões particulares.
O português brasileiro tem influência de línguas indígenas e dos idiomas dos imigrantes, como
árabes e italianos, por um lado. Por outro, em Moçambique, o português é marcado por 20
línguas nacionais e mais 20 “línguas” que destas se originam. Apesar de ser o idioma oficial do
país, ele é falado por apenas 40% da população, querendo significar que se comparada com cada
uma e qualquer língua nacional

Diferenças da variação de Brasil e Moçambique


Antes que se discorra a profundidade dessas diferenças é mister que se relembre do facto
segundo o qual o Português do Brasil (PB) agrega, com mais de 200 milhões de falantes, a maior
comunidade da língua portuguesa tendo adeptos até aqui em Moçambique, isto é, o português de
matriz brasileira vem cada vez mais se impondo no mundo lusófono. Neste sentido, a Língua
Portuguesa apresenta algumas diferenças quanto à utilização que dela se faz em alguns países do
mundo. Entre o português falado em Moçambique (PM) e o português falado no Brasil (PB), por
exemplo, existem algumas diferenças. Portanto, mais a seguir vamos analisar com mais pormenor
algumas dessas diferenças:
Por exemplo, enquanto no PM dizemos «Hoje, a Maria não apareceu por aqui», no PB
diz-se «Hoje, Maria não apareceu por aqui».
Portanto, o que há de diferente nas duas construções é que na primeira construção (PM)
temos o artigo a anteceder o substantivo ou nome (Maria), ao passo que na segunda construção
(PB), verifica-se que o substantivo ocorre sem nenhum artigo a antecedê-lo.
Podemos, assim, depreender deste exemplo que no PB omitem-se os artigos, ou seja, os
substantivos ou nomes ocorrem sem determinantes ou artigos a antecedê-los, enquanto no PM
não se verifica tal irregularidade.

Vamos ver uma outra situação:


 PM: Vou comprar o meu vestido. PM: Não conheço a sua
mulher.
 PB: Não conheço sua mulher. PB: Vou comprar meu vestido.
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Tomando como base os exemplos acima apresentados, podemos salientar que, quanto ao
nível morfológico e sintáctico, no PB é habitual, antes do possessivo pronominal, a ausência do
artigo. Pelo contrário, no PM temos sempre o artigo a anteceder o possessivo pronominal, salvo
nos casos em que a frase é construída incorrectamente. As regras, porém, ditam a colocação do
artigo antes do possessivo pronominal ou antes do substantivo.

Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas


adequados às necessidades dos seus falantes. Mas o facto de a língua estar fortemente ligada à
estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das
características das suas diversas variações diatópicas, diastráticas e difásicas. Resumidamente,
podemos definir cada uma destas variações do seguinte modo:

 Variações diatópicas — são as que se referem a falares locais, regionais e


intercontinentais (como é o caso do português do Brasil e do português de Moçambique);
 Variações geográficas ou diastráticas — são as que se referem às diferenças verificadas
na linguagem das várias camadas socioculturais. Por outras, as variedades linguísticas
que, em certa região, apresentam características bastantes para as diferenciarem da língua
comum de uma determinada sociedade. São os dialectos ou falares regionais;
 Variações difásicas — são as que dizem respeito aos diferentes tipos de modalidade
expressiva (língua falada, escrita, literária). As diferenças entre os tipos de modalidade
expressiva (língua falada, língua escrita, língua literária, etc.). Todas as línguas e dialectos
(variedades de uma língua) são complexos eficientes para o exercício de todas as funções
a que se destina a nenhuma língua ou variedade dialectal é inerentemente inferior a outra
semelhante a sua. Assim, dizer que uma variedade rural é simples demais e, portanto,
primariamente, significa que há alguma outra variedade mais complexa e mais
desenvolvida.

Neste contexto, é ainda importante distinguir dialecto de língua padrão. O português


falado em todo o mundo é, apesar de tudo, uma língua bastante homogénea, devido à acção de
diversos factores, entre os quais se destacam a ampla difusão dos meios de comunicação e a
implantação do ensino obrigatório.
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O traço de união entre as variedades que se registam nos diferentes países é a língua
padrão, que funciona como um modelo linguístico. Entre as muitas variedades de uma língua, há
uma que se destaca e é escolhida pela sociedade como modelo. A língua padrão é a variedade
social de uma língua que foi legitimada historicamente enquanto meio de comunicação da classe
média e da classe alta de uma comunidade linguística.

Os acontecimentos históricos, os contactos com falantes de outras línguas, o tempo, entre


outros factores, determinaram que o português se fosse progressivamente diferenciando de região
para região. Sofreu numerosas mudanças à medida que se foi implantando em diferentes espaços
geográficos, mudanças essas que deram origem a diversas variedades. Em cada região
encontramos uma variedade distinta, com os seus traços particulares. No Brasil não se fala um
português idêntico ao de Moçambique e mesmo em Moçambique há diferenças entre o falar de
um falante do Norte e o de um falante do Sul.

Nessa variedade, o mais uma vista dos falantes é uma mudança lexical, fonética e
semântica. Até nos dias de hoje, os falantes da língua xichangana ainda dizem: ku dlaya nyocana!
(matar o bicho!) para se referir à primeira refeição do dia que ocorre antes das12h. E, assim,
houve transporte desse termo em tal contexto para a língua portuguesa: “mata-bicho” que
significa “café da manhã”do Brasil) ou pequeno.
Como palavras e expressões sograria (casa dos sogros), cortar o ano (réveillon); falar alto
(subornar/corromper); wasso -wasso (feitiçaria pára amar alguém); tchapo-tchapo (rápido);
massa (mochila); machamba (horta, roça); madala (idoso); barraca (lanchonete), etc., são
transformações PM e estão intimamente ligados à cultura moçambicana.
É, portanto, frequente percebermos e nos depararmos com estes termos em comunicação
cotidiana com os falantes moçambicanos porquanto se originam como transformações e
integração de várias palavras proveniente das Línguas Bantu moçambicanas (LBm).
Por exemplo, timbila /timbilas (xilofone/xilofones), pala-pala /pala-palas (chifre/chifres
de antílope), capulana /capulanas (tecido de algodão que as mulheres usam como adorno
amarrado à volta da cintura), tchova /tchovas (carrinho /carrinhos de mão), madala /madalas
(idoso /idosos), mamana / mamanas (mãe /mães), molwene / molwenes (marginal /marginais ou
diz-se de pessoas em situação de morador de ruas), mufana / mufanas (rapaz/rapaz). É
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interessante deixar claro que a palavra timbilas aportuguesou-se com adaptação de marcação de
número de duas línguas: mila (singular) e 'ti' (prefixo do plural). Quando se adicionar 's'estáse
mais uma marca gramatical na mesma palavra. Portanto, “ti” (marca do plural das línguas do
grupo tsonga) e “s” (para o plural em português).

Os exemplos avançados a pouco foram extractos de Gonçalves (2013). Nesse artigo, o


autor discute a temática do português de Moçambique quando equiparados à norma padrão
europeu (Português Europeu /PE) pelas gramáticas tradicionais em uso em Moçambique.
Segundo o mesmo autor, o português de Moçambique há interferências sintácticas, provenientes
das línguas bantus
Moçambicanas.
Exemplos:
1. O meu irmão foi concedido uma bolsa de estudos. (sem equivalente)
2. Tu também podes nascer um filho saudável. (PE = dar a luz)
3. O presidente afirmou que não sei. (PE = afirmou que não sabia)
4. Ele saiu em casa muito cedo. (PE= de casa)
5. Muitos já não respeitavam a tradição. (PE= respeitam)
6. Rituais religiosos só conheceram um. (PE=religiosos)
7. Os alunos propuseram fazerem o trabalho em dois dias. (PE=fazer)
8. Os chefes devem criar as melhores condições para todos (PE=criar
9. Jovem universitário, procure o teu lugar. (PE=procure.../...seu)
10. Você não tinha nada que falar, porque ele não é teu irmão. (PE=seu)
No português de Moçambique, constata-se a ausência de concordância verbal e nominal
em frases. Os exemplos 5 e 6 ilustram esse fenómeno da conversão com relação ao Português
Europeu (PE).
Para além da falta de concordância verbal e nominal, nota-se exão do infinitivo. Assim,
vejamos os exemplos 7 e 8.
No Português de Moçambique, é frequente a neutralização de formas próprias para o
tratamento por tu /você. Para ilustrar, vejamos os exemplos 9 e 10.
Sob ponto de vista fonético-fonológico, Ngunga (2012) apresenta a inserção da nasal, tal
se pode ver nos seguintes exemplos: convinte* /“convidar”; enkonomiya* / “economia”;
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enzagero* /“exagero”; enzame* /“exame”, enzixte* /“existe”; etc. Ainda há o de vozeamento dos
filhos consonânticos para falantes da makhuwa como língua materna: kasa* /“caça”,
casa*/“casa”, kasa* /“Gaza”, teto* / “dedo”.

Conclusão
Chegando neste ponto mas alto do trabalho, quero agradecer ao docente da mesma disciplina, por
ter nos dado este trabalho de estrema importancia,subordinado ao tema: Variacao Linguistica
Mocambique – Brasil, pois por intermedio dos estudos feitos em busca das informacoes para a
construcaodeste trabalho, pois puude aprender que A actualização de uma língua apresenta
diferenças no espaço geográfico, na medida em que os falares diferem de continente para
continente e até de região para região. Tal é o caso de Moçambique e Brasil.
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Referências Bibliográficas
CUNHA e CINTRA, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Edições João Sá da Costa,
Lisboa, 1991.
FERNÃO, Isabel Arnaldo; MANJATE, Nélio José. Português 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª
Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010
NGUNGA, Armindo e FAQUIR, Osvaldo G. Padronização da ortografia de línguas
moçambicanas: Relatório do III Seminário. Col. As nossas línguas. Maputo: CEA, 2011

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