Abra Essa Caixa Preta Ideias para Quem Quer Mostrar Transparência No Mercado de Alimentos

ABRA ESSA
CAIXA
PRETA
IDEIAS PARA QUEM QUER
MOSTRAR TRANSPARÊNCIA
NO MERCADO DE ALIMENTOS
Sra Inovadeira
Cristina Leonhardt
No Sra Inovadeira, acreditamos que
a transparência é o caminho para a
indústria e os serviços de alimentos.
Mas o que é transparência quando falamos

de alimentos?
Considerando que alimentos estão entre os únicos produtos

de consumo que são ingeridos, é um paradoxo que a
indústria e os serviços voltados a alimentos sejam tão
escondidos. Políticas de portas fechadas, relacionamento frio
e pouco empático com o consumidor, desenvolvimento
empurrado para o mercado: todas práticas comuns ao setor,
e que reforçam este sentimento.
Por outro lado, o público torna-se mais educado e

consciente. Não aceita mais passivamente propaganda
enganosa, como as veiculadas na mídia no passado.
Abra essa Caixa Preta: Ideias para quem quer Mostrar Transparência no Mercado de 2
Alimentos. Cristina Leonhardt, 2016 www.srainovadeira .com.br
Após anos em que a industrialização era vista como o
caminho único para o progresso, em que o estabelecimento
de uma indústria em determinada cidade era aplaudido sem
restrições, parece que algo ruiu nesta relação.
São tempos em que o veganismo entra fortemente e o “feito

aqui e por mim” pipoca em todos os setores.
Para isso, contribuem diversos fatores, mas podemos citar

alguns como:
1. As inúmeras crises econômicas, dentro e fora do Brasil,

que mostraram as veias abertas da indústria como um
todo, com manipulações de dados em balancetes
econômicos e uso desordenado de lobbying;
2. Escândalos de fraudes como o Leite Compensando, o
Ouro Branco, a Água no Frango, a destinação de
alimentos vencidos para pizzarias, a melamina em
fórmula para bebês na China, e tantos outros;
3. A descoberta de perigos eminentes, alguns
intimamente relacionados ao processamento
industrial, como a dioxina;
4. A inversão do poder de influência dos “que tem mais
dinheiro” para os “que tem mais contatos”, como
aponta o Barômetro da Confiança da Edelman.
Quer ter uma ideia de como as maiores empresas de
alimentos estão posicionadas no quesito transparência nos
negócios? A Oxfam, através da campanha “Por trás das
Marcas”, publica um ranking anualmente - e ainda convoca
os consumidores a tomar partido e usar a sua voz para
pressionar por práticas mais responsáveis, sustentáveis e
transparentes de negócios.
Bom, mas a indústria não irá desaparecer – para nutrir o

mundo, ou pelo menos parte dele, a industrialização é
necessária e bem-vinda. Produtos industrializados por
empresários e empresárias conscientes, que trazem consigo
valores como ética, responsabilidade social, sustentabilidade,
têm espaço nas gôndolas.
Mesmo num mundo que torce o nariz para um CNPJ.
O que vai desaparecer, contudo, é o conceito CAIXA PRETA.
Você querendo, ou não: as empresas do futuro terão uma
relação muito mais orgânica com seus consumidores.
Ou não terão consumidores.
Se você faz parte da turma que pretende abraçar o novo e

introduzir práticas mais modernas na sua empresa, aqui vão
algumas ideias de como aumentar a transparência na sua
relação com seus consumidores.
ESTABELEÇA
E
EMPODERE SEU
SAC
Quer realmente fazer a diferença no
seu mercado? Estabeleça um SAC
atuante e empodere este SAC.
Quando um consumidor ligar para a sua empresa – para
reclamar, sugerir, questionar ou comentar – HONRE este
contato com o que há de melhor na sua empresa.
Uma pesquisa realizada pelo Inmetro apontou que o SAC das

empresas de alimentos é meramente reativo, e que sabe
apenas fazer uma coisa: trocar produto.
Trocar produto não é o que se espera.
Se o consumidor está ligando para a sua empresa, se usou

seu precioso tempo para lhe dar uma luz sobre um assunto
que a ele pareceu importante,
trate este assunto com A MESMA
importância que ele.
Seu consumidor quer uma

resposta: seja da sua reclamação,
da sua sugestão, do seu
comentário. Seu consumidor não
é um ser autômato, em que basta
apertar uns botões para extrair satisfação, lealdade,
confiança.
Treine seu SAC. Pense em cada atendente daquela equipe

com carinho e exclusividade, saiba o nome e o aniversário e
os sonhos de cada um deles.
Faça com que seu SAC ligue de volta para os seus

consumidores que reclamaram – para contar o que mudou, o
que melhorou, como a ligação daquela pessoa específica
mudou todo um processo na sua empresa.
“Ah, eu sou grande, não há equipe no mundo

que consiga dar tamanha atenção ao
consumidor”.
Bacana, colega. Mas depois não reclama do pessoal ser

contra produtos industrializados. Ou dos produtos artesanais
estarem roubando o seu market share. E vai aprender com a
Zappos.
Uma frase a respeito deste pensamento: “com grandes

poderes vêm grandes responsabilidades”.
Ideias
Na Dauper, empresa da Serra Gaúcha cuja Gerente de P&D
entrevistamos aqui, quem responde ao SAC é ela mesma. A
Gerente de P&D.
Quer mais poder que

isso? Adivinha o que ela
faz com as informações
riquíssimas que recebe
dos seus usuários? É
claro: melhorias nos
produtos atuais e novo
produtos.
Na NU Bank, os atendentes são instruídos para incluir um

fator WOW nas suas conversas com os clientes. Veja as
histórias nesta matéria da Exame, incluindo como uma
pessoa que havia perdido duas vezes seu cartão no mesmo
mês recebeu, junto ao novo cartão, um saquinho de arruda e
sal grosso (para dar sorte ;) ).
No início da vida da Azul, um atendente de carne e osso

atendia à ligação no primeiro toque – sem musiquinha. E
resolvia tudo por ali.
Fora do Brasil, o caso mais emblemático de um SAC

empoderado é da Zappos. Sua cultura de encantamento do
consumidor é tão forte, que até virou escola. Ou seja: não
basta fazer melhor do que todo mundo. Tem que influenciar
o mundo todo no caminho!
Na Zappos Insights, as empresas podem

aprender com esta referência global em
atendimento do consumidor. Adivinha o
que eles querem ter? Funcionários felizes
e engajados e clientes que são fãs
ardorosos.
Sra Inovadeira
está tendo um affair

caliente com
a Zappos ;)
TENHA
UMA
PRESENÇA
EMPÁTICA
NAS MÍDIAS
SOCIAIS
Postar no Facebook uma imagem
feita pelo marketing é tarefa de
iniciante. O seu vizinho e a mulher
deles e a sua avó, sozinhos, tem
mais seguidores nas mídias sociais
do que a maioria das páginas de
empresas.
Angariar seguidores é coisa boba. É só criar uma polêmica, e
pronto: milhares se juntam a você.
O seu número de seguidores, contudo, diz muito pouco

(como sabem bem os colegas que administram as mídias
sociais).
A qualidade da relação está toda no engajamento daqueles

seguidores com a página – com as curtidas,
compartilhamentos e comentários que fazem nas suas redes.
Marcas que entenderam que as mídias sociais não são a TV

estão anos luz na frente. O usuário quer se relacionar com
aquela marca: no final das contas, como já anunciava o Paul
Ford, as mídias sociais cumprem uma tarefa diferente de
outras mídias.
A mídia social é, em última instância, o reino do

“eu quero ser consultado”.
Segundo o relatório de 2015 do Center for Food Integrity, o
engajamento de consumidores interessados é um dos sete
elementos para a construção da confiança por empresas de
alimentos.
Portanto, visionário e visionária, se você pretende usar as

mídias sociais para “fazer propaganda”, pare por aí. Este não
é o meio para isso.
Use as mídias sociais para DAR VOZ, ESCUTAR e,
principalmente, RESPONDER ao seu consumidor.
Ponha uma pessoa do lado de trás da tela. Estabeleça uma

conversa simpática e empática com quem está do outro lado.
Seja a Prefeitura de Curitiba das indústrias de Alimentos. Ou
o Cemitério Jardim da Ressurreição.
Ideias
A Whole Foods construiu uma comunidade no Twitter, em
suas dezenas de cidades nos Estados Unidos. E quando falo
em comunidade, é daquelas que fala entre si.
Outra marca que traz um quê mais pessoal para a conversa é

a Chipotle – incluindo posicionamento para questões
relevantes para a sua comunidade, como o apoio à causa
LGBT.
No Brasil, uma marca a ser vista é a Paçoquita, que usou o

Facebook durante o recall da Paçoquita Cremosa de forma
empática e responsável (e continua crescendo com posts
bem-humorados e respostas aos comentários).
O Doritos também mostra que tem um ser humano atrás do

computador que controla a página da mídia social.
MOSTRE AS
COISAS
BACANAS
QUE VOCÊ FAZ
De todas as coisas lindas que
acontecem dentro de uma indústria
ou serviço de alimentos, e que ficam
escondidas, me parece quase
absurdo que não se mostre mais
todas as políticas de Qualidade.
Vamos enumerar?
 Controle de Vidros e Quebráveis

 Gerenciamento de Resíduos Químicos
 Plano de Controle de Alergênicos
 Homologação e Gestão de Fornecedores
 Potabilidade de Água
 Higiene e Saúde dos Colaboradores
 Idoneidade de Produto
 etc etc etc
Se o alimento artesanal tem uma força do “feito aqui e por
mim”, a indústria tem ao lado dela essa força importantíssima
que é a sua Garantia da Qualidade.
Pergunto-me: por que essa força quase nunca é
mostrada?
(a não ser por algumas gigantes do setor – que ganharam
milhares de dinheiros fazendo isso, e até conseguiram, em
certo grau, uma descommoditização do item. Vocês sabem
qual, não precisa mais propaganda ;) )
Ser transparente TAMBÉM é mostrar as coisas bacanas que

você faz. Também é convidar o consumidor para entrar na
sua operação e entender como as coisas são feitas. Também
é mostrar que por ali se tem responsabilidade.
Esta questão rolou no Visionários Avante: a indústria se

incomoda e acha injustos os ataques de grupos de
consumidores contra ela. Afinal, há muita qualidade
envolvida naquilo que ela faz.
Contudo, a palavra Qualidade é muito vaga.
O consumidor que saber EXATAMENTE o que a

indústria faz para poder dizer que tem qualidade.
(Se você viu minha palestra na Fispal, sabe que a influência

sobre o consumidor mudou de “quem tem dinheiro” para
“quem tem contatos”.
É a inversão da pirâmide tradicional de influência.
Isso quer dizer que, daqui para frente, não basta bater no
peito e dizer “la garantia soy yo”.
Tem que provar.
E também não adianta mais ficar só reclamando.
Tem que fazer acontecer.)
Ideias
Permita que as pessoas possam ver online a sua fábrica em
funcionamento em tempo real. Ou promova um tour virtual,
como fez a Coca-Cola no Brasil.
Compartilhe resultados de análises de lotes, compartilhe seus

relatórios de auditoria de terceira parte, compartilhe o
atingimento de metas de segurança e qualidade importantes.
Siga o exemplo da cadeia de padarias Panera: crie e

compartilhe a sua política de alimentação online – incluindo
o estado para atendimento das suas metas.
Divulgue seu manual de BPF com linguagem acessível ao

público, como fez a RJ Alimentos – ou melhor: ajude a que
consumidores manuseiem seu alimento com segurança em
casa.
Divulgue seus fornecedores e mostre que critérios você usa

para os escolher.
Faça como a Campbell Soup e dê as caras. Coloque seus

Executivos para falar de questões importantes para o
consumidor de alimentos, manifestando a opinião da
empresa, publicamente.
Em tudo isso, reforço:
só vale falar a verdade.
Você também não vai
querer a publicidade
milhares de vezes
negativa de “empresa
que diz que compra café fair trade,
porém emprega trabalho escravo”.
SEJA
MADURO E
ASSUMA SEUS
ERROS
Um dos principais pontos do
Barômetro da Confiança de 2016 da
Edelmann foi “como construir a
confiança do consumidor”.
O público foi enfático ao dizer – ele confiaria em uma

empresa que tomasse atitudes responsáveis em momento de
crise. E também em dizer que é uma das coisas que menos
percebe nas empresas.
Atitudes responsáveis em momentos de crise. E práticas

transparentes de negócios.
O Trendwatching chama isso de Flawsome: o consumidor
estaria preparado – e até esperaria – que uma empresa não
fosse algo elegantemente perfeito e engomadinho (como
nos anos 50), mas sim um ser orgânico com erros e acertos.
Empresas muito certinhas, que só acertam, passariam a ele a

ideia EXATAMENTE oposta – de que têm sim erros, mas os
encobertam.
Estamos aqui falando apenas entre adultos, não? Apenas

também entre pessoas éticas e responsáveis.
(tirem as crianças e os gananciosos da sala, por favor).
Empresas de alimento erram – e muito.
Erram, e em coisas MUITO SÉRIAS.

Erram por querer, e também sem querer
querendo.
Os empreendedores que surgiram na era da internet
parecem já ter entendido isso melhor: a internet é um dos
grandes meios para derrubada de qualquer turbidez nas
relações.
Talvez por ser predominantemente física – e não virtual – a

indústria de alimentos ainda dá passos muito tímidos no
quesito
ops, pisamos na bola
e assim, ela será engolida por uma avalanche de recall

mandatórios BEM VISÍVEIS. Desde a vigência da RDC 24/15, a
Anvisa já ordenou 14 recolhimentos e está pegando o gosto –
você vê tendência de isso diminuir com os anos?
Começamos também a ver leis de demanda popular serem

aprovadas: rotulagem de alergênicos e, logo na sequência, de
lactose. O consumidor está cada vez mais exigente, mas não
apenas na retórica – agora, mais empoderado e organizado,
ele é agente e protagonista das mudanças que exige.
Ideias
Siga o exemplo da Santa Helena e da ICL e faça seus recalls
voluntariamente.
Rotule além das exigências mínimas.
Avise de problemas preventivamente.
Em crises, não meça esforços para compensar o dano do
consumidor (e não para manter a sua imagem de bom moço
engomadinho).
Não apenas troque o produto: ofereça um ressarcimento além

do monetário. Considere que o consumidor é um ser
inteligente que precisa ENTENDER o que aconteceu, por que
aconteceu, como você resolveu e o que fará diferente daqui
para a frente, para então voltar a comprar de você.
ESTIMULE
VISITAS
Atire a primeira pedra quem nunca
leu este cartaz na porta da cozinha
de um restaurante.
Guardados os devidos cuidados com Food Defense (que,

convenhamos, é tema deveras novo para justificar esta
prática de décadas), fechar a fábrica ao consumidor é uma
das práticas mais contraproducentes.
Causa opacidade no mercado. Reduz imensamente a

transparência.
Voltando a “por que a indústria existe”: para trazer mais
conveniência ao consumidor. Isso significa que, salvo raras
exceções, a indústria de alimentos não faz algo
revolucionariamente novo para o consumidor.
Não.
A indústria de alimentos produz algo que o próprio

consumidor poderia ter feito em casa. (Sim, até presunto se
pode fazer em casa. Bolo também. E queijo.) Ou seja: a
indústria de alimentos é responsável por “substituir” uma
prática doméstica.
E quando você substitui uma prática sua, você quer ver como
o outro a faz para confiar nele, não?
Precisamos entender que alimentos são diferentes de roupas,

de carros, de lápis e de toalhas de banho.
Alimentos – e remédios – são os dois únicos

produtos que, para serem consumidos, precisam
entrar no nosso corpo.
Todos os demais estão do lado de fora.
Portanto: abra sua fábrica. Estabeleça este contato empático

com o seu usuário e organize visitas. Desmistifique a ideia de
que o alimento que ele consome é produzido numa nave
espacial – mostre seus processos.
Ideias
No Brasil, a Coca-Cola lançou a Fábrica da Felicidade em

alguns lugares do país, e os consumidores podem agendar
visitas. Grupos de até 40 pessoas, a partir de 6 anos, podem
visitar a produção.
A Garoto também estimula visitas, assim como a sua nave-

mãe Nestlé (visita paga? Estranho...).
Baden-Baden e Yakult também oferecem e estimulam estas

visitas em seus sites.
ABRA SUA
FORMULAÇÃO
Ah, barreira das barreiras.
A última de todas!
Motivo pelo qual todos os pesquisadores de P&D estão no

momento torcendo o nariz para esta lista.
Sim, querido visionário e querida visionária: rótulos de

alimentos estão caminhando para se transformar em uma
bula de remédio.
Do século XXI, é claro. Nada de papel, tudo digital.
Pergunta: qual a fórmula mais secreta do mundo?
Se você respondeu Coca-Cola, pergunto a você:
Qual a fórmula do pão da sua padaria preferida?
“O segredo da fórmula da Coca-Cola” é só mais uma das

grandes sacadas de marketing desta empresa. Tudo a
respeito da Coca-Cola está relacionado a exclusividade e
unicidade, e nada mais alinhado com isso que a fórmula seja
um grande segredo.
Mas, visionário e visionária: até hoje, quase todas as

formulações são.
Sinto dizer.
Não tem nada de único no “segredo da fórmula da Coca-

Cola”. Isso é apenas marketing.
Já falamos aqui que formulação é coisa do passado. Há uma
tendência de maior clareza nas informações de rotulagem –
não apenas por pressão do Estado, mas principalmente por
pressão do consumidor. Caso você não tenha percebido,
checa esta linha do tempo:
Bottom line: após a revolução digital, não existe mais

“esconder o jogo”.
Se sua empresa quer marcar presença significativa no mundo

de 2016 para frente, terá que jogar sob novas regras. E estas
regras incluem informar 100% do que está presente no seu
produto.
Simples assim. E já tem gente fazendo.
Ideias
A Campbell Soup criou o site “What’s in my Food”
justamente para abrir esta conversa com seus consumidores.
Tem muita coisa disponível por ali – ingredientes, processo,
assuntos difíceis – e você ainda pode perguntar o que mais
está faltando. Iniciativa ainda tímida, mas já válida.
Mais alinhada com esta prática está a Premium Ingredients,

empresa de ingredientes que abre exatamente isso: 100% da
formulação. Ela entendeu que uma formulação não tem valor
nenhum se não estiver alinhada a um processo, a um
mercado e a um grupo de fornecedores. É no conjunto disso
tudo (e mais um pouco) que reside o segredo do sucesso.
Não numa formulação em um papel solto.
RESPONDA
O QUE AS
PESSOAS
QUEREM SABER
Questões profundas emergem
quanto falamos em alimentos. Ser
seguro para o consumo é apenas
uma delas – e, a cada, mais
dificilmente respondida pela
rotulagem.
Vale a reflexão: o que é um alimento seguro?
Aquele que não causa doenças ou a morte?
E se, além disso, incluíssemos aquele que não exaure o meio

ambiente?
E se, além desses dois, incluíssemos aquele que usa práticas
justas de trabalho e comércio?
E se, além desses três, incluíssemos aquele que respeita as

práticas religiosas ou filosóficas do indivíduo?
E se, além desses quatro, incluíssemos aquele com menor

número de ingredientes?
E se, além desses cinco, incluíssemos aquele produzido
apenas com ingredientes culinários?
E se, além desses seis, incluíssemos aquele produzido

apenas com ingredientes culinários?
E se, além desses seis, incluíssemos aquele produzido sem

processos que causam rejeição no público – como GMO,
irradiação e nanotecnologia?
E se, além desses sete, incluíssemos aquele sem
componentes alérgicos?
E se, além desses oito, incluíssemos a próxima

preocupação do mercado?
As dúvidas do consumidor são cada vez mais complexas e de

difícil resposta. Empresas transparentes acompanham esta
caminhada do mercado com cada vez mais informações
sobre as suas práticas comerciais e industriais.
De bate pronto.
Sem reclamar – afinal, somos todos adultos.
Ideias
O Mc Donald’s do Canadá lançou a campanha “Your
Questions” para responder aos tópicos sensíveis daquele
mercado consumidor. Coisas como “vocês irão começar a
comprar carne latino-americana, como dizem as tendências?”
Adivinha a resposta do Mc Donald’s: definitivamente, não.

(ouch, essa doeu até em mim).
Hersheys e Campbell lançaram sites para responder sobre os

ingredientes que estão presentes em suas formulações.
A Tyson Foods descortina a questão de bem-estar animal
através de um site de Sustentabilidade. Por exemplo, são
divulgados tanto os resultados dos programas, quanto suas
falhas para alcançar a perfeição, entre outras questões.
Marcas americanas se juntaram na iniciativa “Smart Labels”,

para trazer luz à lista de ingredientes, nutrição, certificados
de qualidade, alergênicos e outras informações, através de
um aplicativo com leitura de QR code.
SEJA
SINCERO
Por fim, não existe transparência
sem sinceridade. A relação de
confiança com o consumidor apenas
se estabelece na base da sinceridade
– aquela, nua e crua, que expõe o
bom e o ruim (sem ficar
escolhendo).
A motivação da transparência tem que ser a

sinceridade.
O consumidor atual é extremamente antenado. Se você faz
uma ação para mostrar a sua fábrica e, ao mesmo tempo,
esconde seus fornecedores, a pulga fica atrás da orelha. Não
existe fábrica sem fornecedores, pensará seu consumidor.
Imediatamente, abre-se a questão de se esta transparência é
real (ou não).
Da mesma forma, comentários e elogios vindos de pessoas

da sua organização (ou das que se relacionam intimamente
com ela) mais trarão perdas do que ganhos.
Portanto, seja sincero: fale a verdade, exponha aquilo que
tem valor para o seu usuário e use de bom senso na seleção
dos seus porta-vozes.
Ideias
Você bombardeia o seu consumidor com “compre mais,
compre mais, compre mais”? Que tal esta movimentação
(ainda em implementação) da Mars, tradicional fabricante de
guloseimas hipercalóricas, em distinguir produtos de
consumo diário daqueles de consumo tradicional?
Responda às perguntas com respostas legítimas: assuma suas

falhas e proponha um diálogo de mais longo prazo com o
seu consumidor.
Uma pesquisa realizada nos Estados
Unidos pela organização “The
Center for Food Integrity” aponta
que aumentando a transparência,
aumenta-se a confiança.
Em 2015, a pesquisa “Uma visão clara da transparência e

como ela constrói a confiança do consumidor” questionou
mais de 2000 pessoas sobre a sua percepção atual sobre a
transparência das empresas de alimentos.
Entre outras coisas, os consumidores responderam onde

buscam informações sobre questões como o impacto do
alimento na saúde, segurança dos alimentos, impacto
ambiental, direitos humanos e de trabalho, bem-estar animal
e ética de negócios.
Veja as respostas.
Veja que cerca de um terço dos consumidores busca
informações sobre as práticas da empresa em sites que não
estão sob o seu domínio (os sites de terceira parte).
Reforçando: transparência é o caminho para a

indústria de alimentos. Principalmente, porque o
poder de influência NÃO ESTÁ MAIS
UNICAMENTE EM SUAS MÃOS.
Há oportunidades de incrementar a transparência da sua
empresa em diferentes níveis. Você pode sim inovar e fazer a
diferença no mercado usando algumas destas ideias.
Ou então, criando a sua própria inovação para aumentar a

transparência.
Quem sabe o que não sai da sua cabeça criativa nos

próximos meses?
Ps.: Quer uma dica adicional? A

Envisioning criou um mapa
interativa das tecnologias
disruptivas na área de alimentos para o Programa Mundial de
Alimentos da Nações Unidas. E tem um segmento de
tecnologias específico para transparência. #ficaadica
A Sra Inovadeira acredita em empoderar os profissionais da área de
alimentos para serem mais criativos, inovadores e fazerem a diferença em
seus mercados. Acredita no compartilhamento de experiência e na
formação de redes colaborativas de P&D.
Sra Inovadeira mantém um portal web de conteúdo exclusivo e

proprietário sobre Inovação de Alimentos. Da gestão de recursos em P&D,
passando por solução de dúvidas pontuais até a estratégia macro de
lançamentos – textos, vídeos, webinars e cursos estão disponíveis para
quem deseja colocar a mão na inovação de alimentos.
Você pode encontrar mais material sobre Inovação, Pesquisa e

Desenvolvimento de Alimentos nos canais:
www.srainovadeira.com.br
Facebook/Youtube/Instagram
INFORMAÇÕES SOBRE DIREITOS AUTORAIS, REPRODUÇÃO E
CONTATO
Este e-book foi criando com empatia e muita experiência pessoal para os
leitores do Sra Inovadeira. É permitido sua reprodução parcial, desde que
citada a fonte. É permitido o compartilhamento entre os leitores.
Os conselhos e estratégias mencionadas aqui podem não se aplicar à sua

situação. Você deve usar o seu autoconhecimento e raciocínio lógico para
escolher e/ou alterar as práticas propostas, de forma a se ajustarem à
estratégia da sua empresa.
Da mesma forma, estas foram as ações propostas pela autora, e não

esgotam todas as possibilidades de ferramentas que são empregadas
para aumento da transparência.
Tem sugestões, dúvidas, críticas e quer falar comigo? Meu e-mail é

contato@srainovadeira.com.br. O site é www.srainovadeira.com.br.
Ficarei imensamente feliz em conversar com você.
Cristina Leonhardt
Todos os direitos reservados. Editado em 2016

Abra Essa Caixa Preta Ideias para Quem Quer Mostrar Transparência No Mercado de Alimentos

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Mas o que é transparência quando falamos

Considerando que alimentos estão entre os únicos produtos

Por outro lado, o público torna-se mais educado e

São tempos em que o veganismo entra fortemente e o “feito

Para isso, contribuem diversos fatores, mas podemos citar

1. As inúmeras crises econômicas, dentro e fora do Brasil,

Bom, mas a indústria não irá desaparecer – para nutrir o

Mesmo num mundo que torce o nariz para um CNPJ.

Ou não terão consumidores.

Se você faz parte da turma que pretende abraçar o novo e

Uma pesquisa realizada pelo Inmetro apontou que o SAC das

Trocar produto não é o que se espera.

Se o consumidor está ligando para a sua empresa, se usou

Seu consumidor quer uma

Treine seu SAC. Pense em cada atendente daquela equipe

Faça com que seu SAC ligue de volta para os seus

“Ah, eu sou grande, não há equipe no mundo

Bacana, colega. Mas depois não reclama do pessoal ser

Uma frase a respeito deste pensamento: “com grandes

Quer mais poder que

Na NU Bank, os atendentes são instruídos para incluir um

No início da vida da Azul, um atendente de carne e osso

Fora do Brasil, o caso mais emblemático de um SAC

Na Zappos Insights, as empresas podem

está tendo um affair

O seu número de seguidores, contudo, diz muito pouco

A qualidade da relação está toda no engajamento daqueles

Marcas que entenderam que as mídias sociais não são a TV

A mídia social é, em última instância, o reino do

Portanto, visionário e visionária, se você pretende usar as

Ponha uma pessoa do lado de trás da tela. Estabeleça uma

Outra marca que traz um quê mais pessoal para a conversa é

No Brasil, uma marca a ser vista é a Paçoquita, que usou o

O Doritos também mostra que tem um ser humano atrás do

 Controle de Vidros e Quebráveis

Ser transparente TAMBÉM é mostrar as coisas bacanas que

Esta questão rolou no Visionários Avante: a indústria se

Contudo, a palavra Qualidade é muito vaga.

O consumidor que saber EXATAMENTE o que a

(Se você viu minha palestra na Fispal, sabe que a influência

Tem que provar.

E também não adianta mais ficar só reclamando.

Tem que fazer acontecer.)

Compartilhe resultados de análises de lotes, compartilhe seus

Siga o exemplo da cadeia de padarias Panera: crie e

Divulgue seu manual de BPF com linguagem acessível ao

Divulgue seus fornecedores e mostre que critérios você usa

Faça como a Campbell Soup e dê as caras. Coloque seus

só vale falar a verdade.

Você também não vai

que diz que compra café fair trade,

porém emprega trabalho escravo”.

O público foi enfático ao dizer – ele confiaria em uma

Atitudes responsáveis em momentos de crise. E práticas

Empresas muito certinhas, que só acertam, passariam a ele a

Estamos aqui falando apenas entre adultos, não? Apenas

(tirem as crianças e os gananciosos da sala, por favor).

Empresas de alimento erram – e muito.

Erram, e em coisas MUITO SÉRIAS.

Talvez por ser predominantemente física – e não virtual – a

e assim, ela será engolida por uma avalanche de recall