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Manual de Acompanhamento

2019.2

Morfologia e Sistemática
Vegetal (Agronomia)
2
3

Páginas:

BioTEN
[http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6714630515708375]

Publicações Avulsas em Conservação de Ecossistemas


[http://www.bibliotekevirtual.org/index.php/2013-02-07-03-02-35/2013-02-07-03-03-
11/832-pace.html]

Curriculum Vitae
[http://lattes.cnpq.br/5210251257399274]
[https://ufpi.academia.edu/albertojorgecastro]
[https://www.researchgate.net/profile/Antonio_Farias_Castro]
4

Universidade Federal do Piauí


Centro de Ciências da Natureza
Departamento de Biologia

Prof. Alberto Jorge CASTRO


5

Roteiros
(Teóricos e Práticos) e Outros
Materiais Instrucionais
(Engenharia Agronômica: Período Letivo 2019.2)

Ano 40 (1979-2019)
6

Citação Bibliográfica:

CASTRO, A. A. J. F. Morfologia e sistemática vegetal (agronomia) 1: manual de


acompanhamento; roteiros (teóricos e práticos) e outros materais instrucionais
(período letivo 2019.2). Teresina: BioTEN/CCN/Biologia/LabioTEN, 2019. 230 p. 

Fotografia da Capa:

Um indivíduo de "pau-d'arco-amarelo" [ipê-amarelo], Família BIGNONIACEAE [Handroanthus


chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos]. Tipos de Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual,
Floresta de Terra Firme, Floresta Estacional Perenifólia, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) e
Floresta Ombrófila Mista. Origem: Nativa. Endemismo: NÃO endêmica do Brasil. Distribuição
Geográfica: Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste
(Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe),
Centro-oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná). Domínios Fitogeográficos:
Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal.
Fontes: http://www.arvoresdobiomacerrado.com.br/site/2017/06/05/handroanthus-serratifolius-
vahl-s-o-grose/ e http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/FichaPublicaTaxonUC/
FichaPublicaTaxonUC.do?id=FB117466.

1
Código: DBI0007. Período Letivo: 2019.2 - T01/P01. Disciplina Obrigatória.
7

CONTEÚDO

ROTEIROS INFORMATIVOS

Plano de Curso (2019.2) ........................................................................................9

Empatia: É assim que acontece a Bondade (Primeira Mensagem) ...............................


Impactos sobre a Biodiversidade (Outra Mensagem) ................................................9

Cronograma (2019.2) .......................................................................................... 35

ROTEIROS TEÓRICOS

Comentários sobre a Taxonomia Biológica (Roteiro Teórico N° 1) ........................... 41


Sistemas de Classificação Botânica (Roteiro Teórico N° 2) ..................................... 47
Espécie (Roteiro Teórico N° 3) ............................................................................ 65
Princípios Evolutivos e Considerações Filogenéticas (Roteiro Teórico N° 4) .............. 71
Noções de Nomenclatura Botânica (Roteiro Teórico N° 5) ...................................... 75
Pranchas de paus-d'arcos-amarelos 2 ............................................................. 77/87
Nomenclatura Botânica: Algumas Regras, Recomendações e Pronúncia
(Roteiro Teórico N° 6) ........................................................................................ 95

Famílias Botânicas: Características Diagnósticas (Roteiro Teórico N° 7) ......... 107/143

ROTEIROS PRÁTICOS

Famílias Botânicas (Comuns) (Catálogo) (Roteiro Prático N° 1) ............................ 145


Morfologia e Exame de Material Botânico (Ficha de Aula Prática de
Laboratório) (Roteiro Prático N° 2) ................................................................... 155
Chaves para Classificação da Morfologia Básica das Folhas Simples e dos
Folíolos de Algumas Folhas Compostas (Roteiro Prático N° 3) .............................. 159
Caracteres Diferenciais entre as Classes da Divisão
Angiospermae (Magnoliophyta) (Roteiro Prático N° 4) ......................................... 161
Caracteres Diferenciais entre as Subclasses da
Classe Dicotyledoneae (Magnoliopsida) (Roteiro Prático N° 5) .............................. 163
Chaves Analíticas (Texto) (Roteiro Prático N° 6) ................................................. 165

2
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. 1. vol. Editora Plantarum, 7. ed. São Paulo, 2016. 384 p., LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual
de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2. vol. Editora Plantarum, 4. ed. São
Paulo, 2016. 384 p. e LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. 3. vol. Editora Plantarum, 2. ed. São Paulo, 2016. 384 p.
8

Chaves para a Determinação das Famílias da Ordem Fabales


(Caesalpiniaceae, Mimosaceae e Papilionaceae) (Roteiro Prático N° 7) .................. 171

Chave para a Determinação das Subfamílias da Família Fabaceae


(Leguminosae) (Roteiro Prático N° 8) ........................................................................ 175

Sistema de Cronquist (Magnoliopsidas) (Roteiro Prático N° 9).. ............................ 177


Comparação entre Magnoliidae e Asteridae quanto aos caracteres
Primitivos e Avançados (Roteiro Teórico Nº 10).. ................................................. 189
Quadro Sinóptico das Relações Evolutivas entre as Famílias
Botânicas Examinadas (Roteiro Prático N° 11). ................................................... 191
Ficha de Campo (Ficha) e Algumas Dicas (Roteiro Prático N° 13) ............................ 193

TEXTOS

Origem e Evolução de Plantas Cultivadas ............................................................ 195


O Início 3 ......................................................................................................... 197
Domesticação de Plantas 4 ................................................................................ 211

3
DORNELLES, J. E. F. O início. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e evolução de
plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008. p. 23-36.
4
SERENO, M. J. C. de M.; WIETHÖLTER, P.; TERRA, T. de F. Domesticação das plantas. In: BARBIERI, R. L.;
STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e evolução de plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação
Tecnológica, 2008. p. 39-58.
9

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO INFORMATIVO Nº 1


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

PLANO DE CURSO 2019.2

A. PRIMEIRA MENSAGEM

APRESENTAÇÃO
Fábio LISBOA 5

A experiência da leitura de Rubem Alves pode nos despertar para experiências cotidianas tanto
menos indiferentes, desérticas, embotadas e solitárias, quanto mais enriquecedoras, cheias de vida,
emotivas e solidárias. O autor nos convida a olhar o mundo com os olhos do outro. A sermos mais
empáticos. Menos frios. A enxergar a história do outro, mesmo que seja triste.

Se o contador de histórias é a história que conta, e o outro também se conta (e se encontra) aí


nesta mesma narrativa, podemos ser então, ao narrar, ao mesmo tempo, nós e o outro. E assim,
neste espaço comum, com nossas emoções compartilhadas e nossa capacidade de buscar finais
felizes, talvez possamos tornar a nossa história – e a do outro - menos triste.

Vistas por este prisma, narrativas podem mesmo iluminar quem está na escuridão? Podem ensinar
algo a quem não quer nem saber? Acredito, como Rubem Alves, que as palavras podem, sim, ser
capazes de alegrar e trazer a primavera até para as areias e gelo... E quando isso acontece...

EMPATIA: É ASSIM QUE ACONTECE A BONDADE 6

Rubem ALVES 7

"Se te perguntarem quem era essa que às areias e aos gelos quis ensinar a primavera…":
é assim que Cecília Meireles inicia um de seus poemas. Ensinar primavera às areias e aos
gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria
saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas
como ensiná-la?

5
Contador de Histórias. Autor e Palestrante.
6
http://www.contarhistorias.com.br/2014/07/rubem-alves-empatia-e-assim-que.html.
7
Rubem Azevedo Alves (1933-2014) foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, autor de
livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de
todos os tempos. Foi professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
10

Seria possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como, se ele não
ouve? E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei
me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há coisas que não podem ser
ensinadas. Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, os filósofos e os
professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas.
Coisas que são ensinadas são aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas
coisas podem ser ditas. Por exemplo: eu acho possível desenvolver uma psicologia da
solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da solidariedade. E,
filosoficamente, uma ética da solidariedade… Mas, os saberes científicos e filosóficos da
solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e
da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A solidariedade, como
a beleza, é inefável (indescritível) (o ACRÉSCIMO é nosso) – está além das palavras.

Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são
pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado.
Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem
em vôo. Engaiolados, esses pássaros morrem.

A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt Whitman tinha a
consciência disso quando disse: "Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite
cala bem mais fundo a alma…". Ele conhecia os limites das suas próprias palavras. E
Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas
palavras que ele diz; antes, aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as
palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música – de onde vem se
ela não foi o poeta que a tocou?

Não é possível fazer uma prova sobre a beleza porque ela não é um conhecimento.
Tampouco é possível comandar a emoção diante da beleza. Somente atos podem ser
comandados. "Ordinário! Marche!" (o GRIFO é nosso), o sargento ordena. Os recrutas
obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimos que não podem ser
comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que estou sentindo.

O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física,
química, gramática, anatomia, números, letras, palavras.

Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do corpo. Estão
enterradas na carne, como se fossem sementes à espera…

Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram,
adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes – lembre-se da história
da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão também não brotar.
Tudo depende… As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também
pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas… De fato, muitas plantas
precisam ser arrancadas, antes que cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões…
11

Uma dessas sementes é a "solidariedade". A solidariedade não é uma entidade do mundo


de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma
entidade do mundo de fora, poderia ser ensinada e produzida. A solidariedade é uma
entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz.
A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente…

Veja o ipê (pau-d'arco) (o ACRÉSCIMO é nosso) florido! Nasceu de uma semente.


Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum
truque para que ele floresça. Angelus Silesius (1624-1677), místico antigo, tem um verso
que diz: "A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce". O ipê floresce porque
floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.

A solidariedade é como um ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de


mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: "Seja solidário!" (o GRIFO é
nosso). A solidariedade acontece como um simples transbordamento: as fontes
transbordam… Da mesma forma como o poema é um transbordamento da alma do poeta
e a canção, um transbordamento da alma do compositor…

Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna mais
humanos. É um sentimento estranho, que perturba nossos próprios sentimentos. A
solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro.
Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que
eu compre um pacotinho de suas balas. Eu e a criança – dois corpos separados e distintos.
Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está
sentindo. E então, por uma magia inexplicável esse sentimento imaginado se aloja junto
aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha,
no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca
no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foram-se a leveza e a alegria que
me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim.
Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre.
Expande-se. Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo.
Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por
mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela
solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus de que temos de amar
o próximo como amamos a nós mesmos. A solidariedade é uma forma visível do
amor. Pela magia do sentimento de solidariedade, meu corpo passa a ser morada de
outro. É assim que acontece a bondade.

Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primavera a gelos e areias? Para isso
as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário fazer nascer ipês no meio dos
gelos e das areias! E eu só conheço uma palavra que tem esse poder: a palavra dos
poetas. Ensinar solidariedade? Que se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas,
nas escolas, nas empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e,
principalmente, na solidão…

"O menino me olhou com olhos suplicantes.


E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes…".
12

B. OUTRA MENSAGEM

IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE 8

Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não-


governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em
todo o mundo, particularmente nas regiões tropicais. A degradação biótica que está
afetando o planeta encontra raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo
crescimento explosivo da população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A
perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e
científicos.

Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou


significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade. Biomas estão sendo
ocupados em diferentes escalas e velocidades: extensas áreas de vegetação nativa foram
devastadas no Cerrado do Brasil Central 9, na Caatinga e na Mata Atlântica.

É necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários hábitats naturais e dos
modificados existentes no Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada
entre conservação e utilização sustentável da diversidade biológica, considerando o modo
de vida das populações locais.

Como resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, a Mata Atlântica,
por exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original. Na
periferia da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são encontradas áreas com mais de
500 espécies de plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte, ainda
não descritas pela ciência.

Os principais processos responsáveis pela perda de biodiversidade são: 1) perda e


fragmentação dos habitats; 2) introdução de espécies e doenças exóticas; 3)
exploração excessiva de espécies de plantas e animais; 4) uso de híbridos e
monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; 5)
contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes; e 6) mudanças
climáticas.

As interrelações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o


funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.

Três razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade


biológica. PRIMEIRO, porque se acredita que a diversidade biológica é uma das
propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade
dos ecossistemas. SEGUNDO, porque se acredita que a diversidade biológica
representa um imenso potencial de uso econômico, em especial pela
biotecnologia. TERCEIRO, porque se acredita que a diversidade biológica esteja
se deteriorando, com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao
impacto das atividades antrópicas.

8
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos.
9
Cuidado com o MATOPIBA!
13

O "princípio da precaução", aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das


Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/Rio-92), estabelece
que a ação deve ser imediata e preventiva.

O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é dependente da disponibilidade


de matéria prima, tecnologia e mercado. Exemplificando, um parente silvestre do trigo
originário da Turquia proporcionou genes resistentes a doenças para as variedades
comerciais de trigo resultando em ganho anual de US$50 milhões, somente nos Estados
Unidos. Uma variedade de cevada da Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente,
a cultura da cevada na Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$
160 milhões. Nos Estados Unidos, 25% dos produtos famacêuticos receitados,
atualmente, contêm ingredientes ativos derivados de plantas e existem mais de 3.000
antibióticos derivados de microrganismos. A exploração farmacológica da biodiversidade
brasileira está em seu início e, a julgar pelos resultados obtidos em outros países,
acredita-se que exista um vastíssimo campo para a produção de fármacos ainda
desconhecidos.

Na área da agricultura o Brasil tem exemplos, de repercussão internacional, sobre o


desenvolvimento de biotecnologias que geraram riquezas por meio do adequado
emprego de componentes da biodiversidade. Este é o caso do programa de controle
biológico, por meio de Baculovirus anticarsia utilizado no combate à lagarta da soja
(Anticarsia gemmatalis), que gera economia da ordem de 200 milhões de dólares
anuais, para os produtores brasileiros. Exemplo semelhante e já rotineiro na exploração
de cana-de-açúcar é o uso de parasitas para controlar a cigarrinha ( Diatraea
saccharalis), prática que representa economia anual superior a 100 milhões de dólares.
De importância estratégica para a produção de soja no Brasil, com reflexos diretos na
nossa pauta de exportações, é a economia obtida com as pesquisas que possibilitaram a
substituição de fertilizantes nitrogenados por associações simbióticas da planta com
bactérias fixadoras de nitrogênio. Este trabalho científico liderado pela pesquisadora Dra.
Joahnna Döbereiner 10 tem proporcionado uma economia à agricultura brasileira da
ordem de 1,6 bilhões de dólares anuais.

10
Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner (1924-2000). https://www.embrapa.br/johanna-dobereiner.
14

C. REFLEXÃO

D. PROFESSOR

RESUMO 11

Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO graduou-se em Ciências Biológicas nas


modalidades de Bacharelado e Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Ceará
(UFC) em 1978. Concluiu o Mestrado em 1987 e o Doutorado em 1994, ambos em
Biologia Vegetal e os dois pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Ingressou
na Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 1979 e atualmente é Professor TITULAR
(desde 2016). Ministra as Disciplinas de Taxonomia das Fanerógamas (60 horas),
Botânica do Cerrado (60 horas), Flora Regional (60 horas), Biologia da
Fragmentação (60 horas) e Biogeografia e Conservação de Ecossistemas (45
horas) para o Curso de Graduação em Ciências Biológicas. Para o Curso de Graduação

11
Texto Inicial do Currículo Lattes (CNPq). Acessar em: lattes.cnpq.br/5210251257399274.
15

em Engenharia Agronômica, ministra a Disciplina de Morfologia e Sistemática


Vegetal (Agronomia) (90 horas). Na pós-graduação, ministrou as Disciplinas de
Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (Fundamentos) (20 horas), Métodos
de Levantamento em Botânica (45 horas) e Fitossociologia (45 horas). Possui uma
produção bibliográfica de mais de 300 trabalhos, dos quais destacam-se cerca de 60
artigos em periódicos especializados e de 180 trabalhos em Anais de eventos (com 14
completos e 16 resumos expandidos). Dos 41 capítulos de livros, 4 são internacionais.
Proferiu mais de 30 palestras. Quatro livros publicados. Organizou 3 livros. Participou do
desenvolvimento de vários produtos tecnológicos, como editor de periódicos locais
[Boletim Cerrados e Ecótonos, Publicações Avulsas em Conservação de
Ecossistemas, os dois, com ISSN, e as Publicações Avulsas com 33 números e DOI
(Digital Object Identifier], com a produção de pareceres técnico-científicos, moções,
consultoria, elaboração de projetos de pesquisa, de relatórios técnicos e produção de
material didático-instrucional (cerca de 40). Participou de 4 eventos no exterior (visita
técnica) [Lincoln (Nebraska), Caracas (Venezuela), Durhan (Carolina do Norte) e Coimbra
(Portugal)] e vários no Brasil. Ministrou 3 palestras no exterior, uma em Lincoln (Partners
of the Americas, Estados Unidos), uma em Caracas (CIET, Venezuela) e outra em Coimbra
(UC, Portugal) e várias outras no Brasil, todas, focadas na Biodiversidade dos Cerrados
do Nordeste e Ecótonos Associados. Orientou mais de 20 dissertações de mestrado e co-
orientou 6. Orientou cerca de 8 trabalhos de iniciação científica e 4 trabalhos de
conclusão de curso nas áreas de Botânica, Ecologia e Recursos Florestais (Conservação
da Natureza). Co-orientou 3 teses de doutorado (2 na UNICAMP e 1 no RENORBIO_PI).
Recebeu 2 prêmios e/ou homenagens. Participou até o momento de mais de 20 eventos
(congressos, simpósios etc.), a maioria na condição de membro convidado, e de cerca
de 12 bancas de trabalhos de conclusão (mestrado, graduação e doutorado). Entre 1998
e 2001 coordenou 2 projetos de pesquisa no âmbito do Programa WAVES/CNPq e do
Programa PNEPG/CNPq. Foi bolsista de Produtividade em Pesquisa (2C) no período
de 2000 a 2002. Coordenou o Sítio 10 do Programa de Pesquisas Ecológicas de
Longa Duração (PELD) do CNPq com vigência de 2001 a 2011-12. Coordena como
Pesquisador Líder o Grupo de Pesquisa (Programa de) Biodiversidade do Trópico
Ecotonal do Nordeste (BioTEN), registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do
Brasil e certificado pela UFPI desde 2005. Atua na área de Botânica (Ecologia Vegetal),
com ênfase em Biodiversidade de Tipo e de Ecossistemas de Cerrados Marginais do
Nordeste e Ecótonos Associados. Tem atuado atualmente em estudos de Biodiversidade
de Tipo e de Ecossistemas de Florestas Estacionais Semideciduais do Estado do Piauí. Foi
idealizador/gestor do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico
Ecotonal do Nordeste (TROPEN) em 1996 e até 2004. Implantou o Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PGCA) (Curso de Especialização em
Ciências Ambientais para Multiplicadores e Tomadores de Decisão em Meio
Ambiente) (2000 a 2005) e o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
e Meio Ambiente (PPGDMA) (2002 até 2004), participando neste último como
Professor Permanente na Linha de Pesquisa em Biodiversidade e Utilização
Sustentável dos Recursos Naturais de 2002 até 2017. Em suas atividades
profissionais tem interagido com muitos colaboradores em coautoria de trabalhos
técnicos e científicos. Atualmente é parceiro (pesquisador colaborador) do Prof. Dr.
Jonathan James Lloyd do Imperial College of London com os seguintes projetos:
Nordeste: Uma Nova Ciência para um Bioma Negligenciado e Quantificando a
Natureza e a Significância de Formações Disjuntas de Floresta (Pré)-
Amazônica no Piauí (2017-2019). No Departamento de Biologia (DBIO/CCN/UFPI)
coordena o Laboratório de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste
16

(LabioTEN) desde 2005. Na Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes (AILCA)


colabora como Acadêmico Correspondente. No terceiro Setor atua junto à Associação
Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste (AbioTEN), no momento, com o
cargo de Diretor Presidente.

E. PRIMEIROS COMENTÁRIOS

1. A "morfologia" de [Morfologia e Sistemática Vegetal (Agronomia)] é


"morfologia para a sistemática vegetal" e não "morfologia vegetal e
sistemática vegetal". Por isso é que a introdução/reintrodução de uma disciplina
específica de morfologia vegetal (morfologia externa, organografia, ou
simplesmente "morfologia") para detalhar/explorar melhor a morfologia externa
da folha, caule, flor e fruto em um contexto de evolução (mais ainda em um
contexto de produção), em atendimento a reivindicações anteriores dos
alunos/professores e do "mercado" (demanda externa) é muito importante, como
fez o Curso de Graduação em Ciências Biológicas nas suas últimas atualizações.
Para o Curso de Graduação em Engenharia Agronômica, a aprendizagem sobre
morfoespécies 12 é de muita valia para o "agrônomo do futuro".

2. Sistemática Vegetal é antes de tudo PRÁTICA. Por causa da oferta maior de


material botânico vivo de Dicotiledôneas (Magnoliopsidas) com mais facilidade
(disponibilidade) em termos de variedade e de quantidade para ensaios de
observação e exame nas aulas práticas, Morfologia e Sistemática Vegetal
(Agronomia)acaba ficando mais uma Morfologia e Sistemática de
Magnoliopsidas (Eudicotyledoneae). Entretanto, isto não é motivo para o
descarte das Liliopsidas (Monocotyledoneae), inclusive, mais importantes
agronomicamente. Isto também acontece com relação às Gimnospermas
(Pinophytas), ainda mais nesta faixa latitudinal do Nordeste em que nos
encontramos.

3. A utilização de material botânico vivo (e fresco) tem a ver com as


facilidades de visualização das estruturas vegetativas e florais. Cor e
textura destas estruturas são mais visíveis, melhor observáveis,
quando recém-coletadas.

4. Plantas de jardim ou plantas ornamentais, de um modo geral, são um bom


material para as aulas práticas. Entretanto, é preciso considerar os problemas de
mutação somática, por exemplo, que podem dificultar o uso das Chaves
Analíticas mais correntes (que são artificiais e construídas para identificação
de plantas indígenas). Plantas nativas (indígenas, de preferência), porém, são
mais recomendáveis.

12
Morfoespécie: Um grupo de organismos que difere em algum aspecto morfológico de todos os outros
grupos. Utilizado em estudos ecológicos quando ainda não é possível a identificação (determinação) da
espécie.
17

5. As aulas práticas de Morfologia e Sistemática Vegetal (Agronomia) não são as


"aulas práticas" das suas aulas teóricas simplesmente. O objetivo, antes de
tudo é o de INSTRUMENTAÇÃO. Esta disciplina, a partir da sua fundamentação
foi pensada para ser assim. As aulas práticas e teóricas são voltadas para
demonstrar durante o desenvolvimento da Disciplina as atividades práticas
(desenvolvimento de habilidades) e as atividades teóricas (desenvolvimento
de raciocínios) da área de Morfologia e Sistemática Vegetal (Agronomia),
respectivamente.

6. O ideal é que Morfologia e Sistemática Vegetal (Agronomia) (como todas


as outras Disciplinas de Sistemática) do Curso de Graduação em Engenharia
Agronômica fosse oferecida durante os últimos períodos letivos do Curso, porque
quanto maior a maturidade do aluno, maior o domínio de conteúdos e maior a
experiência (eventual ou não) de CAMPO, melhor o seu aproveitamento. A
atividade de "classificação" (síntese) é posterior à "atividade de conhecimento"
(análise).

7. Sem bibliografia não se avança. Os livros são os principais instrumentos da


aprendizagem. Enquanto persistir a idéia e a prática dela decorrente de que o
livro não é essencial, a diluição dos conhecimentos que já fazem parte da nossa
cultura irá contribuir decisivamente para a manutenção dos nossos atuais e
crescentes níveis de inferioridade (mediocridade, inclusive). Neste sentido, é
urgente a solução deste problema.

F. EMENTA

Diversidade das Magnoliophytas (Magnoliopsidas, principalmente). Relações


Evolucionárias de Subclasses, Ordens e Famílias das Magnoliophyta.
Taxonomia Biológica. Herbário. Espécie. Sistemas de Classificação. Engler,
Cronquist e APG III-IV. Nomenclatura Botânica. Morfologia Externa para
Determinação Botânica das Magnoliophyta. Chaves Analíticas com base em
Caracteres Reprodutivos. Caracteres Taxonômicos. Instrumentação e Ensaios
de Determinação Botânica. Famílias Botânicas mais representativas da Flora
Regional que abrigam gêneros e espécies botânicas mais comumente
utilizados na agropecuária brasileira.

G. OBJETIVOS GERAIS

Mostrar a necessidade do estudo das fanerógamas no contexto da biodiversidade e


da desertificação e áreas degradadas.

Mostrar a importância da morfologia e sistemática vegetal (sistemática de


fanerógamas) em áreas que lidam direta ou indiretamente com as plantas.

Despertar potencialidades e interesses vocacionais na área de morfologia e sistemática


de fanerógamas.

Analisar os princípios e tendências evolutivas que determinam a diversidade de plantas.


18

Desenvolver a capacidade de observação, método de trabalho, pesquisa,


fitointerdisciplinaridade, iniciativa e criatividade.

H. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar a importância da morfologia e sistemática vegetal (sistemática de


fanerógamas) nos seus aspectos teóricos e práticos.

Discutir a respeito da programação, de implementos indispensáveis em uma viagem ao


campo e de algumas técnicas para coleta de material botânico.

Tecer comentários sobre a taxonomia biológica.

Conhecer os principais sistemas de classificação, principalmente aqueles baseados na


filogenia: Engler, Cronquist e APG III-IV.

Discutir sobre a importância, estrutura, funcionamento, materiais e sobre o trabalho que


é feito em um herbário.

Discutir sobre os conceitos (e delimitação) de espécie.

Vivenciar a importância da morfologia para sistemática vegetal (sistemática de


fanerógamas) de forma comparativa e inter-relacionada.

Tecer comentários sobre nomenclatura botânica com base em algumas regras,


recomendações e o método dos tipos nomenclaturais.

Treinar o manuseio com chaves analíticas, bem como o uso de bibliografia geral e
específica, e a utilização de equipamentos.

Interpretar no campo e no laboratório os caracteres taxonômicos diagnósticos para a


determinação botânica e confecção de chaves analíticas, quando for o caso, ao nível
de família botânica.

Caracterizar sistematicamente os grupos taxonômicos (famílias, principalmente) de


plantas superiores, pertencentes à classe Magnoliopsida (e Liliopsida), de
importância biológica e de ocorrência frequente em Teresina, em áreas rurais e nas
principais formações vegetais do estado do Piauí, detectadas através de observações,
coletas e ensaios de determinação botânica.

I. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Introdução ao Curso
2. Empatia: É assim que acontece a Bondade (Mensagem de Abertura)
3. Impactos sobre a Biodiversidade (Outra Mensagem)
4. A Beleza das Coisas está na Beleza dos Olhos de quem as Enxerga (Palestra)
5. Comentários sobre a Taxonomia Biológica (Roteiro Teórico Nº 1)
6. Revisão de Morfologia Vegetal para Sistemática Vegetal (Slides)
19

7. Sistemas de Classificação Botânica (Roteiro Teórico Nº 2)


8. Observação de Material Botânico no Campo (Campo) (Exercício
de Percepção da Biodiversidade)
9. Classes da Divisão Angiospermae (Magnoliophyta) (Roteiro Prático Nº 4)
10. Subclasses da Classe Dicotyledoneae (Magnoliopsida) (Roteiro Prático Nº 5)
11. Sistema de Cronquist (Roteiro Prático Nº 9)
12. Noções de Sistemática Vegetal e Introdução ao Exame de Material Botânico
(Roteiros Práticos Nº 1 ao 8)
13. Chaves Analíticas (Roteiro Prático Nº 6)
14. Espécie (Roteiro Teórico Nº 3)
15. Princípios Evolutivos e Considerações Filogenéticas (Roteiro Teórico Nº 4)
(Roteiros Práticos Nº 10 e 12)
16. Sistemática Vegetal e Exame de Material Botânico (Instruções I, II e III)
[Famílias 1 a 10] (Roteiros Práticos Nº 1 ao 12)
17. Noções de Nomenclatura Botânica (Roteiro Teórico Nº 5)
18. Relações Evolutivas entre as Famílias Botânicas Examinadas
(Roteiro Prático Nº 12)
19. Nomenclatura Botânica: Algumas Regras, Recomendações e Pronúncia
(Partes I e II) (Roteiro Teórico Nº 6)
20. Famílias Botânicas: Características Diagnósticas (Roteiro Teórico Nº 7)
21. Famílias Botânicas de Importância Agropecuária
22. Nova Classificação Subfamiliar para Leguminosae
23. Comparação entre as Subclasses Magnoliidae e Asteridae quanto aos Caracteres
Primitivos e Avançados
24. Sistemas de ENGLER, Cronquist e APG III-IV (Comparação)
25. Taxonomia e Sistemática Vegetais (Revisão)
26. Ficha de Campo e Algumas Dicas (Roteiro Prático Nº 13)
27. Famílias Botânicas de importância agropecuária e de ocorrência frequente
em Teresina, em áreas rurais e nas principais formações vegetais do estado do
Piauí, detectadas através de observações, coletas e ensaios de determinação
botânica

J. PROCEDIMENTOS GERAIS DE ENSINO

1. Aula Expositiva (Presencial e/ou à Distância)


2. Projeção de Slides e/ou Vídeos
3. Estudo Dirigido e Debates
4. Coleta de Material Botânico e Herborização
5. Ensaios de Determinação Botânica
6. Pesquisa Bibliográfica
7. Produção de RESUMOS (Expandidos, Críticos etc.), SLIDES (de Apresentação),
FICHAS DE LEITURA, ou RESENHAS
8. Construção de PERGUNTAS sobre os assuntos (Roteiros Teóricos)
que serão ANTES e pouco-a-pouco apresentados/discutidos em Sala de Aula
9. Outros
20

K. SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO

AVALIAÇÕES DIA ROTEIROS 13

1ª Avaliação (Teórica):
Roteiros Teóricos
INDIVIDUAL sem consulta 17/09/2019
1, 2 e 3
em Sala de Aula

Roteiros Teóricos
2ª Avaliação (Teórica):
4, 5, 6 e 7 +
INDIVIDUAL ou COLETIVA
29/10/2019 Famílias BOTÂNICAS
com consulta em Sala de
indicadas
Aula
(ou outros, a combinar)

Capítulo de Morfologia
do LIVRO (AGAREZ et.
3ª Avaliação (Teórica): Al. 1994, p.18-46, por
COLETIVA sem consulta exemplo) (Morfologia) +
em Sala de Aula, mas com 26/11/2019 Noções de Morfologia
diálogo entre os membros do Vegetal para
GRUPO. MORFOLOGIA. Sistemática Vegetal
(slides) e Aulas
Práticas de Laboratório

Revisão de Morfologia
4ª Avaliação (Prática):
Vegetal para
INDIVIDUAL com consulta
Sistemática de
em Sala de Aula/
Fanerógamas
Laboratório, mas
29/11/2019 (slides) +
REPRESENTATIVA por
Roteiros Práticos:
sorteio do
Famílias BOTÂNICAS
Líder/Representante do
examinadas, de
Grupo, de preferência
preferência

4ª Avaliação (Prática) Revisão de Morfologia


[Avaliação de Recuperação]: Vegetal para
INDIVIDUAL com consulta Sistemática de
em Sala de Aula/ Fanerógamas
Laboratório, mas 06/12/2019 (slides) +
REPRESENTATIVA por Roteiros Práticos:
sorteio do Famílias BOTÂNICAS
Líder/Representante do examinadas, de
Grupo, de preferência preferência

13
Constantes no CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (ASSUNTOS e Roteiros).
21

Conclusão.

AVALIAÇÕES DIA ROTEIROS

Roteiros Teóricos
5ª Avaliação (Teórica) 14
:
(a combinar) +
INDIVIDUAL sem consulta
10/12/2019 Roteiros Práticos +
em Sala de Aula, de
Famílias BOTÂNICAS
preferência
examinadas

L. OBSERVAÇÕES

1. A reprodução (por qualquer meio) deste Manual de Acompanhamento


(nosso Caderno de Atividades) é OBRIGATÓRIA.

2. A aquisição de livros e a reprografia de material impresso adotados ou


indicados pelo professor são de responsabilidade dos alunos.

3. Indicação de algumas Famílias (30) 15


:

FAMÍLIAS BOTÂNICAS

Anacardiaceae Lecythidaceae
Annonaceae Lythraceae
Apocynaceae Malpighiaceae
Asclepiadaceae 16 Malvaceae
Asteraceae (Compositae) Mimosaceae 17
Bignoniaceae Myrtaceae
Bombacaceae 18 Nyctaginaceae
Boraginaceae Papilionaceae 19
Caesalpiniaceae 20 Passifloraceae
Caricaceae Polygonaceae
Combretaceae Rubiaceae
Convolvulaceae Solanaceae
Cucurbitaceae Sterculiaceae 21

14
AVALIAÇÃO FINAL e/ou Avaliação de Recuperação.
15
Conforme a oferta de material reprodutivo durante o período de aulas práticas, outras Famílias
Botânicas poderão ser incluídas.
16
Apocynaceae no APG III.
17
Leguminosae Mimosoideae ou Fabaceae Mimosoideae.
18
Malvaceae no APG III-IV.
19
Leguminosae Papilionoideae ou Fabaceae Papilionoideae.
20
Leguminosae Caesalpinioideae/Cercioideae ou Fabaceae Caesalpinioideae/Cercioideae.
21
Malvaceae no APG III-IV.
22

Conclusão.

FAMÍLIAS BOTÂNICAS

Euphorbiaceae Turneraceae 22
Lamiaceae (Labiatae) Verbenaceae

7. Os livros adotados 23 pelo professor deverão ser adquiridos pelos alunos de


qualquer maneira 24, bem como alguns implementos, no mínimo:

a. 1 (um) par de estiletes 25 para cada aluno (indispensável);


b. Lâminas de cortar (várias) (indispensável);
c. Lupa (manual) (opcional, mas recomendável);
d. Notebook, ou similares e/ou tablet, ou similares (opcional, mas
altamente recomendável).

22
Passifloraceae no APG III-IV.
23
Principalmente um de chaves analíticas e um de descrição de famílias botânicas. Um dicionário de
botânica é altamente recomendável.
24
Mesmo que através de reprografia (xerografia). Eventuais penalidades legais por causa do uso indevido de
cópias ilegais é de responsabilidade exclusiva do aluno(a).
25
Com agulhas hipodérmicas descartáveis 25 x 0,7 mm (25 x 7), 25 x 0,9-1,0 mm (25 x 9), por exemplo.
23

M. BIBLIOGRAFIA 26

1. Chaves Analíticas

AGAREZ, F. V., RIZZINI, C. M., PEREIRA, C. Botânica; Angiospermae;


taxonomia, morfologia e reprodução; chave para determinação das famílias. 2.
ed. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1994. 243 p.

26
Durante o desenvolvimento da Disciplina outras referências poderão ser indicadas. As referências
hachuradas são indispensáveis (obrigatórias).
24

FREIRE, C. V. Chaves analíticas; para a determinação das famílias das plantas


Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas brasileiras ou exóticas cultivadas no
Brasil. 4.ed. Mossoró: Fundação Guimarães Duque/ESAM/CNPq, 1983. 366 p.
(Coleção Mossoroense, v. 300).

SOUZA, V. C., LORENZI, H. Chave de identificação; para as principais famílias


de angiospermas nativas e cultivadas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum
de Estudos da Flora, 2007. 31 p.

2. Dicionários

FERRI, M. G., MENEZES, N. L. de, MONTEIRO-SCANAVACCA, W.R. Glossário


ilustrado de botânica. São Paulo: EBRATEC/EDUSP, 1978. 197 p.

GONÇALVES, E. G., LORENZI, H. Morfologia vegetal; organografía e dicionário


ilustrado de morfologia das plantas vasculares. 2. ed. São Paulo: Instituto
Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 544 p.27

27
Instituto PLANTARUM: http://www.plantarum.com.br/.
25

QUER, P. F. Diccionario de botánica. 2. vol. Barcelona: Labor, 1993. 1.244 p.


ISBN 84-335-0078-3.

3. Descrição de Famílias

ARANHA, C., LEITÃO FILHO, H. F., YAHN, C. A. Sistemática de plantas


invasoras. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1987. 174 p.

AZANI, Nasim et al. A new subfamily classification of the Leguminosae based on


a taxonomically comprehensive phylogeny. Taxon, vol. 66, n. 1, pp. 44-77,
2017.

BARROSO, G. M. Sistemática de angiospermas do Brasil. v. 1. 2. ed. Rio de


Janeiro: LTC; São Paulo: EDUSP, 2007. 309 p.
26

BARROSO, G. M. Sistemática de angiospermas do Brasil. v. 2. Viçosa: EUFV,


1984. 377 p.

BARROSO, G. M. Sistemática de angiospermas do Brasil. v. 3. Viçosa: EUFV,


1986. 326 p.

BARROSO, G. M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L., ICHASO, C.L.F. Frutos e


sementes; morfologia aplicada à sistemática vegetal. Viçosa: EUFV, 1999. 443
p.

CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering


plants.New York: Columbia University Pr., 1981. 1.262 p.

GEMTCHÚJNICOV, I. D. Manual de taxonomia vegetal; plantas de interesse


econômico; agrícolas, ornamentais e medicinais. São Paulo: Ed. Agronômica
Ceres, 1976. 368 p. (Ceres, 16).

JOLY, A. B. Botânica; introdução à taxonomia vegetal. 4. ed. São Paulo:


Companhia Editora Nacional, 1977. 777 p.
27

JUDD, W. S., CAMPBELL, C. S., KELLOGG, E. A, STEVENS, P. F., DONOGHUE, M.


J. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre:
ARTMED, 2009. 632 p.

LAWRENCE, G. H. M. Taxonomia das plantas vasculares. v. 2. Lisboa:


Fundação Calouste Gulbenkian, 1951. p. 297-855.

LEÃO, T. C. C.; ALMEIDA, W. R.; DECHOUM, M.; ZILLER, S. R. (2011). Espécies


exóticas invasoras no Nordeste do Brasil: contextualização, manejo e
políticas públicas. Recife: Cepan, 99 p.
28

SCHULTZ, A. Introdução à botânica sistemática. v. 2. 6. ed. Porto Alegre:


SAGRA/EDUFRG, 1990. 414 p.

SILVA JÚNIOR, M. C. 100 árvores do cerrado; guia de campo. Brasília: Rede


de Sementes do Cerrado, 2005. 278 p.

SOUZA, V. C., LORENZI, H. Botânica sistemática; guia ilustrado para


identificação 28 das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil,
baseado em APG III. 3. ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora,
2012. 768 p.29

SMITHE, F. B. Naturalist's color guide. New York: The American Museum of


Natural History, 1974/1975/1981. ISBN 0-913424-03-X.

STEARN, W. T. Botanical latin; history, Grammar, syntax, terminology, and


vocabulary. Timber Pressa, 1992. 546 p.

28
Deveria ser "determinação botânica".
29
Instituto PLANTARUM: http://www.plantarum.com.br/.
29

4. Textos Básicos

BENSUSAN, N.; BARROS, A. C.; BULHÕES B.; ARANTES, A. (Orgs.).


Biodiversidade: para comer, vestir ou passar no cabelo? Para mudar o
mundo! São Paulo: Peirópolis, 2006. 418 p.

BEZERRA, P.; FERNANDES, A. G. Fundamentos de taxonomia vegetal. 2. ed.


Fortaleza: EUFC, 1984. 100 p.

BOUSQUETS, J. L., VEGA, I. L. (comps.). Taxonomía biológica. México:


Universidade Nacional Autónoma de México/Fondo de Cultura Económica, 1994.
626 p.

BRICKELL, C. D. (Commission Chairman); ALEXANDER, C.; CUBEY, J. J.; DAVID,


J. C.; HOFFMAN, M. H. A.; LESLIE, A. C.; MALÉCOT, V.; XIAOBAI JIN. (Eds.).
International code of nomenclature for cultivated plants. 9.ed. Belgium:
ISHS, 2016. 27 p. (Scripta Horticulturae, 18). ISBN 978-94-6261-116-0.

CRONQUIST, A. The evolution and classification of flowering plants. 2.ed.


New York: New York Botanical Garden, 1988. 555 p.

McNEILL, J.; BARRIE, F. R.; BUCK, E. R.; DEMOULIN, V.; GREUTER, E.;
HAWKSWORTH, D. L.; HERENDEEN, P. S.; KNAPP, S.; MARHOLD, K.; PRADO,
Jefferson 30; PRUD’HOMME van REINE, E. F.; SMITH, G. F.; WIERSEMA, J. H.;
TURLAND, N. J. (Orgs.). Código Internacional de Nomenclatura para
algas, fungos e plantas (código de Melbourne). (Tradução: Carlos E. de M.
Bicudo e Jefferson Prado). São Paulo: IBt/IAPT/SBSP, 2012. 244 p. ISBN 978-
85-7656-290-0-2013.

30
Jefferson Prado [Pesquisador Científico VI do Instituto de Botânica do Estado de São Paulo,
Pesquisador Associado do The New York Botanical Garden (Institute of Systematic Botany) e Membro
Adjunto University of North Carolina, ambas dos EUA. Área: Taxonomia e Filogenia de Samambaias e
Licófitas].
30

TURLAND, N. J.; WIERSEMA, J. H.; BARRIE, F. R.; GREUTER, W.;


HAWKSWORTH, D. L.; HERENDEEN, P. S.; KNAPP, S.; KUSBER, W.-H.; LI; D.-Z.,
MARHOLD, K.; MAY, T. W.; McNEILL, J.; MONRO, A. M.; PRADO, Jefferson;
PRICE, M. J.; SMITH; G. F. (eds.) (2018). International Code of
Nomenclature for algae, fungi, and plants (Shenzhen Code) adopted by
the Nineteenth International Botanical Congress Shenzhen, China, July
2017. Regnum Vegetabile 159. Glashütten: Koeltz Botanical Books. DOI
https://doi.org/10.12705/Code.2018

LAWRENCE, G. H. M. Taxonomia das plantas vasculares. v. 1. Lisboa:


Fundação Calouste Gulbenkian, 1951. p. 1-296.

MARGULIS, L., SCHWARTZ, K. V. Cinco reinos: um guia ilustrado dos filos


da vida na terra. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 497 p.

RADFORD, A. E., DICKISON, W. C., MASSEY, J. R., BELL, C. R. Vascular plant


systematics. New York: Harper & Row, 1974. 891 p.

RAVEN, P. H., MERTENS, T. R. Sistemática vegetal: teoría y práctica.


Mexico: CNEB/BSCS, 1982. 36 p.
31

RAVEN, P. H., EVERT, R. F., EICHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 906 p.

SANTOS, D. Y. A. C., CHOW, F., FURLAN, C. M. A botânica no cotidiano.


Ribeirão Preto: Holos Editora, 2012. 139 p.

SOTA, E. R. La taxonomia y la revolucion en las ciencias biologicas. 3.ed.


Washington: DACT/OEA/PRDCT, 1982. 90 p. (Serie de biología; Monografía, 3).

4. Herbário

FIDALGO, O., BONONI, V. L. R. (Coords.). Técnicas de coleta, preservação e


herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1984.
(Manual, 4).

HOLMGREN, P. K.; HOLMGREN, N. H.; BARNETT, L. C. Index herbariorum;


part I: the herbaria of the world. 8ed. New York: International Association for
Plant Taxonomy; New York Botanical Garden, 1990. 693 p.

MORI, S. A., SILVA, L. A. M., LISBOA, G., CORADIN, L. Manual de manejo do


herbário fanerogâmico. Ilhéus: Centro de Pesquisas do Cacau, 1985. 97 p.

PEIXOTO, A. L. (Org.). Coleções biológicas de apoio ao inventário, uso


sustentável e conservação da biodiversidade. Rio de Janeiro: Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2003. 238 p.

6. Morfologia

BARROSO, G. M., ANDREATA, R. H. P., LIMA, M. P. M. Morfologia de


inflorescências. Rio de Janeiro: Universidade de Santa Úrsula, 1994. 70 p.
(Mimeografado).

GONÇALVES, E. G., LORENZI, H. Morfologia vegetal; organografia e dicionário


ilustrado de morfologia das plantas vasculares. São Paulo: Instituto Plantarum
de Estudos da Flora, 2007. 416 p.
32

MORANDINI, C. Atlas de botânica. 9.ed. São Paulo: Nobel, 1981. 113 p.

VIDAL, W. N., VIDAL, M. R. R. Botânica; organografia; quadros sinópticos


ilustrados de fanerógamas. 3.ed. Viçosa: EUFV, 1984. 114 p.

VINICIUS, C. S.; FLORES, T. B.; LORENZI, H. Introdução à botânica:


morfologia. Editora Plantarum, 1. Ed. São Paulo, 2013. 223 p.

7. Outros

BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e evolução de


plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008. 909 p.

BRUMMITT, R. K., POWELL, C. E. Author of plant names. London, Kew: Royal


Botanic Gardens, 1992. 732 p.

DORNELLES, J. E. F. O início. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds.


Técnicos). Origem e evolução de plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA
Informação Tecnológica, 2008. p. 23-36.

LAWS, B. 50 plantas que mudaram o rumo da história. Rio de Janeiro:


Sextante, 2013. 224 p.
33

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de


plantas arbóreas nativas do Brasil. 1. vol. Editora Plantarum, 7. ed. São
Paulo, 2016. 384 p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de


plantas arbóreas nativas do Brasil. 2. vol. Editora Plantarum, 4. ed. São
Paulo, 2016. 384 p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de


plantas arbóreas nativas do Brasil. 3. vol. Editora Plantarum, 2. ed. São
Paulo, 2016. 384 p.
34

LORENZI, H. Árvores exóticas no Brasil: madeiras, ornamentais e


aromáticas. Editora Plantarum, São Paulo, 2011. 352 p.

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas


e tóxicas. 4. ed. Editora Plantarum, São Paulo, 2011. 672 p.

LORENZI, H. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e


trepadeiras. 4. ed. Editora Plantarum, São Paulo, 2011. 1.120 p.

LORENZI, H., BACHER, L. B., TORRES, M. A. V. Árvores exóticas no Brasil:


madeireiras, ornamentais e aromáticas. Editora Plantarum, São Paulo,
2018. 464 p.

MATOS, F. J. A., LORENZI, H., SANTOS, L. F. L., MATOS, M. E. O., SILVA, M. G.


V., SOUSA, M. P. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de
plantas brasileiras. Editora Plantarum, São Paulo, 2011. 247 p.

SERENO, M. J. C. de M.; WIETHÖLTER, P.; TERRA, T. de F. Domesticação das


plantas. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e
evolução de plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica,
2008. p. 39-58.
35

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO INFORMATIVO Nº 2


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CRONOGRAMA 31 2019.2

DIA TIPO ASSUNTO PREVISTO HS 32

1ª Semana

05.08 N Início do Período Letivo 2019.2 0


13.08 T 33 Introdução ao Curso 1
13.08 T Plano de Curso 1
13.08 N Empatia: É assim que acontece a Bondade 34

(Mensagem de Abertura) 0
13.08 N Impactos sobre a Biodiversidade 35

(Outra Mensagem) 0
16.08 N 36
Feriado 37
0

2ª Semana

20.08 P A Beleza das Coisas está na Beleza dos Olhos de


quem as Enxerga 38: Primeiro Exercício de
Memória Visual para a Percepção da
Biodiversidade (Palestra) 2
23.08 P 39
Revisão de Morfologia Vegetal para a Sistemática
Vegetal (Parte I) 4

31
Terças (Sala 04, 10 às 12 horas) e sextas (Sala 00 ou Laboratório de Ensino 04, 08 às 12 horas).
32
Horas de aula por Assunto Previsto.
33
Aula teórica.
34
http://www.contarhistorias.com.br/2014/07/rubem-alves-empatia-e-assim-que.html.
35
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos.
36
Sem computação de carga-horária.
37
Aniversário de Teresina: 167 anos.
38
Palestra apresentada na Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes (AILCA), em 17/01/2018, na
qual sou integrante como ACADÊMICO CORRESPONDENTE.
39
Aula prática em Sala de Aula.
36

Continuação.

DIA TIPO ASSUNTO PREVISTO HS

3ª Semana

27.08 T Comentários sobre a Taxonomia Biológica 2


30.08 p Revisão de Morfologia Vegetal para a Sistemática
Vegetal (Parte II) 4

4ª Semana

03.09 T Sistemas de Classificação Botânica 2


06.09 P Revisão de Morfologia Vegetal para a Sistemática
Vegetal (Parte III) 4

5ª Semana

10.09 T Espécie 2
13.09 P Morfologia Vegetal para a Sistemática Vegetal
(Instruções I) 4

6ª Semana

17.09 T Chaves Analíticas (Instruções II) 2


20.09 P Exame de Material Botânico (1ª Família)
(Instruções III) 4

7ª Semana

24.09 T Avaliação da Aprendizagem 40 2


27.09 P 41 Exame de Material Botânico (2ª Família) 4

8ª Semana

01.10 T Princípios Evolutivos e Considerações 2


Filogenéticas
04.10 P Exame de Material Botânico (3ª Família) 4

40
1ª Avaliação: Taxonomia Vegetal (Teórica). Avaliação INDIVIDUAL sem consulta em Sala de Aula.
41
Aula prática em Laboratório de Ensino.
37

Continuação.

DIA TIPO ASSUNTO PREVISTO HS

9ª Semana

08.10 P Observação de Material Botânico no


Campo 42: Exercício de Memória Visual e de
Memória do Tato para a Percepção da
Biodiversidade (Campo) 2
11.10 P Exame de Material Botânico (4ª Família) 4

10ª Semana

15.10 N Feriado 43 0
18.10 P Exame de Material Botânico (5ª Família) 4

11ª Semana

22.10 T Noções de Nomenclatura Botânica 2


25.10 P Exame de Material Botânico (6ª Família) (7ª
Família) 4

12ª Semana

29.10 T Avaliação da Aprendizagem 44 2


01.11 P Exame de Material Botânico (8ª Família) (9ª
Família) 4

13ª Semana

05.11 T Nomenclatura Botânica: Algumas Regras,


Recomendações e Pronúncia 2
05.11 N Sistemas de Engler, Cronquist e APG III-IV 0
08.11 P Exame de Material Botânico (10ª Família) (11ª
Família) 4

42
Exercício de Percepção da Biodiversidade (Campus da Ininga).
43
Dia do Professor.
44
2ª Avaliação: Taxonomia Vegetal (Teórica). Avaliação INDIVIDUAL ou COLETIVA com consulta em Sala
de Aula.
38

Continuação.

DIA TIPO ASSUNTO PREVISTO HS

14ª Semana

12.11 T Famílias Botânicas: Características Diagnósticas 2


15.11 N Feriado 45 0

15ª Semana

19.11 T Avaliação da Aprendizagem 46 2


22.11 P Exame de Material Botânico (12ª Família) (13ª
Família) 4

16ª Semana

26.11 T Uma nova classificação subfamiliar da família


Leguminosae (Atualização) 47 LPWG (2017) 48 2
29.11 P Avaliação da Aprendizagem 49 4

17ª Semana

03.12 T Coletas e Herborização de Material Botânico para o


Estudo da Flora (Vídeo) 2
06.12 N Avaliação da Aprendizagem 50 N

45
Feriado da Proclamação da República.
46
3ª Avaliação: Morfologia Vegetal para a Sistemática Vegetal (Teórica). Avaliação COLETIVA
sem consulta em Sala de Aula, mas com diálogo entre os membros do GRUPO.
47
AZANI, Nasim et al. A new subfamily classification of the Leguminosae based on a taxonomically
comprehensive phylogeny. Taxon 66 (1): 44-77, 2017.
48
The Legume Phylogeny Working Group (LPWG).
49
4ª Avaliação: Sistemática Vegetal (Prática). Avaliação INDIVIDUAL com consulta em Sala de
Aula/Laboratório, mas REPRESENTATIVA por sorteio do Líder/Representante do Grupo, de preferência.
50
Optativa. 4ª Avaliação: Sistemática Vegetal (Prática). Avaliação INDIVIDUAL com consulta em
Sala de Aula/Laboratório, mas REPRESENTATIVA por sorteio do Líder/Representante do Grupo,
de preferência. Avaliação de Recuperação.
39

Conclusão.

DIA TIPO ASSUNTO PREVISTO HS

18ª Semana

10.12 N Origem e Evolução de Plantas Cultivadas 51


(Textos) 0
10.12 N Autoavaliação , Avaliação da Disciplina
52 53

e Avaliação do Professor 54 0
10.12 N Avaliação Final 55 e/ou Avaliação de Segunda
Chamada 56 e/ou Avaliação de Recuperação 57 0
11.12 N Final do Período Letivo 2019.2 0

51
DORNELLES, J. E. F. O início. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e evolução de
plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008. p. 23-36 e SERENO, M. J. C. de M.;
WIETHÖLTER, P.; TERRA, T. de F. Domesticação das plantas. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds.
Técnicos). Origem e evolução de plantas cultivadas. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008.
p. 39-58.
52
Avaliação do aluno pelo próprio aluno.
53
Avaliação da disciplina pelo aluno.
54
Avaliação do professor pelo aluno.
55
5ª Avaliação: Sistemática Vegetal (Teórica): Exame Final. Avaliação INDIVIDUAL sem consulta em
Sala de Aula.
56
Para substituir apenas uma AVALIAÇÃO (não realizada).
57
Para incrementar o Índice de Rendimento Acadêmico (IRA).
40
41

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 1


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

COMENTÁRIOS SOBRE A TAXONOMIA BIOLÓGICA 2019.2

1. Introdução

a. Classificação versus determinação


- Ordenar ou dispor os seres vivos em classes definidas que, por
último, constituirão um sistema
→ CLASSIFICAÇÃO (atividade de análise e de síntese)
→ Relação direta com a "nomeação" de espécies novas
para a ciência (inclusão de espécies)
→ Relação direta com a "revisão taxonômica" (mudanças)
de binômios (nomes científicos)
- Precisar a localização de um organismo dentro de um sistema
eventualmente em uso
→ DETERMINAÇÃO (apenas atividade de análise)
→ Relação direta com espécies já conhecidas pela
ciência
b. Determinação versus identificação
- Não se pode identificar dois seres vivos, considerando que na
natureza não existem dois deles iguais, por mais afins que sejam
- A identificação somente funciona com respeito ao indivíduo,
nunca à espécie
c. Taxonomia versus sistemática
- A análise da classificação enquanto processo e o
estabelecimento de princípios e métodos
→ TAXONOMIA
42

- O conjunto hierárquico de todas as categorias de organismos,


uma estrutura ou sistema conceitual que abrange a filogenia da
totalidade dos seres vivos
→ SISTEMÁTICA

- A taxonomia fornece as bases, a sistemática proporciona os


resultados concretos
- A sistemática é o RESULTADO do estudo da diversidade e das
relações de descendência dos organismos. Alguns critérios são
utilizados para essas relações: a totalidade de semelhanças, as
semelhanças ecológicas e, em alguns casos, as semelhanças
filogenéticas.

2. Objetivos da taxonomia biológica (taxonomia botânica)

a. Conhecimento das várias plantas do globo, dos seus nomes, diferenças,


afinidades, localização de habitats característicos e correlação destes
aspectos do conhecimento com dados científicos fornecidos pela
investigação em outros domínios da botânica
b. Reunião do conhecimento em tratados úteis aos cientistas e à civilização
em geral
- A aquisição de conhecimentos e a posse de inventários são tanto
mais profícuas quanto mais se tornarem acessíveis
- Floras (descrição científica de plantas de determinadas áreas)

- Manuais (uma extensão das Floras para mais facilmente se


identificar plantas de determinadas áreas)
- Monografias (tratado geral que representa uma análise e uma
síntese dos conhecimentos taxonômicos existentes, além dos
resultados de investigações originais no que diz respeito à
sistemática)
43

- Revisões (de caráter menos completo que as Monografias e


por serem em geral apenas baseadas em estudos de material de
herbário, podendo ser provisórias e introdutórias de estudos mais
completos)
- Estudos de distribuição (ensaios sobre a distribuição
geográfica, as retificações e as inter-relações dos táxons dentro
de uma determinada área)
- Coleção ("herbário de referência") de espécimes (base para
estudos e publicações científicas e por servirem de prova
evidente da identidade do material)
c. Demonstração da enorme diversidade do mundo vegetal e a sua relação
com a compreensão humana dos fenômenos evolutivos

3. Interrelações com ciências afins

a. Morfologia, Embriologia, Anatomia Floral, Ontogenia, Citogenética


(Citotaxonomia), Palinologia e Química (Quimiotaxonomia)
b. A moderna taxonomia tem se tornado mais uma ciência de síntese do
que de conclusões individuais

4. Problemas vivenciados pela taxonomia biológica (taxonomia botânica)

a. Taxonomia (uma das ciências botânicas mais antigas)


- Desde que começou a exploração da superfície terrestre e que
foi dominante durante o Século XVII e o princípio do Século XX
b. Sistemas de classificação iam sendo feitos e tornados inúteis a
cada conjunto de plantas que chegava por causa das viagens de
exploração e colonização
c. Interesse superado pelo de novos domínios de investigação
- Teorias evolucionistas de DARWIN e de WALLACE
- Teoria de DE VRIES da origem das espécies a partir de
mutações
- Leis da hereditariedade de MENDEL
- Melhoria rápida dos equipamentos e das técnicas
d. Renovação de interesse
- Novas explorações
- Reconhecimento de que os grupos taxonômicos são entidades
biológicas e não apenas conjuntos morfológicos
- Revalorização dos critérios filogenéticos
e. Conceito de espécie

5. Oportunidades

a. Pela exploração das diversas regiões, recolha de exemplares, seu


estudo e classificação
44

b. Pela publicação e/ou reformulação de Floras, Manuais, Revisões e


Monografias
c. A acurada e segura determinação das espécies para as conclusões
a que deve chegar a Fitogeografia, a Ecologia e a Fitossociologia
d. Outras situações
- Médico alergista (pólen de algumas plantas)
- Bioquímica (algum tipo de droga)
- Vendedor de flores, sementes e mudas
- Geólogo (fóssil e idade de algum tipo de sedimento)
- Fitossanitarista (hospedeiros de doença e pragas de plantas)
- Engenheiro (algas em um reservatório de água, árvoresque
serão submersas em uma represa)
- Ornitologista e Ictiologista (sementes encontradas no trato
digestivo)
- Farmacologista (substâncias com propriedades medicinais)
- Arqueologia (pólen do Quaternário, por exemplo, no estudo de
paleo-ambientes)
e. Hoje em dia
- A questão da biodiversidade
- A questão da desertificação e das áreas degradadas

6. Taxonomia "alfa" versus taxonomia "ômega"

a. Clássica, ortodoxa ou "alfa"


- Descritiva e estática
- Caracteres morfológicos
- Importante em áreas onde o conhecimento da flora ainda
é escasso, principalmente no Norte, Nordeste e Centro-oeste do
Brasil
- Limitações: Bons ou maus taxonomistas ortodoxos
b. Experimental, biossistemática ou "ômega"
- Baseia-se em toda a informação disponível
- Parte de populações e não de espécimes isolados (envolve
uma análise do comportamento reprodutivo-genético)
- Variações morfológicas (de origem genética ou por condições
do meio)
- Procura revelar a evolução e seus mecanismos a partir de
caracteres concretos (não pretende abranger a totalidade das
plantas, como intenciona a taxonomia ortodoxa)
- Limitações: relacionada a questões de infraestrutura,
domínio tecnológico e logística (gestão) e que coloca
ainda o"hemisfério sul" dependente do "hemisfério
norte" em termos de tecnologia
45

7. Um pouco de história

a. Desde muito tempo se pretende idealizar um modelo deClassificação


que inclua a totalidade dos organismos (fósseis e atuais)
- Dificuldade de satisfazer todas as exigências, uma vez que
elas aumentam na medida em que se conhecem mais os seres
vivos
b. De TEOFRASTO a LINEU (sistemas artificiais)
- Seleção arbitrária de atributos que serviam para diferençar ou
juntar seres vivos em grupos estabelecidos
c. LINEU
- Definiu a espécie, mas dentro da Teoria Fixista
- A variabilidade dos seres vivos eram provocadas por diferenças
climáticas e edáficas
- Qualquer exemplar podia ser considerado como um tipo (como
um modelo para a espécie em questão)
- No entanto, houve contribuições marcantes
→ Reconhecimento da espécie como unidade básica
→ A nomenclatura binomial (?)
→ O estabelecimento de uma escala hierárquica de
categorias
→ A introdução de uma terminologia científica uniforme
- Prioridades
→ Órgãos reprodutores (sexuais)
→ Aspectos numéricos (quantitativos)
d. Outros sistemas
- Naturais
→ Indivíduos que apresentam caracteres comuns
(relação fenética)
→ Aceitando-se o fixismo e por comparação de estruturas
morfológicas
- Filogenéticos
→ Indivíduos que tenham antepassados imediatos comuns
(relação filogenética)
→ Sem fixismo e levando em consideração a evolução, a
confrontação morfológica, anatômica, citológica, etc
e. Períodos
- Megamórfico (desde 400 a.C. até 1700)
→ Caracteres de morfologia externa
- Micromórfico (de 1700 até 1860)
→ Classificação mais aprofundada devido a invenção do
microscópio
- Evolucionista (de 1860 até 1900)
→ Os sistemas se fundam nas relações de parentesco e se
abandona o fixismo
46

- Citogenético (desde 1900)


→ A partir das descobertas das leis da herança, a taxonomia
começa a se transformar em uma atividade experimental
e se presta atenção especial às causas genéticas da
evolução
- Bioquímico (a partir de 1959)
→ O parentesco dos organismos se estabelece de acordo
com padrões bioquímicos e a evolução está sendo
considerada ao nível molecular
→ Cada vez mais corrente hoje em dia, provocando,
inclusive, em alguns casos, a substituição do Sistema de
Cronquist (?)
→ Taxonomia Molecular... (?)
→ Cladística
- A cladística é um método utilizado para tentar
achar as relações de parentesco entre os
organismos.
- Atualmente, é aceito como o melhor método
disponível para a análise filogenética por
produzir explicações e hipóteses possíveis de
serem testadas.

8. Atividades
47

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 2


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA 2019.2

1. Sistemas

a. Artificial
- Classificam os organismos de acordo com as conveniências
práticas, portanto, arbitrário, baseando-se em um ou poucos
caracteres
→ Praticidade
→ Classificação rápida e fácil de ser realizada
→ Utilização do mínimo possível de caracteres, objetivos e
de fácil detecção

- Na Grécia antiga, o filósofo Aristóteles classificava os


organismos conforme o ambiente em que eles viviam (aéreos,
terrestres e aquáticos); Santo Agostinho (no século IV)
classificou os animais em úteis, nocivos e indiferentes ao
homem. Foi a partir do Renascimento que os cientistas passaram
a classificar os organismos conforme suas características
intrínsecas, não mais com critérios externos a eles.

b. Natural
- Refletem a situação tal como se crê existir na natureza,
utilizando-se de todos os elementos disponíveis, mas ainda sob a
luz do FIXISMO
→ Fenético. Agrupamento de organismos de acordo com a
sua máxima semelhança global
→ Utilização do maior número possível de caracteres, porém
sem ponderação
c. Filogenético
- Os organismos são classificados de acordo com a sua
sequência evolutiva, refletindo relações genéticas,
possibilitando determinar a priori os antepassados ou os
descendentes de qualquer táxon (quando existem)
48

d. Filogenéticos atuais
- Aproximação de um objetivo
→ Procurando inferir a origem e o relacionamento
evolutivo dos grupos
→ Utilização de caracteres derivados para reconhecimento
de ancestrais comuns
- Mistos (dados naturais e filogenéticos)

- A filogenia é o estudo das relações evolutivas entre os


organismos, isto é, das linhagens (linhas de descendência)
produzidas na história evolucionária desses mesmos
organismos
- A dimensão tempo é indispensável...

2. Adoção de um sistema de classificação

a. Sistema escolhido por grandes herbários que tendem a dominar os


métodos dos grupos subordinados sob a sua influência
b. A influência de FLORAS tipo e de MANUAIS
c. Um sistema particular que pode por si próprio satisfazer as
necessidades do botânico taxonomista

3. Classificações baseadas no hábito de crescimento

a. Theophrastus (371-286 a.C.)

- Hábitos
→ Árvores
→ Arbustos
→ Subarbustos
→ Ervas
- Anuais
- Bianuais
- Perenes
- Inflorescências
→ Centrípetas (Indefinidas)
→ Centrífugas (Definidas)
49

- Diferenças na posição do ovário das flores


- Corolas
→ Polipétalas
→ Gamopétalas
- Descrição de 500 plantas com informações sobre suas aplicações
Medicinais

b. Albertus Magnus (1193-1280)

- Através da estrutura do caule


→ Monocotiledôneas
→ Dicotiledôneas

c. Otto Brunfels (1488-1534)

- Um dos primeiros a descrever e ilustrar plantas conhecidas na


época
- Iniciou realmente o estudo científico de plantas
- Em "Herbarium" (obra por ele publicada) iniciou uma
terminologia científica botânica
- Primeiro a reconhecer
→ Perfecti (plantas com flores)
→ Imperfecti (plantas sem flores)
50

d. Andrea Caesalpino (1519-1603)

- Aplicou a teleologia
→ Aristotélico (conclusões baseadas mais na razão do que
na observação)
→ Conjunto de especulações aplicadas à noção de
finalidade
→ Folhas se formavam com a finalidade de proteger as
gemas, flores e frutos
→ Negou a existência de sexos nas flores
→ Considerou a medula do caule das dicotiledôneas
homóloga à espinha dorsal dos vertebrados
- Critérios
→ Hábito
- Árvores
- Ervas
→ Tipos de frutos e sementes
→ Posição do ovário
- Súpero
- Ínfero
→ Número de lóculos
→ Ausência ou presença de bulbos
→ Sucos (seiva)
- Aquoso
- Leitoso
→ Publicação: "De Plantis"

e. Jean (Johann) Bauhin (1541-1612)


51

- Publicação póstuma: "Historia Plantarum Universali" (3 volumes)


- Primeiro a distinguir nomenclaturalmente espécies e gêneros
- Iniciou a prática de boas diagnoses
- Classificou com base na estrutura e na forma
- Nomenclatura binária
→ Um século antes de LINEU

f. John Ray (1627-1705)

- Reconheceu a importância do embrião na Sistemática


- Reconheceu a presença de 1-2 cotilédones nas sementes
→ Monocotiledôneas
→ Dicotiledôneas
- Manteve a antiga classificação por hábito
- Baseou-se na forma externa das estruturas
- Publicação: "Methodus Plantarum" (18.000 espécies)

g. Joseph Pitton de Tournefort (1656-1708)


52

- Hábito
→ Árvores
→ Ervas
- Presença ou ausência de pétalas
- Flores
→ Simples (Solitárias)
→ Compostas (Inflorescências)
→ Regulares (Actinomorfas)
→ Irregulares (Zigomorfas)
- Deu uma definição à categoria de gênero
→ Menor unidade prática de classificação (e as espécies
como variantes do gênero)
- Nomes genéricos validados: Salix, Populus, Fagus,
Betula, Lathyrus, Acer, Verbena e outros

4. Sistemas artificiais baseados em caracteres numéricos

a. Carolus Linnaeus (Carl von Linné) (1707-1778)

- Sistema sexual (Systema Naturae)


→ 24 classes distintas pelo número de estames e
pela suaposição na flor
→ Classes divididas em ordens baseadas no número
de estiletes do ovário
→ Baseado em relações numéricas dos orgãos
sexuais
53

b. Importância de LINEU
- Ponto de partida (caracteres sexuais: menor plasticidade)
- Caracteres numéricos (quantitativos)
- Qualidade das investigações realizadas
- Publicações: "Species Plantarum" e outras
- Entusiasmo que incutiu nos seus discípulos

5. Sistemas baseados na forma de relações entre as plantas (relações


morfológicas)

a. Michel Adanson (1727-1806)

- Substituiu todas as classificações artificiais pelo sistemanatural


- Descreveu os táxons mais ou menos equivalentes às atuais
ordens e famílias
- Publicação: "Families des Plantes" (2 volumes)

b. Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de


Lamarck (1744-1829)


54

- Publicação: "Flora Française" (sob a forma de uma chave


artificial)
- Lei do Uso e Desuso

c. De Jussieu: Antoine-Laurent (1686-1758), Bernard (1699-1777) e


Joseph (1704-1779): irmãos

- Idealização de um sistema parecido com o de LINEU, mas menos


artificial
- Acotiledôneas, Monocotiledôneas e Dicotiledôneas
- Dicotiledôneas
→ Apetalae
→ Petalae
→ Monopetalae (Gamopétala)
→ Polypetalae (Dialipétala)
→ Diclinae (Unissexuada)
- Importância da posição do ovário, presença e ausência de
pétalas e concrescência entre elas
- A categoria ordem, atualmente é a família

d. De Candolle: Augustin Pyramus (1778-1841), Alphonsus


(1806-1893): filho e Casimir Pyramus (1836-1918): neto


55

- A anatomia e não a fisiologia deveria ser a base de


classificação das plantas
- Publicações: "Theórie Elementaire" e "Prodomus
Systematicis Naturalis Regni Vegetabilis" (17 volumes)

e. Robert Brown (1773-1858)

- Gimnospérmicas distintas das Angiospérmicas


→ Presença de óvulos nus nas primeiras
- Explicou a morfologia floral e a polinização das
Asclepiadaceae
- Demonstrou a natureza do ciátio nas Euphorbiaceae, a
morfologia e provável derivação da flor das Poaceae
(Gramineae) e a morfologia floral das Polygalaceae

f. Stephanus Ladislaus Endlicher (1805 -1849)

- Reino Vegetal
→ Talófitas
→ Cormófitas
- Publicação: "Genera Plantarum" (com 6.835 gêneros)

g. Adolphe-Théodore Brongniart (1801-1876)


56

- Reino Vegetal
→ Phanerogamae
→ Cryptogamae

h. John Lindley (1799-1865)

- Publicações: "The Genera and Species of Orchidaceae",


"Folia Orchidacearum" e outras

i. Georgius Bentham (1800-1884)

- Crítico, analítico, muito observador e profundo latinista


- Publicações: "Genera Plantarum" e "Flora da Austrália"
(7 volumes)
57

j. Sir Joseph Dalton Hooker (1817-1911)

- Mais explorador e fitogeógrafo que BENTHAM


- Descrições completas (baseando-se em reexame do material e
não da bibliografia)

6. Sistemas baseados na filogenia

a. Augustus Guilielmus Eichler (1839-1887)

- Propôs o esboço do primeiro sistema baseado nas relações


genéticas entre as plantas
- Aceitou o conceito de evolução
- Dividiu o Reino Vegetal
→ Phanerogamae
→ Cryptogamae
- Tratou as algas e fungos separados
- Algas
→ Cyanophyceae
→ Chlorophyceae
→ Phaeophyceae
→ Rhodophyceae
- Bryophyta
→ Musci
→ Hepaticae
58

- Pteridophyta
→ Equisetinae
→ Lycopodinae
→ Filicinae
- Phanerogamae
→ Angiospermae
→ Gimnospermae

b. Heinrich Gustav Adolf Engler (1846-1930)

- Dividiu as angiospermas em monocotiledôneas e


dicotiledôneas

→ Persistência da raiz principal (Axial ou


Fasciculada)
→ Nervação da folha (Paralela ou Reticulada)
→ Presença ou ausência de bainha foliar (Folha
invaginante)
→ Número de segmentos do cálice e da corola
(3 ou 5)

- Considerou apenas nas primeiras publicações as


monocotiledôneas mais primitivas do que as dicotiledôneas
- Dividiu as dicotiledôneas
→ Archychlamideae (Aclamídeas, Monoclamídea ou
Diclamídea Dialipétala)
→ Sympetalae ou Methachlamideae (Diclamídea
Gamopétala)
59

- Apesar de "muitos erros" o Sistema de ENGLER foi (ainda é) 58


considerado válido
→ Aplicação para todas as plantas
→ Chaves para determinação de gêneros
→ Amplas diagnoses das famílias
→ Descrição das características mais importantes dos
gêneros
→ Boa ilustração
- Publicação: "Die Natürlichen der Pflanzenfamilien" (10 volumes)
e "Sylabus der Pflanzenfamilien", cuja última volume/edição é de
1964
- Pontos contestáveis
→ Flores diclamídeas derivaram-se de flores monoclamídeas
(Flores diclamídeas mais evoluídas) (?)
→ Flores simples e unissexuais como primitivas
(Flores hermafroditas mais evoluídas) (?)
→ Complexidade estrutural progressiva

c. Richard von Wettstein (1863-1931)

- Publicação: "Handbuch der Systematischen Botanik" (2 volumes)


- Com a inclusão de uma classificação filogenética muito
melhor do que a de ENGLER

d. Charles Edwin Bessey (1845-1915)

- Primeiro a discordar das teorias de Eichler-Engler


- Angiospermas (com base na posição dos cotilédones)
→ Opositifolia
→ Alternifolia

58
Presente ainda em vários LIVROS do Ensico Médio e provas de seleção para ingresso nas Faculdades,
Centros Universitários eUniversidades Públicas e Privadas.
60

- Ideias
→ A evolução tanto pode ser uma progressão como
regressão de caracteres
→ A evolução não abrange todos os órgãos ao mesmo
tempo
→ De um modo geral temos os caracteres mais primitivos e
evoluídos, com relação:
● Ao hábito (porte)
● À estrutura do vegetal
● Às flores, frutos e sementes

e. Hans Theodor Hallier (1908-1982)

- Seguiu muito os princípios filéticos de BESSEY


- Incluiu investigações correntes sobre paleobotânica,
anatomia, serologia e ontogenia

f. Alfred Barton Rendle (1865-1958)

- Publicação: "Classification of Flowering Plants" (2 volumes)


- Participou da direção da "legislação internacional de
nomenclatura botânica"

g. John Hutchinson (1884-1972)

- Duas linhas de evolução


→ Lignosae
→ Herbaceae
- Não considerou as Asterales as mais evoluídas (como a
maioria dos autores)
- Não explicou todas as bases de suas conclusões
- Publicação: "The Families of Flowering Plants" (2 volumes)
61

h. Oswald Tippo (1912-1999)

- Acentuou a importância de caracteres vegetativos (forma,


ramificação e anatomia dos vasos) para conseguir agrupar
naturalmente as categorias superiores
- Considerações:
→ Limites entre Gimnospermas e Angiospermas (?)
→ Limites entre Monocotiledôneas e Dicotiledôneas (?)
→ Pteridófitas não é um grupo homogêneo
→ Classificação verdadeiramente filogenética tem a ver com
um caráter reticulado e não retilíneo

i. Arthur John Cronquist (1919-1992), Armen Leonovich Takhtadjan


(1910-2009) e Walter Max Zimmermann (1892-1980)

- Cronquist, A.; Takhtajan, A.; Zimmermann, W.On the Higher


Taxa of Embryobionta.Taxon, vol.15, n.4, apr./1966,
p.129-134

- Classificaram as cormófitas em 8 (oito) divisões


→ Rynophyta (Psilophyta)
→ Bryophyta
→ Psilotophyta
→ Lycopodiophyta
62

→ Equisetophyta
→ Polyopodiophyta
→ Pinophyta (Gimnospermas)
→ Magnoliophyta (Angiospermas)
- Magnoliophyta
→ Magnoliatae (Dicotiledôneas) ou Magnoliopsida
→ Liliatae (Monocotiledôneas) ou Liliopsida
- Magnoliopsida
→ Magnoliidae
→ Hamamelidae
→ Caryophyllidae
→ Dilleniidae
→ Rosidae
→ Asteridae
- Liliopsida
→ Alismatidae
→ Arecidae
→ Commelinidae
→ Zingiberidae
→ Liliidae
- Consideraram
→ Estrutura do grão de pólen
→ Embrião
→ Número de cromossomos
→ Tubos laticíferos
→ Endosperma
→ Composição química
→ Morfologia dos orgãos reprodutores
63

(1981) (1988)

j. Rolf Dahlgren (1932-1987)

- Sistema representado por uma árvore filética


- Caracteres
64

→ Químicos, Embriológicos, Anatômicos, Citológicos,


Palinológicos
→ Morfológicos

k. Favio González

GONZÁLEZ, F. Monocotiledóneas y dicotiledóneas: un sistema declasificación


que acaba con el siglo. Rev. Acad. Colomb. Cienc. 23 (87): 195-204, 1999.
ISSN 0370-3908.

A sistemática de angiospermas, o grupo mais diversificado de plantas na


terra e dominante, é baseada no reconhecimento de dois grupos.
Monocotiledôneas (ou classe Liliopsida) e dicotiledôneas (ou classe
Magnoliopsida), do ponto de vista prático, as características distintivas
entre estes taxa (táxons) são facilmente observáveis e parecem ser
mutuamente exclusivas, resultando em um sistema de duas classes
opostas entre si e de igual gama taxonômica. Esta divisão tem prevalecido
por mais de dois séculos e tem sido o foco dos sistemas de classificação
mais amplamente aceito durante o século XX, incluindo os de Cronquist
(1981, 1988), Dahlgren (1983), Hutchinson (1959), Takhtajan (1980,
1997) e Thorne (1992). No entanto, as relações filogenéticas e a
diversificação inicial das mono- e dicotiledôneas permanecem
ambíguas.

7. APG (The Angiosperm Phylogeny Group)

a. APG I (1998)
b. APG II (2003)
c. APG III (2009)
d. APG IV (2016)
e. Base de Dados

- Morfologia
- Sequências de rRNA (genes 18S -- 1800bp-e 26S -- 3300bp)
- Sequências de rbcL, matK e ndhF (genes exclusivos das
plantas, presentes no DNA dos cloroplastos)
- Sequências de atpB (responsável pela síntese de ATP)

8. Atividades
65

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 3


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

ESPÉCIE 2019.2

1. Leituras Preliminares

Ciência e Religião

A ciência moderna mostrou que é possível dispensar o primitivo conceito de Deus que
age sobre a natureza como um deus ex-machina 59. Esse fato, no entanto, não faz da
ciência um substituto da religião e nem elimina Deus da problemática humana. Muito
menos o exclui de qualquer preocupação filosófica sobre a origem do cosmo e sobre as
razões da evolução da matéria em direção a complexidades crescentes (evolução
química, evolução biológica, evolução psicossocial).

Ciência e religião, apesar de terem, em suas periferias, algumas áreas imbricantes, atuam
em planos diversos: a primeira deve descrever e interpretar certos fatos do mundo,
enquanto à segunda cabe dar sentido à vida em função de sua dimensão transcendente.
Há uma frase de Ludwig Wittgenstein (1889-1951) que define bem essa diferença,
ainda que seu autor não tivesse a intenção de a ela se reportar: "... mesmo que todas
as possíveis questões científicas fossem (sejam) respondidas, nossos
problemas vitais não teriam sido tocados".

Só pode haver oposição entre ciência e religião se houver uma espúria deturpação de
domínios por parte de pessoas incapazes de reconhecer os verdadeiros limites das
respectivas áreas. São essas pessoas que, de um lado ou de outro, extrapolam do que
se sabe ou se crê saber para opinar sobre o que sua explicação não alcança.

59
Um Deus por meio de uma máquina...
66

Se algum grupo religioso passa a negar teorias científicas com base em interpretações
"religiosas", correntes em seu meio, estará tomando uma indevida posição anticientífica;
se, por outro lado, algum grupo de cientistas, na base do que sabe ou pretende saber,
faz a mesma coisa em relação ao domínio estritamente religioso, estará adotando, da
mesma forma, o posicionamento oposto (anti-religioso), igualmente indevido. Em ambos
os casos, surge uma desnecessária controvérsia.

(...)

A antiga controvérsia entre Criação e evolução decorre de uma falsa dicotomia e


representa uma posição ultrapassada -- a de que se teria de aceitar uma ou outra.
Cientistas religiosos, como Teilhard de Chardin (1885-1955), mostraram que Criação e
evolução não são mutuamente exclusivas e que, pelo contrário, podem ser reunidas ---
como realmente muitos o fazem atualmente -- numa luminosa síntese: a evolução é a
maneira como a Criação se fez no passado, continua a se fazer atualmente e
se projetará no futuro (creatio continua).

FREIRE-MAIA, Newton. A ciência por dentro. Petrópolis: Vozes, 1991.


p. 172-173.

É possível a convivência pacífica entre Ciência e Religião?

O norte-americano Stephen Jay Gould (1941-2002), famoso paleontólogo e divulgador


científico, acreditava que ciência e religião não deveriam ser matérias conflitantes. Em
um de seus últimos trabalhos, o livro PILARES DO TEMPO, o cientista trata do embate
que inquieta pensadores desde o Renascimento. Ele afirma que é possível encontrar um
equilíbrio entre ambas, ao invés de ter que fazer uma opção entre uma e outra. A ciência
deve definir o mundo natural, e a religião, o universo moral. O debate, segundo
o autor, só existe na mente e nas práticas sociais das pessoas, não na lógica ou na
utilidade desses dois assuntos "inteiramente diferentes e igualmente vitais".

Para defender sua ideia, Gould usa um princípio que chama de MNI (magistérios não-
interferentes). Segundo ele, esse conceito permite que ciência e religião coexistam
pacificamente. Para isso, basta que cada uma reconheça seu próprio terreno e que ambas
se respeitem mutuamente. Além disso, a consciência de que respostas às grandes
dúvidas do homem exigem contribuições de ambos os lados geraria debates produtivos
e respeito pelas diferenças. "Sou da mesma opinião de quase todas as pessoas de boa
índole ao desejar ver duas instituições antigas e estimadas coexistindo em paz", diz o
autor.

Para elaborar e explicar o conceito dos MNI, Gould examina a história da ciência e explica
como surgiu a rivalidade já antiga. Descobertas científicas como o universo heliocêntrico
60
de Galileu (que comprovou uma teoria anterior de Copérnico) e, mais tarde, o
evolucionismo de Darwin abalaram o poder político da Igreja Católica ao contradizer
dogmas há muito defendidos por ela (no caso, o universo geocêntrico 61 e o
criacionismo).

60
O sol como centro do universo.
61
A terra como centro do universo.
67

Os católicos reagiram prontamente: GALILEU foi julgado e obrigado a se retratar em


1633, fato que se tornou um dos símbolos primários da 'guerra' entre ciência e religião,
citado quase automaticamente em qualquer discussão sobre o assunto. A teoria de
DARWIN também foi muito atacada e seu ensino nas escolas chegou a ser proibido em
alguns estados mais conservadores dos EUA no início da década de 1920, proibição que
só foi revogada pela Suprema Corte em 1987.

A interpretação literal da Bíblia também ajudou a criar os conflitos entre ciência e religião.
A crença de que um deus criou a Terra para nos abrigar e todas as outras espécies para
nos servir pode ser muito alentadora, embora contrarie consensos científicos que poucos
ousam desafiar. Mas a Bíblia, inspirada em tantas fontes diferentes, não pode ser
entendida como um relato preciso da história humana ou uma descrição perfeita da
natureza, apesar de estar repleta de verdades morais valiosas e incontestáveis.

PILARES DO TEMPO, o livro, é um protesto contra a intransigência e a intolerância de


fundamentalistas, sejam religiosos ou cientistas. A leitura é fácil e agradável para leigos
que se interessem pelo assunto, apesar de algumas frases muito longas que podem
confundir o leitor.

Pilares do Tempo - Ciência e Religião na Plenitude da Vida


Stephen Jay Gould (trad.: F. Rangel). Rio de Janeiro, 2002, Rocco, 188 p.

Comentários de Adriana Melo


Ciência Hoje on-line, 10/01/2003

2. Maior problema para a taxonomia

a. Definir ou delimitar o que é espécie


b. Entidade biológica
c. Categoria (hierárquica) básica

3. Variações conceituais

a. Como unidade estática (Teoria do FIXISMO)


b. Conjunto de indivíduos com caracteres morfológicos privativos,
associados com uma extensão geográfica definida
- Critério morfológico (visão precavida dos taxonomistas
ortodoxos)
c. Clara descontinuidade em suas características e isolamento
reprodutivo imposto por barreiras (inerentes ou não ao
organismo) que
- Impedem seus cruzamentos (e/ou)
- Determinam o fracasso deles
- CONCEPÇÃO DINÂMICA E BIOLÓGICA
d. Uma população ou grupo de populações isoladas reprodutivamente
e. Interfertilidade em condições naturais
68

4. A espécie não pode ser precisada com somente um critério

a. Morfologia (externa)
b. Comportamento reprodutivo
c. Barreiras de isolamento
d. Descontinuidade
e. Região geográfica
f. Amplitude

5. Fatores que contribuem com o isolamento e o determinam

a. Geográfico
- O intercâmbio de genes entre duas populações se reduz
ou é nulo, porque vivem em localidades distintas
b. Ecológico
- As populações podem coexistir localmente, porém em
diferentes ambientes
- Quando as duas espécies ocupam diferentes habitats ou
nichos ecológicos
c. Reprodutivo
- O intercâmbio genético está restringido ou bloqueado por
diferenças nos hábitos reprodutivos ou nas relações de
fertilidade entre os indivíduos que compõem as
populações

6. Barreiras reprodutivas externas

⚫ As barreiras estão fora do corpo do ser vivo e atuam antes da


fecundação (mecanismos de isolamento pré-zigóticos)

- Mecânico
→ Não há correspondência de estrutura entre a flor e
os insetos na polinização, por exemplo
→ Quando a morfologia das flores de uma ou de ambas as
espécies evita a transferência de pólen
→ Quando duas espécies de plantas que diferem na forma
ou coloração das flores tendem a atrair animais
polinizadores distintos
- Temporal
→ Os períodos de floração ou amadurecimento não
coincidem na estação do ano ou hora do dia
→ Quando o período de floração e consequente fertilidade,
ocorre em épocas ou estações diferentes
69

- Gamético
→ As unidades reprodutoras não são atraídas quimicamente
→ Há uma incompatibilidade fisiológica do pólen de uma
espécie com o estigma da outra espécie, onde o tubo
polínico não se forma, ou então, se ocorrer sua formação,
ele cresce muito lentamente e não atinge os óvulos

7. Barreiras reprodutivas internas

⚫ As barreiras estão dentro do indivíduo e operam depois da


fecundação(mecanismos de isolamento pós-zigóticos)
- Aqui há diferença de níveis no que se refere à possibilidade
de vida dos híbridos ou a sua maior ou menor fertilidadefutura
→ Não se originam híbridos (os híbridos não se formam)
→ Os híbridos não são viáveis (inviabilidade dos
híbridos)
→ Os híbridos são viáveis, porém estéreis (esterilidade
dos híbridos)
→ Os híbridos podem ter descendentes, embora
mais fracos (debilidade dos híbridos)

8. Referências Complementares

BARBIERI, Rosa Lia. Evolução dos organismos. Cap.16. In: Freitas, L. B.; Bered, F.
(Orgs.). Genética e Evolução Vegetal. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003, Pp.
277-290.
BARROS, Henrique Lins. Consciência e dogma: a origem do Homo sapiens. Ciência
Hoje, Rio de Janeiro, vol.36, n.215, pp. 32-37, mai./2005.
CRISCI, Jorge. La especie: realidad y conceptos. In: BOUSQUETS, J.L.; LUNA, I.
(comp.). Taxonomía biológica. México: Universidad Nacional Autónoma de
México/Fondo de Cultura Económica, 1994. p.53-64.
SALZANO, Francisco Mauro. Mito, razão e ciência. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, vol.36,
n.215, pp. 28-32, mai./2005.

9. Atividades
70
71

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 4


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

PRINCÍPIOS EVOLUTIVOS E CONSIDERAÇÕES


FILOGENÉTICAS 2019.2

1. Primeiras considerações:

- Eficiência energética (manutenção/otimização de biomassa)


- Eficiência fotossintética
- Eficiência reprodutiva (variabilidade genética)
- A questão da entropia...
- A evolução biológica dos seres vivos processa-se com eficiência
e economia de energia!

- Ideia principal: a evolução não é teleológica, ou seja, as mudanças


evolutivas não ocorrem visando um fim último, um destino
predeterminado por qualquer força que seja; ela simplesmente
ocorre (ou nem isso), isto é, a mudança em si não é uma necessidade
natural, ou seja, uma população pode se manter por um tempo ilimitado
sem mudanças evolutivas

2. Princípios evolutivos em que BESSEY baseou-se para fazer sua classificação


(e que muitos taxonomistas levaram e ainda levam em consideração):

a. A evolução tanto pode ser uma progressão (complexidade) como


uma regressão (simplificação) de caracteres.
b. A evolução não abrange todos os órgãos ao mesmo tempo.
c. De um modo geral, árvores e arbustos são mais primitivos do que
ervas.
d. Árvores e arbustos são mais antigos do que trepadeiras.
e. Ervas perenes são mais antigas que as ervas anuais.
f. Plantas aquáticas (com flores) derivaram-se de ancestrais terrestres.
g. Epífitas, saprófitas e parasitas são mais recentes que plantas de
comportamento normal.
h. Dicotiledôneas (Magnoliopsidas) são mais primitivas que as
monocotiledôneas (Liliopsidas).
i. Folhas simples são mais primitivas que folhas compostas.
j. Flores unissexuadas são mais avançadas que as andróginas
(hermafroditas).
72

k. Plantas dióicas são mais recentes que as monóicas (flores


unissexuadas, masculinas e femininas, no mesmo indivíduo).
l. Disposição espiralada é mais primitiva que a cíclica.
m. Flores solitárias são mais antigas que as inflorescências.
n. Tipos de prefloração derivaram-se de contorcidas a imbricadas e
prefloração valvar é mais avançado.
o. Flores apétalas derivaram-se de petalíferas.
p. Hipoginia (flor com ovário súpero) é mais antiga que periginia e
epiginia (flor com ovário ínfero) é mais avançado.
q. Sincarpia é mais avançado que apocarpia.
r. Gineceu de muitos carpelos precedeu ao de poucos carpelos.
s. Flor actinomorfa é mais primitiva que flor zigomorfa.
t. Sementes com endosperma e embrião pequenos são mais
primitivos que sementes sem endosperma, com embrião desenvolvido.
u. Numerosos estames indicam mais primitividade do que umandroceu
de poucos estames.
v. Anteras livres indicam maior primitividade do que anteras ou
filetes concrescidos.
w. Fruto cápsula precede à baga ou à drupa.
x. Polipetalia (Dialipetalia) é mais antigo do que gamopetalia.

3. Tendências evolutivas

a. Tendência evolutiva de mudanças evolucionárias


→ Mudanças que ocorrem dentro de uma linhagem e têm alguma
direcionalidade
→ Podem incluir padrões evolutivos muito gerais ou específicos de
certos grupos taxonômicos
b. Exemplos de tendências evolutivas em plantas superiores com flores
(Pinophyta e Magnoliophyta)
→ Nutrição fotossintética é mais primitiva do que saprófitas e
parasitas
→ Folhas sempreverdes é mais primitivo do que folhas caducas

- Caatinga: 17 a 10 mil anos atrás [?]


- Amazônia: 40 a 27 mil anos atrás (rio Amazonas e bacia
hidrográfica amazônica, respectivamente) [?]
- Cerrado: 8 a 3 milhões de anos atrás [?]
- Mata Atlântica: 80 milhões de anos atrás [?]

→ Polinização por insetos (por serem muito antigos) é mais


primitivo do que por outros animais, água ou vento.
- Estruturas impermeáveis, ou leves, ou com "design"
para "voar"/"nadar" (ser levado, flutuar) etc.
73

4. Considerações filogenéticas

a. Filogenia
→ História evolutiva de um grupo de organismos
→ Procura conhecer os antecessores das espécies e o
momento em que se originaram (a partir de informações
paleontológicas)
→ Grupos antigos ou modernos (recentes)
b. Evolução
→ Processo geral dos seres vivos
→ Mudanças qualitativas e/ou quantitativas que se
transmitem por herança
→ Nem sempre são viáveis, nem significam progresso
→ Analisa o grau de especialização
→ Grupos primitivos ou avançados (especializados)
- Nem sempre um grupo antigo é primitivo em seus
caracteres
c. Processos evolutivos
→ Essencialmente divergente
→ Variantes
- Paralela (aparição de caracteres similares em linhas
filéticas remotamente aparentadas)
- Convergente (resultados análogos em grupos não
vinculados filogeneticamente)
- Reticulada (em rede)
d. Número de troncos antecessores versus tempo
→ Mono, di ou polifilético (?)
→ Conceito relativo

5. Natureza dos caracteres

a. Caracteres
→ Qualitativo (base genética mais simples)
→ Quantitativo (às vezes Métricos)
→ Fundamentais ou Diagnósticos
b. Bom caráter diagnóstico
→ Constância
→ Curva de variação estreita
→ Baixa sensibilidade às mudanças ambientais

6. Filogenia dos caracteres (Doutrinas)

a. Doutrina das regiões conservativas


→ Certas partes de um organismo são menos susceptíveis
que outras às influências do meio e nestas será mais
provável encontrar caracteres ancestrais
74

b. Doutrina da recapitulação
→ A ontogenia (uma geração) recapitula a filogenia (várias
gerações)
c. Doutrina da teratologia
→ Estruturas que não se ajustam ao plano normal da espécie
deve considerar-se como um retrocesso a uma fase evolutiva
ancestral
d. Doutrina do princípio ou causa comum
→ Os caracteres comuns a todos ou à maior parte dos integrantes
de um grupo sistemático já se manifestaram em seu antecessor
imediato

7. A escala do tempo geológico e os principais eventos evolutivos dos vegetais

MILHÕES DE
ANOS
ERA PERÍODO EVENTOS PRINCIPAIS
(do começo ao
presente)

Domínio
Quaternário 2
das angiospermas
Final do Soerguimento
Terciário do Planalto Central
Cenozóica
Radiação adaptativa das
65
angiospermas (ocupação de
Terciário
diferentes habitats ou nichos
ecológicos)
As angiospermas iniciam sua
Cretáceo 144 diversificação
As gimnospermas se tornam
Mesozóico Jurássico 213
dominantes
Florestas de gimnospermas e
Triássico 248
samambaias arborescentes
Permiano 286 Diversificação das gimnospermas
Extensas florestas de plantas
vasculares, especialmente
Carbonífero 360
licopsídeos, esfenopsídeos e
samambaias
Devoniano 408 Primeiras gimnospermas
Paleozóico
Surgimento de traqueídeos e
Siluriano 438
estômatos
Aparecimento de raízes,
Ordoviciano 505 cutículas e esporos resistentes;
primeiras plantas terrestres
Cambriano 570 Diversificação das algas
75

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 5


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

NOÇÕES DE NOMENCLATURA BOTÂNICA 2019.2

1. Leitura Preliminar

Por que usar Nomes Científicos?

Alguns leigos certamente se perguntam por que não usar apenas os nomes comuns de
animais e plantas em lugar desses nomes científicos complicados e impronunciáveis em
latim. Existem várias razões importantes para usar os nomes científicos. Em primeiro
lugar, poucas pessoas se dão conta da dimensão da diversidade biológica do planeta.
Existem mais de 1,5 milhões de espécies catalogadas pela ciência que já receberam um
nome dentro da classificação formal. Enquanto isso, os maiores dicionários da nossa
língua listam cerca de 500 mil verbetes, e apenas uma pequena fração deles corresponde
a nomes de animais e plantas. Ou seja, não temos nomes comuns para a vasta maioria
das espécies. Outra limitação importante dos nomes comuns é a existência de formas
regionais. Enquanto o nome científico de qualquer organismo é o mesmo em todo o
mundo, os nomes comuns de animais e plantas variam muito entre diferentes regiões do
Brasil, e mais ainda entre países diferentes. É também comum encontrar um mesmo nome
sendo usado para espécies totalmente diferentes em regiões diferentes.

Os nomes comuns, na maioria dos casos, não correspondem às espécies, mas sim a um
conjunto de espécies com características semelhantes. Existem, por exemplo, mais de
(cerca de) [?] (a INDAGAÇÃO é nossa) 50 espécies de "ipês-amarelos"
(paus-d'arcos-amarelos), todas com o mesmo nome comum. No caso de insetos,
nosso repertório de nomes é muito pobre e a maioria corresponde a ordens ou famílias,
algumas contendo milhares de espécies. Besouros da família Curculionidae, por exemplo,
que contém mais de 50 mil espécies conhecidas são todas chamadas de gorgulhos ou
bicudos. Existem também grandes grupos para os quais não existe nenhum nome comum
em português. É o caso, por exemplo, dos vermes do Filo Acanthocephala, que são
parasitas de vertebrados.

A classificação biológica atual deriva do sistema desenvolvido pelo botânico sueco Carl
Liné, mais conhecido pelo nome latinizado Linnaeus. É um sistema hierárquico inclusivo,
em que as espécies são agrupadas em gêneros, os gêneros em famílias, as famílias em
ordens, as ordens em classes, as classes em filos e os filos em reinos. Além dos nomes
das espécies, todos esses outros grupos recebem nomes científicos latinizados. O nome
da espécie é formado pela combinaçãodo nome do gênero com o nome específico (ou
epíteto específico). Por exemplo, a mosca doméstica, espécie batizada por Linnaeus, está
76

incluída no Reino Animal, Filo Arthropoda, Classe Insecta, Ordem Diptera, Família
Muscidae, gênero Musca, e espécie Musca domestica. Por convenção, os nomes de
gêneros e espécies são sempre destacados do texto, seja sublinhado, em negrito ou em
itálico.

CONSTANTINO, Reginaldo. (2003). Por que usar nomes científicos?


In: RAMBALDI, D.M.; OLIVEIRA, D.A.S. (orgs.). Fragmentação de ecossistemas:
causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas.
Brasília: MMA/SBF. p. 22.
77

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


78

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


79

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


80

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


81

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


82

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


83

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


84

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


85

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


86

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


87

Árvores do Brasil (Lorenzi) (uma página)


88

2. Introdução

a. A partir de LINEU
- Dois nomes (binômio) (?...)
- Origem grega ou latina
- Em geral relacionado com certas características do
organismo
→ País ou região que vive (Terminalia brasiliensis,
Lonchocarpus araripensis)
→ Aplicação (Stenocalyx dysentericus) (= Eugenia
dysenterica)

→ Nome do colecionador ou pesquisador como


homenagem (Bauhinia rufa, Calliandra
fernandesii)
→ Nome vulgar (Talisia angustifolia)
→ Qualidade (Qualea parviflora)
b. Nomes vernaculares ou vulgares
- Dificuldades
→ Raramente tem aplicação ampla
- Pau Terra pode significar várias espécies de
Qualea (Qualea spp)
→ Um mesmo nome para espécies diferentes
- Pau Pombo [(Tachigali rubiginosa)
(= Sclerolobium paniculatum var.
rubiginosum)] e Tapirira guianensis
→ Mais de um nome para a mesma espécie
- Pau D’Álho do Campo e Pau Marfim
(Agonandra brasiliensis)
89

→ Nome transferido de uma planta, geralmente por


falta de cuidado e/ou má observação (prática dos
primeiros espanhóis que descobriram e exploraram
algumas regiões da América Latina)
- Cedro na Europa/Estados Unidos designa
CONÍFERA (Pinophyta) e, na Argentina e países
vizinhos, inclusive o Brasil, uma MELIACEAE
(Magnoliopsida) do gênero Cedrela

Pinophyta (Pinopsida), CUPRESSACEAE, Calocedrus decurrens Torrey ou


Magnoliophyta (Magnoliopsida), MELIACEAE, Cedrela odorata L.

→ Respeito pelo nome vulgar (cultura)


→ Valorização da formação profissional
c. Latim
- Caráter de internacionalidade
→ A questão americana...
- Superação de barreiras geográficas e idiomáticas
- Língua morta
- Caráter elitista
90

ANTES, ERA NECESSÁRIO QUE UMA VERSÃO IMPRESSA DA


REVISTA OFICIALIZASSE A DESCOBERTA

Agora, já é possível registrar novas espécies de algas, fungos e plantas apenas


por meios científicos eletrônicos. Porém, mesmo com a flexibilização nas
regras, os textos deverão estar em formato de documento portátil (PDF) para
serem aceitos.

"As mudanças aceleram a publicação de novas plantas", afirma o pesquisador,


citando ainda vantagens financeiras que as novas regras trazem.

"Uma publicação em papel custa caro, aqui no Brasil, por exemplo, tiragens de
até mil exemplares podiam custar até R$ 18 mil". Mais uma vantagem seria o
maior acesso às novidades científicas por parte de profissionais que trabalham
com a classificação de espécies em todo o mundo -- os taxonomistas.

"O Código tem mais de cem anos. Por muito tempo, as regras permaneceram
estáveis. Mas a gente precisava incorporar as novas tecnologias. O problema é
que botânicos são extremamente conservadores nesse aspecto."

Jefferson Prado, pesquisador do Instituto de Botânica da USP e um dos participantes


da mudança no Código Internacional de Nomenclatura de Algas, Fungos e Plantas
Reportagem: Mário Barra (G1, São Paulo).

d. Problemas
- Uma espécie com ampla distribuição geográfica e com uma
variação fenotípica notável pode ser descrita e nomeada várias
vezes
→ Bibliografia incompleta (!)
→ Pesquisadores que trabalham simultaneamente e se
ignoram uns aos outros (principalmente, no passado... e
somente no passado)
→ SINÔNIMOS
→ Qual o nome correto (?)
- Aplicação de um mesmo nome para organismos diferentes
→ HOMÔNIMOS
→ Quem resolve e elimina estas confusões (?)
e. Nomenclatura
- Estabelecimento de um nome científico para que uma dada
planta (ou um táxon) seja efetivamente designada(o)
- Ortografia dos nomes
- Validade das publicações
- Denominação dos híbridos (Agrotaxonomia)
- O respeito das disposições sobre nomenclatura é
essencial para manter uma ordem e uniformidade, porém
este respeito não deve ser levado a extremos de obediência
91

→ As disposicões são nomenclaturais e não


biológicas
- Alguns sistematas se ocupam somente de problemas
vinculados com a tipificação, prioridade, legitimidade
(trabalham com nomes e não com seres vivos)
- Nomenclatura
→ Meio convencional de unificação de linguagem e
comunicação, portanto, não uma meta em si

3. Início da nomenclatura organizada

a. Nomes polinomiais
- Várias palavras em série constituindo uma descrição mais
ou menos concisa
- Exemplo: Dianthus floribus solitariis, squamis calycinis
subovatisbrevissimis, corollis crenatis
(= Dianthus caryophyllus)
- Exemplo: Nepeta floribus interrupte spicates pedunculatis
(= Nepeta cataria)
- Exemplo: Carlina acule inifloro florae breviore
(= Carlina acaulis)
b. Início das regras de nomenclatura
- Fundamenta Botanica (Linnaeus, 1735), Critica
Botanica (Linnaeus, 1737), PhilosophiaBotanica (Linnaeus, 1751)
e Species Plantarum (Linnaeus, 1753), respectivamente
- Théorie Élémentaire (Augustin de Candolle, 1813)
- Lois de la Nomenclature Botanique (Alphonse de
- Candolle, 1867)
- Nomenclator Botanicus (Steudel, 1821, 1840)
→ Precursor do atual Index Kewensis
c. Códigos de nomenclatura
- Código de Paris (1867)
- Código de Rochester (1892)
→ Clube de Botânica da Associação Americana para o
Progresso das Ciências
- 1º Congresso Internacional de Botânica (Paris, 1900)
- Código de Viena (1905)
→ 2º Congresso Internacional de Botânica
→ Após a Convenção de Paris (1900) na qual se fez
planos de estudo profundo de todos os problemas
de nomenclatura e se fizeram esforços para que os
membros votantes fossem representativos da
importância da botânica em escala internacional
- Código Americano (1907)
→ Revisão do Código de Rochester
92

- 3º Congresso Internacional de Botânica (Bruxelas, 1910)


- Código com base no Tipo feito pela Comissão de Nomenclatura
da Sociedade Botânica da América (1918)
- Regras Internacionais de Nomenclatura Botânica
- 4º Congresso Internacional de Botânica (Ithaca, 1926)
- 5º Congresso Internacional de Botânica (Cambridge, 1930)
- 6º (Amsterdam, 1935), 7º (Estocolmo, 1950), 8º (Paris, 1954), 9º
(Montreal, 1959), 10º (Edinburgh, 1964), 11º (Seattle, 1969), 12º
(Leningrado, 1975), 13º (Sydney, 1978), 14º (Berlin, 1987), 15º (Tokyo,
1993) e o último do século passado: 16º Congresso Internacional
de Botânica (Saint Louis, 1 a 7/8/1999)
- 17º Congresso Internacional de Botânica (Viena, 2005): primeiro
do século XXI.
- 18º Congresso Internacional de Botânica (Melbourne, Austrália,
2011): 24 a 30/7/2011.
- 19° Congresso Internacional de Botânica (Shenzhen, Província de
Guangdong, China): 23 a 29/7/2017.

- 20° Congresso Internacional de Botânica (Rio de Janeiro, Brasil):


2023.

4. Princípios de nomenclatura botânica

a. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica


e da bacteriológica
b. A aplicação dos nomes para os grupos taxonômicos é determinada pelo
método dos tipos nomenclaturais
c. Cada grupo taxonômico de delimitação, posição e categoria
particulares não pode ter mais de um nome correto e que é o mais
antigo que estiver de acordo com as REGRAS, com exceção dos casos
especificados
d. A nomenclatura de um grupo taxonômico está baseada na
prioridade de publicação
e. Os nomes científicos dos grupos taxonômicos são tratados como
latinos, qualquer que seja sua etimologia
f. As Regras de Nomenclatura tem efeito retroativo, salvo indicação
contrária
93

5. Organização

a. Regras
- Ordena a nomenclatura do passado e previne com relação ao
futuro
- Tem seus preceitos expressos em artigos
- Nomes contrários a uma REGRA não podem manter-se
b. Recomendações
- Trata de assuntos subsidiários
- Dá maior clareza e uniformidade à nomenclatura,
prevenindo contra futuros inconvenientes ou impropriedades
- Nomes contrários a uma RECOMENDAÇÃO não podem, por
este motivo, ser rejeitados, mas não constituem
exemplos a seguir
c. Notas
- Explicações relacionadas com os artigos em que se incluem
d. Exemplos
- Ilustrativos tanto para as REGRAS como para as
RECOMENDAÇÕES
e. Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e
Plantas: 2012 (Melbourne Code)
- http://www.iapt-taxon.org/nomen/main.php
f. International Code of Nomenclature for Cultivated Plants: 2009

6. Atividades
94
95

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 6


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

NOMENCLATURA BOTÂNICA: ALGUMAS REGRAS,


RECOMENDAÇÕES E PRONÚNCIA 2019.2

1. O método dos tipos nomenclaturais

a. Tipificação
- Tipo (Typus)
→ Espécime de planta conservada em herbário e base da
descrição e ilustração original de uma espécie ou de
entidades inferiores a ela
→ As espécies não tem tipo, os nomes, sim
→ Uma espécie tem por tipo um indivíduo, um gênero tem
por tipo uma espécie-tipo, uma família tem por tipo
um gênero-tipo...
→ A idéia é sempre nomenclatural e nunca biológica
→ TIPO versus LINEU
→ Método dos Tipos Nomenclaturais
b. Holotypus
- Espécime ou outro elemento utilizado pelo autor ou por ele
designado, como tipo nomenclatural, e mencionado por ele na
descrição original
c. Paratypus
- Qualquer exemplar citado ao lado do holotypus em uma
descrição original, mas que não seja da mesma SÉRIE62 dele
d. Isotypus
- Uma duplicata do holotypus, portanto, da mesma SÉRIE dele
e. Syntypus
- Qualquer exemplar citado originalmente pelo autor, na
hipótese de não ser designado o holotypus ou, ainda,
qualquer um dos vários exemplares (espécimes) citados
simultaneamente como typus

62
Coletas de outro autor/coletor.
96

f. Lectotypus
- Um syntypus escolhido como holotypus, quando o autor
deixou de mencioná-lo, ou um isotypus, ou um paratypus,
quando o holotytpus se perdeu ou foi destruído
- Se for um isotypus, pertence à mesma SÉRIE do holotypus
- Se for um paratypus, não pertence à mesma SÉRIE do
holotypus
g. Isolectotypus
- Duplicata do lectotypus...
h. Neotypus
- Um espécime escolhido para servir como tipo nomenclatural
de um táxon na falta de todo o material de origem
- Quando até o syntypus deixou de existir
- Resultado de uma nova coleta botânica de um material
pertencente ao mesmo táxon
i. Isoneotypus
- Duplicata do neotypus...
j. Cotypus
- Segundo espécime da mesma planta, a partir da qual foi
obtido o holotypus
k. Topotypus
- Espécime colhido na mesma localidade do holotypus
l. Fototypus
- Foto do holotypus
m. Epitypus
- Espécime ou ilustração selecionado para servir de tipo
quando nenhum dos tipos designados anteriormente
servir para identificar o nome da espécie, geralmente
devido à ambiguidade do material
n. Isoepitypus
- Duplicata do epitypus...

2. Outras considerações sobre nomenclatura botânica

a. Terminações (Categorias Taxonômicas)


- Reino: -ae (Plantae)
- Subreino: -bionta
- Divisão: -phyta
- Subdivisão: -phytina
- Classe: -opsida
- Subclasse: -idae
- Ordem: -ales
- Família: -aceae
97

- Exceção para 8 (oito) nomes de famílias:

→ Palmae (Arecaceae)
→ Gramineae (Poaceae)
→ Cruciferae (Brassicaceae)
→ Leguminosae (Fabaceae)
→ Guttiferae (Clusiaceae)
→ Umbelliferae (Amniaceae)
→ Labiatae (Lamiaceae)
→ Compositae (Asteraceae)

- Subfamília: -oideae
- Tribo: -eae
- Subtribo: -inae

b. Terminações (Designação de gênero da palavra) (Para os nomes


genéricos)
- Masculina: -us, -er, -is
- Feminina: -a, -ra, -is, -ris
- Neutra: -um, -rum, -e, -re
- Exemplos:

Variações
Masculino alb-us nig-er brev-is ac-er
Feminino alb-a nig-ra brev-is ac-ris
Neutro alb-um nig-rum brev-e ac-re

- Cada nome específico deve estar no mesmo gênero gramatical


(masculino, feminino ou neutro) do nome genérico,
principalmente se se trata de um adjetivo (epíteto)
- Exemplos: Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium
hirsutum

c. Abreviações
- Planta com determinação botânica até o nível de
gênero: sp. (Plural: spp.)
- Subespécie: subsp. ou ssp.
- Variedade: var.
→ Brassica oleracea var. capithata
- Forma: f.
→ Ipomoea batatas f. alba
98

- Cultivar: cv.
→ Zea mays cv. Piranão
→ Phaseolus vulgaris cv. Rosinha
→ Ananas comosus 'Pérola' (abacaxi-pérola)
- Conferir ("confer"): cf.
- Afim ("affinis"): aff.
- Espécie nova: sp. nov.
- Nova combinação: comb. nov.
- E (o artigo "e"): et

3. Gênero ou nome genérico

a. Características
- Substantivo ou palavra substantivada no singular
- Escrito com inicial maiúscula
- Grifado (negrito, itálico ou sublinhado)
- Os nomes dos gêneros dados em homenagem a pessoas, sofrem
no seu radical um acréscimo de a ou ia, tornando-se femininos
b. Alguns exemplos
- Caesalpinia
- Bauhinia
- Aylthonia

4. Nome específico ou epíteto específico

a. Características
- Substantivo ou adjetivo
- Escrito todo com letras minúsculas
- Grifado (negrito, itálico ou sublinhado)
- Se for formado por duas palavras, escreve-se unidas ou
com um hífen, como palavra composta
→ Ipomoea pes-caprae (L.) R. Brown
- Os nomes específicos dados em homenagem a uma pessoa,
sofrem no seu radical um acréscimo de ii (masculino) ou iae
(feminino), se termina em consoante. Se a terminação for er, o
acréscimo é somente de i ou ae. Se termina em vogal,
acrescenta-se i (masculino) ou ae (feminino). Quando termina
com a, acrescenta-se apenas e
b. Alguns exemplos
- Calliandra fernandesii
- Berberis marie-wilsoniae
- Stilpnopappus laiseae
- Vernonia grazielae
99

5. Requisitos básicos para a nomeação de uma espécie

a. As espécies devem ser nomeadas em formato binominal, em latim ou


latinizado e não deve duplicar outro nome que já exista
b. A categoria do nome deve ser claramente indicada
c. Um espécime-tipo deve ser designado
d. A espécie deve ser descrita em latim ou em outra língua e
acompanhada de uma breve diagnose em latim, no entanto, a partir
do Código de Melbourne (2012), o inglês pode ser usado em
substituição ao latim!
e. Epítetos descritivos:
- Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus (amarelo),
niger, virens (estar verde),viridis (de cor verde)
- Relacionados com a orientação: australis (do sul), borealis
(do norte), meridionalis (do sul),orientalis (do oriente)
- Relacionados com a geografia: africanus, alpinus, alpestris,
hispanicus, ibericus, cordubensis (cidade: Córduba)
- Relacionados com o hábito: arborescens, caespitosus(que
forma touceiras), procumbens
- Relacionados com o habitat: arvensis (dos campos cultivados),
campestris, lacustres
- Relacionados com as estações: automnalis, vernalis
- Relacionados com o tamanho: exiguus, minor, major,
robustus

6. Observações importantes

Quem escolhe o nome científico de um novo organismo são os pesquisadores que


o descrevem formalmente, em livros ou revistas especializadas, após concluírem
que ele tem características que o diferem das demais espécies conhecidas. Mas
os nomes científicos precisam seguir normas dos códigos internacionais de
nomenclatura (CIN).

Atualmente, existem cinco códigos, cada um com suas peculiaridades. Eles se


destinam à nomenclatura de: (1) bactérias; (2) animais e protozoários; (3) algas,
fungos e plantas; (4) plantas cultivadas; e (5) vírus. Os três primeiros seguem a
chamada "nomenclatura binominal", ou seja, aquela formada por dois nomes:
primeiro, o gênero (escrito com inicial maiúscula) e, depois, o nome específico
ou epíteto especifico (escrito apenas com letras minúsculas). Por exemplo:
Cyanopsitta spixii (ararinha-azul), Theobroma grandiflorum (cupuaçu) e
Escherichia coli (bactéria do trato intestinal).

Eventualmente, pode ser aplicado um trinome (trinômio) para indicar


subespécies, principalmente na "zoologia" (o ACRÉSCIMO é nosso) como em
Diceros bicomis minor e Diceros bicomis occidentalis, duas subespécies
de rinoceronte-negro. Na "botânica" é necessário acrescentar "ssp.", ou "var.",
100

entre o nome/adjetivo "específico" e o nome/adjetivo "subespecífico", ou


"varietal" (o ACRÉSCIMO é nosso).

No caso das plantas cultivadas, a regra básica é adicionar o nome do cultivar


entre aspas simples após o nome científico da espécie, como em Ananas
comosus 'Pérola', nome do abacaxi-pérola. Repare que os nomes científicos de
gêneros, espécies e subespécies devem sempre ser escritos em destaque, seja
em itálico (forma mais comum), negrito, ou sublinhado.

A nomenclatura dos vírus é bem diferente. Por exemplo, todo gênero deve conter
o sufixo '-virus', como em Flavivirus, gênero dos vírus da febre-amarela e dengue.
Porém, o nome científico da espécie é completamente diferente e faz referência
à doença causada devendo estar em inglês e itálico. Assim, o nome científico do
vírus da febre-amarela é Yellow fever virus e o da dengue é Dengue virus.

Tradicionalmente, os nomes científicos têm origem em palavras do Latim (como


Canis) ou do grego (como Mycobacterium), mas podem ser usadas palavras
de qualquer língua. As indígenas são bastante adotadas, como Manihot (gênero
da mandioca). Também se usam combinações arbitrárias de letras (como o
gênero de caramujos Zyzzyxdonta), desde que sejam usadas apenas as letras
do alfabeto latino básico, sem acentuação gráfica (til, acentos, cedilha etc).

O nome científico pode fazer referência a alguma característica morfológica do


organismo ou à sua procedência. Pode também se basear em alguma divindade
ou criatura mitológica, prestar homenagem a alguém (geralmente, a outro
pesquisador ou a um familiar do descobridor), ou simplesmente não ter
significado algum.

Recentemente, tem sido comum dar nomes em homenagem a personalidades


(reais ou da ficção), o que atrai a atenção da mídia e do público em geral. Essa
prática recebe críticas de alguns pesquisadores mais 'puristas', mas
inegavelmente tem a vantagem de colocar a taxonomia sob holofotes e, quiçá,
despertar o interesse de jovens pela profissão.

7. Algumas regras

a. O táxon (plural: táxons ou taxa) designa qualquer entidade ou grupo


taxonômico
- Conceito concreto versus conceito abstrato
b. Cada grupo taxonômico não pode ter mais de um nome correto,
correspondendo este ao mais antigo que esteja de acordo com as
regras, com exceção dos casos especificamente consignados
101

c. Nomina generica conservanda


- Certos nomes, não os mais antigos, aplicados a alguns gêneros,
são conservados em relação aos mais antigos, em virtude de
estes últimos terem sido usados habitualmente durante muito
tempo. O nome rejeitado designa-se por nomen rejiciendum.
Entra na listagem quando o “nomina generica conservanda” não
for sinônimo de um mais antigo
d. A regra de prioridade não é obrigatória para nomes de táxons de
categoria superior à da família
e. Nomes dos táxons de categoria inferior à da espécie
- Nomes ternários ou trinômios
- Nomes quaternários ou quadrinômios
- Subespécie, variedade e forma típicas
f. Nomes das plantas de origem hortícola
- As plantas cultivadas a partir das plantas silvestres e que não
difiram fundamentalmente das plantas originais têm os mesmos
nomes aplicados às mesmas espécies e subdivisões das espécies
espontâneas
- As plantas obtidas em culturas por hibridação, mutação, ou
por outros processos, tendentes a estabelecer diferenças
notórias em relação aos progenitores, recebem epítetos, de
preferência, em linguagem vulgar (epítetos diversos), muito
diferentes dos epítetos latinos das espécies ou das variedades
- Aparecerão, em um apêndice à parte das regras,
regulamentações pormenorizadas acerca da nomenclatura das
plantas cultivadas
g. O depósito de manuscritos em bibliotecas, de microfilmes ou de
reproduções semelhantes não constitui publicação
h. Um nome validamente publicado é aquele que tiver sido
efetivamente publicado (por distribuição, venda, troca de material
impresso) e acompanhado por uma descrição do táxon ou por uma
referência direta ou indireta a uma descrição prévia e efetivamente
publicada. Enquanto a publicação efetiva de um nome diz respeito à
mecânica de sua distribuição, a publicação válida diz respeito tanto à
distribuição do nome como à preparação do texto anterior à distribuição
- A data de um nome ou de um epíteto é a da sua publicação
válida
- Para questões de prioridade apenas são considerados os
nomes legítimos e os epítetos publicados em combinações
legítimas
i. Para que a indicação de um nome unitário (LILIACEAE Adanson, Lilium
L.), binário (Lilium superbum L.) ou ternário (Cassia tetraphylla var
saxatilis Armsh.) de um grupo possa ser precisa e completa e que a
102

data possa ser facilmente verificada, é necessário citar o autor que


primeiro publicou o nome em questão
- O nome do autor não faz parte do nome da planta. Para os
distinguir imprime-se o nome da planta de modo grifado (em
DESTAQUE: sublinhado, negrito, itálico, por exemplo).
- O nome de uma variedade ou de outra divisão da espécie tem de
ser considerado da mesma maneira que o epíteto de uma
espécie

j. Quando um nome tiver sido proposto, mas não publicado, e for


validamente publicado por um autor e a ele atribuído por outro que
forneceu a descrição, o nome do último autor tem de estar junto à
citação pelo elemento de ligação ex. O segundo autor é o "autor" da
espécie, (porque o primeiro é o autor apenas do nome)
- Capparis lasiantha R.Br. ex DC.
- Capparis lasiantha DC.
- Outro caso de dupla citação
→ O autor publicou validamente o nome de uma espécie em
um trabalho ou publicação de outro autor. Somente
o primeiro autor é o "autor" da espécie. O segundo
autor é apenas o autor da publicação
- Abrus precatorius White in Green
- Abrus precatorius White

k. Quando um gênero ou um táxon de categoria inferior muda de


categoria, mas conserva o seu nome ou o seu epíteto, tem de citar-se
entre parêntesis o nome do autor que primeiro usou o nome
legitimamente, seguido do nome do autor que efetuou a mudança de
categoria
- Cypripedium pubescens Wild.
- Cypripedium calceolus var. pubescens (Wild.) Correll.
- O uso do "parêntese" é mais frequente quando uma espécie é
transferida de um gênero para outro, fazendo-se uma nova
combinação
→ Sweetia dasycarpa Benth.
→ Acosmium dasycarpum (Benth.) Yaklovev
→ Cassia rugosa Don
→ Senna rugosa (Don) H.S. Irwin & Barneby
103

l. O nome de um táxon é ilegítimo e tem de ser rejeitado se é um


homônimo posterior, mesmo que o homônimo anterior (mais
antigo) seja ilegítimo
- Homônimo
→ Uso do mesmo nome para duas espécies diferentes

m. Um nome é ilegítimo e deve ser rejeitado se, devido a sua utilização por
diferentes processos, se torna uma fonte de confusão ou de erro
n. Os epítetos específicos não podem ser iguais ao nome genérico
- Tautônimo
- Pterodon pterodon Benth.
- Martiodendron martiodendron Mart. ex Benth.

o. Quando um nome entra em sinonímia, significa que ele deva ser


deixado fora de uso
- Vulpia ciliata ssp. ambigua (Le Gall) Stace & Auquier
→ Syn.: Festuca ambigua Le Gall
→ Basiônimo
- Anacardium occidentale L.
→ Syn.: Anacardium microcarpum Ducke
Anacardium occidentale L. (= Anacardium
microcarpum Ducke)
- Myracrodruon urundeuva Allemão
→ Syn.: Astronium urundeuva (Allemão) Engl.
Myracrodruon urundeuva Allemão (= Astronium
urundeuva (Allemão) Engl.
→ Syn.: Astronium gardneri Mattick

p. Híbridos entre espécies do mesmo gênero


- Citando os progenitores
→ Calystegia sepium x Calystegia silvatica
- Citando-se só o híbrido
→ Calystegia x lucana
104

8. Duas recomendações

a. Os nomes dos autores a seguir aos nomes das plantas são abreviados, a
menos que sejam muito curtos. Nomes de uma só sílaba não são
abreviados. Nomes de mais de uma silaba, quando abreviados, devem,
no mínimo, ser interrompidos antes da vogal inicial da segunda
sílaba
- Para algumas autoridades existem abreviações especiais
→ Bth. (Benth., Benthan)
→ T&G (Torrey & Gray)
→ L. (Linn., Linnaeus)
→ DC. (de Candole)
→ Hook. f. (Hooker "filius")

b. Todos os nomes específicos (epítetos específicos) devem ser escritos


com letra minúscula, embora os autores que desejem utilizar letra inicial
maiúscula para nomes particulares ou epítetos o possam fazer
quando derivem diretamente de nomes de pessoas, ou sejam
vernáculos, ou sejam genéricos não modificados, previamente
publicados
- NÃO É EXEMPLO A SEGUIR
- Cenostigma Gardnerianum Tul.
→ Cenostigma gardnerianum Tul.
- Aeschynomene Monteiroi A.Fern. & Bezerra
→ Aeschynomene monteiroi A.Fern. & Bezerra

9. Pronúncia

Não existe um latim científico. Existe um latim usado na nomenclatura


científica. E para este o recomendado é a pronúncia restaurada (clássico), salvo
algumas exceções.

a. As palavras latinas tem um acento na penúltima ou na antepenúltima


sílaba. A sílaba que indica onde o acento deve cair é a penúltima
- Não existem nomes "oxítonos"

- Se sobre ela há o sinal "u", a acentuação cai na sílaba anterior


(antepenúltima) e se sobre ela há o sinal "-", a acentuação cai
nela mesma

b. Os nomes unitários, binários e terciários tem acentuação tônica (acento


tônico) e não acentuação gráfica (acento gráfico: til, acentos agudo
e grave, circunflexo, cedilha etc.)
105

c. O c antes de vogal dura (a, o, u, au) e de consoantes soa como K, e


diante de vogais brandas (ae, e, i, y) soa como S ou X
- Copaifera sp., Nectandra sp.
- Caesalpinia sp.
d. O ch diante de vogal dura, ou de consoante, soa como K, e diante de
vogal branda, como "ch"
- Lonchocarpus sp. (?)
- Chenopodium sp.
e. Sch tem som de "x" (xarope) ou é pronunciado separadamente (s-ch)
- Aeschynomene sp.
f. Aee oe tem som de e ("æ", e "alongado")
g. Geralmente o "t" tem som de "c" quando está depois de consoante
- Martiodendron sp.
h. Ph tem som de "f"
- Phaseolus sp.
i. Ausência do latim versus botânicos taxonomistas importantes
- Duguetia sp. (?)
- Manihot sp. (?)

9. Atividades
106
107

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO TEÓRICO Nº 7


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

FAMÍLIAS BOTÂNICAS: CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS 63 2019.2

63
Extraído principalmente de: JOLY, A. B. Botânica; introdução à taxonomia vegetal. 4. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1977. 777 p.
108

MALVACEAE
109

TURNERACEAE
110

BIGNONIACEAE
111

EUPHORBIACEAE
112

EUPHORBIACEAE
113

FABACEAE ou LEGUMINOSAE MIMOSOIDEAE


114

FABACEAE ou LEGUMINOSAE MIMOSOIDEAE


115

FABACEAE ou LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAE


116

FABACEAE ou LEGUMINOSAE PAPILIONOIDEAE


117

ASCLEPIADACEAE (APOCYNACEAE)
118

ANACARDIACEAE
119

ANACARDIACEAE
120

CAPPARACEAE (CAPPARIDACEAE)
121

CARICACEAE
122

CARICACEAE
123

COMBRETACEAE
124

CONVOLVULACEAE
125

APOCYNACEAE
126

BORAGINACEAE
127

ASTERACEAE (COMPOSITAE)
128

CUCURBITACEAE
129

LECYTHIDACEAE
130

LYTHRACEAE
131

NYCTAGINACEAE
132

MYRTACEAE
133

POLYGONACEAE
134

VERBENACEAE
135

ANNONACEAE
136

BOMBACACEAE (MALVACEAE)
137

LAMIACEAE (LABIATAE)
138

MALPIGHIACEAE
139

PASSIFLORACEAE
140

RUBIACEAE
141

RUBIACEAE
142

SOLANACEAE
143

STERCULIACEAE (MALVACEAE)
144
145

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 1


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

FAMÍLIAS BOTÂNICAS: CATÁLOGO 64 2019.2

Planta 1 Planta 2
 

OBSERVAÇÕES

64
Sensu CRONQUIST (1988).
146

Continuação.

Planta 3 Planta 4
 

Planta 5 Planta 6
 

Planta 7 Planta 8
 
147

Continuação.

Planta 9 Planta 10
 

Planta 11 Planta 12
 

Planta 13 Planta 14
 
148

Continuação.

Planta 15 Planta 16
 

Planta 17 Planta 18
 

Planta 19 Planta 20
 
149

Continuação.

Planta 21 Planta 22
 

Planta 23 Planta 24
 

Planta 25 Planta 26
 
150

Continuação.

Planta 27 Planta 28
 

Planta 29 Planta 30
 

Planta 31 Planta 32
 
151

Continuação.

Planta 33 Planta 34
 

Planta 35 Planta 36
 

Planta 37 Planta 38
 
152

Continuação.

Planta 39 Planta 40
 

Planta 41 Planta 42
 

Planta 43 Planta 44
 
153

Conclusão.

Planta 45 Planta 46
 

Planta 47 Planta 48
 

Planta 49 Planta 50
 
154
155

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 2


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

MORFOLOGIA E EXAME DE MATERIAL BOTÂNICO 65


2019.2

NOME DOS ALUNOS ____________________________________________


___________________________________________________________
___________________________________________________________
DATA __________________________________ GRUPO ______________

1. Descrição geral do exemplar

a. Raiz ______________________________________________________________
b. Caule (consistência e ramificação) _____________________________________
c. Caule (tipo predominante: localização no meio ambiente) ___________________
_________________________________________________________________
d. Hábito de crescimento _______________________________________________
e. Folha (tipo) ________________________________________________________
f. Folha (consistência) _________________________________________________
g. Folha (forma do limbo) 66 _____________________________________________
h. Filotaxia ___________________________________________________________
i. Outros ____________________________________________________________

2. Descrição geral do botão, flor e fruto

a. Prefloração (no botão, ou na flor) ______________________________________


b. Presença de verticilos ________________________________________________
c. Distinção de verticilos (se for o caso) ___________________________________
d. Tipo de simetria ____________________________________________________
e. Tipo de fruto (quando houver) _________________________________________
f. Outros ____________________________________________________________
g. Detalhe(s) que chama(m) atenção _____________________________________

65
Para entregar ao Professor/Monitor ao final de cada aula prática de MORFOLOGIA e EXAME DE
MATERIAL BOTÂNICO.
66
Chaves para Classificação da Morfologia Básica das Folhas Simples e dos Folíolos de Algumas
Folhas Compostas. (pág. 157-158).
156

3. Descrição do cálice (quando presente)

a. Número e cor ______________________________________________________


b. Disposição (das sépalas) _____________________________________________
c. Outros ___________________________________________________________

4. Descrição da corola (quando presente)

a. Número e cor ______________________________________________________


b. Disposição (das pétalas) _____________________________________________
c. Outros ___________________________________________________________

5. Descrição do androceu

a. Número e disposição (unidos ou separados) dos estames __________________


_________________________________________________________________
b. Inserção e deiscência das anteras _____________________________________
_________________________________________________________________
c. Outros ___________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
d. Detalhe(s) que chama(m) atenção ____________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

6. Descrição do gineceu

a. Posição do ovário ___________________________________________________


b. Posição e número de estiletes _________________________________________
_________________________________________________________________
c. Número de estigmas ________________________________________________
_________________________________________________________________
d. Número de lóculos __________________________________________________
e. Número de carpelos_________________________________________________
f. Número de óvulos (se poucos) e placentação ____________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
g. Outros ___________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
h. Detalhe(s) que chama(m) atenção ____________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
157

7. Chave ANALÍTICA

a. Indicação da CHAVE ANALÍTICA (Entrada da CHAVE, conforme o índice,


sumário e/ou conteúdo do livro) _______________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

b. Sequência(s) na(s) CHAVE(S) (Todas que forem necessárias)_______________


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

8. Determinação BOTÂNICA [Roteiro Prático Nº 9]

a. Divisão ____________________________________________________________
b. Classe_____________________________________________________________
c. Subclasse __________________________________________________________
d. Ordem ____________________________________________________________

e. Família Botânica _________________________________________

9. Descrição da família BOTÂNICA [Ver Bibliografia indicada]

a. Descrição _________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
b. Características diagnósticas da família _________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
c. Aspectos evolutivos (caracteres apomorfos [avançados]) _________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
d. Outros ____________________________________________________________
__________________________________________________________________
158

10. Desenhos (esquemas) [Opcional, embora recomendável]

a. Legenda __________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

11. Termos morfológicos (termos técnicos) [Opcional, embora recomendável]

a. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
c. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
d. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
e. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
f. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
g. _________________________________________________________________
_________________________________________________________________

12. Observações [Opcional]

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
159

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 3


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CHAVES PARA CLASSIFICAÇÃO DA MORFOLOGIA BÁSICA


DAS FOLHAS SIMPLES E DOS FOLÍOLOS DE ALGUMAS FOLHAS
COMPOSTAS 67 2019.2

FOLHAS

1. Um dos lados do limbo diferente do outro ................................. Assimétricas


1. Lados iguais entre si . ..................................................................................2

2. Limbo arredondado ou quase ..................................................... Orbiculares


2. Limbo não arredondado ...............................................................................3

3. Limbo mais largo na base ou no ápice ..........................................................4


3. Limbo mais largo no centro ou largura do limbo aproximadamente
igual da base até o ápice ............................................................................5

4. Limbo mais largo no ápice ............................................................ Obovadas


4. Limbo mais largo na base .................................................................Ovadas

5. Limbo mais largo no meio ........................................................ Lanceoladas


5. Largura do limbo aproximadamente igual da
base ao ápice ............................................................................... Oblongas

67
Adaptado de AGAREZ, PEREIRA, RIZZINI (1994).
160
161

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 4


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CARACTERES DIFERENCIAIS ENTRE AS CLASSES DA


DIVISÃO ANGIOSPERMAE (MAGNOLIOPHYTA) 68 2019.2

DICOTYLEDONEAE MONOCOTYLEDONEAE
ORGÃO
(Magnoliopsida) (Liliopsida)

Raiz Axial Fasciculada

Estipe, Colmo, Rizoma ou


Caule Haste ou Tronco
Bulbo

Comprimento longitudinal Comprimento longitudinal


Folha proporcional ao maior que o transversal,
transversal Folhas longas

Pecioladas ou sésseis,
Completas ou invaginantes,
Folha Nervuras reticuladas,
Nervuras paralelas, Simples
Simples ou compostas

Crescimento
Presente Ausente
Secundário

Heteroclamídea,
Flor Homoclamídea, Trímera
Tetrâmera ou pentâmera

Grão de Pólen Com 3 poros Com 1 poro

Semente Com 2 cotilédones Com 1 cotilédone

68
Adaptado de AGAREZ; PEREIRA; RIZZINI (1994) e RAVEN; EVERT; EICHORN (2007).
162
163

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 5


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CARACTERES DIFERENCIAIS ENTRE AS SUBCLASSES DA


CLASSE DICOTYLEDONEAE (MAGNOLIOPSIDA) 69 2019.2

ORGÃO ARCHICHLAMYDEAE 70 SYMPETALAE 71

Aclamídea 72

(ausencia de cálice e corola),


Monoclamídea
Diclamídea gamopétala
(presença ou de cálice,
Flor (presença de cálice + corola
ou de corola),
com pétalas unidas)
Diclamídea dialipétala
(presença de cálice + corola com
pétalas separadas)

MAGNOLIOPSIDA LILIOPSIDA
SUBCLASSES 73
(Dicotyledoneae) (Monocotyledoneae)

1 Magnoliidae Alismatidae
2 Hamamelidae Arecidae
3 Caryophyllidae Commelinidae
4 Dilleniidae Zingiberidae
5 Rosidae Liliidae
6 Asteridae -

69
Adaptado de AGAREZ, PEREIRA, RIZZINI (1994).
70
Sistema de ENGLER (1892 [1ª Edição]). Arquiclamídea (arqui = primitivo, clamide = vestimenta).
71
Sistema de ENGLER (1892). Methachlamydeae. Metha = sym = vestimentas unidas...).
72
Aclamícea ( a = não; clamide = vestimenta) = diz-se da flor desprovida de cálice e corola (perianto).
73
Sistema de CRONQUIST (1988): 1968 [1ª Edição], 1978 [Reimpressão], 1988 [2ª Edição].
164
165

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 6


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CHAVES ANALÍTICAS 2019.2

1
Adaptado de AGAREZ et al. (1994), LAWRENCE (1951) e SCHULTZ (1990)

As chaves são esquemas úteis na identificação de uma planta desconhecida.


Representam um tipo de literatura taxonômica. Uma chave é um esquema ou arranjo
analítico artificial, pelo qual é proporcionada uma escolha idealmente entre DUAS
proposições contraditórias, dela resultando a aceitação de uma e a rejeição de outra.
Uma chave pode ser pequena e limitada a um único par de proposições contraditórias
(uma copla) ou pode ser constituída por uma série extensiva de proposições.

FAMÍLIAS BRASILEIRAS DA ORDEM SAPINDALES

1. Vegetais lenhosos (com representantes nativos)


2. Com condutos resiníferos. Flores
actinomorfas .......................................................... ANACARDIACEAE
2'. Sem condutos resiníferos. Flores geralmente zigomorfas
3. Estames geralmente 8; às vezes
10 ou 5, raro muitos........................................... SAPINDACEAE
3'. Estames 5, todos férteis, ou dois férteis e três
estaminoides ......................................................... SABIACEAE
1'. Ervas terrícolas ou, raro, epifíticas. Flores
zigomorfas calcaradas (somente plantas exóticas) .............. BALSAMINACEAE

O tipo de chave habitualmente convencional e mais aceitável é o de chaves


dicotômicas, tipo em geral com um ou dois formatos. Em qualquer chave, cada
disposição de uma copla é denominada alternativa. Na maior parte da literatura
taxonômica originária dos Estados Unidos, as alternativas colaterais de uma dada copla
estão dispostas aos pares, sendo cada alternativa reconhecida por uma letra ou
algarismo. Cada par subordinado sucessivo está defasado do precedente. Acima se dá
um exemplo de chave dicotômica com pares ou alternativas defasadas. A segunda
disposição de uma chave dicotômica possui alternativas emparelhadas ou paralelas.
As duas alternativas de cada copla estão sempre juntas. A seguir, um exemplo deste
último tipo de chave.
166

1. Flor calcarada.......................................................................................... 2
Flor não calcarada .................................................................................. 3

2. Cálcar no ápice .................................................................TROPAEOLACEAE


Cálcar na corola.. ............................................................. TRIGONIACEAE

3. Flor com mais de dez estaminódios......................... ......... PASSIFLORACEAE


Flor sem estaminódios ou menos de dez ................................................... 4

4. Três pétalas ...................................................................... TRIGONIACEAE


Quatro pétalas ........................................................................................ 8
Cinco pétalas........................................................................................... 5

5. Inflorescências com brácteas nectaríferas ........................MARCGRAVIACEAE


Inflorescências sem brácteas nectaríferas ................................................. 6

6. Estilete lateral ginobásico ........................................... CHRYSOBALANACEAE


Estilete terminal ...................................................................................... 7

7. Folhas alternas ou espiraladas ........................................... ANACARDIACEAE


Folhas opostas ou verticiladas ............................................. TRIGONIACEAE

8. Estames tetradínamos ...................................... BRASSICACEAE (Cruciferae)


Estames não tetradínamos ....................................................................... 9

9. Flores unissexuais ..........................................................MENISPERMACEAE


Flores andróginas .................................................................................. 10

10. Pétalas inseridas no bordo do cálice ........................................ LYTHRACEAE


Pétalas não inseridas no bordo do cálice ................................................. 11

11. Ovário sobre ginóforo ........................................................... CAPPARACEAE


Ovário sem ginóforo ......................................... BRASSICACEAE (Cruciferae)

Há vantagens e inconvenientes em cada um destes tipos de chaves dicotômicas.


O tipo de chaves indentadas tem a vantagem de agrupar os elementos semelhantes
de tal maneira que podem ser apreendidos visualmente como grupos. Contudo, é
evidente do primeiro exemplo supracitado que em chaves extensas daquele tipo há um
encurtamento e desvio das linhas para a direita, acompanhadoda resultante perda de
economia de espaço na página.

No tipo de chaves emparelhadas ou paralelas, perdem-se as vantagens do


formato indentado e, reciprocamente, são eliminadas aquelas desvantagens, visto que
nestes tipos de chaves não há oportunidade para agrupar, visualmente, conjuntos de
alternativas com elementos que possuam um ou mais caracteres em comum. Neste tipo
de formato, contudo, todas as alternativas têm aproximadamente o mesmo
comprimento de linha, produzindo um máximo aproveitamento no espaço da página.
167

Alguns autores que utilizam o segundo formato não desfasam as coplas


alternantes e, em lugar disso, colocam-nas todas em uma margem comum à esquerda
da página.

Há diferenças de opinião e de método no que diz respeito às designações das


alternativas de uma copla. Nos exemplos acima referidos, as alternativas são
numeradas. Até há pouco tempo, a técnica mais geral era a da utilização de alternativas
designadas por letras.

A convenção, mais do que nenhum outro fator, parece ser responsável pelo
emprego continuado das alternativas com letras. Estas, têm poucas vantagens em
relação às alternativas numeradas e possui os seguintes inconvenientes:

1. Quando as chaves são longas não há letras suficientes no alfabeto para


acomodar as coplas necessárias, resultando daí que os autores optam por
outras soluções como: continuar com letras de caixa baixa (a; aa; b; bb;
etc.), ou com letras gregas, ou com números romanos de caixa baixa.

2. A presença freqüente de muitas coplas, cada uma designada pelo


mesmo carácter ou letra, é uma fonte de confusão, especialmente
quando se refere a uma alternativa precedente (algumas chaves possuem
uma dúzia ou mais de coplas, numa única chave, com cada uma
designada pelo mesmo par de letras).

3. O emprego de coplas designadas por letras torna muito difícil a


referência rápida e precisa de uma alternativa particular da chave. Isto
dá-se especialmente, quando se referem, na escrita, coplas ou
alternativas e mais ainda, quando se utilizam, em exercícios escolares,
chaves com alternativas referidas por letras.

Nas chaves numeradas, cada copla é numerada consecutivamente, não


recebendo duas coplas de uma dada chave o mesmo número. Alguns autores
distinguem as alternativas de uma copla numerada, adicionando as letras a e b ou a,
b e c, por exemplo, se houver três alternativas, respectivamente a cada alternativa da
copla numerada.

Para a elaboração de chaves analíticas é preciso considerar algumas regras:

1. Assegurar que a chave seja sempre dicotômica.

2. Escolher caracteres opostos um ao outro, de modo que as duas


alternativas de cada copla compreendam duas proposições
contraditórias, uma das quais servirá à situação e a outra não.
3. As frases alternativas devem ser, tanto quanto possível, afirmações
positivas, em especial, a alternativa inicial da copla.
168

4. A palavra inicial de cada alternativa da copla deve ser a mesma. Isto


é, se a primeira alternativa começa pela palavra "flores", a segunda
alternativa da mesma copla também deve começar por "flores". Isto
facilita a orientação das alternativas de qualquer copla.

5. Duas coplas consecutivas não devem começar com a mesma


palavra. Esta fonte de confusão potencial pode ser evitada se a palavra
inicial repetida da segunda copla for precedida pelo seu artigo definido.
Outra maneira, seria a de adotar, excepcionalmente, mais de duas
alternativas para uma só copla, ainda que se perca a "dicotomia"...

6 Evitar o emprego de limites sobrepostos de variação, ou generalidades


ao opor as alternativas de uma copla. Por exemplo, é mau sistema
compor as frases das alternativas como segue:

1. Inflorescências um cacho; pedicelos com 4-6 cm de


comprimento
1'. Inflorescência um cacho ou panícula; pedicelos com
6-10 cm de comprimento

ou

1. Flores em longos pedúnculos; folhas muito largas


1'. Flores em pedúnculos curtos; folhas menores

No primeiro exemplo, os caracteres sobrepõem-se e as


alternativas não representam afirmações absolutamente contraditórias.
No segundo exemplo, os caracteres são dados como generalidades,
faltando-lhes precisão: quem pode dizer quando é que é curto ou longo
ou quando é que é largo ou estreito?

7. Utilizar, tanto quanto possível, caracteres morfológicos na separação


dee grupos (família, gênero, espécie, etc.). Isto é, evitar a separação
com base em distribuições geográficas disjuntas, porque nem sempre se
pode saber a origem de uma planta desconhecida. Os caracteres
citológicos por si mesmos, ou isoladamente, pouco ajudam na
identificação de uma planta. Os números cromossômicos podem ser
significativos do ponto de vista biológico, mas não podem ser
determinados em um espécime de herbário, não ajudando nada numa
chave.

8. Nas chaves para identificação de plantas dióicas, é útil fornecer


duas chaves à parte, uma utilizando os caracteres da planta masculina
e, outra, os da feminina. A dificuldade é que, apenas se dispõe de
material de um sexo ou de outro, e só raramente se possui material de
ambos os sexos na mesma altura (mesma época ou coleção).
169

9. As chaves devem ser baseadas essencialmente em caracteres


reprodutivos. Entretanto, chaves baseadas somente em caracteres
vegetativos são, hoje, cada vez mais utilizadas, por que há, para
alguns grupos, caracteres vegetativos bastante diagnósticos. Embora
sendo muito úteis, principalmente para os não taxonomistas, têm a
limitação de somente ter validade para as plantas de uma determinada
região, por conta de variações morfológicas relacionadas com os fatores
ambientais (clima, solos, temperatura, deficiência hídrica, fotoperíodo,
etc.) e, principalmente com as formas de vida ou formas biológicas,
que podem variar significativamente entre populações diferentes de uma
mesma espécie.

VOCHYSIACEAE (Parque Estadual de Vaçununga,


Santa Rita do Passa Quatro, SP)

1a. Caule liso ou liso a rugoso ...................................................................... 2


1b. Caule suberoso ou suberoso com ramos terminais lisos e pilosos .............. 3

2a. Folhas opostas, até verticiladas .............................. Vochysia tucanorum


2b. Folhas alternas em geral ............................................. Qualea multiflora

3a. Folhas subopostas a opostas ou opostas, até verticiladas ......................... 4


3b. Folhas verticiladas .............................................. Vochysia cinnamomea

4a. Folhas cartáceas a coriáceas .................................................................. 5


4b. Folhas membranáceas em geral .................................. Qualea parviflora

5a. Folhas glabras na face ventral e pilosas na face dorsal, em geral


elípticas a estreitamente elípticas, até oblongas, de ápice acuminado
a cuspidado (com ponta); com nectários extraflorais
conspícuos nos ramos terminais e imediatamente
próximos à base do pecíolo ....................................... Qualea grandiflora
5b. Folhas inteiramente glabras ou às vezes somente pilosa na face dorsal,
principalmente quando jovens; em geral largamente ovadas
a largamente elípticas, de ápice agudo a retuso
(ápice truncado); sem nectários extraflorais ................Qualea dichotoma
170
171

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 7


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CHAVES PARA A DETERMINAÇÃO BOTÂNICA DAS FAMÍLIAS


DA ORDEM FABALES (Leguminosas) [sensu CRONQUIST] 2019.2

CHAVE 1 (adaptada de GEMTCHÚJNICOV, 1976)

1. Corola de prefloração valvar. Flores miúdas, reunidas em inflorescências


capituliformes ou espiciformes. Actinomorfas, com exceção do gineceu. Corola
simpétala. Estames ultrapassando em comprimento
as pétalas. Folhas compostas, bipinadas .................................. MIMOSACEAE

2. Corola de prefloração imbricada ascendente (pétala inferior por cima).


Flores geralmente grandes, ligeiramente zigomorfas,
solitárias ou reunidas em panículas. Estames 10, livres,
recurvos, desiguais. Folhas
compostas .................................................................... CAESALPINIACEAE

3. Corola de prefloração imbricada descendente (duas pétalas


inferiores ficam por baixo). Flores fortemente zigomorfas,
papilionadas, solitárias ou reunidas em inflorescências
variadas. Folhas trifolioladas ou simples,
nunca bipinadas ...........................................................................FABACEAE

CHAVE 2 (adaptada de JOLY, 1977)

1a. Flores actinomorfas .................................................................. MIMOSACEAE


1b. Flores zigomorfas ..........................................................................................2

2a. Prefloração da corola imbricada


ascendente e o vexilo é
a pétala menor ................................................................ CAESALPINIACEAE
2b. Prefloração da corola imbricada
descendente e o vexilo é
a pétala maior ................................................................................FABACEAE
172

CHAVE 3 (adaptada de BARROSO, 1984)

1. Folhas bipinadas
2. Corola regular, com prefloração
valvar .......................................................................... MIMOSACEAE 74
2'. Corola zigomorfa ou regular, com
prefloração imbricada ...........................................CAESALPINIACEAE 75
1'. Folhas não bipinadas
3. Folhas trifolioladas .............................................................. FABACEAE 76
3'. Folhas não trifolioladas
4. Corola papilionácea ....................................................... FABACEAE
4'. Corola não papilionácea
5. Corola gamopétala, com prefloração
valvar ............................................................ MIMOSACEAE
5'. Corola dialipétala, com prefloração imbricada
6. Pétala superior geralmente de forma e
colorido diferente das demais, localizada,
no botão floral, mais internamente que
as demais e, geralmente, cobrindo o
gineceu ......................................... CAESALPINIACEAE
6'. Sem o conjunto desses caracteres
7. Flor com uma pétala ou sem pétala
8. Estames livres ..............................................
................................... CAESALPINIACEAE
8'. Estames concrescidos
em tubo ..................................... FABACEAE
7'. Flor com cinco pétalas
9. Embrião com eixo radícula-hipocótilo
infletido (curvado) ....................... FABACEAE
9'. Embrião com eixo
radícula-hipocótilo
reto.............................. CAESALPINIACEAE

74
Ou Leguminosae Mimosoideae, ou Fabaceae Mimosoideae.
75
Ou Leguminosae Caesalpinioideae, ou Fabaceae Caesalpinioideae.
76
Ou Leguminosae Papilionoideae (Faboideae?) (Lotoideae?), ou Fabaceae Papilionoideae.
173

Área de Cerradão de Cerrado que existia na zona urbana na saída sul de Teresina

Coordenadas: 5º12'44,01''S, 42º45'45,79''W e 157m.n.m.


174
175

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 8


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

CHAVE PARA A DETERMINAÇÃO BOTÂNICA DAS SUBFAMÍLIAS


DA FAMÍLIA FABACEAE (LEGUMINOSAE) 77 2019.2

1a. Pétalas com estruturas glandulares marginais; flores com 4 estames, anteras
fundidas em um sinândrio 78 com deiscência poricida; folhas pinadas; endêmica
da África Central e África Ocidental ................................... Duparquetioideae

1b. Pétalas não glandulares (exceto em Petaladenium, gênero amazônico da


subfamília Papilionoideae); flores com 4 estames são incomuns (mas quando com
4 estames, anteras nunca fundidas em um sinândrio; anteras com deiscência
longitudinal (exceto em alguns gêneros de Caesalpinioideae que apresentam
deiscência poricida); folhas variadas; com distribuição ampla ......................... 2

2a. Flores em sua maioria papilionadas (semelhante à flor da ervilha) e com simetria
bilateral, menos comum com simetria radial; pétala mediana (estandarte ou
vexilo) na posição mais externa, encerrando as alas e as quilhas (pétalas)
especialmente no botão floral, ou as alas e as quilhas ausentes; sépalas unidas,
ao menos na base, em um cálice tubuloso ou encerrando completamente o botão
floral; sementes com uma complexa válvula hilar 79, pleurograma 80 ausente;
radícula do embrião geralmente curvada ............................... Papilionoideae

2b. Flores não papilionadas (se raramente parecerem papilionadas então a pétala
mediana na posição mais interna), tanto bilateralmente ou radialmente
simétricas, pétala mediana na posição mais interna, ou pétalas valvadas (no clado
81
Mimosoida da subfamília Caesalpinioideae); sépalas livres ou unidas; sementes
sem uma complexa válvula hilar, com ou sem um pleurograma; radícula do
embrião geralmente reta ............................................................................. 3

77
Tradução da Prof.a. Dra. Thais Cury de Barros (Laboratório de Anatomia, DBIO/CCN).
78
Sinândrio: Peça resultante da coesão (aproximação e contato, sem fusão) de todas as anteras de um
androceu.
79
Hilo: espécie de cicatriz na semente, que corresponde ao ponto no óvulo vegetal onde adere o funículo
(órgão peduncular que suporta o óvulo vegetal, fixando-o à placenta).
80
Pleurograma: termo que designa um sulco ou marca, usualmente em forma de "U", existente na semente
em alguns grupos específicos de leguminosas.
81
Clado: grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo. Em biologia se
chama clado cada um dos ramos da árvore filogenética. Por conseguinte um clado é um grupo de espécies
com um ancestral comum exclusivo.
176

3a. Folhas bipinadas; sementes comumente com um pleurograma aberto ou fechado


em cada lado.................................................................... Caesalpinioideae

3b. Folhas nunca bipinadas; sementes sem um pleurograma aberto ou fechado de


cada lado ................................................................................................... 4

4a. Folhas unifolioladas, bilobadas ou inteiras, ou compostas e bifolioladas; sementes


com hilo circular em formato de "U" ou "V" ................................ Cercidoideae

4b. Folhas variadas; se simples ou bifolioladas, então o hilo da semente não em


formato de "U" ou "V", raramente circular ..................................................... 5

5a. Nectários extraflorais ou outras estruturas secretoras (quando presentes) na


superfície abaxial 82 ou margens dos folíolos; estípulas geralmente
intrapeciolares (livres ou unidas), raramente laterais .......................................
.............................................................................................. Detarioideae

5b. Nectários extraflorais ausentes ou presentes no pecíolo ou na raque foliar;


estípulas laterais e livres ou ausentes ........................................................... 6

6a. Inflorescências muito ramificadas e tirsoides 83 ou racemos com antotaxia 84


dística; folhas na sua maioria imparipinadas com folíolos alternos (raramente
paripinadas com folíolos opostos em Eligmocarpus e Poeppigia), nectários
extraflorais no pecíolo ou na raque foliar ausentes...........................................
................................................................................................. Dialioideae

6b. Inflorescências em sua maioria racemosas com antotaxia espiral, comumente


composta em panículas ramificadas ou contraídas em espigas ou fascículos;
folhas em sua maioria paripinadas com folíolos opostos, raramente bifoliolados
ou com folíolos alternos; nectários extraflorais (quando presentes) no pecíolo ou
na raque foliar entre os pares de folíolos ............................ Caesalpinioideae

82
Abaxial: que está fora do eixo do corpo; lado dorsal; lado de baixo (com nervuras às vezes proeminentes).
83
Tirsoide: que se assemelha a um tirso. Tirso: tipo de inflorescência com a forma de dois cones unidos pela
base, isto é, com um ápice para cima e outro para baixo; é um cacho composto.
84
Antotaxia: disposição das flores na planta ou em uma inflorescência.
177

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 9


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

SISTEMA DE CRONQUIST 85 2019.2

Divisão MAGNOLIOPHYTA

Classe MAGNOLIOPSIDA

Subclasse MAGNOLIIDAE

Ordem Magnoliales

Winteraceae
Degeneriaceae
Himantandraceae
Eupomatiaceae
Austrobaileyaceae
Magnoliaceae
Lactoridaceae
Annonaceae
Myristicaceae
Canellaceae

85
Adaptado de: CRONQUIST, Arthur. An integrated system of classification offlowering plants. New
York: ColumbiaUniversityPress., 1981; CRONQUIST, Arthur. The evolution and classification of
flowering plants, 2.ed. New York: New YorkBotanical Garden, 1988; JUDD, WalterS., CAMPBELL,
ChistopherS.,KELLOGG, ElizabethA., STEVENS, PeterF. Plant systematics: a phylogenetic approach.
Massachusetts: Sinauer Associates CDROM, 1999. 1 CD-ROM.
178

Ordem Laurales

Amborellaceae
Trimeniaceae
Monimiaceae (Atherospermataceae, Hortoniaceae, Siparunaceae)
Gomortegaceae
Calycanthaceae
Idiospermaceae
Lauraceae (Cassythaceae)
Hernandiaceae (Gyrocarpaceae)

Ordem Piperales

Chloranthaceae
Saururaceae
Piperaceae (Peperomiaceae)

Ordem Aristolochiales

Aristolochiaceae

Ordem Illiciales

Illiciaceae
Schisandraceae

Ordem Nymphaeales

Nelumbonaceae
Nymphaeaceae (Euryalaceae)
Barclayaceae
Cabombaceae
Ceratophyllaceae

Ordem Ranunculales

Ranunculaceae (Glaucidiaceae, Helleboraceae, Hydrastidaceae)


Circaeasteraceae (Kingdoniaceae)
Berberidaceae (Leonticaceae, Nandinaceae, Podophyllaceae)
Sargentodoxaceae
Lardizabalaceae
Menispermaceae
Coriariaceae
Sabiaceae (Meliosmaceae)

Ordem Papaverales

Papaveraceae (Chelidoniaceae, Eschscholziaceae, Platystemonaceae)


Fumariaceae (Hypecoaceae, Pteridophyllaceae)

Subclasse HAMAMELIDAE

Ordem Trochodendrales

Tetracentraceae
Trochodendraceae
179

Ordem Hamamelidales

Cercidiphyllaceae
Eupteleaceae
Platanaceae
Hamamelidaceae (Altingiaceae, Rhodoleiaceae)
Myrothamnaceae

Ordem Daphniphyllales

Daphniphyllaceae

Ordem Didymelales

Didymelaceae

Ordem Eucommiales

Eucommiaceae

Ordem Urticales

Barbeyaceae
Ulmaceae (Celtidaceae)
Cannabaceae
Moraceae
Cecropiaceae
Urticaceae
Physenaceae

Ordem Leitneriales

Leitneriaceae

Ordem Juglandales

Rhoipteleaceae
Juglandaceae

Ordem Myricales

Myricaceae

Ordem Fagales

Balanopaceae
Fagaceae
Nothofagaceae
Betulaceae (Carpinaceae, Corylaceae)

Ordem Casuarinales

Casuarinaceae
180

Subclasse CARYOPHYLLIDAE

Ordem Caryophyllales
Phytolaccaceae (Agdestidaceae, Barbeuiaceae, Gisekiaceae, Petiveriaceae, Stegnospermaceae)
Achatocarpaceae
Nyctaginaceae
Aizoaceae (Ficoidaceae, Mesembryanthemaceae, Sesuviaceae, Tetragoniaceae)
Didiereaceae
Cactaceae
Chenopodiaceae (Dysphaniaceae, Halophytaceae, Salicorniaceae)
Amaranthaceae
Portulacaceae (Hectorellaceae)
Basellaceae
Molluginaceae
Caryophyllaceae (Alsinaceae, Illecebraceae, Silenaceae)

Ordem Polygonales

Polygonaceae

Ordem Plumbaginales

Plumbaginaceae (Limoniaceae)

Subclasse DILLENIIDAE

Ordem Dilleniales

Dilleniaceae
Paeoniaceae

Ordem Theales

Ochnaceae (Diegodendraceae, Lophiraceae, Luxemburgiaceae, Strasburgeriaceae, Sauvagesiaceae,


Wallaceaceae)
Sphaerosepalaceae (Rhopalocarpaceae)
Sarcolaenaceae
Dipterocarpaceae
Caryocaraceae
Theaceae (Asteropeiaceae, Bonnetiaceae, Camelliaceae, Sladeniaceae, Ternstroemiaceae)
Actinidiaceae (Saurauiaceae)
Scytopetalaceae (Rhaptopetalaceae)
Pentaphylacaceae
Tetrameristaceae
Pellicieraceae
Oncothecaceae
Marcgraviaceae
Quiinaceae
Elatinaceae
Paracryphiaceae
Medusagynaceae
Clusiaceae (Guttiferae, Garciniaceae, Hypericaceae)
181

Ordem Malvales

Elaeocarpaceae (Aristoteliaceae)
Tiliaceae
Sterculiaceae (Byttneriaceae)
Bombacaceae
Malvaceae

Ordem Lecythidales

Lecythidaceae (Asteranthaceae, Barringtoniaceae, Foetidiaceae, Napoleonaeaceae)

Ordem Nepenthales

Sarraceniaceae
Nepenthaceae
Droseraceae (Dionaeaceae)

Ordem Violales

Flacourtiaceae (Berberidopsidaceae, Neumanniaceae, Plagiopteridaceae, Soyauxiaceae)


Peridiscaceae
Bixaceae (Cochlospermaceae)
Cistaceae
Huaceae
Lacistemataceae (Lacistemaceae)
Scyphostegiaceae
Stachyuraceae
Violaceae (Leoniaceae)
Tamaricaceae
Frankeniaceae
Dioncophyllaceae
Ancistrocladaceae
Turneraceae
Malesherbiaceae
Passifloraceae
Achariaceae
Caricaceae
Fouquieriaceae
Hoplestigmataceae
Cucurbitaceae
Datiscaceae (Tetramelaceae)
Begoniaceae
Loasaceae (Gronoviaceae)

Ordem Salicales

Salicaceae

Ordem Capparales

Tovariaceae
Capparaceae (Capparidaceae, Cleomaceae, Koeberliniaceae, Pentadiplandraceae)
Brassicaceae (Cruciferae)
Moringaceae
Resedaceae
182

Ordem Batales

Gyrostemonaceae
Bataceae

Ordem Ericales

Cyrillaceae
Clethraceae
Grubbiaceae
Empetraceae
Epacridaceae (Prionataceae, Stypheliaceae)
Ericaceae (Vacciniaceae)
Pyrolaceae
Monotropaceae

Ordem Diapensiales

Diapensiaceae

Ordem Ebenales

Sapotaceae (Achraceae, Boerlagellaceae, Bumeliaceae, Sarcospermataceae)


Ebenaceae
Styracaceae
Lissocarpaceae
Symplocaceae

Ordem Primulales

Theophrastaceae
Myrsinaceae (Aegicerataceae)
Primulaceae (Coridaceae)

Subclasse ROSIDAE

Ordem Rosales

Brunelliaceae
Connaraceae
Eucryphiaceae
Cunoniaceae (Baueraceae)
Davidsoniaceae
Dialypetalanthaceae
Pittosporaceae
Byblidaceae (Roridulaceae)
Hydrangeaceae (Kirengeshomaceae, Philadelphaceae, Pottingeriaceae)
Columelliaceae
Grossulariaceae (Argophyllaceae, Brexiaceae, Carpodetaceae, Dulongiaceae, Escalloniaceae, Iteaceae,
Montiniaceae, Phyllonomaceae, Polyosmataceae, Pterostemonaceae, Rousseaceae, Tetracarpaeaceae,
Tribelaceae)
Greyiaceae
Bruniaceae (Berzeliaceae)
Anisophylleaceae (Polygonanthaceae)
Alseuosmiaceae
Crassulaceae
Cephalotaceae
183

Saxifragaceae (Eremosynaceae, Francoaceae, Lepuropetalaceae, Parnassiaceae, Penthoraceae, Vahliaceae)


Rosaceae (Amygdalaceae, Drupaceae, Malaceae, Pomaceae)
Neuradaceae
Crossosomataceae
Chrysobalanaceae
Surianaceae (Stylobasiaceae)
Rhabdodendraceae

Ordem Fabales 86

Mimosaceae
Caesalpiniaceae
Fabaceae (Papilionaceae)

Ordem Proteales

Elaeagnaceae
Proteaceae

Ordem Podostemales

Podostemaceae (Tristichaceae)

Ordem Haloragales

Haloragaceae (Myriophyllaceae)
Gunneraceae

Ordem Myrtales

Sonneratiaceae (Duabangaceae)
Lythraceae
Rhynchocalycaceae
Alzateaceae
Penaeaceae
Crypteroniaceae
Thymelaeaceae
Trapaceae
Myrtaceae (Heteropyxidaceae, Kaniaceae, Psiloxylaceae)
Punicaceae
Onagraceae
Oliniaceae
Melastomataceae (Memecylaceae, Mouririaceae)
Combretaceae (Strephonemataceae)

Ordem Rhizophorales

Rhizophoraceae

86
Atualmente, conforme APG IV (2016) a ordem Fabales inclui 4 (quatro) famílias: Quillajaceae (sul da
América do Sul), Fabaceae (Leguminosae), Surianaceae e Polygalaceae.
184

Ordem Cornales

Alangiaceae
Nyssaceae
Cornaceae (Aralidiaceae, Aucubaceae, Curtisiaceae, Davidiaceae, Griseliniaceae, Helwingiaceae, Mastixiaceae,
Melanophyllaceae, Toricelliaceae)
Garryaceae

Ordem Santalales

Medusandraceae
Dipentodontaceae
Olacaceae (Aptandraceae, Cathedraceae, Chaunochitonaceae, Coulaceae, Erythropalaceae, Heisteriaceae,
Octoknemaceae, Schoepfiaceae, Scorodocarpaceae, Strombosiaceae, Tetrastylidaceae)
Opiliaceae (Cansjeraceae)
Santalaceae (Anthobolaceae, Canopodaceae, Exocarpaceae, Osyridaceae, Podospermaceae)
Misodendraceae
Loranthaceae
Viscaceae
Eremolepidaceae
Balanophoraceae (Cynomoriaceae, Dactylanthaceae, Sarcophytaceae)

Ordem Rafflesiales

Hydnoraceae
Mitrastemonaceae
Rafflesiaceae (Apodanthaceae, Cytinaceae)

Ordem Celastrales

Geissolomataceae
Celastraceae (Canotiaceae, Chigithamnaceae, Goupiaceae, Lophopyxidaceae, Siphonodontaceae)
Hippocrateaceae
Stackhousiaceae
Salvadoraceae
Tepuianthaceae
Aquifoliaceae (Phellinaceae, Sphenostemonaceae)
Icacinaceae (Phytocrenaceae)
Aextoxicaceae
Cardiopteridaceae
Corynocarpaceae
Dichapetalaceae

Ordem Euphorbiales

Buxaceae (Pachysandraceae, Stylocerataceae)


Simmondsiaceae
Pandaceae
Euphorbiaceae (Androstachydaceae, Hymenocardiaceae, Picrodendraceae, Putranjivaceae, Scepaceae,
Stilaginaceae, Uapacaceae)

Ordem Rhamnales

Rhamnaceae (Camarandraceae, Frangulaceae, Phylicaceae)


Leeaceae
Vitaceae
185

Ordem Linales

Erythroxylaceae (Nectaropetalaceae)
Humiriaceae
Ixonanthaceae
Hugoniaceae (Ctenolophonaceae)
Linaceae

Ordem Polygalales

Malpighiaceae
Vochysiaceae
Trigoniaceae
Tremandraceae
Polygalaceae (Diclidantheraceae, Disantheraceae, Emblingiaceae, Moutabeaceae)
Xanthophyllaceae
Krameriaceae

Ordem Sapindales

Staphyleaceae (Tapisciaceae)
Melianthaceae
Bretschneideraceae
Akaniaceae
Sapindaceae (Ptaeroxylaceae)
Hippocastanaceae
Aceraceae
Burseraceae
Anacardiaceae (Blepharocaryaceae, Pistiaceae, Podoaceae)
Julianiaceae
Simaroubaceae (Irvingiaceae, Kirkiaceae)
Cneoraceae
Meliaceae (Aitoniaceae)
Rutaceae (Flindersiaceae)
Zygophyllaceae (Balanitaceae, Nitrariaceae, Peganaceae, Tetradiclidaceae, Tribulaceae)

Ordem Geraniales

Oxalidaceae (Averrhoaceae, Hypseocharitaceae, Lepidobotryaceae)


Geraniaceae (Biebersteiniaceae, Dirachmaceae, Ledocarpaceae, Rhynchothecaceae, Vivianiaceae)
Limnanthaceae
Tropaeolaceae
Balsaminaceae

Ordem Apiales

Araliaceae
Apiaceae (Umbelliferae, Hydrocotylaceae, Saniculaceae)

Subclasse ASTERIDAE

Ordem Gentianales

Loganiaceae (Antoniaceae, Desfontainiaceae, Gelsemiaceae, Potaliaceae, Spigeliaceae, Strychnaceae)


Gentianaceae
Saccifoliaceae
Apocynaceae (Plocospermataceae, Plumeriaceae)
186

Asclepiadaceae (Periplocaceae)

Ordem Solanales

Duckeodendraceae
Nolanaceae
Solanaceae (Goetziaceae, Salpiglossidaceae, Sclerophylacaceae)
Convolvulaceae (Dichondraceae, Humbertiaceae)
Cuscutaceae
Retziaceae
Menyanthaceae
Polemoniaceae (Cobaeaceae)
Hydrophyllaceae (Hydroleaceae)

Ordem Labiales

Lennoaceae
Boraginaceae
Verbenaceae (Avicenniaceae, Lamiaceae, Chloanthaceae, Dicrastylidiaceae, Nyctanthaceae, Phrymaceae,
Stilbaceae, Symphoremataceae)
Lamiaceae (Labiatae, Menthaceae, Tetrachondraceae)

Ordem Callitrichales

Hippuridaceae
Callitrichaceae
Hydrostachyaceae

Ordem Plantaginales

Plantaginaceae

Ordem Scrophulariales

Buddlejaceae
Oleaceae (Fraxinaceae, Syringaceae)
Scrophulariaceae (Plantaginaceae, Ellisiophyllaceae, Rhinanthaceae)
Globulariaceae (Selaginaceae)
Myoporaceae (Spielmanniaceae)
Orobanchaceae
Gesneriaceae (Cyrtandraceae)
Acanthaceae (Thunbergiaceae)
Pedaliaceae (Martyniaceae, Trapellaceae)
Bignoniaceae (Paulowniaceae, Schegeliaceae)
Mendonciaceae
Lentibulariaceae (Pinguiculaceae, Trapellaceae, Utriculariaceae)

Ordem Campanulales

Pentaphragmataceae
Sphenocleaceae
Campanulaceae (Cyphiaceae, Cyphocarpaceae, Lobeliaceae, Nemacladaceae)
Stylidiaceae
Donatiaceae
Brunoniaceae
Goodeniaceae
187

Ordem Rubiales

Rubiaceae (Henriqueziaceae, Naucleaceae)


Theligonaceae (Cynocrambaceae)

Ordem Dipsacales

Caprifoliaceae (Carlemanniaceae, Diervillaceae, Linnaeaceae, Viburnum, Sambucus)


Adoxaceae
Valerianaceae (Triplostegiaceae)
Dipsacaceae (Morinaceae)

Ordem Calycerales

Calyceraceae

Ordem Asterales

Asteraceae (Compositae, Ambrosiaceae, Carduaceae, Cichoriaceae)


188
189

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 10


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

COMPARAÇÃO ENTRE MAGNOLIIDAE E ASTERIDAE QUANTO


AOS CARACTERES PRIMITIVOS E AVANÇADOS 2019.2

PLESIOMORFOS APOMORFOS
CARACTERES
(primitivos) (avançados)
SUBCLASSE MAGNOLIIDAE ASTERIDAE

Temperadas,Trepadeiras,
Tropicais Lenhosas
PLANTAS Herbáceas Aquáticas,
Terrestres
Parasitas

ESTÍPULAS Presentes Ausentes

FOLHAS Espiraladas, Simples Verticiladas, Compostas

Hermafroditas Unissexuais
Solitárias Diclamídeas Em inflorescências Aclamídeas,
FLORES
Actinomorfas hipóginas, Monoclamídeas Zigomorfas,
Períginas,Pétalas Livres Epíginas,Pétalas Unidas

PARTES FLORAIS Espiraladamente Imbricadas Verticiladas

Diferenciado em Cálice
Indiferenciado
PERIANTO e Corola
(Homoclamídeo)
(Heteroclamídeo)

CARPELOS Muitos, Livres Poucos, Unidos

Poucos, Unidos,
Muitos, Livres,
ESTAMES Diferenciados em Antera, Filete
Laminares
e Conectivo

Marginal com um carpelo


PLACENTAÇÃO Laminar
Basal, Axilar, Parietal

PÓLEN Monoaperturado Tri ou Poliaperturado


190
191

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 11


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

QUADRO SINÓPTICO DAS RELAÇÕES EVOLUTIVAS ENTRE AS


FAMÍLIAS BOTÂNICAS EXAMINADAS 2019.2
192
193

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN ROTEIRO PRÁTICO Nº 12


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

FICHA DE CAMPO 2019.2


194

ALGUMAS DICAS

a. Todo o material deve ser colhido em botões, flores e frutos, sempre que
possível, pois sem elementos de reprodução é geralmente impossível
recorrer-se a qualquer sistema de classificação existente;
b. Procurar preencher todos os dados da ficha de campo;
c. Toda "espécie" deve constar, sempre que possível, de 4 a 5
exemplares, no mínimo;
d. Observar o estado fitossanitário da planta;
e. Quando houver folhas muito grandes, que excedam as dimensões do jornal
(mata-borrão), devem ser dobradas convenientemente a fim de serem
conservadas por inteiro;
f. O material obtido de ARECACEAE (Palmae) deve ser o mais completo possível.
Mede-se a folha. Tira-se uma porção do ápice, do meio e da base.
Fotografa-se a planta toda;
g. Os frutos maduros, cujo apodrecimento é receado, podem ser conservados em
álcool (70%);
h. As POACEAE (Gramineae) e CYPERACEAE devem ser arrancadas pela raiz e
amarradas;
i. Para a conservação de bulbos ou folhas muito carnosas de ORCHIDACEAE, por
exemplo, deve-se cortá-las em 2 ou 3 pedaços, para que não se faça volume
excessivo na prensa. Borrifar com álcool para evitar o apodrecimento. As flores
devem ser colocadas entre dois papéis de seda (manteiga ou vegetal);
j. Na coleta de BROMELIACEAE, colhe-se 3 folhas basais. Se a planta for
pequena, colhe-se a planta inteira. A inflorescência de planta grande deve ser
cortada;
k. Na coleta de CACTACEAE colhe-se a planta toda ou a metade (se ela for
pequena). Se a planta for grande, colhem-se partes representativas do caule
em estádios de desenvolvimento diferentes. Tira-se o "miolo". A flor é prensada
separadamente;
l. A cor dos frutos só é definida quando eles se encontram maduros;
m. Toda ficha de campo tem lugar para observações. Qualquer detalhe
que chame atenção é bom que seja registrado. É bom escrever à
vontade. Às vezes não se determina botanicamente uma planta, de
modo satisfatório, pela falta de dados suplementares.
195

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL (AGRONOMIA)

CCN TEXTOS PARA LEITURA


BIOLOGIA Prof. ALBERTO JORGE

ORIGEM E EVOLUÇÃO DE PLANTAS CULTIVADAS 87 2019.2

87
BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (Eds. Técnicos). Origem e evolução de plantas cultivadas. Brasília,
DF: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008. 909p.
O início
José Eduardo Figueiredo Dornelles

A biografia da Terra e os 4,5 bilhões de anos de contínuas


modificações geológicas internas e externas pelas quais o
planeta passou e vem passando nos fazem compreender a
analogia de que, segundo a teoria de Gaia, a Terra é uma
espécie de “ser vivo”, dotada de biografia, complexa de se
testar em tempo recente (aquele palpável pela perspectiva
da espécie humana), mas eternizada no livro das rochas e
interpretada somente em tempo profundo. O conceito de
tempo profundo talvez tenha surgido da necessidade
constante do homem de estabelecer uma idade para a Terra.
A crescente complexidade das ciências geológicas forçou
constantes mudanças na referência da idade de nosso
planeta desde alguns milhares de anos até os atuais e
inimagináveis 4,5 bilhões de anos.

O estudo do tempo geológico nasceu da busca pela


compreensão da idade das várias camadas de rochas
encontradas na Terra. A partir da constatação básica de
que existiam rochas mais jovens e rochas mais antigas,

23

23
desenvolveu-se uma série de áreas do conhecimento
geológico, como a estratigrafia (área da geologia que estuda
as seqüências de camadas de rochas, com o objetivo de
definir os processos e eventos que a determinaram) e a
paleontologia (do grego palaios = antigo + logos = estudo),
que é ciência que estuda os fósseis ou restos e vestígios de
organismos mineralizados que existiram ao longo do
registro geológico da Terra.

A formação do planeta Terra:


entendendo sua origem e constituição
De acordo com muitos autores, a formação do Universo
teve seu início há aproximadamente 13 bilhões de anos e
está ainda em expansão. O Sol, como parte desse Universo,
tem papel muito importante na formação da Terra. Isso se
dá pelo fato de que infinitas nebulosas gasosas, que
comprovadamente se condensam na órbita do Sol, dão
origem a novos planetas.

Existe uma hipótese de que pequenos planetas com escala


semelhante à da Terra, ainda incandescentes, poderiam
assumir um comportamento, no qual deveriam colidir com
planetas menores e incorporá-los à sua massa, tornando-
se gradativamente maiores. Sustenta-se a idéia de que, nos
intermitentes choques de meteoritos e agregações de novos
pequenos planetas à sua massa, cada vez maior, a Terra
possivelmente convertia a energia de tais eventos na forma
de calor. Sendo assim, centenas de graus promoviam a
fusão superficial dos materiais e a manutenção de um
verdadeiro oceano de rocha fundida, uma espécie de
“oceano magmático”. Tal conspícuo oceano daria à Terra
um aspecto de esfera incandescente, se fosse vista do
espaço nesse período.

Por volta de 4,3 bilhões de anos, a Terra iniciou um


processo de resfriamento por meio do desprendimento de
gases e vapores. Dos vapores ocorrentes, havia um,

24

24
considerado importante para todas as atuais formas de vida
da Terra: o vapor de água. Presume-se que, por sua baixa
densidade, o vapor de água elevava-se e, à medida que se
afastava da superfície magmática, perdia calor e se
transformava em água líquida, precipitando-se em forma
de chuva. Embora os continentes ainda não existissem
(pelo menos no modo como os visualizamos hoje), o
intermitente processo de precipitações promoveu não
somente um contínuo resfriamento da camada magmática
na superfície, mas também o acúmulo de grande
quantidade de água. Sob essa interpretação, nosso planeta
talvez tenha formado, ao longo desse processo, uma lâmina
de recobrimento aquoso com profundidade média de 4
mil metros. É possível que o resfriamento constante do
planeta tenha dado origem a grandes extensões de rochas
basálticas. Além disso, a presença rara de rochas graníticas
(até o momento, a existência de granito só é confirmada
na Terra) sugere que essas camadas basálticas tenham sido
submetidas a uma nova fusão, ocorrida em grandes
profundidades. Estima-se que essa profundidade tenha
atingido dezenas de quilômetros abaixo da superfície
incandescente em resfriamento, e que a água acumulada
desse resfriamento tenha se incorporado às massas
basálticas em reinclusão, dando origem ao granito. Em
outras palavras, o granito é tipicamente uma rocha terrestre
e não teria se formado sem a presença da água.

Uma pergunta que se torna pertinente no momento é: que


fenômeno explicaria a condução das camadas basálticas
superficiais, mais a água acumulada a dezenas de
quilômetros abaixo da crosta terrestre? Sabe-se que o
granito, assim formado, exibe densidade menor que o
basalto e, dessa forma, veio a emergir até a superfície para,
finalmente, dar início à origem das massas continentais
que, como hoje, encontrar-se-iam cercadas pelo então
recém-acumulado oceano primitivo. Constata-se que, já
por volta dos 4 bilhões de anos, fenômenos de tectônica
de placas, que serão definidos mais adiante neste capítulo,
atuavam consumindo e gerando novos tipos de rochas:
surgem, então, os continentes.

25

25
Origem e mudanças dos seres
vivos ao longo das eras geológicas:
a compreensão do tempo profundo
As eras geológicas constituem uma forma organizada e
convencional, criada pela geologia, para que se possa
entender a vertiginosa sucessão de rochas, por meio da
combinação espaço veresus tempo. Os eventos geológicos,
responsáveis por essas sucessões, são fenômenos naturais
de nosso planeta. É possível entendê-los e interpretá-los
graças às pistas deixadas sob a forma de registros.
Os registros mais importantes são aqueles relacionados a
formas de vida, as quais, ao longo do passado geológico,
pertenceram à biocenose (conjunto de seres vivos de um
ecossistema) e, hoje, encontram-se inseridas e acumuladas
nas rochas, fazendo parte da orictocenose (associações de
fósseis). Nesse sentido, podemos entender o surgimento e
a transformação sucessiva da vida em nosso planeta, por
meio de seus registros, os quais podemos chamar,
analogamente, de “o livro das rochas”. Entender o livro
das rochas é uma tarefa fantástica, pois, a cada letra, palavra,
linha, parágrafo e capítulos dessa enigmática obra,
desdobram-se não somente segundos, minutos e algumas
horas, claramente dimensionáveis para a vida humana,
mas inimagináveis milhões de anos. Dessa forma,
encontrar, classificar e correlacionar a vida passada de nosso
planeta torna-se uma tarefa difícil. Em outras palavras, não
somos uma espécie adaptada para perceber registros em
uma escala de tempo muitas vezes superior àquela própria
da história da humanidade. Esse é o desafio do “tempo
profundo”, termo usado por Charles Lyell em seu livro
Principles of Geology e classificado como imensurável e
incompreensível para o universo visível ao ser humano
(LYELL; SECORD, 1842). A geologia faz referência ao
tempo profundo quando busca exemplificar intervalos de
tempo inimagináveis, ao longo dos quais os eventos geo-
lógicos menos perceptíveis têm a capacidade de alterar
significativamente um continente inteiro.

26

26
Quando os primeiros fósseis (do grego fossilis = extraído
da terra) foram encontrados, as interpretações dadas a eles
orbitavam dentro de uma concepção dogmática, calculada
pelo bispado da Igreja Anglicana, o qual se baseava no
Velho Testamento, que postulava uma Terra com 6 mil
anos de idade. Tomava-se como referência uma escala de
tempo baseada na genealogia das tribos de Israel. Faltava,
até o momento, a visão de um tempo quase que
infinitamente profundo para a percepção dos sentidos
humanos.

A imensa quantidade de registros encontrados nos vários


tipos de rochas, principalmente naquelas consideradas
fossilíferas, manifesta as evidências necessárias para que
possamos compreender que não somente a Terra, mas
também os seres vivos que nela habitam surgiram e vêm
constantemente se modificando, gerando, com isso, um
sucessivo, complexo e contínuo registro geológico da vida.
Os fósseis nos mostram que os fenômenos do passado
geológico, responsáveis pelo seu surgimento e constante
modificação, continuam agindo hoje da mesma forma. Por
meio do acúmulo de milhões de anos de diversidade
biológica (melhor dizendo, de paleodiversidade), foi
possível entender as constantes e lentas modificações por
que passaram muitas linhagens de organismos, originando
continuamente novas espécies.

A história geológica da vida


e seus eventos mais importantes
O período Pré-Cambriano se estendeu desde o início da
Terra (4,5 bilhões de anos) até aproximadamente 570
milhões de anos atrás. Ao longo desse intervalo de tempo,
a vida nos oceanos primitivos se modificou, e os seres pouco
complexos, microscópicos e pelágicos (que flutuavam pela
subsuperfície oceânica) se tornaram os primeiros indivíduos
mais complexos, que hoje conhecemos como vermes.
Ao longo do período Pré-Cambriano, ficaram registrados
os eventos mais importantes da história de nosso planeta:

27

27
a) os registros mais antigos dos movimentos das placas
tectônicas; b) o início da vida na Terra, com o aparecimento
das primeiras células eucarióticas; c) a formação da
atmosfera tal qual a conhecemos; d) o registro dos animais
e vegetais mais primitivos.

O período Cambriano está compreendido entre 542


milhões e 488,3 milhões de anos atrás, aproximadamente.
Divide-se em Cambriano Médio e Superior. Ao longo desse
período, está registrada a maior paleodiversidade de todos
os períodos, até o momento. Esse evento é bem conhecido
na paleontologia como “explosão cambriana”, em virtude
do tempo relativamente rápido com que essa paleo-
diversidade de espécies surge. O Cambriano é um
importante período para o entendimento da história da
vida na Terra, pois, para a zoologia atual, serve como o
período de tempo em que a maioria dos grupos principais
de animais apareceram pela primeira vez na escala
zoológica, ou seja, no registro fóssil. Os grupos zoológicos,
encontrados nas camadas desse período, mostraram uma
rica diversificação: anelídeos, artrópodes, braquiópodes,
equinodermos, moluscos, onychophorídeos, esponjas e
priapulídeos. Ao longo do Cambriano Superior, surgem
os primeiros registros de braquiópodes, trilobitas e equi-
nodermos. Registra-se para esse período uma tendência
de diversificação das algas.

O período Ordoviciano está compreendido entre 488,3


milhões e 443,7 milhões de anos atrás, aproximadamente.
Invertebrados marinhos diversos (trilobitas e braquiópodes)
são os grupos mais abundantes nas rochas desse período. A
paleogeografia era definida pelo Hemisfério Norte quase que
inteiramente submerso pelo oceano. As massas continentais
concentravam-se ao sul sob a forma do supercontinente do
Gondwana. Seus sedimentos marinhos mostraram conter
fósseis importantes de peixes primitivos, cefalópodes, corais,
crinóides e gastrópodes. Descobertas relativamente recentes
de esporos preservados de plantas, similares àqueles de atuais

28

28
plantas primitivas terrestres, sugerem aos paleontólogos
que elas teriam conquistado a Terra nesse período. Suas
principais novidades estruturais, que viabilizaram sua
expansão terrestre, foram o aparecimento de raízes,
estruturas cuticulares e esporos resistentes ao resseca-
mento ambiental.

As extinções em massa registradas ao longo do


Ordoviciano Superior foram uma conseqüência do
posicionamento do Gondwana no Pólo Sul. Geleiras
maciças tomaram forma, o que, segundo os registros
fossilíferos, causou pro vavelmente a extinção de muitos
gêneros conhecidos. No caso dos invertebrados marinhos,
cerca de 25 % de todas as famílias foram extintas.

O período Siluriano está compreendido entre 443,7 milhões


e 416 milhões de anos atrás, aproximadamente. Durante
o Siluriano, surgem as primeiras plantas terrestres dotadas
de traqueídeos e estômatos. Esse período foi especialmente
importante para os vertebrados, até então agnatos (sem
mandíbula), pois marcou o registro dos primeiros
gnatostomados (seres dotados de mandíbula), por inter-
médio da descoberta de peixes mandibulados.

O período Devoniano está compreendido entre 416 milhões


e 359,2 milhões de anos atrás, aproximadamente. Em suas
rochas, encontram-se os primeiros registros de anfíbios,
plantas licopsídeas e as pró-gimnospermas.

O período Carbonífero está compreendido entre 359,2


milhões e 299 milhões de anos atrás. Esse período
proporcionou condições ideais para a formação de carvão,
além de ter sido especialmente importante para a história
evolutiva dos vertebrados. Foi nele que surgiu o ovo
amniótico. Esse tipo de ovo, que surgiu inicialmente nos
répteis e depois nos antepassados dos pássaros e mamíferos
primitivos (aplacentários), revolucionou a forma de
reprodução entre os vertebrados anamnióticos (peixes e
anfíbios), que, até então, dependiam da umidade am-
biental (para evitar o ressecamento do embrião) para o
desenvolvimento de seus ovos. Tal ovo permitiu, de certa
forma, a ocupação de novos nichos ecológicos, longe dos

29

29
cursos d’água, continente adentro. Importantes achados
de anfíbios labirintodontes marcam a forte expansão desse
grupo nesse período. O ovo amniótico promoveu a
dispersão territorial dos répteis. Suas formas mais basais,
como os cotilossauros (répteis-tronco), foram identificadas
nesse período.

O registro de temperaturas suaves durante o Carbonífero


promoveu o declínio das licófitas e de alguns grupos de insetos
gigantes. Além disso, auxiliou na expansão de grandes florestas
de plantas vasculares, como os licopsídeos, os esfenopsídeos
e as samambaias. Surgem nesse período os primeiros insetos
alados. O Carbonífero é dividido em Pensilvaniano (Car-
bonífero Superior), identificado pelas grandes jazidas de
carvão, e em Mississipiano (Carbonífero Inferior), marcado
por camadas de fósseis marinhos (corais, conodontes,
crinóides e briozoários).

O período Permiano é delimitado entre 280 e 245 milhões de


anos. Mudanças climáticas globais, como aridez crescente,
contrastam radicalmente com as feições paleoclimáticas
caracteristicamente úmidas vistas no período Carbonífero.
A paleodiversidade faunística e florística (marcada pela
diversificação das gimnospermas) é bem menos exuberante
do que aquela vista ao longo de todo o Carbonífero. A grande
explosão de diversidade observada nos anfíbios do Carbonífero
é marcada por um relativo declínio ao longo do Permiano.
Ademais, os répteis têm sua supremacia marcadamente
ascendente nesse período, até aproximadamente o final do
Mesozóico. Grandes extinções ao final do Permiano marcam
o registro do desaparecimento de vários grupos de
invertebrados e vertebrados, que haviam dominado durante
todo o paleozóico.

O período Triássico está compreendido entre 251 milhões


e 199,6 milhões de anos atrás, aproximadamente. Florestas
de gimnospermas e samambaias gigantes são relativamente
abundantes nas formações triássicas de todo o mundo.
Licopsídeos, equisetales, cicadales, coniferales, gingkgoales

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30
e cicadeoidales têm registros importantes ao longo desse
período. Uma das características mais importantes do
Triássico é que nele surge um grupo importante de
vertebrados denominados de sinápsidos. Esses estão
relacionados diretamente com as linhagens que deram
origem aos mamíferos atuais. Durante o Triássico, estão
registrados, em seus sedimentos, os dinossauros mais
antigos, denominados de prossaurópodos. Esse período é
conhecido pela configuração dos continentes na forma do
supercontinente de Pangea. Surgem também árvores de
grande porte, como as coníferas. O período Triássico
finalizou com a extinção de algumas linhagens de verte-
brados, como os dicinodontes. Presume-se que essas
extinções tenham resultado de fortes mudanças climáticas
que submeteram os paleoambientes a climas peridesérticos.

O período Jurássico está compreendido entre 199 e 145


milhões de anos atrás. Foi caracterizado por uma fauna
bastante variada. Os crustáceos e os amonitas são os fósseis
que diagnosticam esse período, em termos de abundância
e paleodiversidade. É um período importante para o estudo
da evolução das aves, já que, na China, seus sedimentos
ocultam importantes achados de dinossauros aviformes
(com penas). Praticamente todos os grupos de peixes
modernos já estavam presentes, bem como os anfíbios
modernos (lissamphibia) e os pequenos mamíferos
marsupiais. As formações jurássicas no Brasil são muito
pouco preservadas, em virtude dos ambientes antigos de
sedimentação terem sido desfavoráveis. A conseqüência
disso é que, no Brasil, o registro fóssil dessa idade não é
tão abundante. A paleoflora e os padrões climáticos bem
estabelecidos marcavam registros de gingkos, pinheiros e
outras espécies de coníferas. Embora predominassem as
gimnospermas, os estudos palinológicos já registravam
pólens de angiospermas. Um processo crescente de
separação dos blocos continentais tratou de fragmentar o
Pangea. Esse padrão tectônico durou aproximadamente
100 milhões de anos, estendendo-se por todo o período
Jurássico e atingindo o período Cretáceo.

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O período Cretáceo está compreendido entre 145,5 milhões
e 65,5 milhões de anos atrás, aproximadamente. Para a
botânica, esse período tem singular importância evolutiva,
já que nele surgem as primeiras plantas com frutos – as
angiospermas –, as quais deram origem a várias famí-
lias que hoje representam muitas plantas modernas.
O aparecimento e a diversificação das angiospermas
estimularam o surgimento e a diversificação de muitos
grupos atuais de insetos, como as formigas e as borboletas.

Os moluscos cefalópodes (que constituem o grupo dos


atuais polvos e lulas), os moluscos bivalves (representados
atualmente pelos mariscos e mexilhões), as esponjas
marinhas e os equinóides (representados atualmente pelos
ouriços-do-mar, bolachas e estrelas-do-mar) são
abundantes nos sedimentos cretáceos. As formações
cretáceas de corais eram homólogas às espécies atuais. Os
moluscos gastrópodes (lesmas e caracóis) têm seus
primeiros registros nesse período. Quanto aos registros de
peixes, observa-se uma constante diversificação em direção
ao fim desse período, fato esse corroborado pelo
surgimento e derivação de muitos grupos de tubarões e
peixes ósseos modernos. Os anfíbios são representados por
meio de grupos de rãs e salamandras que se originaram
de linhagens primitivas de anfíbios labirintodontes.

Os Testudinata (tartarugas, cágados e jabutis) eram muito


semelhantes às formas atuais. No entanto, algumas formas
marinhas eram gigantescas, como Archelon, com 3 m de
diâmetro. Os Squamata (lagartos e serpentes modernos)
surgem nesse período, e deles derivaram uma linhagem
de lagartos aquáticos marinhos de grande porte, como os
plesiossauros. As condições climáticas tropicais nos
continentes possibilitaram o desenvolvimento de
ecossistemas ideais para muitas famílias de crocodilídeos
de água doce. Contrariamente, as formas marinhas de
crocodilos entraram em forte declínio e desapareceram
juntamente com linhagens de grandes lagartos marinhos.
Os arcossauromorfos (dinossauros, pterossauros e aves)

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encontravam-se em franca diversificação, de forma
que, dessas linhagens, apenas as aves deixaram repre-
sentantes atuais.

O fim do período Cretáceo foi marcado por uma das


maiores e mais fantásticas extinções em massa. O assim
denominado “evento ou intervalo K-T” foi diagnosticado
por meio de uma teoria catastrófica. Evidências geológicas
marcadas por níveis anormais de irídio apontam para a
possibilidade da queda de um grande meteorito na região,
onde hoje se encontra a Península de Yucatán, no México.
Tal evento teria suspendido quantidades colossais de
sedimentos (poeira) na atmosfera. Essa poeira teria coberto
a Terra, evitando a passagem dos raios solares: fato que
acarretaria um crescente resfriamento da superfície do
planeta. Presume-se que isso teria sido capaz de levar nosso
planeta a uma espécie de Era Glacial forçada. Logo, os
organismos produtores foram impedidos de realizar seus
processos fotossintéticos, entrando em um forte declínio,
o que, conseqüentemente, causou a extinção de muitas
linhagens. Logicamente, a inevitável quebra do equilíbrio
das relações tróficas entre os produtores e consumidores,
em face da insuficiente incidência solar, promoveu a
extinção de, aproximadamente, metade de todas as
linhagens animais (entre elas os dinossauros, os grandes
lagartos marinhos, várias linhagens de pássaros arcaicos,
os amonitas e a maioria dos cefalópodes belemnites,
moluscos e muitos microrganismos). Em meio a todas
essas adversidades ambientais de dimensões catastróficas,
os mamíferos primitivos (marsupiais e monotremados),
de alguma forma, sobreviveram e viabilizaram a
diversificação e a manutenção de todas as linhagens atuais
de mamíferos placentários.

A Era Cenozóica iniciou há cerca de 65,5 milhões de anos e se


estende até a presente época (Holoceno). O nome “cenozóico”
provém de duas palavras gregas que significavam “vida
recente”. Essa era divide-se em dois períodos principais: o
Terciário e o Quaternário. O mais antigo (o Terciário)

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subdivide-se nos períodos Paleógeno (com início há 65
milhões de anos e término há 24 milhões de anos) e Neógeno
(com início há 24 milhões de anos e término há 1,8 milhão
de anos). Já o Quaternário subdivide-se nas épocas Pleistoceno
(com início há 1,8 milhão de anos e término há 11 mil anos)
e Holoceno ou recente, com data inferior a 11 mil anos.
O período Paleógeno subdivide-se em três épocas: Paleoceno,
Eoceno e Oligoceno. O período Neógeno subdivide-se em
Mioceno e Plioceno. A Era Cenozóica foi marcada pelo
aparecimento de 28 ordens de mamíferos, das quais 16 ainda
fazem parte da atual classe Mammalia. Ao longo do
Pleistoceno, registros importantes de consideráveis eventos
glaciais, principalmente no Hemisfério Norte (evidências de
atividades de glaciação de magnitudes menores também foram
observadas no Hemisfério Sul), deram a esse período a
denominação popular de “Era do Gelo”. Com relação à
evolução humana, os registros mais antigos do gênero Homo
datam de sedimentos do Pleistoceno (cerca de 450 mil anos).
Além de fósseis humanos, esse período contempla achados
importantíssimos de fabulosos mamíferos. Entre os achados
mais comuns, figuravam os mastodontes e mamutes,
ancestrais gigantes das preguiças (megatérios), tatus gigantes
(gliptodontes), felinos como os tigres-dentes-de-sabre (Smilodon)
e os toxodontes, grandes mamíferos notoungulados com
hábitos semelhantes aos dos atuais hipopótamos. A ocupação
de novos hábitats marcou não só o predomínio, mas também
a radiação adaptativa das angiospermas.

A teoria de Wegener:
estariam os continentes à deriva?
Essa pergunta, aparentemente simples, tem um enorme
significado na história do homem. As primeiras civilizações
que obtiveram o domínio tecnológico das ciências
cartográficas provavelmente tiveram a sensibilidade de
perceber que, de certa forma, o contorno dos continen-
tes era contíguo, ou seja, tinha tudo para se encaixar

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perfeitamente, como se fosse um enorme quebra-cabeça
mundial. Antônio Pellegrini, um pesquisador do século
19, em suas investigações, postulou empiricamente que
os continentes teriam sido interligados em um passado
geológico, separando-se a posteriori.

Notável foi o trabalho do cientista alemão Alfred Lothar


Wegener, que, em 1912, retomou as hipóteses de Pellegrini,
aprofundando-se nessa idéia ao basear seu modelo de deriva
continental em fundamentos geofísicos e não somente no
empirismo visual do contorno contíguo dos blocos continentais.
Ao final dos anos de 1950, a teoria da tectônica global ganha
corpo a partir de estudos feitos no assoalho rochoso do Oceano
Pacífico. A descoberta de anomalias magnéticas, relacionadas
a atividades de extrusão de lavas vulcânicas submarinas, trouxe
subsídios fundamentais para corroborar a hipótese de que o
assoalho oceânico expandia-se, em virtude de fenômenos de
convecção ocorrentes nas camadas do manto. Os níveis mais
inferiores do manto terrestre teriam uma temperatura bem
mais elevada. Isso acarretaria um processo ascensional a partir
da área de maior temperatura. Esse fluxo ascensional de lava
ocorreria pela própria característica física que a torna menos
densa. O material ascendente, ao atingir os níveis mais
superiores (posicionados logo abaixo da crosta), logicamente
se resfriaria e, ao tornar-se mais denso, assumiria um sentido
descendente, como um ciclo clássico de correntes de convecção.
O fluxo magmático descendente seria, em tese, reconsumido
(ou reaquecido), tornando novamente a ascender, retro-
alimentando o sistema de convecção. O somatório dessas forças
colossais seria capaz de afastar placas oceânicas e continentais
a partir da ação sob suas bases, ou fazer com que placas se
chocassem. Fundamentalmente, esse processo, como um todo,
afastaria ou aproximaria continentes inteiros, afetando
lentamente padrões climáticos em escala continental.
A influência desses fatores sobre a fauna e a flora seria de
magnitudes globais, visto que, guardadas as devidas escalas de
tempo geológico, seriam capazes de remodelar a geografia física
de continentes inteiros.

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Além das constatações geofísicas, ou mesmo das de caráter
mais empírico, uma outra área do conhecimento humano
somou-se na corroboração dos fenômenos envolvidos na
tectônica de placas e deriva continental: a paleontologia
ou o estudo dos fósseis. A partir dos estudos de
geocronocorrelação entre formações geológicas que tinham
continuidade intercontinental, foi possível observar que
fósseis de animais e plantas eram encontrados em
continentes afastados por distâncias oceânicas. São muitos
os exemplos registrados pela paleontologia. Um dos mais
clássicos envolve os mesossaurídeos, que eram répteis de
pequeno porte que habitavam os mares epicontinentais
ao longo do Permiano. Esses pequenos vertebrados
ocorrem em duas importantes formações geológicas
permianas mundiais: a Formação Irati, no Brasil, e a
Formação Whitehill, na África do Sul. A ocorrência desses
mesossaurídeos em continentes intercalados pelo Oceano
Atlântico corrobora a hipótese de que, no passado
geológico, África e América do Sul estavam muito
próximas.

Literatura recomendada
CARVALHO, I. S. Paleontologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2000. 628 p.

GOULD, S. J. Seta do tempo, ciclo do tempo, mito e metáfora na descoberta do tempo geológico.
São Paulo: Companhia das Letras, 1991. 222 p.

HOLZ, M. Do mar ao deserto: a evolução do Rio Grande do Sul no tempo geológico. Porto
Alegre: Ed. UFRGS, 1999. v. 1. 142 p.

HOLZ, M.; SIMÕES, M. G. Elementos fundamentais de tafonomia. Porto Alegre: Ed. UFRGS,
2002. 231 p.

LIMA, M. R. Fósseis do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1989. 119 p.

LYELL, C.; SECORD, J. A. Principles of geology. London: Penguin Classics, 1842. 528 p. Sugestões
para leitura

MENDES, J. C. Paleontologia básica. São Paulo: EDUSP, 1988. 347 p.

TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (Ed.). Decifrando a Terra.
São Paulo: USP – Oficina de Textos, 2003. 558 p.

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36
D omesticação
das plantas

Maria Jane Cruz de Melo Sereno


Paula Wiethölter
Tatiana de Freitas Terra

A domesticação das plantas tem um relacionamento direto


de interação com o homem, pois é um processo que
envolve mudanças mútuas entre os dois grupos. Essas
mudanças determinaram uma dimensão diferente dentro
da evolução dos vegetais, bem como despertaram a atenção
de muitos autores ao longo dos anos, principalmente pela
multidisciplinaridade do assunto (envolvendo antro-
pologia, arqueologia, bioquímica, genética, geografia,
lingüística, biologia molecular, fisiologia, sociologia e
botânica sistemática). Além disso, pode ser considerada
como um dos processos mais importantes relacionados
com a história dos seres humanos no planeta, por ter
permitido ao homem a possibilidade de selecionar e,
posteriormente, cultivar espécies para o seu próprio
consumo. Sendo assim, a domesticação das espécies foi
decisiva na mudança do comportamento humano e, dessa
forma, pode ser considerada um pré-requisito para o
surgimento das civilizações.

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39
Vários conceitos já foram descritos para o termo
domesticação, tais como: “um processo mediado por
adaptações morfológicas e auto-ecológicas na planta e por
mudanças no comportamento humano” (RINDOS, 1984);
“um processo evolutivo operando sob a influência de
atividades humanas” (HARLAN, 1992); “um processo de
seleção genética que, por alterar traços chaves, trans-
forma formas silvestres em variedades domesticadas”
(SALAMINI et al., 2002), entre tantos outros. Entretanto,
de maneira geral, pode-se dizer que a domesticação das
espécies é um processo de modificação do genótipo de
maneira contínua, evolutiva, efetuado inconscientemente
pelo homem (EVANS, 1993) e de forma relativamente
rápida. Nos últimos anos, foram desenvolvidos modelos
matemáticos baseados em estimativas empíricas de
coeficientes de seleção, os quais indicam que a domesticação
de uma espécie não necessariamente necessita de centenas
ou milhares de anos, e sim que pode ocorrer em torno de
20 a 100 anos (HILLMAN; DAVIES, 1990).

Diversos trabalhos têm identificado QTLs (Quantitative


Traits Loci) associados com o processo de domesticação.
No geral, os resultados encontrados indicam que as
grandes mudanças observadas entre uma espécie silvestre
e uma espécie domesticada correspondente são decorrentes
de mudanças em poucos genes, ou seja, a ocorrência de
seleção em poucos genes é suficiente para promover grandes
mudanças (WRIGHT et al., 2005; HANCOCK, 2005).
A fixação dessas mudanças de maneira relativamente rápida
poderia ser explicada pela localização próxima dos QTLs
associados com os caracteres da domesticação. Isso porque
a proximidade dessas associações de genes poderia reduzir
a quantidade de segregação entre esses genes importantes
na adaptação (HANCOCK, 2005).

Contudo, pode-se definir que a domesticação das plantas é


um processo evolutivo, constituído de inúmeras mudanças
genéticas e morfológicas, que podem ser percebidas a partir
de modificações comportamentais humanas, as quais estão

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40
diretamente relacionadas com o desenvolvimento da
agricultura de subsistência (cultivo), efetuada, primariamente,
pelo grupo dos caçadores-coletores.

Evans (1993) descreveu alguns conceitos relacionados ao


cultivo, tais como: “o hábito de desenvolver plantas para
próprio uso” (BRONSON, 1977 citado por EVANS, 1993);
“o particular e persistente interesse por uma cultura”,
implicando em maior envolvimento humano (HELBAEK,
1969 citado por EVANS, 1993). O autor conclui que a
domesticação envolve aquelas modificações que conferem
adaptação às condições da agricultura, distinguindo da
adaptação a novos ambientes.

A domesticação tem o marco inicial na ação dos homens


primitivos, os quais, inicialmente, eram considerados seres
ignorantes e indolentes, mas que recentemente – em
virtude de estudos arqueológicos – passaram a ser
considerados como “profissionais primitivos”. Essa alteração
na denominação dos ancestrais ocorreu por causa de uma
série de considerações, tais como o grande número de
ferramentas desenvolvidas, número de espécies coletadas
(em torno de 2.500 espécies de plantas superiores), além
do amplo conhecimento em relação ao ciclo de vida das
plantas, como o florescimento, a frutificação e a colheita.
A coleta das espécies, de maneira geral, não era realizada
de qualquer maneira, e sim seguindo alguns critérios, tais
como facilidade de coleta (sementes que apresentavam
tamanhos maiores, mais grãos por espiga e inflorescência
mais compacta) e de transporte (facilidade de debulha,
considerando a disponibilidade para o estoque). Pro-
vavelmente, a coleta intensa de espécies, seguida por um
manejo elementar, pode ter resultado na modificação de
algumas populações, sugerindo, dessa forma, que a
domesticação tenha precedido o cultivo. É importante
destacar que os termos domesticação e cultivo não são
sinônimos, já que a domesticação envolve mudança na
resposta genética, transformando formas silvestres em
domesticadas, enquanto o cultivo relaciona-se intimamente

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41
com a atividade humana de plantio e colheita, tanto na
forma silvestre quanto na domesticada (SALAMINI et al.,
2002). Além disso, a domesticação nem sempre evolui em
relações agrícolas (RINDOS, 1984).

Existem diversos fatores que tentam explicar o que levou


os caçadores-coletores a mudar o seu estilo de vida e,
definitivamente, dar início à domesticação das espécies.
Entre eles, estão as mudanças climáticas ocorridas no final
do período Pleistoceno, as quais forçaram não somente a
concentração de homens e animais em oásis, como
também a existência de sincronia durante as mudanças
climáticas e culturais e a evolução gradual, irregular e
independente em diferentes ambientes (EVANS, 1993).

Rindos (1984) classificou o processo de domesticação em,


pelo menos, três formas: incidental, especializado e
agrícola. A domesticação incidental é resultado da seleção
inconsciente de algumas plantas sobre outras, por causa
do consumo humano (sociedade não-agrícola). A interação
coevolutiva com os humanos fez com que certos caracteres
morfológicos de algumas plantas tivessem uma vantagem
seletiva sobre os caracteres das outras plantas, por meio
da pressão de seleção exercida com a atuação do homem.
O resultado não é estabelecido por técnicas agrícolas
especializadas, e as mudanças na morfologia são con-
sideradas de baixo impacto. Além disso, a domesticação
incidental é considerada como uma relação que preserva
e promove uma relação conservativa e tradicional entre os
humanos e o ambiente. Esse tipo de domesticação ocorre
quando a agricultura fornece a forma primária de subsistência
para uma sociedade.

A evolução das primeiras plantas domesticadas é


determinada pela domesticação especializada e permite
que diferentes tipos de interações de ambiente e pessoas
sejam estabelecidos. Possivelmente, a fundamental novidade
seja a mudança no comportamento do agente. O homem é o
agente de dispersão das plantas, e as comunidades de plantas
domesticadas eram estabelecidas em áreas onde as pessoas

42

42
viviam. Esse fator também é determinante para que haja
um padrão de sucessão entre as espécies que possuem o
uso intensificado. Essas espécies domesticadas estão, dessa
forma, sob ação de forças seletivas de grande importância
evolutiva e apresentam mudanças morfológicas mais
marcantes. Nesse tipo de domesticação, os humanos
tornam-se suficientemente dependentes de determinadas
plantas para a sua sobrevivência, assim como a sobrevi-
vência de algumas plantas torna-se dependente dos
humanos, em algumas regiões. Intensificando o sucesso
desse relacionamento coevolutivo, um relacionamento
especializado entre humanos e suas plantas domesticadas
incidentais é criado, de forma que se estabeleça um sistema
agroecológico primário. Nesse tipo de domesticação, a
proteção, a armazenagem e o plantio tornam-se variáveis
comportamentais fundamentais.

A domesticação agrícola é a conseqüência imediata do


comportamento humano e da evolução dentro do sistema
agroecológico. A manipulação ambiental humana (fogo,
irrigação e sistemas de lavoura) auxiliou o estabelecimento
da agroecologia, a qual formou um complexo onde as
plantas daninhas começaram a se desenvolver. As plantas
daninhas, também denominadas inços, agem como
oportunistas e parasitam a interação existente entre os
humanos e as espécies domesticadas coevoluídas.
É importante ressaltar que a domesticação agrícola
relaciona-se com o estabelecimento e o refinamento dos
sistemas de produção agrícola, mas não resulta no fim dos
outros dois modos de domesticação. Além disso, assim
como na domesticação incidental, a domesticação agrícola
é um processo que ainda está em andamento e apresenta
como tendência atual o aumento da produtividade.

Em uma análise resumida, é possível inferir que a


domesticação incidental seja uma conseqüência direta da
alimentação humana. A domesticação especializada ocorre
quando as pessoas afetam o ambiente de maneira tal que,
indiretamente, beneficiam as plantas domesticadas.

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43
A seleção das características na planta, que permitem o
desenvolvimento de um processo simbiótico entre
humanos e plantas, confere o início do sistema agrícola de
fato, estabelecendo a domesticação agrícola.

O processo de simbiose que se estabeleceu entre


populações de plantas e animais, é facilitado pelo apare-
cimento de características adaptativas dentro da primeira
população, bem como por modificações no comporta-
mento da última. As plantas recebem pressão seletiva
relacionada aos humanos e também ao ambiente. As mu-
tações ocorridas nas plantas devem ser necessariamente
“úteis” ao comportamento humano – modificado graças à
competição – que acaba por excluir os tipos menos
adaptados a esse relacionamento. Por fim, a domesticação
afeta a planta em todos as fases do seu ciclo de vida
(RINDOS, 1984).

No mundo todo, existem em torno de 200 mil espécies de


plantas silvestres, das quais aproximadamente 100
produziram espécies domesticadas de grande importância
econômica (DIAMOND, 2002). Segundo Evans (1993), a
maioria das espécies domesticadas pertence a um pequeno
número de famílias (2.489 espécies domesticadas pertencendo
a somente 173 famílias). Além disso, a proporção de espécies
domesticadas varia consideravelmente entre as famílias.
Outro fator importante é que a grande parte das espécies
está distribuída em oito famílias principais, que são: gramíneas
(poáceas), leguminosas, rosáceas, solanáceas, asteráceas,
mirtáceas, malváceas e cucurbitáceas. Dessa forma, com base
nesses dados, surge uma pergunta: por que somente certas
plantas foram domesticadas? As formas ancestrais das
espécies cultivadas são denominadas “protótipos silvestres”
e teriam sido domesticadas por se comportarem como espécies
colonizadoras, ou seja, “inços ecológicos”, os quais são
incapazes de competir num hábitat silvestre, porém adaptam-
se bem em hábitats abertos, onde a competição é mínima.
Entretanto, é importante ressaltar que o “protótipo silvestre”
não pode ser o ancestral direto da espécie cultivada.

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Considera-se que espécies silvestres e espécies cultivadas
evoluíram em paralelo, que hibridizam com freqüência,
apresentando introgressão de genes, porém com fluxo
gênico limitado. Além disso, podem ser encontradas
facilmente no mesmo ambiente. Um exemplo claro pode
ser observado com o milho (Zea mays) e o ancestral teosinto
(Zea mexicana). A espécie ancestral é encontrada na
vegetação silvestre no oeste central do México (centro de
origem da espécie) e também como invasora nos campos
de milho (HAWKES, 1983).

O homem primitivo, ao alterar o hábitat em que vivia,


propiciou a invasão de plantas que se adaptavam a esses
novos ambientes. Com isso, surgiram as plantas invasoras
ou inços, que, com a provável domesticação, deram origem
às plantas cultivadas. Nesse novo sistema, surgiram os
inços relacionados às cultivadas, ou seja, ancestrais ou
descendentes das cultivadas geneticamente relacionados,
formando o complexo silvestre–inço–cultivada, antes
inexistente. Esses inços podem ter dado origem à planta
cultivada ou podem ser derivados da hibridização entre a
planta silvestre e a cultivada. O fluxo gênico, nesse
complexo, até hoje influencia na introgressão de caracteres
dos inços para as plantas cultivadas. O fluxo inverso
(cultivada–inço) faz com que o último fixe caracteres de
interesse ecológico, mas mantenha a debulha natural, que
o permite sobreviver sem a interferência humana.

A síndrome da domesticação
A síndrome da domesticação pode ser definida como o
resultado do processo de domesticação das plantas, o qual
resulta na modificação das características originais. Essas
mudanças têm sido determinadas como as diferenças
existentes entre plantas silvestres e domesticadas, sem
ignorar muitos exemplos de espécies cultivadas que
possuem características similares aos seus ancestrais
silvestres e, muitas vezes, a perda total da ligação entre as

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duas populações. Darwin com sua teoria da “variação
paralela análoga” e Vavilov com “as séries homólogas”
reconheceram essas características comuns nos grupos
domesticados de plantas e nas mudanças com a
domesticação, apesar do último descrever a perda de
ligação entre as plantas silvestres e as plantas cultivadas.
Contudo, pode-se admitir que uma identificação das
cultivadas modernas com seus ancestrais permanece
plenamente possível, uma vez que o próprio Vavilov
definiu que grande parte dessa perda encontrou um meio
de retornar a seu relacionamento ancestral.

Amplamente listadas, as diferenças existentes nas plantas


domesticadas em relação às silvestres são consideradas
paralelas ao envolvimento humano com o seu cultivo. Isso
deliberadamente é muito complexo, uma vez que a
formação das sociedades envolve uma série de fatores, entre
eles os padrões culturais. Entretanto, o cultivo de uma
espécie em particular determina a domesticação como um
importante processo evolutivo das plantas, ainda que este
possa ter decorrido de seleção consciente ou inconsciente.

As principais características envolvidas com a síndrome


da domesticação são descritas em Evans (1993) e estão
resumidas a seguir:

1) Supressão do mecanismo de dispersão de sementes


A perda do mecanismo de dispersão natural das sementes
dos cereais é determinada como a principal modificação
entre as populações domesticadas e seus ancestrais
silvestres. Mais surpreendente é o fato de o caráter ser
controlado por um único ou por poucos genes – muitas
vezes alelos recessivos. Um excelente exemplo é o caso do
milho, que apresenta uma arquitetura de planta totalmente
diferente do teosinto (provável ancestral), sob controle de
apenas cinco locos distintos. No caso do arroz, a retenção
das sementes tem sido encontrada sob controle de dois
alelos recessivos.

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Essa característica, adquirida após a domesticação, tornou
as plantas cultivadas inteiramente dependentes do homem.
Em algumas culturas, a perda desse mecanismo é irre-
levante, permanecendo a forma original de dispersão das
sementes. Algumas espécies de forrageiras cultivadas são
bons exemplos, visto que a debulha natural é uma
característica desejável para a manutenção das espécies sem
a necessidade de nova semeadura.

2) Modificações de forma: alometria e condensação


Um exemplo clássico de mudança na forma por causa da
domesticação é o grupo de hortaliças originado da couve
silvestre (Brassica oleracea): brócolis, couve-flor e couve-
de-bruxelas, entre outras. Dentro de uma única espécie,
mudanças – nas folhas, raízes, inflorescências – originaram
formas distintas por intermédio da seleção, entretanto
existem pesquisadores que sugerem que diversas espécies
silvestres tenham dado origem a diversas formas do-
mesticadas.

A intensificação seletiva de alguns órgãos é geralmente


resultado de uma modificação na alometria, com maior
fracionamento de assimilados nos primeiros estádios de
desenvolvimento daqueles órgãos. Um exemplo disso foi
observado na beterraba, na qual o diâmetro do hipocótilo
das plântulas funciona como um marcador eficiente para
indicar o tamanho da raiz e sua produção.

O processo de condensação também foi referido, como o


encurtamento de ramos e entrenós, levando órgãos muito
dispersos a estruturas mais compactas. Exemplos extremos
de condensação são observados na espiga do milho e na
única inflorescência terminal nos girassóis. Em ambos, as
formas silvestres possuíam pequenas inflorescências sobre
muitos ramos. Dessa forma, o processo de condensação
conduziu ao desenvolvimento de estruturas consideradas
aberrantes no ambiente silvestre.

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3) Germinação mais rápida e uniforme
Uma germinação mais demorada e a presença de sementes
mais duras são características comuns e adaptativas das
plantas silvestres, sendo indesejável para plantas
cultivadas. Para Ladizinsky, citado por Evans (1993), a
seleção para germinação mais rápida foi quase um pré-
requisito para a domesticação de lentilhas, reduzindo a
competição entre as plantas.

Por sua vez, a dormência pode ser um fator adaptativo na


agricultura. Alguns cereais se desenvolvem sob condições
de umidade e, nesse caso, certo grau de dormência entre
as sementes é desejado, a fim de evitar perdas de grãos.

A germinação pode ser modificada por outros meios. Uma


mudança vantajosa e essencial está no fato de as sementes
de algumas espécies cultivadas não apresentarem
necessidade de exposição à luz para sua germinação,
diferentemente de seus ancestrais silvestres.

4) Sincronismo no florescimento e na maturação


A maturação, quando está condicionada a um longo
período de tempo, pode ser uma vantagem para plantas
silvestres, ao contrário das cultivadas, nas quais a
uniformidade para maturação e florescimento, prova-
velmente, tenham sido intensificadas pela seleção humana
indireta. Como exemplo, pode ser citada a sincronia de
amadurecimento no arroz e de florescimento no trigo.
A ausência de sincronismo em espécies do gênero Coix é
um indicativo de domesticação parcial.

5) Mudanças bioquímicas (perda de substâncias amargas


e tóxicas)
A proteção física de algumas espécies (por exemplo, em
gramíneas) é um obstáculo que pode mais facilmente ser
ultrapassado pelo homem, ao contrário da presença de
compostos químicos, que reduzem drasticamente o
potencial nutritivo de algumas culturas, bem como a
utilização de suas sementes.

Inúmeras plantas silvestres apresentavam elementos


tóxicos nos grãos, nos frutos e nas sementes, como proteção

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contra a predação, tornando necessário algum tipo de
tratamento especial e/ou cozimento para alimentação
humana. Embora apresentassem essas desvantagens, muitas
delas eram reconhecidas como candidatas perfeitas à
domesticação. É correto afirmar que a toxicidade evoluiu
como um sistema de proteção para órgãos com grande
estocagem nutritiva e pode ter sido intensificada por seleção
inconsciente em muitas culturas.

6) Gigantismo de órgãos
O gigantismo de órgãos foi provocado por seleção de
estruturas maiores e por eventos de poliploidização de
algumas espécies. Desempenhando um papel significante
junto às outras características concomitantes da do-
mesticação, essa modificação em partes das plantas que
recebem especial atenção na utilização humana pode ser
determinada como um fator pré-adaptativo para o
processo em si. O aumento no tamanho das sementes é
um dos primeiros estágios de domesticação ocorrido em
muitas leguminosas, assim como o aumento nos grãos
dentro dos cereais ocorreu de maneira bem menos
pronunciada. Vavilov (1945) identificou que o aumento
no tamanho das sementes podia ser reflexo de adaptação
ambiental, em vez de domesticação per se.

Diversas mudanças correlacionadas têm sido atribuídas a


esse aumento nos órgãos principais das plantas em virtude
da domesticação. Exemplos como o aumento no peso de
grãos do trigo e o aumento da área foliar demonstram certo
paralelismo. Muitas vezes, esse paralelismo é associado a
distintos níveis de ploidia, entretanto existem evidências
de que, no feijão, o tamanho celular e das sementes possa
ser um evento estreitamente relacionado, sem denotar
diferenças na ploidia.

Em muitos casos, como em cana-de-açúcar e no peso de


sementes de ervilha, o tamanho das células e o número de
células são importantes. Sendo assim, o diâmetro das
células tem, presumivelmente, estado sob forte pressão de
seleção, resultando em diferenças adaptativas entre as

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variedades crioulas, com alta herdabilidade para o caráter,
mas pouco associado a diferenças nos níveis de ploidia.
Uma grande proporção das plantas domesticadas é
poliplóide, como o trigo, a aveia, o algodão, o fumo, entre
outras. O gigantismo ocasionado pela poliploidia
certamente chamou a atenção do homem primitivo, que
selecionou parte dessas plantas para a domesticação.

7) Ciclo de vida e sistemas de hibridação


O ciclo de vida de muitas espécies cultivadas tem sido
reduzido de perene para anual durante a domesticação,
embora muitos ancestrais silvestres tenham sido identificados
como anuais. O gênero Gossypium é caracterizado por ser
antigo e de arbustos perenes. As espécies cultivadas são
do tipo anual e desenvolvidas sob domesticação. Isso
permitiu que o algodão fosse cultivado além da zona
temperada, onde anteriormente seu cultivo era restrito.

Uma generalização comum no processo de domesticação


parece estar na troca da fecundação cruzada para auto-
fecundação. Embora o milho, o centeio, o milheto, o sorgo,
por exemplo, permaneçam com fecundação cruzada,
parece haver uma relação positiva entre estabilidade na
produção de frutos e sementes de plantas cultivadas,
quando elas estão sob autofecundação (SMARTT, 1997).
Esse sistema reprodutivo independe de outras plantas,
ventos e insetos para sua sobrevivência. Esse caráter deve
ter sido importante para as plantas e para o homem
primitivo. Além disso, a retenção da fecundação cruzada
desempenha um importante papel evolutivo em algumas
espécies cultivadas, pois permite a elas a introgressão
contínua com seus parentes silvestres.

Com a domesticação, é observada uma redução na


esterilidade das flores, bem como um aumento da fer-
tilidade e do conjunto de sementes, no caso dos grãos;
entretanto, algumas espécies cultivadas com reprodução
vegetativa têm levado a uma redução no florescimento e
na esterilidade. Nesse caso, os programas de melhoramento

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vêm atuando em hibridizações com espécies relacionadas
para aumentar a variabilidade genética desse pool gênico.

As origens da agricultura
A história da agricultura é complexa porque não existem
registros escritos sobre como e quando a agricultura começou.
Tudo o que se sabe está baseado em evidências circunstanciais,
em conclusões extraídas de registros arqueológicos. Segundo
Hawkes (1983), a agricultura teve várias origens diferentes,
mais ou menos no mesmo período, e nasceu, provavelmente,
de uma necessidade dos povos de se fixarem em um local,
deixando de ser nômades. O fato é que há milhares de anos,
de maneira instintiva e, provavelmente, inconsciente, o
homem primitivo passou a prestar mais atenção no que
ocorria a sua volta e descobriu que não havia mais necessidade
de mudar de ambiente para se alimentar, e que poderia passar
a cultivar o alimento próximo a sua moradia, tornando-a,
então, fixa. É interessante destacar que, por causa do
compromisso com a caça e dos cuidados com o rebanho, é
provável que boa parte da agricultura tenha sido desenvolvida
pela mulher.

Existem algumas hipóteses que tentam explicar como a


agricultura começou. Uma das hipóteses mais conhecidas
e aceitáveis é a hipótese conhecida como “monte de lixo”
(ENGELBRECHT, 1916 citado por HAWKES, 1983), a qual
supõe que o homem primitivo, após chegar de sua coleta
de alimento (sementes e raízes), descartava os restos ao
redor de suas moradias, onde continuamente era
depositado lixo. Esse lixo enriquecia o solo, permitindo
que aquelas plantas, com características de inços,
colonizassem, sem competição, as áreas próximas às
moradias, as chamadas “cozinhas primitivas”. Esses locais,
provavelmente, apresentavam estações bem definidas,
favorecendo o desenvolvimento dos inços que ali eram
depositados. Com isso, o homem teria percebido que não

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havia mais a necessidade de buscar o alimento tão longe,
quando poderia cultivá-lo próximo às suas habitações.
Segundo o autor, não teria ocorrido um planejamento, ou
seja, foram as circunstâncias que levaram por si só ao inevitável
desenvolvimento. Essa mesma hipótese também foi descrita
mais tarde por Sauer (1952). Entretanto, alguns fatos não
podem ser explicados por essa teoria. Entre eles, destaca-se a
seguinte questão: por que somente um número tão baixo de
espécies foi domesticado, considerando-se milhares de
espécies de inços que, provavelmente, colonizaram as regiões
próximas às moradias?

Além dessa teoria, muitas outras já foram desenvolvidas,


como as descritas por Harlan (1992), que atribui o
desenvolvimento da agricultura a causas divinas e
religiosas, ao estresse causado pela pressão exercida pelo
aumento populacional em determinados locais, e ainda a
uma teoria sem modelo algum. Esta última sugere que
algumas plantas possam ter sido domesticadas segundo
uma teoria, enquanto outras seguiram outro modelo, não
havendo, portanto, a existência de um modelo universal.

Existem evidências indicando que as plantas terrestres


evoluíram em torno de 700 milhões de anos atrás
(HECKMAN et al., 2001), que o período de habitação do
homem no planeta é de 6 milhões de anos (DIAMOND,
2002) e que a agricultura teria iniciado em torno de 5 mil
a 10 mil anos atrás (DIAMOND, 2002; ERICKSON et al.,
2005). Diante desses fatores, surge uma questão: por que
a agricultura foi desenvolvida tão tarde considerando a
nossa história evolutiva? Várias hipóteses buscam
desvendar essa incógnita. Segundo Sauer (1952), para o
estabelecimento da agricultura, havia necessidade de uma
forma de existência estável, fixa em determinado local, de
modo que o homem pudesse desenvolver uma relação com
as plantas que passaria a cultivar. Outra hipótese sugere
que o fator decisivo para o desenvolvimento da agricultura
teria sido uma dramática mudança climática (FLANNERY,
1973 citado por HAWKES, 1983) que teria resultado na

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fixação das comunidades em locais determinados, somados
a mudanças na organização política e social. Entretanto,
Hawkes (1983) apresenta citações discordando da ocorrência
de mudanças ambientais de grande impacto para esse
período. De fato, as verdadeiras causas que justificam o
surgimento da agricultura em um período tão tardio na
história cultural humana não estão ainda bem definidas, mas
é provável que um dos fatores mais decisivos tenha sido a
mudança na percepção e no comportamento humano.

A hipótese descrita por Engelbrecht (1916), citado por


Hawkes (1983), apóia fortemente os chamados pré-
requisitos para a origem da agricultura, que são:

1) Climáticos: necessidade de áreas com estações bem


definidas.

2) Ecológicos: as espécies domesticadas eram inços, ou


seja, espécies oportunistas e colonizadoras que facilmente
se adaptaram ao ambiente próximo às moradias humanas,
o qual foi alterado pelo homem (que fez do solo um
ambiente altamente nutritivo e sem competição).

3) Taxonômicos: o número de famílias com espécies


domesticadas é extremamente baixo, porém todas tinham
características de inços.

4) Fisiológicas: as espécies domesticadas apresentam


grandes quantidades de reserva (sementes, raízes e
tubérculos), o que favorecia o homem primitivo, pois
permitia a reserva de alimentos para a sobrevivência
durante as longas estações de seca.

A agricultura pode ser dividida em duas fases distintas: a


pré-agricultura e a agricultura de fato. A pré-agricultura pode
ser dividida em três estágios (HAWKES, 1983), que são:

1) Colonização: caracterizado pela colonização de áreas


abertas por plantas silvestres, com tendências a inços.

2) Colheita: caracterizado como um processo mais


ordenado, baseado no conhecimento da planta. Nesse

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estágio, os grãos são colhidos regularmente em locais
determinados e, provavelmente, com seleção de mutantes,
visando ao aumento da produção e palatabilidade. Nesses
dois primeiros estágios, os povos ainda não estocavam
sementes para o ano seguinte.

3) Plantio: ocorrência de retenção das sementes, ob-


servando-se o período adequado para o plantio e com
cuidados especiais em todos os estágios, até a colheita.

A agricultura de fato surgiu muito tempo depois, quando


o homem já possuía um amplo conhecimento de suas
plantas. Somente nessa fase, a cultura pode ser considerada
domesticada e a agricultura estabelecida definitivamente.

De acordo com alguns registros arqueológicos, o início da


agricultura teria surgido em diferentes locais, de maneiras
e com cultivos diferentes. A agricultura de espécies
cultivadas por sementes teria surgido em zonas mon-
tanhosas de regiões temperadas do Velho Mundo e no
cinturão norte do Novo Mundo. Já a agricultura de
tubérculos e raízes (vegecultura) teria surgido em terras
baixas tropicais, com um período seco bem definido.
Acredita-se que a vegecultura tenha sido um processo
fundamental no início da agricultura e, dessa forma, teria
surgido primeiro. Porém, Hawkes (1983) relata alguns
trabalhos indicando que é mais provável que sementes,
raízes e tubérculos tenham sido cultivados pelo homem
primitivo mais ou menos no mesmo período, porém em
locais distintos.

Centros de origem das plantas cultivadas


Estabelecer os locais de origem é uma das principais
dificuldades relacionadas com a domesticação das plantas.
Hawkes (1983) apresenta o conceito de De Candolle, de
1882, para o qual o centro de origem seria o local onde as
plantas crescem na natureza. O principal desafio é definir

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o que realmente é a área de crescimento original (do
silvestre) e o que pode vir a ser apenas um escape da espécie.
Entretanto, a localização das espécies silvestres nem sempre
é um bom critério de definição da origem das cultivadas.
Um bom exemplo é o tomate, que apresenta várias espécies
silvestres crescendo no Peru, porém existem evidências
de que essa espécie, provavelmente, se originou no México.
Em outros casos, ficou comprovado que as prováveis
espécies ancestrais silvestres de uma cultivada não são
sequer relacionadas a essa. Por exemplo, hoje se sabe que
os candidatos a genitores das batatas cultivadas (indicados
como provenientes do Chile, Uruguai e México) são
espécies claramente distintas, até mesmo com números
cromossômicos diferentes.

O botânico russo Nicolai Vavilov, em sua expedição entre


1920 e 1930, estudou a diversidade genética das plantas
cultivadas ao redor do mundo, bem como de seus parentes
silvestres. Em seus trabalhos, determinou que, durante a
dispersão das espécies cultivadas a partir do seu local de
origem, elas se dividiram em grupos morfológicos, ecológicos
e geográficos. Além disso, também observou que, em certas
áreas do mundo, havia maior diversidade de plantas
cultivadas do que em outras, concluindo que os centros de
diversidade genética correspondem aos centros de origem
das cultivadas. Sua proposta inicial foi de cinco centros
(HAWKES, 1983). Alguns anos depois, foram adicionados
três centros e três subcentros ou centros secundários (1935 e
1951): 1) Centro chinês; 2) Centro indiano; 3) Centro asiático
central; 4) Centro asiático menor; 5) Centro Mediterrâneo;
6) Centro Etiópia; 7) Centro América Central; 8a) Centro
América do Sul (peruano–boliviano–equatoriano); 8b)
Centro América do Sul (Chiloé); 8c) Centro América do Sul
(brasileiro–paraguaio). Sendo assim, a partir desses estudos,
Vavilov propôs a formação de oito centros de origem das

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plantas cultivadas e utilizou a denominação de centros
secundários para descrever alguns casos em que o centro
de diversidade da cultura não correspondesse ao seu centro
de origem. Entretanto, uma das mais sérias críticas à teoria
de Vavilov foi feita por Harlan (1971), que sugere apenas
três centros verdadeiros, os quais estão relativamente
conectados um ao outro por áreas difusas que não são
centros. O autor reconhece que algumas culturas são
endêmicas de uma pequena área, outras são monocêntricas
e outras, oligocêntricas. Sugere ainda que certas espécies
cultivadas são não-cêntricas, ou seja, apresentam seus
ancestrais dispersos.

Em 1926, Vavilov reconheceu que os centros de diversidade


botânica nem sempre correspondem aos centros de origem
das espécies. Entretanto, Zohary (1969), citado por Hawkes
(1983), destacou que a maioria das publicações de Vavilov
se refere aos centros de diversidade como sinônimos de
centros de origem, salientando que generalizações são
inadequadas, uma vez que cada entidade biológica acumula
variações em diferentes taxas e em diferentes locais. As taxas
de mutação podem ser mais ou menos constantes, mas as
pressões de seleção diferem enormemente de local para local.

Para esclarecer as dúvidas relacionadas aos centros de origem


da agricultura e às áreas de evolução e de diversidade, foram
definidos alguns conceitos (HAWKES,1983):

1) Centros nucleares: locais onde a agricultura iniciou.

2) Regiões de diversidade: áreas nas quais as plantas


domesticadas se espalharam a partir dos centros nucleares
e onde outras culturas surgiram, tanto por seleção
consciente quanto inconsciente. São equivalentes aos
centros de Vavilov.

3) Centros secundários: locais onde poucas cultivadas


tiveram origem, não mais que uma ou duas. Exemplos:
Nova Guiné (cana-de-açúcar), Brasil (mandioca e abacaxi)
e Estados Unidos (girassol).

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O futuro da domesticação das plantas
Por muitos anos, as pesquisas relacionadas com as plantas
domesticadas visaram, basicamente, melhorar as espécies que
o homem primitivo domesticou. Poucos esforços foram
destinados à domesticação de novas espécies. O homem
moderno ainda está utilizando o “pacote” domesticado e
selecionado pelos seus ancestrais primitivos. Entretanto,
considerando as 200 mil espécies silvestres existentes
(DIAMOND, 2002), certamente ainda existem inúmeras
espécies silvestres com alto valor nutritivo para serem
domesticadas e utilizadas na alimentação humana e animal.

Os mistérios envolvidos com a domesticação das espécies


de maior impacto na agricultura ainda não foram
completamente compreendidos; portanto, a domesticação
de outras espécies ainda não pode ser concretizada. Sendo
assim, uma das principais metas para o futuro é identificar
as verdadeiras dificuldades encontradas durante a do-
mesticação das espécies silvestres que produziram as
espécies domesticadas mais importantes e utilizar a ciência
moderna para vencer as dificuldades encontradas até hoje
(DIAMOND, 2002).

Diversas metodologias já foram determinadas para estudos


de domesticação de plantas cultivadas. Entre elas,
destacam-se, como as mais importantes, os marcadores
moleculares, análises de distância genética, filogenia,
citologia e análises mendelianas (incluindo estudos de
QTL), conforme descrito por Salamini et al. (2002).

De qualquer maneira, o fato é que o homem primitivo


influenciou de forma significativa o relacionamento entre
as espécies, o que propiciou o surgimento das populações
de inços e de plantas cultivadas e, de certa forma,
incrementou a variabilidade. O homem moderno recebeu
esse “pacote” domesticado e diminuiu drasticamente a
variabilidade genética com o uso de técnicas cada vez mais
refinadas, visando aumentar a produtividade das espécies

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cultivadas. Assim, cabe ao homem moderno, a res-
ponsabilidade de conservar os recursos genéticos mo-
dificados por seus ancestrais, com o objetivo de garantir a
sobrevivência de sua espécie.

Referências
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