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PODER JUDICIARIO - ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3 REGIAO XVIII Concurso Publico para Provimento de Cargos de Juiz Federal Substituto da 3 Regio INSTRUGOES DA PROVA DE SENTENCA CiVEL 23 DE ABRIL DE 2016 1. Aguarde a autorizacao para abertura do CADERNO DE QUESTOES. 2. Este caderno contém informagées para a elaboragao de uma sentenga de natureza civel. 3. O CADERNO DE RESPOSTAS contém 20 (vinte) folhas pautadas para as respostas, e 5 (cinco) folhas sem pauta para rascunho. 4. NAO coloque fora do quadro de identificagao, localizado na capa do CADERNO DE RESPOSTAS, qualquer sinal de identificagao, sob pena de ANULAGAO de sua prova. 5. As FOLHAS DE RESPOSTAS serao numeradas pelo candidato na sequéncia da utilizacdo para cada questao. O VERSO DAS FOLHAS NAO DEVERA SER UTILIZADO EM NENHUMA HIPOTESE. 6. —_Necessitando de folhas suplementares o candidato as solicitara. 7. Os rascunhos NAO serdo considerados para nenhum fim. 8. E permitida a consulta a legislagdo desacompanhada de anotagdo ou comentario, vedada a consulta a obras doutrinarias, contetido de sumulas e orientagéio jurisprudencial. Nao podera ser usada legislagéo sublinhada ou destacada com caneta marca-texto. A transgressao implicara a pronta eliminagao do candidato. 9. Aprova deve ser manuscrita, com utilizagao de caneta de tinta azul ou preta, indelével, de qualquer espécie, vedado 0 uso de liquido corretor de texto ou caneta hidrografica fluorescente. 10. A prova tera a duragao de 4 (quatro) horas improrrogaveis 11. © CADERNO DE QUESTOES podera ser levado pelo candidato apés o encerramento do prazo de 4 (quatro) horas, e as questdes serao publicadas oportunamente no “site” do tribunal. 12. A improbidade, a indisciplina ou a falta de decoro do candidato implicaré a apreensdo da prova e, a critério da Comissao de Concurso, a ELIMINAGAO do candidato no concurso. 13, Durante a realizagdo da prova nao sera permitido que o candidato sob pena de eliminacao utilize telefone celular ou qualquer outro meio eletrénico de comunicagao, bem como de computador portatil, inclusive “palms’ ou similares. 14. Apés a entrega da FOLHA DE RESPOSTAS ao Fiscal 0 candidato nao podera permanecer nos prédios de realizado da prova BOA PROVA! ~ ‘Tribunal Regional Federal da 3* Regio XVIII Concurso para provimento do cargo de Juiz Federal Substituto Segunda Prova Escrita ~ Pratica de sentenga eivel Utilize a narrativa abaixo como o relatério e, considerando que a aco foi ajuizada € processada inteiramente sob a égide do Cédigo de Processo Civil de 2015, elabore a sentenca, analisando integralmente os aspectos tratados no problema. Leve em conta a legislagio pertinente © mais os artigos de lei aqui oferecidos a seu conhecimento, Gama dos Anzéis ajuizou agao em 20 de margo de 2016 em face da UNIAO FEDERAL e do ESTADO DE SAO PAULO, objetivando a indenizagao por danos morais que lhe foram causados, em razio de perseguigao, prisio e tortura, por motivos politicos, durante o regime militar instaurado em 1964, Narra o autor que, admitido a trabalhar na ANPE (Agéncia Nacional de Projetos Educacionais), autarquia do governo federal, foi eleito presidente da respectiva associagdo dos servidores €, em razio de suas atividades sindicais, apés o golpe de 1964, foi afastado da presidéncia da associagao. Em seguida, foi preso pela Operagdo Bandeirantes (OBAN), onde foi torturado, fisica ¢ psicologicamente, tendo sido colocado nu em “pau de arara” e “cadeira do dragdo”, levando choques elétricos, além de apanhar com tdbuas, cassetetes, sendo certo que ao sofrer 0 denominado “telefone”, ou seja, pancadas com as maos em ambos 0s ouvidos, foi acometido de surdez unilateral. Afirma que permaneceu na OBAN por aproximadamente 15 (quinze) dias, sendo enviado ao DOPS (Departamento de Ordem Politica ¢ Social) onde foi submetido a interrogatérios violentos por mais de 45 (quarenta e cinco) dias. Apés, foi encaminhado ao Presidio Tiradentes, onde permaneceu por 08 (oito) meses, sendo libertado apés ter sido absolvido pela Justiga Militar. Ao set libertado, tomou conhecimento de sua demissdo apés procedimento administrativo julgado sua revelia. Aduz que, em razao dos fatos acima narrados, ¢ vitima de desproporcionais abalos psicolégicos, traumas profundos de natureza fisica e psicologica, que afetaram toda sua vida familiar © profissional, cis que ficou impedido de encontrar outra profissio, além de ter deixado sua esposa e filhas sem fonte de sustento e sem apoio patemno. Alega que ele e sua familia foram gravemente afetados pelos fatos narrados, enfrentando miserabilidade e a necessidade de mendicancia para garantia minima da subsisténcia, em completo desamparo; E que somente seis anos mais tarde, apis recuperagao psicolégica parcial, com a oportunidade fornecida por um amigo, o autor retomou a vida laboral e péde, aos poucos, restabelecer seu niicleo familiar de forma digna; Afirma, ainda, que apés a edigo da Lei n° 10.559/2002, passou a receber reparacdio econémica, de caréter indenizatério, em prestagaio mensal e continuada, nos termos do inciso II do art. 1° da Lei; Assegura, ainda, que, diante dos abusos de que foi vitima e em que pese o recebimento da prestagdo mensal continuada, tem direito & indenizago por danos morais. Instruindo a inicial, o autor juntou, além de declaragio de pobreza e demais, documentos formais para ajuizamento da ado os seguintes documentos: - Oficio do Chefe da Secao do II Exército, ao Diretor do DOPS/SP, a trato de apresentacdo de presos por envolvimento em atividades de subversao e terrorism. - Documentos demonstrando que no arquivo geral do DOPS o autor foi classificado como "comunista" e em razio disso foi investigado pelo servigo secreto (DOI-CODE), em extenso relatério dando conta da pritica das atividades sindicais do autor; - Relatérios do DOPS em que consta o indiciamento do autor, em periodos préximos aos que alega ter sido preso, por infragdo a Lei de Seguranga Nacional em razio de atividades como presidente da associagao dos servidores da ANPE. - Relatérios do DOPS em que consta a prisio do autor, mantido a disposigaio de Delegacia da Ordem Social, oriundo da OBAN; - Trechos do inquérito policial correlato e da agai judicial subsequente, evidenciando que as averiguagdes nao resultaram em condenagao; ~ Ato da autoridade administrativa que concedeu, em decorréncia da anistia reconhecida, a prestagio mensal continuada acima referida © autor formula pedido de condenagio da Unido ao pagamento de indenizago por danos morais em valor equivalente a duzentos salarios minimos e, dentre outros, requer a concessio dos beneficios da assisténcia judiciaria, nos termos da Lei n° 1.060/50 e do Novo Cédigo de Proceso Civil (NCPC). O autor também manifestou, previamente, seu desinteresse na produgao de outras provas. Recebida a inicial e deferidos os beneficios da justiga gratuita ao autor, foi determinada a citagdo dos requeridos ¢ designada audiéncia de conciliagio ou de mediagfo, nos termos do art. 334 do NCPC. Contudo, a tentativa de conciliago ou mediagdo restou infrutifera. Ato seguinte, a UNIAO FEDERAL apresentou contestagao, nos seguintes termos: ~ A peticdo inicial € inepta, porquanto o pedido autoral esta estimado em salérios minimos, em violagdo ao art. 7°, IV, da Constituigio. Federal de 1988 ¢ implicando pedido juridicamente impossivel. Além disso, trata-se de pedido genérico e que no permite a ampla defesa da requerida, nos termos da lei processual vigente; - Inexiste interesse de agir ao autor, uma vez que 0 pedido compensatério em prestago tinica poderia ter sido formulado administrativamente, nos termos da Lei n° 10.559/2002. Inexistindo requerimento administrativo, falece ao autor interesse de agir na modalidade necessidade; - Ocorreu a prescrigio, visto que 0 prazo aplicdvel a espécie encontra-se regulado pelo Decreto-Lei n° 20.910/32, em seu art. 1°. Nesses termos, enquanto os danos morais decorrem de atos supostamente praticados em 1971, a petigao inicial foi protocolada em 2016, 45 anos apés. Ademais, ainda que contado 0 prazo a partir de 05/10/88, em razio da promulgagao da Constituigio Federal e do disposto no art. 8° do ADCT, a agao foi ajuizada 28 anos apés 0 inicio do prazo. Nao deve ser reconhecida a tese da imprescritibilidade, porque embora o crime de tortura seja imprescritivel, 0 mesmo néio se pode dizer acerca dos danos morais dele decorrentes, ainda mais porque sequer restou comprovada a tortura; - Pede a aplicagio do principio da supressio (em verndculo, “supressao”), segundo 0 qual o nfo exercicio de determinado direito por longo periodo de tempo impede o ajuizamento da ago por violagdo ao principio da boa-fé; ~ Argui que, embora tenha sido demonstrada a prisio do autor no periodo alegado, nao houve qualquer demonstragao de sua ilegalidade ou de que o requerente tenha sido torturado durante 0 periodo em que permaneceu detido; = Defende a impossibilidade de cumulago de duplo pagamento sob o fundamento da anistia politica, destacando-se o fato de que o autor jé recebe a prestacai mensal continuada, como ele mesmo alega, nos exatos termos da Lei n° 10.559/2002; - Sustenta que nova indenizagio deixaria de reconhecer a anistia politica como repiidio ao autoritarismo para encard-la como meio de facil enriquecimento; ~ Subsidiariamente, em caso de responsabilizagdo da UNIAO FEDERAL, requereu que a indenizaciio seja limitada ao importe de 30 (trinta) salérios-minimos, nos termos do art. 4° da Lei n° 10.559/2002, devendo o autor ser condenado ao pagamento de honordrios advocaticios na parte em que sucumbente. A UNIAO FEDERAL promoveu a juntada de informagdes prestadas pelo Ministério da Justiga, dando conta da inexisténcia de pedido administrativo de indenizagao em prestacdo tinica e da impossibilidade de indenizagéo em casos em que, como o dos autos, no houve comprovagdo de que a prisio se deu ilegalmente ou de que tenha havido tortura. A UNIAO FEDERAL também destacou, expressamente, seu desinteresse na dilagdo da produgdo probatéria. Ja 0 ESTADO DE SAO PAULO, em sua contestagao, fez as seguintes alegacbes: ~ Que é parte ilegitima para figurar no polo passivo da ago, na medida em que a prisfo do autor deu-se pela OBAN e o processo tramitou inteiramente pela Justiga Militar; - A ocorréncia de prescrigdo, nos termos do artigo 1° do Decreto n° 20.910/32; - Auséncia de prova cabal dos fatos alegados pelo autor, sendo que os documentos juntados aos autos ndo so suficientes para demonstrar a ilegalidade da prisdo do autor; - Alternativamente, requer, caso seja condenado, que a indenizagao seja fixada em 05 (cinco) saldrios minimos. O Estado de Sao Paulo também dispensou a produgao de provas. Nos termos do art. 350 do NCPC, foi deferido ao autor prazo para manifestagdo, ocasiio em que reiterou os termos da peti¢do inicial e requereu, genericamente, a rejeigo das preliminares arguidas, manifestando a auséncia de interesse em produzir outras provas. Os autos vieram 4 conclusio. Confiram-se trechos da Lei n° 10.559/2002: Art. 1° O Regime do Anistiado Politico compreende os seguintes direitos: 1 - declaragao da condigao de anistiado politico; Il - reparagao econémica, de carater indenizatério, em prestagio tinica ou em prestago mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissio ou a promogao na inatividade, nas condigdes estabelecidas no caput ¢ nos §§ 10 ¢ So do art. 80 do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias; I1l - contagem, para todos os efeitos, do tempo em que o anistiado politico esteve compelido ao afastamento de suas atividades profissionais, em virtude de punigao ou de fundada ameaga de punigdo, por motivo exclusivamente politico, vedada a exigéncia de recothimento de quaisquer contribuigdes previdencirias; IV = conclusiio do curso, em escola piiblica, ou, na falta, com prioridade para bolsa de estudo, a partir do periodo letivo interrompido, para o punido na condigao de estudante, em escola publica, ou registro do respectivo diploma para os que concluiram curso em instituigdes de ensino no exterior, mesmo que este nao tenha correspondente no Brasil, exigindo-se para isso o diploma ou certificado de conclusio do curso em instituigao de reconhecido prestigio internacional; & V - reintegracdo dos servidores piiblicos civis e dos empregados piblicos punidos, por interrupgao de atividade profissional em decorréncia de decisio dos trabalhadores, por adesio & greve em servico puiblico e em atividades essenciais de interesse da seguranga nacional por motivo politico. Pardgrafo nico. Aqueles que foram afastados em processos administrativos, instalados com base na legislagio de excego, sem direito a0 contraditério e & propria defesa, e impedidos de conhecer os motivos ¢ fundamentos da decisio, serdo reintegrados em seus cargos. () Art, 3° A reparagdo econémica de que trata o inciso II do art. 1° desta Lei, nas condigdes estabelecidas no caput do art. 8° do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias, correrd 4 conta do Tesouro Nacional. § 1° A reparagdo econémica em prestagdo tinica nfo 6 acumuldvel com a reparagdo econémica em prestagao mensal, permanente e continuada. § 2° A reparagdo econémica, nas condigdes estabelecidas no caput do art. 8° do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias, seré concedida mediante portaria do Ministro de Estado da Justiga, apés parecer favoravel da Comissio de Anistia de que trata o art, 12 desta Lei. Art. 4° A reparagéo econémica em prestagao Unica consistira no pagamento de trinta salrios minimos por ano de punigdo e sera devida aos anistiados politicos que nao puderem comprovar vinculos com a atividade laboral § 1° Para 0 célculo do pagamento mencionado no caput deste artigo, considera-se como um ano periodo inferior a doze meses. § 2° Em nenhuma hipétese o valor da reparago econémica em prestagdo tinica ser superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais). Art. 5° A reparago econdmica em prestagdo mensal, permanente e continuada, nos termos do art. 8° do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias, sera assegurada aos anistiados politicos que comprovarem vinculos com a atividade laboral, & excecdo dos que optarem por receber em prestacdo tnica (.) Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei nio excluem os conferidos por outras normas legais ou constitucionais, vedada a acumulagdo de quaisquer pagamentos ou beneficios ou indenizagdo com o mesmo fundamento, facultando-se a opeo mais favoravel. ERRATA: Na pa rafo que se inicia por “O autor formula pedido de condenagiio da Unido ao pagamento de indenizagao por danos morais”, leia-se “O autor formula pedido de condenagdo da Unido e do Estado de Sio Paulo ao pagamento de indenizagao por danos morais

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