“Eu acho um esculacho, vem a instituição “ah vou pintar”. Depois vem um monte de
gringo tirar foto e põe não sei aonde. A instituição trabalha a imagem porque pintou
aqui umas casas. Pinta uma paredinha aqui, ah que isso? E não é só a Coral. Tem
outras instituições que entram aqui dentro, não só aqui, como em outras comunidades,
e faz a mesma coisa. Isso muda P.... nenhuma, querida. Por que isso dá oportunidade?
Não dá (Júnior, Santa Marta).”
“A guia insistiu que o tour era seguro, e justificou dizendo que Santa Marta é uma
favela pacificada. Ainda assim, o casal negou-se a entrar sempre reafirmando o medo.
Quando saíram, a guia comentou, desapontada: “eles acham que lá em cima tem o
que?” (Paula, guia-moradora).”
Nos dois trechos a cima encontramos a importância da mobilização social e do
processo de empoderamento, pois eles funcionam com uma base para que relatos
como esses não aconteçam. Na primeira fala o morador Júnior reclama ousadia das
empresas em usar a favela como marketing a céu aberto, dando a entender que a
comunidade local não tem autonomia para decidir o que quer fazer no seu espaço
turístico. E na segunda fala da moradora Paula, encontramos o desapontamento dela
com turistas que não tiveram credibilidade no seu trabalho, pois não se sentiram
seguros. Mas quais foram as causas que fizeram eles não se sentirem seguro, mesmo
com uma guia-moradora? Isso também mostra a importância do empoderamento e
preparação da comunidade para lidar com os turistas.
3- A tragédia ocorrida em Capitólio, Minas Gerais, está basicamente relacionada o
Turismo de massa, predatório e exógeno. Claramente os vídeos disponibilizados na
internet relataram a imprudência do motorista da lancha que arriscou a vida dos
passageiros. A região onde aconteceu o acidente teve uma grande mudança nos
últimos anos, com o turismo em massa, ou seja, o local começou a receber grandes
números de pessoas, trazendo transtorno aos moradores e aos próprios turistas que
precisam enfrentar filas e lotações do local. O acidente está dentro do conceito de
turismo predatório, que é a prática irresponsável do turismo, andar de lancha em
locais de risco, principalmente em tempos de muitas chuvas, é um turismo predatório,
sem responsabilidade. E também se classifica como um turismo exógeno, por conta do
interesse financeiro está à frente do interesse local, pois se a região apresentava
chuvas recorrentes nos últimos dias anteriores ao acidente e se já haviam identificado
que havia riscos em frequentar o local naqueles dias, o interesse financeiro veio à
frente e tomou o lugar da importância em respeitar e preservar o local naquele
momento.