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N’weti – Comunicação para Saúde

RELATÓRIO ANUAL

2016

DEZEMBRO, 2016
ÍNDICE


ABREVIATURAS ............................................................................................................................................... III
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 4
2. DESTAQUES 2016 ............................................................................................................................................... 5
3. ABORDAGEM DE INTERVENÇÃO DA N´WETI ...................................................................................................... 6
4. PRINCIPAIS INTERVENÇÕES E RESULTADOS POR ABORDAGEM ESTRATÉGICA ................................................... 7
4.1 ABORDAGEM ESTRATÉGICA 1(AE1) – PROMOÇÃO DE SAÚDE .......................................................................... 7
4.1.1 MATERIAIS IMPRESSOS COMO VEÍCULO PARA O AUMENTO DO CONHECIMENTO .............................................................. 7
4.1.2. A RÁDIO E TV COMO VEÍCULOS PARA O AUMENTO DO CONHECIMENTO ....................................................................... 8
4.1.3. AS RÁDIOS E O TEATRO COMO VEÍCULOS PARA O AUMENTO DO CONHECIMENTO ........................................................... 9
4.1.4. CAMPANHAS PARA GERAÇÃO DE DEMANDA PARA OS SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................................... 9
4.1.5. A SAÚDE DO ADOLESCENTE ATRAVÉS DAS NOVAS TECNOLOGIAS M-HEALTH .............................................................. 10
4.1.6. DIÁLOGOS COMUNITÁRIOS COMO ESPAÇOS DE REFLEXÃO E MUDANÇA SOCIAL ........................................................... 12
4.1.7. PROVISÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA ................................................................................... 13
4.1.8. REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA A CAMINHO DOS 90-90-90 ............................................................................. 14
4.2. ABORDAGEM ESTRATÉGICA 2(AE2) - MONITORIA DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS........................................ 15

4.2.1. O DESCOMPASSO ENTRE A ALOCAÇÃO DE RECURSOS E A PROVISÃO DOS SERVIÇOS ...................................................... 16


4.3. ABORDAGEM ESTRATÉGICA 3(AE3) – ADVOCACIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE ................................................. 17
4.3.1. TRABALHANDO EM REDE PARA MAXIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS............................................................................. 20
4.4. ABORDAGEM ESTRATÉGICA 4(AE4) – DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL.................................................. 20

4.4.1. GESTÃO DE CONHECIMENTO .......................................................................................................................... 20


4.4.2. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................................ 21
4.4.3. AVALIAÇÃO DE MEIO TERMO DO PROJECTO TUA CENA 2013-2016 ........................................................................ 21
4.4.4. MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS .......................................................................................................................... 22

N’WETI | ii
ABREVIATURAS

AE Abordagem Estratégica
AG Assembleia Geral
AGIR Programa de Acções para um Governação Inclusiva e Responsável
AMODEFA Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família
ATV Aconselhamento e Testagem Voluntária
CD Conselho de Direcção
CESC Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil
CEP Citizen Engagement Programme (Programa de Engajamento do Cidadão)
CMSC Comunicação para Mudança Social e de Comportamento
CNCS Conselho Nacional de Combate ao SIDA
CIP Centro de Integridade Pública
CIP Comunicação Interpessoal
CPC Cartão de Pontuação Comunitária
DSR Direitos Sexuais e Reprodutivos
FMM Fórum de Monitoria dos Medicamentos
FMO Fórum de Monitoria do Orçamento
HPP Health Policy Project
LDH Liga dos Direitos Humanos
LAH Learning and Advocacy Hub
LCI Local Partners Initiative
MdE Memorando de Entendimento
MINED Ministério da Educação
MMAS Ministério da Mulher e Acção Social
M&A Monitoria e Avaliação
MISAU Ministério da Saúde
NPCS Núcleo Provincial de Combate ao SIDA
OCA Organisational Capacity Assessment
OSC Organizacões da Sociedade Civil
PAOP Processo de Análise Organizacional Participativa
PE Plano Estratégico
PF Planeamento Familiar
RAJ Raparigas Adolescentes e Jovens
SAAJ Serviços Amigos do Adolescente e Jovem
SBCC Social and Behavior Change Communication
SDC Swiss Development Cooperation (Cooperação Suíça para o Desenvolvimento)
SMS Short Message Service
SNS Sistema Nacional de Saúde
SSR Saúde Sexual e Reprodutiva
SSRD Saúde Sexual e Reprodutiva e Direitos
WHO World Health Organization

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1. Introdução
O ano de 2016 marca o início da vigência do novo Plano Estratégico 2016-2020 da
N´weti, cujo objectivo primário é o de “contribuir para a melhoria do estado de saúde
dos Moçambicanos através de abordagens de promoção de saúde, responsabilização
social e monitoria e advocacia de políticas públicas”. A nível temático a N’weti
continuará a trabalhar no Direito à Saúde, com dois subtemas específicos: Saúde Sexual
e Reprodutiva & Direitos e Saúde da Mulher e da Criança priorizando acções junto a
adolescentes e jovens. De forma geral, o Plano Operacional da N’weti para o ano de
2016 esteve assente nas seguintes intervenções:

TUA CENA - Fortalecimento da Sociedade Civil para a melhoria da Saúde


Sexual e Reprodutiva e prestação de serviços para Jovens, a ser implementado
em parceria com a AMODEFA, nas províncias de Maputo, Maputo Cidade,
Gaza e Nampula e que conta com o financiamento da USAID/PEPFAR1 e do
Programa AGIR II;

MAIS VIDA - Cidadãos requerendo uma melhor prestação de serviços de


Saúde, com enfoque para a Saúde da Mulher e da Criança, a ser implementado
nas províncias de Niassa e Cabo Delgado, em parceria com o CESC e com
assistência técnica do CIP, e financiado pela Cooperação Suíça e pelo Programa
AGIR II;

ACT - Accelerating Children Treatment, iniciativa com o financiamento da


USAID/PEPFAR virada para redução da mortalidade e morbilidade associadas
ao HIV em crianças e adolescentes seropositivos. O ACT e particularmente o
seu foco temático – TARV pediátrico – é integrado nas actividades correntes do
Tua Cena, i.e., as acções de comunicação interpessoal (IPC), diálogos
comunitários e monitoria da qualidade de serviços TARV integram aspectos
ligados ao TARV pediátrico e ao tratamento do HIV SIDA em adolescentes e
jovens;

Iniciativa DREAMS - Prevenção do HIV em Raparigas Adolescentes e Jovens,


também financiada pela USAID/PEPFAR, a ser implementado em 3 distritos da
Província de Gaza, nomeadamente, Distrito de Xai-Xai, Cidade de Xai-Xai e
Distrito de Chókwe. Tal como o ACT, a iniciativa DREAMS será implementada
de forma integrada no Tua Cena.

CEP-Cidadania e Participação, virado para a facilitação da participação e do


engajamento do cidadão na monitoria dos serviços públicos de saúde e
educação, a ser implementado em parceria com um consórcio composto pela
COWI, CESC, Save the Children International, IDS, Kwantu e OPM e
implementado nas províncias de Nampula, Zambézia, Manica e Gaza, com o
financiamento do DFID, Irish Aid e DANIDA;

1
Importante referir que o Tua Cena envolve, de forma integrada, o LCD (Local Capacity Development) e
o LCI (Local Capacity Innitiave). Adicionalmente, acções de promoção do género e prevenção da VBG
são também integradas, no âmbito da GBVI (Gender Based Violence Innitiave), também financiada pelo
PEPFAR.

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2. Destaques 2016

ü Lançamento do Plano Estratégico da N´weti 2016-2020;


ü A N´weti mobilizou na totalidade os recursos financeiros necessários para
implementação do PE 2016-2020;
ü A N´weti realizou com sucesso um evento internacional de aprendizagem e
lançamento da pesquisa Vozes Desiguais. Um projecto de pesquisa sobre
responsabilização social na saúde em Moçambique e no Brasil;
ü O país recebeu a campanha de medias "Participe, Denuncie” com enfoque na
defesa e promoção dos direitos do utente no acesso aos serviços de saúde. A
campanha foi bastante bem sucedida na mobilização da opinião pública contra a
violação dos direitos humanos no acesso aos serviçs de saúde;
ü Lançamento das campanhas sobre SMI, TARV Pediátrico e PTV nos medias
com objectivo de aumentar a demanda e acesso aos serviços de saúde;
ü Lançamento da Campanha de Advocacia 1 Unidade Sanitária =1 Fonte de Água
nas províncias de Cabo Delgado e Niassa;
ü Como parte das abordagens metodológicas do novo PE a N´weti conduziu com
sucesso o Rastreio da Despesa Pública em 5 distritos e 2 Hospitais Gerais;
ü A N´weti conduziu a Monitoria da Qualidade de Serviços Públicos de Saúde em
32 unidades sanitárias das províncias de Nampula, Gaza, Maputo e cidade de
Maputo;
ü Como resultado da Monitoria da Qualidade dos Serviços pelo utente várias
mudanças tem sido registadas nas US, entre outras, a alocação de técnicos de
saúde, vedação das USs, redução do tempo de espera, melhorias na
disponibilidade de medicamentos nas farmácias públicas, melhorias na
disponibilidade de água; reabilitação do sistema de esgotos, revitalização de 18
comités de Co-gestão e Humanização.
ü A N´weti reforçou as suas acções de advocacia com a geração de conhecimento
como suporte para acções de influência baseada em evidências. Neste sentido, a
N´weti produziu 2 Policy Briefs sobre governação e gestão financeira do sector
da saúde a nível dos distritos e sobre a relevância da voz do utente nas
avaliações de desempenho do sector saúde;
ü Como resultado das acções de advocacia a N´weti contribuiu para influenciar o
aumento do orçamento do Sector da Saúde de 10,8% para 11,7% em 2016;
ü A N´weti foi eleita coordenadora do FMO para o período 2017-2019;
ü A N´weti conduziu a Avaliação de Meio Termo e independente ao projecto Tua
Cena. Em termos de resultados, a nível de impacto, a avaliação constatou que o
programa está a contribuir para o aumento da demanda pelos serviços de saúde
nas unidades sanitárias de referência nos distritos alvo da intervenção, quando
comparado com a linha de base. Entre os homens registou-se um aumento de
74% (2016) em relação a linha de base (33% em 2014), equivalente a um
aumento de 40% em termos de procura de serviços de saúde;
ü Adicionalmente, uma avaliação intermédia e independente que foi conduzida ao
projecto Mais Vida mostra um aumento de 25%2 das consultas de planeamento
familiar, ii) alargamento do intervalo entre o nascimento e a gravidez seguinte,
iv) controlo pré-natal e pós-natal, consciência sobre o HIV e transmissão vertical
em Cabo Delgado e Niassa.

2
Dados estimados a partir da leitura dos relatórios do Mais Vida e das Direções Distritais de Saúde

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3. Abordagem de Intervenção da N´weti
A N'weti usa uma abordagem programática integrada de Comunicação para a Mudança
Social e de Comportamento (Social and Behavior Change Communication – SBCC),
baseada no Modelo Sócio-ecológico de promoção de saúde e nos princípios definidos
na Declaração de Otawa3. O modelo sócio-ecológico alude que a saúde é determinada
por uma complexa relação entre factores ambientais, organizacionais e pessoais,
partindo dos indivíduos para as populações e, saindo de uma visão mecanicista e
reducionista dos problemas de saúde, factores de risco e causalidade linear, rumo a uma
concepção holística, considerando todo o contexto onde as pessoas estão inseridas.

Duma forma geral, o modelo sócio-ecológico reconhece uma interligação entre o


indivíduo e o seu ambiente. Os indivíduos são responsáveis por instituir e manter as
mudanças de estilo de vida necessárias para reduzir o risco e melhorar a saúde, mas o
comportamento individual é determinado, em grande parte, pelo ambiente social,
político e legal (normas e valores comunitários e socioculturais, leis, regulamentos e
políticas públicas). Os princípios do modelo sócio-ecológico são consistentes com a
Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura, que sugere que a criação de um ambiente
propício para a mudança é importante para que o indivíduo adopte comportamentos
saudáveis de forma mais fácil.

Segundo postula o modelo, a abordagem mais eficaz para promover comportamentos


saudáveis é uma combinação de esforços a vários níveis - individual, interpessoal,
comunitário, organizacional e o nível político e legal. Em termos de filosofia de
intervenção, todas as intervenções da N’weti assentam em três postulados centrais,
nomeadamente, (i) Direitos Humanos, (ii) Pesquisa e (iii) Gestão Baseada em
Resultados. O primeiro, no sentido de que todas as intervenções da organização devem
tomar o indivíduo e o seu ambiente como o principal agente de mudança. Segundo,
todas as intervenções da organização são informadas por extensos e profundos
processos de pesquisa e busca de evidências, e, terceiro, todas as acções são orientadas
para um resultado concreto, a médio e longo prazos. De acordo com o seu Plano
Estratégico, as intervenções da N'weti, durante o período 2016-2020, assentam em
quatro (4) abordagens estratégicas (AE), nomeadamente:

AE1 Promoção de Saúde;


AE2 Monitoria da Qualidade dos Serviços de Saúde (Health Accountability);
AE3 Monitoria e Advocacia de Políticas Públicas de Saúde;
AE4 Desenvolvimento Institucional.

3
A Declaração de Otawa refere-se à Ottawa Charter for Health Promotion. WHO/HPR/HEP/95.1

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4. Principais Intervenções e Resultados por Abordagem Estratégica

4.1 Abordagem Estratégica 1(AE1) – Promoção de Saúde


A área de Promoção de Saúde compreende intervenções de consciencialização do
cidadão para o aumento do nível de conhecimentos sobre saúde, melhoria de atitudes e
práticas de saúde, adopção de estilos de vida saudáveis, mudança de normas sociais e de
género para além da mudança de comportamento tanto a nível individual como
comunitário. A N´weti aplica de forma combinada abordagens de comunicação para
mudança social e de comportamento (SBCC) tais como edutainment através de
múltiplas metodologias como a mobilização comunitária conduzida com recurso aos
diálogos comunitários e comunicação interpessoal com o principal objectivo de
promover o envolvimento da comunidade na promoção da sua própria saúde, bem como
no aumento de comportamentos de busca de serviços de saúde.

Através do edutainment a N´weti usa do potencial dos materiais impressos, das Rádios e
da TV para de forma massiva alcançar um grande volume de adolescentes e jovens nas
zonas urbanas através de revistas e TV e nas zonas rurais através, em grande medida,
dos programas de Rádio que embora veiculados também em áreas urbanas permitem
que a produção e veiculação sejam conduzidos em línguas locais abrindo possibilidades
para maior acesso à informação sobre saúde pelas populações rurais.

A anteceder o processo de produção dos produtos impressos, de Rádio e de TV a N´weti


conduz uma pesquisa formativa sobre os temas eleitos. A pesquisa formativa serve de
principal fonte de informação para a elaboração do guião de mensagens com base no
qual se encontram assentes as mensagens que informam a elaboração dos conteúdos
para os meios impressos, de Rádio e de TV. Em 2016 a N´weti desenvolveu o
Documento de Mensagens sobre Saúde Materna Infantil (SMI). Para além disso uma
sessão de consulta aos parceiros de implementação da N´weti em Cabo Delgado para a
análise e refinamento das mensagens compiladas foi conduzida. As mensagens
compiladas foram integradas em formatos de comunicação com eficácia comprovada
em Moçambique - como programas de rádio, revistas misturando entretenimento e
informação, peças de teatro comunitário, spots d rádio, materiais impressos e ajustadas
ao meio usado e ao tipo de linguagem mais adequado para as audiências-alvo dos
materiais de comunicação sobre saúde da mulher e da criança.

4.1.1 Materiais Impressos como veículo para o aumento do conhecimento


As revistas da N´weti são consideradas referência em programas de mudança social e de
comportamento em Moçambique não apenas pela qualidade dos seus conteúdos, mas
acima de tudo pelo facto de fazerem reflectir, de forma inovadora e interessante, o
desafio que o universo sócio-cultural moçambicano representa na busca por estilos de
vida saudáveis pelos cidadãos. As revistas da Nweti dão primazia a disseminação de
informação sobre saúde e trazem a dimensão dos direitos e deveres associados à saúde
de forma transversal. Através do uso de diferentes formatos impressos e do uso de
linguagem localmente apropriada as revistas alcançam com eficácia, não só os
adolescentes, jovens e OSCs, mas também os tomadores de decisão.

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De forma a garantir acesso à informação sobre saúde a N´weti desenvolveu duas
revistas, informadas por um processo exaustivo de pesquisa formativa e assentes no
Edutainment como abordagem conceptual. Um milhão de cópias, da primeira e segunda
edições da revista Tua Cena, foram impressas. .As duas edições da revista Tua Cena,
que abordam questões essenciais sobre SSRD, foram distribuidas através do Sistema
Nacional de Saúde e tem sido usadas numa base regular para alimentar solicitações de
parceiros da sociedade civil que manifestam interesse em integrar a revista nas suas
intervenções, bem como para suprir eventuais necessidade próprias das intervenções da
N’weti.

Os baixos níveis de informação e conhecimento sobre direitos no acesso aos serviços


públicos de saúde e particularmente de saúde sexual e reprodutiva constitui uma das
principais barreiras que limita o acesso aos serviços de saúde. Como forma de
minimizar o impacto desta lacuna de conhecimento, a N’weti produziu em 2016 uma
brochura sobre acesso a serviços de SSR dirigida a adolescentes e jovens onde são
explorados conceitos de direitos, deveres, engajamento e participação no sector da
saúde em Moçambique. A brochura, baseada em grande medida na carta do utente,
procura desmistificar os direitos sexuais com recurso a banda desenhada e ao uso de
línguas locais como Changane, Ronga, Emakua. (Ver Anexo 1)

Para além da revista Tua Cena (duas edições) e da brochura sobre direitos de SSR, em
2016 a N’weti produziu as revistas sobre direitos, participação e engajamento do
cidadão na saúde e sobre direitos, participação e engajamento do cidadão na educação.
Ambas tem por objectivo central elevar os níveis de informação e conhecimento do
cidadão sobre os seus direitos, seu papel e responsabilidades de participação e
engajamento na melhoria da qualidade dos serviços de saúde e de educação. (Confira
Anexos 2 & 3)

4.1.2. A Rádio e TV como veículos para o aumento do conhecimento


A literatura sobre mudança social e de comportamento mostra que é possível influenciar
positivamente mudanças sustentáveis, desconstrução de mitos e percepções prejudicais
a saúde e empoderar o indivíduo para que possa exigir o exercício pleno da cidadania no
que tange a saúde através da Rádio, da TV e do Teatro. Nesse sentido, a N’weti tem
estado a produzir, em parceria com meios de comunicação locais (TV e Rádios), o
programa Tua Cena, em formato magazine, e veiculando em horários estrategicamente
seleccionados em cada um dos meios. Este ano, foram veiculados, de forma integral, 18
episódios semanais da Mana N´weti na TV Miramar, Rádio Moçambique, SFM e 99
FM Rádio com repetições semanais em todos canais. Vale a pena referir que através da
Rádio Moçambique foi possível expandir o programa para alcance nacional.

Em 2016 o tema central dos programas foi a consciencialização do cidadão sobre


direitos, deveres, engajamento e participação no sector da saúde em Moçambique. O
objectivo foi estimular a participação através de depoimentos de experiências vividas
por indivíduos a nível da provisão dos serviços de saúde, quer através de elogios,
denúncias, reclamações ou sugestões. Entre os temas abordados nesta temporada
destacamos a qualidade do atendimento; cobranças ilícitas; tempo de espera; acesso a
medicamentos (incluindo ARV); e permanência do provedor de saúde no posto de
trabalho. Estas reportagens trouxeram depoimentos de adolescentes e jovens que
partilharam as suas experiências no acesso e uso dos serviços de saúde.

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4.1.3. As Rádios e o Teatro como veículos para o aumento do conhecimento
É amplamente reconhecido o potencial das Rádios Comunitárias (RC) e do Teatro
Comunitário (TC) como veículos de influência, de geração de demanda e de mudança
social nas comunidades moçambicanas. Estes são tidos como veículos de comunicação
preferenciais quando a informação é veiculada em língua local considerando as
particularidades sócio-culturais dos vários grupos étnicos que constituem a arquitectura
cultural e linguística moçambicana.

Em 2016 a N´weti intensificou o seu trabalho através das RC e dos TC como forma de
reforçar as suas intervenções junto às populações rurais. Contudo, são sobejamente
conhecidas as limitações programáticas e de conteúdos dos produtores vinculados às RC
e TC no que tange a produção de programas e peças de teatro sobre saúde. Ao longo de
vários anos de interveção através de grupos comunitários de base, uma das principais
lições apreendidas é a eficácia limitada dos programas de capacitação destes grupos.

Como forma de preencher esta lacuna, a N´weti decidiu optar pela produção de manuais
detalhados e simplificados para a produção de peças de teatro e de programas de rádios.
No âmbito das campanhas sobre direitos, participação e engajamento para a melhoria da
prestação dos serviços de saúde, 2 manuais de rádio e de teatro foram elaborados.
Adicionalmente, a N´weti concretizou a elaboração do Manual sobre SMI para rádios
comunitárias (vide Anexos 4, 5, 6 & 7)

Os Manuais de Rádio e de Teatro tem como objectivo fornecer aos grupos de teatro
comunitário e as Rádios Comunitárias a operar em Moçambique informação, técnicas e
outros elementos interessantes para que possam produzir localmente peças de teatro e
programas de rádio relevantes para a mudança social e de comportamento, dando assim
a possibilidade destes serem ajustados à realidade e características específicas das
comunidades que servem. As peças e scripts de programas de rádio incluídos nos
Manuais servem de referência e inspiração para criação de peças e programas de rádio
sobre assuntos e realidades específicas em cada comunidade.

4.1.4. Campanhas para Geração de Demanda para os Serviços de Saúde


Em 2016 a N´weti lançou 4 campanhas de TV e Rádio nos canais de alcance nacional
como STV e Rádio Moçambique. O formato eleito para o efeito foi o Anúncio de
Utilidade Pública (PSA), bastante eficaz na criação da demanda para a busca e
utilização dos serviços de PTV, TARV Pediátrico e na influência de comportamentos
favoráveis a saúde. Uma campanha adicional lançada pela N´weti chegou aos medias
em 2016 com bastante aceitação, debate e sucesso. A Campanha Participe, Denuncie
sobre direitos do utente no acesso a saúde convida o cidadão a denunciar situações de
violação dos seus direitos no acesso aos serviços de saúde nas unidades sanitárias.

Com a campanha Participe, Denuncie, a N’weti colocou, na agenda pública, a


importância da participação dos cidadãos na denúncia de maus tratos, cobranças ilícitas
ou outros aspectos anómalos na interacção entre o utente e provedores de saúde nas US.
Como resultado desta campanha, os utentes podem apresentar directamente as suas
denúncias à linha verde da Inspecção Geral de Saúde ou através da Plataforma Tua
Cena. A N’weti tem a responsabilidade de receber, sistematizar e encaminhar as
denúncias recebidas na plataforma Tua Cena ao sector de saúde para o devido

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seguimento pela Inspeção Geral da Saúde e pelos Departamentos de Saúde a nível das
províncias. (Veja o Mapa de Denúncias no Anexo 8)

Esta campanha fez despoletar um crescente espírito de preocupação e abertura, por parte
das autoridades sanitárias de receberem o retorno dos seus utentes, disponibilizando, de
forma pública, espaços e canais para que os utentes possam usar para apresentar
denúncias de violação dos seus direitos.

4.1.5. A Saúde do Adolescente através das Novas Tecnologias M-Health


Através da Plataforma on line Tua Cena, a N’weti coloca à disposição da sua audiência
uma diversidade de canais de interacção com profissionais experientes na área da SSR.
Por via de serviços de SMS (número 91020), Facebook –
(https://www.facebook.com/nweti.org), email (tuacena@nweti.org.mz) e, chamadas
voz – (82 984 6295), a N’weti disponibiliza à sua audiência, conhecimento, informação
e esclarecimento de dúvidas sobre SSR & HIVSIDA bem como aconselhamento e
referência para os serviços de saúde. A plataforma permite ainda, analisar as tendências
de participação da audiência considerando um conjunto de variáveis, tais como sexo,
temática de maior relevância, áreas geográficas, entre outras, pese algumas limitações
em termos de desagregação de determinados dados.

Ao longo do ano de 2016 foram recebidas 16.691 mensagens na Plataforma Tua Cena.
O recurso às SMS volta a ser o meio de interacção mais usado pela audiência do Tua
Cena para aceder à plataforma. Com efeito, foram enviadas 15.012 mensagens por
SMS, comparativamente a outros meios menos procurados, tais como Facebook
(1.493), chamadas de voz (173), e email (13).

A N’weti continua a constatar que a geração de demanda para o uso dos serviços de
aconselhamento da plataforma, garante tráfego constante e elevado, principalmente do
meio SMS que é o meio preferencial da audiência eventualmente por ser mais
facilmente acessível para os adolescentes e jovens. Os meios que mais garantem um
tráfego elevado na busca dos serviços de aconselhamento são os programas Tua Cena
na TV e Rádios, incluindo as Rádios Comunitárias e, de seguida, os spots veiculados
nos mesmos meios de comunicação. O tráfego da plataforma Tua Cena está
intrinsecamente ligado à manutenção da presença da N’weti nos meios de comunicação
disseminando informação e educação da audiência em assuntos relacionados a SSR.

Das mensagens recebidas, constata-se que se mantém a tendência que tem vindo a ser
registada desde o estabelecimento dos serviços da plataforma em 2014 de maior
participação da audiência feminina. Este ano, através da plataforma Tua Cena, a N’weti
recebeu 8.691 mensagens de utentes do sexo feminino contra 2.960 do sexo masculino.
5.020 utentes da plataforma optaram por não divulgar o seu género. Gradualmente, mais
homens vão se interessando por interagir com a plataforma, não obstante a maior
proeminência da participação feminina sugerindo, por conseguinte, maiores níveis de
preocupação com questões ligadas a SSR pelas raparigas.

Olhando para os dados referentes à interacção com a plataforma, em função da faixa


etária, os dados disponíveis indicam que a audiência primária, a faixa etária dos 15-25
anos, continua a ser a que mais interage com a plataforma, o que é bastante positivo e
demonstra a fidelidade desta audiência em relação ao Tua Cena.

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Em termos temáticos, a audiência do Tua Cena mostrou grande interesse à volta de
informação e esclarecimento sobre Sexualidade, Infecções de Transmissão Sexual
(ITSs), e Planeamento Familiar (confira o gráfico 1).

Gráfico 1: Temas mais abordados

Satisfação do Utente com os… 497


Utente tomou uma Acção 17
Provisão de Serviços 360
GBV 93
Sexualidade 2238
Saúde Reprodutiva 1160
Puberdade e Mudanças na… 771
ITSs 1556
HIV/SIDA 583
Dupla Protecção 177
PF 1721

0 500 1000 1500 2000 2500

Em termos globais, a procura de informação e esclarecimento em função dos temas vai


registando um padrão em termos de temas mais procurados, segmentando a percepção
da centralidade destes temas no prol de questões de saúde que preocupam os
adolescentes e jovens. Importa relembrar que, em função dos temas e preocupações
apresentadas pela audiência, a N’weti fez referência dos mesmos para os Serviços
Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJs) e para as Unidades Sanitárias próximas do
seu local de residência, bem como para organizações da sociedade civil que possam
prestar apoio e orientação, tais como a Lambda, Muleide, Amodefa, entre outros, nas
províncias/distritos de implementação.

As categorias apresentadas no gráfico são as categorias principais que englobam os


temas associados a essa categoria. Por exemplo, a categoria de Sexualidade subdivide-
se em abstinência, desejo, orientação sexual, entre outros; a categoria de Puberdade e
Mudanças na Adolescência subdivide-se em higiene, menstruação, mudanças físicas e
outros; e o mesmo se sucede com as restantes categorias. A categoria de Provisão de
Serviços inclui: acesso a medicamentos, corrupção nas US, tempo de espera,
comunicação provedor/paciente, assiduidade e permanência do provedor na US, direitos
e deveres associados à provisão de serviços de saúde.

No que respeita ao Facebook, no período a reportar a N’weti fez 151 publicações no


Facebook e 151.278 pessoas viram essas publicações. As publicações na página do
Facebook da N’weti são de cariz regular e dinâmico. Todas as semanas, a página é
alimentada por posters ilustrativos dos temas em veiculação nos programas da N´weti
ssa Rádios e TV, debates sobre SSR&D, notícias da N’weti e parceiros, e
resposta/interacção com os diferentes visitantes da página. Este ano, a página do
Facebook da N’weti teve 2.031 novos likes, perfazendo um total de 11.803 likes. A
visita à página da N’weti neste ano revela a mesma tendência de períodos anteriores,
designadamente o facto de a mesma estar a despertar maior interesse por parte de
usuários do sexo masculino (60%) e menos para os usuários do sexo feminino (39%).

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Dos fãs da página, 7% têm entre 13 -17 anos, 55% têm entre 18-24 anos, 22% têm entre
25 e 34 anos, e 15.9% têm mais de 35 anos. Estes dados reforçam o facto de que,
mesmo com recurso ao Facebook, a audiência primária da N´weti continuar a ser quem
mais se faz presente na interacção com a N’weti.

4.1.6. Diálogos Comunitários como Espaços de Reflexão e Mudança Social


O alcance dos resultados da AE1 depende significativamente das acções desenhadas e
implementadas ao nível do pilar sobre a mobilização social cujo objectivo é de catalisar
a reflexão das comunidades sobre os efeitos negativos das práticas e normas sócio-
culturais que constituem barreiras na adopção de estilos de vida saudáveis e facilitar a
acção colectiva com vista à adopção de práticas e comportamentos positivos com
impacto no bem-estar individual e comunitário.

A lógica de intervenção para os processos de mobilização social foi definida partindo-se


do princípio de que o envolvimento activo das pessoas, organizadas em grupos
comunitários, pode melhor contribuir para que elas, servindo como factores de pressão e
mesmo de facilitação para a criação de um ambiente favorável, pratiquem
comportamentos saudáveis. Parte-se do princípio de que uma comunidade empoderada,
isto é que sabe identificar os seus problemas e as soluções está em muito melhores
condições de adoptar práticas e comportamentos saudáveis e de reivindicar os seus
direitos de acesso a saúde.

As actividades de mobilização comunitária com recurso aos diálogos comunitários (DC)


assentam na facilitação de debates e discussões em grupos definidos de forma regular
durante um determinado período (9 semanas), abordando temas pré-definidos, tais como
SSR, PF, ITS, Aconselhamento e Testagem Voluntária (ATV), PTV, TARV, adesão ao
tratamento do HIV e supressão da carga viral. Questões ligadas a VGB, participação,
diálogo sobre políticas públicas na saúde são temas igualmente considerados nas
sessões.

Os diálogos comunitários nas comunidades rurais complementam as intervenções de


comunicação de massa das zonas urbanas, criando um espaço alternativo de discussão e
interacção entre os membros das comunidades rurais, através de um formato que melhor
responde às particularidades culturais de cada grupo, a língua de preferência, adequado
aos níveis de literacia dos participantes, contribuindo, deste modo, para superar o
limitado acesso a informação através dos meios de comunicação de massa em algumas
comunidades rurais. Os diálogos comunitários visam sobretudo:

• Prover de informação sobre os diferentes temas de saúde com enfoque para


SSRD, PF, ITSs, HIV e SIDA, TARV Pediátrico, GBV & SMI;
• Gerar demanda para os diferentes serviços de saúde e GBV;
• Criar oportunidade para que os membros dos grupos possa receber
aconselhamento e testagem do HIV e rastreio de ITSs;
• Fazer a referência para os serviços de saúde, e contra-referência para grupos
comunitários de apoio adesão, retenção e supressão da carga viral;
• Reforçar a adesão e retenção ao tratamento dos pacientes em TARV;
• Aumentar a consciência sobre os direitos e deveres, participação e engajamento
e a importância da monitoria da qualidade dos serviços de saúde;
• Influenciar a mudança de normas sociais e de género prejudiciais.

N’WETI | 12
Ao longo de 2016 15.519 indivíduos foram expostos a mais de 18 horas de interacção e
discussão participativa sobre SSR&D. Os níveis de participação revelam que neste ano
houve melhorias significativas em termos de participação masculina cuja média situou-
se em 46% comparativamente a 54% de mulheres que cumpriram os requisitos mínimos
de participação.

4.1.7. Provisão de Serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva


A N’weti tem estado a estabelecer Centros Amigos do Adolescente e Jovem (SAAJs)
nas províncias de Maputo Cidade, Maputo Província, Gaza. Com o apoio da
AMODEFA, pretende-se contribuir para o aumento da demanda e acesso a serviços de
SSR, PF, ITSs, HIV/SIDA, que sejam humanizados, relevantes e de qualidade para o
adolescente e jovem. Em complemento aos serviços oferecidos pelos SAAJs, brigadas
móveis garantem a provisão de serviços de SSR a nível das comunidades permitindo o
acesso aos serviços de SSRD, PF, ITSs, HIV/SIDA e TARV Pediátrico pelos
adolescentes e jovens residentes nas comunidades abrangidos pelas intervenções da
N´weti. Entre o leque de serviços oferecidos pelos SAAJs, destacam-se:

• Educação e informação sobre SSR&D;


• Cuidados pós-aborto não complicado e transferência dos casos complicados;
• Serviços de ITSs e HIV (prevenção, despiste e tratamento, incluindo os
contactos para apoio, referência e contra-referência);
• Oferta de consulta pré e pós-natal;
• Oferta e acompanhamento de TARV; e
• Aconselhamento e acompanhamento dos casos violência sexual.

Ao longo deste ano a N’weti apoiou o estabelecimento de 10 novos SAAJs nas


províncias de Gaza, Maputo e cidade de Maputo passando a operar com um conjunto de
20 SAAJs. Estes novos SAAJs foram equipados com material médico e mobiliário de
escritório e estão activos desde finais de Setembro de 2016. Com a abertura destes
SAAJs a N’weti contribui em termos de resposta à demanda pelos serviços de SSR, PF,
ITS, HIV e SIDA. A componente de provisão de serviços é implementada com o
suporte de activistas dentro e fora da escola que, através de acções de Comunicação
Interpessoal (IPC), providenciam continuamente aos adolescentes informação e
aconselhamento sobre SSR&D.

Os cantinhos nas escolas continuam a ser um meio preferencial para cobrir a audiência
dentro das escolas, enquanto que as acções de IPC permitem cobrir adolescentes e
jovens fora da escola. Neste ano através da IPC a N’weti contribuiu para que 125.558
adolescentes e jovens acedessem a informação e aconselhamento sobre SSR&D. Deste
universo a larga maioria (70.455 adolescentes e jovens) são do sexo feminino e a
audiência primária do Tua Cena, jovens dos 15 aos 24 anos foi a mais alcançada
(73.822 adolescentes e jovens).

A combinação dos serviços de aconselhamento e testagem oferecidos pelos SAAJs,


cantinhos, brigadas móveis e show bizz criou um ambiente favorável para que neste ano
15.908 adolescentes e jovens acedessem, de forma voluntária, a primeira consulta de
Planeamento Familiar (PF) e de forma livre e informada decidissem usar um método de
PF por si escolhido. Este alcance reflecte a superação das metas em 254% o que é
revelador de que as abordagens usadas pela N’weti tem sido atractivas no sentido de

N’WETI | 13
assegurar continuamente o alcance de mais adolescentes e jovens que, pela primeira
vez, aderem a um método de PF.

A oferta de serviços de PF revela maiores níveis de procura dos mesmos por parte dos
adolescentes e jovens dos 15-24 anos e do sexo feminino. 10.643 raparigas aderiram
pela primeira vez e livremente a um método moderno de PF. Do rol dos métodos
contraceptivos oferecidos ao longo do ano, tanto nos SAAJs, brigadas móveis e
showbizz, o preservativo masculino foi o método mais procurado por parte dos
adolescentes e jovens. Com efeito foram distribuídos 489.004 preservativos masculinos,
21.846 preservativos femininos, 12.748 pílulas e 98 DIU. A eleição massiva do
preservativo masculino revela-se benéfica ao oferecer a dupla protecção aos
adolescentes e jovens alcançados pela N´weti. Foi notório ao longo deste ano o aumento
no interesse das raparigas pelos métodos de longa duração.

4.1.8. Referência e contra-referência a caminho dos 90-90-90


A cascata de provisão de serviços de HIV da N´weti (empoderamento, teste, tratamento,
retenção, apoio para supressão da carga viral) inclui a referência de adolescentes e
jovens para atenção especializada nas unidades de saúde. Usando um modelo de
implementação alinhado com a abordagem definida pelo Ministério da Saúde, as
actividades de referência para os serviços de saúde são implementadas pela N´weti com
o propósito de (1) aumentar a procura pelos serviços de saúde nas unidades sanitárias de
referência; (2) contribuir para o aumento de adolescentes e jovens que fizeram o teste do
HIV; (3) contribuir para o aumento do número de adolescentes e jovens em tratamento
do HIV; (4) elevar os níveis de retenção destes jovens e (5) assegurar a supressão da
carga viral.

A abordagem de referência e contra-referência ocorre através de contactos feitos face-a-


face e no contexto dos diálogos comunitários e de comunicação interpessoal com o
propósito de referir os utentes para a procura de serviços nas unidades sanitárias. Por
sua vez, a contra-referência é o encaminhamento para estruturas comunitárias de apoio
psicossocial e integração comunitária dos utentes contra-referidos e é feita em
colaboração com algumas OCBs parceiras da N’weti e outras que fazem parte da rede
de alguns parceiros clínicos a funcionar nas áreas de intervenção. Com efeito no
segundo trimestre a N’weti definiu a sua abordagem de referência e seguimento
comunitário e o desenho das ferramentas de suporte (Ver anexo 9 - Guião de Referência
e Contra referência intitulado: Adesão e Retenção a caminho dos 90-90-90). De forma a
tornar praticável essa abordagem cerca de 220 facilitadores foram formados e iniciaram
as acções de referência e seguimento comunitário de acordo com os pressupostos
adoptados pela N’weti.

Neste contexto, desde finais de Agosto de 2016, 1.523 pessoas foram referidas para as
unidades sanitárias para acederem a serviços específicos de saúde. As suspeitas de
patologias que informaram a referência à serviços de saúde são maioritariamente
ITS/HIV/PTV, seguido de casos de TB, Malária e outras patologias. Com efeito ao
longo do último trimestre do ano a N’weti providenciou serviços de aconselhamento e
testagem em saúde tendo contribuído para que 2.922 raparigas adolescentes
conhecessem o seu seroestado em relação ao HIV. Deste universo de raparigas testadas
1.768 estão na faixa etária entre os 15-19 anos de idade, 923 na faixa etária dos 20-24
anos. Do conjunto de raparigas testadas 55 foram diagnosticadas com HIV+ tendo sido
referidas para os serviços específicos nas unidades sanitárias.

N’WETI | 14
4.2. Abordagem Estratégica 2(AE2) - Monitoria da Qualidade dos
Serviços de Saúde

A AE 2 visa, essencialmente, a mobilização das comunidades de modo a facilitar o seu


engajamento em processos de monitoria da qualidade da provisão dos serviços públicos
de saúde a nível local, com vista à melhoria da qualidade desses serviços através da
identificação e resolução dos problemas, tendo como ferramenta-base os Cartões de
Pontuação Comunitária (CPC). O CPC é uma ferramenta que permite que os utentes dos
serviços públicos participem, de forma organizada e sistemática, na monitoria e
avaliação da qualidade desses serviços. Ele cria condições para a interacção, “diálogo
saudável”, entre a comunidade e os provedores de serviços públicos, visando a
identificação de lacunas, preocupações e necessidades, e também encontrar consensos e
alternativas para a melhoria dos serviços públicos prestados ao cidadão. O CPC é usado
para solicitar aos membros da comunidade, as suas opiniões acerca do grau de acesso e
qualidade dos serviços. Ao dar oportunidade para um diálogo directo entre os
provedores de serviços e a comunidade, o processo do CPC “empodera” os cidadãos a
fazerem ouvir as suas opiniões e a exigirem a prestação de serviços melhorados.

Em 2016, a N’weti continuou com a facilitação da monitoria participativa da qualidade


dos serviços de saúde, através do CPC, mas também com a introdução de outras
ferramentas de responsabilização social, como são o caso da Planificação Participativa e
o Rastreio da Despesa Pública. Através da componente de monitoria da qualidade de
serviços a N'weti pretende, de forma contínua, sistemática e rigorosa, facilitar processos
de participação e engajamento dos cidadãos na monitoria da qualidade dos serviços de
SSR e TARV pediátrico prestados em cerca de 32 US através da colecta de informação
e de evidências, de forma a informar o diálogo e negociação com os provedores de
serviços de saúde, seus gestores e tomadores de decisão, com vista à melhoria da
qualidade desses mesmos serviços.

Ao longo do ano a N´weti conduziu entre Agosto e Outubro a monitoria da qualidade de


serviços públicos de saúde em 32 unidades sanitárias das províncias de Nampula, Gaza,
Maputo e cidade de Maputo. Os resultados preliminares, referentes a dois indicadores
que no passado tem sido dos mais problemáticos “Tempo de Espera” e “Acesso e
Disponibilidade de Medicamentos”, mostram um desempenho melhor
comparativamente as avaliações anteriores. Em relação ao indicador "acesso e
disponibilidade de medicamentos nas farmácias públicas", os dados do presente ciclo
mostram que em 69% das unidades sanitárias o desempenho deste indicador foi positivo
(BOM) enquanto que 39% das unidades sanitárias receberam pontuação negativa
(MAU). As unidades sanitárias que tiveram um mau desempenho são pertencentes a
região sul do país (Hospital Geral de Chamanculo, Centro e Saúde de Xipamanine,
Centro de Saúde de Magude, CS de Namaacha Sede, CS de Incassane, CS Katembe, CS
de Chipenhe, CS de Chicumbane, CS Boane Sede).

Relativamente ao indicador "Tempo de Espera para ser atendido" os dados analisados


mostram a satisfação das comunidades com o desempenho deste indicador tendo sido
avaliado positivamente em 72% das US. Entretanto 28% das US avaliadas tiveram um
desempenho negativo neste indicador particularmente as unidades sanitárias da região
sul (Maputo Cidade e Gaza). A impressão inicial é de progressos no desempenho de
vários indicadores outrora considerados críticos tais como os dois ora apresentados,

N’WETI | 15
pese serem dados preliminares (Confira o progresso dos indicadores no Relatório de
Monitoria da Qualidade dos Serviços de Saúde no Anexo 10).

Uma análise mais profunda das mudanças ocorridas como resultado da monitoria da
qualidade dos serviços das US alvo da intervenção permite perceber mudanças visíveis
em várias unidades sanitárias avaliadas como parte da implementação dos planos de
acção acordados entre utentes e provedores de serviços. As mudanças que ocorrem nas
várias unidades sanitárias incluem a alocação de mais técnicos de saúde, vedação do
recinto, redução do tempo de espera, melhorias na disponibilidade de medicamentos nas
farmácias públicas, melhorias na disponibilidade de água e reabilitação do sistema de
esgotos, revitalização de 18 comités de Co-gestão e Humanização (confira mapa de
mudanças no Anexo 11). Estas mudanças sugerem que uma acção consistente e
estruturada da comunidade e dos provedores na implementação e seguimento dos planos
de acção saídos da monitoria da qualidade dos serviços pode produzir melhores
resultados sobre a qualidade de serviços de saúde oferecidos aos utentes.

4.2.1. O Descompasso entre a Alocação de Recursos e a Provisão dos


Serviços
Os exercícios de monitoria da qualidade dos serviços de saúde que a N´weti conduz
indicam que várias das constatações levantadas pelos utentes nos processos de avaliação
do desempenho das unidades sanitárias são decorrentes de entraves a nível de gestão de
finanças públicas, dos desafios no ciclo orçamental, da dupla subordinação e
planificação (MISAU & MEF), da morosidade na execução do processo de
descentralização e das limitações e implicações que o reduzido volume de recursos
disponibilizados pelo Orçamento do Estado tem no sector da saúde.

As constatações apontam para problemas de vária ordem no desempenho das unidades


sanitárias avaliadas, por exemplo, elevado tempo de espera, falta de água canalizada,
infra-estruturas degradadas, falta de medicamentos, ausência de casas de banho
convencionais e em condições apropriadas para os utentes, falta de vedação do recinto
das unidades sanitárias, entre outros aspectos (N’weti, 2015, 2016). Neste sentido
cientes de que alguns destes problemas derivam, em parte, de uma deficiente alocação e
gestão dos recursos públicos e a ausência de práticas sistemáticas de responsabilização
social dos gestores públicos impunha-se a necessidade de dar mais substância as
evidências da monitoria agregando dados relacionados com a forma como os recursos
públicos são alocados e usados pelo sector de saúde nos distritos de intervenção da
N´weti e a sua eventual relação com a provisão de serviços públicos de saúde.

Por falta de abertura das entidades competentes o rastreio da despesa pública que
deveria ser feito em 12 distritos/sites do Tua Cena selecionados apenas foi possível
fazê-lo em 6 (Angoche, Bilene, Magude, Xai-Xai, Hospitais Gerais do Chamanculo e
José Macamo). Os achados do rastreio da despesa pública revelam uma profunda
desarticulação entre a planificação e orçamentação, a existência de um potencial de
receitas que ainda não estão a ser cobradas, ou quando o são carecem de melhor
controlo, as demoras nos desembolsos de recursos financeiros têm resultado em níveis
mais baixos de execução financeira, a área de procurement é das mais problemáticas do
sistema de GFP na saúde e a incompleta descentralização tem limitado a participação
efectiva do cidadão na definição de prioridades do sector da saúde ao nível dos distritos
e das unidades sanitárias (confira o Relatório do Rastreio da Despesa Pública no Anexo
12).

N’WETI | 16
4.3. Abordagem Estratégica 3(AE3) – Advocacia de Políticas de Saúde

As acções de monitoria e advocacia de políticas de saúde implementadas pela N’weti,


com um foco local e nacional, têm por objectivo facilitar a criação de um ambiente
político e legal favorável através de um processo deliberado de monitoria de políticas de
saúde e influência dos tomadores de decisão na formulação, monitoria e implementação
de políticas de saúde. A lógica de intervenção parte do princípio de que as mudanças só
podem ocorrer com uma monitoria e pressão organizada do cidadão como forma de
influenciar a concepção, implementação e/ou mudanças a nível de políticas públicas,
com vista à melhoria do ambiente político e social, e uma melhor prestação de serviços
públicos de saúde. Assim, usando os diferentes processos de monitoria da qualidade dos
serviços como geradores de evidências para advocacia, a N’weti tem estado a trabalhar
a dois níveis:

§ Nível Micro – empoderar os cidadãos e a sociedade civil a nível local para


que, com base nas evidências produzidas na monitoria da qualidade dos
serviços de saúde possam influenciar a prestação de serviços de saúde a nível
dos distritos e das unidades sanitárias;
§ Nível Macro – Influenciar as políticas de saúde através da sistematização das
evidências colhidas a nível local e trazidas para os diferentes espaços de
diálogo e influência política a nível nacional.

A advocacia de nível local olha para os problemas levantados nos processos do CPC, as
prioridades definidas consensualmente entre a comunidade e os provedores dos serviços
de saúde, e visa influenciar a resolução e/ou alcance nos diferentes níveis de decisão
(distrito e província). Esta abordagem passa pela capacitação de organizações da
sociedade civil bem como plataformas locais nos temas de saúde e Advocacia, para que
sejam elas a encabeçar os processos de advocacia e influência, nestes níveis, para a
resolução dos problemas identificados. Já a advocacia de nível macro, mais de carácter
central, olha para influência de políticas macro a nível do sector, e as campanhas são
informadas pela congruência e/ou pertinência, a nível de prioridade, do assunto de
política a tratar. A este nível os esforços de advocacia são alavancados e liderados pela
N’weti e sua rede de alianças.

A nível macro, ao longo de 2016, a N´weti participou activamente nas acções do plano
de actividades do Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO). Neste período, foi
conduzida:

• A análise do Orçamento do Estado 2016 e produção do respectivo


posicionamento (Anexo 13);
• A análise do Relatório de Contas de 2014 e do respectivo parecer do Tribunal
Administrativo e produção do respectivo posicionamento (Anexo 14);
• Análise do Orçamento Rectificativo 2016 (Anexo 15)
• Elaboração do estudo sobre a Dívida Pública (Anexo 16)
• Organização de debate público sobre as análises
• Encontros de lobbie e advocacia junto a doadores, FMI, Tribunal
Administrativo, Assembleia da República, Direcção Nacional do Orçamento
• Capacitação em Gestão de Finanças Públicas

N’WETI | 17
Para além das acções acima indicadas, o FMO intensificou a produção de
posicionamentos informados por pesquisas. Estes posicionamentos foram amplamente
disseminados pelos medias nacionais e internacionais e circulados em várias redes
sociais. Os Posicionamentos do FMO sobre os instrumentos acima indicados serviram
de base informativa para as discussões em vários fóruns de debate no país.
Adicionalmente, ainda no contexto do FMO, foi conduzida uma segunda análise sobre a
dívida ilegal, desta feita com o objectivo de aferir o impacto da mesma no cidadão e
exigir das autoridades de tutela posicionamentos claros e responsabilização. O
Posicionamento dirigido à Assembleia da República, Tribunal Administrativo,
Procuradoria-Geral da República e Governo foi disseminado amplamente pelos medias
nacionais e internacionais e serviu de base de informação sólida que influenciou as
discussões no âmbito do Parlamento (Confira o Posicionamento do FMO sobre as
dívidas ilegas no Anexo 16).

Ainda no contexto da dívida pública, o FMO manteve vários encontros de lobby junto a
actores de influência como o Ministério de Economia e Finanças, a Direcção Nacional
do Orçamento, a Comissão do Plano e Orçamento, a Bancada Parlamentar da Renamo e
com a Primeira Comissão da Legalidade.

Para além destes actores, o FMO manteve encontros trimestrais de influência junto a
missão do FMI que se deslocou ao país para revisão trimestral do contexto
macroeconómico. No contexto das visitas, o FMO teve a oportunidade de conduzir
lobbys e influenciar para que (1) os reajustamentos fiscais e monetários a serem
propostos pelo FMI, bem como os cortes e rectificações ao Orçamento do Estado (2016)
não afectassem as áreas sociais básicas como saúde, educação e águas; (2) que fosse
conduzida uma auditoria as dívidas ilegalmente contraídas; (3) que a sociedade
moçambicana tivesse acesso aos ToRs da auditoria às dívidas ilegais; (4) que o relatório
da auditoria seja amplamente disseminado.

Como resultado destas acções e no âmbito da campanha de advocacia da N´weti para o


aumento do orçamento da saúde, a N´weti conseguiu garantir ganhos concretos para o
sector da saúde. No contexto do Orçamento Rectificativo (OR), embora o Governo
tivesse considerado cortes sistemáticos a novos investimentos em todas áreas, o OR
apresentou um acréscimo do orçamento da saúde inicial para 2016 de 10,8% para 11,7%
(OER 2016) e de 10,2% (1015) para 11,7% (2016) pese embora os cortes orçamentais
em termos nominais tenham tido um impacto significativo no acesso e qualidade dos
serviços de saúde.

Ainda no âmbito da dívida pública, parcerias internacionais foram estabelecidas entre o


FMO e o Jubilee Debt com o objectivo de assegurar análises legais mais profundas e
isentas, que pudessem informar melhor os posicionamentos do FMO e suas acções de
influência sob uma perspectiva legal. Entretanto, o acesso aos contratos referentes às
dívidas ilegais (embora públicos no âmbito da Lei do Direito à Informação) foi vedado
pela Procuradoria-Geral da República, forçando o FMO a conduzir uma análise legal
apenas com base na informação tornada pública pelos media (Análise legal no Anexo
17).

Destacamos como resultados do FMO em 2016:


• O incremento sistemático das alocações orçamentais nas áreas socias básicas
• O aumento da capacidade do Parlamento de questionar o Governo; um debate

N’WETI | 18
informado de qualidade baseado nos posicionamentos do FMO;
• Definição da agenda nacional de debate nas redes sociais e nos medias elevando
desta forma a capacidade do cidadão de compreender e dialogar sobre o
orçamento e gestão de finanças públicas bem como o impacto na vida do
cidadão. Este debate torna-se possível graças a tradução e conversão das
pesquisa realizadas pelo FMO para uma linguagem simplificada e de acesso para
o cidadão;
• Aumento da credibilidade da sociedade civil moçambicana a nível nacional e
internacional como resultado do estabelecimento de parcerias com grupos
internacionais de advocacia e medias internacionais;
• Reconhecimento formal do papel do FMO pelas bancadas parlamentares,
doadores, FMI no debate de questões ligadas à GFP;
• O FMO influenciou substancialmente o engajamento do cidadão em debates
públicos e nos medias ligados à GFP, sobretudo no que se refere a dívida
pública;
• Os Posicionamentos do FMO, baseados em pesquisas, contribuíram para
acrescentar valor a plataforma.

Para além da plataforma de advocacia como FMO, N´weti desenvolve acções de


advocacia com recurso a outras plataformas de influência como a Plataforma da
Sociedade Civil na Área da Saúde (PLASOC). Em representação da PLASOC a N´weti
é membro do Health Partners Forum(HPG) grupo de parceiros financiadores do sector
da saúde. Nesta plataforma a N´weti tem a oportunidade de influenciar políticas que tem
o potencial de impactar na qualidade e acesso aos serviços de saúde.

Em 2016, a N´weti definiu 3 objectivos de advocacia a nível do sector da saúde são


eles: (1) Advocar para que o MISAU considere a voz do utente na análise do
desempenho anual do sector saúde; (2) Integração de indicadores de governação no
Quadro de Avaliação Anual (QAD); (3) o uso de dados de monitoria da qualidade dos
serviços de saúde e de rastreio da despesa pública na saúde a nível dos distritos para
influenciar o processo de Reforma do sector da saúde.

Como forma de sustentar os argumentos dos objectivos de advocacia acima indicados a


N´weti conduziu um estudo que visava reunir e analisar os dados da monitoria da
qualidade dos serviços de vários actores no sector procurando perceber de forma mais
abrangente a percepção do cidadão sobre a qualidade dos serviços de saúde (confira o
relatório e o respectivo resumo no Anexo 18 & 18A) . Adicionalmente, ainda com o
objectivo de sustentar os argumentos a favor da inclusão da voz do cidadão/utente nos
processos de avaliação do desempenho do sector, a N´weti produziu e disseminou 2
documentos de Posicionamentos que foram amplamente divulgados e usados pelos
tomadores de decisão como referência nas discussões sobre políticas de saúde (Anexos
19 & 20).

Como resultado dos esforços de advocacia de nível macro em 2016 a N´weti pode
afirmar que foram alcançados os objectivos previamente definidos. A voz e perspectiva
do utente passará a ser considerada como central nas avaliações de desempenho do
sector de saúde; 1 indicador de governação e gestão participativa a nível das unidades
sanitárias foi integrado no QAD (Números de Comités de Co-Gestão funcionais). No
que se refere ao terceiro objectivo de advocacia acima indicado, a N´weti passa a fazer

N’WETI | 19
parte dos grupos de trabalho da Reforma do Sector onde poderá a partir de dentro
influenciar mudanças significativas com base nos resultados da MQS e do RDP.

4.3.1. Trabalhando em Rede para Maximização dos Resultados


A N´weti é membro activo de vários grupos técnicos (GT) do MISAU, no âmbito do
SWAP. A participação e contribuição da Nweti nestes grupos é marcadamente virada
para a influência na formulação de políticas de saúde (assessoria técnica no desenho,
implementação, monitoria e divulgação de instrumentos, planos, mensagens, políticas,
estratégias, especialmente no que toca a área de comunicação) e na monitoria da
implementação de políticas de saúde. Entre os vários grupos técnicos existentes a
N´weti é membro activo dos seguintes grupos: GT de Comunicação do CNCS; GT de
Comunicação do SWAP (DeProS); GT de Comunicação sobre TARV Pediátrico e PTV;
GT de Planeamento Familiar; GT do HIVSIDA. Para além destes grupos a N´weti é
membro activo da Rede de Direitos Sexuais Reprodutivos (RDSR) e da PLASOC.

A plataforma da sociedade civil na área da saúde (PLASOC) é um membro colectivo de


coordenação com o objectivo de contribuir de forma construtiva na formulação e
monitoria de práticas e políticas públicas do sector da saúde. Foram principais actuações
sob liderança da N’weti na PLASOC a mobilização de recursos financeiros (área sob
sua responsabilidade na PLASOC) para a contratação de um Secretário Executivo para
liderar as acções de advocacia da PLASOC.

A continuidade de participação nestes fóruns representa uma oportunidade de


aprendizagem do funcionamento e dinâmicas da sociedade civil na área da saúde,
permitindo estabelecer contactos privilegiados, de enriquecimento da base de dados da
rede de advocacia, assim como de criação de alianças para acções de advocacia comuns
às organizações que operam na área de saúde, conseguindo uma voz única e nacional.

4.4. Abordagem Estratégica 4(AE4) – Desenvolvimento Institucional


O desenvolvimento institucional continua a receber uma atenção prioritária para
assegurar que a N’weti consolide e se mantenha como referência no sector em
Moçambique, através de um sistema de gestão de conhecimento fiável e transparente de
governação, gestão programática e financeira, gestão integrada de recursos humanos e
outros. A AE 4 foca aspectos relacionados com a capacidade da N´weti de
institucionalizar sistemas e políticas de gestão financeira e de recursos humanos,
governação interna da organização, parcerias e mobilização de recursos. Inclui, também,
as actividades de Gestão de Conhecimento, especialmente no que tange à Pesquisa e o
quadro de Monitoria & Avaliação da organização. No anexo 21 o Relatório de M&E e
no Anexo 22 os respectivos indicadores de desempenho.

4.4.1. Gestão de Conhecimento


A Gestão de Conhecimento é a componente da organização que alberga as acções de
acesso, mobilização, documentação e disseminação do conhecimento e evidências
resultantes das diferentes intervenções da N’weti, para contribuir para melhores
resultados a nível dos diferentes programas. Um dos principais objectivos da Gestão de
Conhecimento é de colocar o conhecimento em uso, i.e., para informar decisões que
terão impacto no comportamento da população, bem como para a preparação de
documentos políticos e de advocacia. A componete incorpora, deste modo, um conjunto

N’WETI | 20
de recursos de conhecimento, tais como base de dados, documentos, políticas e
procedimento, pesquisas efectuadas, tanto para informar as intervenções, como para
aprendizagem, mas também para informar decisões estratégicas e programáticas de
vária ordem.

Como hospedeira da Rede de Aprendizagem e Advocacia em Saúde (RAA-S), a N’weti


tem estado a pesquisar, partilhar e a reforçar o conhecimento do sector de saúde, a
incentivar a existência de um ambiente de aprendizagem entre pares e propício à cultura
de debate e a aumentar o número de organizações operando na área da saúde,
congregadas num mesmo espaço orientados por uma agenda comum. A influência deste
espaço vai se alargando também durante o crescimento desta, que actualmente mantém
os cerca de 900 membros entre instituições governamentais, não-governamentais,
organizações nacionais, jornalistas e associações locais com interesses na área da saúde.
2016 foi marcado pela partilha de recursos sobre a monitoria da qualidade de serviços
em saúde, no geral, e sobre os níveis de satisfação do cidadão em relação aos serviços
prestados nas US.

4.4.2. Estudo de Caso

Os pressupostos da eficácia da combinação de abordagens de comunicação para


mudança social e de comportamento e de responsabilização social no reforço da
consciência do cidadão para o engajamento e responsabilização dos provedores Públicos
do sector da saúde são de crucial importância para a organização. No contexto de
desenho da sua Teoria de Mudança para o presente Plano Estratégico a N´weti optou
pela combinação de duas abordagens teórico-metodológicas de campos de saber
diferentes. Com o propósito de compreender a eficácia e relevância da combinação de
abordagens de SBCC e de Responsabilização Social(Accountability) em intervenções
viradas para o reforço da acção colectiva das comunidades na demanda por
transparência, prestação de contas e responsabilização social dos provedores dos
serviços de saúde nos distritos de intervenção, a N´weti em colaboração com Institute
for Development Studies (IDS) do Reino Unido está a conduzir uma Pesquisa
Participativa Acção, onde a abordagem de recolha de histórias e narrativas de forma
participativa constituem as principais abordagens de recolha de dados. A primeira fase
da pesquisa acção foi conduzida na província de Nampula. A segunda fase será
conduzida em 2017 nas províncias de Maputo e Gaza.

4.4.3. Avaliação de Meio Termo do Projecto Tua Cena 2013-2016


Ao longo de 2016 a N´weti conduziu de forma independente a avaliação de Meio Termo
do projecto Tua Cena. A avaliação foi conduzida com o propósito de aferir o grau de
desempenho do projecto depois de três anos de implementação, com foco para as
realizações, desafios e lições a considerar durante a última fase do projecto. A
avaliação, cobriu todos os distritos de intervenção do projecto em Nampula, Gaza,
Maputo e Cidade de Maputo. 1.451 pessoas foram entrevistadas via telefone, 5.832
adolescentes e jovens selecionados aleatoriamente, com base em uma distribuição de
resposta de 50%, margem de erro de 2,23% e um intervalo de confiança de 95%.

A análise dos dados permitiu concluir que: (a) a intervenção do Tua Cena está alinhada
aos programas governamentais, e os seus resultados estão a contribuir para influenciar
mudanças de práticas e atitudes na relação provedor/utente; (b) as acções educativas, de
comunicação e de mudança social implementadas no âmbito do Tua Cena estão a

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contribuir para elevar o nível de confiança e qualidade dos serviços de saúde (medido
com recurso a percentagem de pessoas que procuraram serviços de saúde). Em termos
de resultados a nível de impacto a avaliação constatou que o programa está a contribuir
para o aumento da demanda pelos serviços de saúde nas unidades sanitárias de
referência nos distritos alvo da intervenção, quando comparado com a linha de base.
Entre os homens registou-se um aumento de 74% (2016) em relação a linha de base
(33% em 2014), equivalente a um aumento de 40% em termos de procura de serviços de
saúde (ver mais detalhes no Relatório da Avaliação de Meio Termo - Anexo 23).

4.4.4. Mobilização de Recursos


Com o novo Plano Estratégico, as acções de mobilização de recursos foram fortificadas
e intensificadas, como forma de garantir recursos para a sua implementação. Com o
objectivo de dar a conhecer ao público o novo Plano Estratégico da N’weti 2016-2020,
foi organizado um evento de lançamento do mesmo a 1 de Junho. O evento contou com
a presença de diferentes parceiros, tanto do Governo (MISAU, MINED), como também
parceiros de cooperação, doadores, OSC e público em geral. O evento teve um impacto
positivo, visto que foi possível demonstrar a extensão, qualidade e impacto de todo o
trabalho da N’weti, tornando explícito o porquê da organização ser tida como uma
referência a nível das comunidades nacionais e internacionais. Prestigiaram o evento,
entre várias figuras, a Ministra da Saúde e o Ministro da Educação e Desenvolvimento
Humano.
A implementação da estratégia de mobilização de recursos que iniciou com o evento em
referência com vista a assegurar a implementação do Plano Estratégico 2016-2020
arrancou em 2016 com resultados significativos. Em 2016, a N´weti conseguiu garantir
recursos financeiros para assegurar a implementação do PE 2016-2020 na totalidade.

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