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~~ ABER S233 Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos (RBERU) Vol. 07,n. 2, pp. 68-82, 2013 http://www revistaaber.org. br UMA ANALISE ESPACIAL DO INDICE DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA (IDMPE) DO PARANA Wilhelm Eduard Meiners ‘Mestre em Desenvolvimento Econémico pelo PPGDE/UFPR Professor Adjunto da Escola de Comunicagao e Negécios da Universidade Positive (ECN/UP) Economista da Secretaria de Planejamento ¢ Administrago de Curitiba (SEPLAD) E-mail: wim.uni@ gmail.com Luiz Alberto Esteves Doutor pela Universidade de Siena Professor do Programa de Pés Graduacdo em Desenvolvimento Econdmico da Universidade Federal do Parana (PPGDEVUFPR) Economista-Chefe do Conselho Administrative de Defesa Econdmica (CADE) E-mail: esteves@ufpr.br Leonardo de Magalhies Leite ‘Mestre em Deseavolvimento Econdmico pelo PPGDE/UFPR Professor Assistente do Departamento de Ciéncias Econdmicas de Campos da Universidade Federal Fluminense (CECIUFF) E-mail: leonardoleite.uff@gmail.com César Reinaldo Rissete Mestre em Desenvolvimento Econdmico pelo PRGDE/UFPR Gerente de Politicas Publicas do SEBRAEPR. E-mail: CRissete@pr.sebrae.com br RESUMO: 0 indice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) foi elaborado para orientar as estratégias e politicas de desenvolvimento local, no ambito da Lei Geral da Micro e Pequensa Empresa, Trata-se de indice sintético que serve ao diagnéstico das condigdes empresariais, mercadolégicas e institucionais de cada municipio para favorecer o surgimento e consolidagdo de pequenos negécios. Este artigo procura, através da anilise exploratéria dos dados espaciais (AEDE), detectare entender as interagdes espaciais presentes no IDMPE do Parana. Utilizou-se como base de dados os indicadores e indices geral e parciais tratados para os municipios paranaenses nos anos de 2008 e 2009. Os resultados da andlise espacial sugerem presenca de auto correlagdo espacial, indicando a presenca de clusters. Tais anélises permitem inferir que o desempenho do IDMPE tem uma forte influéncia de vizinhanga, ampliando a abordagem das politicas locais/nmunicipais para acdes de desenvolvimento coordenadas no ambito regional. Palavras-chave: indice de Desenvolvimento Municipal; Micro e Pequena Empresa; Andlise Exploratéria Espacial; Parand. Classificagio JEL: R11; R15; RSS. Uma Andlise Espactal do tndice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do 69 Parané ABSTRACT: The so-called indice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) thas been prepared to guide the strategies and local development policies under the General Law of Micro and Small Enterprise. It is a synthetic index, which can suit to diagnosis of business, market and institutional conditions of each municipality for promoting and consolidation of small businesses. This article seeks to detect and understand the spatial interactions present in the IDMPE Parana through exploratory spatial data analysis (ESDA). We used the indicators and general and partial indexes estimated for each municipality of Parand in 2008 and 2009 as database. The results of the spatial analysis suggest the presence of spatial autocorrelation, indicating the presence of clusters. These analyzes allow us to infer that the performance of IDMPE has a strong influence of neighborhood, expanding the approach of local / municipal policies to coordinate development activities at the regional level Keyword: Junicipal Development Index; Micro and Small Enterprise; Exploratory Spatial Data Analysis; Parana. JEL Code: R11; R1S; BSB. UMA ANALISE ESPACIAL DO iNDICE DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA (IDMPE) DO PARANA 1. Introdugio ‘A promogao de politicas publicas de desenvolvimento, com foco em resultados, carece de indieadores que permitam o acompanhamento de sua efetividade. Os indices de desenvolvimento municipais, indices sintéticos que captam determinados aspectos do desenvolvimento local, servem. de referéncia para 0 diagnéstico € monitoramento dos resultados da agio da gestio piblica, destacando-se como importantes instrumentos de planejamento. Nesse contexto destacam-se vari indices relevantes, como o indice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), construido a partir de metodologia do Programa das Nagdes Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), cujo céleulo ¢ realizado somente a cada decénio, com os dados advindos dos Censos Demogrificos. Outro conjunto de indices de desenvolvimento municipal é calculado pela Federagdo das Induistrias, do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), dentre os quais destacam-se: 0 IFDM', provy do IDH-M, com atualizagao anual, propiciada pelo uso de dados e indicadores administrativos anuais; o IGF", para avaliagio da gestio fiscal dos municipios brasileiros. Especificamente para o Parand, é elaborado 0 IPDM®, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econémico e Social (IPARDES), para medir a eficiéneia das agdes e politicas ptiblicas de desenvolvimento municipal. O indice que sera analisado neste artigo tem um foco especifico, qual seja, o de mensurar as condigdes para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPE) no ambito municipal. O Servigo Brasileiro de Apoio 4s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) ¢ responsavel por um conjunto de ages que contribuem para a implementacao da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no Brasil e promoveu, em conjunto com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) 1 TFDM: indice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Obtido com base em estatisticas pidblicas oficiais dos Ministéios do Trabalho e Emprego, Ministério da Educacio ¢ Ministério da Saide, & calculado para os mais de $ mil municipios brasileiros desde 2008, Possui configuragao semelhante ao IDH, com as dimensbes e indices parciais de renda/emprego, educagdo esafde, Ver wow firjanorebr ifm IFGF: indice Firjan de Gestdo Fiscal. Indice, langado em 2012, composto com dados administrativos das finangas pilblicas municipais compilados pela Secretaria do Tesouro Nacional ¢ caleulado para 5.243 municipios brasieiros. O “objetivo do indice é avaliar a qualidade da gest fiscal dos municipios brasileiros e fornecer informagées que cutie os gestorespiiblicos na decisdo de alocagao dos recursos”. Ver wow Sijan.org.beifat STPDM: Indice Ipardes de Desempenho Municipal. 0 TPDM, elaborado desde 2009, ¢ com avaliagto de desempenho de 2002 a 2012, nas dimensBes de renda/emprego/agropecusria, side e educagdo. Tem como objetivo avaliar a qualidade da gestdo publica dos 399 municipios paranaenses e “resulta da adequacao da metodologia do indice Firjan de Desenvolvimento Municipal, buscando explicar melhor a realidade dos municipios dentro do Estado do Parand, através de incorporasdo de novos indicadores”.(IPARDES, Notas Metodolégicas do IPDM, 2012). Ver www.ipardes gov. br. Witheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathies Leite, César Reinaldo Rissete 70 © a Universidade Federal do Parana (UFPR), a elaboragio do indice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE): indice sintético, de abrangéncia municipal e atualizagao anual, com o propésito de orientar as estratégias e politicas locais de promogao econdmica, captando as condigdes favoriveis 4 implantagio e creseimento dos pequenos negécios locais. A aplicagio da ‘metodologia do IDMPE no Parané* apresenta os municipios com os melhores ambientes de negécios para o florescimento das MPE, e serve de referéncia para a promogiio de politicas de desenvolvimento local Trata-se, portanto, de um indicador que pretende apontar debilidades e potencialidades em fermos de desenvolvimento econémico local, subsidiando © planejamento estratégico ‘municipal, definindo plano de ages locais para o desenvolvimento econdmico local baseado za promogio de micro e pequenas empresas, (Meiners e alli, 2009, p.2) 0 objetivo central deste artigo é avaliar 0 graw e a forma da interagao espacial presente no IDMPE, avaliando resultados calculados para o estado do Parana em 2008 e 2009. Para atingir este objetivo, avaliaremos a interagio entre os indices parciais e o indice final, bem como a interac entre o indice de um ano e 0 indice de um ano seguinte. A metodologia utilizada bascia-se na anilise exploratoria dos dados espaciais Apesar do indice apresentar uma consisténcia tedrica e metodoldgica ja consolidada, ele demandava uma anilise das interages espaciais de seus resultados. O uso de técnicas exploratérias para a avaliacio do grau e da forma de interagdo espacial presente no IDMPE do Parana buscou responder algumas questdes, como: qual a relagio entre os municipios que possuem um alto (ou baixo) IDMPE com os municipios vizinhos que também possuem alto (ou baixo) IDMPE? Qual a relagao espacial entre os indices parciais (IDM, IDI e IDE) e o IDMPE? Existe interagao espacial entre um municipio com alto (ou baixo) IDMPE em um ano e seus municipios vizinhos com alto (ou baixo) IDMPE em um ano seguinte? A adequada resposta a estas perguntas permite identificar grupos de cidades que interagem espacialmente em circunstancia de alto ou baixo IDMPE. Permite identificar, por um lado, clusters de alto desempenho, com grande poder de empuxe para alavancar o empreendedorismo em municipios proximos. Também revela clusters de baixo dinamismo, municipios de baixa performance empreendedora com grande influéncia negativa da vizinhanga, em que a superagdo depende de ages, de cunho regional, adotadas de forma associativa e coordenada em redes de promocdo empreendedora com outras cidades. Além desta introdugdo, o artigo se divide em mais trés segdes. A segunda secao fundamenta © IDMPE e aborda suas trés dimensdes, destacando os principais resultados calculados para os anos, de 2008 ¢ 2009. Com os resultados em mos, a terceira seco se ocupa da andlise exploratoria dos dados espaciais com 0 propésito de identificar se o indicador em questio apresenta determinados padrdes espaciais. Por fim, so feitas consideragdes finais na segao conclusiva, onde destaca-se a relagdo do IDMPE com o desenvolvimento regional no Parana e seu papel na formulagao de politicas piiblicas. 2. Fundamentos Para 0 desenho e implantagao de politicas piiblicas, os indicadores, conforme 0 Ministério do Planejamento (2010), servem como instrumento de identificagio e mediglo de aspectos relacionados aos problemas ¢ resultados da intervencio na realidade. Assim, a principal finalidade de um indicador é traduzir, de forma mensurivel, aspecto da realidade dada (situagio social ou econémica) ou construida (aga), tornado operacional a sua observacao e avaliagio. ‘Na formulagao de programas de desenvolvimento urbano e regional, deve-se buscar os mais diversos aspectos de uma regio ou municipio, para que, durante 0 proceso de desenvolvimento destes programas, sejam estabelecidas formas de monitoramento, replanejamento e controle das + Além do Parané, o IDMPE ja foi aplicado para as realidades do Rio Grande do Sul ¢ do Para. Entretanto, 0 escopo deste artigo € a anilise espacial para o caso paranaense. Uma Andlise Espactal do tndice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do TT Parané ages. Tal monitoramento depende de informagdes que expressem o resultado de todo © processo, revelando a necessidade de elaboragao e andlise de indicadores. Importante registrar que uma boa escolha de indicadores tem relagao direta com o desenho do Programa. Neste sentido, é pré-requisito para a escolha dos indicadores uma avaliacao de adequagio do objetivo do Programa, bem como de consisténcia desse objetivo com a ccapacidade de intervengao, materializada nas ages que o compdem. (MPOG, 2010, p. 16) desenvolvimento de indicadores remonta a década de 1920, a partir do aprimoramento de metodologias de contabilidade nacional ¢ estatisticas sociais e econdmicas. Nesta época os Estados ‘Unidos criaram um comité presidencial para a produgio do relatério “Tendéncias Sociais Recentes”, constituindo um quadro aproximado de indicadores. Na mesma época, como decorréncia da necessidade de enfrentar a crise de 1929, os governos dos Estados Unidos, Inglaterra, Franca e outros pereeberam que nao dispunham de sistema de informagdes macroeconémicas ¢ conjunturais que apresentassem 0 desempenho econdmico ¢ as tendéncias de crescimento. A primeira geragio de indicadores surge sob inspiragao conceitual keynesiana e das diretrizes operacionais de Richard Stone, para acompanhamento da conjuntura e do ambiente macroecondmico dos paises. ‘Nas décadas de 1960-70, com o desenvolvimento de técnicas computacionais, houve um grande avango na produgao de indicadores, perseguindo-se uma énfase mais social, cuja finalidade era avaliar as mudangas socioecondmicas, desenvolvendo a segunda geracao de indicadores. Em 1969 o presidente norte-americano Nixon criou o Servico Nacional de Metas ¢ Pesquisas para que fossem elaborados e divulgados indicadores sociais nacionais. No mesmo periodo, organizagdes, intemnacionais (ONU, OCDE, Banco Mundial, PNUD) desenvolveram indicadores socioeconémicos que atendessem a necessidade de dispor de informagdes atualizadas e desagregadas territorialmente para a concepgao e implantagio de politicas pibblicas de natureza redistributiva, diante dos processos concentradores de renda e riqueza que ocorreram a partir do ciclo de desenvolvimento econémico do pos-guerra. As Nagdes Unidas, através do PNUD, tém estimulado a concepeao e produgio desses indicadores, organizando a estimativa anual do indice de Desenvolvimento Humano (IDE) em mais, de 170 paises. ‘A terceira geragio de indicadores surge no contexto da necessidade de melhor conhecimento do desenvolvimento 'cientifico-teenologico, das relagdes entre crescimento econdmico ¢ sustentabilidade e com a implantagao das politicas de planejamento regional planejamento participativo, em que a sistematizagao de informagdes sobre a realidade a ser transformada é condieao prévia para a aco. A partir das preocupacdes com o desenvolvimento sustentavel na década de 1990 (Beo-92), com a dindmica econdmica dominada pelas inovagdes e a adogio de estratégias endégenas de desenvolvimento local, os indicadores sociais, ambientais ¢ tecnolégicos assumiram papel de destaque, com temas que foram compondo a agenda de politicas piblicas, como desigualdade social, qualidade de vida, direitos humanos, participagao social, liberdades politicas, desenvolvimento sustentavel, responsabilidad social, biodiversidade, qualidade institucional e competitividade regional, Neste contexto insere-se 0 indice que é objeto deste artigo. As bases para a formulagio do IDMPE seguem o referencial de Albuquerque (2001), que percebe a firma cercada por um entorno competitive territorial, isto é, existem diversos fatores exégenos que determinam a posicio da empresa na disputa competitiva por mercados. Tais fatores envolvem sistemas de saiide, habitagao e lazer; sistema educacional e de formagao de recursos humanos; ambiente cultural inovador; qualidade do meio ambiente; estruturas de governos eficientes; sistema de ciéncia, tecnologia e inovacio; sistema financeiro e acesso ao crédito; mercado de trabalho; servigos de desenvolvimento empresarial; e dotagdo de infraestruturas bésicas (ALBUQUERQUE, 2001). Assim, para as exigéncias de respostas que as empresas precisam enfrentar, 0 entomno é cada vez mais necessério, definindo a competitividade sistémica (Esser er al., 1996). Wilheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathaes Leite, César Reinaldo Rissete n Com a finalidade de captar o ambiente de negécios do municipio constituindo este entorno favoravel, a construgo do IDMPE considera trés dimensdes: a) Ambiente Empresarial: clima de negécios que favorega a criagio de novos empreendimentos formais ¢ a sobrevivéncia e expansio das empresas instaladas. A captagio do ambiente empresarial ocorre por medidores de resultado, ou seja, indicadores que avaliam a dindmica empresarial do municipio, como a eriagao e sobrevivéncia de empresas, a dimensao e evolugao dos negécios e o empreendedorismo. b) Ambiente do Mercado Consumidor: em geral ¢ na média, a micro e pequena empresa tem como mercado principal © municipio ou o bairro onde opera. Sio produtos e servigos que atendem ao mercado local. Ainda que exista uma participagdo importante de MPE no comércio inter-regional e internacional, nfo & regra geral para a realidade do pequeno empreendedor. Assim, a importincia do mercado consumidor local é destacada por varidveis, que procuram captar sua dimensio e sua dinamica, com destaque a dimensio da renda pessoal, da massa de saldrios, da populagdo ¢ a evolugo do emprego, dos salérios e renda. c) Ambiente Institucional: nessa dimensio procura-se captar algumas condigdes institucionais prévias e relevantes do entorno municipal que criam as condigies favoréveis ao desenvolvimento e competitividade das MPE, como a oferta de infraestrutura, a qualidade da educagio, a participagao da ciéncia e tecnologia, a capacidade de investimento pitblico, o associativismo ¢ os mecanismos legais de apoio a atividade econémica. Pata captar cada uma destas dimensdes, 0 IDMPE é estruturado por indices parciais que compéem igualmente sua construcao: IDE: indice parcial de desenvolvimento empresarial; IDM: indice parcial de desenvolvimento do mercado consumidor local; IDI: indice parcial de desenvolvimento do ambiente institucional. A tabela abaixo lista os indicadores objetos utilizados para a composigo dos respectivos indices parciais (dimensées) do IDMPE, considerando sua estrutura adotada em 2009: ‘Tabela 1 -Estrutura do IDMPE: indices Parciais ¢ Indicador Objeto Fonte: Meiners, Esteves e Leite (2010) Uina Andlise Espacial do Indice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do RB Parané A definigo dos indicadores objeto utilizados na composigao de cada indice parcial bem como © peso relativo de cada um foi feita através de métodos estatisticos multivariados, como a Andlise de Componentes Principais, Anilise Fatorial e Analise de Clusters. Através do método genebrino ou distancial, cada indice parcial foi construido com valores variando entre zero e um. © IDMPE, entio, constitui-se como uma média aritmética de cada um desses trés indices’. O estado pioneiro na elaboracao do indice foi o Parana, que conta com atualizagdes anuais do IDMPE desde 2008, por demanda do Sebrae Parana. A seguir — nas Figuras 1, 2 e 3 e nas Tabelas 2 e 3 — so apresentados os principais resultados®, Figura 1 - Mapa do IDMPE no Parana por categoria, 2008 Fonte: IBQP/SEBRAE-PR, 2008. ‘Figura 2 Mapa do IDMPE no Parana por categoria, 2009 Médo-Alto eS Ps in hi 5-4 Fonte: Meiners, Esteves ¢ Leite (2010). 5 Uma descrigao metodologica minuciosa pode ser encontrada em Meiners et alli (2008). ° Para faciltara interpretago dos mapas, estio destacados os nomes dos cinco municipios mais populosos do Parani de acordo com tiltima informacdo disponivel (2013). Wilheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathaes Leite, César Reinaldo Rissete 14 Os resultados obtidos com a construgiio e aplicagdo do IDMPE no Parané permitem identificar que regides de maior desempenho coincidem com os grandes eixos econémicos ¢ urbanos do Parana’, observado 0 Eixo Metropolitano Paranagué-Curitiba-Ponta Grossa, Fixo Norte Londrina-Maringa ¢ Eixo Oeste Cascavel-Toledo-Foz.do Iguagu. Comparando os dados do IDMPE com IDH-M e o IPDM obteve-se um coeficiente de correlagio de 0,68 e 0,48 respectivamente, Focalizando apenas a dimensio emprego ¢ renda (ou seja, a dimensio econdmica destes indices), a correlagiio espacial sobre para 0,80 entre o IDMPE e o IPDM-renda. Entre os indices parciais obtidos, IDE, IDM e IDI, hé um desempenko relativamente pior no IDI, para todos os municipios, revelando um descolamento das condigdes institucionais locais com 0 desenvolvimento empresarial e de mercado. Figura 3 - Dispersio do IDMPE, IDE, IDM e IDI para os ‘Municipios do Pa 1.000 7 0.00 + 0.800 + 0.700 + 0.600 500 ——IDMPE 0.00 —e 0.300 —1m 0.200 —_l1 0.100 0.000 Fonte: Meiners. Esteves e Leite (2010). Tal_fato revela que outros ambientes (mercado regional e internacional, conjuntura macroecondmica, etc.) pode explicar 0 desempenho econdmico das MPE do municipio, e que, por outro lado, seu baixo desenvolvimento institucional acaba por atuar como um peso, que segura & limita seu desempenho empresarial. As tabelas abaixo apresentam os resultados do topo (+20) e da base (-20) no desempenho no IDMPE no Parand, destacando 0 IDMPE e os indices parciais. Entre os 20 principais municipios destacam-se: (a) os principais centros econdmicos do estado, que possuem as prineipais vantagens de urbanizagio ¢ aglomeragio, além das estruturas, institucionais mais avancadas (Curitiba. Maringa, Londrina, Cascavel e Ponta Grossa); (b) municipios metropolitanos que conformam éreas de expansio industrial (Araucaria, So José dos Pinhais e Pinhais); (c) municipio com empreendimentos ¢ infraestrutura de grande porte com desdobramentos IPARDES (2006, p. 85). Uma Andlise Espactal do tndice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do 15 Parané endégenos na geragio de servigos que promovem ampliagio de negécios e mercados locais (Paranagud, Foz do Iguacu ¢ Telémaco Borba); (d) municipios com tradigo de cooperativas agropecusrias e agronegocios (Campo Mourio, Toledo, Rolindia e Francisco Beltrio); e (e) municipios com Arranjos Produtivos Locais (Arapongas, Apucarana, Pato Branco). Tabela 2 - IDMPE, IDE, IDM e IDI Municipios (+20) no Parana, 2008 ¢ 2009 MUNICIPIO 2008 Rok IDMPE IDE DM IDI Curitiba T0731 0866-0890 0438 Maringa 2 0,676 0,784 0.825 0,420 Londrina 3067407920828 0403 Paranagu 4) 04681 0.770, 0.790. 0.393 Cascavel S 063807610805 0.378 Ponta Grossa 6 06450774 0801 0361 Sto JosédosPinhais 70.640 0,795,816 0.310 Pihais 806350732 0.793. 0.380 Foz do lgvagu 9062307840782 0.308 “Arauciia 10 Osis 080707970243 Telémaco Borba LL 060407190753 0340 Toledo 2 0727 | 0.770 0307 “Arapongas 5 0719 0.766 0.304 Apucarana id 0712 0,304 Guarapuava 5 o734 0.268 Campo Mourto Is one 0296 Pato Branco 7 0.695 0303 Rolandi Is 0.604 0318 Francisco Beltio 19, 0.695 0315 ComélioProcépio 20 0.587___0.677 0347 Fonte: Meiners, Esteves ¢ Leite (2010). ‘Tabela 3— IDMPE, IDE, IDM e IDI Municipios (-20) no Parana, 2008 ¢ 2009 2009 2008 TRIED Rank — IDMPE IDE IDM IDL IDMPE ‘Rank Marguinho 380 Odd 0549 0.607 0.167 0421 388 Godoy Moreira 381 0,439 (0,520 0,592 0,204 0412 393 Cruzmaltina 38204390823 O.613 O78 0.442369 Cafezal do Sul 38304380526 0.600 0.189 0463 204 Espigio Alto do Iguacu 38404380551 0612 0.151 0419 390 Foz do Tordéo 385 4370549 058204182 044s 361 Bom Jess do Sul 38604370526 0.590 0.198 Osis 391 Novo Ticolomi 387036 0.595 0.204 ogi2 395 Salto do Iararé 388 0.435 0617 0.136 0426 385 Bela VistadaCaroba 389 O34 0,600 0.171 0425387 Nova Tebas 3900433 0616 0.138 0.54323 Poro Barreto 39101 Oeil 0182 0927384 Pinhal de Sto Benfo 392 0,430 os7i 0211 0438372 Campina do Simo 393 0.607 0.433 04a 362 Laragjal 394 0.595 0.183 0.426 386 Rancho Alegre 395 0615 0431 ogas 344 Diamante do Sul 396 , 0598 0.132 Osi 394 Asiana do Iai 397 OaL3 0592 0129 0.430381 Mato Rico 398 0.406 0584 0.108 0392 399 Esperanca Nova 399004 0.603 0.101 0908 398 Fonte: Meiners. Esteves e Leite (2010). Witheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathies Leite, César Reinaldo Rissete 16 Entre os 20 municipios de pior IDMPE estao presentes os pertencentes as regides de baixo dinamismo econdmico e social do estado, sobretudo localizados no Centro Expandido’, também com baixo IDH-M e IDPM. 3. Andlise Exploratéria dos Dados Espaciais As varidveis utilizadas para a anilise espacial se referem aos 399 municipios paranaenses, compreendendo 0 IDMPE 2008 e 2009, e IDE, IDM e IDI para 2009. Todos sao indices, que vatiam. entre zero e um’. O método consiste na andlise exploratéria dos dados espaciais (AEDE), para identificar, em termos exploratérios, as seguintes interagdes espaciais: IDMPE 2009 x IDMPE 2008; IDMPE 2009 x IDE 2009; IDMPE 2009 x IDM 2009; e IDMPE 2009 x IDI 2009. A AEDE fomece um conjunto de téenicas que permitem identificar distribuigdes espaciais, outliers espaciais, padrdes de associagao espacial, diferentes regimes espaciais, além de outras formas de nao-aleatoriedade espacial (ANSELIN, 1999). Antes de proceder, de fato, as técnicas da AEDE, é necessario estabelecer uma matriz de ponderagio espacial (J7). Trata-se de uma matriz, comumente chamada de W, de dimensdo m por » (com » indicando o nimero de unidades espaciais em anilise), onde cada célula wy representa o grat de interagio, definido por algum critério especifico, entre duas regides quaisquer, i e j. Cada célula, sw), representa, entio, a forga de atragao de uma regio em relagdo a outra (ALMEIDA, 2012). ‘Na econometria espacial existem diversas matrizes deste tipo'®. A escolha da melhor matriz a ser utilizada depende do tipo dos dados do pesquisador, bem como do escopo de cada trabalho. Para escolher a melhor matriz para este trabalho, baseou-se no procedimento de Baumont (2004), que consiste em estimar diferentes regressdes, usando uma mesma especificagao e diferentes matrizes de ponderagio espacial. Apés testar os residuos para autocorrelac3o espacial, a melhor matriz seria aquela que tivesse gerado 0 maior valor do coeficiente de autocorrelacdo espacial I de Moran, estatisticamente significativo. ‘Neste caso, foram testadas as matrizes de contiguidade torre e rainha e as matrizes de k vizinhos, com k variando de 1 a 20. Apés rodar a regressio virias vezes utilizando essas diferentes matrizes, a que gerou o maior valor do I de Moran, sendo estatisticamente significativo, foi a mattiz. de contiguidade torre. Esta é uma matriz em que, para efeito de eélculo, se consideram como vizinhos 0s municipios que possuem fronteiras em comum, desconsiderando situagdes de fronteiras que equivalem a pontos ou vértices. ‘A partir desta definigao, dentro da AEDE, o primeiro passo sera verificar a existéncia de autocorrelagao espacial global entre os dados da principal varidvel de interesse, qual seja, 0 IDMPE 2009. Dito de outra forma pretende-se averiguar se os dados sao distribuidos aleatoriamente no espago ou nao, Para tanto, utiliza-se como critério de autocorrelacdo espacial, o coeficiente I de Moran. Desenvolvido por Moran (1948), é uma estatistica definida matricialmente por: [=i a) by ae onde 1 & o niimero de regides, = representa os valores da varidvel padronizada, I: representa os valores médios da variavel padronizada nos vizinhos de acordo com alguma matriz de ponderagao 0 Centro Expandido, para efeto de planejamento (PARANA, 2006), & a macroregito que compreende uma érea de 127 municipios com os indicadoreseconsmicose sociais mas crtcos, considerando a incidéncia de pobreza, domiciios carentes, resides & produto agricola, insuficiénia de emprego, efiegncia na infraestatra e em oferta de servicos sociais bisicos,baixafrequéncia escolar défcit habitacional. Para 0 mapeamento do Centro Expandido, ver PARDES (2006, p82 ¢ 83) £m termes metodolgicos, com estes dadoseliminamos a possibilidade de resultados enganosos, que poderiaocoreer se uilizissemos variveisextensivas, que sio as Variveis comelaionadas espuriamente coma érea ov popgio total da reqito (ALMEIDA, 2012) * Matrizes de vizinhanga, baseada no critério da contiguidade, como as matrizes “torre” e “rainha”, baseadas na distancia acogrifica © matrizes socioeconomicas sio algumas matrizcs de pondcrasio espacial. Para suas detales ver Tyzle (2006) Uma Andlise Espactal do tndice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do 1 Parané espacial I, ¢ So representa o somatério de todos os elementos da matriz de ponderagao espacial. O valor esperado de Té [1/(n-1)] (ALMEIDA, 2012). Assim, em nosso caso, o valor esperado sera 1/398 = 0,025. Se o valor calculado de I for superior ao valor esperado, temos autocorrelagio espacial positiva, isto é, existe uma tendéneia de regides com altos (baixos) valores de uma variavel estarem rodeados de municipios com altos (baixos) valores desta variével"', Inversamente, se I ealculado for menor do que o valor esperado de I temos autocorrelagdo espacial negativa, indicando que altos valores tendem a estar circundados por baixos valores de alguma variavel. O coeficiente I também pode ser entendido como o coeficiente angular (B) da reta de regressio da defasagem espacial de uma variivel (1) contra a propria variavel (=): Wz=atBete Q) onde « representa 0 coeficiente da regressio, po coeficiente angular e ¢0 termo de erro. Se p estimado € significative, a variével z de um municipio explica a variével z do entomo, existindo uma autocorrelacao espacial positiva. Uma forma de apresentar os resultados do I de Moran & através do diagrama de dispersio de Moran. Os resultados do I de Moran para o IDMPE 2009 estao na Figura 4. Figura 4 - Diagrama de Dispersio de Moran"? Moran's I = 0.2128 BA mA W_IDMPEO9 28 AB 100 500.0 3.0 10.0 IDMPEO9 Fonte: Elaboracao prépria a patti do software GeoDa, Conforme o diagrama de dispersio de Moran apresenta, existe uma autocorrelagio espacial positiva, com o valor calculado de I = 0,2128. Significa que municipios com alto (baixo) IDMPE 2009 esto rodeados por municipios com alto (baixo) valor de IDMPE 2009. Isto sugere a presenga de clusters espaciais. 1 Neste caso, alto ou baixo refere-se a comparagao da variével com a média global da amostra, ® Os quadrantes do Diagrama de Dispersio de Moran indicam as seguintes relagées:alto-alto (A-A), baixo-alto (B-A), baixo-baixo (B-B) e alto-baixo (A-B), Wilheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathaes Leite, César Reinaldo Rissete 8 Para identificar estes clusters e fazer uma anélise mais detalhada, convém caleularmos © coeficiente de I de Moran local (1,). Ao invés de calcular o valor da estatistica levando-se em consideragao toda a amostra de dados, o 1; ¢ calculado apenas com os vizinhos do municipio i. Conseguem captar padrées locais de interagdo espacial, que sejam estatisticamente significativos. De acordo com Almeida (2012), o coeficiente I, para uma varidvel y padronizada observada na regio pode ser expresso como: a GB) ‘Uma das vantagens do I de Moran local é que com seu cdlculo é possivel estabelecer no mapa 0s padrées locais de aulocorrelacio espacial. Calculou-se o I; para a varidvel IDMPE 2009. Além disso, calculou-se o I; bivariado entre a varidvel IDMPE 2009 e as variiveis defasadas espacialmente IDMPE 2008, IDE 2009, IDM 2009 IDI 2009. Pretende-se, com isso, averiguar se existe autocorrelacao espacial entre as varidveis e a existéncia de padrdes espaciais locais. Em relacio A analise espacial do IDMPE 2009, na figura 5 destacam-se a presenga de 2 tipos principais de aglomerados espaciais, 0s Alto-Alto e 0s Baixo-Baixo. Um em relagio a municipios com alto IDMPE 2009 circundados por vizinhos com também alto IDMPE 2009. Este ¢ 0 tipo de padrio verificado em trés eixos: regio oeste, com destaque aos clusters no entomo de Foz do Iguacu, Caseavel e Toledo; na regio norte, no entorno de Londrina e Maringé: e na regio metropolitana de Curitiba, com um grande cluster de alto IDMPE no eixo estendido de Ponta Grossa-Curitiba- Paranagu. Por outro lado, na regio central verificam-se clusters baixo-baixo, ou seja, municipios com baixo IDMPE circundadas por municipios também de baixo IDMPE. A incidéncia de casos Baixo-Alto ¢ Alto-Baixo mostram-se mais isolados e se distribuem de forma mais homogénea no territério estadual, ou seja, no se concentram em regides especificas. Figura 5 — Mapa de Cluster Lisa Univariado do IDMPE/Parana, 2009 Ne Signitcant EE Horton LowLow LowHigh Fonte: Elaboracio propria a partir do software GeoDa. passo seguinte foi obter a correlagao espacial do IDMPE 2009 com seu indice anterior © com 0s indices parciais. Uina Andlise Espacial do Indice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do 79 Parané Em relagio ao IDMPE 2008, na Figura 6, verifica-se que o padrio espacial local no se alterou substancialmente em relagaio a0 IDMPE 2009, ou seja, no sio percebidas mudaneas significativas em tao curto intervalo de tempo. Nos mesmos eixos listados acima, existe a mesma correlagao!”, Figura 6 - Mapa de Cluster Lisa Bivariado do IDMPE, Parana — 2008 e 2009 1D Net Siitcant BE Hahticn LowLow Marings LowHigh Londrina Bi Hohtow Fonte: Elaboragio prépria a parti do software GeoDa, Figura 7 — Mapa de Cluster Lisa Bivariado do IDMPE e IDE, Parana — 2009 Londrina Ry whe ass ee ta pees Cascavel Fonte: Elaboracio prépria a partir do software GeoDa, 8 Optamos por fazer a comparagio entre os resultados de 2009 ¢ 2008 ao invés da taxa de crescimento do IDMPE entre 0s dois anos como uma tentativa de verificar a robustez do indicador. Como o Parana foi o primeiro estado em que © indice foi aplicado e em 2009 foi apenas a segunda vez que isso foi feito, a estabilidade da distribuigao espacial entre os ois anos tem suma importincia para a andlise da qualidade do indicador. Wilheim Eduard Meiners, Luiz Alberto Esteves, Leonardo de Magathaes Leite, César Reinaldo Rissete 80 Na correlagio entre o valor do IDMPE em um municipio e o valor do IDE, (figura 7), ¢ IDM, (Figura 8), nos vizinhos, a situagao também nao se altera substancialmente, O que acontece & que o cluster central, baixo-baixo, se reduz. Isto pode ser explicado pelo fato de esta regido possuir um mereado local de porte razoavel e um nivel de desenvolvimento empresarial (mensurado pela taxa de crescimento do niimero de empresas, empreendedorismo, dentre outras variiveis proxy como explicadas na Tabela 1) que também nfo destoa tanto das demais regides do Estado. Figura 8 — Mapa de Cluster Lisa Bivariado do IDMPE e IDM, Parana — 2009 Ey Nestea Marings Londrina Fonte: Elaboracao prépria a parti do software GeoDa, Figura 9 - Mapa de Cluster Lisa Bivariado do IDMPE e IDI, Parana, 2009 Maringé Londrina Fonte: Elaboracdo prépria a partir do sofiware GeoDa, Porém ha uma diferenga importante ocorre quando se analisa o grau de associagio espacial entre o IDMPE e o IDI, observado na figura 9. Os clusters alto-alto se reduzem, 0 cluster baixo-baixo Uma Andlise Espactal do tndice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE) do 81 Parané da regio central se estendem, conformando o Centro Expandido, além de se configurar um novo cluster baixo-baixo na regio do Vale do Ribeira (norte da RMC), englobando os municipios de Cerro Azul, Tunas do Parana, Adriandpolis e Bocaitiva do Sul. Assim, municipios com baixo valor do IDMPE esto muito rodeados por municipios com baixo valor do IDI, indicando como o ambiente institucional interfere no desenvolvimento municipal. 4. Notas conclusivas Com este trabalho procurou-se aprofundar a discusstio tedrico-metodologica sobre o IDMPE que, até entdo, estava restrita a sua formulagao estatistica multivariada e a percepedo de correlacao entre © IDMPE e outros indices de desenvolvimento municipal, como o IFDM e 0 IDH-M. Analisando os dados dos municipios paranaenses, percebe-se a existéncia de autocorrelagao espacial do IDMPE ¢ seus componentes. A andlise exploratdria confirma os padrdes espaciais observados no ‘mapeamento do IDMPE, mas permite uma configuracdo mais apropriada dos aglomerados espaciais, percebendo em que circunstincias 0 desempenho obtido pelo municipio decorre de uma influéncia positiva ou negativa de vizinhanga. Isso revela, por um lado, que o dinamismo ¢ as condigées mais favordveis presentes nos grandes eixos econdmicos geram um efeito dinimico positive sobre a vizinhanga, seja abrindo mercado ou espraiando economias de aglomeragio, favorecendo o empreendedorismo regional. O extremo-veste, em torno do eixo Cascavel-Toledo-Foz do Iguaga, 0 norte, em torno do eixo Londrina- Maringa, e 0 leste, em torno do eixo Ponta Grossa-Curitiba-Paranagusi, onde estio os aglomerados de alto desempenho (alto-alto) sao regides onde o potencial para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas é mais elevado por fatores que extrapolam as condigdes de cada municipio e caracterizam- se como fatores regionais, potencializando as oportunidades de mercado e as condicées institucionais da vizinhanga. Tais regides dispoem de vantagens que favorecem a diversificagao econdmica e maiores oportunidades empreendedoras em diferentes especializagdes, conformando redes dindmicas de cidades. Por outro lado, no Centro Expandido e no Vale do Ribeira, identificam-se os aglomerados espaciais de baixo desempenho (autocorrelagio baixo-baixo), com o agravante de um ambiente institucional particularmente desfavorivel (confirmado pelo mapa de clusters da figura 9). Sao regides com reduzido dinamismo econémico, baseados na agricultura de subsisténcia e no extrativismo, com perdas de populagao (éxodo) decorrente da falta de perspectiva de emprego ¢ empreendedorismo. Portanto, politicas de promogio do dinamismo empresarial de cunho regional, que extrapolam as politicas locais, além da associagio e cooperagio de iniciativas municipais, principalmente de cunho institucional, podem reverter a tendéncia de estagnagao econdmica e social dessas regives Referéncias Albuquerque, F. Desenvolvimento Econdmico Local: caminhos para a construciio de uma nova agenda politica. Rio de Janeiro: BNDES, 2001 Almeida, E. Econometria espacial aplicada. Sto Paulo: Editora Alinea, 2012. Anselin, L. 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