Princípios Básicos de Análise do Comportamento

Breves considerações sobre ciência, teoria e fenômenos

• Postura científica
• Estudo experimental: princípios e leis
“A Análise Experimental do Comportamento é uma área da Psicologia que se insere no contexto das
disciplinas das ciências naturais, tais como a Biologia, a Física, a Química. Porque é uma ciência natural,
não se utilizam, nesta área, explicações que recorrem a fatores que não existam nas dimensões espacial e
temporal (não se aceitam explicações metafísicas ou sobrenaturais, por exemplo)”. MATOS, Maria Amélia.
A Análise do Comportamento no laboratório didático. São Paulo: Manole, 1982.
• Paradigma da AEC: os organismos que se comportam são vistos como produtos naturais de processos
biológicos evolutivos.
• Comportamento e ambiente: eventos naturais independentes
• Relação entre eles: funcional entre variáveis
• Comportamento: variável dependente
• Fatores do ambiente: variáveis independentes
“O comportamento é, para o analista do comportamento, produto de eventos do ambiente (e aqui se inclui
sua história passada, identificáveis e passíveis de controle)” MATOS, Maria Amélia. A Análise do
Comportamento no laboratório didático. São Paulo: Manole, 1982.
“Podemos dizer, superficialmente, que comportamento é qualquer coisa que um organismo faça”
CATANIA, A. Charles. Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição. 4ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
“Comportamento é a atividade dos organismos vivos. Comportamento humano é tudo o que as pessoas
fazem, incluindo como elas se movem e o que elas dizem, pensam e sentem. Cooper, Heron e Hewerd
(1987)
“Comportamento é aquela parte da interação do organismo com seu ambiente que envolve movimento de
alguma parte do organismo” Johnston e Pennypacker (1980)”
Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade básica de descrição e o ponto
de partida para uma ciência do comportamento” BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
Definição de comportamento humano (Miltenberger)
1. É o que as pessoas fazem ou dizem
2. Tem dimensões que podem ser medidas
3. Podem ser observados, descritos e registrados
4. Tem impacto no ambiente
5. É legitimado – relações funcionais com o ambiente
6. Podem ser evidentes ou ocultos
4 dimensões do comportamento
1. Frequência (quantidade)
2. Duração (tempo)
3. Intensidade (força do comportamento – altura dos gritos, medir ml de salivação)
4. Latência (tempo entre o estímulo e a resposta S -> R)
Comportamento é VERBO!
Pensamento Pensar
Sentimento Sentir
Rótulos: nome da categoria, do conjunto.
• Os fenômenos envolvidos neles podem ser caracterizados como comportamentos.
Raiva: rótulo!
Quais são os comportamentos relacionados? (xingar, ruborizar, tremer, gritar, bater a porta)
Tristeza: rótulo!
Quais são os comportamentos relacionados? (chorar, se isolar)
Mas e o que se sente e o que se pensa?
Medo: (rótulo)
• “Vou morrer”
• Palpitação
• Taquicardia
• Frio na barriga
O que são?????
COMPORTAMENTO PRIVADO (ENCOBERTO)
Vou morrer
Palpitação
Taquicardia
Frio na barriga
COMPORTAMENTO PÚBLICO (ABERTO)
Chorar
Arregalar os olhos
“Comportamento aberto é aquele observado ou observável, ou que afeta o ambiente do organismo”
CATANIA, A. Charles. Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição. 4ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999
Deve ser observado por um observador diferente da pessoa que se comporta!
“Comportamento encoberto não é observado ou observável e, portanto, é somente inferido. Também pode
ser um comportamento dentro do organismo, mas de tal modo ou em uma escala tão pequena que não é
passível de registro, ou que é registrável somente com equipamentos especiais” CATANIA, A. Charles.
Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1999
Não é observado ou observável por um observador diferente da pessoa que se comporta.
Para a AEC o comportamento deve ser observável/mensurável (comportamento público/aberto)
• AEC privilegia o estudo da” aprendizagem” e os vários processos pelos quais o comportamento pode ser
modificado.
• Eventos comportamentais são descritos e estudados em suas relações com outros eventos
Leis: (regras)
• Descrevem desenvolvimento e mudança do comportamento
• Descritas e testadas
• Predições (previsões, probabilidade)
• Tecnologias produzidas para evitar ou mudar esses comportamentos
• Controle do comportamento: identificar as variáveis e as condições que afetam o comportamento.
• Comportamentos (motor, verbal e emocional) são modificáveis, podem ser ensinados!
• AEC é uma disciplina básica que pode dar suporte científico a várias formas de atuação em diferentes
campos nos quais compreender o comportamento humano seja importante.
Behaviorismo Radical
• Postura filosófica diante do mundo, da ciência e do conhecimento.
• Objeto de estudo da Psicologia: comportamento dos seres vivos, especialmente do homem.
• Radical: nega ao psiquismo a função de explicar o comportamento.
• Não nega a possibilidade de estudo de” eventos encobertos” tais como emoções e pensamentos.
“Para o behaviorista radical, a Psicologia é uma ciência natural, ramo da Biologia, que estuda o
comportamento dos organismos dentro de coordenadas espaço-temporais, e na sua interação com o
ambiente. Nesse sentido, seu objeto de estudo é a interação comportamento-ambiente, posto que sua unidade
mínima de análise é a relação resposta-consequência* (e não a resposta isolada)”. MATOS, Maria Amélia.
A Análise do Comportamento no laboratório didático. São Paulo: Manole, 1982. *comportamento
Como estudar o comportamento
• Psicologia: estuda ações dos seres vivos
• Estuda o comportamento dos animais como uma estratégia antes de investigar, nos seres humanos,
determinados fenômenos relacionados ao modo de agir destes últimos.
Fenômenos da natureza:
1. Passíveis de descrição
2. Não são espontâneos
• Relacionados a outros eventos
• Explicados pela descrição dessa relação
• Eventos da natureza, portanto, são previsíveis
“Se posso descrever certas relações entre o comportamento de um organismo e seu ambiente, posso também,
a partir do conhecimento dessas condições ambientais, prever a ocorrência desses eventos comportamentais”
MATOS, Maria Amélia. A Análise do Comportamento no laboratório didático. São Paulo: Manole, 1982
Uma introdução aos Delineamentos Experimentais de Sujeito Único
Experimentação modo de produzir conhecimento, modo de simplificar as condições sobre as quais a
observação é feita de modo que um fenômeno possa ser observado mais claramente.
Experimento série de ações que resulta em um conjunto de observações especiais que não seriam possíveis
de outra forma.
Objetivos e pontos fortes da experimentação:
  estabelecimento de relações causais – relações sistemáticas entre as variáveis (VD e VI) (vacina x
vírus, remédio x febre) – o que se busca aprender?
 compreensão dos fenômenos – funcionamento – como funciona em...?
 promoção de aplicações práticas – em que se aplica?
Variável Independente
Experimentai Manipulados pelo experimentador (estímulos) Interesse em seus efeitos
s
Variável Dependente
Observadas Aspectos/dimensões do fenômeno de interesse Mede em busca dos efeitos das VI’s
Em um estudo sobre o tratamento da depressão, as conclusões acerca da eficácia de um novo
medicamento (VI) sobre comportamentos considerados depressivos (VDs) deveriam levar em conta a
possibilidade de outras variáveis, como frequentar uma psicoterapia e fazer exercícios físicos (VEs), possam
afetar os resultados.
Capítulo 1 – Comportamento Inato
Reflexos inatos: condição inerente às espécies. Relação entre ambiente e organismo. Relação entre uma ação
e o que aconteceu antes dela. Relação entre estímulo (S) e resposta (R), tipo de interação entre um
organismo e seu ambiente.
Quando ocorre uma mudança no ambiente (estímulo – S) causa uma mudança no organismo (resposta – R)
Ex.: Ao acender a luz (S), a pupila do olho contrai (R) ou martelada no joelho (s) flexão da perna (R)
Estímulo: mudança no ambiente ou em parte dele
Resposta: mudança no organismo
A Psicologia estuda interações de organismos vistos como um todo, com seu meio ambiente. (Harzem e
Miles, 1978)
Estímulo Resposta
Fogo próximo à mão contração do braço
Martelada no joelho extensão da perna
Alimento na boca salivação
‘
Aumento da temperatura sudorese
‘
Som alto de um grito susto
Reflexo – relações entre estímulo e resposta que especificam que determinada mudança no ambiente
PRODUZ determinada mudança no organismo, um estímulo ELICIA uma resposta.
S R
Repertório comportamental - comportamento de um organismo
Contingências estímulo – resposta
Intensidade do estímulo (força do estímulo)
Magnitude da resposta (força da resposta)
Os psicólogos estão sempre tentando observar/medir/controlar/prever o comportamento.
Grandezas físicas como peso, altura, temperatura e frequência são formas mais apropriadas de medição em
ciência.
 Leis ou propriedades do reflexo
Identificar relações constantes (regulares) entre estímulos e respostas.
Lei da intensidade-magnitude – quanto maior a intensidade do estímulo maior a magnitude da resposta.
Quanto mais forte um estímulo, mais forte será a resposta eliciada por ele. Ex. quanto maior intensidade do
estímulo (calor °C) maior a magnitude da resposta (suor). Quanto maior a intensidade do estimulo, maior a
magnitude da resposta.
Lei do limiar – todo organismo detém uma quantidade mínima de estímulo para que a resposta seja eliciada.
Existe uma intensidade mínima do estímulo necessária para eliciar uma resposta.
Lei da latência – é o tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta. Quanto
mais fraco é o estímulo (menor intensidade), mais tempo se passará entre a apresentação do estímulo e a
ocorrência da resposta, ou seja, maior será a latência da resposta. Quanto maior a intensidade do estímulo,
menor a latência da resposta.
Efeitos de eliciações sucessivas da resposta
Habituação – diminuição da magnitude da resposta em função de eliciações sucessivas.
*mesmo estímulo várias vezes *na mesma intensidade *em curtos intervalos de tempo *decréscimo na
magnitude da resposta.
Sensibilização/Potenciação – aumento na magnitude da resposta em função de eliciações sucessivas da
resposta
Questões de estudo
 Um reflexo expressa a relação entre um estímulo e uma resposta, na qual dizemos que uma resposta é
eliciada por um estímulo
 Reflexo é a relação direta entre estímulo (ambiente) e resposta (organismo). Desta forma, quando existe
uma relação funcional entre um evento antecessor e uma resposta eliciada, há portanto um reflexo.
Estímulo Resposta
Dilatar/contrair pupila X
Colocar o dedo na tomada X
Pisar no prego x
Tortinha de limão x
Salivar x
 A lei da intensidade-magnitude estabelece que intensidade do estímulo e magnitude da resposta são duas
grandezas diretamente proporcionais.
 Jorge estuda em uma faculdade que fica ao lado do aterro sanitário de sua cidade. No início das aulas,
todos os dias, Jorge e seus colegas se incomodavam com o mau cheiro vindo do aterro. Com o passar do
tempo ao longo do dia, o cheiro deixava de incomodar aos alunos e professores da faculdade – mas
voltava a incomodar no dia seguinte. De acordo com referencial teórico da Análise do Comportamento,
pode-se dizer, neste caso, que houve: habituação da resposta
 Reflexos, estímulos e respostas apresentam várias propriedades diferentes. Uma dessas propriedades é a
latência da resposta, que pode ser definida como: O tempo que decorre entre a apresentação do estímulo
e a ocorrência da resposta.
 Afirmações sobre comportamentos inatos:
o São relações entre organismos vivos e seu ambiente.
o Na frase a seguir, o termo reflexo está sendo empregado de acordo com o referencial teórico da
Análise do Comportamento: reflexo é uma relação entre um organismo e seu ambiente.