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O Ensaio SPT Sísmico e a Relação Go/N em um Perfil de Solo Tropical de São


Carlos-SP

Conference Paper · September 2014

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2 authors:

Breno Padovezi Rocha Heraldo Luiz Giacheti


Federal Institute of Education, Science and Technology of São Paulo São Paulo State University
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O Ensaio SPT Sísmico e a Relação Go/N em um Perfil de Solo
Tropical de São Carlos-SP
Breno Padovezi Rocha
USP, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil, brenop@sc.usp.br

Heraldo Luiz Giacheti


Unesp, Faculdade de Engenharia de Bauru, Bauru, SP, Brasil, giacheti@feb.unesp.br

RESUMO: Para a previsão do comportamento dos solos, a primeira etapa é a investigação do


subsolo, onde se deve determinar o perfil estratigráfico, a posição do lençol freático e os parâmetros
mecânicos. Nas últimas duas décadas vêm sendo desenvolvidas técnicas de ensaios de campo que
permitem a determinação de mais parâmetros num mesmo ensaio, denominados ensaios híbridos.
Neste artigo o SPT sísmico (S-SPT), que associa a técnica sísmica up-hole ao ensaio SPT
tradicional, é brevemente descrito. Este ensaio híbrido permite a determinação conjunta da
velocidade de propagação da onda cisalhante (VS) e posterior cálculo do módulo de cisalhamento
máximo (Go) e o valor de N do ensaio SPT. Dados de ensaios sísmicos (cross-hole, down-hole e
SCPT) e do ensaio S-SPT realizado em um perfil de areia argilosa são apresentados e discutidos
enfatizando as vantagens da utilização conjunta da rigidez a pequenas deformações (Go) com o
índice de resistência a penetração (N do SPT) para identificar comportamentos distintos de solos
tropicais. A determinação ao mesmo tempo e no mesmo furo dos valores de N do SPT e dos
módulos de cisalhamento máximo (Go) possibilitou avaliar as vantagens de se obter a relação Go/N,
similar a relação Go/qc, para investigação de solos tropicais.

PALAVRAS-CHAVE: Ensaio in situ, SPT, Up-hole, Solos tropicais, Relação Go/N.

1 INTRODUÇÃO Alguns autores, como Bang e Kim (2007),


têm demonstrado a possibilidade de se
O comportamento dos solos tropicias tem incorporar a medida da velocidade de ondas
chamado à atenção da comunidade geotécnica. cisalhantes ao ensaio SPT, através da utilização
A ação do intemperismo químico e variações da técnica up-hole. Este ensaio híbrido é
climáticas proporciona a formação de depósitos conhecido como o SPT sísmico (S-SPT), que
não saturados e de grande espessura. Inúmeras possibilita definir o perfil estratigráfico, estimar
obras civis encontram-se apoiadas sobre tais parâmetros geotécnicos e determinar do módulo
solos, tornando necessario o estudo sobre seu de cisalhamento máximo (Go) em um único
comportamento. A investigação do subsolo é o ensaio.
primeiro passo para avaliação do Este artigo descreve brevemente o sistema
comportamento dos solos tropicias. No Brasil, o para a realização do S-SPT bem como a
ensaio SPT é o mais utilizado para esse fim. metodologia utilizada para determinação das
Existe, por isso, experiência na execução e velocidades de ondas cisalhantes (VS) para
interpretação desse ensaio. No entanto, alguns posterior cálculo do módulo de cisalhamento
autores, como Mayne (2000), questionam a máximo (Go). Discute também a aplicabilidade
utilização de um único número para se da relação entre Go e o valor de N para
determinar tantos parâmetros. A partir de 1980, identificar comportamentos distintos em solos
verifica-se a tendência de se incorporar novas tropicais, a partir dos resultados de um ensaio
técnicas de ensaios para execução conjunta, os S-SPT realizado no campo experimental da
ensaios híbridos. Esses ensaios possibilitam Escola de Engenharia da USP de São Carlos,
uma melhor caracterização da estratigrafia e dos enfatizando a vantagem da utilização desse
parâmetros geotécnicos dos solos. ensaio para esse fim.
2 REVISÃO cidades de Bauru, Campinas e São Carlos
plotados nesse ábaco.
A utilização da técnica sísmica up-hole em Os resultados indicaram que a estrutura
conjunto com o ensaio SPT foi utilizada cimentada dos solos tropicais levam a uma
inicialmente por Ohta et al. (1978), entretanto maior relação entre Go/qc do que aquelas
não há referência do seu uso no Brasil. determinadas em solos sedimentares. Os autores
Tradicionalmente, a técnica sísmica down-hole também observaram que o solo laterítico tende
associado ao ensaio do cone (SCPT) vem sendo a apresentar valores da relação Go/qc maiores do
amplamente utilizada para as mesmas que os solos saprolíticos, concordando com as
aplicações do ensaio S-SPT. O ensaio SCPT proposições de Schnaid et al. (2004).
tem sido a técnica mais empregada, pela Schnaid et al. (2004) também sugerem, de
experiência acumulada e qualidade dos dados modo similar ao ensaio SCPT, que o valor de N
obtidos. Por outro lado, o ensaio S-SPT poderia do ensaio SPT normalizado para uma energia de
ser outra possibilidade para a caracterização 60 % (N60) pode ser combinado com Go, através
dinâmica do solo, principalmente em países da relação Go/N60, para auxiliar na avaliação da
onde o SPT é muito usado, como o Brasil. presença de estruturas cimentadas. Em seu
A relação Go/qc obtida em um ensaio SCPT é estudo, as autores propuseram limites para a
uma informação adicional para a classificação variação de Go com N, que são expressos:
de diferentes tipos de solo, especialmente para
identificar solos com diferentes = 1200 ′ : limite superior –
compressibilidades. Schnaid et al. (2004) estrutura cimentada;
sugerem que a relação Go/qc fornece uma
medida da relação entre a rigidez elástica com a = 450 : limite inferior –
resistência última e pode ser esperado um estrutura cimentada e limite superior – estrutura
aumento com a idade e cimentação, não cimentada;
primeiramente por que o efeito da cimentação é
maior em Go do que em qc. Os autores
= 200 : limite inferior –
propuseram um ábaco e limites para
estrutura não cimentada;
correlacionar Go/qc versus resistência de ponta
do cone normalizada (qc1). Este ábaco (Figura
Na Figura 2 é apresentada tal abordagem. As
1) pode ser usado para avaliar possíveis efeitos
linhas mostradas nessa figura definem limites
da história de tensões, grau de cimentação e
superior e inferior para areias cimentadas e não
envelhecimento em um perfil de solo.
cimentadas, apresentadas anteriormente.

Figura 1: Relação entre Go e qc (Giacheti e De Mio 2008)


com resultados de ensaios realizados em solos tropicais.

Giacheti e De Mio (2008) apresentaram na


Figura 1 resultados de ensaios SCPT realizados Figura 2: Relação entre Go e N60 (Viana da Fonseca e
em campos experimentais localizados nas Coutinho 2008)
Viana da Fonseca & Coutinho (2008) o solo experimentou. Diferentes
incluíram dados obtidos em campos comportamentos mecânicos entre solos
experimentais de Portugal na Figura 2. Estes maduros (lateríticos) e jovens (saprolíticos) vem
autores apontaram que a estrutura cimentada sendo relatados para condiçoes naturais e
tem um efeito marcante no comportamento dos compactadas. Para os solos tropicais é também
solos residuais, e que os valores determinados necessário a identificação das características
pela relação Go/N são consideravelmente genéticas, uma vez que suas propriedades são
maiores do que aqueles observados em solos fortemente dependentes do grau de
sedimentares. intemperismo.
Similarmente ao apresentado por Giacheti e
De Mio (2008) para solos tropicais baseado em
dados do SCPT (Figura 1), a relação entre a 3 MATERIAIS E MÉTODOS
rigidez a pequenas deformações (Go) e o valor
de N pode ser utilizada para identificar 3.1 Localização da Área de Estudo
diferentes comportamentos do solo usando o
SPT sísmico, de maneira similar ao que é feito O campo experimental da EESC/USP está
com o ensaio SCPT. localizado na cidade de São Carlos (SP), Figura
A possibilidade de se medir o valor de N do 3. Inúmeras campanhas de caracterização
SPT ao mesmo tempo em que se determina a incluindo ensaios SPT, DMT, PMT, CPT,
velocidade de onda cisalhante (VS) em um SCPT, cross-hole e down-hole foram
mesmo furo de sondagem permite o cálculo do anteriormente realizados neste local. Amostras
módulo de cisalhamento máximo (Go), abrindo deformadas e indeformadas foram retiradas de
assim novas possibilidades para investigação do poços de inspeção para realização de ensaios de
comportamento de solos tropicais. caracterização em laboratório, juntamente com
O Brasil apresenta aproximadamente 70% de a determinação de parâmetros geotécnicos.
extensão coberta por solos tropicais. Solos
tropicais são formados principalmente pela
alteração química da rocha. Eles são
considerados materias peculiares, devido ao
fato de seu comportamento não poder ser
explicado pelos princípios da mecânica dos
solos clássica. O termo solo tropical inclui os
solos lateríticos e saprolíticos. Os solos
lateríticos podem ser residuais ou transportados
e são diferenciados pelo ocorrência do processo Figura 3: Localização da cidade de São Carlos, onde se
de laterização, o qual ocasiona um encontra o campo experimental da EESC-USP.
enriquecimento do solo com óxidos e
hidróxidos de ferro e alumínio, estruturas No campo experimental de São Carlos, o
altamente porosas e cimentadas. Constituem a subsolo é constituído por uma areia fina
camada mais superficial de áreas bem drenadas, argilosa com duas camadas bem definidas:
com espessuras que vão de 2 a 10 metros, sedimentos cenozoico de comportamento
apresentando grãos muito resistentes mecânica laterítico (LA’), até a profundidade de 7 metros,
e quimicamente, sendo a caulinita o argilo- sobrepondo uma camada de solo residual
mineral predominante. O solos saprolíticos são derivado de arenito com comportamento não
necessariamente residuais e retêm laterítico. Entre esses dois horizontes encontra-
características macroscópicas e químicas da se uma linha de seixos, útil para identificação
rocha matriz. Constituem a camada subjacente dos mesmos. O sistema de classificação MCT
ao solo laterítico, com espessuras variadas, (Mini, Compactado, Tropical) proposto por
atingindo frequentemente várias dezenas de Nogami e Villibor (1981) para solos tropicais
metros. A contribuição desta cimentação para a foi usado para definir e classificar estes solos
rigidez do solo depende do nível de tensões que em relação ao comportamento laterítico.
3.2 Ensaio SPT e Sísmicos existentes saprolítico (Go/N60=25 para parcela superior e
14 para inferior).
O perfil típico do campo experimental da
Perfil N60 Vs (m/s) Goméd/N60méd
EESC/USP foi determinado a partir de (SPT)
0 10 20 30 40 0 200 400 600 0
Go (MPa)
100 200 300 400 0 10 20 30 40 50 60
0
resultados de ensaios SPT e está apresentado na 1
Aterro

Figura 4.a. A Figura 4.b apresenta os valores de 2


Areia Fina
Argilosa
3 Marrom
N corrigidos para eficiência de 60% (N60) para 4
(Sedimento
Cenozóico)
todos os ensaios SPT realizados neste local, 5 SC LA'
6
assumindo o padrão de energia de ensaios SPT 7
Linha de Seixos

brasileiros, que é de 72%. As velocidades de 8

Profundidade (m)
9
onda cisalhante (VS) foram obtidas através de 10 NA

ensaios SCPT, cross-hole e down-hole (Figura 11

12
4.c). Na Figura 4.d é apresentado os valores do 13
Areia Fina
Argilosa
módulo de cisalhamento máximo (Go) 14

15
Vermelha
(Solo Residual
do Grupo Bauru)
calculadas pela Teoria da Elasticidade, através 16
SC NA'

das massas específicas obtidas de amostras 17

18
indeformadas retiradas de poços de inspeção. 19

A relação Goméd/N60méd para cada metro de 20

21

profundidade foi calculada e sua variação com a 22


(a) (b) (c) (d) (e)
CH1 CH1
profundidade é apresentada na Figura 4.e. O CH2
SCPT1
CH2
SCPT1

critério para calcular essa relação foi a média de SCPT2


DH
SCPT2
DH

Go e a média de N60 de todos os ensaios, para Figura 4: Dados de ensaios SPT e sísmicos e relação
posterior cálculo dessa relação. Go/N60
Através dos valores de N60 e VS é possível
verificar a grande variabilidade desse campo Estes resultados são semelhantes aos
experimental. Giacheti et al. (2003) discutem encontrados por Giacheti e De Mio (2008) para
essa variabilidade baseado em resultados de a relação Go/qc em ensaios SCPT (Figura 1),
ensaios CPT. indicando que a relação entre a rigidez a
pequenas deformações (Go) e um parâmetro de
3.3 A razão Go/N60 resistência última (N ou qc) pode ser empregada
para diferenciar solos com comportamento
Observa-se na Figura 4.e que a relação distintos e o grau de evolução dos solos
Goméd/N60méd tende a diminuir com o aumento da residuais.
profundidade, com um valor médio de 50 entre
1 e 7 metros; 25, entre 7 e 14 metros e 14
abaixo de 14 metros de profundidade. Estes 4. O ENSAIO S-SPT
resultados indicam valores maiores de
Goméd/N60méd para camada de solo laterítico (1 a No Brasil, o ensaio SPT é o mais utilizado para
7 metros), e que tendem a diminuir à medida definição do perfil estratigráfico e determinação
que o solo se torna menos evoluído, como o de parâmetros geotécnicos, entretanto diversos
solo saprolítico (7 a 21 metros). autores questionam sua utilização em função
Os valores médios de Go e N60 também das diferentes metodologias adotadas e vícios
foram plotados no ábaco proposto por Schnaid de execução, acarretando variações na energia
et al. (2004) (Figura 5). Todos os pontos estão utilizada nos ensaios, além da determinação de
localizados acima do limite inferior para areias parâmetros com base em um único número, o N
cimentadas, indicando que a estrutura dos solos do SPT (Mayne, 2000). A partir da década de
arenosos tropicais produzem valores de Go/N60 1980, verifica-se a tendência de se incorporar
maiores que aqueles observados em solos novas ferramentas e procedimentos ao ensaio
sedimentares. Este fato também é verificado na SPT. Um exemplo é o ensaio SPT-T, sugerido
Figura 4.e, onde o solo laterítico (Go/N60=50) inicialmente por Ranzini (1988). Outro exemplo
apresenta maior cimentação do que o solo é a incorporação da medida de VS em um ensaio
up-hole em conjunto com o SPT, o denominado ensaio SPT. Para o registro dos sinais
S-SPT. Esse ensaio possibilita determinar tanto propagados são instaladas seis caixas fixas em
os valores de N, como do módulo de superfície contendo dois geofones cada, um
cisalhamento máximo (Go). orientado para captar os sinais na direção
vertical e outra na direção horizontal.
1000
Limite Superior
Empregou-se o sistema de aquisição de dados
Solo Laterítico
(Areias Cimentadas)
Solo Saprolítico
da National Instruments, modelo NI-USB-6353.
Pedrini (2012) desenvolveu um software em
plataforma Labview e Matlab para acionamento
do trigger, registro das ondas S, processamento
(Go/pa)/N60

100 dos sinais e determinação das velocidades.

Não envelhecida Manual SPT Equipment


Areias não cimentadas

Limite Inferior Trigger &


(Areias Cimentadas)
Anvil
10 DAQ
1 10 100 System
(N1)60
Figura 5: Relação entre Go e N60 a partir de ensaios SPT e Case with
dinâmicos para o campo experimental da EESC/USP geophones

H1 1
4.1 Princípio L1
H2 2 L2
A determinação da velocidade de onda
H3
cisalhante (VS) durante o ensaio SPT é possível 3 L3
através da utilização da técnica up-hole. Esta Hi i Li
metodologia foi primeiramente empregada por
Otha et al. (1978), sendo apresentada e
aperfeiçoada recentemente por Bang & Kim Figura 6: Representação esquemática do ensaio S-SPT
(2007). Esta técnica permite a determinação, em (Pedrini 2012)
uma mesma sondagem, do valor de N e de Go.
Durante a realização do ensaio SPT, uma onda 4.3 Determinação de VS
sísmica é gerada a uma profundidade e sua
chegada é registrada em superfície. Uma Para a determinação de VS, Bang & Kim (2007)
representação esquemática do ensaio S-SPT é apresenta duas metodologias, a primeira
apresentada na Figura 6. denominada de DTR (delay time between serial
Para a realização do ensaio utiliza-se o receivers) e a segunda denominada de DTS
mesmo equipamento do ensaio SPT, (delay time between serial sources). Bang &
incorporando geofones instalados em caixas Kim (2007) e Pedrini (2012) demonstram que o
apropriadas na superfície, um sistema de método DTS apresenta melhores resultados. Em
aquisição de dados, sistema de acionamento ambas as metodologias, o tempo de chegada da
(trigger) e fonte sísmica. onda S é determinado a partir da identificação
de um ponto de referência na onda; Pedrini
4.2 Execução do ensaio S-SPT (2012) utiliza o ponto de mínimo, como
apresentado na Figura 7. A Figura 7 apresenta
O sistema para realização do ensaio S-SPT e a os sinais registrados, a cada metro, pelo geofone
metodologia de interpretação de resultados foi horizontal localizado a 12 metros do furo de
recentemente implementada por Pedrini (2012). sondagem, com a determinação do ponto de
Como fonte sísmica ele utilizou um martelo de mínimo de cada sinal, para cada profundidade.
mão de aproximadamente 2 kg. O sistema de Outro aspecto importante é a geometria do
gatilho (trigger) é acionado no momento do arranjo. Bang & Kim (2007) recomendam a
golpe desse martelo na cabeça de bater do utilização da Lei de Snell, uma vez que ocorrem
refração e reflexão das ondas propagadas em do solo, para possibilitar uma melhor recepção
camadas com diferentes densidades. dos sinais. A distância entre as caixa foi de 2
metros e elas foram instaladas entre 2 a 12
metros de distância do furo de sondagem. Na
Figura 8 são apresentados os resultados obtidos
do ensaio S-SPT. O perfil do subsolo e os
valores de N60 determinados durante o ensaio S-
SPT são apresentados nas Figuras 8.a e 8.b,
respectivamente. Na Figura 8.c são
apresentadas as velocidades medidas para cada
uma das seis caixas, bem como o perfil de
velocidade média. Assim foi possível calcular
os módulos de cisalhamento máximo de metro
em metro (Figura 8.d). A relação Go/N60 versus
a profundidade é apresentada na Figura 8.e.

Perfil Vs (m/s) Go
N60 (MPa) Go/N60
(SPT) Médio
0 10 20 30 40 0 200 400 600 0 100 200 300 400 0 20 40 60 80 100
0
Aterro
1
Areia Fina
2
Argilosa
3 Marrom
(Sedimento
4
Cenozóico)
Figura 7: Perfil de ondas e identificação do ponto de 5 SC LA'

referência para cálculo de Vs (Rocha 2013) 6


Linha de Seixos
7

A trajetória calculada baseada na Lei de


Profundidade (m)

10 NA
Snell é determinada pela consideração de duas 11

condições: Lei de Snell e o critério geométrico. 12

13 Areia Fina
Argilosa
Para a determinação da trajetória das ondas são 14 Vermelha
(Solo Residual
adotadas duas suposições: 1) o local de ensaio 15

16
do Grupo Bauru)
SC NA'
apresenta camadas horizontais de espessuras 17

18
constantes e iguais ao intervalo em que são 19

registrados os sinais (normalmente de um em 20

21
(b)
um metro); 2) as camadas são homogêneas e as 22
(a) (b) (c)(c) (d) (e)

velocidades de onda propagada são assumidas Vs - 6,0m


Vs - 8,0m
Vs - 10,0m
constantes em cada camada, como Vs - 12,0m
Vs médio

representadas na Figura 6. Um método Figura 8: Resultado de um ensaio S-SPT realizado no


interativo deve ser utilizado para determinar o campo experimental da EESC/USP e a relação Go/N60
comprimento de onda propagada em cada
camada de solo. Detalhes podem ser 4.5. A razão Go/N60
encontrados em Bang & Kim (2007) ou em
Pedrini (2012). O perfil de Go/N60 determinado a partir dos
resultados do ensaio S-SPT (Figura 8.e) é
4.4. Realização do ensaio S-SPT semelhante ao encontrado com a média dos
resultados dos ensaios SPT e sísmicos
Um ensaio S-SPT foi realizado no campo previamente realizados neste local (Figura 4.e).
experimental da EESC/USP utilizando o Através do ensaio S-SPT, a camada de solo
sistema anteriormente apresentado. Os dados laterítico (1 a 7 m) apresentou valor igual a 63,
sísmicos das ondas geradas foram registrados um pouco superior ao encontrado
metro a metro até a profundidade de 21 metros, anteriormente, cujo valor foi de 50. No
assim como os valores de N do SPT. As seis horizonte superior de solo saprolítico (7 a 14
caixas contendo dois geofones cada foram metros) foi encontrado o valor de 20, desta vez
fixadas no solo, após retirada do solo superficial um pouco inferior ao obtido pela média de
ensaios anteriormente realizados, que foi de 25. baseada na relação Go/N, similar a relação
Já, no horizonte inferior de solo saprolítico (14 Go/qc, obtida em ensaios SCPT.
a 21 metros), o valor médio encontrado foi de
12, novamente um pouco inferior ao
previamente encontrado, que foi de 14. AGRADECIMENTOS
Os resultados desse ensaio também foram
plotados no ábaco de Schnaid et al. (2004), Os autores agradecem a FAPESP (Fundação de
onde se tem a relação Go/N60 versus ( ) Pesquisa do Estado de São Paulo), e CNPq
(Figura 9). Todos os dados também se (Conselho Nacional de Desenvolvimento
encontram acima do limite inferior para areias Científico e Tecnológico), pelo apoio ao
cimentadas, indicando a ocorrência da desenvolvimento dessa pesquisa.
cimentação nos solos tropicais, com maior
efeito dessa cimentação para uma baixa
amplitude de deformação nos solos lateríticos. REFERENCIAS

1000 Bang, E. S. & Kim, D.S. (2007) Evaluation of shear wave


Limite Superior
(Areias Cimentadas)
Solo Laterítico velocity profile using SPT based up-hole method, Soil
Solo Saprolitico
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Giacheti, H. L. & De Mio, G. (2008) Seismic cone
penetration tests on tropical soils and the ratio Go/qc.
(Go/pa)/N60

3rd Geotech. and Geoph. Site Characterization Conf.,


100 ISC´3, Taiwain, v.1. p. 1289-1295.
Giacheti, H. L.; Peixoto, A. S. P. & Marques, M. E. M.
(2003) Cone Penetration Testing on Brazilian
Não Envelhecida
Areias não cimentadas Tropical Soils. XII Panamerican Conference on Soil
Mechanics and Geotechnical Engineering,
Limite Inferior Cambridge/USA, v.1. p. 397-402.
(Areias Cimentadas)
10 Mayne, P. W. (2000) Enhanced Geotechnical Site
1 10 100 Characterization by Seismic Piezocone Penetration
(N1)60
Tests. Invited Lecture, Fourth International
Figura 9: Relação entre Go e N60 a partir do ensaio S-SPT Geotechnical Conference, Cairo University, January
realizado no campo experimental da EESC/USP 2000, p. 95-120.
Nogami, J. S. & Villibor, D. F. (1981) Uma nova
classificação de solos para finalidades rodoviárias,
5. CONCLUSÃO Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em
Engenharia, Brasil, V. 1, p. 30-41.
Ohta, Y., Goto, N., Kagami, H. & Shiono, K. (1978)
Os valores médios da relação Go/N obtidos a Shear wave velocity measurement during a standard
partir dos vários resultados de ensaios SPT e penetration test. Earthquake Engineering & Structural
sísmicos previamente realizados no campo Dynamics, 6: 43–50.
experimental da EESC/USP foram maiores no Pedrini, R. A. A. (2012) Desenvolvimento de sistema
para realização de sísmica up-hole em conjunto com
horizonte de solo laterítico do que no de solo
sondagem SPT. Dissertação de Mestrado, Programa
saprolítico. de Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental ,
Um ensaio S-SPT foi realizado nesse mesmo Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
campo experimental. Resultados semelhantes Universidade Estadual Paulista-Campus de Bauru.
foram encontrados a partir desse ensaio híbrido, Pedrini, R. A. A. & Giacheti, H. L. (2012) The seismic
SPT to determine the maximum shear modulus, 4th
que possibilitou determinar ambos os
Geotechnical and Geophysical Site Characterization
parâmetros simultaneamente e calcular a Conference, ISC´4, Brazil, CD-Rom.
relação Go/N. Relacionar um parâmetro de Ranzini,S.M.T.(1988): SPT-F; Solos e Rochas, vol 11,
rigidez elástica (Go) com um índice de nºúnico
resistência a penetração (N do SPT) é uma Rocha, B. R. Emprego do Ensaio SPT Sísmico na
Investigação de Solos Tropicais. 116 p. Dissertação
abordagem interessante na caracterização de
de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos,
solos tropicais. Tais resultados indicam que este Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.
ensaio híbrido abre uma nova possibilidade para Schnaid, F.; Lehane, B. & Fahey, M. 2004. In situ test
caracterização geotécnica de solos tropicais, characterization of unusual geomaterials. 2nd
Geotechnical and Geophysical Site Characterization
Conference, ISC´2, Portugal, v. 1. p. 49-74.
Viana da Fonseca. A. & Coutinho, R. Q. (2008)
Characterization of residual soils, 3rd Geotech. and
Geoph. Site Characterization Conf., ISC´3, Taiwain,
v. 1. p. 195-249.

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