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FARMÁCIA HOSPITALAR E

CLÍNICA
19 de Abril de 2022, Nº 1.

Seja qual for o tamanho e a


complexidade do hospital, é
fato comprovado que sem o
medicamento e os correlatos
ná há sucesso na assistência ao
paciente. Os medicamentos
representam uma parcela
muito alta do orçamento dos
hospitais, e a farmácia é a
unidade técnico-adminstrativa
do hospital que executa uma
série de atividades afim de
promover o uso racional de
medicamentos.
Assim, a farmácia precisa de
uma estrutura organizacional
bem elaborada e com funções
bem definidas, sendo
necessária para a execução
profissionais com
conhecimentos teóricos e
práticos para o bom
desempenho. Muitas dessas
questões são estabelecidas em
legislações e podem ser
observadas de forma resumida
a seguir.
Editores
Mariana B. Morais - 170122182
Calebe de S. Martins - 190103922
DEONTOLOGIA E LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA Gabriel Lucas de C. Cunha - 180120638
Farmácia hospitalar:
Estrutura básica e Atividades
A Farmácia Hospitalar é definida As diretrizes que regem a
pela Portaria n° 4.283 do farmácia hospitalar compreendem
Ministério da Saúde (MS) como o campo da Gestão;
uma unidade clínico-assistencial Desenvolvimento de ações
técnica e administrativa. inseridas na atenção integral à
Neste sentido, são saúde (atividades); Infraestrutura;
desenvolvidas, pelo Recursos Humanos; Informacional;
farmacêutico, atividades e Ensino, Pesquisa e Educação
relacionadas à Assistência Permanente.
Farmacêutica.
É imprescindível salientar que a Os objetivos principais da gestão
farmácia hospitalar compõe da farmácia hospitalar é garantir
integralmente a estrutura o abastecimento, dispensação,
organizacional do hospital e acesso, controle rastreabilidade e
dialoga com as unidades uso racional dos medicamentos.
administrativas e assistenciais Desta forma, objetiva-se
ao paciente presentes. assegurar a prestação de
serviços clínico-assistenciais e
permitir o monitoramento da
utilização de medicamentos e de
outras tecnologias em saúde.

As atividades que são


desenvolvidas no âmbito da
farmácia hospitalar incluem:

1. Gerenciamento de Tecnologias
2. Distribuição e Dispensação
3. Manipulação
4. Cuidado Ao paciente

Referência: MINISTÉRIO DA SAÙDE. Portaria n° 4.284 de 30 de dezembro de 2010.


Farmácia hospitalar:
Estrutura básica e Atividades
Objetivando o adequado IV. Incluam a farmácia hospitalar
desempenho da farmácia no plano de contingência do
hospitalar, a portaria n° 4283 hospital.
sugere que os hospitais:
I. provenham estrutura V. Habilite a efetiva participação
organizacional e infraestrutura do profissional farmacêutico nas
que viabiliza as ações da comissões existentes no hospital ,
farmácia hospitalar, pautado por exemplo: Comissão de Ética e
nas bases modernas de Pesquisa; Comissão de Farmácia e
administração e com Terapêutica; Controle de
monitoramento de indicadores. inbfecção hospitalar e etc.

II. Considere a Relação Nacional Com relação à infraestrutura da


de Medicamentos Essenciais farmácia hospitalar é pautado que
(RENAME) e os Protocolos ela deve ser compatível com as
Clínicos e Diretrizes atividades desenvolvidas, em
Terapêuticas como referência conformidade com as normas
para a seleção de vigentes. Ademais, é admitido que
medicamentos a infraestrutura física e
tecnológica se constitui como a
base para a otimização e o pleno
desenvolvimento das atividades da
farmácia hospitalar.

III. Promovam programas de


educação permanente para
farmacêuticos e auxiliares

Referência: MINISTÉRIO DA SAÙDE. Portaria n° 4.284 de 30 de dezembro de 2010.


Farmácia hospitalar e clínica:
Estrutura básica e Atividades
Por fim, com relação aos A farmácia clínica por sua vez, é
recursos humanos, é caracterizada pela resolução n°
estabelecido que o quadro de 585/2013 do CFF como uma "área
funcionários deve ser voltada à ciência e prática do uso
compatível com as atividades racional de medicamentos, na qual
realizadas, o nível de o farmacêutico presta cuidado ao
informatização e a paciente de forma a otimizar a
complexidade do hospital. farmacoterapia, promover
saúde e prevenir doenças".
Vale salientar que a
responsabilidade técnica pela Desta forma, a farmácia clínica
farmácia hospitalar é esta relacionada à um conjunto de
exclusivamente exercida por práticas que são passíveis de
profissional farmacêutico realização em diversos ambientes,
devidamente inscrito do CRF, desde a drogaria e farmácia
nos termos das legislações hospitalar até consultórios
vigentes. próprios.

Mas você sabia que o


farmacêutico pode atender em
consultório? Ainda na resolução
585/2013 é definido que a consulta
farmacêutica - sendo esta uma
das atribuições clínicas do
farmacêutico - deve ser realizada
em consultório farmacêutico ou
ambiente adequado, que garanta
a privacidade do atendimento.

Referência: MINISTÉRIO DA SAÙDE. Portaria n° 4.284 de 30 de dezembro de 2010.


Farmácia hospitalar e clínica:
Estrutura básica e Atividades
PO consultório farmacêutico é o A farmácia clínica e a farmácia
lugar onde o farmacêutico presta hospitalar são regidas por
atendimento clínico ao paciente, legislações emitidas por órgãos
familiares e cuidadores, sendo como o Ministério da Saúde, a
este atendimento definido como ANVISA e Os Conselhos Federais e
consulta farmacêutica. Regionais de Farmácia.

Os consultórios farmacêuticos As principais legislações que


podem ser autônomos ou regem a farmácia hospitalar e
existirem nas dependências de clínica serão apresentadas nas
hospitais, ambulatórios, farmácias próximas páginas.
comunitárias, unidades
multiprofissionais de atenção à
saúde e em outros espaços e
serviços de saúde, no âmbito
público e privado.

Os consultórios farmacêuticos,
inclusive, são regidos também pela
Resolução CFF n° 720 de 2022,
na qual há disposição sobre o
registro nos CRF's das clínicas e
dos consultórios farmacêuticos.

Referência: CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n° 720 de 24 de fevereiro de 2022.


Farmácia hospitalar e clínica:
Legislação Sanitária
A legislação sanitária tem por objetivo diminuir ou prevenir riscos à saúde e
de intervir nos problemas decorrentes do meio ambiente, da produção e
circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.

No âmbito da farmácia hospitalar e RDC Anvisa nº 220/2004 –


clinica temos a primeira lei relacionada Aprova o Regulamento Técnico
que é a Lei nº 5.991/1973 que dispõe de funcionamento dos Serviços
sobre o controle sanitário do comércio de Terapia Antineoplásica; 36
de drogas, medicamentos, insumos COMISSÃO ASSESSORA DE
farmacêuticos e correlatos, e dá FARMÁCIA HOSPITALAR
outras providências. As demais RDC Anvisa nº 11/2006 – Dispõe
normativas são resoluções da Agencia sobre o Regulamento Técnico de
Nacional de Vigilância Sanitária, que são Funcionamento de Serviços que
e dispõem sobre: prestam atenção domiciliar;
RDC Anvisa nº 48/2000 - Aprova o RDC Anvisa nº 80/2006 –
roteiro de inspeção do programa de Dispõe sobre o fracionamento de
controle de infecção hospitalar; medicamentos em farmácias e
RDC Anvisa nº 50/2002 – Dispõe drogarias;
sobre o Regulamento Técnico para
planejamento, programação,
elaboração e avaliação de projetos
físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde;
RDC Anvisa nº 45/2003 – Dispõe
sobre o Regulamento Técnico de Boas
Práticas de Utilização das Soluções
Parenterais (SP) em Serviços de Saúde.
(Recebe alterações pela RDC Anvisa nº
14/2008 e RDC Anvisa nº 09/2009,
sobre as disposições transitórias e
alteração do anexo VI,
respectivamente.)

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.
Farmácia hospitalar e clínica:
Legislação Sanitária
RDC Anvisa nº 67/2007 – Dispõe sobre
Boas Práticas de Manipulação de
Preparações Magistrais e Oficinais
para Uso Humano em farmácias;
RDC Anvisa nº 38/2008 – Dispõe sobre
a instalação e o funcionamento de
Serviços de Medicina Nuclear “in vivo”;
RDC Anvisa nº 63/2009 – Dispõe sobre
as Boas Práticas de Fabricação de
Radiofármacos;
RDC Anvisa nº 20/2011 – Dispõe sobre
o controle de medicamentos à base de
substâncias classificadas como
antimicrobianos, de uso sob prescrição,
isoladas ou em associação;
RDC Anvisa nº 222/2018 –
Regulamenta as Boas Práticas de
Gerenciamento dos Resíduos de
Serviços de Saúde e dá outras
providências;

Vale destacar também a


PORTARIA Nº 4.283, DE 30
DE DEZEMBRO DE 2010
que aprova as diretrizes e
estratégias para
organização,
fortalecimento e
aprimoramento das ações
e serviços de farmácia no
âmbito dos hospitais.

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.
Farmácia hospitalar e clínica: Perfil
e atribuições do farmacêutico
A farmácia hospitalar é
atualmente uma unidade que
tem, dentre outros objetivos,
garantir o uso seguro e
racional dos medicamentos
prescritos e responder à
demanda de medicamentos
dos pacientes hospitalizados..
Práticas realizadas pelos
farmacêuticos, como a
Atenção Farmacêutica e a
Farmácia Clínica, garantem
uma assistência mais
adequada, diminuindo os
riscos e ampliando a
possibilidade de sucesso
terapêutico.

Organização
ATIVIDADES ATIVIDADES A farmácia hospitalar engloba a
LOGÍSTICAS INTERSETORIAIS elaboração de critérios de seleção,
controle de infecções e uso racional de
antimicrobianos, farmacovigilância,
controle de estoque e, assim como, a
FARMACÊUTICO
dispensação racional, segura e
FARMACÊUTICO
CLÍNICO Hospitalar eficiente, a qual é um ato privativo do
Presta cuidado ao paciente,
de forma a otimizar a
farmacêutico.
farmacoterapia, promover
saúde e bem-estar, e De maneira resumida, as principais
prevenir doenças. ATIVIDADES ATIVIDADES DE
FOCADAS NO MANIPULAÇÃO/ atribuições do farmacêutico podem
PACIENTE PRODUÇÃO
ser agrupadas em quatro grandes
áreas.

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.
Atividades logísticas
Na farmácia hospitalar, é tarefa do farmacêutico realizar
a seleção de medicamentos, por meio da padronização
segundo critérios epidemiológicos, técnicos e,
principalmente, econômicos. Na programação, aquisição
e armazenamento é realizado o controle de estoque,
fundamental para garantir a disponibilidade e a
integridade do medicamento até o momento da
dispensação. Nesta etapa, o gerenciamento do
farmacêutico irá prevenir o desabastecimento de
fármacos e insumos, prevendo a ocorrência de
sazonalidades e eventuais faltas de produtos no
mercado.
Na distribuição e dispensação, é responsabilidade do
farmacêutico garantir o suprimento de medicamentos às
unidades em quantidade, qualidade e tempo oportuno.
Além de garantir rapidez, segurança na entrega e SAIBA MAIS
eficiência no controle e informação.
PORTARIA Nº 4.283/10: Aprova as
Como atividade privativa, o farmacêutico fornece diretrizes e estratégias para
organização de farmácia no âmbito dos
medicamentos frente a uma prescrição, sendo sua hospitais, entre outros.
função registrar, receber a prescrição corretamente, RESOLUÇÃO Nº 679/19: Dispõe sobre
as atribuições do farmacêutico nas
interpretá-la e avaliá-la. Posteriormente, separar o operações logísticas de distribuição,
fracionamento, armazenagem e outros.
medicamento na forma e dose correta e comunicar o
paciente sobre as informações básicas de uso racional
de medicamentos.

Atividades de Manipulação/Produção RADIOFARMÁCIA


O objetivo da manipulação de fórmulas magistrais, Resolução CFF nº 486/2008
oficinais e parenterais é proporcionar Dispõe sobre as atribuições do
medicamentos com segurança e qualidade, farmacêutico na área de radiofarmácia.
adaptados à necessidade da população atendida,
além de desenvolver fórmulas de medicamentos e
NUTRIÇÃO PARENTERAL
produtos de interesse estratégico ou mesmo
Portaria MS/ SNVS nº 272/1998
econômico. Possibilita o fracionamento e diluição
O farmacêutico é o responsável pela
dos medicamentos elaborados pela indústria
avaliação da prescrição, manipulação,
farmacêutica, a fim de racionalizar sua utilização e
controle de qualidade, conservação e
distribuição.
transporte da nutrição parenteral.

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.
Atividades intersetoriais
Além da atuação logística e gerencial do farmacêutico hospitalar, também há
atuação na farmacovigilância. Nesse contexto ele atua por exemplo,
monitorando e notificando reações adversas medicamentosas e participa da
Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH), onde é
responsável por notificar infecções por microrganismos multirresistentes,
além do monitoramento das prescrições racionais de antimicrobianos e
muitos outras.
Além disso, o farmacêutico deve
participar do gerenciamento de resíduos
cujo principal objetivo é minimizar a
produção de resíduos e proporcionar seu
encaminhamento seguro, visando à
proteção dos trabalhadores e à
preservação da saúde pública, dos
recursos naturais e do meio ambiente
obedecendo a Resolução RDC Anvisa nº
222/2018 e ao Plano de Gerenciamento
de Resíduos de Serviços de Saúde
(PGRSS) do hospital.

Atividades focadas no paciente


Segundo a Resolução do Conselho
Federal de Farmácia de nº 585 de 2013
as imputações clínicas do farmacêutico
se remetem ao ajuste e cuidado com a
farmacoterapia de um paciente, sua
Neste processo, o farmacêutico
família e toda uma comunidade, deve compreender os problemas
originando o uso lógico de medicamentos, de saúde e relacionar com as
adequando ao indivíduo qualidade de vida. indicações clínicas e terapêuticas
e então relacionar com objetivos
Além de poder zelar pela prevenção e terapêuticos, que serão
monitoramento de efeitos adversos, atingidos por meio de um plano
intervir, contribuir na prescrição médica e terapêutico (anamnese de
acordo com a consciência do
ainda gerar custos mínimos da paciente, que deve participar
farmacoterapia. ativamente e autonomamente).

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.
Logo, na prática clínica, há diversas atividades que podem ser realizadas pelo
farmacêutico como a reconciliação medicamentosa e a validação
farmacêutica. Todas, porém, com o mesmo objetivo de realizar um
acompanhamento do paciente para potencializar a eficácia da terapêutica
medicamentosa e evitar possíveis danos ou injúrias advindas de um Problema
Relacionado a Medicamentos (PRM).
A reconciliação medicamentosa é outra
tarefa importante do farmacêutico
clínico no ambiente hospitalar, pois
previne o uso desnecessário e repetido de
fármacos no momento da entrada e da
saída do paciente. Além disso, a busca por
interações também é importante para
prevenção de agravos que geram custos
desnecessários ao hospital, reduzindo
gastos e otimizando a farmacoterapia
(farmacoeconomia). A prescrição
farmacêutica também se faz presente
nesse contexto e visa aperfeiçoar o
atendimento e resolver problemas
autolimitados.
A validação farmacêutica se configura
como uma revisão detalhada da
prescrição médica que é realizada por um
farmacêutico clínico com o auxílio de
sistemas informatizados para evitar
assim erros nas prescrições. A partir da
Assistência Domiciliar
análise detalhada o farmacêutico poderá
Resolução nº 386/2002 do CFF
contribuir para a segurança do paciente
garantindo uma farmacoterapia Neste serviço, o farmacêutico presta
adequada, sendo sua função identificar orientações quanto ao uso, indicações,
problemas relacionados à necessidade de e outros para a equipe multidisciplinar,
para o paciente e seus familiares. Além
medicamentos, segurança e efeitos
disso, de gerenciar e garantir que o
adversos, eficácia clínica e adesão ao
medicamento e os produtos para a
tratamento. Deve estar atento a saúde cheguem ao domicílio do
questões como incompatibilidades com paciente de forma segura e com
sonda, quanto ao volume e a interação qualidade.
farmacológica com o diluente e outros.

Referência: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Farmácia Hospitalar. 4a edição, 2019.

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