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CFW, IPB Congonhas 07/07/2022.

Lição 5
IV. Da Criação

Para memorizar: Gênesis 1.1 “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Hebreus 11.3 “Pela fé, entendemos que
foi o universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”.

Introdução:
Em nossa última lição nós aprendemos sobre o “Eterno Decreto de Deus”, como ele,
desde a eternidade, tomando o conselho da sua própria vontade, ordenou livre e
inalteravelmente, tudo quanto acontece, mas isso de um modo maravilhoso e misterioso, de
maneira que ele nem se torna o autor do pecado e nem tira a liberdade dos seres humanos. De
fato, a doutrina do Decreto Divino não pode ser compreendida por nossas mentes limitadas e
caídas, contudo, ela é bíblico. Como crentes, não fomos chamados para compreender todos os
mistérios de Deus, mas para crermos fielmente em tudo o que ele quis nos revelar em sua
Palavra, e o Decreto de Deus, como vimos, está por toda a Escritura. Cristo foi entregue para
ser morto e crucificado porque Deus decretou que deveria ser assim, mas as Escrituras dizem
que os homens, e não Deus, foram os culpados por tê-lo matado (At 2.23).
Os decretos de Deus, estudados semana passada, são executados na criação, e na
providência, que estudaremos semana que vem. A guisa de ilustração, nós podemos comparar
o decreto de Deus à obra de um arquiteto; a criação, à obra de um construtor, e a providência
à obra de um gerente de obras. Passemos a nossa lição.

I. No princípio, aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da


glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de
seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visível ou invisível.

O Breve Catecismo de Westminster, na questão 8, nos ensina que:

“Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência” BCW 8.

Sobre a providência, vocês terão que esperar até semana que vem. Por hora, basta
dizer que a providência divina é o poder de Deus em ação para garantir que todos os seus
decretos se cumpram. Hoje aprenderemos sobre a criação, origem de todas as coisas.

1 – Tudo é pela fé
Criados pela Palavra
Gênesis 1.1 nos diz:
“No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
A primeira frase da Bíblia começa de forma surpreendente. Ela declara que a ação
criadora de Deus é a origem de tudo o que existe, nos céus e na terra. É surpreendente porque
a Bíblia não começa tentando provar a existência de Deus, ou tentando explicar como Deus
surgiu, nada disso... ela simplesmente assevera que todas as coisas vieram a existir pela
palavra e vontade do que Deus sempre existiu. Mas Hebreus 11.3 completa essa informação
“Pela fé, entendemos que foi o universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a
existir das coisas que não aparecem”.

Estes dois versículos juntos nos ensinam duas coisas importantes. E quais são: 1) Deus
fez todas as coisas do nada pelo poder da sua Palavra; 2) que é pela fé que se aceita esse
registro como sendo a verdadeira origem de todas as coisas.
Deus falou e os céus e a terra se encontraram no horizonte; Deus falou, e cadeias de
montanhas se ergueram enquanto oceanos ocupavam seus lugares; Deus falou, e galáxias
inteiras nasceram e se espalharam pelo espaço; Deus falou, e formigas e elefantes apareceram
sobre a face da terra. Deus falou, e homens e anjos vieram a existir para o louvor da sua
glória. Mas tudo isso não se prova por meio da ciência, ainda que ela trabalhe a serviço de
Deus, é pela fé que aceitamos esse testemunho. E o que é a fé? Hebreus 11.1 nos ensina dizendo:
“Ora, a fé a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem”.

Uma outra forma de dizermos esse versículo é dizermos que: “A fé é confiança


inabalável de que as coisas que Deus prometeu virão e de que as coisas que eu não posso
ver, agora, existem”. Isso é fé, confiar na Palavra de Deus. Nós confiamos no testemunho da
Palavra de Deus. E por que nós devemos confiar no testemunho de Deus? Simples, porque a
própria Palavra anos diz que podemos confiar nela: Sl 19.7 “... o testemunho do Senhor é fiel e dá

sabedoria aos simples”. E Jesus, a Palavra encarnada nos ensinou que a “palavra” do Pai, a qual ele
nos ensinou “é a verdade” (Jo 17.17).
E a ciência, o que diz?

Meus irmãos, a fé a ciência andavam juntas até o final do século XVII na Europa.
Contudo um processo de separação começou a ocorrer gradativamente a partir do final do
século XV com o Renascimento e concretizou-se no século XVIII com o movimento
iluminista. Antes disso, a ciência sempre fora uma boa serva da fé para revelar ao mundo as
maravilhas do Deus Criador. Mas quando o homem começou a fazer da razão o seu Deus e
passou a rejeitar que Deus possui em Si mistérios que jamais compreenderemos, ele
desenvolveu uma nova forma de explicar a origem de todas as coisas.
Muitos dos cientistas modernos explicam a origem e o desenvolvimento do universo e
do nosso mundo em termos de processo evolutivo. Eles costumam alegar que somos tolos em
crer naquilo que a ciência não pode provar por meio de observação e experiências científicas.
Em seus argumentos, eles procuram apresentar suas teorias como se fossem verdades
absolutas fundamentadas na razão, ao passo, que o criacionismo não passa de especulação
imaginativa fundamentada sobre o frágil e irracional alicerce da fé. Mas a pergunta a se fazer
para um evolucionista é: A ciência pode provar por meio de experiências a origem evolutiva
do universo e do nosso planeta? A resposta honesta será um sonoro não!
Então, se a ciência não pode provar as teorias que defendem, com base em que eles
aceitam as suas próprias convicções? Isso, como base na fé. Eles simplesmente creem em suas
pressuposições com base na fé de que a ciência é a verdade última.
Desta forma meus queridos, tudo é sobre fé. Contudo, a fé da comunidade científica é
uma fé estúpida que só pode levar o ser humano ao desespero. Isso porque ela não pode
oferecer um propósito para a existência, porque, segundo eles, tudo é fruto do acaso. Eles não
podem atribuir valor ao ser humano, pois tudo não passa de um amontoado de átomos,
prótons, nêutrons e elétrons. Um ácaro deve ser considerado igual ao ser humano em valor.
Mas isso se funciona na teoria, pois se você tentar esmagar o filho de um destes cientistas que
ensinam estas coisas, assim como você o faz com centenas e milhares de ácaros diariamente,
ele se levantará para defender o filho dele. Porque? Porque o filho é mais valioso que os
ácaros. Por fim, esse modelo não pode sequer manter e aplicar a justiça. Se o ser humano não
é mais valioso que um pedaço de madeira, com base em que a lei irá prender um assassino?
Portanto, se tudo é sobre fé, nós ficamos com o testemunho de Deus, pois ele é a
verdade que consola e oferece esperança.

2 – Criado pelo Deus Triuno

Outra verdade importante que nossa confissão nos ensina é “aprouve a Deus o Pai, o
Filho e o Espírito Santo... criar”.
Ninguém questiona se o Deus Pai é Criador. A carta ao Hebreus começa nos contando
que Deus (claramente falando do Pai), fez todas as coisas por meio do seu filho Jesus Cristo
(Hb 1.2). Mas podemos ver o Filho e o Espírito como participantes da Criação? Vamos olhar
novamente para Gn 1.1 e então comparar com Jo 1.1-3
“No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio
com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”.

De acordo com o apóstolo João, quem é a voz criadora de Gn 1.1? É Jesus Cristo! O
princípio do qual João fala é o princípio da Criação. Lá, no princípio de Genesis, Jesus era a
Palavra que estava com Deus e era o próprio Deus que, juntamente com o Pai e com o
Espírito estava criando. Isso fica ainda mais claro quando lemos Jo 1.3, “Todas as coisas foram criadas

por meio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” e Cl 1.16, “Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas. Nele tudo subsiste”. Na Criação, Jesus cristo era a voz do Pai que ordenava a criação
de tudo o que há.
Mas se o Pai planejou e o Filho era a voz de comando na criação, quem executou,
quem trouxe a existência todas as coisas? Vamos olhar para as Escrituras.
Gn 1.2 “A terra estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus
pairava por sobre as Águas”.

Jó 33.4 “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso, me dá vida”.

Sl 104.30 “Envias teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra”.

De acordo com estes textos, quem executou a ordem da voz do Filho para trazer vida a
tudo o que estava ordenando? O Deus Espírito Santo!
Portanto, a Trindade se manifesta nas Escrituras desde o princípio, quando o Pai havia
planejado criar, o Filho ordenou a criação e o Espírito executou a criação. Antes da fundação
do mundo o Pai já havia pensado em nós; Cristo o Filho, fez ecoar sua voz ordenou nossa
criação, e o Espírito nos trouxe a existência, com valor e propósito para a gloria da Santíssima
Trindade.

3 – Terminado, com nome e propósito

Tudo pronto

Quando lemos Gn 1.7,9,15 observamos uma declaração de cumprimento. Vamos ler


7 “Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o
firmamento. E assim se fez.”
9 “Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E
assim se fez.
15 “E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.”

Meus irmãos, pode parecer uma tolice, mas essa expressão: “Assim se fez”, significa
que cada ato criativo de estava completo, terminado naquele momento. Como nos diz nossa
Confissão, “para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade” aquilo que
foi feito foi concluído de uma vez por todas, não precisa ser melhorada, não precisava de
evolução para ficar bom, porque tudo o que Deus fez, no ato da criação estava completo e “eis

que era muito bom” (Gn 1.31).


Isso fica ainda mais claro quando lemos a expressão “segundo a sua espécie” em Gn

1.11,21-,24-25. Isso nos mostra que Deus criou cada coisa, e as criou de modo distinta uma das
outras para que cada uma pertencesse unicamente à sua categoria. Isso contradiz a evolução
que afirma que tudo o que existe evoluiu de sistemas simples para formas complexas. Isso que
significa que, para eles, nós evoluímos de uma ameba. Aqui aprendemos que não existe
evolução de uma espécie para outra espécie. Macacos não viram gente.
Deus fez tudo terminado, perfeito, como deveria ser, sem a necessidade de colocar no
piloto automático da evolução para alcançar o fim desejado.

Com nome
Em Genesis 1.5, 8, 10 nós somos ensinados que Deus colocou nome nos elementos
que ele criou.
“Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia.”
“E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo dia.”
“À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares.”

E foi importante que Deus nomeasse aquilo que ele criou? Porque assim Deus
demonstra ser Senhor sobre o que fez e atribui propósito aos elementos criados. Cada
elemento nomeado recebeu um propósito específico, assim não há confusão. Vamos
identificar alguns destes propósitos descritos em Genesis 1
14 Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a
noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15 E sejam para luzeiros no firmamento
dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.

27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E
Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre
os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.

29 E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície
de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. 30 E a
todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de
vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.

3.8 Quando ouviram a voz de Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença
do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.

Com propósito
Quais propósitos são claramente declarados nestes versículos? Vejamos:
(14-15) Corpos celestes: para separar o dia da noite, produzir um padrão de estações;; (29-30)
Vegetação: alimento para o e animais; (27-28; 3.8) Homens: encher a terra, o que implica
manter comunhão com o próximo (mandato social); ter domínio sobre a criação, ou seja, o
homem deve estar envolvido no governo, no desenvolvimento e na manutenção da ordem
criado, (mandato cultural) (28); ter comunhão com Deus (mandato espiritual). Ao ser criado
por Deus, o homem possuiu plena capacidade para cumprir cabal e perfeitamente os
propósitos para os quais foi criado. Mesmo depois da queda, o homem se tornou incapaz de
cumprir o mandato de espiritual, foi o pecado o matou e o separou de Deus, mas no tocante
aos mandatos social e cultural, o homem ainda está sob a obrigação de ambos.
Mas vamos ver o que, especificamente, nossa Confissão nos diz a respeito do ensino
bíblico a sobre da criação do homem.

- Com valor e responsável

II. Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com
almas racionais e imortais, e dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade,
segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder
de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da
sua própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam o
preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a
este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as
criaturas.

Depois de criar todas as coisas, Deus nos criou. Isso é importante para nos lembrar que
sempre haverá uma humilhante diferença de tipo ente Deus e nós. Ele Criador, de quem tudo
depende para a existência, nós, criaturas finitas dependentes do Criador. Embora sejamos a
coroa da criação, ainda assim fomos feitos de barro.
Macho e fêmea – E quando pensamos na criação do ser humano, devemos nos lembrar
que Deus não criou para ser a coroa da sua criação, mas dois “Criou Deus, pois, o homem [...]
homem e mulher os criou” (Gn 1.27). O ponto alto da criação não é um ser humano, mas um
par... macho e fêmea. Ainda que, por outros textos das escrituras, saibamos que não é a
orientação de Deus que todos os adultos se casem, contudo, jamais podemos nos esquecer que
o ápice da criação foi a feitura de um casal, composto por um macho e uma fêmea, para
viverem unidos sob a instituição do casamento. Juntos, macho e fêmea encherão a terra.
Racional e imortal – Parte do que distingue homens e mulheres do restante da criação,
como bem explica nossa Confissão, é o fato de termos sido criados “com alma racional e
imortal”. Animais, árvores e nenhum outro ser vivo criado pensam. Eles não refletem sobre o
futuro, sobre quanto tempo lhes resta, sobre o que deixarão aos filhos de herança, se irão para
os céus ou para o inferno, mas aos seres humanos foi concedido a faculdade de pensar. Por
isso, somente ao homem foi dado o mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas de toda
a sua mente.
Além da razão, uma alma imortal nos difere de todo o restante da criação. Como nos
ensina o autor de Ec 12.7, pois, diferente dos animais, quando o corpo do homem volta ao pó,
seu espírito volta diretamente para Deus, que o deu. Muito provavelmente haverá animais na
nova terra, mas as Escrituras jamais dizem que estes animais tenham alma imortal, portanto,
não há nada que nos permite crer que nossos animais de estimação estarão por lá. O mais
cruel dos animais voltará ao pó e esse é seu fim, mas o mais excelente ou o mais cruel, terá
que se apresentar e responder àquele que fez os céus e a terra. Para o ser humano, a morte do
seu corpo não é o fim da sua existência, pois sua alma permanecerá para sempre, ou vivendo e
reinando com Cristo, ou sob os eternos juízos no lago de fogo e enxofre, de onde a fumaça de
seu tormento sobe pelos séculos dos séculos. Para nós, os que estamos em Cristo, essa
esperança é fonte de contentamento e alegria que excede todas as tribulações deste mundo.
Imagem de Deus – Razão e imortalidade nos distinguem das outras criaturas, contudo,
nada nos faz mais distintos do restante da criação do que o fato de termos sido criados a
imagem de Deus. Diferente de todo o restante da criação, quando a Bíblia revela a nossa
criação, ela registra que decisão e declaração do Deus trino: “Façamos o homem nossa imagem” (Gn

1.26).

Mas o que significa ter sido feito à imagem de Deus? Negativamente falando, não
significa que fomos feitos à imagem física de Deus, pois Deus é Espírito e, por isso, não
possui um corpo. Mas em termos positivos, há alguns textos que nos ajudam a entender o que
significa ter sido feito a imagem de Deus. Colossenses 3:10 nos diz: “e vos revestistes do novo homem que
se refaz pelo pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” [razão]; em Efésios 4:24 está escrito: “e
vos revistais do novo homem, criado segundo (imagem) Deus em justiça e retidão procedentes da verdade” [ética]. Já
Apocalipse 4.11, a respeito de Deus nos diz: “Tú és digno; Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o
poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por tua causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”

[espiritualidade]. Aqui temos pistas que nos ensinam que ter sido feito a imagem de Deus
significa ter recebido alguns dos atributos comunicáveis de Deus. Em outras palavras, ter
sido feito a imagem de Deus consiste em ter recebido uma natureza racional, moral e
espiritual. A racional nos permite ter consciência de nós e do mundo ao nosso redor, a moral
nos permite fazer escolhas éticas, o que nos faz responsáveis por todas as novas atitudes
diante dos homens e de Deus, e a espiritual nos habilita a ter consciência do transcendente,
que existe mais do que a esfera material da criação, de que existe um Deus Criador de todas.
Ser feito a imagem de Deus significa ter a capacidade de raciocinar, ter consciência de nossa
própria existência e da existência de Deus.
Mas a queda não removeu a imagem de Deus da humanidade? Após a queda, ainda
que a imagem de Deus tenha se corrompida de tal modo que o que tenha restado não seja nada
além de horrenda deformidade, ainda assim ela não foi totalmente esvaziada ou removida. E é
a reminiscência desta imagem de Deus em nós que limita e impede o homem de ser tão
perverso quanto poderia ser. Isso nós chamamos de graça comum, presente em todos os seres
humanos.
Responsáveis – A nossa confissão nos explica a Bíblia dizendo que fomos criados para
sermos responsáveis diante de nosso Criador quando diz que, ao nos criar, Deus escreveu a lei
em nossos “corações” e nos deu “o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de
transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável”.
Romanos 2.14-15 é que confirma essa verdade ao dizer que a lei de Deus está escrita em
nossos corações. Desde a criação havia a possibilidade da transgressão, nossos pais foram
feitos perfeitos, mas capazes de mudar isso para pior. Parece que é isso que o autor de Ec 7.29
quis dizer quando escreveu: “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” .

Mas Deus não só colocou a lei no coração de nosso Pai, ele deu pelo menos uma lei
muito direta: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerá” (Gn 2.17) . Não sabemos quanto tempo
eles obedeceram este mandamento, mas enquanto o fizeram, desfrutaram da amizade de Deus
e das benção do Senhor, os problemas começaram quando eles deixaram de honrar ao
Criador.

Conclusão:
Hoje vimos que tudo é sobre a fé. O criacionismo não é fruto de mentes inocentes e
ignorantes, como nos acusam alguns evolucionistas, a convicção de que fomos criados por um
Deus trino, sábio, poderoso e bondoso é fruto da nossa fé, ou confiança de que aquilo que a
Bíblia nos diz é verdadeiro tanto quando a evolução é fruto da fé de que a ciência é o caminho
da verdade. Nenhuma destas verdades pode empiricamente, ou seja, pela experiência
científica ser provada, portanto, tudo é uma questão de fé. Mas a nossa fé é mais racional e
inteligente, pois a doutrina da criação explica de onde vimos, porque existimos, explica
porque o ser humano é mais importante do que qualquer outra coisa existente, nos dá um
propósito e nos explica porque algo é certo ou errado. No evolucionismo não há resposta para
nenhuma destas coisas. E isso traz importantes aplicações para nossas vidas.
Aplicação:
1 A Fé cristã é mais inteligente do que o a fé criacionista – Pergunte a um
criacionista o que lhe atribui valor existencial, pergunte a um criacionista o que define algo
como certo ou errado, pergunte pra ele qual o propósito e motivação para ele continuar
acordando cedo, ir trabalhar, alimentar sua família, ou mesmo procurar ser justo? Ele não
poderá te responder. Mas nós somos valiosos porque fomos feitos a imagem do Deus supra
valioso, definimos o que é certo e errado pela lei que nosso Criador nos deu, o propósito para
nossa existência é glorificar e desfrutar da presença do nosso Criador e Salvador Jesus Cristo,
e a motivação é que um dia, em breve, todos nós estaremos diante do tribunal de contas de
Cristo para o acerto final. A nossa fé é mais racional do que a mais sofisticada das ciências.
2 – Devemos governar a criação: Isso significa que devemos nos envolver, o
máximo possível, em todas as esferas de influência da sociedade. Política é de Deus, pois o
Senhor que estabeleceu os governos e autoridades, e ordenou que os crentes escolhessem seus
representantes. Educação é de Deus porque todo o conhecimento procede dele e para a glória
dele, por isso educar os filhos é primariamente dever dos pais e não do Estado. A família
pertence ao Senhor porque foi ele que a criou, determinou como deveria ser e seu propósitos.
A ciência deve ser governada pelos crentes, porque ela nos foi dada para aprendermos a
desfrutar das benesses da criação.
3 – Haverá um acerto de contas final: Saber que existe um Deus que nos criou e
diante de quem um dia todos nós deveremos estar para prestar contas pelos nossos dias, deve
levar o homem a procurar conhecer a vontade do seu Criador e viver de modo consonante a
essa vontade, pois isso trará paz e verdadeira felicidade aos homens. Desprezar essa vontade é
um ato de rebelião pelo qual todos pagarão com o eterno sofrimento. Mas para os que, por
amor e gratidão, a ele se sujeitarem, a promessa é de paz, vida eterna e alegria perene.

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