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Apurinã – Arquivo Para Slide

Dispersos em locais próximos às margens do Purus, os Apurinã compartilham um rico


complexo cosmológico e ritual. Sua história é fortemente marcada pela violência dos dois
ciclos da borracha na região amazônica. Hoje lutam pelos direitos a algumas de suas terras que
ainda não foram reconhecidas e que são recorrentemente invadidas por madeireiros.

Nome da etnia:

Alguns afirmam que Apurinã – e, de forma mais antiga, Ipuriná – é uma palavra da língua
Jamamadi. A auto-denominação do grupo é popũkare (o “u” lido entre o i e o u do português).

Língua que falam:

A língua Apurinã é uma da família Maipure-Aruak, do ramo Purus (cf. Facundes, 1994). A língua
mais próxima seria a dos Manchineri, ou a Piro.

Local onde vivem:

O território habitado pelos Apurinã, no século XIX, era o médio rio Purus. Mas eles são um
povo tradicionalmente migrante e, hoje, seu território se estende ao baixo rio Purus, até
Rondônia. Estão nos municípios Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Tapauá, Manacapuru, Beruri,
Manaquiri, Manicoré, todas no estado do Amazonas, além de índios Apurinã morando em
várias cidades do país.

Quantos são atualmente:

É difícil estimar o número de índios Apurinã, e mesmo tratar deles de maneira genérica,
porque estão muito espalhados. Segundo a FUNASA, os Apurinã somavam, em novembro em
2003, 4.057 indivíduos. Hoje, não é possível ter certeza de quantos são, pois muitos Apurinã
moram fora das áreas reconhecidas, em comunidades ribeirinhas ou em outras cidades
espalhadas pelo Brasil.

Resumo de sua história:

Uma das histórias e mitos contados sobre a origem dos Apurinã, hoje, é a da Terra Sagrada e
dos Otsamaneru. Os Apurinã eram imortais, e moravam em uma terra onde nada adoecia,
estragava ou morria. Vinham com os Otsamaneru, migrando de uma terra de imortalidade
para outra. Eles, entretanto, se encantaram em demasia com as coisas da “terra morredoura”,
entre as terras sagradas, e aí permaneceram.

Já muitos anos depois, nos registros mais atuais, os Apurinã tiveram contato sistemático com
não-índios no contexto da exploração da borracha. No século XVIII, o rio Purus começou a ser
explorado por comerciantes itinerantes. Alguns destes itinerantes se estabeleceram e
começou a haver, então, benfeitorias para exploração, ainda no baixo Purus. O rio Purus foi
povoado por causa da borracha. A exploração começou na década de 1870 e houve altos e
baixos nesse mercado. Com o fim da guerra, o fim também do mercado. Após este período, os
seringais foram financiados pelo governo.

As histórias Apurinã falam de massacres, torturas, da experiência de terem sido escravos, das
relações pessoais, de compadrio, das batalhas e guerras pela terra. Porém, após a queda da
borracha, nenhum produto a substituiu com a mesma importância e nenhuma outra estrutura
de produção se estabeleceu com igual força na região. Também houve muitos conflitos em
torno da terra e a resistência, por parte dos índios, contra invasões e exploração.

Os trabalhos de identificação foram iniciados numa época de organização política incipiente.


Hoje, os Apurinã reivindicam áreas que não haviam ainda sido reconhecidas, áreas em que
moram, que usam, margens de igarapés ou do rio Purus, e mesmo a cabeceira, como é o caso
do Tumiã, que foi deixada de fora.

Aspectos culturais:

Na parte da cosmologia e mitologia, temos Tsora. Tsora é o criador de todas as coisas que tem
na Terra e por isso é chamado de Deus, em português. A origem de tudo que existe, hoje, é
compreensível por uma história em que Tsora é envolvida. Tsora criou as pessoas e os
diferentes tipos de pessoas, os diferentes povos: Apurinã, brancos, outros índios.

As festas Apurinã, que recebem o nome genérico de Xingané (em Apurinã, kenuru), incluem
desde pequenas cantorias noturnas até grandes eventos, com convites para muitas aldeias,
farta comida etc. Em algumas ocasiões são feitas festas para acalmar a sombra de um morto,
na seqüência e nos anos seguintes do falecimento.

Também temos uma grande presença do Xamanismo nessa etnia. O princípio das doenças e da
cura do “pajé” (meẽtu) Apurinã são as pedras. A pedra é, ao mesmo tempo, o que lhe permite
curar e o que lhe permite causar doenças e matar. Quando o pajé recebe uma pedra, ele a
introduz no corpo e assim vai introduzindo todas as pedras que recebe ou que, no futuro, vai
tirar do corpo dos doentes.

Nas culturas materiais, grande parte das mulheres Apurinã faz vassouras, além de, em alguns
casos, balaios e cestas. Artefatos de cerâmica são feitos de barro misturado ao pó derivado da
queima da casca da árvore caripé. Muito utilizados também são os estojos de rapé, feitos de
aruá (caracol), sernambi (resíduo de borracha) e pequenos círculos de metal. Os katokana, ou
mexikana, tubos para aspirar o rapé são feitos de ossos de animais.

Muitas características da cultura tradicional dos Apurinã são as “cascas” (aãta), canoas de
casca da árvore jutaí. Hoje, elas são mais comuns nas comunidades no alto dos igarapés.

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