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Teoria Geral do Processo I – Ead

Data: 20/05/2018
Aluna: Patrícia Maria Neis

FICHAMENTO/RESUMO

Curso de Direito Processual Civil, Fredie Didier Jr


Capítulo 4 – Competência

1. Conceito e considerações gerais

Para que a jurisdição seja mais bem administrada, existem vários órgãos
jurisdicionais que podem atuar somente dentro de seus limites.
A competência jurisdicional é o poder de exercer a jurisdição nos limites
estabelecidos em lei.
Do mesmo modo existem competências legislativas, administrativas e
até mesmo para a prática de atos privados.

2. Distribuição da competência

A distribuição da competência é feita por meio de normas:


– constitucionais (inclusive estaduais)
– legais
– regimentais (interna)
– negociais (foro de eleição)

Segundo o art. 44 do CPC:

Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a


competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em
legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no
que couber, pelas constituições dos Estados.

A Constituição distribui a competência em todo o Podo Judiciário


Federal.
Justiça Estadual: competência residual.

3. Princípios da tipicidade da competência e da indisponibilidade da


competência. Regra da inexistência de vácuo de competência

Princípio da tipicidade: em regra, as competências dos órgãos


constitucionais são apenas as expressamente enumeradas na Constituição.
Princípio da indisponibilidade: as competências constitucionalmente
fixadas não podem ser transferidas para órgãos diferentes daqueles a quem a
Constituição as atribui.
O desrespeito a tais princípios implica o desrespeito ao princípio do juiz
natural.
Competências implícitas (Implied Power): quando não houver regra
expressa, algum órgão jurisdicional haverá de ter competência para apreciar a
questão. Importante para que não haja vácuo de competência.

4. Regra da kompetenzkompetenz

O juiz sempre terá a competência para decidir se é ou não competente.

5. A perpetuação da jurisdição

A competência deve ser determinada no caso em concreto. Segundo o


art. 43 do CPC:

Se houver mais de uma vara, a petição inicial há de ser distribuída; caso


contrário, o seu registro é o fato que fixa a competência.

A partir desse momento, nenhuma alteração superveniente em estado


de direito ou de fato pode alterar a competência (regra da perpetuação da
jurisdição).
Exceções:
– supressão do órgão judiciário;
– alteração superveniente da competência absoluta.
Obs.: decisão STJ: "nos processos que envolvem menores, as medidas
devem ser tomadas no interesse desses, o qual deve prevalecer diante de
quaisquer outras questões".

6. Competência por distribuição

De acordo com o art. 284 do CPC, onde houver "mais de um juiz" os


processos deverão ser distribuídos, de modo alternado e aleatório, entre os
juízos abstratamente competentes.
Fraude à distribuição implica a incompetência absoluta.

7. Classificação da competência

7.1. Competência do foro (territorial) e competência do juízo

– Regulada pelo CPC.


– Foro é a unidade territorial sobre a qual se exerce o poder jurisdicional.

7.2. Competência originária e derivada

Originária: é aquela atribuída ao órgão jurisdicional para con hecer da


causa em primeiro lugar.
Derivada: é atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever a decisão
já proferida (também chamada de recursal).

7.3. Competência relativa e competência absoluta

Absoluta: causas de interesse público.


Relativa: interesse privado.

Semelhanças:

7.3.1. A translatio iudicii

Mesmo com o reconhecimento da incompetência, preservam-se a


litispendência e os seus efeitos.
Regras:
a) Em regra, a incompetência não gera a extinção do processo, mas
apenas a remessa dos autos ao juízo competente.
b) A decisão sobre a alegação de incompetência deverá ser proferida i
mediatamente após a manifestação da outra parte (art. 64, §2°, CPC).
c) A incompetência (absoluta ou relativa) não gera a automática invalida-
ção dos atos decisórios praticados.
d) (art. 968, §§5o e 6° CPC).
e) Preservam-se os efeitos do ato de citação e do despacho citatório,
mesmo reconhecida a incompetência do juízo que a determinou.

7.3.2. Distinções entre a incompetência relativa e a incompetência


absoluta

8. Foros concorrentes, forum shopping, forum non conveniens e princípio


da competência adequada
Foros concorrentes: quando há vários foros competentes em princípio
para o conhecimento e julgamento de uma demanda.
Forum shopping: a escolha do foro pelo demandante.
Possibilidade de o autor agir de má-fé ao escolher o foro (dificultando a
defesa do réu).
Solução: forum non conveniens, que deixa ao arbítrio do juízo acionado
a possibilidade de recusar a prestação jurisdicional se entender comprovada a
existência de outra jurisdição (...) invocada como concorrente e mais adequada
para atender aos interesses das partes, ou aos reclamos da justiça em geral.

9. Competência constitucional

Há quem diga que a sentença proferida por juiz não competente


constitucionalmente seja uma sentença inexistente, comparando-a com uma
sentença proferida por um não-juiz.
No entanto, trata-se apenas de sentença inválida.

10. Competência internacional

10.1. Considerações gerais

A competência internacional visa, portanto, a delimitar o espaço em que


deve atuar a jurisdição, na medida em que o Estado possa fazer cumprir
soberanamente as suas sentenças.
Aplicação do princípio da efetividade.
Além disso, outros princípios que regem a competência internacional:
a) Plenitudo jurisdictionis
b) Exclusividade
c) Unilateralidade
d) Imunidade de jurisdição
e) Proibição de dene3ação de justiça
f) Autonomia da vontade
Competência internacional: arts. 21 ao 24 do CPC.

10.2. Competência internacional concorrente ou cumulativa (arts. 21 22,


CPC)

Concorrentes: causas que também podem ser julgadas por tribunais


estrangeiros.
Hipóteses:
– se o réu estiver domiciliado no Brasil, não importando a sua
nacionalidade;
– se no Brasil houver de ser cumprida a ob rigação; não impo rta onde
ela foi contraída;
– se a ação originar-se de fato ou ato ocorrido no Brasil.
Além disso:
– ação de alimentos (réu domiciliado ou com vínculos com o Brasil);
– relações de consumo (réu domiciliado no Brasil)
– quando as partes se submeterem à jurisdição nacional.
10.3. Competência internacional exclusiva (art. 23, CPC)

Sentença estrangeira proferida em tais casos não produz qualquer efeito


no território brasileiro. Hipóteses:
– qualquer ação relativa a imóvel situado no Brasil;
– em matéria de sucessão hereditária
– em divórcio e afins.

10.4. Competência concorrente e litispendência (art. 24, CPC)

A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência no


Brasil, e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma
causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de
tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

11. Métodos para identificar o juízo competente

a) verificar qual a justiça competente;


b) verificar se a competência é de tribunal ou de juízo monocrático;
c) verificar a competência de foro (comarca, seção, distrito etc.);
d) verificar o juízo competente (vara, órgão fracionário de tribunal etc.);
e) verificar o juiz competente, a competência interna na vara ou no órgão
colegiado;
f) verificar a competência recursal para a referida causa.

12. Critérios determinativos de distribuição da competência

12.1. Consideração introdutória

Os critérios são divididos em três espécies: critério objetivo, o critério


funcional e o critério territorial.

12.2. Objetivo: em razão da matéria, em razão da pessoa e em razão do


valor da causa

Se leva em consideração a demanda.


Elementos da demanda: partes, pedido e causa de pedir.
a) Competência em razão da pessoa: a fixação da competência tendo
em conta as partes envolvidas (rationae personae).
b) Competência em razão da matéria.
c) Competência em razão do valor da causa.

12.3. Territorial

É o critério que distribui a competência em razão do lugar.

12.4. Funcional

12.4. 1. Generalidades
Relaciona-se com a distribuição das funções que devem ser exercidas
em um mesmo processo.
a) por graus de jurisdição (originária ou recursal);
b) por fases do processo (cognição e execução, p. ex.);
c) por objeto do juízo.

12.4.2. Competência funcional x competência territorial absoluta

Incompetência territorial: defeito que só pode ser alegado pelo réu.


Incompetência funcional: pode ser alegada de ofício.

13. Principais regras de competência territorial

– Regra geral: domicílio do réu.


– Relações de consumo: domicílio do autor-consumidor.
– Ações reais imobiliárias: juízo da situação da coisa.
– Foro de sucessão: o domicílio do autor da herança.
– Réu ausente: seu último domicílio.
– Réu incapaz: o domicílio de seu representante.
– Pessoa jurídica é demandada: lugar onde está a sua sede.
– Ação proposta por idoso: foro de sua residência.
– Ação de responsabilidade civil extracontratual: foro do ato ou do fato.

14. Foros distritais e subseções judiciárias

Foros distritais: divisão territorial da comarca.


A justiça Federal divide-se territorialmente em seções judiciárias. Cada
Estado-membro corresponde a uma seção. A seção judiciária divide-se, por
sua vez, em subseções: distribuição da competência federal dentro do território
do Estado-membro. A subseção está para a seção judiciária assim como o
distrito está para a comarca.

15. Modificações da competência

15.1. Generalidades

Só há modificação da competência relativa.

15.2. Não alegação da incompetência relativa

Se o réu não alegar incompetência relativa em preliminar de


contestação, prorroga-se a competência.

15.3. Foro de eleição

15.3. 1. Generalidades

O acordo há de constar de negócio escrito, aludindo expressamente a


determinado negócio jurídico (art. 63, §1°, CPC).
15.3.2. Ineficácia da cláusula abusiva de foro de eleição

Considera-se abusiva a cláusula de foro de eleição em contratos de


consumo:
i) se, no momento da celebração, a parte aderente não dispunha de
intelecção suficiente para compreender o sentido e as consequências da
estipulação contratual;
ii) se da prevalência de tal estipulação resultar inviabilidade ou especial
dificuldade de acesso ao judiciário;
iii) se se tratar de contrato de obrigatória adesão, assim entendido o que
tenha por objeto produto ou serviço fornecido com exclusividade por
determinada empresa.
Nesses casos, poderá ser reconhecida de ofício a abusividade.

15.3.3. Foro de eleição internacional

Admite-se a escolha de foro exclusivo estrangeiro, na elaboração de


contratos internacionais (art. 25, CPC).

15.4. Conexão e continência

15.4. 1. Considerações gerais sobre a conexão. Conceitos legais de


conexão e continência. Insuficiência do conceito legal. A conexão por
prejudicialidade ou por preliminaridade

Conexão: demandas distintas, mas que mantêm entre si algum nível de


vínculo.
Normalmente produz o efeito jurídico de determinar a modificação da
competência relativa, de modo a que um único juízo tenha competência para
processar e julgar todas as causas conexas.
Na continência o pedido de uma demanda abrange (contém) o pedido da
outra.

15.4.2. Forma de alegação

Qualquer das partes pode alegar a conexão/continência, que de resto


pode ser conhecida ex officio pelo juiz.

15.4.3. Distinção entre a alegação de modificação de competência e a


alegação de incompetência relativa
15.4.4. Conexão entre demanda executiva e demanda de conhecimento e
conexão entre demandas executivas

Determina-se a reunião da execução de título extrajudicial com a ação


de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico.
Execuções fundadas em um mesmo título executivo devem processar-se
simultaneamente.

15.4.5. Conexão por afinidade. Um novo modelo de conexão para o


julgamento de casos repetitivos

Trata-se de causas que se relacionam pela afinidade de algum as


questões de fato ou de direito.

15.5. Prevenção

Por força da prevenção permanece apenas a competência de um entre


vários juízos competentes, excluindo-se os demais.

15.6. Outras regras de modificação da competência

a) Imóvel situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção


judiciária (art. 6o, CPC).
b) Ações acessórias (art. 61 do CPC).

16. Recorribiilidade da decisão sobre competência

O art. 1.01 5, 111, CPC, prevê o cabimento do agravo de instrumento


contra decisão interlocutória que rejeita a alegação de convenção de
arbitragem - prevê o agravo de instrumento, portanto, contra decisão que nega
eficácia a negócio processual que diz respeito à competência, ainda que
reflexamente. A decisão que acolhe a alegação de convenção de arbitragem é
sentença e, pois, apelável.

17. Conflito de competência


17.1. Conceito

É o fato de dois ou mais juízes se darem por competentes (conflito


positivo, art. 66, I, CPC) ou incompetentes (conflito negativo, art. 66, 11, CPC)
para o julgamento da mesma causa ou de mais de uma causa (em caso de
reunião por conexão, art. 66, 111, CPC).

17.2. Incompetência, remessa dos autos e conflito de competência

Se o novo juízo não aceitar a competência que lhe foi declinada, deverá
suscitar conflito, salvo se a atribuir a outro juízo (art. 66, parágrafo único, CPC).

17.3. Legitimidade e participação do Ministério Público

Podem suscitar o conflito o juiz ou tribunal, por ofício, o membro do


Ministério Público ou qualquer das partes, por petição (art. 953, CPC). O ofício
e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova do
conflito (art. 953, parágrafo único, CPC).

17.4. Competência

A competência para julgar o conflito de competência será sempre de um


tribunal.

17.5. Procedimento

– o relator, no tribunal, determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se


um deles for suscitante, apenas do suscitado;
– Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente.

18. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

18.1. Características

A competência da justiça Federal é constitucional e taxativa.

18.2. Competência dos juízes federais em razão da pessoa

18.2.1. O art. 109, I, CF/1988

18.2.7.7. As causas

As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública


federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
opoentes, são da competência dos juízes federais.

18.2.1.2. As pessoas

– União.
– Entidade autárquica federal.
– Empresas públicas federais.
– Conselhos de fiscalização profissional.
– Sociedade de economia mista.
– Ministério Público Federal.
– Defensoria Pública da União.

18.2.7.3. As exceções

– Falência.
– Acidentes de trabalho.
– Justiça eleitoral.
– Justiça do Trabalho.

18.2.2. O art. 109, 11, CF/1988

As causas envolvendo pessoa residente no Brasil ou Município brasileiro


contra Estado estrangeiro ou organismo internacional (BI RD, ONU, O MS, OIT,
OMC, O EA etc.) devem tramitar na justiça Federal, ressalvada a competência
da justiça do trabalho.

18.2.3. O art. 109, VIII, CF/1988

Compete aos juízes federais processar e julgar os mandados de


segurança e habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos Tribunais Federais.

18.3. Competência funcional: art. 109, X, segunda parte

Compete ao juiz federal executar sentença estrangeira, após


homologação do STJ e cumprir carta rogatória, após o exequatur do STJ.

18.4. Competência da Justiça Federal em razão da matéria

18.4. 1. O art. 109, 111, CF/1988

Compete à justiça Federal processar e julgar as causas fundadas em


contratos internacionais ou tratados firmados pela União.

18.4.2. Causas do art. 109, V-A: grave violação a direitos humanos

O inciso V-A do art. 109 da CF/1 988 atribui ao juízo federal a


competência para julgar as causas relativas a grave violação de direitos
humanos.
Obs.:
a) Cria-se regra de competência baseada em conceito jurídico
indeterminado: "grave violação de direitos humanos".
b) Não é novidade a instauração de um incidente para o deslocamento
da competência.
c) Não há qualquer violação à garantia do juiz natural, na medida em
que é regra geral de competência.
d) Caberá contra a decisão do STJ recurso extraordinário para o
Supremo Tribunal Federal.
e) essa nova regra de competência somente diz respeito às causas que
podem tramitar perante juízes federais, juízos monocráticos de primeira
instância.
f) Acolhido o pedido de deslocamento da competência, os atos até e tão
praticados são válidos, pois a autoridade era a competente.
g) É indispensável o estabelecimento do contraditório, neste incidente,
para que possam ser ouvidas essas mesmas autoridades.

18.4.3. O art. 109, XI, CF/1988: disputa sobre direitos indígenas

Será competente a justiça Federal para toda a ação que verse sobre
direitos indígenas.

18.4.4. Art. 109, X, parte final: causas referentes à nacionalidade e à


naturalização

O interessado em manifestar sua opção pela nacionalidade brasileira


deverá fazê-lo perante juízo federal.

18.5. Competência territorial da Justiça Federal

18.5. 1. Considerações gerais

As regras previstas nos §§1º e 2° do art. 1 09 da CF/1 988 são apenas


formalmente constitucionais, pois a competência territorial não é matéria
atinente à estrutura do Estado, organização de seus órgãos ou direitos
fundamentais. A competência não deixará de ser territorial porque prevista na
Constituição Federal.

18.5.2. Art. 109, §3°, CF/1 988: juízo estadual com competência federal

Os §§ 3° e 4º do art. 109 da CF/1 988 autorizam lei infraconstitucional a,


preenchidos certos pressupostos, atribuir competência (jurisdição) da justiça
Federal para a justiça Estadual, desde que não haja no local sede da justiça
Federal.
Determinam, ainda, que o recurso contra estas decisões seja dirigido ao
Tribunal Regional Federal - e não ao Tribunal de justiça.

18.6. Competência do Tribunal Regional Federal (art. 108 da CF/1988)

A competência cível do TRF é sempre funcional, não sendo relevantes


os sujeitos da demanda nem a matéria discutida.
Originária:
a) julgar ação rescisória ajuizada contra seus julgados ou julgados de
juízes federais.
b) julgar mandado de segurança e habeas data contra seus atos ou atos
de juízes federais.
c) julgar conflito de competência entre juízes federais.
Derivada: casos de recursos contra decisões de juízes federais e de
juízes estaduais investidos de jurisdição federal.

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