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CURSO DE LITERTATURA SED-DF – TEXTOS

PROF. CAMILO CRIVELARO

Primeiras manifestações de literatura no Brasil

No dia 21 de abril de 1500, chegavam à costa das terras que mais


tarde se chamariam Brasil as embarcações portuguesas lideradas por
Pedro Álvares Cabral.

Os primeiros contatos com os indígenas, o estranhamento inicial, a


exploração das terras, o desejo de encontrar riquezas... tudo isso
está registrado nos primeiros documentos produzidos em terras
brasileiras.

Documentos de informação

Por todo o século XVI, entre 1500 e 1601, produziu-se uma


literatura informativa composta de relatórios, tratados, estudos,
diários etc. o objetivo era descrever e traçar um perfil da nova terra
para o conhecimento da metrópole portuguesa.

O período é didaticamente chamado de Quinhentismo brasileiro, e


os documentos produzidos durante esse tempo não podem ser
considerados literatura artística, e sim manifestações literárias, já
que não são criações de caráter artístico, mas produtos da
observação ora objetiva, ora subjetiva.

Os primeiros escritos de informação sobre o Brasil, começando pela


Carta de Pero Vaz de Caminha têm caráter bastante descritivo e
revelam os hábitos de vida dos indígenas, além da exuberância da
terra aos europeus. São textos comprometidos em fazer
levantamentos gerais da fauna e da flora, dos rios, dos nativos, do
mundo tropical.

Os escritos dos cronistas e dos viajantes foram redigidos com a


intenção de informar, por isso, há neles um esforço de catalogação da
vegetação, do clima, da constituição física do povo, dos costumes,
dos animais e suas espécies. Desse modo, os primeiros cronistas nas
terras brasileiras passeiam por diversas áreas do conhecimento
humano: geografia, botânica, zoologia, etnografia.
Apesar do caráter científico que muitas vezes assumem, os textos
dos cronistas e dos viajantes estão marcados pela presença da
fantasia de seus autores, todos eles exploradores europeus que
filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e
características quase sempre fantásticas.

A poligamia do indígena e a prática do canibalismo por alguns povos


foram os dois primeiros elementos que desafiaram os europeus. Eram
comportamentos que a visão cristã medieval não admitia.

Aos jesuítas, orientados pela ideologia da Igreja Católica, cabia a


conversão dos gentios de qualquer maneira, mesmo que padres
tivessem que aprender a língua tupi, o que, de fato, acabou
acontecendo, por exemplo, com o padre Manuel de Nóbrega e com o
padre José de Anchieta

A Bíblia aparece, na literatura de catequese, como fonte de todo o


conhecimento. A literatura dos jesuítas, por outro lado, é bem mais
realista que a dos cronistas e viajantes: os padres não se iludiram
como o “novo mundo”, pois tratavam o indígena como pecador.

Periodização da literatura Colonial

Considerando-se que o Brasil foi colônia de Portugal de 1500 a 1822,


são trezentos anos e mais duas décadas de dominação. No primeiro
século, o Brasil colonial foi organizado em capitanias hereditárias, em
que a ação jesuítica de catequese é predominante. Por volta do ano
de 1549, o militar Tomé de Souza é nomeado governador-geral, por
Carta Régia que escolheu por sede a Capitania da Baía de Todos os
Santos.

A comitiva do governador-geral era formada de colonos e os seis


primeiros jesuítas enviados ao Brasil, com o a missão catequética,
chefiados pelo padre Manuel de Nóbrega.

No século XVII, a cidade de Salvador, que já era habitada por


cidadãos portugueses, negros escravizados, índios e mulatos,
transformou-se em importante eixo comercial e centro decisório de
ações políticas do governo. Na primeira metade do século XVIII, a
região de Minas Gerais viveu o ciclo do ouro e se transformou em
centro econômico da Colônia, com rápido povoamento.
A literatura brasileira floresceu em duas fases:

A primeira fase corresponde ao período do Brasil colonial, durante


os séculos XVII e XVIII. Nessa época, uma das primeiras vozes da
literatura brasileira é a do poeta Gregório de Matos e Guerra,
instalado em Salvador, no século XVII. Durante o século XVIII, Minas
Gerais acompanha a produção de poetas sediados em Vila Rica (atual
Ouro Preto), Mariana, São João Del Rei, cidades vinculadas ao ciclo
do ouro e pedras preciosas.

A segunda fase da literatura brasileira se inicia na época do Brasil


independente, a partir de 1822.

QUINHENTISMO: 1500 – 1601 = BARROCO: 1601 – 1768

NEOCLASSICISMO: 1768 – 1836.

O escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral chegou à costa brasileira


em 1500 e redigiu a Carta a el-rei Dom Manuel a fim de comunicar a
descoberta e descrever os primeiros contatos entre portugueses e os
nativos aqui encontrados.

O documento redigido por Pero Vaz de Caminha constitui a principal


fonte de informações históricas da chegada dos portugueses.

Outras fontes de informação histórica do século XVI são:

 1530 - Diário de navegação de Pero Lopes de Sousa;


 1557 - Diálogo da conversão do gentio, do Pe. Manuel de
Nóbrega;
 1557 – Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden;
 1570 e 1576 – tratado da Terra do Brasil e História da Província
Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, ambos de
Pero Magalhães Gândavo.
 1578 – Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry.
 1587 – tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
Literatura de catequese

Os missionários da Companhia de Jesus chegaram ao Brasil em 1549,


com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Eram
capitaneados pelo padre Manuel da Nóbrega e participaram desde
logo da política colonizadora dos portugueses, que previa a conversão
do gentio ao cristianismo.

Os jesuítas se estabeleceram em várias partes do litoral brasileiro,


onde permaneceram até pelos anos de 1605.

Para ensinar ao gentio os hábitos europeus e, principalmente, para


“moralizá-lo” segundo os padrões da igreja católica, os jesuítas não
pouparam esforços. Deram especial atenção às crianças indígenas,
por serem mais dóceis e assimilarem mais facilmente os
ensinamentos.

Os princípios cristãos e católicos foram transmitidos pelos jesuítas por


meio de encenações: teatralização de cenas bíblicas, lances
dramáticos da vida de Jesus, vida dos santos, passagens do Novo e
do Velho Testamento etc.

A literatura jesuítica mergulhou fundo no tradicionalismo medieval,


fazendo representar “autos” nas grandes festas da cristandade, tais
como o Natal, o dia de Reis, a Páscoa.

Por outro lado, os jesuítas aderiram também ao canto, ao diálogo, às


narrativas, formas bem populares de encantar o público,
principalmente o índio, para quem tudo era novidade.

Entendendo que com a música e com o canto era possível uma


grande aproximação, os missionários aprimoraram-se em ensinar e
também em aprender com os gentios. Desse modo, aproveitaram o
aspecto folclórico da cultura dos nativos, mantendo o idioma em que
era concebido. Grande parte dos espetáculos cênicos, começavam ou
terminavam com coreografias e cânticos típicos, a fim de envolver os
indígenas na catequização.
Movimentos literários

Barroco

Sobre o estilo

O termo Barroco refere-se genericamente a todas as manifestações


artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700 - não só na literatura,
estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época. Sua
estética é um reflexo nítido de uma época profundamente
angustiada. Nesse período, a Reforma de Lutero e Calvino dividiu os
cristãos Europeus e, na tentativa de evitar a perda de fiéis, a Igreja
Católica criou instituições florescentes na Península Ibérica, como o
movimento da Contra Reforma, que fundou a Companhia de Jesus e
fortalece a Inquisição. Assim, enquanto a Europa evoluiu
cientificamente, Portugal e Espanha permaneceram defensores da
cultura medieval.

Se o início do século XVI, notadamente seus primeiros 25 anos, pode


ser considerado o período áureo de Portugal, não é menos verdade
que os 25 últimos anos desse mesmo século podem ser considerados
o período mais negro de sua história.

O comércio e a expansão do império ultramarino levaram Portugal a


conhecer uma grandeza aparente. Ao mesmo tempo que Lisboa era
considerada capital mundial da pimenta, a agricultura lusa era
abandonada. As colônias, principalmente o Brasil, não deram a
Portugal riquezas imediatas; com a decadência do comércio das
especiarias orientais observa-se o declínio da economia portuguesa.
Paralelamente, Portugal vive uma crise dinástica: em 1578, levando
adiante o sonho megalomaníaco de transformar Portugal novamente
num grande império, D. Sebastião desaparece em Alcácer-Quibir, na
África; dois anos depois, Filipe II da Espanha consolida a unificação
da Península Ibérica – tal situação permaneceria até 1640, quando
ocorre a Restauração (Portugal recupera sua autonomia).

A perda da autonomia e o desaparecimento de D. Sebastião originam


em Portugal o mito do Sebastianismo (crença segundo a qual D.
Sebastião voltaria e transformaria Portugal no Quinto Império). O
mais ilustre sebastianista foi sem dúvida o Pe. Antônio Vieira, que
aproveitou a crença surgida nas "trovas" de um sapateiro chamado
Gonçalo Anes Bandarra.

A unificação da Península veio favorecer a luta conduzida pela


Companhia de Jesus em nome da Contra Reforma: o ensino passa a
ser quase um monopólio dos jesuítas e a censura eclesiástica torna-
se um obstáculo a qualquer avanço no campo científico-cultural.
Enquanto a Europa conhecia um período de efervescência no campo
científico, com as pesquisas e descobertas de Francis Bacon, Galileu,
Kepler e Newton, a Península Ibérica era um reduto da cultura
medieval.

Com o Concílio de Trento (1545-1563), o Cristianismo se divide. De


um lado os estados protestantes (seguidores de Lutero – introdutor
da Reforma) que propagavam o "espírito científico", o racionalismo
clássico, a liberdade de expressão e pensamento. De outro, os
redutos católicos (a Contra Reforma) que seguiam uma mentalidade
mais estreita, marcada pela Inquisição (na verdade uma espécie de
censura) e pelo teocentrismo medieval.

É nesse clima que se desenvolve a estética barroca, notadamente nos


anos que se seguem ao domínio espanhol, já que a Espanha é o
principal foco irradiador do novo estilo.

Depois do domínio Espanhol, nos séculos XVII e XVIII, a nação


portuguesa decaiu no cenário Europeu e sua literatura girou em torno
de outras culturas: do barroquismo espanhol, do arcadismo italiano e
do iluminismo francês, afetando a iniciante literatura colonial
brasileira que passou a receber tendências estrangeiras.

A partir da segunda metade do século XVI, os ciclos de ocupação e


exploração intensa e regular das possibilidades econômicas do Brasil-
Colônia fizeram surgir núcleos urbanos de grande importância cultural
e econômica na Bahia e Pernambuco. Mais tarde, século XVII, com a
mudança da sede do governo para o Rio de Janeiro, esta firmou-se
também como centro social, político e cultural.

As invasões estrangeiras, do Rio de Janeiro ao Maranhão, nos séculos


XVI e XVII, foram responsáveis não só pelas transformações
ocorridas no Nordeste mas também pelo despertar de uma
consciência colonial, que se manifestou na literatura aqui realizada,
através do sentimento de amor e interesse pelas nossas coisas, fatos
e realidades. Ainda nesse século, essa região presenciou o auge e a
decadência da cana-de-açúcar. No século XVIII, outros centros
surgiram. Além de São Paulo, Vila Rica de Ouro Preto, em Minas
Gerais, também desenvolveu-se econômica e culturalmente, devido
ao descobrimento das jazidas de ouro. Durante esses séculos, o
Brasil viveu sob forte pressão econômica, sobretudo pela intensa
exploração de suas riquezas naturais que mantiveram a Corte.

Famílias brasileiras e portuguesas aqui radicadas, favorecidas por


esse desenvolvimento, passaram a enviar seus filhos para os cursos
superiores em Portugal. Esses estudantes, formados pela
Universidade de Coimbra, foram os principais responsáveis pelas
manifestações literárias europeias que aqui surgiram. Ao retornarem
contribuíram para o nosso desenvolvimento literário e reforçaram a
mentalidade portuguesa entre nós.

Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com


forte influência espanhola, já que ocorre neste período a unificação
da Península Ibérica - daí o Barroco português ser também chamado
de Escola Espanhola. Foi a tendência predominante até a fundação da
Arcádia Lusitana, já durante o governo do marquês de Pombal, em
1756.

No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação


do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, sobre forte influência
de Camões. É considerado o primeiro estilo de época da literatura
brasileira, mas foi na verdade um reflexo do que acontecia em
Portugal. Gregório de Matos, considerado o primeiro poeta
efetivamente brasileiro, e Pe. Antônio Vieira - os dois principais
autores do estilo no Brasil – tiveram suas vidas divididas entre
Portugal e Brasil.

O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada


pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em consequência
da falência do comércio com o Oriente. O homem vivia um estado de
tensão que gerou o culto exagerado da forma, sobrecarregando a
poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a hipérbole e a
alegoria. Este rebuscamento é reflexo do dilema entre o terreno e o
celestial, o antropocentrismo e o teocentrismo, o pecado e o perdão,
a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o
espiritual.

Principais características

Pode-se, de modo geral, definir como principais características do


Barroco na literatura o culto do contraste, o pessimismo e o caráter
moralista - a literatura era um instrumento dos religiosos para educar
e "pregar".

Sem encontrar explicações racionais para o mundo e com o


fortalecimento da igreja católica, o século XVII retomou a
religiosidade do período medieval e o antropocentrismo do século
XVI, levando o pensamento humano a oscilar entre dois polos
opostos: Deus e o homem; espírito e matéria; céu e terra. Ao
aproximar e relacionar ideias e sentimentos ou sensações
contraditórias entre si, o Barroco reflete esse desequilíbrio e tensão.

Essa estética recebe nomes diferentes em outros países. Na Espanha,


é Gongorismo, proveniente do poeta Luís Gôngora y Argote. Na Itália,
chama-se Marinismo, devido à influência de Gianbattista Marini. Na
Inglaterra, o romance Euphues ou The Anatomy of Wit, de John Lyly,
dá origem ao Eufuísmo. Na França, denomina-se Preciosismo, graças
à forma rebuscada na corte de Luís XIV. Na Alemanha, é conhecido
por Silesianismo, caracterizando os escritores da região da Silésia.

Nessa estética, integrante do Período Colonial e sucessora do


Quinhentismo, há um culto exagerado da forma. Na poesia, isso é
feito através de malabarismos sintáticos e abuso de figuras, tais
como metáforas, antíteses, paradoxos, metonímias, hipérboles,
alegorias e simbolismos, resultando em um rebuscamento exagerado,
a que os poetas do Arcadismo iriam se opor.

Para o artista barroco, efêmero e contingente, que deseja conciliar


céu e terra, a duplicidade é a única atitude compatível, daí o uso de
temas opostos: amor e dor, o erótico e o místico, o refinado e o
grosseiro, o belo e o feio que se misturam, ressaltando o bizarro, e
lembrando que a morte é o denominador comum de todas as
aspirações humanas.

Além das características portuguesas, o barroquismo brasileiro


apresenta peculiaridades próprias. A visão nativista na poesia, por
exemplo, pode ser considerada pitoresca pelo tipo de louvor que faz
ao país. Na lírica amorosa, a mulher é retratada pela sua beleza e
perigo, sendo ao mesmo tempo enaltecida e exorcizada.

Cultismo e Conceptismo

Na literatura, pode-se definir dois estilos no Barroco: o Cultismo e o


Conceptismo.

O Cultismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta,


extravagante (hipérboles), descritiva; pela valorização do pormenor
mediante jogos de palavras (ludismo verbal). Pela visível influência
do poeta espanhol Luís de Gôngora, o estilo é também conhecido por
Gongorismo. No cultismo valoriza-se a forma - o "como dizer".

Já o Conceptismo valoriza "o que dizer". É pelo raciocínio lógico,


racionalista, de retórica aprimorada. Também é chamado de
Quevedismo, em referência ao espanhol Quevedo.

O fim do Barroco

O Barroco entra em decadência na segunda metade do século XVII,


com a ascensão da burguesia. Esta não se via representada pela
estética barroca e via a contraditória moral religiosa como um
obstáculo aos seus interesses; daí a volta à simplicidade das formas e
ideias Clássicas que caracterizaram o Arcadismo.

O final do Barroco brasileiro só se concretizou em 1768, com a


fundação da Arcádia Ultramarina e com a publicação do livro Obras,
de Cláudio Manuel da Costa. No entanto, já a partir de 1724, com a
fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o movimento
academicista ganhava corpo, assinalando a decadência dos valores
defendidos pelo Barroso e a ascensão do movimento árcade.

AUTORES:

BENTO TEIXEIRA

Biografia

Pouco se sabe sobre Bento Teixeira e, na verdade, a crítica atribui


pouco valor literário à sua única obra conhecida, o poemeto
Prosopopéia. O seu valor histórico, porém, é indiscutível: trata-se do
marco inicial do Barroco no Brasil, primeiro movimento literário a
surgir aqui.

Se acreditava que o escritor tivesse nascido em Recife, mas,


atualmente, admite-se que tenha nascido em Portugal. Devido à sua
origem judaica, foi denunciado à Inquisição, detido em 1595 e
enviado à Lisboa. Reapareceu em um auto-de-fé em 1599.

Prosopopéia foi publicado em Portugal em 1601. É um poema épico,


em decassílabos, dispostos em oitava rima, publicado em 1601.
Trata-se de poema laudatório a Jorge de Albuquerque Coelho,
donatário da capitania de Pernambuco; além de tecer-lhe elogios,
conta a história de seu naufrágio. A imitação de Os Lusíadas é
frequente.

BOTELHO DE OLIVEIRA

Biografia

Botelho de Oliveira, com a coletânea de poemas Músicas do Parnaso,


foi o primeiro escritor nascido no Brasil a publicar um livro impresso.
Também foi o maior hispanista de nossa literatura, escrevendo a
maior (e a melhor) parte de sua obra em espanhol.

Pouco se sabe sobre este escritor baiano, nascido em abastada


família de Salvador. Estudou Direito em Coimbra, foi vereador,
advogado e agiota. O poemeto A Ilha da Maré é sua obra mais
conhecida, e também a primeira a tecer elogios poéticos à nossa
terra. Dedicou-se também à dramaturgia, escrevendo algumas peças
em espanhol - como Hay amigo para amigo e Amor, engaños y celos.
GREGÓRIO DE MATOS

Biografia

Gregório de Matos é considerado o primeiro poeta brasileiro. Porém,


nenhuma das obras do "Boca do Inferno" - como ficou conhecido
graças ao estilo satírico e irreverente - foi publicada durante a sua
vida, em teoria por problemas de relacionamento com a imprensa da
época. Seus manuscritos foram conservados e publicados em pleno
movimento Modernista, de 1922 a 1933. Há, entretanto, muitas
dúvidas sobre a real autoria de muitos dos poemas que lhe são
atribuídos.

Nascido em uma família rica, estudou direito na faculdade de


Coimbra, exercendo em Portugal muitos cargos na magistratura.
Voltou ao Brasil depois de perder a esposa, passando a viver de
forma desregrada. Dirigiu, então, cruel ofensiva ao clero, à colônia
lusa e aos negociantes através de seus versos.

Foi preso e deportado para Angola. Voltou ao Brasil já doente para


morar no estado de Pernambuco, cujo governo permitiu sua
permanência sob a condição de não mais escrever seus poemas. Lá
viveu até falecer, aos 62 anos, em 1695.

A obra de Gregório de Matos serve para fazermos um bom retrato de


como era a vida no Brasil em seu tempo. Mas seu valor não se
resume ao campo histórico, mas também à grande qualidade
literária. É considerado o maior poeta barroco da língua portuguesa.

Principais obras:

Crônica do viver baiano seiscentista;


Escritos de Gregório de Matos;
Obra poética;
Lírica de Gregório de Matos;
Os melhores poemas.

PADRE ANTONIO VIEIRA

Biografia

Os sermões do Padre Antônio Vieira servem como um testemunho da


transição do pensamento renascentista para o barroco. Além disso,
deixou profecias, normalmente de cunho nacionalista, e cartas de
grande valor histórico.

Nascido em Lisboa, veio para o Brasil com sete anos de idade, aqui
ingressando na Companhia de Jesus. Com a restauração em Portugal,
volta para a sua terra natal e fica amigo do Rei D. João IV, tornando-
se pregador régio, conselheiro do Rei e diplomata. Serviu então em
diversos países da Europa. Voltou ao Brasil e morreu na Bahia 1697.

Foi perseguido pela Inquisição por pregar a ajuda financeira dos


judeus a Portugal - cujo império, segundo suas profecias, seria o
"Quinto Império do Mundo". Foi um grande e polêmico orador, de
vasto vocabulário e cultura geral.

Principais obras:

Sermões;
Pensamentos e conceitos dos sermões de Vieira;
Sermão da sexagésima;
Sermões: problemas sociais e políticos do Brasil;
Vieira: sermões;
Escritos instrumentais sobre os índios;
O rosário de Vieira;
A arte de morrer: os sermões de quarta-feira de cinzas de Antonio
Vieira;
Escritos históricos e políticos;
Santo Antônio luz do mundo: nove sermões

Arcadismo

Sobre o estilo

O Arcadismo, Setecentismo (os anos 1700) ou Neoclassicismo foi


uma corrente que predominou principalmente na segunda metade do
século XVII. Representou o gosto da emergente burguesia, que não
via seu gosto representado na arte barroca.

Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante


transformação cultural, marcando a decadência do pensamento
barroco. A burguesia inglesa e francesa, impulsionada pelo controle
do comércio ultramarino, cresceu, dominando a economia do Estado.
Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais retrógrados,
caíram em descrédito.

A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e


aos religiosos, propagou-se por toda Europa, sobretudo na França,
onde foram publicados O Espírito das Leis (1748), de Montesquieu, e
o primeiro volume da Enciclopédia (1751), que tem à frente Diderot,
Montesquieu e Voltaire. As ideias desses enciclopedistas, defensores
de um governo burguês e do ideal do "bom selvagem", de Rousseau -
"o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, devendo,
portanto, retornar para a natureza"-, impulsionaram o
desenvolvimento das ciências, valorizando a razão como agente
propulsor do progresso social e cultural. A burguesia, em oposição ao
exagero cultista barroco, voltou-se para as questões mundanas e
simples, relegando a religião a um segundo plano. Sua arte
emergente caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica.

Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa,


influenciando Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I,
com o propósito de colocar o país em dia com o progresso Europeu,
executou a tarefa de renovação cultural, expulsando os jesuítas, em
1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então leigo.
Fundaram-se escolas e academias, e Portugal passou a respirar um
clima de novidade e de mudanças na arte, ciência e filosofia.

No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura


jesuítica começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de Janeiro e
Minas Gerais destacaram-se como centros de relevância política,
econômica, social e cultural; foi crescente o número de estudantes
brasileiros, que se expuseram às influências dos novos ideais e
tendências, em universidades da Europa.

Consequentemente, o Iluminismo e os acontecimentos que abalaram


a ordem política e social do Ocidente - Independência Norte
Americana e Revolução Francesa - tiveram ampla repercussão no
crescente sentimento nativista brasileiro e no descontentamento
reinante, provindo da área de mineração. Vila Rica, em Minas, foi
berço dos principais acontecimentos setecentistas, surgindo os poetas
do Arcadismo e a Inconfidência.

Neste panorama, o Barroco já se encontrava decadente. O


Neoclassicismo ocupa o seu lugar procurando restaurar o equilíbrio
por meio da razão. A influência neoclássica penetrou em todos os
setores da vida artística europeia, no século XVIII. Os artistas desse
período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado os limites
do que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e
imitar os padrões artísticos do Renascimento, tomados então como
modelo.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se


deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de
academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc. O
nome "Arcadismo" vem da Arcádia, criada em 1690 na Itália reunindo
escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais
neoclássicos. A Arcádia foi criada inspirada na lendária região da
Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus
Pari e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e
espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e
celebrando o amor e o prazer.
Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o
progresso científico, propõem a volta à simplicidade da vida no
campo e o aproveitamento do momento presente. Embora citadinos,
recriam em seus versos, paisagens bucólicas de outras épocas,
verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos gregos e
latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida
saudável idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A
poesia árcade se realiza através do soneto, com versos decassílabos
e a rima optativa, e a tradição do épico, retomando os modelos do
Classicismo do século XVI. A estética inovadora viria posteriormente
com o Romantismo, que vai procurar criar uma nova linguagem,
capaz de refletir os ideais nacionalistas, uma de suas características
essenciais.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios


de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que
historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da
nobreza nas cortes. Entre os ideais árcades, podemos destacar:

• fugere urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino


Horácio, os árcades defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto
é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros
urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo
francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização
corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom.

• aurea mediocritas (vida medíocre materialmente, mas rica em


realizações espirituais): outro traço presente advindo da poesia
horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em
oposição à vida luxuosa e triste na cidade

• Ideias iluministas: como expressão artística da burguesia, o


Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa
classe, no caso, ideias do Iluminismo. Os iluministas foram
pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé
cristã, e combateram o Absolutismo. Embora não sejam a
preocupação central da maioria dos poetas árcades, ideias de
liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em alguns textos
da época.

• Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são


artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais
sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um
pastor que confessa o seu amor por uma pastora e a convida para
aproveitar a vida junto à natureza. Porém, ao se lerem vários
poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se
trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um
mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre
devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão
dos sentimentos, levando o poeta a racionalizá-los. Ou seja, o que
mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer
poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os
sentimentos. Além disso, mantém-se o distanciamento amoroso entre
os amantes, que já se verificava na poesia clássica. A mulher é vista
como um ser superior, inalcançável e imaterial.

• carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é


possível tema já bastante explorado pelo Barroco - é retomado pelos
árcades e faz parte do convite amoroso.

Em termos formais, a poesia neoclássica se utiliza de vocabulário


simples, uma ausência quase total de figuras de linguagem e frases
em ordem direta. São muito comuns formas clássicas como o verso
decassílabo ou o soneto.

Arcadismo no Brasil

No Brasil origina-se e se concentra principalmente em Vila Rica (hoje


Ouro Preto), MG e seu crescimento está diretamente relacionado com
o grande crescimento urbano verificado nas cidades mineiras do séc.
18 cuja a base econômica é a extração de ouro. Quem podia ia
estudar em Coimbra, pois aqui não tinha escolas superiores, então
eles traziam ideias iluministas que influenciaram a cultura e a política
na época do ministro Marquês de Pombal, adepto de algumas ideias.
A atividade mineradora - já intensa desde 1700 - determina
mudanças na organização e na dinâmica da vida brasileira. Há um
aumento considerável na circulação de mercadorias e uma
dinamização das regiões que abasteciam de gado as Minas Gerais
(Sul e Nordeste). Com o crescimento das cidades, surgia no Brasil o
trabalho não escravo, desvinculado das atividades agrícolas e da
mineração. Eram artesãos, burocratas, profissionais liberais, literatos.

Seu marco inicial se dá precisamente em 1768, quando Cláudio


Manuel da Costa publica Obras. Começava a ganhar mais importância
no Brasil a burguesia, graças às mudanças determinadas na
sociedade pela atividade mineradora - já intensa desde 1700. Com o
crescimento das cidades, surgia o trabalho não escravo, desvinculado
das atividades agrícolas e da mineração. Eram artesãos, burocratas,
profissionais liberais, literatos.

Os ideais Iluministas, que na Europa culminaram com a Revolução


Francesa, no Brasil também exerceram forte influência nos artistas
Neoclássicos. Em Minas, um grupo de intelectuais se reunia em torno
de ideias de libertação da metrópole portuguesa e teve participação
determinante no famoso episódio da Inconfidência Mineira. Seis
poetas constituem a chamada "Escola Mineira": Frei José de Santa
Rita Durão, José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa, Tomás
Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Manuel Inácio
da Silva Alvarenga.

A valorização do índio em nosso Arcadismo reflete o ideal iluminista


do "bom selvagem": o pensamento de Rousseau de que a natureza
fez o homem feliz e bom, mas a sociedade o corrompe e o
transforma. A incorporação do índio como elemento literário dará um
colorido diferente do europeu ao Arcadismo brasileiro. De fato, o
Arcadismo iniciou a transformação da literatura brasileira, que se vai
efetivar no século XIX, com o Romantismo

Outra característica específica do Neoclassicismo no Brasil foi a sátira


política, presente nas famosas Cartas Chilenas atribuídas a Tomás
Antônio Gonzaga. Era mais um aspecto da tomada de consciência
política dos artistas do Grupo Mineiro.

Do grupo de inconfidentes, apenas o alferes Tiradentes (dentista


prático), maçom e simpatizante dos ideais iluministas não tinha uma
formação superior. Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que
devia vultosas somas ao governo português, o grupo foi preso. Todos
com exceção de Tiradentes negaram sua participação no movimento.
Cláudio Manuel da Costa, segundo versão oficial, se suicidou na
prisão antes do julgamento.

No julgamento, vários inconfidentes foram condenados à morte pela


forca, dentre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto (escritor). Tomás
Antônio Gonzaga e outros foram condenados ao exílio temporário ou
perpétuo. Tiradentes assumira para si a responsabilidade da liderança
do grupo.

No dia 20 de abril de 1792, foi comutada a pena de todos os


participantes, excluindo a de Tiradentes, enforcado no dia seguinte.
Seu corpo foi esquartejado e exposto por Vila Rica; seus bens,
confiscados, sua família, amaldiçoada por quatro gerações, e o chão
de sua casa, salgado, para que dele nada mais brotasse.

Arcadismo em Portugal

Em Portugal, o Arcadismo teve seu ponto de partida com a fundação


da Arcádia Lusitana, em 1756. Seu lema - inutilia truncar -
representava o repúdio às coisas inúteis, característica marcante da
poesia neoclássica, sempre simples em sua linguagem. Era uma
marcante oposição ao Barroco.

A base da Arcádia Lusitana era a Arcádia Romana, que buscava


restabelecer a simplicidade da arte renascentista e antiga.
Participaram, entre outros, os poetas Antônio Dinis da Cruz e Silva e
Pedro Antônio Correia Garção.

Em 1790, foi fundada a Academia de Belas Artes, depois chamada de


Nova Arcádia. Algumas obras poéticas de seus sócios foram
publicadas três anos depois, sob o título Almanaque das Musas. Os
membros mais importantes dessa associação foram o brasileiro
Domingos Caldas Barbosa, e os poetas Padre Agostinho de Macedo e
Manuel Maria Barbosa du Bocage.

AUTORES

BASÍLIO DA GAMA

Biografia

Apesar da pequena obra que produziu, Basílio da Gama é considerado


o melhor poeta de seu tempo, além de um dos precursores do
Romantismo no Brasil - apesar de pertencer à corrente do Arcadismo.

Nascido em São José do Rio das Mortes (atualmente Tiradentes), em


Minas, Basílio da Gama recebeu os primeiros ensinamentos dos
jesuítas, chegando a ser noviço, e testemunhou sua expulsão do país.
Em Lisboa, foi acusado de jesuitismo e seria degradado para Angola;
o poema Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona Maria Amália,
homenagem ao casamento da filha do Marquês de Pombal lhe salva
da punição e lhe garante a confiança do Marquês - de quem acabou
tornando-se secretário.

Sua principal obra é o poema épico O Uraguai, que tinha a clara


intenção de louvar Pombal e o heroísmo indígena e desancar os
jesuítas, caindo às vezes até no caricato. Ele exalta o "bom
selvagem", mas sem cair no bucolismo comum no arcadismo. Apesar
do assunto não ser tão grandioso para o gênero épico, consegue criar
uma poesia de boa qualidade, ágil e expressiva. Os versos em
decassílabos brancos e sem divisão de estrofes e o movimento
oscilatório entre os decassílabos heroicos e sáficos, apressam a
estrutura do poema, tornando-o mais lírico-narrativo do que épico. As
imagens densas e rápidas da natureza revelam já um direcionamento
para o paisagismo do Romantismo.

Além de Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona Maria Amália e O


Uraguai, Basílio da Gama deixou apenas mais uma obra: Quitúbia,
um poemeto heroico celebrando um chefe africano que nos auxiliou
na guerra dos holandeses. Faleceu em Lisboa, a 31 de julho de 1795.
Principais obras:

O Uraguai (poema épico);


Obras poéticas de José Basílio da Gama.

CLAUDIO MANUEL DA COSTA

Biografia

Utilizando o pseudônimo Glauceste Satúrnio, Cláudio Manuel da


Costa foi um dos introdutores do Arcadismo no Brasil. Apesar do
grande esforço, é considerado um poeta de pouca inspiração.

Filho de abastados mineradores de Minas Gerais, estudou direito


em Coimbra. Em Portugal, teve contato com as ideias iluministas.
De volta ao Brasil, participou da Inconfidência Mineira. Morreu
enforcado na prisão em 1789, em um suposto suicídio;
atualmente, parece inconteste que o "suicidaram".

Antes de publicar Obras, o primeiro livro árcade no Brasil,


publicou alguns poemas barrocos sem importância. Depois,
passou a ser conhecido como o "mais árcade dos árcades",
publicando sonetos de forte influência de Camões. A temática era
a comum do arcadismo: temas bucólicos, pastoris, com a
natureza como refúgio.

Principais obras:
Minúsculo Métrico;
Epicédio;
Labirinto de Amor;
Números Harmônicos;
Vila Rica;
O Parnaso Obsequioso.

SANTA RITA DURÃO

Biografia

Apesar de ter deixado o Brasil ainda criança, o frei Santa Rita


Durão teve participação importante na história da literatura
brasileira - é considerado o criador do indianismo no Brasil.

Nasceu em 1722 em Minas Gerais, estudando no Rio de Janeiro


com os jesuítas. Aos 9 anos mudou-se para Portugal, nunca
retornando ao Brasil. Lá ingressou na Ordem de Santo Agostinho
e doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de
Coimbra, onde mais tarde seria professor.

Por desavenças no meio religioso, teve que fugir para a Itália,


onde levou uma vida de estudos. Neste período, passou também
por outros países. Retornou a Portugal após a queda do Marquês
de Pombal, iniciando então a elaboração de sua mais importante
obra, o poema Caramuru.

Pelo seu amor à terra natal, Santa Rita Durão acreditava que os
sucessos no Brasil mereciam ser cantados tanto quanto os nas
Índias. Foi isso que o motivou a escrever Caramuru, inspirado
nos modelos clássicos e em Camões. O poema é dividido em duas
partes: a primeira trata do naufrágio de Diogo Álvares Correia,
dos seus sucessos e dos seus amores; a segunda, imaginária, se
refere à visão de Paraguaçu e é onde surge a movimentada cena
da evolução política e social do Brasil.

SILVA ALVARENGA

Biografia

Silva Alvarenga escreveu obras que são um retrato perfeito do


estilo rococó na literatura brasileira. Apesar de pertencente à
escola do Arcadismo, pode ser considerado um precursor do
Romantismo em alguns aspectos.

Nasceu em Vila Rica, em 1749. Estudou e formou-se em direito


na Universidade de Coimbra, em Portugal, fixando em sua volta
residência no Rio de Janeiro. No Rio, participou da fundação da
Sociedade Literária local e veio a falecer em 1814.

Utilizou o pseudônimo árcade de Alcindo Palmireno. Entre suas


obras principais estão O desertor das letras e Glaura. É
considerado um precursor do Romantismo por não cultuar
excessivamente o universo greco-romano como faziam seus
colegas neoclássicos.

Principais obras:
Desertor das Letras;
Glaura.

TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

Biografia
Tomás Antônio Gonzaga foi dos maiores escritores do Arcadismo
brasileiro. Sua obra, na verdade, vai além das limitações desta
escola, rodeando o pré-romantismo.
Filho de um português com uma brasileira, nasceu em Portugal
mas passou a infância na Bahia, onde estudou em um colégio
jesuíta. Retornou a Portugal para estudar direito na Universidade
de Coimbra - logo após formar-se, escreveu o Tratado de Direito
Natural, de forte caráter iluminista.

Vem para o Brasil, onde assume o cargo de ouvidor em Vila Rica


(atual Ouro Preto). Escreve, então, as Cartas Chilenas, em que
satiriza o governador de Minas Luís da Cunha Meneses, seu
adversário político, retratado na obra como um governador de
província chilena chamado "Falastrão Minésio".

Participou da Inconfidência Mineira, passando por conta disso três


anos na prisão, no Rio de Janeiro. É quando escreve uma série de
poemas líricos dedicados à sua amada Maria Dorotéia. Estes
poemas são reunidos nos três volumes de Marília de Dirceu -
Marília é o nome dado à sua amada e Dirceu, ao poeta. Ao sair da
prisão, parte para o exílio em Moçambique, onde se casou com
outra mulher e veio a falecer, em 1809.

Principais obras:
Marília de Dirceu (poesia);
Cartas chilenas (poesia);
Os melhores poemas de Tomás Antônio Gonzaga.

Obras do Arcadismo

>> C <<

Caramuru, de Santa Rita Durão


Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga

>> M <<

Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga

>> O <<

O Uraguai, de Basílio da Gama


Romantismo

Sobre o estilo

Com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, o Rio de Janeiro passa


por um processo de urbanização que o torna propício à divulgação de
novas correntes culturais europeias. Após a independência, em 1822,
cresce o sentimento de nacionalismo e busca de uma identidade
nacional, ao mesmo tempo em que as famílias mais ricas mandam
seus filhos à Europa para estudar.

Em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a


Niterói - Revista Brasiliense e, no mesmo ano, lança um livro de
poesias românticas intitulado: Suspiros poéticos e saudades. São os
marcos iniciais de nosso Romantismo, cujas características já eram
cultivadas na Europa mas caíam como uma luva nos anseios da
burguesia brasileira da época. Há a valorização do sentimento sobre a
razão, a idealização do amor sublime e de heróis e mocinhas e a
exaltação de valores patrióticos. No Brasil, o momento confuso que o
país vivia fez com que não só o nacionalismo fosse marcante, mas
também a lusofobia.

Características do Romantismo

O Individualismo levou os autores a uma visão egocêntrica da vida.


Como consequência do egocentrismo, surgiu o sentimento de
desadaptação à realidade, o conflito entre o eu e o mundo,
responsável pelo desejo de isolamento e pelas críticas à sociedade. A
busca de solução para o conflito eu/mundo gerou três atitudes
românticas aparentemente contraditórias:

• Escapismo - A fuga para um mundo criado à base da imaginação,


no qual se idealizavam o sobrenatural, o amor e a mulher, a
natureza, os lugares exóticos e distantes, o passado (sobretudo
medieval), a pátria, o índio (no Brasil).

• Pessimismo - Sentimento de derrota diante da vida ("Mal-do-


século”) expresso através
de ceticismo, ironia, sarcasmo, "spleen", satanismo e desejo de
morte.

• Reformismo - Desejo de reformar a sociedade, com a luta por ideais


humanitários, a defesa dos fracos e oprimidos e a concepção da
literatura como forma de
participação social.
O Romantismo desenvolveu-se em oposição ao Classicismo. Era uma
corrente ligada ao gosto popular, e não o da aristocracia. Então, ao
fazer uma comparação entre os valores Clássicos e os Românticos
podemos ter um retrato do que seria, de maneira geral, a linha de
pensamento dos artistas do Romantismo:

CLASSICISMO ROMANTISMO
Razão Emoção
Teoria expressiva; expressão do
Mímesis; imitação da realidade
próprio eu
Objetividade Subjetividade
Universalismo (o mundo) Individualismo (o eu)
Amor (extra temporal, extra
"Meu amor"
espacial, universal)
Imitação de modelos (formas fixas) Inspiração ou liberdade criativa
Realidade subjetiva (mundo
Realidade objetiva (mundo exterior)
interior)
Equilíbrio Contradição
Ordem Reformismo

Também podemos observar como características marcantes do


Romantismo o subjetivismo, o nacionalismo, o sentimentalismo, a
liberdade de criação (com a abolição de todo padrão clássico), o
pessimismo, o nacionalismo, a religiosidade e o culto ao fantástico.

O Romantismo no Brasil

Em oposição direta ao Arcadismo, o Romantismo, marco de início do


Período Nacional da literatura brasileira, que se estende até nossos
dias, tem como lema a subjetividade, ou seja, o culto ao eu, ao
individualismo e à liberdade de expressão, buscando a criação de
uma linguagem nova e compatível com o espírito nacionalista.
Impera a emoção, a constante busca pelas forças inconscientes da
alma, como a imaginação e os sonhos. É o coração acima da razão
humana, que leva ao amor idealizado e puro. A natureza passa a ser
a expressão da criação e perfeição de Deus, a única paisagem sem a
mão corrupta do homem. É nela que o homem vai refletir todos os
seus estados de espírito, desejos de liberdade, de proximidade ao
Criador.

Essa busca dos sentimentos e da liberdade entra em choque, porém,


com a realidade humana e muitas vezes gera a insatisfação, a
depressão e a melancolia em relação ao mundo incompreendido - o
"mal-do-século". A consequência quase sempre é a fuga, a busca
pela morte, pelos ambientes exóticos: o oriente distante ou o
passado histórico, que, para os europeus, remonta à época medieval
e, para os escritores brasileiros, à vida indígena pré-colonial e
colonial. Muitas vezes essa fuga recai sobre a infância, período de
pureza, estabilidade e segurança na vida. A criança passa a ser
modelo de perfeição, de estado de espírito, de exemplo para a
renovação da alma e da sociedade. Surge daí a contestação aos
modelos vigentes, a busca do caos e da anarquia, o culto às trevas,
ao ópio e à noite, num convívio quase irregular com um nacionalismo
exaltado, em que a figura do índio e do sertanejo passam a ser
figuras de destaque - representantes da típica cultura brasileira. Da
vida urbana, fica a imagem dos amores burgueses, da média-alta
sociedade de São Paulo e principalmente do Rio de Janeiro, capital do
império, tão bem retratada nos folhetins. Toda essa fuga seria alvo
de ataque dos escritores do Realismo-Naturalismo.

O movimento surgiu no Brasil no início de nossa história como país


independente. Havia então na época o desejo de criar também uma
arte independente do que se fazia na antiga metrópole; daí podermos
apontar o Romantismo como a primeira corrente literária com
características genuinamente brasileiras. Se aponta, como marco do
início do movimento aqui a publicação de Suspiros poéticos e
saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães.

Por esse desejo de definição de uma identidade nacional, um dos


traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo. Isto gera
diversas posturas artísticas com esta preocupação: o indianismo, o
regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e linguística. No caso do
indianismo, o que se buscava era uma forma e poder retratar um
"passado glorioso" do país, como os europeus faziam com seus
cavaleiros medievais. Daí os nativos serem muito idealizados nas
obras deste período.

A poesia romântica

Na poesia romântica brasileira, pode-se reconhecer três gerações:


geração nacionalista ou indianista; geração do "mal do século" e a
"geração condoreira". A primeira é conhecida como indianista por ter
criado no índio a figura de um herói nacional. É marcada pela
exaltação da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo,
sentimentalismo e religiosidade. Entre os principais autores,
destacam-se Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto.

A segunda, do "mal do século" é impregnada de egocentrismo,


negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e
tédio constante. Foi fortemente influenciada pelo inglês Lord Byron,
daí também ser conhecida como byronismo. Seu tema preferido é a
fuga da realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas
virgens sonhadas e na exaltação da morte. Os principais poetas dessa
geração foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira
Freire e Fagundes Varela.

A geração condoreira é assim conhecida por ter adotado o condor


como símbolo de liberdade. Caracterizada pela poesia social e
libertária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de
D. Pedro II, em especial a causa abolicionista. Essa geração sofreu
intensamente a influência de Victor Hugo e de sua poesia político-
social. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por
Tobias Barreto e Sousândrade.

A prosa romântica

Duas outras variações literárias do Romantismo merecem destaque:


a prosa e o teatro romântico. Cronologicamente, o primeiro romance
brasileiro foi O filho do pescador, publicado em 1843, de Teixeira de
Souza (1812-1881). Tratava-se de um romance sentimentalóide, de
trama confusa e que não serve para definir as linhas que o romance
romântico seguiria em nossa literatura brasileira. Assim, por ter
moldado o gosto deste público ou correspondido às suas
expectativas, convencionou-se adotar A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo, publicado em 1844, como o primeiro romance do
Romantismo brasileiro. Os romances giravam em torno da descrição
dos costumes urbanos, de amenidades das zonas rurais ou de
imponentes selvagens, apresentando personagens idealizados pela
imaginação e ideologia românticas.

Em termos da temática, o romance brasileiro pode ser dividido em


quatro tendências distintas.

O romance urbano, que retrata, muitas vezes de forma crítica, a vida


e os costumes da sociedade no Rio de Janeiro. Os enredos, na
maioria das vezes, são recheados de amores platônicos e puros, fruto
de uma classe social sem problemas financeiros e na maioria dos
casos estereotipada. Destacam-se as obras de Joaquim Manuel de
Macedo, Manuel Antônio de Almeida e principalmente José de
Alencar.

O romance indianista, que focaliza a figura do índio. Enquanto o


escritor europeu tinha seus cavaleiros medievais, o brasileiro sentiu a
necessidade de resgatar em nosso passado um herói que melhor nos
retratasse. Mesmo sendo algumas vezes retratado como se fosse um
cavaleiro europeu da idade média, a figura do índio surge de forma
imponente, com seus costumes e sua vida selvagem, mas cheia de
virtudes. Destacam-se aqui as obras de José de Alencar,
principalmente os clássicos Iracema e O Guarani.

O romance regionalista, que concentra-se em outra figura brasileira:


o sertanejo. Na insistência nacionalista de buscar as raízes de nossa
cultura, a figura do sertanejo, com suas crenças e tradições, fez-se
tão exótica quanto à do índio. Dentre os regionalistas, destacam-se,
além de José de Alencar, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay e
Franklin Távora.

O romance histórico, através do qual os romancistas brasileiros


buscaram em nossa história temas que alimentassem os anseios
românticos, de modo a acentuar ainda mais o nacionalismo exaltado
que respirava a pátria desde a independência. Evidenciam-se
Bernardo Guimarães e, mais uma vez, José de Alencar.

Dentro das características básicas da prosa romântica, destacam-se,


além de Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida,
Bernardo Guimarães, Franklin Távora e José de Alencar.

O teatro romântico

O teatro romântico desenvolve-se no Brasil a partir da chegada da


corte de D. João VI ao país, em 1808. A primeira peça é a tragédia
Antônio José ou o Poeta e a Inquisição (1838), de Gonçalves de
Magalhães, encenada por João Caetano, no Rio de Janeiro. Martins
Pena, autor de O Noviço, é considerado o primeiro dramaturgo
brasileiro importante. As principais características do período da
produção teatral da época são o individualismo, a subjetividade, a
religiosidade e o relato de situações cotidianas.

ÁLVARES DE AZEVEDO

Biografia

Manuel Antônio Álvares Azevedo, considerado o "Byron brasileiro", foi


o maior representante nacional do ultrarromantismo. Não só sua obra
reflete o pensamento desta geração marcada pelo "mal do século",
mas também a sua própria vida: viveu sempre às voltas com doenças
e morreu jovem, aos 21 anos.

Nascido em São Paulo em 1831, veio com a família para o Rio de


Janeiro ainda jovem. Teve seu primeiro - e marcante - contato com a
morte quando seu irmão mais novo faleceu, aos 4 anos de idade. No
Rio, estudou nos colégios Stoll e Pedro II - onde foi aluno do poeta
Gonçalves de Magalhães, considerado por muitos o introdutor do
Romantismo no Brasil.
Voltou para São Paulo para estudar direito. Álvares de Azevedo
produziu freneticamente durante os quatro anos de faculdade:
poemas, prosas, teatro, estudos literários, discursos e inúmeras
cartas pessoais. Sempre às voltas com doenças, foi ao Rio de Janeiro
de férias em busca de um clima que favorecesse sua saúde. Foi no
Rio que uma queda de cavalo evidenciou o tumor que tinha na bacia.

Depois de sofrer muitos dias e passar por uma cirurgia sem


anestesia, Álvares de Azevedo faleceu no dia 25 de abril de 1852, em
um domingo de Páscoa. Toda a sua obra só foi ser organizada e
editada após sua morte. Sua obra mais importante foi o livro Lira dos
Vinte Anos. Não criou só poemas sentimentais e de pessimismo
crônico, mas também uma poesia irônica, onde criticava o exagerado
sentimentalismo de sua geração.

Principais obras:

Lira dos vinte anos (poesia);


A noite na taverna (contos);
Poesias escolhidas;
Macário/Noite na taverna/Poesias escolhidas;
Os melhores poemas de Álvares de Azevedo;
Grandes poemas do romantismo brasileiro (antologia);
Poesias Completas.

APOLINÁRIO PORTO ALEGRE

Biografia

Apolinário Porto Alegre foi poeta, romancista, contista, teatrólogo,


filólogo, biógrafo, critico e historiógrafo. Homem de enorme cultura,
participou também ativamente da vida política do Rio Grande do Sul.

Apolinário Porto Alegre foi irmão dos escritores Apeles e Aquiles José
Gomes Porto Alegre, ambos fundadores de importantes jornais locais
da época. Chegou a estudar direito em São Paulo, mas teve o curso
interrompido pela morte do pai. Voltou, então, para Porto Alegre para
sustentar a família, tornando-se professor. Funda, a seguir, o Colégio
Porto Alegre e, mais tarde, o Colégio Rio-Grandense, depois Instituto
Brasileiro, em Porto Alegre.

Iniciou a carreira literária publicando inúmeras poesias, contos,


romances, peças de teatro, biografias e trabalhos críticos na Revista
Mensal do Partenon Literário, grupo de escritores locais da época.
Durante toda a vida, colaborou com os mais importantes jornais e
revistas do Rio Grande do Sul.
Defensor ardoroso da República, negou-se mais de uma vez a ocupar
um lugar no Parlamento durante a Monarquia e foi um dos
fundadores do Partido Federalista. Depois da proclamação da
República, fez oposição ao governo do Marechal Deodoro. Morreu na
mais extrema pobreza em Porto Alegre, em 1904.

Foi um poeta romântico tardio e um prosador altamente influenciado


por José de Alencar, com o uso abusivo de comparações e metáforas
em uma prosa poética e de parágrafos curtos. Destaca-se o romance
regionalista O Vaqueano. Também escreveu importantes peças de
teatro, entre elas o drama Os filhos da desgraça.

BERNARDO GUIMARÃES

Biografia

Bernardo Guimarães introduziu em nossa literatura o regionalismo e


o sertanismo. Graças à infância vivida em Minas e aos anos vivendo
em Goiás, transpõe para suas narrativas estes dois cenários.

Formou-se em direito e chegou a ser juiz na cidade de Catalão, em


Goiás. Porém, durou pouco no emprego: resolveu dar liberdade a
todos os presos da cidade e acabou demitido. No Rio, fez incursões
no jornalismo. De volta a Ouro Preto, passou a dedicar-se ao
magistério e à literatura.

É o autor daquele que é considerado o primeiro romance regionalista


brasileiro, O Ermitão de Muquém, publicado em 1864. De sua
numerosa obra, destacam-se ainda O Garimpeiro, Maurício, A Escrava
Isaura, Jupira e O Seminarista. Dedica-se muito à descrição dos
ambientes, paisagens e costumes locais, por vezes de forma muito
adjetivada e estereotipada, o que levou Monteiro Lobato a defini-lo
como "convencional e falsificador de nossas matas". Já a descrição
psicológica dos personagens é pobre, o que era comum nos nossos
escritores românticos.

Seus romances giram em torno, na maioria das vezes, das fórmulas


mais simples do folhetim: o herói idealizado, o vilão maldoso e a
heroína apaixonada, com todos os familiares que vão servir de
obstáculo ou ajuda para o desenvolvimento do enredo. Mostrava
muitas vezes os costumes e os cenários goianos e mineiros sob a
forma de "causos", fundindo no romance idealizado elementos da
narrativa oral.
Principais obras:

O garimpeiro (romance);
O seminarista (romance);

Poesias completas;
Poesia erótica e satírica.

CASSIMIRO DE ABREU

Biografia

Casimiro de Abreu foi um poeta de enorme popularidade. Participante


da segunda geração do Romantismo, sua obra oferece um acesso
fácil, musical, sem complexidade filosófica ou psicológica, que agrada
aos leitores menos exigentes.

Nasceu no Rio de Janeiro em 1839. Só teve instrução primária e


passou a dedicar-se ao comércio, levado pelo pai. Com ele viajou
para Lisboa em 1853, lá publicando um conto e escrevendo a maior
parte de suas poesias, exaltando as belezas do Brasil e cantando,
com inocente ternura e sensibilidade quase infantil, suas saudades do
país. Lá compôs também o drama Camões e o Jau, representado no
teatro D. Fernando (1856). Com apenas dezessete anos já escrevia
na imprensa portuguesa, ao lado de Alexandre Herculano, Rebelo da
Silva e outros. Não escrevia apenas versos. Ainda em 1856, o jornal
O Progresso publicou o folhetim Carolina, e na revista Ilustração
Luso-Brasileira saíram os primeiros capítulos de Camila, recriação
ficcional de uma visita ao Minho, terra de seu pai.

Voltou no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde continuou trabalhando


no comércio e dedicando-se a uma vida boêmia. Frequentava rodas
literárias e colaborava na imprensa, em que foi colega de trabalho do
jornalista Manuel Antônio de Almeida e o revisor Machado de Assis.
Publicou em 1859 seu único livro de poesias, As Primaveras; no ano
seguinte, morre o seu pai, que sustentava sua carreira literária. Seis
meses depois, falece o próprio Casimiro de Abreu, vítima da
tuberculose.

Os temas prediletos do poeta o identificam como lírico-romântico: a


nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza,
a religiosidade ingênua, o pressentimento da morte, a exaltação da
juventude, a devoção pela pátria e a idealização da mulher amada.
Assim como no conteúdo sua poesia não é muito complexa, também
a forma é bastante simples. Casimiro de Abreu desdenha o verso
branco e o soneto, prefere a estrofe regular, que melhor transmite a
cadência da inspiração “doce e meiga” e o ritmo mais cantante.
Principais obras:
Camões e o Jaú;
Primaveras;
Carolina;
Camila.

CASTRO ALVES

Biografia

Castro Alves é conhecido como o "poeta dos escravos". Foi o maior


poeta do Romantismo e um dos maiores de toda a literatura
Brasileira. Fez uma poesia cheia de grandes imagens, feita para
exaltar o ouvinte e o leitor, tem a finalidade de inflamar, de conseguir
adeptos para uma causa. Foi uma voz forte contra injustiças e as
tiranias e, ainda que tenha morrido prematuramente, deixou-nos
uma obra grandiosa e madura.

Passou sua infância no sertão da Bahia, mudando-se mais tarde para


Recife, onde cursou a faculdade de direito. Lá criou seus primeiros
versos abolicionistas, que logo foram publicados; o primeiro foi A
Canção do Africano, que saiu no jornal acadêmico A Primavera. Em
1866, ao lado de Rui Barbosa e outros colegas, fundam uma
sociedade abolicionista e lançam o jornal de ideias A Luz.

Foi para São Paulo com a intenção de terminar o curso de direito.


Abandonado pela amante, a atriz portuguesa Eugênia Câmara, viveu
uma vida boêmia e intensa na capital paulista. Numa viagem ao Rio
de Janeiro, conheceu José de Alencar e Machado de Assis, que muito
lhe elogiaram. Tratado como ídolo em São Paulo, passa a escrever
poemas freneticamente e cria os clássicos Vozes D'África e Navio
Negreiro. Sua peça Gonzaga é representada com grande sucesso.
Tem o pé amputado em 1869, por um acidente de arma de fogo.
Volta para a Bahia, onde morre por causa de seu pulmão, no dia 6 de
julho de 1871, com 24 anos. Teve apenas um livro publicado em
vida: Espumas Flutuantes.

Enquanto a maioria dos outros poetas românticos revelavam certo


egocentrismo em suas obras, Castro Alves procurou estender os
horizontes de sua pena. É a poesia comprometida com um mundo
mais justo, construtora de uma nova ordem social, porta-voz da
causa republicana e abolicionista. A temática do amor, por exemplo,
deixa de ser idealizada para se tornar mais real, carnal e concreta. A
depressão e melancolia estão presentes, mas perdem espaço para a
exaltação da natureza, sempre grandiosa e em harmonia com os
estados de espírito do poeta. Embora tenha sido um escritor do
Romantismo, suas poesias já continham os primeiros indícios da
transição para o Realismo crítico, que já contava com sua força
máxima na Europa.

Principais obras:

Espumas flutuantes (poesia);


A cachoeira de Paulo Afonso (poesia);
Os escravos (poesia);
Obra completa;
Navio negreiro (poesia);
Canto da esperança: poesia social;
O fantasma e a canção (poesia).

COELHO NETO

Biografia

Henrique Maximiniano Coelho Neto foi um dos personagens mais


importantes de seu tempo. Além de ter sido por muito tempo o
escritor mais lido do país, teve intensa participação na vida política do
país.

Nasceu em Caxias, no Maranhão, mudando-se para o Rio de Janeiro


aos seis anos quando seu pai foi transferido. Iniciou o curso de
Medicina, mas logo desistiu, indo cursar direito em São Paulo. Lá,
envolveu-se em um movimento contra um professor e, temendo
represálias, transferiu-se para a faculdade de Recife. Voltou mais
tarde a São Paulo, onde concluiu a faculdade e entrou na causa
republicana e abolicionista.

Fez parte do grupo de Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e


Paula Ney, retratando mais tarde a história desta geração no
romance A Conquista. Publicou seus textos em todo tipo de jornal,
muitas vezes sob pseudônimos como Anselmo Ribas, Caliban, Ariel,
Amador Santelmo, Blanco Canabarro, Charles Rouget, Democ, N.
Puck, Tartarin, Fur-Fur e Manés. Paralelamente, trabalhava como
professor de Arte, Literatura e História do Teatro.

Casou-se em 1890, com Maria Gabriela Brandão, filha do educador


Alberto Olympio Brandão, com quem teve 14 filhos. Foi deputado
federal eleito e reeleito pelo Maranhão. Entre suas principais obras
estão: Rapsódias, contos (1891); A capital federal, romance (1893);
Baladilhas, contos (1894); Fruto proibido, contos (1895); Miragem,
romance (1895); O rei fantasma, romance (1895); Inverno em flor,
romance (1897), Álbum de Caliban, contos (1897); O morto,
romance (1898); A descoberta da Índia, narrativa histórica (1898); O
rajá do Pendjab, romance (1898); A Conquista, romance (1899); A
tormenta, romance (1901); Turbilhão, romance (1906); Vida
mundana, contos (1909); Banzo, contos (1913); Rei negro, romance
(1914); Mano, Livro da Saudade (1924); O polvo, romance (1924):
Imortalidade, romance (1926); Contos da vida e da morte, contos
(1927); A cidade maravilhosa, contos (1928); Fogo fátuo, romance
(1929). Publicou, ainda, peças de teatro (vários livros), crônicas,
críticas, obras didáticas, discursos e conferências.

FAGUNDES VARELA

Biografia
Fagundes Varela produziu uma obra com temática e formas variadas,
sendo associado tanto à segunda quanto à terceira geração do
Romantismo.

Jovem, teve que mudar-se de cidade em cidade com a família, o que


dificultou seus estudos. Finalmente, terminou os preparatórios em
São Paulo, ingressando então na faculdade de direito, que nunca
concluiria. Começou a dedicar-se à literatura - e também à vida
boêmia. Casou-se com uma artista de circo, o que gerou crise em sua
tradicional família e lhe trouxe problemas financeiros. Seu primeiro
filho morreu aos três meses de idade, o que serviu de inspiração para
um de seus mais belos poemas: Cântico do Calvário.

Depois disso, seu alcoolismo e sua vida boêmia acentuaram-se, e


nem um segundo casamento melhorou sua situação. Ao mesmo
tempo, sua criatividade e sua produção poética melhoraram muito,
publicando Vozes da América, em 1864, e sua obra-prima Cantos e
Fantasias, em 1865. Já totalmente debilitado, mudou-se para a casa
dos pais, em Niterói, onde faleceu em 1875.

Sua poesia marcou a transição entre a geração ultrarromântica e a


condoreira, passando por vários temas comuns ao Romantismo da
época. Estão presentes o pessimismo, o culto à morte, a paixão
incontida, o amor à natureza, a religiosidade, o amor à pátria e a
crítica social. Obras de versos melosos e linguagem simples convivem
com obras-primas do mais puro sentimento humano.

Principais obras:
Noturnas;
O Estandarte Auriverde;
Vozes da América;
Cantos e Fantasias;
Cantos Meridionais;
Cantos do Ermo e da Cidade;
Anchieta ou O Evangelho nas Selvas;
Cantos Religiosos;
Diário de Lázaro.
FRANKLIN TÁVORA

Biografia

Com Franklin Távora, o romance regionalista deixa de ter um caráter


somente de documentação regional para ganhar a qualidade de
manifesto, protesto e reivindicação. Defendeu com ardor a cultura e a
literatura do norte do país e foi quem deu início a uma importante
vertente de nossa literatura: o "romance do sertão", que depois
ganharia popularidade com obras de gente como Euclides da Cunha e
Jorge Amado.

Viveu desde jovem com a família em Recife, onde fez a faculdade de


direito. Lá também foi jornalista e deputado, exercendo cargos da
administração pública.

Com o pseudônimo de Semprônio, criticou ferozmente o escritor José


de Alencar e seu romance O Gaúcho - que, segundo ele, necessitava
de um maior contato do autor com o ambiente que descrevia.
Nortista fervoroso, pregava a separação literária do norte do país, já
que, segundo ele, o eixo Rio-São Paulo desprezava a cultura do resto
do Brasil. Ia, de certa forma, contra o nacionalismo típico do
Romantismo, pregando um sentimento de amor à terra ainda mais
específico, falando apenas de sua região.

Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fundou a Revista Brasileira e


escreveu seus melhores romances regionalistas: O Cabeleira, O
Matuto e Lourenço.

Principais obras:
A Trindade Maldita;
Os Índios de Jaguaribe;
A Casa de Palha;
Um Casamento no Arrabalde;
Cartas a Cincinato;
O Cabeleira;
O Matuto;
Lourenço.

GONÇALVES DE MAGALHÃES

Biografia
Gonçalves de Magalhães é considerado o precursor do Romantismo
no Brasil. Sua poesia tratou de quase todos os temas comuns aos
escritores desta corrente, como o desgosto da vida, a infância, a
saudade, o amor impossível, a melancolia e a tristeza e, de uma
forma mais épica, o índio.
Nascido no Rio de Janeiro, desde cedo cultivou o amor pela pintura, o
que o levou a estudar Belas Artes. Acabou, no entanto, formando-se
em medicina e, no campo das artes, dedicando-se à literatura.
Publicou seu primeiro livro, Poesias, em 1832, sob forte influência do
arcadismo.

Em 1836, publicou o livro Suspiros Poéticos e Saudades, considerado


o marco inicial do nosso Romantismo. Em Paris, no ano de 1836,
fundou junto com alguns colegas brasileiros a Niterói: Revista
Brasiliense, onde escreve sobre a necessidade de uma reforma
nacionalista na literatura brasileira. De volta ao Brasil, escreveu a
primeira tragédia brasileira, Antônio José. Também fez uma incursão
na poesia épica com A Confederação dos Tamoios, dedicado ao
imperador D. Pedro II. A respeito do poema épico, polemizou com o
então jovem José de Alencar sobre a validade histórica de uma forma
já então ultrapassada. Tendo ingressado na carreira diplomática,
faleceu em Roma no ano de 1882.

A poesia de Gonçalves de Magalhães, vista hoje, tem pouco valor


artístico, sendo superficial na linguagem e cheia de lugares-comuns.
Foi chamado de "o romântico arrependido", pois ainda que teorizasse
como romântico continuava escrevendo sob severa disciplina clássica.
Sua maior qualidade literária está nos ensaios que escrevia,
teorizando sobre as mudanças propostas pela nova corrente literária
que surgia.

Principais obras:
Poesias;
Suspiros Poéticos e Saudades;
Antônio José ou O Poeta e a Inquisição;
Olgiato;
A Confederação dos Tamoios;
Fatos do Espírito Humano;
Urânia;
Cânticos Fúnebres;
A Alma e o Cérebro;
Comentários e Pensamentos.

GONÇALVES DIAS

Biografia
Gonçalves Dias consagrou-se como o primeiro grande poeta
romântico brasileiro. Era orgulhoso por ter em seu sangue as três
raças formadoras de nosso povo (era filho de um comerciante
português com uma mestiça de índios e negros).
Nascido no Maranhão, foi cursar direito na Universidade de Coimbra,
onde tomou contato com os ideais românticos. Distante de sua pátria,
escreve um de seus mais conhecidos poemas, a Canção do Exílio. De
volta ao Brasil, publica seu primeiro livro, Primeiros Cantos, com o
qual ganha a admiração do escritor português Alexandre Herculano e
do imperador D. Pedro II. Este passa, então, a nomeá-lo para cargos
públicos.

Conheceu assim que chegou ao Brasil Ana Amélia Ferreira do Vale,


mulher que foi o amor de sua vida. Chegou a pedi-la em casamento,
mas foi recusado pela família da moça graças ao racismo. Mais tarde
encontrou-a novamente por acaso na Europa, onde estava em
viagem oficial. Tal encontrou rendeu seu grande poema lírico, Ainda
Uma Vez, Adeus, publicado em 1858. Neste mesmo ano publicou
parte de seu poema épico Os Timbiras, que deixou inacabado.

Retornou à Europa para tratar-se de tuberculose. Não conseguindo a


cura, decide retornar ao Brasil. No entanto, o navio em que viajava
naufragou na costa do Maranhão, sua terra natal. O poeta, esquecido
em seu leito onde agonizava, foi a única vítima.

Mesmo escrevendo sobre todos os temas mais caros ao Romantismo


europeu, como o amor impossível, a religião, a tristeza e a
melancolia, Gonçalves Dias foi dos poucos poetas que deram um
toque brasileiro à poesia romântica.

Seu nome está muito associado ao indianismo. Exaltava a figura do


nativo brasileiro e sua harmonia com a natureza, idealizando-o de
maneira semelhante ao que os europeus faziam com seus cavaleiros
medievais. Destacam-se entre seus poemas indianistas I-Juca Pirama
e a Canção do Tamoio.

Principais obras:
Correspondência ativa de Antônio Gonçalves Dias;
Ainda uma vez – adeus!;
Teatro completo;
Poemas;
Cantos e recantos;
Diário de viagem ao Rio Negro.
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

Biografia

Joaquim Manoel de Macedo é o autor do primeiro romance urbano do


Romantismo brasileiro, A Moreninha. Também foi um dos mais
populares escritores de sua época, sendo um dos maiores
responsáveis pela popularização do folhetim, sobretudo entre a classe
média.

Nascido em Itaboraí, no Rio de Janeiro, formou-se em medicina na


capital em 1844. Sua própria tese de doutorado, Considerações Sobre
a Nostalgia, já revela preocupações de novelista sentimental. Neste
mesmo ano publicou A Moreninha, cujo estrondoso sucesso fez com
que desistisse de seguir carreira como médico.

Passou a escrever romances com frequência, sempre seguindo o


mesmo modelo bem sucedido de seu livro de estreia. Foi também
professor no Colégio Pedro II e, como amigo que era do Imperador,
foi professor das princesas Isabel e Leopoldina. Participou também da
vida pública, sendo várias vezes deputado. No final da vida, sofreu de
problemas mentais. Faleceu em 1882, no Rio de Janeiro.

Sua obra não é muito valorizada pelos críticos, possuindo apenas


valor histórico. Os personagens não eram bem desenvolvidos
psicologicamente e as tramas não fugiam dos clichês mais banais do
Romantismo; parecia preocupado demais em não desagradar o leitor
médio, que lhe garantia a popularidade. Seu forte era o preciso
retrato que fazia da sociedade brasileira dos séculos XIX. Além de A
Moreninha, estão entre seus livros mais importantes O Moço Loiro, Os
Dois Amores, Vicentina e Mulheres de Mantilha.

Principais obras:
A moreninha;
Memórias do sobrinho do meu tio;
As vítimas-algozes;
A luneta mágica;
Memórias da rua do Ouvidor;
A carteira de meu tio;
Teatro completo;
Uma pupila rica.

JOSÉ DE ALENCAR

Biografia
José de Alencar foi o mais importante romancista do Brasil, aclamado
por Machado de Assis como o "chefe da literatura nacional". Em suas
obras, sempre teve o objetivo criar uma literatura genuinamente
brasileira, desvinculada de Portugal.

Filho de ilustre político, mudou-se para o Rio de Janeiro quando seu


pai assumiu o cargo de senador. Mudou-se para São Paulo para
estudar direito, sendo colega de turma de Álvares de Azevedo.
Chegou a tentar a carreira política, sendo eleito senador; porém, o
imperador D. Pedro II vetou a sua posse, o que fez com que passasse
a se dedicar somente à literatura e ao jornalismo.

Sua primeira manifestação literária foi a crítica ao indianismo de


Gonçalves de Magalhães em seu poema Confederação dos Tamoios.
Ele próprio abordou a nossa tradição indígena em grandes romances
como Ubirajara, Iracema e O Guarani. Sofreu de tuberculose por 30
anos, indo procurar a cura na Europa, sem sucesso. Faleceu no Rio
de Janeiro em 1877.

Sempre retratou o nativo como o "bom selvagem", puro, em oposição


ao maldoso europeu, estragado pela civilização. Também escreveu
romances urbanos (Lucíola, Senhora), históricos (Guerra dos
Mascates, As Minas de Prata) e regionalistas (O Gaúcho, O Tronco do
Ipê, O Sertanejo).

Principais obras:
Cinco minutos;
O guarani;
A viuvinha;
Lucíola;
Iracema;
Ubirajara;
Senhora;
O sertanejo;
Encarnação;
Ficção completa e outros escritos.

JÚLIA LOPES DE ALMEIDA

Biografia
Júlia Lopes de Almeida é um exemplo raro de mulher que conseguiu
se destacar na literatura brasileira no início do século XX. Após sua
morte, porém, sua obra caiu no esquecimento.

O fato de ser filha do escritor português Filinto de Almeida e de


pertencer a uma família de intelectuais com certeza facilitou-lhe este
sucesso. Por sua obra, mereceu uma homenagem na Société des
Gens de Lettres, em Paris.
Sua obra foi basicamente composta de romances, contos, crônicas e
livros de natureza didática. Neles, O universo ficcional está repleto de
mulheres que se redimem e se realizam através do trabalho, mas de
um trabalho doméstico que não ultrapassa a horta e o jardim,
refletindo a sociedade machista da época - mesmo sendo ela uma
mulher. De qualquer forma, Júlia Lopes de Almeida escreveu vários
textos de complexos, escapando do simplismo romântico e traçando
um retrato de todas as camadas da sociedade em que vivia.
Destacam-se os romances A intrusa, A falência e Correio da roça.

Principais obras:
A falência;
A Intrusa;
Livro das Donas e Donzelas;
A Casa Verde;
Correio da roça.

JUNQUEIRA FREIRE

Biografia

O poeta ultrarromântico Junqueira Freire deixou, em seu único livro,


uma obra marcada pelo caráter autobiográfico.

Desde jovem já era um grande leitor, dando seus primeiros passos na


poesia. Ingressou na Ordem dos Beneditinos aos 19 anos, mais para
escapar de problemas familiares do que por vocação. Tal escolha
acabou sendo dolorosa por toda a sua vida, o que transparece em
sua obra. Finalmente abandona o mosteiro e retorna à casa da mãe,
onde morre aos 22 anos, vítima de problemas cardíacos que o
atormentavam desde a infância.

Seu único livro é a coletânea de poemas Inspirações do Claustro.


Nele, fica clara a revolta com a estrutura religiosa e com os fatos que
presenciou dentro do mosteiro. Ao mesmo tempo em que sente falta
dos prazeres carnais, também mostra angustiante sentimento de
culpa. A morte, então, é retratada como a única saída possível para
seu sofrimento.

Principais obras:
Inspirações do Claustro;
Elementos de Retórica Nacional;
Contradições Poéticas.
LAURINDO RABELO

Biografia

Laurindo Rabelo, mestiço e vindo de origem humilde, soube vencer as


dificuldades para se firmar como um dos grandes poetas de seu
tempo. Além disso, foi professor, médico e redator da imprensa de
oposição.

Nasceu no Rio de Janeiro em 1826, filho de família pobre. Levou uma


vida modesta, sofrendo sempre com preconceitos. Ganhou o apelido
de "poeta lagartixa", pelo seu físico desengonçado.

Escreveu poemas líricos, com sentimentos aflorados de maneira


transparente, mas também sátiras cheias de ironia, combatendo
sempre a hipocrisia. Muito de sua obra se perdeu; alguns amigos do
poeta ajudaram, reunindo alguns de seus escritos às novas edições
de suas obras. Publicou em vida Trovas e poesias, ficando inédito O
coveiro. Sua obra é considerada pela crítica de qualidade
inquestionável. É patrono da Academia Brasileira de Letras.

MACHADO DE ASSIS

Biografia

Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro de todos


os tempos. Fundou a Academia Brasileira de Letras, sendo o seu
primeiro presidente. Sua cultura, ironia e penetração psicológica
revelam o imaginário do Brasil do século XIX.

De origem humilde, ficou órfão muito jovem, sendo criado pela


madrasta. Teve profissões como vendedor de balas, sacristão da
igreja da Lampadosa e aprendiz de tipógrafo até se iniciar como
jornalista e cronista. Sua estreia na literatura foi na revista Marmota
Fluminense, onde publicou seu primeiro poema. Logo depois,
ingressou na Secretaria de Fazenda, onde trabalhou pelo resto da
vida.

Tendo garantida a carreira de funcionário público, pôde então


dedicar-se com mais afinco à literatura. Em sua primeira fase, ainda
sob inspiração romântica, pública romances como Ressurreição, A
Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia. Mesmo nesta fase, enaltece o
aspecto urbano e social, formadores do indivíduo, dando maior
atenção aos aspectos psicológicos dos personagens do que a maior
parte dos escritores românticos. Também nesta época escreve a
maior parte de sua produção teatral.
A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas inicia-se a segunda
fase da obra machadiana. Os temas comuns são: o adultério, o
casamento, visto como forma de comércio ou troca de favores, a
exploração do homem pelo próprio homem. As mulheres são o ponto
forte da criação machadiana, recatadas, sedutoras, adúlteras, fatais e
dominadoras. Constantemente, o leitor é convocado a participar da
história que revela sua forma ficcional, estabelecendo uma
metalinguagem, ou seja, a obra chama atenção para sua
ficcionalidade. O narrador vai contando a história em meio a ironias e
ceticismo. A obra reflete, também, as leituras do escritor,
demonstrando estar em sintonia com o espírito da época. Escreve
com correção e bom gosto, aproxima a linguagem escrita da falada,
expondo modismos.

De saúde frágil, epilético, gago e míope, Machado se tornou


reservado e tímido. Mesmo assim, estreitou relações com melhores
intelectuais do tempo, de Veríssimo a Nabuco, de Taunay a Graça
Aranha.

Em 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Novais, a quem amou


por toda a vida. O casamento durou 35 anos, consta que em perfeita
harmonia, apesar do preconceito que sofria da família dela devido à
sua origem. A morte de Carolina em 1904, segundo o próprio
Machado, pôs fim à "melhor parte de sua vida". Morreu quatro anos
depois, lúcido, e recusando a presença de um padre para a extrema
unção. Sofria de uma úlcera cancerosa.

Recebeu na morte honras de chefe de estado, com o cortejo fúnebre


seguido por milhares de admiradores. Na Academia Brasileira de
Letras, da qual foi escolhido presidente perpétuo, coube a Rui
Barbosa fazer-lhe o elogio fúnebre.

Principais obras:
Contos Fluminenses;
Helena;
Iaiá Garcia;
Memórias póstumas de Brás Cubas;
Dom Casmurro;
Quincas Borba;
Esaú e Jacó;
Memorial de Aires;
Obra completa;
Teatro completo;
Os trinta melhores contos;
Escritos avulsos I;
Escritos avulsos II;
Escritos III;
Papéis avulsos: histórias sem data;
Casa velha;
O alienista e outros contos;
A cartomante e outros contos;
Contos: seleções;
Crisálidas, Falena e americanas.

MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

Biografia

Redescoberta pelos modernistas de 1922, a obra de Manuel Antônio


de Almeida vem ganhando cada vez mais reconhecimento como
precursora do romance urbano brasileiro.

Cursou Belas Artes, mas abandonou o curso para entrar na faculdade


de medicina, onde se formou. Nunca chegou a exercer a profissão,
tendo desde os tempos de estudante escrito para o jornal Correio
Mercantil - onde publicou, em forma de folhetim, seu único romance,
Memórias de um Sargento de Milícias.

Foi administrador da Tipografia Nacional, onde conheceu o então


tipógrafo Machado de Assis. Morreu em 1861, no naufrágio do navio
Hermes, na costa de Macaé, no estado do Rio de Janeiro.

Há certa controvérsia entre os estudiosos quanto a em que escola


literária pertenceria Memórias de Um Sargento de Milícias. Foi escrito
na época em que o Romantismo estava em alta, e possui algumas
características deste movimento; porém, o herói não é em nada
idealizado, e os diálogos possuem uma naturalidade que os livros
românticos não possuíam. Assim, muitos o apontam como um
romance Realista.

Principais obras:
Memórias de um sargento de milícias;
Obra dispersa.

MARTINS PENA

Biografia

Martins Pena, um dos nossos maiores dramaturgos, é considerado o


fundador da comédia de costumes. Teve o mérito de fazer um teatro
com características brasileiras.
Órfão muito cedo, foi levado por seus tutores a fazer o curso de
comércio. Porém, com forte inclinação artística, frequenta a Academia
de Belas Artes. Entrou para o Ministério de Negócios Estrangeiros,
indo para Lisboa. Chegou a ser nomeado para um cargo em Londres,
mas morreu de tuberculose antes de chegar à Inglaterra.

Apesar da morte precoce, Martins Pena deixou vasta obra teatral, na


qual se destaca O Noviço. Tinha forte inclinação cômica e sou os
recursos frequentes na farsa, como equívocos, disfarces, e traços
caricaturescos, numa linguagem simples e direta. Sua obra tem um
caráter crítico que teve outros seguidores no Romantismo, como José
de Alencar e Artur Azevedo.

SOUSÂNDRADE

Biografia

Sousândrade é mais um dos escritores cuja obra ficou esquecida após


a sua morte, sendo redescoberta anos depois - neste caso, pelos
poetas Augusto e Haroldo de Campos. Foi um poeta romântico de
obra original e instigante.

Viveu em Paris, na França, onde formou-se em Letras e Engenharia.


Ao retornar ao Brasil, em 1858, lançou sua primeira obra, Harpas
Selvagens. Mudou-se depois para os Estados Unidos, onde fundou o
jornal republicano O Novo Mundo, em português. Foi no exterior que
escreveu seu mais famoso poema, Guesa Errante.

De volta ao Brasil, passa a ensinar grego em São Luís. Acaba a vida


na miséria, esquecido e considerado louco. Deixou obra original, de
surpreendentes metáforas, que só veio a ser novamente valorizada
sessenta anos após a sua morte.

OBRAS DO ROMANTISMO

>> A <<

A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães


A guerra dos mascates, de José de Alencar
A intrusa, de Júlia Lopes de Almeida
A moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo
A pata da gazela, de José de Alencar
A viuvinha, de José de Alencar
As minas de prata, de José de Alencar
>> D <<

Diva, de José de Alencar

>> E <<

Encarnação, de José de Alencar


Espumas flutuantes, de Castro Alves

>> H <<

Helena, de Machado de Assis

>> I <<

Iaiá Garcia, de Machado de Assis


I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias
Iracema, de José de Alencar

>> L <<

Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo


Lucíola, de José de Alencar

>> M <<

Macário, de Álvares de Azevedo


Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
Almeida

>> N <<

Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo

>> O <<

O Cabeleira, de Franklin Távora


O ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães
Os escravos, de Castro Alves
O gaúcho, de José de Alencar
O Guarani, de José de Alencar
O moço loiro, de Joaquim Manoel de Macedo
O noviço, de Martins Pena
O seminarista, de Bernardo Guimarães
O sertanejo, de José de Alencar
Os Timbiras, de Gonçalves Dias
O tronco do ipê, de José de Alencar
>> Q <<

Quem casa quer casa, de Martins Pena

>> R <<

Ressurreição, de Machado de Assis

>> S <<

Senhora, de José de Alencar

>> U <<

Ubirajara, de José de Alencar

Realismo e Naturalismo

Sobre o estilo

A literatura, como reflexo do contexto histórico-cultural, sofre uma


grande modificação na
Segunda metade do século XIX. Agora, o belo na arte é mutável
como a moda, o que provoca sucessivas mudanças. A burguesia está
agora em crise ideológica que se deve ao fato da realidade social ter
mudado. Surge o proletariado, que trabalha na indústria, vive
aglomerado. Invertem-se os papéis: a burguesia é provocadora de
injustiças (contradição ideológica), surge então uma nova ideologia: o
socialismo.

O Realismo surgiu na Europa, influenciado pelas importantes


transformações econômicas, políticas, sociais e científicas da época.
Vivia-se a segunda fase da Revolução Industrial, período marcado
pelo clima de euforia e progresso material que a burguesia industrial
experimentava. Apesar disso, a condição social do proletariado era
cada vez pior e começava a organizar-se, motivados pelas ideias do
socialismo utópico de Proudhon e Robert Owen e do socialismo
científico de Karl Marx e Friedrich Engels.

Ocorre também uma verdadeira efervescência de ideias, considerada


por alguns como uma segunda etapa do Iluminismo. Surgem
correntes científicas e filosóficas de destaque, como o Positivismo de
Augusto Comte, para o qual o único conhecimento válido é o que vêm
das ciências; o Determinismo, de Hippolyte Taine, que defende que o
comportamento humano é determinado pelo meio, a raça e o
momento histórico; e a seleção natural de Charles Darwin. Surgem
ainda a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia.

Com toda esta revolução intelectual, surge a necessidade de uma


literatura que refletisse todo este avanço da razão - ao contrário do
que fazia o Romantismo ao valorizar os sentimentos. Aparece então o
Realismo, que combate toda forma romântica e idealizada de ver a
realidade. Há a crítica à sociedade burguesa e suas instituições
(Estado, Igreja, casamento, família) e a preocupação de embasar-se
nas novas descobertas científicas.

Ao lado do Realismo, surgem ainda as correntes literárias


denominadas Naturalismo e Parnasianismo, de pequena penetração
em Portugal. A primeira, que consiste na verdade em uma forma
extremada de Realismo, procura "provar" com romances de tese as
teorias científicas da época, particularmente o determinismo. O
Parnasianismo por sua vez é uma corrente que combate os exageros
de sentimento e de imaginação do Romantismo e tenta resgatar
certos princípios clássicos de procedimento, como a busca do
equilíbrio, da perfeição formal e o emprego da razão e da
objetividade.

Os três movimentos tiveram ciclo na França, com a publicação do


romance realista Madame Bovary (l857), de Gustave Flaubert; do
romance naturalista Thérèse Raquin, de Émile Zola (l867), e das
antologias parnasianas Parnasse contemporain (a partir de 1866).

A literatura realista e naturalista surge na França com Flaubert


(1821-1880) e Zola (1840-1902). Flaubert (1821-1880) é o primeiro
escritor a pleitear para a prosa a preocupação científica com o intuito
de captar a realidade em toda sua crueldade. Para ele a arte é
impessoal e a fantasia deve ser exercida através da observação
psicológica, enquanto os fatos humanos e a vida comum são
documentados, tendo como fim a objetividade. O romancista
fotografa minuciosamente os aspectos fisiológicos, patológicos e
anatômicos, filtrando pela sensibilidade o real.

Contudo, a escola Realista atinge seu ponto máximo com o


Naturalismo, direcionado pelas ideias materialísticas. Zola, por volta
de 1870, busca aprofundar o cientificismo, aplicando-lhe novos
princípios, negando o envolvimento pessoal do escritor que deve,
diante da natureza, colocar a observação e experiência acima de
tudo. O afastamento do sobrenatural e do subjetivo cede lugar à
observação objetiva e à razão, sempre, aplicadas ao estudo da
natureza, orientando toda busca de conhecimento.
Alfredo Bosi assim descreve o movimento: "O Realismo se tingirá de
naturalismo no romance e no conto, sempre que fizer personagens e
enredos submeterem-se ao destino cego das "leis naturais" que a
ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasiano, na
poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente
perfeito".

O Realismo em Portugal

O Realismo tem Portugal iniciou-se com a famosa Questão Coimbrã.


Ela inicia-se quando o respeitado e conservador poeta Castilho
escreve um posfácio de um livro de Pinheiro Chagas, seu protegido,
criticando um grupo de jovens poetas de Coimbra, que acusa de
exibicionismo. Ele cita Teófilo Braga, Vieira de Castro e Antero de
Quental.

Antero de Quental responde a Castilho com uma carta aberta, em


forma de panfleto, intitulada "Bom senso e bom gosto". Para Antero,
a agressão sofrida era, na verdade, uma reação do velho contra o
novo, do conservadorismo contra o progresso. A Questão Coimbrã
durou todo o segundo semestre de 1865, com publicações em defesa
e ataque de ambos os lados. Participaram dela também, dentre
outros, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e Pinheiro Chagas. Eça de
Queirós, embora fizesse parte do grupo de Coimbra, não interveio na
polêmica.

Por volta de 1870 e tendo já concluído os estudos universitários em


Coimbra, o grupo de amigos se reencontra em Lisboa e passa a
travar debates acerca da renovação cultural portuguesa. A volta de
Antero de Quental - que estivera na França, na América e na ilha de
São Miguel - dinamiza essas reuniões, que passam a contar com
leituras sistematizadas (principalmente de Proudhon) e a ter um
objetivo definido. Como resultado desse esforço, nasce a iniciativa
ambiciosa das Conferências Democráticas, que visavam à reforma da
sociedade portuguesa.

Depois de proferidas cinco conferências - das quais duas eram de


Antero e uma de Eça de Queirós -, o governo proíbe a continuidade
do ciclo, alegando que os oradores suscitavam "doutrinas e
proposições que atacavam a religião e as instituições do Estado".

Mas, apesar da censura, o Realismo já era vitorioso em Portugal e a


partir de então se colheriam seus melhores frutos.

A poesia da época, a que genericamente se chama realista, alcançou


grande prestígio e se desdobrou em quatro direções: a poesia realista
propriamente dita, representada por Antero de Quental, Guerra
Junqueiro, Gomes Leal, Teófilo Braga e outros, que se caracteriza
pela crítica social; a poesia do cotidiano, representada por Cesário
Verde, que procura incorporar à poesia certos aspectos da realidade
até então considerados pouco poéticos; a poesia metafísica,
representada por Antero de Quental, que se volta para as indagações
em torno da vida, da morte e de Deus; e a poesia parnasiana.

Na prosa de ficção se destacam Eça de Queiróz, Fialho de Almeida e


Abel Botelho. Eles dividem-se entre o ataque à burguesia, à
monarquia, ao clero, às instituições sociais, aos falsos valores e o
compromisso com a doutrinação moral, social e filosófica.

O Realismo no Brasil

No Brasil, o marco inicial é a publicação de Memórias póstumas de


Brás Cubas, de Machado de Assis. O estilo se desenvolve no
momento em que se discutia a Monarquia e a República, a escravidão
e sua abolição. Como os autores portugueses, os brasileiros dedicam-
se à crítica e ao estudo da sociedade e dos valores burgueses. No
Brasil, entretanto, a corrente Naturalista ganha mais espaço e
importância, com destaque para Aluísio Azevedo, Júlio Ribeiro, Adolfo
Caminha, Domingos Olímpio, Inglês de Sousa e Manuel de Oliveira
Paiva. A principal influência portuguesa para estes escritores foi Eça
de Queiroz.

Vindo da Europa com tendências ao universal, o Realismo acaba aqui


modificado por nossas tradições e, sobretudo, pela intensificação das
contradições da sociedade, reforçadas pelos movimentos republicano
e abolicionista, intensificadores do descompasso do sistema social. O
conhecimento sobre o ser humano se amplia com o avanço da Ciência
e os estudos passam a ser feitos sob a ótica da Psicologia e da
Sociologia. A Teoria da Evolução das Espécies de Darwin oferece
novas perspectivas com base científica, concorrendo para o
nascimento de um tipo de literatura mais engajada, impetuosa,
renovadora e preocupada com a linguagem.
No romance naturalista, o indivíduo é mero produto da
hereditariedade e do meio em que vive. Assim, predomina o
elemento fisiológico, natural, instintivo. Para dar vida a essa teoria,
os autores colocam-se como narradores oniscientes e fazem
descrições precisas, frias e minuciosas. As personagens são vistas
como casos a estudar, sem aprofundamento psicológico. Algumas
obras de destaque nesta linha são O cortiço, Casa de pensão e O
Ateneu.

Os temas, opostos àqueles do Romantismo, não mais engrandecem


os valores sociais, mas os combatem ferozmente. A ambientação dos
romances se dá, preferencialmente, em locais miseráveis, localizados
com precisão; os casamentos felizes são substituídos pelo adultério;
os costumes são descritos minuciosamente com reprodução da
linguagem coloquial e regional.
Machado de Assis é um caso à parte. Em suas obras, as personagens
têm seus retratos compostos através da exposição de seus
pensamentos, hábitos e contradições, revelando a imprevisibilidade
das ações e construção das personagens - o que não acontecia com
os autores naturalistas. Raul Pompéia também tinha algumas
características nesta linha, que conciliava com o lado naturalista.

Características do Realismo

Compromisso com a realidade


O Realismo-Naturalismo é contra o tradicionalismo romântico. Trata-
se de uma arte engajada: ela tem compromisso com o seu momento
presente e com a observação do mundo objetivo e exato.

Presença do cotidiano
Os escritores realistas-naturalistas consideram possível representar
artisticamente os problemas concretos de seu tempo, sem
preconceito ou convenção. E renovaram a arte ao focalizarem o
cotidiano, desprezado pelas correntes estéticas anteriores. Daí que os
personagens de romances realistas-naturalistas estejam muito
próximos das pessoas comuns, com seus problemas do dia-a-dia,
com suas vidas medianas, cujas atitudes devem ter sempre
explicações lógicas ou científicas. A linguagem é outra preocupação
importante: ela deve se aproximar do texto informativo, ser simples,
utilizar-se de imagens denotativas, e as construções sintáticas devem
obedecer à ordem direta.

Personagens tipificados
Os personagens de romances realistas-naturalistas são retirados da
vida diária e são sempre representativos de uma categoria - seja a
um empregado, seja um patrão; seja um proprietário, seja um
subalterno; seja um senhor, seja um escravo, e daí por diante. Os
personagens típicos permitem estabelecer relações críticas entre o
texto e a realidade histórica em que ele se insere: isto é, embora os
personagens sejam seres ficcionais, individuais, passam a
representar comportamentos e a ter reações típicas de uma
determinada realidade.

Preferência pelo presente


Geralmente os escritores realistas-naturalistas deram preferência ao
momento presente: as narrativas estavam ambientadas num tempo
contemporâneo ao do escritor. Com isso, a crítica social ficaria mais
próxima e mais concreta. Nesse sentido, a literatura ganha um papel
de denunciadora do que havia de mau na sociedade. Outro aspecto
dessa preferência pelo momento presente é o detalhismo com que é
enfocada a realidade, fato explicável pela proximidade.

Preferência pela narração


Ao contrário dos românticos, que privilegiaram a descrição, os
realistas-naturalistas deram ênfase à narração do fato: o que
acontece e por que acontece são as preocupações desses escritores.

Anticlericais, antimonárquicos, anti burgueses


Os realistas-naturalistas são marcadamente contra a Igreja, que
apontam como defensora de ideologias ultrapassadas, como, por
exemplo, a monarquia. Também criticam acirradamente a burguesia,
que encarna o status romântico em geral.

ADOLFO CAMINHA

Biografia

Adolfo Caminha, também conhecido pelo pseudônimo Félix


Guanabarino, foi um dos mais ousados representantes do Realismo e
do Naturalismo no Brasil, abordando em suas obras temas
considerados escabrosos e chocantes, como o incesto e o
homossexualismo. Adotou um estilo despojado, adequado às
situações e temas que retratou. Suas principais obras foram os
romances A Normalista e Bom-crioulo.

Nascido na cidade cearense de Aracati em 29 de maio de 1867,


Adolfo Caminha se mudou com os irmãos para Fortaleza aos 10 anos,
após a morte da mãe. No ano seguinte, foi morar no Rio de Janeiro
com um tio, que o matriculou na antiga Escola da Marinha. Foi,
então, para os Estados Unidos em uma viagem de instrução militar;
foi esta experiência que acabou servindo de inspiração para os
romances Bom-crioulo e No País dos Ianques, lançados anos depois.

Retornou a Fortaleza em 1888 e envolveu-se em um grande


escândalo ao raptar a mulher de um alferes. Acabou se demitindo da
Marinha, dois anos depois e voltando ao Rio de Janeiro, onde tornou-
se funcionário público. Viveu então anos de grande produção literária
e jornalística, lançando livros e contribuindo para diversos jornais e
revistas.

Adolfo Caminha passava por graves dificuldades financeiras quando


morreu de tuberculose, em 1 de janeiro de 1897, no Rio de Janeiro.
Além de romances, sua obra inclui: poesias, contos, crônicas e
críticas literárias. Deixou dois romances inacabados: Ângelo e O
Emigrado.
Principais obras:
Vôos Incertos;
Judite e Lágrimas de um Crente;
A Normalista;
No País dos Ianques;
Bom Crioulo;
Cartas Literárias;
Tentação.

AFFONSO ARINOS DE MELO FRANCO


Biografia

Afonso Arinos de Melo Franco destacou-se em seu tempo como


grande escritor regionalista. Foi também professor e participou da
fundação da Faculdade de Direito de Minas Gerais.

Estudou inicialmente em Goiás, para onde seu pai fora transferido,


passando também por escolas do Rio de Janeiro e São João Del-Rei.
Formou-se em Direito em São Paulo; foi na época da faculdade que
começou a inclinação à literatura, escrevendo alguns contos.

Trabalhou como professor de história em Ouro Preto, na época capital


de Minas Gerais. Nesta época, chegou a abrigar em sua casa alguns
escritores refugiados do Rio de Janeiro, acusados de participar da
Revolta da Armada.

Teve trabalhos publicados na Revista Brasileira e na Revista do


Brasil; mais tarde, assumiu a direção do Comércio de São Paulo.
Destacou-se como escritor de contos regionalistas, com destaque
para os livros Pelo sertão e Os jagunços. Escreveu também o drama
O contratador de Diamantes e O mestre de campo. Depois de sua
morte foram publicados: Lendas e Tradições Brasileiras (1917) e
Histórias e paisagens (1921). Foi membro da Academia Brasileira de
Letras.

Principais obras:
Pelo Sertão;
Os Jagunços;
Notas do Dia;
Lendas e Tradições Brasileiras;
O Contratador de Diamantes e o Mestre de Campo;
Histórias e Paisagens;
Ouro! Ouro!
ALUÍSIO AZEVEDO

Biografia

Apesar de sua curta carreira literária, Aluísio Azevedo foi o principal


representante do Realismo no Brasil. É curioso, então, saber que seu
primeiro livro, Uma Lágrima de Mulher, seguia os padrões do
Romantismo.

Nascido em São Luís do Maranhão, Aluísio Azevedo mudou-se aos 19


anos para o Rio de Janeiro a convite de seu irmão Artur, que já tinha
destaque por suas obras teatrais cômicas. No Rio, estudou pintura e
trabalhou como cartunista em jornais. Voltou para o Maranhão em
1878, após a morte do pai, e passou a trabalhar na imprensa e a
investir na carreira de escritor.

Foi em seu segundo livro, O Mulato, que Aluísio Azevedo começou a


seguir a trilha do Realismo e do Naturalismo. Esta obra acabou lhe
gerando muitas inimizades em São Luís, por retratar os preconceitos
da sociedade local da época. De volta ao Rio de Janeiro, passa a
tentar viver da literatura, tornando-se talvez o primeiro escritor
profissional do Brasil.

Esta carreira, que durou 10 anos, gerou obras como O Cortiço,


considerado o grande romance naturalista brasileiro. Em 1891,
porém, consegue um cargo no Governo do Estado, deixando a
literatura em segundo plano; e acaba por abandoná-la
definitivamente ao ingressar na carreira diplomática. Aluísio Azevedo
chegou mesmo a vender os direitos sobre toda a sua obra literária
para H. Garnier.

Morreu em Buenos Aires em 1913, aos 55 anos.

Principais obras:
O coruja;
História de São Paulo do Potengi;
História de Lagoa de Velhos;
Mattos, Malta ou Matta?: romance ao correr da pena;
A condessa Vésper;
Casa de pensão;
Livro de uma sogra;
O Japão;
O mulato;
Uma lágrima de mulher;
O cortiço - Cronologia do Rio Grande do Norte: cinco séculos de
história.
ARTUR AZEVEDO

Biografia

Artur Azevedo foi um dos grandes destaques do humor na literatura


brasileira do século XIX. Escreveu peças de teatro, contos e poemas,
e trabalhou na imprensa como prestigiado cronista.

Irmão de Aluísio Azevedo e responsável por sua primeira ida ao Rio


de Janeiro, Artur teve em sua biografia algo em comum com o irmão,
além do talento para escrever: deixou São Luís depois de arrumar
brigas graças à sua obra. Foi exonerado de seu cargo de funcionário
público pelo presidente da província do Maranhão por ter escrito
artigos e poemas satíricos sobre a situação local. Depois disso,
mudou-se para o Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, além de também tornar-se funcionário público,


dedicou-se ao ensino e iniciou a carreira no teatro. Também fez parte
do grupo que fundou a Academia Brasileira de Letras.

Principais obras:
Carapuças;
Amor por Anexins;
A filha de Maria Angu;
Horas de Humor;
Sonetos;
Uma véspera de reis;
A Jóia;
A Pele do Lobo;
Um dia de finados;
A Princesa dos Cajueiros;
O Liberato;
A Mascote na Roça;
O Escravocrata;
Herói a Força;
O Barão de Pituaçu;
O Homem;
A Almanjarra;
Contos possíveis;
Viagem ao Parnaso;
O Tribofe;
Contos Fora de Moda;
O Major;
Revelação de um Segredo;
A Fantasia;
A Capital Federal;
Contos Efêmeros;
Confidências;
Contos em verso
O Jagunço;
Gavroche;
O Badejo;
A Viúva Clark;
Comeu!;
O retrato a óleo;
A Fonte Castália;
O Dote;
O Oráculo;
Entre a Missa e o Almoço;
Rimas;
Contos cariocas;
Vida alheia

DOMINGOS OLIMPIO

Biografia

Domingos Olímpio é considerado um precursor do moderno romance


regionalista brasileiro. Além de dedicar-se à literatura, trabalhou
também como jornalista e advogado.

Escreveu várias peças teatrais. Fundou e dirigiu a revista Os Anais,


onde publicou em forma de folhetim o romance O Almirante. Deixou
um romance incompleto, O Uirapuru.

Sua maior obra foi o romance Luzia-Homem, clássico do estilo Ciclo


das Secas, em que a personagem-título é uma retirante de
personalidade forte, qualidades físicas de homem e beleza de mulher.

Principais obras:
Luzia-Homem;
O Almirante;
Uirapuru.

INGLÊS DE SOUZA

Biografia

Herculano Marcos Inglês de Sousa foi um dos introdutores do


Realismo no Brasil. Também teve participação na vida política
brasileira e foi membro da Academia Brasileira de Letras.
Nascido no Pará, estuda direito em Recife e São Paulo. Publicou em
1878, com o pseudônimo Luís Dolzani, seu primeiro romance
naturalista, O Cacaulista. A fama, no entanto, só veio em 1888, com
a publicação de seu mais famoso livro, O Missionário. Além de
romances, publicou um livro de contos, Cenas da vida amazônica.

Exerceu o cargo de presidente das províncias de Sergipe e Espírito


Santo. Morreu no Rio de Janeiro em 1918, aos 65 anos.

Principais obras:
História de um Pescador;
Cacaulista;
Coronel Sangrado;
Missionário;
Contos Amazônicos.

JOÃO SIMÕES LOPES NETO

Biografia

João Simões Lopes Neto é mais um dos muitos escritores brasileiros


que teve o valor de sua obra reconhecida apenas após a sua morte.
Como se isso não bastasse, teve vários insucessos comerciais,
morrendo pobre.

Nasceu em uma fazenda nos arredores de Pelotas, passando na


verdade a vida na cidade - próspera e desenvolvida na época.
Estudou no Rio de Janeiro no Colégio Abílio, o mesmo retratado por
Raul Pompéia em O Ateneu. Exceto por esta passagem pelo Rio de
Janeiro, passou toda a sua vida em sua terra natal.

Vendeu a pequena propriedade que herdou e empenhou seu dinheiro


em uma série de empresas que não deram certo. Vivia, assim, do
jornalismo, assinando colunas em jornais locais. Não foi, na verdade,
um grande jornalista.

Publicou em vida dois livros, Contos Gauchescos e Lendas do Sul,


ambos já próximos à sua morte, além de Cancioneiro guasca, de
1910, coletânea da tradição poética popular local. Também escreveu
algumas peças de teatro, poucas sendo editadas ainda durante sua
vida, mas que, ao que parece, foram bem recebidas pelo público.
Outros textos seus foram descobertos e publicados após sua morte.

Foi um escritor regionalista, retratando o gaúcho tradicional e sua


região. Foi, de fato, o maior dos escritores regionalistas gaúchos.
Principais obras:
Cancioneiro Guasca;
Lendas do Sul;
Contos Gauchescos;
Casos do Romualdo.

JÚLIO RIBEIRO

Biografia

Júlio Ribeiro dedicou a maior parte de sua vida à filologia, o estudo da


língua e de documentos. Ficou muito conhecido, entretanto, por seu
romance naturalista A Carne, que foi um dos mais proibidos - e lidos
- de sua época e por muito tempo depois.

Filho de pai norte-americano, vulgarizou no Brasil os estudos de


Friedrich Diez sobre o uso dos verbos no infinitivo. Já tinha obtido
notoriedade com a sua Gramática Portuguesa, publicada em 1881,
quando escreveu A Carne.

Publicado em 1888, A Carne causou polêmica e gerou muitas críticas


graças ao apelo erótico - que várias vezes vai para o lado da
obscenidade. Não possuía realmente muitas qualidades literárias -
tanto que o romance anterior do autor, o histórico O Padre Belchior
de Pontes, não conseguiu chamar tanta atenção.

Principais obras:
O padre Belchior de Pontes;
Cartas sertanejas;
A Carne.

MACHADO DE ASSIS

Biografia
Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro de todos
os tempos. Fundou a Academia Brasileira de Letras, sendo o seu
primeiro presidente. Sua cultura, ironia e penetração psicológica
revelam o imaginário do Brasil do século XIX.

De origem humilde, ficou órfão muito jovem, sendo criado pela


madrasta. Teve profissões como vendedor de balas, sacristão da
igreja da Lampadosa e aprendiz de tipógrafo até se iniciar como
jornalista e cronista. Sua estreia na literatura foi na revista Marmota
Fluminense, onde publicou seu primeiro poema. Logo depois,
ingressou na Secretaria de Fazenda, onde trabalhou pelo resto da
vida.
Tendo garantida a carreira de funcionário público, pôde então
dedicar-se com mais afinco à literatura. Em sua primeira fase, ainda
sob inspiração romântica, publica romances como Ressurreição, A
Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia. Mesmo nesta fase, enaltece o
aspecto urbano e social, formadores do indivíduo, dando maior
atenção aos aspectos psicológicos dos personagens do que a maior
parte dos escritores românticos. Também nesta época escreve a
maior parte de sua produção teatral.

A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas inicia-se a segunda


fase da obra machadiana. Os temas comuns são: o adultério, o
casamento, visto como forma de comércio ou troca de favores, a
exploração do homem pelo próprio homem. As mulheres são o ponto
forte da criação machadiana, recatadas, sedutoras, adúlteras, fatais e
dominadoras. Constantemente, o leitor é convocado a participar da
história que revela sua forma ficcional, estabelecendo uma
metalinguagem, ou seja, a obra chama atenção para sua
ficcionalidade. O narrador vai contando a história em meio a ironias e
ceticismo. A obra reflete, também, as leituras do escritor,
demonstrando estar em sintonia com o espírito da época. Escreve
com correção e bom gosto, aproxima a linguagem escrita da falada,
expondo modismos.

De saúde frágil, epilético, gago e míope, Machado se tornou


reservado e tímido. Mesmo assim, estreitou relações com melhores
intelectuais do tempo, de Veríssimo a Nabuco, de Taunay a Graça
Aranha.

Em 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Novais, a quem amou


por toda a vida. O casamento durou 35 anos, consta que em perfeita
harmonia, apesar do preconceito que sofria da família dela devido à
sua origem. A morte de Carolina em 1904, segundo o próprio
Machado, pôs fim à "melhor parte de sua vida". Morreu quatro anos
depois, lúcido, e recusando a presença de um padre para a extrema
unção. Sofria de uma úlcera cancerosa.

Recebeu na morte honras de chefe de estado, com o cortejo fúnebre


seguido por milhares de admiradores. Na Academia Brasileira de
Letras, da qual foi escolhido presidente perpétuo, coube a Rui
Barbosa fazer-lhe o elogio fúnebre.

Principais obras:
Contos Fluminenses;
Helena;
Iaiá Garcia;
Memórias póstumas de Brás Cubas;
Dom Casmurro;
Quincas Borba;
Esaú e Jacó;
Memorial de Aires;
Obra completa;
Teatro completo;
Os trinta melhores contos;
Escritos avulsos I;
Escritos avulsos II;
Escritos III;
Papéis avulsos: histórias sem data;
Casa velha;
O alienista e outros contos;
A cartomante e outros contos;
Contos: seleções;
Crisálidas, Falena e americanas.

MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA

Biografia

Redescoberta pelos modernistas de 1922, a obra de Manuel Antônio


de Almeida vem ganhando cada vez mais reconhecimento como
precursora do romance urbano brasileiro.

Cursou Belas Artes, mas abandonou o curso para entrar na faculdade


de medicina, onde se formou. Nunca chegou a exercer a profissão,
tendo desde os tempos de estudante escrito para o jornal Correio
Mercantil - onde publicou, em forma de folhetim, seu único romance,
Memórias de um Sargento de Milícias.

Foi administrador da Tipografia Nacional, onde conheceu o então


tipógrafo Machado de Assis. Morreu em 1861, no naufrágio do navio
Hermes, na costa de Macaé, no estado do Rio de Janeiro.

Há certa controvérsia entre os estudiosos quanto a em que escola


literária pertenceria Memórias de Um Sargento de Milícias. Foi escrito
na época em que o Romantismo estava em alta, e possui algumas
características deste movimento; porém, o herói não é em nada
idealizado, e os diálogos possuem uma naturalidade que os livros
românticos não possuíam. Assim, muitos o apontam como um
romance Realista.

Principais obras:
Memórias de um sargento de milícias;
Obra dispersa.
MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA

Biografia

Tendo morrido prematuramente, com apenas 31 anos, o escritor


cearense Manuel de Oliveira Paiva permaneceu por muito tempo
ignorado tanto pelo público, quanto pela crítica, até a tardia
redescoberta de sua única obra importante, Dona Guidinha do Poço.

Editado por Lúcia Miguel Pereira 60 anos após a morte do autor, o


romance se aproveita do modo de falar do nordestino e de sua
tradição oral para contar a história, cheia de bom humor. Trata-se de
uma obra de profundidade psicológica e sociológica.

QORPO-SANTO

Biografia

A obra de José Joaquim de Campos Leão, conhecido por seu


pseudônimo Qorpo-Santo, ficou esquecida por cerca de cem anos.
Nos últimos tempos, porém, a crítica tem sabido valorizar o trabalho
deste brilhante dramaturgo, que esteve além de seu tempo.

Nasceu no interior do Rio Grande do Sul, fixando-se na capital


quando tornou-se professor primário. As autoridades, porém,
começaram a duvidar de sua sanidade mental, acabando por interná-
lo e declará-lo inapto para lecionar, administrar seus bens e sua
família.

Fundou então um jornal, A Justiça, pelo qual protestou contra a


decisão da Justiça. Também é desta época a revolucionária obra
Enciclopédia ou Seis Meses de Uma Enfermidade. Publicou em 1877,
em um só volume impresso em tipografia própria, todas as suas
peças que hoje conhecemos.

RAUL POMPÉIA

Biografia
Raul Pompéia é reconhecido como o iniciador da ficção
impressionista. De temperamento hipersensível, atormentado e de
traços homossexuais, criou várias inimizades e polêmicas até se
suicidar, aos 32 anos, no natal de 1895.

Quando jovem estudou no Colégio Abílio, em regime de internato.


Iniciou o curso de direito em São Paulo, onde integrou movimentos
abolicionistas e republicanos. Formou-se em Recife. Ainda como
estudante publicou seu primeiro romance, Uma tragédia no
Amazonas, sendo elogiado pela crítica.
Extremamente radical em seus princípios, arrumou inimigos por onde
passou, chegando até mesmo a desafiar Olavo Bilac para um duelo -
que acabou não acontecendo por interferência dos padrinhos. Seu
romance mais famoso é o autobiográfico O Ateneu, em que aparecem
as experiências da época de estudante interno.

Há controvérsia quanto a sua filiação a uma escola literária; há quem


diga que era Realista, enquanto outros o classificam como Simbolista.
Em O Ateneu, é marcante a ambientação bem definida, o detalhismo
e a minuciosa descrição dos personagens.

Principais obras:
As joias da coroa (romance);
O Ateneu;
Obras;
Alma morta/Excursão ministerial;
Crônicas do Rio.

URBANO DUARTE

Biografia

Urbano Duarte destacou-se em seu tempo como um dos grandes


humoristas da crônica e do teatro. Foi um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras.

Nascido na Bahia, mudou-se para o Rio de Janeiro e entrou para o


exército, chegando ao posto de major. Colaborou na imprensa em
diversos veículos por mais de 20 anos e fez parte do grupo boêmio de
Olavo Bilac.

Foi o autor da célebre frase "Romancista ao norte!", título do artigo


com que saudou o romance O mulato, de Aluísio Azevedo.

Principais obras:
O anjo da vingança;
A princesa Trebizon;
O escravocrata;
Os gatunos.

VALENTIM MAGALHÃES

Biografia
Valentim Magalhães destacou-se em sua época na direção de A
Semana, periódico abolicionista e republicano por onde passaram
todos os que estavam começando carreira e mais tarde teriam papel
importante em nossa literatura.

Nascido no Rio de Janeiro, foi estudar direito em São Paulo, onde


iniciou-se no jornalismo, na literatura e na boemia. Depois de
publicar seu primeiro livro, Cantos e lutas, voltou ao Rio de Janeiro.
Na direção de A Semana, envolveu-se em inúmeras polêmicas, na
maioria das vezes por outros escritores.

Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. A biblioteca


da ABL foi inaugurada com a sua doação de seu romance Flor de
sangue.

Principais obras:
Quadros e contos;
Vinte contos e fantasias;
Inácia do Couto;
Escritores e escritos;
Bric-à-brac;
Cantos e lutas;
Flor de sangue;
Alma;
Rimário.

VISCONDE DE TAUNAY

Biografia

Alfredo D'Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, foi um dos


homens mais cultos do seu tempo. É considerado um escritor da
transição entre o Romantismo e o Realismo.

Seu avô foi um pintor francês que veio para o Brasil junto à comitiva
de D. João VI - veio, portanto, de família ilustre e intelectual. Estudou
no Colégio Militar, onde forma-se em Ciências Sociais e Matemáticas.
Participou da Guerra do Paraguai, conhecendo regiões do interior do
Brasil - experiência que o inspira a inscrever duas de suas mais
importantes obras, A retirada da Laguna e Inocência. Destacou-se
também na política, carreira da qual se afastou após a proclamação
da República, tendo sido senador e deputado por Santa Catarina.

O Visconde de Taunay tinha um estilo simples e agradável de


escrever, com riqueza de detalhes e pormenores descritivos,
características do Realismo. Sua idealização sentimental, contudo,
ainda vinham da escola Romântica. A retirada da Laguna descreve
um evento da Guerra do Paraguai, tendo grande importância
histórica; foi escrito originalmente em francês, sendo posteriormente
traduzido. Já Inocência é uma obra-prima do romance regionalista,
retratando os tipos, a paisagem e o linguajar do interior do Mato
Grosso.

Principais obras:
Mocidade de Trajano (romance);
A retirada da laguna (narrativa de campanha);
Inocência (romance);
Lágrimas do coração (romance);
Histórias brasileiras (contos);
Ouro sobre azul (romance);
Narrativas militares (contos);
Céus e terras do Brasil (evocações);
Estudos críticos;
O encilhamento (romance);
Da mão à boca se perde a sopa (teatro);
Por um triz coronel (teatro);
Amélia Smith (teatro);
Reminiscências;
Trechos de minha vida;
Viagens de outrora;
Visões do sertão, descrições;
Dias de guerra e do sertão;
Homens e coisas do Império.

OBRAS Realismo - Naturalismo

>> A <<

A carne, de Júlio Ribeiro


A Condessa Vesper, de Aluísio Azevedo
A Mortalha de Alzira, de Aluísio Azevedo
A Normalista, de Adolfo Caminha
A semana, de Machado de Assis

>> B <<

Balas de estalo, de Machado de Assis


Bons dias, de Machado de Assis
Bom-crioulo, de Adolfo Caminha

>> C <<

Casa de Pensão, de Aluísio Azevedo


Casa velha, de Machado de Assis
Contos de Machado de Assis I
Contos de Machado de Assis II

>> D <<

Decadência de dois grandes homens, de Machado de Assis


Dom Casmurro, de Machado de Assis
Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva

>> E <<

Esaú e Jacó, de Machado de Assis

>> F <<

Filomena Borges, de Aluísio Azevedo

>> G <<

Girândula de Amores, de Aluísio Azevedo

>> H <<

História de quinze dias, de Machado de Assis


Histórias sem data, de Machado de Assis

>> I <<

Inocência, do Visconde de Taunay

>> L <<

Livro de uma Sogra, de Aluísio Azevedo


Luzia-Homem, de Domingos Olímpio

>> M <<

Memorial de Aires, de Machado de Assis


Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
Almeida
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Missa do Galo, de Machado de Assis

>> N <<
Notas semanais, de Machado de Assis
>> O <<

O Ateneu, de Raul Pompéia


O Cortiço, de Aluísio Azevedo
O dicionário, de Machado de Assis
O Escravocrata, de Artur Azevedo e Urbano Duarte
O Mulato, de Aluísio Azevedo

>> Q <<

Quincas Borba, de Machado de Assis

>> R <<

Relíquias da Casa Velha, de Machado de Assis

>> S <<

Suplício de uma mulher, de Machado de Assis

>> U <<

Um apólogo (A agulha e a linha), de Machado de Assis

>> V <<

Várias Histórias, de Machado de Assis

Parnasianismo

Sobre o estilo

O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo,


estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e
revolucionários do período. Diz respeito, especialmente, à poesia da
época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do
Romantismo. O nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que
nomeia uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo,
local de inspiração para os poetas. A escola adota uma linguagem
mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e incomuns,
dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da
métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que
lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar
objetivamente as coisas sem demonstrar emoção.
Surgiu na França, em 1866, com a publicação de uma coletânea de
versos denominada O Parnaso, que era o nome de uma montanha
existente na Grécia onde, segundo a lenda, moravam o deus Apolo -
da luz e das artes - e as musas inspiradoras das artes.

O movimento ocorreu apenas na França, Portugal e Brasil. Em


Portugal, foi introduzido por João Penha, no periódico A Folha,
fundado em Coimbra em 1868. No Brasil, iniciou-se em 1877,
apresentado por Artur de Oliveira.

Segundo alguns estudiosos, o Parnasianismo é a manifestação


poética do Realismo, embora ideologicamente não mantenha todos os
pontos de contato com os romancistas realistas e naturalistas. Seus
poetas estavam à margem das grandes transformações do final do
século XIX e início do século XX. Se manifestam a partir do final da
década de 1870, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna. Em
alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922.

As principais características da poesia parnasiana são a


impassividade, com a poesia sendo apenas uma fotografia, estática,
sem emoção, objetiva; o culto à forma, com a reabilitação do soneto,
perfeita estrutura métrica e sonora e uso de rimas raras; a arte pela
arte, não em função da humanidade ou da sociedade, ou de modificá-
las, mas sim em função de si mesma; e a forma descritiva, ao pintar,
fotografar e representar fenômenos da natureza, objetos e temas da
Grécia e Roma antiga.

Parnasianismo no Brasil

As concepções estéticas parnasianas francesas chegam ao país com


os escritores Artur
de Oliveira (1851-1882) e Luís Guimarães Júnior (1845-1898). Em
1878, o parnasianismo é apresentado ao público carioca durante uma
polêmica em versos, travada em jornais da cidade. Conhecida como
Batalha do Parnaso, ataca o romantismo e exalta os novos valores.
Fanfarras, de Teófilo Dias, publicado em 1882, é considerado a
primeira produção parnasiana brasileira.

Os principais autores parnasianos no Brasil são Olavo Bilac, Raimundo


Correia, Vicente de Carvalho e Alberto de Oliveira. Bilac é autor de
Panóplias, Via Láctea e O Caçador de Esmeraldas, nos quais aborda
temas tirados da Antiguidade clássica e ligados à história brasileira,
em tom patriótico. Raimundo Correia, autor de Primeiros Sonhos,
Sinfonias e Aleluias, exibe um enfoque pessimista do mundo.

Os poetas brasileiros tomam como fonte de inspiração os portugueses


do século XVIII, destacando, sobretudo, o trabalho de Bocage.
Voltam-se, também, para Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa
e Tomás Antônio Gonzaga. Cultuam a estética do Arcadismo, a
correção da linguagem, propiciadora de originalidade e imortalidade,
buscando objetividade e impassibilidade diante do objeto, cultivando
a forma para atingir a perfeição.

A sintaxe, sob a influência do século XVIII, prima pela devoção à


clareza, à lógica e à sonoridade. Os parnasianos evitam as
aliterações, homofonias, hiatos, ecos e expressões arrebatadoras,
mas apreciam a rima consoante, aplicada sob o jugo de regras
rígidas, privilegiando a rima paroxítona, abjurando a interna e
exigindo a rima em todas as quadras. Dão ênfase às alternâncias
graves, aos versos de rimas paralelas ou intercaladas. Apreciam as
metáforas derivadas das lendas e história da Antiguidade Clássica,
símbolo do ideal de beleza.

O soneto ressurge juntamente com o verso alexandrino, bem como o


trabalho com a chave de ouro e a rima rica. A vida é cantada em toda
sua glória, sobressaindo-se a alegria, a sensualidade, o conhecimento
do mal. A imaginação é sempre dominada pela realidade objetiva.

O universalismo se sobrepõe ao nacionalismo. Entretanto, o


Parnasianismo inicial, ligado à inspiração derivada dos temas
históricos de Roma e Grécia, vai se deslocando, aos poucos, para a
paisagem brasileira, graças à ação do meio e das tradições poéticas,
tendendo à busca da simplicidade clássica. A recorrência ao
arcadismo interno e ao português acaba dando ao movimento uma
configuração própria. O social perde a força do início, cedendo lugar
ao princípio da Arte pela Arte, postulado pelo poeta francês,
Théophile Gautier, sem, entretanto, suprimir o subjetivismo. Por isso,
os poetas não obedecem com precisão o cientificismo e nem primam
pela objetividade, mas se orientam pelo determinismo, pessimismo e
sensualidade, prevalecendo, com frequência, a exigência de precisão,
a riqueza de linguagem e a descrição.

Os poetas parnasianos foram, em seu tempo, muito populares entre


o público leitor; Olavo Bilac ganhou o título de "O Príncipe dos
Poetas". Foi em grande parte por essa popularidade dos parnasianos
que houve pouco espaço para poetas de tendência simbolista -
corrente contemporânea ao Parnasianismo que acabou não tendo no
Brasil o mesmo espaço que teve na Europa.

ALBERTO DE OLIVEIRA

Biografia
Alberto de Oliveira foi, junto com Raimundo Correa e Olavo Bilac, um
dos grandes nomes do Parnasianismo no Brasil. Conviveu
pessoalmente com os maiores escritores de sua época e, tendo
envelhecido tranquilamente, pôde ver a influência que sua obra teve
sobre outros artistas e o fim do movimento literário de que fez parte.

Nascido em Saquarema (RJ), cursou depois humanidades em Niterói


e formou-se em farmácia. Cursou por três anos a faculdade de
medicina, onde foi colega de Olavo Bilac. Trabalhou como
farmacêutico e chegou a cursar em São Paulo a faculdade direito. No
Rio de Janeiro, foi oficial de gabinete do presidente do Estado e
exerceu o cargo de diretor geral da Instrução Pública do Rio de
Janeiro. Também foi professor da escola normal e da Escola
Dramática e colaborou com diversos jornais.

Ficou famosa a casa onde residia na Engenhoca, em Niterói, com sua


esposa. Era frequentada, na década de 1880, pelos mais ilustres
escritores brasileiros, entre os quais Olavo Bilac, Raul Pompéia,
Raimundo Correia, Aluísio e Artur Azevedo, Afonso Celso, Guimarães
Passos, Luís Delfino, Filinto de Almeida, Rodrigo Octavio, Lúcio de
Mendonça, Pardal Mallet e Valentim Magalhães. Nessas reuniões, só
se conversava sobre arte e literatura. Sucediam-se os recitativos.
Eram versos próprios dos presentes ou alheios. Heredia, Leconte,
Coppée, France eram os nomes tutelares, quando o Parnasianismo
francês estava no auge.

Em seu primeiro livro, Canções Românticas, ainda era influenciado


pelo Romantismo. Os traços da transição, porém, não passaram
despercebidos por Machado de Assis, que em um ensaio famoso de
1879 assinala os sintomas de uma nova geração. Foi o próprio
Machado que escreveu a introdução do segundo livro de Alberto de
Oliveira, Meridionais, onde já estão todas as características do
Parnasianismo: o forte pendor pelo objetivismo e pelas cenas
exteriores, o amor da natureza, o culto da forma, a pintura da
paisagem, a linguagem castiça e a versificação rica.

Tudo isso só se acentuou nas suas obras posteriores. Alberto é


considerado um dos maiores cultores do soneto na língua portuguesa.
Publicou o último de seus dez livros de poesia, Poesias Escolhidas, em
1933 e faleceu em Niterói, aos 80 anos, em 1937. Além de Póstumas,
de 1944, outros livros com sua obra reorganizada foram lançados
após a sua morte.

Principais obras:
Canções Românticas;
Meridionais;
Sonetos e Poemas;
Versos e Rimas;
Poesias completas;
Ramo de Árvore;
Poesias escolhidas.
FRANCISCA JÚLIA

Biografia

Francisca Júlia foi a maior poeta da língua portuguesa em seu tempo.


Ficou conhecida como "Musa impassível", título de um de seus mais
famosos poemas.

Nasceu e passou uma calma infância na pequena Vila da Xiririca,


atual Eldorado. Aprendeu a ler com a mãe e, do pai, herdou o amor
pela literatura. Seu primeiro livro, Mármores, foi um sucesso imediato
e a fez reconhecida pelos principais escritores e críticos da época. Seu
segundo livro, Esfinges, trazia muitos dos poemas do primeiro; foi
republicado pela editora de Monteiro Lobato após sua morte.

Após o casamento, afastou-se por alguns anos da literatura para


dedicar-se ao marido e ao lar. Voltou a escrever colaborando com a
revista A Cigarra. Morreu abraçada ao caixão do marido, que morrera
de tuberculose; acredita que tenha ingerido narcóticos.

Sua poesia seguia com devoção a escola parnasiana, com o cuidado


pela forma e pela língua. Após sua morte, sua obra foi deixada de
lado por editores e críticos, fazendo com que seu nome fosse
esquecido.

HUMBERTO DE CAMPOS

Biografia

Humberto de Campos foi um escritor da transição anterior a 1922.


Seu primeiro livro, a coletânea de poemas Poeira, foi um dos últimos
do Parnasianismo no Brasil.

Nasceu em Miritiba, cidade do interior do Maranhão que hoje se


chama Humberto de Campos. Perdeu os pais aos 6 anos e foi levado
para São Luís, de onde depois mudou-se para o Pará. Foi onde iniciou
a carreira em jornais locais.

Transferiu-se em 1912 para o Rio de Janeiro, dois anos depois da


publicação de Poeira. Entrou para O Imparcial, na fase em que ali
trabalhava um grupo de escritores ilustres como Goulart de Andrade,
Rui Barbosa, José Veríssimo, Júlia Lopes de Almeida, Salvador de
Mendonça e Vicente de Carvalho. Ingressou na Campanha Civilista,
mas logo o jornalista engajado foi dando lugar ao intelectual.

Ingressou na Academia Brasileira de Letras e elegeu-se deputado


federal pelo Maranhão. Perdeu seu mandato com a Revolução de 30,
mas teve sua situação aliviada por Getúlio Vargas, que era seu
admirador e lhe deu os lugares de inspetor de ensino e de diretor da
Casa de Rui Barbosa. Publicou em 1933 seu mais famoso livro,
Memórias, crônicas de sua juventude. Após sua morte, foi publicado,
Diário secretos, que causou grande escândalo, pela irreverência e
malícia do autor.

Em suas crônicas e críticas literárias, Humberto de Campos tecia


comentários pessoais, sem base em nenhum critério. Eram críticas
superficiais, que não resistiram ao tempo nem a uma análise mais
profunda.

Principais obras:
Poeira, primeira série;
Poeira, segunda série;
Da seara de Booz;
Vale de Josaphat;
Tonel de Diógenes;
A serpente de bronze;
Mealheiro de Agripa;
Carvalhos e roseiras;
A bacia de Pilatos;
Pombos de Maomé;
Antologia dos humoristas galantes;
Grãos de mostarda;
Alcova e salão;
O Brasil anedótico;
O monstro e outros contos;
Memórias;
À sombra das tamareiras;
Sombras que sofrem;
Um sonho de pobre;
Destinos;
Lagartas e libélulas;
Memórias inacabadas;
Notas de um diarista, primeira série;
Reminiscências;
Sepultando os meus mortos;
Notas de um diarista, segunda série;
Últimas crônicas;
Contrastes;
O arco de Esopo;
A funda de Davi;
Gansos do capitólio;
Fatos e feitos;
Diário Secreto
OLAVO BILAC

Biografia

Olavo Bilac foi o mais popular dos poetas parnasianos brasileiros,


sendo eleito em 1913 o primeiro "Príncipe dos Poetas Brasileiros".
Seus poemas foram decorados e declamados por toda parte, tanto
nas ruas como em saraus e salões literários.

Carioca, chegou a entrar nos cursos de medicina e de direito, sem


concluí-los. Dedicou-se à carreira jornalística e literária, tendo
fundado diversos jornais de vida curta. Participou intensamente da
política e de campanhas cívicas, das quais a mais famosa foi em favor
do serviço militar obrigatório, sendo abolicionista e republicano;
apesar disso, nunca tratou destes temas em sua poesia. No governo
de Floriano Peixoto, foi perseguido e preso sob acusação de conspirar
para a volta ao poder de Deodoro da Fonseca.

Seu pai lutou na Guerra do Paraguai, o que trouxe o nacionalismo


para a família. Cantou a pátria em muitos poemas, sendo o autor da
letra do Hino à Bandeira. Também escreveu diversos poemas para as
crianças, além de crônicas e livros didáticos. Solteiro, levou uma vida
boêmia. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Foi o poeta brasileiro que mais se aproximou dos conceitos


parnasiano , procurando a perfeição formal a qualquer custo. Era
uma de suas características escrever versos com "chaves de ouro", às
vezes resultando sua poesia em certa artificialidade. Destacou-se pelo
devotamento ao culto da palavra e ao estudo da língua portuguesa.
Seus versos contêm uma poesia pobre em imagens, mas rica em
sentimento, voluptuosidade e morbidez. Entre suas obras mais
conhecidas estão Via Láctea, Profissão de fé e o épico O caçador de
esmeraldas, sobre os feitos do bandeirante Fernão Dias Paes.

Principais obras: O caçador de esmeraldas;


Poesia;
Os melhores poemas de Olavo Bilac;
Vossa insolência;
Obra reunida.

RAIMUNDO CORREIA

Biografia

Apesar de ter iniciando-se na carreira literária sob inspiração


romântica, o poeta Raimundo Correia destacou-se mesmo em suas
obras parnasianas - sendo que, em suas últimas obras, chegou a se
aproximar do simbolismo.
Nascido em um navio na costa do Maranhão, foi estudar no Rio de
Janeiro, onde foi aluno do Colégio Pedro II. Foi para São Paulo
estudar direito, carreira que exerceu e de que foi professor
universitário. Morreu em Paris, durante viagem para tratamento de
saúde.

Seu primeiro livro, Primeiros Sonhos, era claramente influenciado por


românticos como Gonçalves Dias e Castro Alves. Já a partir de
Sinfonias, de 1883, passou a apresentar características parnasianas,
como a cultura clássica e a perfeição formal. Contudo, não
apresentava a riqueza vocabular de outros autores parnasianos.

Não preocupava-se em fazer uma poesia com traços brasileiros,


utilizando-se mais da paisagem europeia. Sofreu suspeita de plágio,
levantada por Luís Murat, tal a maneira como se inspirava em outros
poetas europeus. Suas últimas obras se utilizavam muito de
sinestesias e tinham uma musicalidade que as aproximava do
Simbolismo. Seu poema mais conhecido é As Pombas, publicado no
livro Sinfonias.

Simbolismo

Sobre o estilo

O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um momento histórico


extremamente complexo, que marcaria a transição para o século XX
e a definição de um novo mundo, consolidado a partir da segunda
década deste século. As últimas manifestações simbolistas e as
primeiras produções modernistas são contemporâneas da primeira
Guerra Mundial e da Revolução Russa. No Brasil, a República havia
sido recém-instalada, ainda viciada por conceitos e práticas militares;
surgem revoltas em episódios como a revolta da Armada e Canudos,
que mostram o descontentamento do povo com a situação. A
abolição da escravatura não garantiu justiça aos ex-escravos; a
industrialização ainda era inicial, e a população ainda sofria com o
analfabetismo e pestes como a febre amarela.

Este período foi marcado pela I Guerra Mundial (1914-1918) e pela


Revolução Russa. Houve também a unificação da Alemanha (1870) e
da Itália (1871) momentos antes do início do movimento. A Europa
inteira passa por um processo de industrialização, aumentando a
disputa por mercado. Este é o início do neocolonialismo. Este
pensamento materialista de produção, com pouca preocupação com o
bem-estar dos trabalhadores urbanos, gera críticas dos simbolistas. O
Brasil não apresentou nenhum grande acontecimento durante esta
época, apesar de haver várias revoltas no sul do país, onde o
movimento foi mais acentuado. Duas delas se destacam: A Revolução
Federalista (1893-1895)e a Revolta da Armada (1893-1894). A
primeira foi uma revolta de oposição ao governo de Floriano Peixoto,
que gerou muitas mortes no sul do país. A outra foi quando a
marinha brasileira ancorou seus navios no litoral carioca, e apontou
seus canhões para o palácio do governo, exigindo sua renúncia. Estes
acontecimentos levam à desilusão, a descrença na vontade de viver,
que são visões simbolistas. Isto fez com que as ideias filosóficas se
desviassem do materialismo para o simbolismo.

Esse ambiente provavelmente representou a origem da escola


simbolista, marcada por frustrações, angústias, falta de perspectivas,
rejeitando o fato e privilegiando o sujeito. Sua principal característica
foi a negação do Realismo e de suas manifestações. A nova estética
nega o cientificismo, o materialismo e o racionalismo e valoriza as
manifestações metafísicas e espirituais.

O movimento surge como uma retomada de alguns ideais do


Romantismo, bem como de oposição ao Parnasianismo, Naturalismo,
correntes literárias apreciadas pela elite social. Apesar disso,
conserva algumas peculiaridades parnasianas, como a estrutura dos
versos, o vasto uso do soneto, e a preciosidade no vocabulário. Sua
poesia, no entanto, vai mais além. Há a constante busca de uma
linguagem mais rica, repleta de novas palavras, com o emprego de
novos ritmos que associem de forma harmoniosa a poesia à música,
explorando muito o uso da sinestesia, das aliterações, ecos e
assonâncias.

O poeta simbolista não quer somente cantar e evocar suas emoções.


Ele quer trazê-las de uma forma mais palpável para o texto, para que
possam ser sentidas em sua plenitude. Por isso, o uso da sinestesia,
isto é, a associação de impressões sensoriais distintas, é amplo. Há
também a forte ligação com as cores, ressaltando as sensações que
provocam no espírito humano. A cor branca é sempre a mais
presente e já sugere, entre outras coisas, a pureza, ou o opaco,
indiciando a presença de neblina ou nuvem e tornando as imagens
poéticas mais obscuras.

Obscuridade, aliás, é uma forte característica simbolista: a realidade


é revelada de uma forma imprecisa e vaga. Não há a preocupação de
nomear os objetos, e sim evocá-los, sugeri-los. É o emprego do
símbolo, que liga o abstrato ao concreto, o material ao irreal.
Servindo como ponte entre o homem e as coisas, o símbolo preserva
o domínio da intuição sobre a razão, bem como a exaltação das
forças espirituais e místicas que regem o universo, contrária ao
Cientificismo, ao Positivismo e ao materialismo naturalista e
parnasiano. É o culto ao sonho, ao desconhecido, à fantasia e à
imaginação, numa busca pela essência do ser humano, com todos os
seus mistérios, seu dualismo (espírito e matéria) e seu destino frente
à vida e à morte.

A poesia, então, ganha o tom subjetivista que a aproxima muito do


movimento romântico, disposto a explorar e sentir tudo o que há
entre a alma e a carne, entre o céu e a terra. O poeta se entrega
muitas vezes ao seu inconsciente e ao subconsciente para estar mais
próximo dos segredos que ligam o homem a Deus. Esse caminho, por
vezes alucinado, leva ao isolamento, à solidão, à loucura e à
alienação, evidenciando um clima mais pessimista, mórbido e
algumas vezes satânico. Rompendo com a linearidade do texto,
dando voz ao fluxo da consciência e trabalhando de forma mais
desarticulada a palavra e seu significado, o Simbolismo antecipa
características que seriam marcantes dentro do Modernismo.

Na literatura, o primeiro Manifesto Simbolista é publicado em 1891,


no jornal Folha Popular.
As primeiras obras literárias são Missal e Broquéis (1863), de Cruz e
Souza. O autor aborda
mistérios da vida e da morte com uma linguagem rica, marcada pela
musicalidade. Outro
representante do movimento é Alphonsus de Guimarães (1870-
1921), autor de Câmara Ardente e Kiriale, cuja poesia é marcada pela
religiosidade e pela melancolia.

O teatro simbolista começa a ser escrito e encenado no início do


século XX. A produção de
textos é pequena. Falam da sociedade carioca da época. Os principais
dramaturgos são Roberto Gomes (1882-1922), que escreve O Canto
sem Palavras e Berenice, e Paulo Barreto (1881-1921), autor de Eva.
Em 1933, Paulo Magalhães (1900-1972) monta A Comédia do
Coração, que põem no palco personagens simbólicos, como Dor,
Paixão e Ciúme.

Contudo, o início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim


do Realismo. No final do século XIX e início do século XX, tem-se três
tendências que caminham paralelas: Realismo, Simbolismo e pré-
Modernismo. Foi a Semana de Arte Moderna que pôs fim a todas as
estéticas anteriores e traçou, de forma definitiva, novos rumos para a
literatura do Brasil.

Teoria das correspondências - (Baudelaire - Flores do mal)


Propõe um processo cósmico de aproximação entre as realidades
físicas e metafísicas, entre os seres as cores, os perfumes, e o
pensamento ou a emoção, que se expressa através da sinestesia.
O decadentismo pode ser visto como uma forma ancestral ou
embrionária do Simbolismo.

Características do Simbolismo

• Nega o materialismo, cientificismo, e o racionalismo. É espiritualista


em sua essência.
• Religiosidade
• Subjetivismo contrapondo-se ao objetivismo do Realismo e do
Parnasianismo, apesar de conviverem na mesma época
• Idealização da morte como libertação do espírito e da alma
• Valorização do inconsciente e do subconsciente
• Uso de sugestões
• Linguagem simbólica, com frequente uso de aliterações
• Musicalidade nos versos
• Predominância da emoção.
• O objeto deve estar subentendido, não mostrando claramente - daí
o "símbolo"
• Referência a cores
• Culto da forma, com influência parnasianas
• Uso da figura de linguagem chamada sinestesia (relação subjetiva
que se estabelece entre uma percepção e outra que pertença ao
domínio de um sentido diferente: perfume que avoca uma cor; som
que evoca uma imagem), que representa a fusão de sensações (beijo
amargo, cheiro azul)
• Abordagem vaga de impressões subjetivas e/ou sensoriais
(Impressionismo), sobretudo na
pintura

O Simbolismo no Brasil

Com o destaque dado aos poetas parnasianos, o Simbolismo não


atingiu aqui o destaque que teve na Europa.

A figura mais importante do Simbolismo brasileiro foi Cruz e Souza,


que é considerado um dos maiores nomes do Simbolismo universal.
Sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa estética no Brasil.
O outro destaque desta escola em nosso país foi Alphonsus de
Guimarães, considerado o mais místico poeta de nossa literatura.

ALPHONSUS DE GUIMARÃES

Biografia

A obra de Alphonsus de Guimarães é considerada uma das mais


influenciadas pelo misticismo de nossa literatura. Autor pertencente à
corrente do Simbolismo, Alphonsus tem também em seus poemas
elementos do Romantismo, além da utilização de redondilhas, versos
alexandrinos e sonetos.

Nasceu em Ouro Preto em 1870 onde concluiu seus primeiros


estudos. Logo vai para São Paulo para estudar direito, formando-se
em 1895. Foi em São Paulo que teve contato com os ideais
simbolistas e construiu a maior parte de sua obra. Em viagem ao Rio
de Janeiro, conheceu Cruz e Sousa, um dos maiores ícones do
Simbolismo. Voltou para Minas Gerais para residir em Mariana, onde
trabalhou como juiz; lá viveu até a sua morte, em 1921, ao lado da
esposa Zenaide de Oliveira e seus quatorze filhos.

Ainda em Ouro Preto, teve uma experiência que influenciou sua


poesia por toda a vida: sua prima e noiva, Constança (filha do
escritor Bernardo de Guimarães) morreu aos 18 anos, às vésperas do
casamento. Ela passa a aparecer por toda a sua obra, dentro dos
moldes medievais: pura, intocável, perfeita, sendo muitas vezes
confundida com a própria Virgem Maria - de quem o poeta era devoto
fervoroso. A morte aparece, então, como única maneira de chegar à
amada, sendo portanto desejável, o que o aproxima muito dos poetas
românticos. Sua poesia é toda marcada por uma profunda suavidade
e lirismo, com uma linguagem simples e um ritmo bem musical, cheio
de aliterações e sinestesias.

Principais obras:
Setenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente (poesia);
O Lutador, Minas Gerais;
Obra Completa;
Alphonsus de Guimarães: os melhores poemas.

AMADEU AMARAL

Biografia
Amadeu Amaral destacou-se em sua época por sua enorme erudição
em uma época onde não havia no Brasil as faculdades e cursos
especializados que surgiriam depois.

Era um autodidata. Foi o primeiro a estudar no Brasil um dialeto local


à luz da linguística - no caso, o linguajar dos caipiras do interior de
São Paulo.

Enquadrou-se entre os poetas da fase pós-parnasiana, tendo uma


obra que, embora não se destacasse especialmente por sua
qualidade, sempre se preocupava em contribuir para a formação e
desenvolvimento das pessoas. Também por esta preocupação foi um
grande incentivador do escotismo no Brasil. Foi membro da Academia
Brasileira de Letras.

Principais obras:
Urzes;
Névoa;
Espumas;
A pulseira de ferro;
Memorial de um passageiro de bonde;
Letras floridas;
O Dialeto Caipira;
Lâmpada antiga;
O elogio da mediocridade;
Tradições populares.

CRUZ E SOUZA

Biografia

Filho de escravos alforriados, Cruz e Souza sofreu a vida inteira com


o preconceito racial, apesar de sua refinada formação. Tornou-se,
então, um dos principais escritores abolicionistas brasileiros, além de
um dos maiores nomes de nosso Simbolismo.

Desde pequeno recebeu tutela e educação refinada de seu ex-senhor,


além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem
aprendeu matemática e ciências naturais. Suas ideias abolicionistas
ganharam ainda mais força ao ser recusado como promotor na cidade
de Laguna pelo fato de ter sido negro. O preconceito, porém, não foi
a única tragédia de sua vida: seus quatro filhos morreram jovens de
tuberculose, e sua mulher enlouqueceu.

Foi no Rio de Janeiro, onde trabalhou como funcionário da Estrada de


Ferro e colaborou com a imprensa local, que tomou contato com as
ideias simbolistas. Manteve em sua obra a estrutura formal típica do
Parnasianismo (uso de sonetos, rimas ricas, etc.), mas em um tom
mais musical, rítmico, com uma variedade de efeitos sonoros, uma
riqueza de vocabulários, e um precioso jogo de correspondências
(sinestesias) e contrastes (antíteses). É considerado por muitos como
um dos maiores poetas simbolistas do Mundo, com qualidade literária
comparável a dos grandes franceses, como Mallarmé.

Principais obras:
Tropos e fantasias;
Broquéis;
Faróis;
Poesia completa;
Cruz e Sousa;
Sonetos da noite;
Missal e Broquéis;
Obra completa;
Cartas de Cruz e Sousa;
Poesias.

JORGE DE LIMA

Biografia

A obra do poeta Jorge de Lima transitou entre várias tendências, de


acordo com a fase de sua vida. Iniciou-se com influências neo
parnasianas e simbolistas, aderiu ao modernismo e falou de
nativismo, misticismo, sensualidade, do Nordeste brasileiro e da
religião.

Formou-se em medicina, carreira que jamais abandonou. Além disso,


deu aulas de literatura em Maceió e no Rio de Janeiro. Também
participou da vida pública, sendo vereador no Rio de Janeiro e
chegando à presidência da Câmara.

Estreou na literatura em 1914, publicando o livro XIV Alexandrinos.


Na sua primeira fase, destaca-se o soneto O Acendedor de Lampiões.
Depois de se juntar à geração modernista, passa a tratar de temas
telúricos, de origem popular e africana, e do Nordeste. Se destaca aí
Essa Nega Fulô. Em 1935, converteu-se ao catolicismo, passando a
tratar do tema em suas poesias. Nesta fase religiosa, emprega
paradoxos, evocações e enumerações que dão à linguagem força
bíblica, atingindo dimensões místicas. O destaque é para A Invenção
de Orfeu, que ainda mostra traços de sua fase nordestina.

Principais obras:
XIV Alexandrinos (poesia);
O mundo do menino impossível (poesia);
Poemas (poesia);
Essa Negra Fulô (poesia);
Novos poemas (poesia);
Poemas escolhidos (poesia);
Tempo e eternidade (poesia);
A túnica inconsútil (poesia);
Poemas negros (poesia);
Livro de sonetos (poesia);
Obra poética (poesia);
Invenção de Orfeu (poesia);
Castro Alves - vidinha (poesia);
Salomão e as mulheres (romance);
O Anjo (romance);
Calunga (romance);
A mulher obscura (romance);
Guerra dentro do beco (romance).
A Comédia dos erros;
Dois ensaios;
Anchieta;
Rassenbildung und Rassenpolitik in Brasilien;
História da Terra e da Humanidade;
Vida de São Francisco de Assis;
D. Vital;
Vida de Santo Antônio;
A Filha da Mãe D'Água, As Mãos e Ulisses (teatro);
Argumento para filme (teatro);
Os Retirantes (teatro).

PEDRO KILKERRY

Biografia

No Norte-Nordeste do Brasil, Pedro Kilkerry foi o maior entusiasta do


Simbolismo - movimento do qual representou o aspecto mais radical.

Tudo o que se conhece de sua obra é o que foi publicado nas revistas
Nova Cruzada e Os Anéis, depois reunido pelo pensador católico
Jackson de Figueiredo. Escreveu uma poesia "difícil", desprovida de
sentimentalismo que, por representar uma tendência menos popular
do Simbolismo, acabou ignorada pelo público e crítica da época. Sua
obra tem sido agora valorizada pela crítica de vanguarda, sofrendo
então uma redescoberta.

RAUL POMPÉIA

Biografia

Raul Pompéia é reconhecido como o iniciador da ficção


impressionista. De temperamento hipersensível, atormentado e de
traços homossexuais, criou várias inimizades e polêmicas até se
suicidar, aos 32 anos, no natal de 1895.

Quando jovem estudou no Colégio Abílio, em regime de internato.


Iniciou o curso de direito em São Paulo, onde integrou movimentos
abolicionistas e republicanos. Formou-se em Recife. Ainda como
estudante publicou seu primeiro romance, Uma tragédia no
Amazonas, sendo elogiado pela crítica.
Extremamente radical em seus princípios, arrumou inimigos por onde
passou, chegando até mesmo a desafiar Olavo Bilac para um duelo -
que acabou não acontecendo por interferência dos padrinhos. Seu
romance mais famoso é o autobiográfico O Ateneu, em que aparecem
as experiências da época de estudante interno.

Há controvérsia quanto a sua filiação a uma escola literária; há quem


diga que era Realista, enquanto outros o classificam como Simbolista.
Em O Ateneu, é marcante a ambientação bem definida, o detalhismo
e a minuciosa descrição dos personagens.

Principais obras:
As jóias da coroa (romance);
O Ateneu;
Obras;
Alma morta/Excursão ministerial;
Crônicas do Rio.

OBRAS DO SIMBOLISMO

>> B <<

Broquéis, de Cruz e Souza

>> J <<

Jorge de Lima

>> O <<

O Ateneu, de Raul Pompéia

>> P <<

Pedro Kilkerry

>> U <<

Últimos sonetos, de Cruz e Souza


Pré-Modernismo

Sobre o estilo

O fim do século XIX e as duas primeiras décadas do século seguinte


foram marcados por mudanças no quadro político, econômico e social
do Brasil. Em 1894, tomou posse o primeiro presidente civil Prudente
de Morais, que deu início à então chamada República do café-com-
leite. Além disso, outros fatores concorreram para essas alterações: o
auge da produção agropecuária na região Sudeste; o processo
crescente de urbanização de São Paulo; o desembarque de um
grande número de imigrantes, sobretudo de italianos, no centro sul
do país; a marginalização dos antigos escravos, em grandes áreas da
nação; o declínio acelerado da cultura canavieira do Nordeste, sem
condições de competir com a ascensão do café paulista.

Tais mudanças provocaram, por um lado, o aumento das pequenas


classes - média, operária e proletária - e, por outro, contribuíram
para o aparecimento de hierarquia entre as classes dominantes. Em
primeiro lugar, o poder político-econômico estava nas mãos dos
grandes cafeicultores de São Paulo e dos pecuaristas de Minas; em
segundo, com a burguesia industrial de São Paulo e Rio de Janeiro;
em terceiro, com o Exército que, desde a proclamação da República,
começara a se destacar politicamente.

Nesse cenário, duas ideologias entraram em choque: o


tradicionalismo rural, refratário à mente agitada dos centros urbanos,
e as transformações nas grandes cidades, onde a burguesia rica
estava sempre aberta às influências externas, em busca de
modernização e as classes média e operária estimulavam
movimentos progressistas radicais.

Tudo isso marcou, cada vez mais, os acentuados contrastes da


realidade brasileira, dando origem a conflitos sociais isolados, tais
como: a Revolta de Canudos, no sertão nordestino; o caso do Padre
Cícero, na cidade cearense de Juazeiro; o fenômeno do cangaço, com
a figura de Lampião; todos refletindo a situação crítica de um
Nordeste abandonado. A rebelião contra a vacina obrigatória e a
revolta da chibata no Rio e os movimentos grevistas de operários em
São Paulo, sob orientação anarquista, durante a Primeira Guerra
Mundial, eram sintomas de uma classe nova que já lutava para
sobreviver, numa cidade em fase de industrialização. Esses
movimentos tiveram, isoladamente, uma história independente; mas,
no conjunto, revelavam a crise de um país que se desenvolvia às
custas de graves desequilíbrios.

Nesta época existiram as mais variadas tendências e estilos literários,


além dos poetas do Parnasianismo e Simbolismo, que ainda
continuavam escrevendo. Por apresentar traços individuais muito
fortes, o Pré-Modernismo no Brasil não se caracteriza como escola
literária, distinguindo-se na verdade como um termo genérico para
designar a produção literária de alguns autores que, não sendo ainda
modernos, já promoviam rupturas com o passado. Pode-se dizer que
essa "escola" começou em 1902, com a publicação de Os sertões, de
Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha, e se estende até 1922,
com a Semana de Arte Moderna.

Esta época ficou conhecida pela República do Café-Com-Leite, que


tomou lugar da República da Espada (governos dos marechais
Deodoro e Floriano). Esta nova república constituiu-se de um
revezamento de presidentes eleitos; ora do estado de São Paulo, ora
de Minas Gerais. Foi também um período de grande corrente
migratória para o país. O café em São Paulo vive seu auge, assim
como a borracha na Amazônia. Em contraste com a prosperidade
sudestina, o Nordeste vive em meio ao cangaço, estourando a Guerra
dos Canudos. Houve também revoltas sociais no Rio de Janeiro em
1904 e em 1910. A primeira contra a vacina obrigatória; a segunda
contra os castigos corporais. Tudo isto aparece nas obras dos pré-
modernistas, que preocupavam-se em retratar a realidade do país em
livros como Triste fim de Policarpo Quaresma ou Os sertões.

O pré-Modernismo apresentava individualidades muito fortes e estilos


às vezes antagônicos - como os de Euclides da Cunha e Lima Barreto.
Apesar disso, as principais obras possuíam características em
comum: a ruptura com o passado, a denúncia da realidade brasileira,
o ascentuamento do regionalismo, a difusão de tipos humanos
marginalizados e a ligação entre os fatos políticos, econômicos e
sociais da época, aproximando a ficção da realidade. Os autores
acabaram montando um vasto painel brasileiro, retratando o Norte e
o Nordeste (nas obras de Euclides da Cunha), o Vale do Rio Paraíba,
o interior paulista (Monteiro Lobato), o Espírito Santo (Graça Aranha)
e o subúrbio carioca (Lima Barreto). Houve uma redescoberta do
Brasil verdadeiro.

Esses autores, de certa forma, abrem caminho para o Modernismo,


expondo os problemas brasileiros que, retomados pelos "futuristas",
contribuem para a "descoberta do Brasil". Na poesia, destaca-se
também o expressionismo "sui generis" de Augusto dos Anjos, que,
rompendo com o passado antecipa algumas das "descobertas"
modernistas.

Características do Pré-Modernismo

• Ruptura com a linguagem acadêmica e artificial dos parnasianos.


Isto fica claro na obra de autores que, sem nenhuma sistematização
aparente, contradizem e abalam linguisticamente as características
da literatura tradicional, retratando a fala de uma determinada
localidade.

• Problematização e denúncia da realidade sócio-cultural brasileira. O


objetivo principal é mostrar o Brasil do operário suburbano, do
sertanejo nordestino, do caipira interiorano e do imigrante. Esses
tipos humanos surgem como personagens marginalizadas em um
novo regionalismo, com o registro de costumes e verdades locais que
revelam uma terra diferente da retratada pelos escritores do
Romantismo e Realismo-Naturalismo.

• A preocupação em retratar fatos políticos, econômicos e sociais


contemporâneos aproxima a realidade da ficção. Os Sertões e Canaã,
publicados em 1902, marcam o início do período pré-modernista. Na
primeira obra, fazendo uma completa análise da terra e do sertanejo
nordestino, Euclides da Cunha retrata a guerra de Canudos. Na
segunda, Graça Aranha documenta a imigração alemã no Espírito
Santo. Em Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), Lima Barreto
aborda o governo de Floriano e a Revolta da Armada, e em Cidades
Mortas (1919), Monteiro Lobato descreve a pobreza do caboclo nos
vilarejos decadentes do Vale do Paraíba Paulista.

Autores & Obras

>> A <<

Augusto dos Anjos

>> E <<

Euclides da Cunha

>> G <<

Graça Aranha

>> H <<

Hilário Tácito

>> L <<

Lima Barreto
>> M <<

Monteiro Lobato

OBRAS PRÉ MODERNISMO

>> A <<

A barca de Gleyre, de Monteiro Lobato


A Nova Califórnia, de Lima Barreto
A vida e a morte de M. J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto

>> C <<

Canaã, de Graça Aranha


Cidades mortas, de Monteiro Lobato
Clara dos Anjos, de Lima Barreto

>> D <<

Diário íntimo, de Lima Barreto

>> E <<

Eu, de Augusto dos Anjos

>> H <<

Histórias e sonhos, de Lima Barreto

>> J <<

Jeca Tatu, de Monteiro Lobato

>> M <<

Madame Pommery, de Hilário Tácito

>> N <<

Negrinha, de Monteiro Lobato


No mundo da Lua, de Monteiro Lobato
>> O <<

O colocador de pronomes, de Monteiro Lobato


Os sertões, de Euclides da Cunha

>> R <<

Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto

>> T <<

Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto

>> U <<

Urupês, de Monteiro Lobato

Modernismo

Sobre o estilo

Entre a segunda metade da década de 1910 e a o início da década de


20, muitas mudanças se davam no Brasil. Os senhores rurais eram
fortalecidos pela política cafeeira; começavam a surgir oligarquias
que se perpetuavam no poder através de acordos entre governos
estaduais e federais; forte industrialização e urbanização, gerando o
surgimento do conflito entre a alta burguesia industrial e o
proletariado; em 1916, acontece a primeira greve contra a carestia;
e, em 22, é fundado o Partido Comunista do Brasil. Até 1930 muitos
conflitos políticos ocorreram no Brasil (movimento tenentista, coluna
Prestes, ilegalidade do PCB decretada, movimento Grevista). É
também um período de forte imigração, em especial de italianos.

No Brasil, o termo Modernismo envolve aspectos ligados ao


movimento, propriamente dito, à estética e ao período histórico.
Desde o início do século, a literatura tradicional, acadêmica e
elitizante, se mantém ao lado de tendências renovadoras,
representadas por escritores como Euclides da Cunha, Monteiro
Lobato e Lima Barreto. Com o passar do tempo, a busca pelo novo e
as tentativas de renovação da arte brasileira se multiplicam com a
promoção de exposições de pintura, esculturas modernas e artigos
nos jornais, dedicados às tendências vanguardistas europeias.

Na Europa, essa vanguarda tem como marca o avanço tecnológico e


científico do início do século XX. Nesse período, o cotidiano das
pessoas sofre uma verdadeira revolução com a supervalorização do
progresso e da máquina. O capitalismo entra em crise, dando início à
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), encerrando a chamada belle
époque. A seguir, a crise financeira, oriunda do conflito, leva à
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e nos anos intermediários,
conhecidos como "os anos loucos", as pessoas passam a conviver
com a incerteza e com o desejo de viver somente o presente. Tais
experiências despertam o anseio de interpretar e expressar a
realidade de forma diferenciada, dando origem aos movimentos da
vanguarda europeia.

Os mais importantes foram: o futurismo, liderado pelo italiano


Marinetti, exalta a velocidade e a máquina; o cubismo, oriundo da
pintura, fraciona a realidade, remontando-a, a seguir, por meio de
planos geométricos superpostos; o dadaísmo, com seu líder Tristan
Tzara, nega totalmente a lógica, a coerência e a cultura, como forma
de oposição ao absurdo da guerra. Tzara toma o termo dadá, que não
significa nada, e o aplica à arte que produz, afirmando não
reconhecer nenhuma teoria e declarando a morte da beleza; o
surrealismo, lançado em 1924, por André Breton, com o Manifesto do
Surrealismo, prega o apego à fantasia, ao sonho e à loucura, além da
utilização da escrita automática em que o artista, provocado pelo
impulso, registra tudo o que lhe vem à mente, sem preocupação com
a lógica.

Essa vanguarda passa a exercer influência sobre os artistas e


intelectuais brasileiros. Dessa forma, vão surgindo obras de autores
jovens que, descontentes com a tradição acadêmica e parnasiana,
demonstram que a literatura brasileira está sofrendo um processo
dinâmico de transformação. Três datas (1922,1930 e 1945) marcam
as diferentes fases desse movimento, iniciado com a Semana de Arte
Moderna.

Características do Modernismo

O Modernismo tem como característica unificadora o desejo de


liberdade de criação e expressão, aliados aos ideais nacionalistas,
visando, sobretudo, emancipar-se da dependência europeia. Esse
anseio de independência inclui: o vocabulário, a sintaxe, a escolha de
temas e a maneira de ver o mundo. Ao rejeitarem os padrões
estilísticos portugueses, seus criadores cobrem de humor, ironia e
paródia as manifestações modernistas, passando a utilizar as
expressões coloquiais, próximas do falar brasileiro, promovendo a
valorização diferenciada do léxico.

O mais importante é a atualidade, por isso centram o fazer literário


na expressão da vida cotidiana, descrita com palavras do dia-a-dia,
afastando-se da literatura tradicional, consagrada ao padrão culto.
Um exemplo de incorporação da linguagem oral, na criação poética e
descrição de coisas brasileiras, valorizando o prosaico, recoberto de
bom humor, é o poema de Mário de Andrade, O poeta come
amendoim (1924). Contudo, é preciso ressaltar que não havia
imposição de normas e nem tratamento unificado dos temas.

Os modernistas revelam o nacionalismo, através da etnografia e do


folclore. O índio e o mestiço passam a ser considerados por sua
"força criadora", capaz de provocar "a transformação da nossa
sensibilidade, desvirtuada em literatura pela obsessão da moda
europeia". Cantam, igualmente, a civilização industrial, destacando: a
máquina, a metrópole mecanizada, o cinema e tudo que está
marcado pela velocidade, aspecto preponderante no modo de vida da
nova sociedade. Ao comporem o perfil psicológico do homem
moderno, expõem angústias e infantilidades como forma de
demonstrar o caráter e a complexidade do ser humano, apoiando-se,
para tanto, na psicanálise, no surrealismo e na antropologia.

A Semana de 22 e a Primeira Fase do Modernismo

O Modernismo, como tendência literária, teve seu ponto de partida na


Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. O evento pretendia
colocar a cultura brasileira a par das correntes europeias de
vanguarda e propor a tomada de consciência da realidade brasileira.
O movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista artístico,
mas também como um movimento político e social, surgido em um
momento em que a população urbana crescia muito, impulsionada
pela industrialização, mas era discriminada por um governo cuja
política era voltada para a produção e exportação do café.

Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do


Modernismo; fatos, especificamente, ligados à estética renovadora,
se multiplicam. Em 1912, Oswald de Andrade traz da Europa a
novidade futurista; em 1913, o pintor Lasar Segall faz uma
exposição, negando a pintura acadêmica. Em 1917, a exposição dos
quadros de Anita Malfatti, em São Paulo, destacando a pintura
expressionista, assimilada na Europa, coloca, de um lado, os que
apóiam o novo e, de outro, os conservadores.

Na literatura, a transformação e o rompimento com o velho estão


presentes, sobretudo, na obra de Oswald de Andrade, Memórias
Sentimentais de João Miramar, publicada em 1916, cuja característica
experimental notável se aprofunda em edições posteriores. Em 1920,
Oswald e Menotti del Picchia iniciam a campanha de renovação nos
jornais, tendo como expoente o poeta Mário de Andrade que, em
1922, traz a público Paulicéia Desvairada. Seu "Prefácio
Interessantíssimo" corresponde a um primeiro manifesto estético.

Outra manifestação, em 1921, são os Epigramas Irônicos e


Sentimentais, de Ronald de Carvalho, que, apesar de terem sido
publicados em 1922, já revelam a busca por uma nova forma de
expressão. No Rio de Janeiro, Manuel Bandeira se utiliza do verso
livre. Ao final de 1921, os jovens de São Paulo preparam a Semana,
contando com o apoio de Graça Aranha que, ao procurar criar uma
filosofia para o movimento, acaba seu líder. Vários escritores do Rio e
de São Paulo participam do evento: Manuel Bandeira, Guilherme de
Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto,
Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Sabem que estão produzindo algo de novo, em oposição às


tendências dominantes, entretanto não conseguem apontar
claramente a trajetória a ser seguida. A esses escritores juntam-se os
que publicam pela primeira vez: Luís Aranha Pereira, Sérgio Milliet,
Rubens Borba de Moraes, Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de
Morais (neto), Antônio Carlos Couto de Barros. Unem-se, também, os
pintores: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano di Cavalcanti,
Vicente do Rego Monteiro; o escultor Victor Brecheret; o compositor
Heitor Villa-Lobos e o historiador Paulo Prado, criador do movimento
Pau-Brasil, em 1924. Ainda, em 1922, é lançada a renovadora revista
Klaxon, em São Paulo, cuja publicação se estende até o número
nove.

O movimento pela nova estética se radicaliza em São Paulo,


revelando o aspecto agressivo e polêmico da empreitada. Aos poucos,
escritores de norte a sul se ligam ao grupo na batalha de oposição
aos conservadores. O espírito nacionalista, inspirado pelo desejo de
libertação da tradição europeia, toma conta das manifestações e
estimula a luta dos renovadores.

O período de 1922 a 1930, conhecido como fase heróica, é o mais


radical do movimento modernista, justamente em consequência da
necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do
passado. Havia então um caráter anárquico e um sentido destruidor;
procurava-se o moderno, o original e o polêmico. Ao mesmo tempo,
nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas, buscando a
pesquisa de nossas fontes, a língua falada pelo povo nas ruas, a
revisão de nossa história e a valorização do índio verdadeiramente
brasileiro. Conviviam o nacionalismo crítico e consciente,
denunciando a realidade da época e identificado com as esquerdas,
representado pelos manifestos nacionalistas do "Pau-Brasil" e da
"Antropofagia"; e os manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo
da Anta, que trazem a semente do nacionalismo fascista comandado
por Plínio Salgado, de caráter ufanista, utópico, exagerado e
identificado com a extrema direita. Entre os principais nomes dessa
primeira fase do Modernismo, que continuariam a produzir nas
décadas seguintes, destacam-se Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, além de
Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio
Salgado.

São algumas das principais características desta primeira fase do


Modernismo:

• Rompimento com o passado

• Caráter anárquico

• Sentido demolidor e irreverente

• Nacionalismo com múltiplas facetas:


- Nacionalismo crítico – retoma o nacionalismo numa postura crítica,
irônica e questiona a situação social e cultural do país...
- Nacionalismo ufanista (conservador) – ligado principalmente, as
posturas da extrema direita, grupo verde – amarelo, Plínio Salgado,
integralismo mais tarde.

A Poesia - A poesia, produzida na primeira fase, apropria-se do ritmo,


do vocabulário e dos temas da prosa, constituindo-se no principal
veículo de divulgação do movimento. Abandona os modelos
tradicionais do Parnasianismo e deixando de lado os recursos formais,
adota o verso livre, sem número determinado de sílabas e sem
metrificação, respeitando a inspiração poética. A cadência rítmica é
mantida próxima da prosa em obediência à alternância de sons e
acentos, demonstrando que a poesia está na essência ou no
contraste das palavras selecionadas. A opção pelo verso livre
expressa a alteração da música contemporânea, produzida pelo
impressionismo, pela dissonância, pela influência do jazz e
dodecafonia.

O registro do cotidiano aparece valorizado por meio de elementos


diferenciados, incluindo: a linguagem coloquial; a associação livre de
ideias; uma aparente falta de lógica; a mescla de sentimentos
contrastantes, revelando o subconsciente e o nacionalismo. Às vezes,
a preferência recai sobre o "momento poético" - observação de um
determinado aspecto ou de um instante emocional, resultando em
condensação poética.

O presente é incorporado aos versos por meio do progresso, da


máquina, do ritmo da vida moderna. O humor, igualmente
empregado, manifesta-se sob a forma de ironia ou paradoxo,
surgindo o poema-piada, condensação irreverente que busca
provocar polêmica.

A Prosa - A prosa do período, não apresenta o mesmo vigor da


poesia, mas revela conquistas importantes. A princípio, demonstra
certa densidade, carregada de imagens, provocando tensão pela
expressividade de cada palavra. Os recursos são variados como: a
aproximação com a poesia, o apoio na fala coloquial e na utilização
de períodos curtos. Um dos modernistas, Oswald de Andrade, aplica
essas experiências não só em seus artigos e manifestos, mas
também na obra Memórias Sentimentais de João Miramar (1924).
Trabalha a realidade através de recursos poéticos, empregando
metáforas e trocadilhos. Essa técnica, aliada a uma "espécie de
estética do fragmentário", compõe-se de espaços em branco na
formatação tipográfica e também na sequência do discurso, cabendo
ao leitor a tarefa de dar sentido ao que lê.

Ao lado de Oswald de Andrade, outros escritores se destacam:


Antônio de Alcântara Machado com Pathé Baby, Plínio Salgado com O
Estrangeiro, José Américo de Almeida com Bagaceira. Há os que dão
ênfase à experiência léxica e sintática, tendo como suporte a fala
coloquial. Mário de Andrade é um de seus representantes com Amar,
Verbo Intransitivo e Macunaíma. Neste último, o novo está,
sobretudo, no emprego da lenda, revelando contornos poéticos,
derivados da liberdade na escolha do vocabulário, nacionalizando o
modo de escrever.

Segunda fase - a Geração de 30

Em 1929, há a quebra da Bolsa de Nova York, gerando uma crise


econômica que se reflete em todo o Mundo - inclusive no Brasil. A
crise atinge as vendas de café para o exterior, provocando a
deterioração das oligarquias rurais que controlavam a política no país.
Getúlio Vargas acaba assumindo o poder após a Revolução de 30,
detonada após o assassinato na Paraíba de João Pessoa.

Getúlio assume o poder em Novembro de 1930. Começa a "era


Vargas". Em 1931, há a super safra do café, causando queda dos
preços e agravando a crise financeira. Há um movimento em favor do
restabelecimento dos estados, sob intervenção que culminaria na
revolução constitucionalista. Depois da eleição para a constituinte e
da promulgação da nova constituição, Getúlio é eleito pelo voto
popular e cessa a intervenção dos estados.

Às vésperas da eleição de 1938, o governo sente-se ameaçado pela


oposição e planeja um golpe continuísta que explodiria mais tarde e
provocaria a prisão de militantes da esquerda, em especial do PCB,
como Luís Carlos Prestes e do escritor Graciliano Ramos. Getúlio
decreta "Estado de Guerra" no país por 90 dias, fecha o Congresso e
outorga nova constituição de caráter "Facista". Estava implantado o
"Estado Novo", apoiado pela burguesia e pelas oligarquias. Mais
tarde, quando a II Guerra Mundial começa a pender para o lado dos
Aliados, o Brasil luta contra o Eixo formado por Alemanha, Itália e
Japão. Getúlio seria deposto em 1943, pondo fim ao Estado Novo.

Além de tudo isso, outro fato importante influencia a criação artística


da época: o esfacelamento dos bandos de cangaço no nordeste. A
morte de Lampião e Maria Bonita põe fim no fenômeno social do
cangaço.

Surge então uma nova leva de autores que se aproveita das


conquistas da geração de 1922 e produz uma literatura de caráter
mais construtivo e maduro. Na poesia, os destaques são Murilo
Mendes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Cecília
Meireles e Vinícius de Moraes. Há a valorização de uma tendência
espiritualista, da vida simples e do cotidiano e do aspecto sócio-
político. Na poesia, é utilizado em larga escala o verso livre; na
prosa, surge o romance regionalista, cujo marco inicial é A Bagaceira,
de José Américo de Almeida.

No Nordeste, autores como José Lins do Rego, Jorge Amado e


Adonias Filho retratam a realidade da região, com a seca, o cangaço,
a cana e o cacau. Também no Sul a literatura valoriza a história e as
tradições locais, com destaque para a obra de Erico Veríssimo.

Nessa fase, a prosa se reveste de caráter mais maduro e construtivo,


refletindo e aproveitando as conquistas da geração de 1922. A
linguagem atinge certo equilíbrio e adota uma postura mais
documental ao expor a realidade brasileira e focalizar o aspecto
social. Essa tendência é aplicada nos romances urbanos, voltados à
exposição da vida nas grandes cidades, revelando as desigualdades
sociais, observadas na vida urbana brasileira, com destaque para
algumas obras de Erico Verissimo.

Os escritores focalizam, ainda, a realidade regional do país,


originando a prosa regionalista que destaca a seca e os flagelos dela
decorrentes. Os romancistas comprometidos com essa temática são:
Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado e Graciliano
Ramos. Ao lado dessa tendência, encontra-se a prosa intimista ou de
sondagem psicológica, elaborada a partir do surgimento da teoria
psicanalítica freudiana. Seus representantes são: Dionélio Machado,
Lúcio Cardoso e Graciliano Ramos. Portanto, a denúncia social e a
relação do "eu" com o mundo e, em especial, com o povo brasileiro
são o ponto de tensão dos romances do período.
A preocupação mais marcante da prosa é o homem do Nordeste,
incluindo sua vida precária e as condições adversas impostas pela
geografia do lugar, pela submissão dos trabalhadores aos
proprietários de terras, advinda de sua grave falta de instrução. O
encontro com o povo brasileiro propicia, pois, o nascimento do
regionalismo, reforçado pelos temas dedicados à decadência dos
engenhos; às regiões de cana-de-açúcar; às terras do cacau no sul
da Bahia; à vida agreste; às constantes secas, aprofundando as
desigualdades sociais; ao movimento migratório; à mão-de-obra
barata, à miséria e à fome.

Em 1945, encerra-se o período dinâmico do Modernismo, abrindo


espaço para a fase de reflexão, devotada aos questionamentos sobre
a linguagem, ao retorno a certos modelos estilísticos tradicionais,
sobretudo, no início dos anos 50, visando inovações.

Some-se a isso que, o término da Segunda Guerra Mundial (1945)


empurra o país para a era industrial e passa a contar com um
proletariado de grande peso representativo, ávido de participar
efetivamente da vida política. Além disso, o país desponta como uma
potência moderna, facilitando o aparecimento da nova estética,
revelando, segundo Antônio Candido, "no seu ritmo histórico, uma
adesão profunda aos problemas da nossa terra e da nossa história
contemporânea".

Terceira fase - a Geração de 45

A terceira fase do Modernismo se dá em uma época também de


fortes mudanças no Brasil e no Mundo. Aqui, era o fim da Era Vargas;
no plano internacional, a II Guerra Mundial chega ao fim com a
derrota do Nazismo. Inicia-se o período da Guerra Fria e do medo da
guerra nuclear; a ONU é criada.

No Brasil, com a Guerra Fria, o Partido Comunista é declarado ilegal.


Getúlio consegue, através do voto, um segundo mandato - que acaba
com o seu suicídio, após sofrer muitas pressões e denúncias. Mais
tarde, com a eleição do mineiro Juscelino Kubistchek como presidente
da República, o Brasil passa por um período de grande
industrialização e urbanização, cujo símbolo maior é a construção de
Brasília para ser a nova capital do país.

O grande expoente em nossa literatura nesta época é Guimarães


Rosa, que leva adiante as experimentações com a forma, a língua e o
regionalismo que marcaram as gerações anteriores. Há o emprego do
neologismo e do linguajar regional; o regionalismo ganha um caráter
"universal". Guimarães Rosa usa e abusa do testemunho realista e de
uma linguagem completamente inovadora e mítica para redescobrir a
linguagem e o sertão do Brasil, ampliando o conceito do sertão e do
sertanejo que ali vive.

A Poesia - A poesia da segunda metade da década de 40 é marcada


pela presença da Geração de 45, onde se destacariam grandes nomes
dentro de nossa literatura, entre eles João Cabral de Melo Neto. Essa
geração tem como marco a publicação dos nove números da "Revista
Orfeu", no Rio de Janeiro. Pregavam, acima de tudo, a rejeição aos
moldes modernistas da geração de 22, ou seja: o fim do verso livre,
da paródia, da ironia, do poema-piada, etc. A poesia deveria seguir
um modelo mais formal, de cunho neoparnasiano ou neosimbolista,
com versificação mais regrada, maior erudição com relação às
palavras e uso de temas mais universais.

Contrapondo a toda essa busca pelos padrões clássicos, Décio


Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos criaram o
Concretismo, que condizia mais com a rapidez e agilidade da
sociedade moderna. O Concretismo vai além de tudo o que o
Modernismo conquistou: prega o fim do verso, do lirismo e do tema,
além da exploração do espaço em branco, e a decomposição e
montagem de palavras, com seus vários sentidos e correlações com
outras palavras. O poema em si muitas vezes lembra um cartaz
publicitário que se evidencia pelo apelo visual e permite várias
leituras.

Outro movimento de profunda importância literária é o da Poesia-


Práxis, liderado pelo poeta Mário Chamie e por Cassiano Ricardo. A
poesia, segundo essa nova concepção, deve ser energética e
dinâmica, com um conteúdo de importância, podendo ser
transformada e reformulada pelo leitor, permitindo uma leitura
múltipla. O Poema-Processo, assim como a poesia concreta, apela
para o campo visual, através do uso de cortes e colagens e signos
não-verbais. São poemas de apreciação e compreensão muito
truncadas, mais para serem vistos do que lidos. A Poesia Social surge
para trazer novamente à tona a força do verso, abolido pela poesia
concreta e pelo Poema-Processo, sendo que a principal preocupação
está sempre voltada para o retrato da realidade social. A Poesia
Marginal mantém, no entanto, algumas relações com o Concretismo e
o Poema-Processo. Sua linguagem é marcada pela busca da descrição
do cotidiano, do instante, numa linguagem mais simples e um tom
coloquial que tem como marca a ironia, o humor e o desprezo à elite
e à sociedade, retomando algumas características da obra de Oswald
de Andrade. Eram, na maioria dos casos rodadas em mimeógrafos e
entregues de mão em mão.

Uma das características da poesia contemporânea é uma busca cada


vez maior de uma intertextualidade com outros meios de expressão,
exigindo uma linguagem cada vez mais fragmentada e rápida que
muitas vezes contrasta com uma necessidade de reencontro com os
padrões clássicos, onde se evidenciam poemas mais longos e
lineares. Outra característica relevante que só veio a contribuir para a
difusão da poesia foi seu casamento com a música popular, que
acentua o crescimento dos meios de comunicação de massa e a
produção mais industrializada da literatura. Surgiram músicos-poeta
como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento
e outros, precedidos pela excelência de Vinícius de Moraes.

A Prosa - A publicação do livro Perto do Coração Selvagem de


Clarisse Lispector em 1944 já indiciava um novo caminho: a prosa da
década de 40 e 50 seria marcada pela exploração do campo
psicológico das personagens, o urbanismo que revela a relação
conflituosa entre o homem e a modernidade, e o regionalismo que
renova a linguagem literária, numa profunda busca pela
universalização. Clarisse Lispector vai usar na maioria das vezes o
cenário das grandes cidades como pretexto para expressar um outro
mundo: o mundo interior de cada personagem.

A prosa urbana vai ser cada vez mais explorada a partir dos anos 60,
mostrando os problemas acarretados pelo progresso, e um ser
humano cada vez mais solitário, marginalizado e vítima de um mundo
violento, que se fecha e enfrenta também a si mesmo. A linguagem
vai tender cada vez mais à concisão e à fragmentação, rompendo
muitas vezes com a linearidade temporal e espacial, tentando
descrever o fluxo do pensamento e mostrando a rapidez e o absurdo
da modernidade. Nascendo a partir dos mesmos campos urbanos e
psicológicos que propulsionaram a literatura nos anos 40 e 50, tem-
se a prosa mais introspectiva, o realismo fantástico e o romance
reportagem.

A prosa de cunho político vai também se impor com grande força,


tendo como objetivo retratar a violência e a repressão política que
assolaram o país desde 1964, ou denunciando de um modo satírico e
irônico a corrupção que assola o homem, e por consequência o
governo, e que promove a sempre a discórdia e a desigualdade
social. É o caso, por exemplo, de Incidente em Antares de Erico
Verissimo.

Outros gêneros que ganham força dentro do panorama literário


brasileiro são a prosa autobiográfica, o conto e a crônica, sendo que
os dois últimos se consolidaram como modelos de literatura moderna.
O conto consegue a síntese e a rapidez que a modernidade pede,
mostrando-se mais fácil e mais ágil de ser lido. A crônica ganhou um
espaço muito grande dentro dos principais veículos de comunicação
como a revista e o jornal devido à sua linguagem mais coloquial, sua
ligação mais íntima com o cotidiano, sua irreverência e ironia, e sua
mais fácil assimilação por parte dos leitores, destacando escritores
consagrados e novos como, por exemplo, Carlos Drummond de
Andrade, Fernando Sabino, Rubem Braga, entre outros.

O Teatro - Merece destaque também a revolução que o teatro


brasileiro, que perdia terreno para o rádio e o cinema, sofreu a partir
da década de 40, principalmente com a estreia da peça Vestido de
Noiva em 1943, de Nelson Rodrigues, que promove uma verdadeira
renovação com relação à ação, personagens, espaço e tempo.

A década de 60 e 70 vai mostrar também o teatro político que


expressa um forte nacionalismo preocupado em revelar e denunciar a
realidade agonizante do Brasil durante o regime militar, buscando
uma ligação e uma participação cada vez mais sólida do público
dentro da peça, e revelando atores, diretores e dramaturgos de
qualidade excepcional, premiados a nível nacional e internacional.

Autores

>> A <<

Antônio de Alcântara Machado


Ascenso Ferreira

>> C <<

Carlos Drummond de Andrade


Cassiano Ricardo
Cecília Meireles
Clarice Lispector
Cornélio Pena
Cyro dos Anjos

>> D <<

Dyonélio Machado

>> E <<

Erico Veríssimo

>> G <<

Graciliano Ramos
Guilherme de Almeida
Guimarães Rosa
>> J <<

Jorge de Lima
José Lins do Rego

>> L <<

Lúcio Cardoso

>> M <<

Manuel Bandeira
Mário de Andrade
Menotti del Picchia
Murilo Araújo
Murilo Mendes

>> N <<

Nélson Rodrigues

>> O <<

Oswald de Andrade

>> P <<

Pedro Nava

>> R <<

Rachel de Queiroz
Raul Bopp
Ronald de Carvalho
Rubem Braga

OBRAS E AUTORES

>> A <<

A crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso


A flor e a náusea, de Carlos Drummond de Andrade
A hora da estrela, de Clarice Lispector
A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa
A lição das coisas, de Carlos Drummond de Andrade
A menina morta, de Cornélio Pena
A paixão medida, de Carlos Drummond de Andrade
A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector
A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade
Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade
Amar verbo intransitivo, Mário de Andrade
Angústia, de Graciliano Ramos
Antologia poética, de Carlos Drummond de Andrade
As três Marias, de Rachel de Queiroz

>> B <<

Bangüê, de José Lins do Rego


Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues
Braz, Bexiga e Barra Funda, de Antônio de Alcântara Machado

>> C <<

Caetés, de Graciliano Ramos


Campo geral, de Guimarães Rosa
Clarissa, de Erico Veríssimo
Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade
Cobra Norato, de Raul Bopp
Contos escolhidos, de Rubem Braga
Contos novos, Mário de Andrade
Conversa de bois, de Guimarães Rosa

>> D <<

Doidinho, de José Lins do Rego

>> F <<

Farewell, de Carlos Drummond de Andrade


Felicidade clandestina, de Clarice Lispector
Fogo morto, de José Lins do Rego
>> G <<

Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa

>> I <<

Incidente em Antares, de Erico Veríssimo


Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima

>> J <<
João Miguel, de Rachel de Queiroz

>> L <<

Laços de família, de Clarice Lispector


Libertinagem, de Manuel Bandeira

>> M <<

Macunaíma, de Mário de Andrade


Mapinguari, de Rachel de Queiroz
Mar absoluto e outros poemas, de Cecília Meireles
Martim Cererê, de Cassiano Ricardo
Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade
Menino de engenho, de José Lins do Rego

>> O <<

O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos


O arquipélago, de Erico Veríssimo
O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues
O continente, de Erico Verissimo
O desastre de Sofia, de Clarice Lispector
O Juca Mulato, de Minotti del Picchia
O primeiro beijo e outros contos, de Clarice Lispector
O prisioneiro, de Erico Veríssimo
O quinze, de Rachel de Queiroz
O rei da vela, de Oswald de Andrade
O resto é silêncio, de Erico Veríssimo
O retrato, de Erico Veríssimo
O romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles
O senhor embaixador, de Erico Veríssimo
O sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade
O Tempo e o Vento, de Erico Veríssimo
Os melhores contos, de Rubem Braga
Os ratos, de Dyonélio Machado
Olhai os lírios do campo, de Erico Veríssimo

>> P <<

Pau-Brasil, de Oswald de Andrade


Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade
Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa
Profundamente, de Manuel Bandeira
>> S <<

Saga, de Erico Veríssimo


Sagarana, de Guimarães Rosa
São Bernardo, de Graciliano Ramos
Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade
Solo de clarineta I & II, de Erico Veríssimo

>> T <<

Tempo da camisolinha, de Mário de Andrade


Tutaméia, de Guimarães Rosa

>> U <<

Um certo Capitão Rodrigo, de Erico Veríssimo


Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector
Uma estória de amor, de Guimarães Rosa
Usina, de José Lins do Rego

>> V <<

Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues


Vidas secas, de Graciliano Ramos

OBRAS MODERNISMO

>> A <<

A Bagaceira, de José Américo


A casa da madrinha, de Lygia Bojunga Nunes
A casa dos budas ditosos, de João Ubaldo Ribeiro
A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante
Vasco Moscoso de Aragão, Capitão de Longo Curso, de Jorge Amado
A educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto
A eterna privação do zagueiro absoluto, de Luís Fernando Veríssimo
A faca de dois gumes, de Fernando Sabino
A friagem, de Augusta Faro
A grande arte, de Rubem Fonseca
A invasão das salsichas gigantes, de Arnaldo Jabor
A lista de Alice, de Herbert de Souza
A Madona de cedro, de Antônio Callado
A majestade do Xingú, de Moacyr Scliar
A Máquina, de Adriana Falcão
A mesa voadora, de Luís Fernando Veríssimo
A moratória, de Jorge Andrade
A morte e a morte de Quincas Berro D´Água, de Jorge Amado
Agosto, de Rubem Fonseca
Amor de Capitu, de Fernando Sabino
Anão de jardim, de Lygia Fagundes Telles
Aquele estranho dia que nunca chega, de Luís Fernando Veríssimo
As meninas, As mentiras que os homens contam, de Luís Fernando
Veríssimo

>> B <<

Bandoleiros, de João Gilberto Noll


Boca do Inferno, de Ana Miranda
Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca

>> C <<

Cães da província, de Assis Brasil


Canoas e marolas, de João Gilberto Noll
Capitães de areia, de Jorge Amado
Catar feijão, de João Cabral de Melo Neto
Cem dias entre o céu e o mar, de Amyr Klink
Comédias da vida privada, de Luís Fernando Veríssimo
Concerto campestre, de Assis Brasil

>> D <<

Distraídos venceremos, de Paulo Leminski


Dois irmãos, de Milton Hatoum
Dois parlamentos, de João Cabral de Melo Neto
Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado

>> E <<

Em busca de Curitiba perdida, de Dalton Trevisan


Encontro marcado, de Fernando Sabino
Estação Carandiru, de Dráuzio Varela

>> F <<

Fábula de Anfion, de João Cabral de Melo Neto

>> G <<

Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado


Geração do deserto, de Guido Wilmar Sassi , de Guido Wilmar Sassi

>> H <<

Hilda Furacão, de Roberto Drummond


>> J <<

Jorge, um brasileiro, de Osvaldo França Junior


Jubiabá, de Jorge Amado

>> L <<

Lavoura arcaica, de Raduan Nassar

>> M <<

Manual do guerreiro da luz, de Paulo Coelho


Mar Morto, de Jorge Amado
Martini Seco, de Fernando Sabino
Meu tio Roseno, a cavalo, de Wilson Bueno
Minhas mulheres e meus homens, de Mário Prata
Minhas tudo, de Mário Prata
Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto

>> N <<

No tempo das tangerinas, de Urda Alice Krueger

>> O <<

O auto da Compadecida, de Ariano Suassuna


O auto do frade, de João Cabral de Melo Neto
O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto
O cheiro de Deus, de Roberto Drummond
O clube dos anjos, de Luís Fernando Veríssimo
O cobrador, de Rubem Fonseca
O código das águas, de Lindolf Bell
O convidado, de Murilo Rubião
O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho
O demônio e a Srta. Prym, de Paulo Coelho
O engenheiro, de João Cabral de Melo Neto
O exército de um homem só, de Moacyr Scliar
O feijão e o sonho, de Orígenes Lessa
O fiel e a pedra, de Osman Lins
O grande mentecapto, de Fernando Sabino
O harém das bananeiras, de Carlos Heitor Cony
O homem do furo na mão e outras histórias, de Ignácio de
Loyola Brandão
O indigitado, de Carlos Heitor Cony
O Monte Cinco, de Paulo Coelho
O pagador de promessas, de Dias Gomes
Os anjos de Badaró, de Mário Prata
Os anos mais antigos do passado, de Carlos Heitor Cony
Os papéis do coronel, de Harry Laus
O rio, de João Cabral de Melo Neto
O sorriso do lagarto, de João Ubaldo Ribeiro

>> P <<

Pedra do sono, de João Cabral de Melo Neto


Poema sujo, de Ferreira Gullar

>> Q <<

Quarup, de Antônio Callado


Quase memória. Quase-romance, de Carlos Heitor Cony

>> S <<

Sanduíches de realidade, de Arnaldo Jabor


Seminário dos ratos, de Lygia Fagundes Telles
Sorrisos meio sacanas, de Sérgio da Costa Ramos

>> T <<

Tarde da noite, de Luís Vilela


Teresa Batista cansada de guerra, de Jorge Amado
Terras do Sem Fim, de Jorge Amado
Tieta do Agreste, de Jorge Amado

>> U <<

Um crime delicado, de Sérgio Sant´anna


Um copo de cólera, de Raduan Nassar

>> V <<

Valsa para Bruno Stein, de Charles Kiefer


Venha ver o pôr-do-sol e outros contos, de Lygia Fagundes Telles
Veronika decide morrer, de Paulo Coelho
Vida e cultura açoriana em Santa Catarina, de Raimundo Caruso
AUTORES CONTEMPORÂNEOS

>> A <<

Adélia Prado
Adonias Filho
Adriana Falcão
Affonso Romano de Sant'Anna
Ana Miranda
Antônio Callado
Antônio Houaiss
Antônio Torres
Ariano Suassuna
Aurélio Buarque de Holanda
Autran Dourado

>>C <<

Caio Fernando Abreu


Carlos Heitor Cony
Carlos Nejar
Cora Coralina

>> D<<

Darcy Ribeiro
Dias Gomes
Dinah Silveira de Queiroz

>> F <<

Ferreira Gullar
Flávio José Cardozo

>> H <<

Helena Parente Cunha


Hilda Hilst

>> I <<

Ignácio de Loyola Brandão

>> J<<

J. J. Veiga
João Cabral de Melo Neto
João Gilberto Noll
João Ubaldo Ribeiro
Jorge Amado
Jorge Andrade
José Américo
José Cândido Carvalho
José Paulo Paes

>> L <<

Lindolf Bell
Luís Fernando Veríssimo
Luís Vilela
Lygia Fagundes Telles

>> M <<

Magalhães Junior
Marcelo Rubens Paiva
Marina Colasanti
Mario Palmério
Mario Prata
Mario Quintana
Millôr Fernandes
Moacyr Scliar

>> N <<

Nélida Piñon

>> O <<

Olga Savary
Orígenes Lessa
Osvaldo França Junior

>> P <<

Paulo Coelho
Paulo Leminski
Paulo Mendes Campos
Plínio Marcos

>> R <<

Raduan Nassar
Rubem Fonseca
>> S <<

Sérgio da Costa Ramos


Sérgio Sant´Anna

>> V <<

Vinícius de Moraes

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