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Lição 2 – Das sagradas Escrituras, parte 2

De VII à X
Introdução:
Neste primeiro capítulo da Confissão, na semana passada, nós que a nossa Confissão
afirma a necessidade das Escrituras, pois sem ela, jamais saberíamos nada sobre o Deus da
Criação, sobre seu plano para salvar os seus, sobre o propósito para nossa existência e como
vivermos para esse propósito que se resume em glorificar a Deus e desfrutar da sua presença
para sempre. Nós também que inspirados são somente os 66 das Escrituras, que autoridade
das Escritura flui dela mesmo, pois ela é a infalível e poderosa Palavra inspirada por Deus e
escrita por homens santos, que movido pelo Espírito, faram da parte de Deus. E também que
não precisamos de mais nada para nos trazer novas revelações sobre quem é Deus, seu plano
de redenção e como devemos viver neste mundo, pois em Cristo e por meio das palavras dos
santos apóstolos, a Bíblia é suficiente para nos revelar, nos fazer conhecer toda a vontade de
Deus para nossa salvação e vida e contínua santificação.
Hoje veremos o que a nossa Confissão tem a nos dizer sobre a clareza das Escrituras,
sobre as línguas originais, como a Bíblia a si mesmo se interpreta e como o Espírito, que nos
fala através da Bíblia, é o juiz supremo sobre todas as controvérsias que possa surgir no seio
da igreja.

VII. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo
evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas
para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e
explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios
ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.
Tudo o que está na Bíblia é fácil de entender? Por exemplo: Na Oração Dominical
ensinada por Jesus Cristo está escrito: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como temos perdoado a nossos

devedores”. Será que Jesus está ensinando o perdão pelos méritos? Será que a condição para
sermos perdoados por Deus é primeiro perdoarmos aos que nos ofendem? Se é assim, então a
salvação não é por graça! Veremos mais sobre isso na tarefa que faremos no final.
Conseguem ver? A leitura da Palavra nem sempre é tão simples. Por isso o sétimo
parágrafo começa dizendo que entender a Bíblia nem sempre é fácil. O próprio apóstolo Pedro
reconheceu isso ao dizer em 2Pe 3.16 ao dizer que Paulo escreveu algumas “coisas difíceis de

entender”. Por isso, de forma muito honesta, nossa Confissão declara que mesmo para quem tem
muita intimidade com a Palavra de Deus, nem “todas as coisas são igualmente claras em si,
nem do mesmo modo evidentes a todos”. Precisamos nos lembrar que a Bíblia, afinal, é Deus
se revelando, por isso, não deveríamos esperar que tudo o que é revelado a carca do Deus
Triuno seja fácil para compreendermos.
Mas dito isso, a grande verdade é que poucas coisas nas Escrituras são obscuras, na
verdade, todas “as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a
salvação”, não só os mestres, mas também os leigos “podem alcançar uma suficiente
compreensão dela”. É por isso que no salmo 119.105,130 lemos o salmista dizendo que
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (105).
“A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples” (130).

Qual é a figura usada para descrever a Bíblia nestes dois versículos? Luz... a Bíblia é
luz. E a quem ela alumina e dá entendimento? Ao simples. E quem é o simples nas Escrituras?
Os que tem pouco instrução, os iniciantes na fé, os menos capazes, os que não tem, mas
carecem de instrução e entendimento. Todo grande teólogo, todo crente experiente um dia
começou como uma criança na fé.
Se você ler regularmente a Bíblia com genuína fome de conhecer o Deus que se
revela, se você clama ao Espírito por iluminação espiritual, então o Senhor, gradativamente
aumentará o seu tesouro do conhecimento celeste, sobre quem Deus é, sobre o evangelho e
como viver a vida cristã. Vejam o Sl 119.18 e At 17.11
“desvenda meus olhos para que eu contemple as maravilhas da sua lei”.

“Ora, estes de Bereia eram mais nobre dos que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda
avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”.

Iluminação para que os olhos da nossa alma sejam abertos para ver as maravilhas de
Deus e perseverança na leitura. Isso é o que necessitamos para se compreender a Palavra de
Deus, o caminho da salvação e as coisas que precisamos obedecer. E Deus ilumina a quem
pede. O Salmo 119.18 é uma petição feita em oração (recitar). Isso significa que cada vez que
você for ler as Escrituras, um proveitoso e necessário exercício é repetir essa oração: “desvenda

meus olhos para que eu contemple as maravilhas da sua lei” . E então examine, não somente passe os olhos
apressadamente... não! pelo contrário, examine as Escrituras, entenda as palavras e seus
significados. Ao terminar um bloco ou capítulo, pergunte a si mesmo sobre o que o autor está
falando. E continue orando: mais luz Senhor... mais luz Senhor... mais luz Senhor. Desta
forma, tudo o que é necessário para a salvação e para a obediência será revelado diante dos
seus olhos.
Mas como os livros da Bíblia foram escritos? Isso é o que diz o parágrafo 8 da CFW.
VIII. O Antigo Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o
Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no
tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu
singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso
autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles
como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o
povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de Deus lê-
las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as
nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas
abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela
paciência e conforto das escrituras.

O capítulo 8 da CFW nos diz que o Antigo Testamente, com exceção de alguns poucos
capítulos, foi escrito em hebraico e o Novo Testamento, excetuando algumas poucas palavras,
é todo escrito em grego.
E a nossa Confissão nos ensina que tudo o que foi escrito, foi pela “providência
conservados puros em todos os séculos”. E o próprio Senhor Jesus confirmou que a Palavra
de Deus jamais seria corrompida quando disse em Mt 5.18: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a
terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” . Os Isso significa que os textos
originais, dos quais nossas traduções são cópias, jamais foram corrompidos. Olhem par ao
gráfico.
Isso nos ensina que a Bíblia que lemos hoje está basicamente preservada como ele foi
escrita. Quem desconfia da Bíblia está procurando argumentos para desobedece-la. Se
queremos encontrar a vida eterna, devemos nos lembrar e obedecer aquelas palavras que
Cristo ordenou aos líderes religiosos dos seus em dias em Jo 5.39
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas “mesmos que testificam de
mim”.

É a Bíblia que nos aponta o caminho da vida eterna e que aqueles que tem a verdadeira
fé salvífica, creem conforme a revelação da palavra de Deus e não conforme a tradição de
homens e seus próprios achismos. Quem não crê segundo as Escrituras, não tem a vida eterna.
Por isso a Bíblia é o superior tribunal da fé cristã, sendo a ela que recorremos para
resolver todas as controvérsias da fé, por isso é necessário sua tradução para as línguas
comuns de nossos dias para que todos os fiéis possam adorar a Deus de modo aceitável e
encontrem na Palavra de Deus esperança para o presente e conforto celeste nas duras
provações desta vida.
Mas, ainda que nem tudo na Bíblia seja fácil de compreender a princípio, nossa
Confissão nos diz que a própria Palavra interpreta a si mesma à luz de passagens mais
simples. É isso que nos diz o 9º parágrafo do capitulo 1 da CFW sobre as Sagradas Escrituras.

IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto,


quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da
Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e
compreendido por outros textos que falem mais claramente.

A própria Escritura é a única regra infalível de interpretação das Escrituras. Isso


significa que a Bíblia é o recurso mais precioso que temos para interpretar a Bíblia. O que a
Confissão está dizendo que é quando tivermos dificuldade de entender uma palavra, um
trecho ou um livro das Escrituras, devemos entender esse trecho o livro à luz de suas partes
mais fáceis de compreender. Isso vai ficar claro quando fizermos nosso estudo prático. Mas só
pra exemplificar, se um trecho como Lv 18.5 “Portanto, os meus estatutos e os mês juízos guardareis; cumprindo-
os, o homem viverá por eles” parece, por exemplo, apresentar a salvação por obras, devemos ler esse
trecho à luz do todo que nos ensina que a salvação é pela graça. Devemos comparar esse texto
com Gn 15.6 onde lemos que Abraão “creu no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça” e que “ninguém será
justificado diante dele [Deus] por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20) ,

porque “pela graça sois salvos, mediante a fé” e que essa salvação “não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2) . Um trecho
difícil da Bíblia se explica no contexto de todo. O que Confissão está dizendo é que a Bíblia
explica a Bíblia.
A igreja católica diz que somente ela é capaz de interpretar corretamente as Escrituras.
Muitas seitas heréticas como as testemunhas de Jeová, os adventistas e a igreja cristã do
Brasil dizem que sem suas literaturas ninguém pode compreender corretamente as Escrituras,
e, embora alguma orientação seja sempre muito bem vinda, a verdade é que nas coisas
essências a própria Bíblia se interpreta para os que buscam a Verdade. Ver Daniel.

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas
e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos
antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo
em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando
na Escritura.
Aqui a Confissão repete e expande o ponto que já fora mencionado no parágrafo 8, ou
seja, o Espírito Santo, falando através do texto inspirado e registrado na Bíblia, é o “supremo
juiz” de todas as decisões e opiniões espirituais, a respeito de todos os assuntos. Nas palavras
do Senhor Jesus Cristo, a razão pela qual tantas pessoas, e inclusive nós, continuamos errando
tanto na vida cristão é que “não conhecemos as Escrituras e nem o poder de Deus” (Mt 22.29).
Muitas pessoas hoje em dia dizem ser cheias do Espírito, batizadas no Espírito,
falarem em nome do Espírito, cheias de supostas revelações do Espírito, mas parecem não
compreender que ser cheio do Espírito é ser cheio da Palavra que Ele nos deu. Uma pessoa
cheia do Espírito, que tem legítimas experiências com o Espírito, são as que em todos os
momentos da vida, respondem às circunstâncias segundo a revelação do Espirito escrita na
Bíblia. Essa é a pessoa cheia do Espírito.
Ser cheio do Espírito é usar a Bíblia como a balança perfeita que pesa todas as nossas
decisões, opiniões, nossas conversas, doutrinas, relacionamentos, uso do dinheiro, do tempo e
que governa até nossos sentimentos. Ser cheio do Espirito não poder ser outra coisa senão “o
Espírito Santo falando [aos crentes] através das Escrituras”. Isso é ser cheio do Espírito

Estudo da Palavra de Deus


1 - Princípios fundamentais
a) Lendo com objetivo
Quando lemos um versículo ou um trecho das Escrituras, ao terminarmos a leitura,
devemos ter objetivo responder a três perguntas. O que está acontecendo neste texto? Sobre o
que este texto está falando? Como ele se aplica a minha vida? Para isso, devemos observar o
texto, interpretar o texto e tão somente, aplicar o texto.
Observação – Esse é o primeiro passo. Aqui devemos perguntar coisas do tipo: Que tipo
de literatura tenho em mãos (poesia, narrativa, profecia, doutrinária)? Quem está falando?
Para quem está falando? Porque está falando? Quando ele falou isso? Eu não invento
informações e nem as coloco no texto, eu tiro as informações do texto, eu escuto o Espírito
Falando através da Palavra escrita.
Interpretação – Neste ponto devemos procurar entender o significado do texto. Qual é o
assunto principal desta passagem? Qual era o objetivo do autor ao falar deste assunto? Qual
era a necessidade que havia em falar sobre esse assunto?
Aplicação – Como isso se aplica a mim? Que lições, promessas, mandamentos ou
verdades são para minha vida hoje? Conseguimos por meio do meditar, que é refletir sobre
algo obscuro até que fique claro.
Observação do texto, interpretação do texto e aplicação do texto, regados com
abundante oração por iluminação espiritual, são os instrumentos que utilizamos para
compreender a Palavra de Deus.

b), Princípios para alcançar o objetivo


Existem 4 princípios básicos na observação que precisamos aplicar para termos
sucesso em interpretar e aplicar nosso texto.
a) Contexto próximo: Como esse versículo ou texto se encaixa com o aquilo que foi dito
antes e depois dele? Qual é o assunto geral no qual meu texto está inserido?
b) Contexto literário: Que tipo de literatura é essa? Qual o significada das palavras? Tem
palavras repetidas? Tem um mandamento, há perguntas, é um fato? Observem os verbos: é
passado, presente, futuro; são imperativos?
c) Referencias cruzadas: Use as notas de rodapé da sua bíblia para buscar passagens
paralelas ou uso similares de palavras, pensamentos ou conceitos.
d) Leia sempre à luz do todo das Escrituras : As Escrituras nunca se contradizem. Uma
passagem específica deve ser interpretada à luz daquilo que toda a Bíblia ensina. A nossa
Confissão já nos ensinou dizendo que “quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno
sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto
pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente” (CFW 1.9).

2 – Praticando o estudo da Palavra


Mt 6.9-15

Vamos ler o texto alvo do nosso estudo.


“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação;
mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]! Porque, se perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos
homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.

1) Vamos primeiro fazer algumas observações do contexto. Vamos fazer perguntas ao texto.
Quando lemos este texto dentro seu contexto literário imediato (Mt 6.1-18):
a) Qual era o propósito de Cristo nestes versículos? Ele está ensinando alguns
elementos da prática religiosa e como devem ser praticadas.
b) Quais são os três elementos da pratica religiosa que Jesus aborda? O dar esmolas
(2-4), a oração (5-8) e o jejum (16-18).
c) Como devem ser praticadas esses atos de fé? Sem exaltar-se e buscar
reconhecimento diante dos homens. Se assim for feito, não haverá recompensa da parte de
Deus (1).
d) Nos versículos 5-8, quais princípios Jesus estabelece com respeito a oração? De
que a oração deve ser feita para Deus, e não para conquistar a admiração dos outros; dever
ser consciente, envolvendo o entendimento, sem mera repetição de palavras vazias e sem
pensar; deve haver fé de que Deus está nos vendo e que, de alguma maneira, o Senhor
recompensará aquele que ora.
e) Analisando o contexto, especialmente 5-8, qual parece ter sido o propósito de Jesus
ao ensinar essa oração 9-13? Vamos reler Mt 6.5-8 antes de respondermos:
5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos
cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa. 6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 7 E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 8 Não vos
assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho
peçais.

Ele nos ensinou essa oração para nos oferecer um padrão a ser seguida que difira seus
discípulos dos religiosos hipócritas e dos que seguem uma religião falsa. E que padrão
encontramos na Oração Dominical? Destinatário e adoração pedindo por santificação (9-10),
súplica pelas necessidades (11), confissão (12) e adoração (13).
2) Agora vamos olhar para o contexto literário.
a) Que tipo literatura é essa? Essa é uma literatura didática, que inclui instrução e
ordens.
b) Há alguma palavra que você não conheça neste texto? Santificado: O dicionário
Dicio online nos diz: Que conseguiu se tornar santo; característica ou atributo de quem se
tornou santo; diz-se dos santos1. No grego, em termos gerais, a palavra significa fazer santo,
separado ou separar para ser santo. Tentação: O Dicio define tentação como Atração por
coisa proibida; movimento íntimo que incita ao mal; desejo veemente. O grego nos traz a
ideia de testar, provar, experimentar. Reino: Vamos descobrir daqui a pouco olhando para
uma referência cruzada.
c) Anote os verbos (ação) do texto: Orareis, Santificado seja, venha, faça-se, dá-nos,
perdoa-nos, não nos deixe cair, livra-nos. Notem que com exceção do primeiro verbo
“orareis”, que uma ordem de Jesus sobre como orar, todos os outros verbos, são nossas

1
https://www.dicio.com.br/santificado/
palavras que devem ser dirigidas a Deus. E todas eles apontam para pedidos. Então, se
juntarmos os últimos verbos que juntos pedem por livramento, veremos que essa oração se
trata de 6 petições. Isso é importante e nos ensina muito sobre como devemos orar. Guarde
essa informação, pois precisaremos dela no final de nosso estudo prático.

3) Agora olhem para a referência cruzada. Abaixo do nome A oração dominical, tem uma
referência indicando outro lugar que essa oração acontece. (Lc 11.2-4). Vamos ler esse texto.
2 Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 3 o
pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a
todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação.

Vamos continuar nossa observação.


a) Há alguma grande diferença entre os textos? Sim, há algumas. O contexto é
diferente, é uma resposta a um pedido dos discípulos; omite a frase “que estas nos céus”; omite a
petição acerca da vontade de Deus; omite a petição “livra-nos do mal”, omite a doxologia
(adoração) de encerramento “pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!”.
b) Há algo em Lc 11 que ajude a entender melhor Mt 6? Não! o Relato de Lucas é
uma forma reduzida da oração ensinada em Mt 6.
c) E a palavra reino? Quando num lugar não sabemos com certeza o significado de
uma palavra, devemos buscar entende-la à luz de outros lugares onde é mais fácil entende-la.
Não foi isso que a nossa Confissão nos ensinou no parágrafo 9? Vamos olhar para Mt 3.2; Mc
1.15 e Jo 3.5
“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. (Mt 3.2)

“Dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.
(Mc 1.15)

Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus”. (Jo 3.5)

A observação nos diz que todos estes texto cruzados falam sobre o reino de Deus.
Neles percebemos que esse reino é espiritual e não físico, econômico e bélico, e nele se entra
por meio do arrependimento e da fé. Então podemos interpretar a expressão “venha teu
reino” dizendo que o reino é o governo espiritual de Deus, exercito através de Jesus entre
todos os que creem no evangelho. Então, “Venha o teu reino” se refere a ser governado pela
vontade e Deus revelada na Bíblia e pregar arrependimento e fé para que este reino alcance
outros.
Agora vamos olhar outra referência cruzada para entender o que significa “seja feita sua

vontade na terra assim como nos céus”. O Salmo 103.20 diz o seguinte:
“Bendizei ao Senhor , todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe

obedeceis à palavra”.

Percebam que os anjos cumprem a vontade de Deus assim que eles a recebem a
ordem, sendo assim, devemos interpretação “seja feita sua vontade, assim na terra como nos céus” ,

afirmando que Jesus quer que oremos para obedecermos a Deus sem qualquer hesitação,
como os anjos fazem nos céus.
Agora analisar uma dificuldade deste texto à luz de toda a mensagem da Bíblia. Ao
lermos Mt 6.14-15 “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém,
não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” , temos a impressão
de que podemos alcançar a salvação por méritos: Eu perdoo e como recompensa sou perdoado
por Deus. Mas à luz de, por exemplo, Ef 2.9 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de

vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” . Essa interpretação pode estar correta? Claro
que não!
Vamos olhar para outra passagem cruzada para nos ajudar a entender. Mt 18.21-35
Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim,
que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta
vezes sete. Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus
servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém,
com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a
dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E
o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém,
aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava,
dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente
comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a
dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu
senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te
aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como
também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe
pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a
seu irmão.

Quando lemos Mt 6.14-15 comprando-o com Mt 18 fica fácil perceber que Jesus não
está nem se contradizendo e nem contradizendo outras partes das Escrituras que ensinam que
a salvação é pela graça somente, mediante a fé somente. O que Jesus está ensinado é se nós
somos verdadeiros filhos de Deus, então iremos evidenciar isso pelo modo como agimos para
com os outros. Se você experimenta o perdão de Deus e sabe quão grande era sua dívida,
você irá perdoar.
4) Concluindo
Lembra dos princípios básicos para estudar as Escrituras? Lembra que precisamos
responder a três perguntas? O que está acontecendo (observação)? O que isso significa
(interpretação)? E como isso se aplica a mim (aplicação)? Vamos responde-las agora.

O que está acontecendo?


Porque Jesus ensina essa oração? Jesus queria oferecer ao povo de Deus um padrão
reverente de oração que os diferenciasse dos religiosos hipócritas e dos gentios idólatras, não
para ser repetido irrefletidamente sem qualquer meditação, mas para orientar aos filhos de
Deus sobre como usar suas próprias palavras para falar com Deus tendo um modelo diante de
si.
Para quem Jesus ensinou essa oração? Para os crentes nele, para seus discípulos, que juntos,
são a igreja de Cristo. Quem repete mecanicamente essa oração não chegou nem perto de orar
de verdade.

O que isso significa?


Lembra que quando olhamos para os verbos do texto nós vimos que com exceção do
primeiro “orareis”, que é uma ordem de Jesus sobre como devemos orar, todos os outros são
pedidos que devemos fazer a Deus? Assim percebemos que nossas orações básicas devem
conter 6 petições
 1 - Santificado seja o teu nome; 2 - venha a nós o vosso reino; 3 - seja feita a
vossa vontade, assim na terra como nos céus; 4 - o pão nosso de cada dia dá-
nos hoje; 5 - perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos nosso
devedores; 6 - não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal.

Agora veja quatro elementos essências desta oração


Adoração: Ela começa chamando Deus de Pai, mas um Pai celeste, que habita nos céus.
O Deus cristão é adorado como Pai. Essa adoração se estende ao pedirmos por santificação e
para sermos habilitados a fazer a vontade de Deus sem hesitarmos.
Súplica: Declaramos nossa dependência Dele, pedindo a ele para nós e para os outros
por certas coisas necessárias a nossa sobrevivência.
Confissão: Admitimos nossos pecados para com Deus e suplicamos por seu perdão.
Ação de graças: Nessa oração aprendemos a atribuir ao Senhor o reino, o poder e a
glória por todas as boas dádivas que ele nos tem concedido, das quais, a redenção por
meios da fé na obra de Jesus Cristo é a maior.

E daí, como isso se aplica a minha vida?


Essa é a parte mais importante de todo o estudo. Todo o trabalho de examinar a Bíblia
só se justifica por causa da aplicação. Estudar sem aplicar a palavra a minha vida é o mesmo
que um aborto ao final de 40 semanas de gestão. Se é assim, como esse texto se aplica à sua
vida? Vejamos alguns exemplos.
a) Estabeleça um tempo regular, todos os dias, para oração e meditação na Palavra . Eis a
aplicação, se Jesus nos ordenou e nos ensinou a orar é porque ele espera que seus
discípulos orem. Hoje mesmo, programe seu tempo, determine um horário e ore
para fazer a vontade de Deus enquanto você está na terra, assim como os anjos a
fazem nos céus.
b) Inclua os quatro elementos da Oração Dominical em suas orações : É muito comum,
quando nos reunimos para orar ouvir as pessoas dizerem: Eu não tenho nada para
pedir, só para agradecer. Mas lembrem-se, a oração do Pai nosso se estrutura sobre
seis petições que devemos fazer a Deus. Na oração do Pai Nosso temos adoração,
súplica, confissão e ação de graças. Seja intencional ao incluir estes quatro
elementos em sua oração.
c) Tenha um caderno de oração: É fácil esmorecermos na oração, começarmos a pedir
por algo e em pouco tempo nos esquecermos daquilo e deixarmos de orar por
aquela necessidade. Organize suas orações em itens diários, como por exemplo, o
sustento, o perdão, o poder para a santificação, iluminação para compreender a
Palavra, por poder para vencer pecados rotineiros como a ira, a inveja, a
intolerância, o medo e outros. Também coloque itens para oração semanal, tais
como missões, a salvação das pessoas a sua volta, oportunidades e coragem para
pregar a outros, pela liderança da igreja, pelos nossos governantes, por sabedoria
para escolher bem nossos governantes, etc.

Conclusão:
Hoje terminamos o capítulo 1 da Confissão de fé de Westminster. Neste capitulo
aprendemos sobre a revelação geral, a revelação especial, que a autoridade da Palavra procede
dela mesmo, pois ela é a infalível e inerrante Palavra inspirada por Deus, que a bíblia é o
“supremo juiz” em todos as questões de fé, e que ainda que possua assuntos difíceis de
entender, pelo simples uso do raciocínio, podemos entender tudo o que é necessário saber
para nossa salvação e para a obediência cristã, e que a Palavra a si mesmo interpreta,
explicando textos difíceis à luz de passagens mais claras.
Além disso, vimos na prática como a Bíblia pode ser entendida e aplicada em nossas
vidas diárias. Onde houverem discípulos fieis e desejosos de ouvir a voz do seus Senhor,
haverá um Deus pronto para aclarar as palavras da verdade que podem conduzir à vida eterna.
Conhecer as Escrituras é conhecer ao próprio Deus encarnado, que em Cristo se revelou
plenamente aos que por ele buscam. Por isso, por meio da Palavra, “Conheçamos e prossigamos em

conhecer o Senhor; como a alva, a sua vinda é certa" (Os 6.3) , porque o Senhor virá e se deixará conhecer por
aqueles que lhe buscam com integridade de coração.

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