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Colegiado de Odontologia

Estomatologia e Patologia Oral


APOSTILA PRÁTICA 2022
Centro Universitário de Tecnologia e Ciências
ESTOMATOLOGIA E PATOLOGIA ORAL

Profa. Dra. Flávia F C Soares

1. Como aferir a pressão?


Aferição da pressão sanguínea sistêmica. Um manguito de tamanho adequado é posicionado de forma
segura ao redor do braço de modo que a borda inferior do manguito fique de 2 a 4 cm acima da fossa
antecubital. A artéria braquial é palpada na fossa, e o diafragma do estetoscópio é colocado sobre a artéria
e mantido no local com os dedos da mão esquerda. O bulbo de pressão é mantido na palma da mão direita
e a válvula é aparafusada (fechada) com os dedos e o indicador daquela mão. O bulbo é então apertado
repetidamente até que a pressão atinja aproximadamente 220 mmHg. Deixa-se escapar o ar lentamente do
manguito através da abertura parcial da válvula enquanto o dentista ausculta pelo estetoscópio. A leitura da
aferição começa quando se escuta o primeiro som mais fraco, que se refere à pressão sanguínea sistólica.
A aferição termina quando o último som da artéria desaparece, definindo a pressão diastólica. Logo que a
leitura da pressão diastólica é obtida, a válvula é aberta para desinflar completamente o manguito. A
frequência e o ritmo do pulso são avaliados mais comumente por meio do uso das pontas dos dedos médio
e indicador da mão direita para palpar a artéria radial no pulso. Determinando-se o ritmo como regular, o
número de pulsações que ocorrer em 30 segundos é multiplicado por 2 para determinar o número de
pulsações por minuto.
Hipertensão leve à moderada (sistólica >140 mmhg; diastólica > 90 mmhg)
1. Recomendar que o paciente procure um médico clínico geral para realizar o tratamento da hipertensão
2. Monitorar a pressão sanguínea do paciente em cada visita, e quando administrar anestésico local com
epinefrina, não ultrapassar a dose de 0,04 mg em uma única visita.
3. Usar um protocolo de redução de ansiedade
4. Evitar alterações posturais rápidas em pacientes que ingerem fármacos vasodilatadores
5. Evitar a administração intravenosa de soluções que contenham sódio

Hipertensão grave (sistólica >200 mmhg; diastólica > 110 mmhg)


1. Adiar o tratamento odontológico eletivo até que a hipertensão esteja controlada
2. Considerar o encaminhamento para um cirurgião bucomaxilofacial para problemas emergenciais

2. Classificação do estado físico do paciente


Existem alguns sistemas de classificação, porém o mais comumente utilizado é a classificação do
estado físico da Sociedade Americana de Anestesiologistas (American Society of Anesthesiologists/ASA).
Uma vez que a classificação do estado físico segundo a ASA foi determinada, o dentista pode decidir
se o tratamento exigido pode ser realizado de forma segura e rotineira no consultório dentário. Se o paciente
não for da classe I da ASA ou um paciente relativamente saudável classe 2, o dentista geralmente segue
uma das quatro opções: (1) modificação do plano de tratamento de rotina, incorporando medidas para a
redução de ansiedade, técnicas farmacológicas de controle de ansiedade, monitoramento mais cuidadoso
do paciente durante o tratamento, ou uma combinação desses três métodos (isso normalmente é necessário
para pacientes ASA classe II); (2) obtenção de uma consulta médica para orientar no preparo do paciente
para a cirurgia oral ambulatorial (p. ex., não reclinar totalmente o paciente com insuficiência cardíaca
congestiva); (3) recusar-se a tratar o paciente em ambiente ambulatorial; ou (4) encaminhar o paciente para
um cirurgião bucomaxilofacial. Estão disponíveis modificações propostas no sistema ASA de forma a serem
mais específicas para os dentistas, mas ainda não são amplamente utilizadas entre os profissionais de
saúde.
Classificação do Estado Físico de Acordo com a Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA)
ASA/Grau Significado Exemplo Clínico Conduta
• Cuidados de
rotina.
ASA I Paciente saudável. - • Sem alterações.
• Paciente de baixo
risco.
• Cuidados de
Diabetes Melitus rotina.
controlada ou doenças • Limitar o tempo do
Paciente com doença sistêmica
cardíacas leves procedimento.
ASA II leve ou fator de risco de saúde
controladas como • Controle da
significativo.
hipertensão arterial ou ansiedade.
arritimias. • Paciente de baixo
risco.
Diabetes Melitus • Evitar
descompensado e/ou procedimentos
severa, hipertensão complexos e
arterial descompensada, longos.
complicações • Controle rigoroso
Paciente com doença sistêmica
ASA III pulmonares, insuficiência da ansiedade.
grave que não seja incapacitante.
renal crônica em diálise • Paciente de alto
regular, hepatite ativa, risco.
obesidade grau III,
doença pulmonar
obstrutiva crônica.
• Cuidados apenas
de urgência e
emergência para o
Infarto agudo do
controle da dor
miocárdio recente,
Paciente com doença sistêmica e/ou infecção.
ASA IV insuficiência hepática,
grave que é ameaçadora à vida. • Tratamento em
renal ou pulmonar
ambiente
avançada.
hospitalar.
• Paciente de alto
risco.
Hemorragia interna • Somente cuidados
incontrolável, progressão para manutenção
Paciente moribundo que não se
ASA V rápida da insuficiência da vida.
espera que sobreviva sem cirurgia.
cardíaca com falência • Paciente de alto
renal. risco.
Paciente com morte cerebral
declarada cujos órgãos serão
ASA VI - -
removidos com propósito de
doação.

3. Exame Físico
Enquanto entrevista o paciente, o dentista deve examiná-lo visualmente de forma geral, observar a
simetria da cabeça e do esqueleto facial, o movimento dos olhos, coloração da conjuntiva e esclera e
capacidade auditiva. O clínico deve observar problemas da fala e os sons da articulação temporomandibular.
O exame físico do paciente odontológico deve focalizar a cavidade oral e, em menor grau, a região
maxilofacial inteira. O registro dos resultados do exame físico deve ser um exercício de descrição precisa,
em vez de uma listagem de diagnósticos médicos prováveis. Por exemplo, o dentista pode encontrar uma
lesão na mucosa interna do lábio superior com 5 mm de diâmetro, exofítica, não-dolorosa e firme à palpação.
Esse achado no exame físico deve ser registrado de uma maneira descritiva semelhante; o dentista não
deve fazer o diagnóstico e registrar somente “fibroma no lábio”.
Qualquer exame físico deve ser iniciado com a aferição dos sinais vitais (pressão arterial e pulso).
Isso serve como um esquema de triagem para problemas clínicos não suspeitados e como um padrão para
futuras aferições.
A avaliação física de várias partes do corpo geralmente envolve uma ou mais das quatro seguintes
medidas primárias de avaliação: (1) inspeção, (2) palpação, (3) percussão e (4) auscultação. Nas regiões
oral e maxilofacial, a inspeção sempre deve ser realizada. O dentista deve observar a distribuição capilar e
a textura do cabelo, simetria e proporção faciais, movimento dos olhos e cor da conjuntiva, obstrução nasal
em cada lado, presença ou ausência de lesões e descoloração cutânea, e massas cervicais ou faciais. A
inspeção por toda a cavidade oral é necessária, incluindo a orofaringe, a língua, o assoalho da boca e a
mucosa oral.
A palpação é importante quando se examina a função da articulação temporomandibular, a
musculatura mastigatória, o tamanho e a função das glândulas salivares, o tamanho da glândula tireoide, a
presença ou ausência de aumento ou sensibilidade dos linfonodos e o endurecimento de tecidos moles
orais, bem como para determinar dor ou presença de flutuação em áreas de edema.
A mucosa labial sendo examinada pela eversão dos lábios superior e inferior. B, Língua sendo
examinada pela sua protrusão. O examinador segura a língua com uma gaze e a manipula gentilmente para
examinar as bordas laterais. Pede-se também ao paciente que eleve a língua para permitir a visualização
da superfície ventral e assoalho da boca. C, A glândula submandibular é examinada pela palpação
bimanualmente através do assoalho da boca e pele sob o assoalho da boca.

INSPEÇÃO
Cabeça e face: formato geral, simetria, distribuição capilar
Ouvido: Reação normal a sons (exame otoscópico se for indicado)
Olhos: Simetria, tamanho, reatividade pupilar, coloração da esclera e da conjuntiva, movimento, teste
de visão
Nariz: Septo, mucosa, obstrução
Boca: Dentes, mucosa, faringe, lábios, tonsilas
Pescoço: Tamanho da glândula tireoide, distensão venosa jugular

PALPAÇÃO
Articulação temporomandibular: Crepitação, sensibilidade
Paranasal: Dor na região dos seios
Boca: Glândulas salivares, assoalho da boca, lábios, músculos
mastigatórios
Pescoço: Tamanho da glândula tireoide, linfonodos

PERCUSSÃO
Paranasal: Ressonância sobre os seios (dificuldade de avaliação)
Boca: Dentes

AUSCULTAÇÃO
Articulação temporomandibular: Cliques, crepitação
EXAME DE ROTINA
Região da articulação temporomandibular:
• Palpar e auscultar as articulações
• Medir a amplitude de movimento mandibular e padrão de abertura

Boca:
• Retirar todas as próteses removíveis
• Inspecionar a cavidade oral procurando lesões nos dentes, mucosas oral e faríngea; olhar as
tonsilas e úvula
• Segurar a língua para fora da boca com uma gaze seca enquanto inspeciona as bordas
laterais
• Palpar a língua, lábios, assoalho da boca e glândulas salivares (conferir o fluxo salivar)
• Palpar o tamanho dos linfonodos do pescoço e da glândula tireoide.

4. Anatomia dentária e da cavidade bucal


A cavidade da boca ou cavidade oral é a parte inicial do sistema digestório. Localiza-se no terço
inferior da face e comunica-se com o exterior pela abertura oral e com a parte oral da faringe (orofaringe)
através de uma abertura ampla denominada istmo da garganta (das fauces). Quando totalmente fechada, é
dividida pelos arcos dentais em duas porções: uma anterior anterolateral, menor, o vestíbulo da boca, e a
outra posterior e maior, a cavidade própria da boca que apresenta uma forma ovalada. Com os dentes em
oclusão, estas duas partes comunicam-se pelo espaço entre os últimos molares e a borda anterior do ramo
da mandíbula.
A face interna dos lábios está relacionada com o vestíbulo da boca e com os arcos dentais, sendo
revestida por uma mucosa de coloração rósea e aspecto liso brilhante. Esta face interna continua com a
mucosa alveolar fazendo uma reflexão em forma de fundo de saco, o fórnice do vestíbulo ou fundo de saco
do vestíbulo. No vestíbulo podemos notar uma prega mucosa mediana, o frênulo (freio) do lábio; outras
pregas podem aparecer como os freios laterais (Figuras 01). O frênulo do lábio superior é normalmente
mais pronunciado do que o inferior e algumas vezes pode necessitar de uma redução cirúrgica (frenectomia).
Na parte mucosa do lábio inferior, podemos notar pequenas elevações das glândulas salivares
menores aí encontradas e que podem ser sentidas com a ponta da língua ou com a palpação digital. A
camada muscular dos lábios é formada pelo músculo orbicular da boca e por algumas fibras musculares que
convergem para as bordas livres dos lábios.

7. Mucosa alveolar
8. Fórnice do vestíbulo
9. Freio labial superior
10. Freio lateral

Figura 01: Vestíbulo da boca, arco superior


O vestíbulo oral é delimitado externamente pelos lábios e bochechas e internamente pelos dentes e
processos alveolares recobertos pela mucosa. A mucosa interna, tanto dos lábios como das bochechas,
continua para cima e para baixo e forma um sulco que os une, que é o fórnice do vestíbulo. Após a mucosa,
se dobrar no fórnice, esta passa a recobrir o osso alveolar e recebe o nome de mucosa alveolar.
Esta comunica-se com uma mucosa bastante especializada, espessa e mais clara chamada de
gengiva. O limite entre estas duas mucosas é perceptível por meio de uma linha sinuosa, a junção
mucogengival (Fígura 02). Nos indivíduos negros, a gengiva pode apresentar-se bastante pigmentada
(escura) devido à alta presença de melanina (Figura 2.1). A gengiva é dividida segundo suas características
em gengiva inserida e livre, pois é bem presa ao osso alveolar, mas tem a borda que circunda cada dente
não aderente, formando o sulco gengival de 1 a 3mm de profundidade. No vestíbulo da boca, encontramos
pregas mucosas, que unem a mucosa à gengiva dos lábios e da bochecha. São os freios labiais superior e
inferior (estruturas medianas) e os freios laterais, menores, encontrados na região dos dentes caninos e pré-
molares.

1. Mucosa alveolar
2. Gengiva
3. Junção mucogengival
4. Freio labial superior

Figura 02: Vestíbulo da boca; Arco superior

Figura 2.1: Gengiva pigmentada por melanina

O palato ou teto da cavidade oral é divido em uma porção anterior ou palato duro e outra posterior
ou palato mole (véu palatino). A mucosa que reveste o palato duro é espessa e unida ao periósteo
(mucoperiósteo).
1. Papila incisiva
2. Pregas palatinas transversas
3. Rafe palatina
4. Mucosa do palato

Figura 03: Palato duro

FACES DENTÁRIAS
5. Preenchimento do Odontograma

Dentes Decíduos

(Dentes de leite)

LEGENDA
Face vestibular

Face lingual (dentes inferiores) ou palatina (dentes superiores)

Linha média (referência para faces mediais)

Face distal
6. Quadrantes e Sextantes

1º Quadrante: Superior Direito 2º Quadrante: Superior Esquerdo

4º Quadrante: Inferior Direito 3º Quadrante: Inferior Esquerdo

DIVISÃO DAS ARCADAS EM SEXTANTES

Legendas
1º Sextante 2º Sextante 3º Sextante

4º Sextante 5º Sextante 6º Sextante

REFERÊNCIA: Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. James R. Hupp; Edward Ellis III; Myron R.
Tucker. 5ª ed.: Elsevier.
Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. Lindhe, Lang, Carring, 5ª ed: Ed. Guanabara-Koogan.
2010.
Odontologia Restauradora, Fundamentos e. Possibilidades. Baratieri, L. N. et al - São Paulo: 11ªed. 2005.

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