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Eu e Minha Casa
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Eu e Minha Casa

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About this ebook

Neste livro o autor consegue, em 160 páginas, se aprofundar sobre temas importantes como: A Instituição da Família, O Papel do Marido e da Esposa Dentro da Família, Conflitos Familiares, entre outros. Um livro repleto de referências bíblicas, históricas e até mesmo filosóficas. Nele você encontrará um norte para que sua família esteja no centro da "boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Um produto CPAD.
LanguagePortuguês
PublisherCPAD
Release dateFeb 12, 2016
ISBN9788526313729
Eu e Minha Casa

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    Eu e Minha Casa - Reynaldo Odilo

    Referências

    Há milhares de anos que a sociedade aprende com Aristóteles (384 - 322 a.C.), o filósofo grego que foi discípulo do renomado Platão e mestre de Alexandre, o Grande. Pai da lógica formal, ele deu à ciência e à filosofia a base segura que precisavam para crescer: a certeza de que o conhecimento deve ter como tema a própria realidade.

    O sábio filósofo, ao tratar sobre a gênese do Estado, abordou o tema família, trazendo ideias que ainda perduram e influenciam a sociedade contemporânea. Em sua célebre obra A Política, ele conceitua Família como sendo a reunião de um homem e uma mulher, para formarem um lar, constituindo, assim, a mais importante sociedade natural.¹ Essa indispensabilidade primordial da família, formada por homem e mulher, era, portanto, na visão aristotélica, o pressuposto lógico necessário à sociedade. Assim, sem família, nos moldes por ele pensado, não haveria sociedade. Ele arremata:

    A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias [que são formadas pela união de famílias] constitui a cidade, que tem a faculdade de se bastar em si mesma, sendo organizada não apenas para conservar a existência, mas também para buscar o bem-estar. Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios da natureza, como todas as outras que são seus elementos. ²

    Dessa forma, como as famílias formaram as aldeias, e estas, por sua vez, deram origem às cidades, no entendimento de Aristóteles, a sociedade estabelecida nas cidades deve se voltar para o núcleo primordial (a família), a fim de propiciar-lhe bem-estar. Ele vai além ao afirmar que, se os indivíduos estiverem separados e desarticulados, serão inúteis, semelhante às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade, como uma mão de pedra.³

    Aristóteles concebia acertadamente que a família natural desempenhava um papel basilar na sociedade. Era um dos seus pilares. As premissas são simples e nitidamente coerentes: (1ª) para o ser humano, é natural viver em sociedade;⁴ (2ª) os homens e as mulheres naturalmente se reúnem e formam-se em famílias;⁵ (3ª) a reunião das famílias dá origem à cidade⁶; e (4ª) a união das cidades constitui o Estado.⁷

    Esse posicionamento aristotélico atravessou os milênios e se alojou na Declaração Universal dos Direitos do Homem, que assevera: a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção do Estado,⁸ bem como na Constituição Federal do Brasil, quando também estabelece a família como a base da sociedade, garantindo-lhe especial proteção do Estado.⁹

    A família natural, clássica, formada inicialmente pela união de homem e mulher, tanto na Bíblia, como na sociologia e filosofia, aparece há milênios como o antecedente biológico, psicológico, social e cultural, indispensável para que a sociedade viesse a existir.

    A instituição da família foi uma brilhante ideia de Deus e encontra respaldo empírico nas ciências humanas e sociais, desde épocas mui remotas. O filósofo Aristóteles, como mencionado, não disse nada que Deus não tivesse outrora ensinado. Ele apenas reproduziu o que as coisas são, o que elas significam, a partir de uma análise da realidade.

    Assim, antes de instituir a família, o Senhor deixou Adão isolado, sozinho, durante algum tempo, para que o homem pudesse resolver algumas coisas importantes. Depois, porém, Deus trouxe um lindo presente para o homem: Eva. Adão deveria construir sua vida em parceria com uma mulher, de forma a complementá-lo, e vice-versa, com o objetivo de estabelecerem um lar feliz.

    É claro, porém, que é possível ser feliz mesmo solteiro. O apóstolo Paulo, por exemplo, recomendou que, se possível, o homem ficasse sem se casar (1 Co 7.1,2). É óbvio que Paulo estava fazendo uma abordagem de natureza espiritual, analisando sob o prisma do serviço ao Senhor, pois, realmente, a existência de um cônjuge enseja responsabilidades divididas entre o agradar a Deus e atender às necessidades conjugais. Em seguida, entretanto, o apóstolo dos gentios arremata que, diante das circunstâncias de se viver neste mundo corrompido pelo pecado, cada pessoa deve se casar.

    É certo que existem exceções a esta regra. Por exemplo, os profetas Jeremias e Daniel, além do próprio Senhor Jesus, nunca tiveram esposa, porque, como explicou o Salvador, ... há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba (Mt 19.12).

    O fato é que, como visto, a felicidade não passa, inexoravelmente, pela experiência de um casamento, pois a própria Bíblia relata que existiram muitos homens que viveram felizes, mas que não se casaram; entretanto, o princípio de que não é bom o homem estar só não deve ser questionado em razão de pontuais exceções.

    A família, nos moldes estatuídos por Deus, é largamente reconhecida nos círculos intelectuais das ciências, sendo fonte exponencial de alegria e, por via de regra, o único lugar onde o ser humano pode ser completamente afortunado.

    I. UM PROJETO CHAMADO FAMÍLIA

    1. O problema de estar só

    Deus viu que o isolamento contínuo do homem não era bom (Gn 2.18), porém utilizou isso, certamente, para moldar Adão e ensinar muitas coisas a ele, antes mesmo da chegada de Eva. Isso demonstra a importância de o ser humano, antes de tudo, passar um tempo a sós com Deus e, apenas depois, pensar em ter intimidade com outro semelhante.

    Adão estava só. Mesmo assim, ele não se sentia abandonado ou em solidão, que, conforme a psicologia conceitua, é um dos grandes problemas da mente e que atinge milhões de pessoas em todo o mundo, causando muito sofrimento interior, pois se trata de uma doença da alma. Isso aconteceu com o profeta Elias, o qual sofreu de solidão cósmica. Ele se via sozinho no mundo, porém Deus o corrigiu, dizendo que havia mais de sete mil pessoas que estavam do lado dele (1 Rs 19.10,14,18). A solidão é um perigoso estado da mente que pode durar muito tempo. É uma porta para a depressão.

    Gary R. Collins alude:

    "Baseado num importante estudo sobre solidão, o sociólogo Robert Weiss calcula que um quarto da população americana se sente extremamente sozinho em algum momento, durante determinado mês.¹⁰ Essa sensação afeta pessoas de todas as idades, inclusive crianças, mas os estudiosos concordam que a solidão cresce bastante durante a adolescência e atinge seu ponto mais alto entre os dezoito e os vinte e cinco anos.  Embora a solidão apareça em todas as culturas, ela é mais frequente em sociedades como a nossa, que estimulam o individualismo. Pessoas solitárias existem em todos os grupos profissionais, mas há evidências de que o número de solitários é particularmente elevado entre as pessoas altamente ambiciosas e carreiristas. (...) O mesmo acontece com (...) os trabalhadores compulsivos que se deixam envolver por atividades que interferem na vida particular". ¹¹

    A solidão, portanto, vem com muita intensidade, segundo a pesquisa mencionada por Gary Collins, quando a pessoa está entre 18 e 25 anos. Que coisa interessante, não? Será que é porque, coincidentemente, é nesse período da vida em que as pessoas, habitualmente, devem se casar? O fato é que solidão traz sofrimento. Afinal de contas, como dizia o poeta e pastor inglês John Donne (1572-1631): Nenhum homem é uma ilha.

    O isolamento, porém, é uma coisa boa. Há momentos em que o homem necessita assentar-se solitário (Lm 3.27, 28).

    Ficar sozinho durante alguns instantes, por determinados períodos, para refletir sobre a vida, para orar, não significa viver em solidão.

    2. A solução para quem está só

    Adão tinha autoridade máxima no Éden (Gn 1.28), vivia confortavelmente, desfrutava de plena saúde... porém, ele ainda precisava de uma adjutora idônea. Adão estava só, e ninguém faz nada significativo estando só. Para resolver esse drama, o Senhor – enquanto Adão dormia – criou Eva e, logo após, trouxe-a para ele (Pv 18.22; 19.14). Isso nos revela uma verdade: é Deus quem dá o cônjuge. Esse foi o primeiro casamento. O Senhor sabia da necessidade de complementação e companheirismo que Adão tinha, e então criou uma estratégia perfeita: da própria substância de Adão, não do pó da terra, extraiu um novo ser. Havia, portanto, identidade entre eles. E, como se sabe, é preciso existir identidade (e não igualdade) para haver complementaridade.

    Gary Collins diz que a base de qualquer solução para o problema da solidão é um relacionamento cada vez mais profundo com Deus e com os outros seres humanos.¹² Aí está a grande dificuldade: a maioria das pessoas não entende o que é ter intimidade com o Senhor. Adão era íntimo de Deus e, por isso, o próximo passo não iria demorar: o aparecimento de um relacionamento íntimo com um semelhante. Quando um indivíduo busca intimidade com Deus, ele será inclinado a estabelecer um compromisso de fidelidade com outra pessoa. Esse será o começo do fim da solidão!

    3. Vida a dois

    Após uma longa espera sozinho no Éden, Adão foi presenteado com uma linda esposa. Eva complementava Adão física, emocional, intelectual e espiritualmente. Ele estava apaixonado (numa linguagem coloquial) para viver uma linda história de amor. C.S. Lewis descreve o sentimento que invadiu o coração de Adão em relação a Eva:

    Apaixonar-se é um fato de tal natureza que temos razão de rejeitar como intolerável a ideia que deva ser transitório. Ele transpõe com um único salto o espesso muro de nossa individualidade; torna até mesmo o apetite altruísta; põe de lado, como trivialidade, nossa felicidade pessoal; e planta interesses de outra pessoa no centro de nosso ser. Espontaneamente e sem esforço, nós cumprimos (para uma pessoa) a lei que manda amar o próximo como a nós mesmos. ¹³

    A vida isolada de Adão chegara ao fim, pois, utilizando as palavras do preclaro Lewis, os interesses de Eva foram plantados no coração de Adão. Valeu muito a pena o homem esperar em Deus.

    II. EM QUE CONSISTE A FAMÍLIA?

    1. A família é o ponto de convergência entre Deus e os homens

    Deus não vê a família como um mero ajuntamento de pessoas, e sim como um canal de bênçãos para a sociedade. Adão e Eva, por exemplo, foram escolhidos por Deus, mas caíram desgraçadamente. Mesmo assim, o Senhor não desistiu deles. Entretanto, infelizmente, os mais antigos ancestrais dos homens não perseveraram em servir ao Senhor; tanto é assim que, após a morte de Abel, eles passaram mais de cem anos sem buscar a Deus. Somente com o nascimento de Enos, filho de Sete, o nome do Senhor começou a ser invocado (Gn 4.26).

    Adão e Eva se descuidaram de suas obrigações espirituais e de sua vida devocional. As coisas, que já não estavam fáceis, ficaram ainda mais complicadas. O mal se espalhou fortemente na cultura daquela sociedade primitiva. Aliás, esse comportamento inapropriado desencadeou uma maldição familiar que atingiu os descendentes de Caim. O seu descendente Lameque tornou-se homicida e bígamo (Gn 4.23) e a geração de Caim fez a Terra se tornar extremamente violenta, a tal ponto de Deus se arrepender de ter criado o homem.

    É necessário ressaltar, entretanto, que não estamos defendendo a famigerada doutrina da maldição hereditária, tão propagada em nossos dias em alguns círculos evangélicos, os quais entendem que a maldição familiar pode alcançar qualquer pessoa descendente de um ancestral amaldiçoado, e isso vai se transmitindo indefinidamente através do tempo, até que um especialista entre em ação e rompa o fluxo dessa energia maligna invisível, que pode prejudicar muitos inculpáveis. Absolutamente, não se trata disso. A maldição aqui mencionada é exclusivamente educacional e cultural. A história familiar passa a ser reproduzida pelos descendentes que a aprenderam de seus pais. Trata-se de uma reação estritamente psicológica e comportamental. O apóstolo Pedro, nesse diapasão, aduz que os cristãos foram resgatados da vã maneira de viver que, por tradição, receberam dos pais, pelo sangue de Jesus (1 Pe 1.18,19); ou seja, a educação (tradição) paterna foi a maldição familiar que subsidiou o jeito de viver desobediente dos filhos.

    O Senhor, porém, não desistiu do homem e achou Noé, estabelecendo um plano de salvação por intermédio da sua família. Foram as noras de Noé, ao gerarem filhos, que salvaram a raça humana da extinção.

    Depois do dilúvio, Deus chamou um homem de 75 anos e disse que, se ele o obedecesse, nele seriam benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3). A família de Abraão foi a escolhida para trazer o Salvador ao mundo. Desde os primórdios, Deus usa famílias para tratar com os homens. Afinal, todos os projetos significativos de Deus são plurais. Eles envolvem a formação de uma equipe. É, pois, através da família que o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.

    2. A família é o campo de treinamento de Deus

    Observa-se claramente nas Escrituras que a família é o campo de treinamento que Deus usa para preparar o ser humano para as experiências da vida. A família é o microcosmo da vida social (Ex 2.7-9,11,12; Jz 11.1-3,11; etc.). Charles Colson e Nancy Pearcey asseveram:

    "Quando marido e mulher se unem, eles formam uma família, a instituição central da sociedade humana – o campo de treinamento, na verdade, para todas as outras instituições sociais. A sexualidade humana não foi projetada somente como uma fonte de prazer ou uma maneira de expressar afeto. Ela foi projetada como um elo poderoso entre marido e mulher, para formar um ambiente seguro e estável para levar as crianças vulneráveis até a idade adulta. A vida familiar é a ‘primeira escola’ que nos prepara para participar da vida religiosa, cívica e política da sociedade, treinando-nos nas virtudes que nos capacitam a colocar o bem comum diante dos nossos próprios objetivos pessoais. Dizer não ao sexo fora do casamento significa dizer sim a esta visão mais ampla do casamento como a fundação de uma instituição duradoura que não somente satisfaz as necessidades pessoais, mas também nos une a uma comunidade mais ampla por meio de obrigações morais e benefícios.

    Não é suficiente insistir que o sexo fora do casamento é um pecado, ou que praticar a homossexualidade é errado. Precisamos aprender a expor, de uma maneira positiva, o ponto de vista bíblico completo que dá sentido a estes princípios morais. Precisamos explicar o que significa viver dentro de uma ordem moral criada e objetiva, em vez de perpetuar o reino caótico do ser autônomo". ¹⁴

    Assim sendo, analisando cuidadosamente, vê-se que as experiências vivenciadas no seio familiar são preparações para o viver em sociedade. Os irmãos, mesmo aqueles mais complicados, são bênçãos para o viver de todos os familiares. Na verdade, o Senhor está treinando uma família para anunciar as virtudes de Deus, demonstrando seu cuidado gracioso pela vida de cada um; contudo, será muito perigoso se esse campo de treinamento for transformado em campo de guerra. Todo cuidado é pouco.

    3. A família é a única possibilidade de realização total do homem

    O rapaz e a moça jamais serão totalmente realizados se não estiverem em família, pois somente nela a vida flui ordenadamente... há hierarquia, amor, compromisso, desentendimento, reconciliação, etc.; como já foi dito, trata-se de um microcosmo da vida. Essa é a única esperança para o ser humano, que vive sob o pecado, desfrutar da verdadeira felicidade.

    Seja na casa dos pais, enquanto solteiro, ou no momento de criar um novo núcleo familiar, quando deverá ter o seu próprio espaço geográfico (sua casa), o jovem somente alcançará o centro da vontade de Deus se estiver vivendo em família, dentro dos princípios traçados pelo Senhor.

    III. ENSINAMENTOS RECEBIDOS NA FAMÍLIA

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