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MÓDULO FUNDAMENTOS DE SAÚDE

DISCIPLINA – AVALIAÇÃO, CONTROLE E REGULAÇÃO NO SUS


Professora: Elaine Grácia de Quadros Nascimento

AULA 01 – Modelos Assistenciais em Saúde e Redes de Atenção à Saúde

Introdução:

Nessa aula abordaremos a história dos modelos assistenciais de saúde a partir


do desenvolvimento do Sistema de Saúde brasileiro e a organização das redes
de atenção à saúde

Contextualizando:

Em nossa sociedade aprendemos por meio de exemplos ou modelos desde os


nossos primeiros passos e durante toda a nossa vida continuará sendo dessa
forma, assim desenvolvemos todo o nosso conhecimento e a ciência e bem por
meio dos modelos aprendemos a satisfazer as nossas necessidades humanas
básicas, das mais simples as mais complexas, dentre elas a saúde.

Agora convido a perguntar-se: O que é? Para que serve? Como está


Organizado? ... Um Modelo de Atenção à Saúde

E, qual é sua a importância no meu dia a dia?

Pensou!

Que bom!

Vou propor um caminho para facilitar a organização do seu conceito de Modelo


de Atenção à Saúde a partir de suas experiências do dia a dia. Sugiro sempre
vincular o de Modelo de Atenção à Saúde ao conceito de “território”. Território
este: geograficamente determinado, povoado, cultural-social-político existente e
em transformação constante.

Podemos falar resumidamente que “território” na concepção da “saúde” é um


espaço em constante construção e reconstrução, associado ao produto da
dinâmica dos movimentos sociais e deve ser avaliado de acordo com
indicadores de saúde. O “território da saúde” deve demonstrar os problemas
presentes nesse espaço, conforme as condições de saúde dessa população.

Texto de apoio:

http://www.proext.ufpe.br/pontao/images/stories/documentos/texto%20conceito
%20de%20territrio.pdf
Texto compilado do livro Territorio, Globalização e Fragmentação. São Paulo:
Hucitec, 1994. Este conceito e autor são clássicos e reconhecidos
internacionalmente.

Instrumentalização:

Podemos entender que o Sistema de Saúde é composto por um conjunto


organizado e hierarquizado de serviços de saúde, pelo grupo dos profissionais
que nela atuam, pelo planejamento e o conjunto das ações desenvolvidas.

Dentre os objetivos do Sistema de Saúde estão:

 Ter bons Resultados em Saúde – Níveis ótimos de saúde da população


 Proteger os usuários/clientes de riscos à saúde
 Acolher os usuários/clientes no Sistema de Saúde
 Desenvolver os serviços de saúde com: eficiência, eficácia e efetividade

Os Sistemas de Saúde dividem-se em:


 Público
 Privado

O Sistema Privado de Saúde é composto por uma rede prestadora de


serviços com as seguintes características:

 Baseado na demanda e oferta do mercado de serviços de saúde,


principalmente na área de medicina.
 Voltado como benefícios para a população

O Sistema Privado de Saúde trabalha ainda com as expectativas de mercado:

 Os Prestadores (profissionais liberais de saúde – médicos


principalmente) – solicitam a liberação de mais serviços pelas
prestadoras e pelos hospitais, maiores custos (valores pagos nas
tabelas) e melhor quantidade (de serviços na tabela das prestadoras)
 Os Usuários – solicitam mais serviços disponibilizados (hospitais e
principalmente médicos especialistas), menores custos e melhor
qualidade (dos disponibilizados, principalmente dos serviços
hospitalares)
 As Operadoras de Saúde – querem sempre disponibilizar “Menos
serviços” pagar valores “mínimos de mercado” ou o “menor custo” e ter
“melhor qualidade” (Lei de Mercado)
O Sistema Público de Saúde no Brasil é representado constitucionalmente
(1988) pelo próprio Sistema Único de Saúde (SUS) cujo objetivo é proporcionar
o acesso de todos os cidadãos, sem distinção, aos serviços de saúde de
maneira adequada às suas necessidades, com qualidade e resolubilidade.

Ao observarmos a história da Saúde no Brasil, principalmente nos séculos XIX


e XX, vamos perceber que o Estado brasileiro aplicou vários Modelos de
Atenção à Saúde para cumprir o seu papel enquanto responsável pela saúde
pública

O importante é destacar que os modelos aplicados ao longo da história recente


do Brasil não são frutos de experimentos acadêmicos ou improvisos
governamentais e sim de momentos toda uma conjuntura cultural-social-política
e até mesmo científica vivenciada a cada época e que teve sua relevância
histórica à época em que ocorreu.

A seguir apresentamos sinteticamente estes Modelos.

O Modelo Campanhista – iniciou no começo do século XX sob forte influência


dos interesses políticos e dos agroexportadores, sendo seu maior expoente o
médico e pesquisador Oswaldo Cruz, baseou-se em campanhas sanitárias
para combater as epidemias de doenças tropicais que assolavam os portos
brasileiros, principalmente o do Rio de Janeiro e Santos, implementando
programas de vacinação obrigatória, desinfecção dos espaços públicos e
domiciliares e outras ações nos espaços urbanos, que atingiram, em sua
maioria, as camadas mais pobres da população, o modelo perdurou no cenário
das políticas de saúde brasileiras até o início da década de 1960, entretanto as
Campanhas de Vacinação e a Lei de Vacinação Obrigatória para o ingresso
escolar e benefícios trabalhistas perduram até os dias de hoje.

O Modelo Previdenciário-Privatista – iniciou no Brasil em 1923 com Lei Elói


Chaves – Caixa de aposentadoria e pensões - com o objetivo de oferecer
assistência médico-hospitalar a trabalhadores urbanos e industriais, na forma
de seguro-saúde-previdenciário. Foi o embrião da Seguridade Social do Estado
brasileiro, passou por várias reformulações ao longo do século XX, entrando no
século XXI com inúmeros processos de desgaste, esse modelo é mais
significativo e impactante do ponto de vista mercadológico, em relação ao
modelo campanhista, pois associa atenção à saúde, a hospitalização e atenção
médico-curativa especializada, elevando assim a fragmentação do processo de
trabalho em saúde, a hiperespecialização da medicina a e a formação
acadêmica restrita a um modelo biomédico tecnicista.

O Modelo de Integralidade da Atenção à Saúde – Com seu início em torno


de 1970, pela insatisfação de diversos segmentos da sociedade civil brasileira
que no momento histórico-político atravessava o período denominado de
“período da ditadura militar”, com a impossibilidade de grandes manifestações,
os usuários do sistema previdenciário saúde, começaram a manifestar-se por
meio das comunidades de base, principalmente as ligadas aos movimentos da
igreja católica e aos profissionais de saúde, que por sua vez começaram a
reunir-se nos movimentos estudantis e aos das classes trabalhadoras. Este
movimento ficou conhecido como “Reforma Sanitária”, ganhou corpo com a
discussão, no final da década com a Conferência de Alma Ata sobre Atenção
Primária em Saúde, onde o Brasil fez-se representar, e, posteriormente com a
Constituição de 1988, onde a saúde passa a ser um direito do cidadão e um
dever do Estado e cria-se o SUS, na Lei Federal 8.080/90 – Lei Orgânica da
Saúde se dão suas diretrizes. Segundo Matta e Morosoni (2009) pode-se
afirmar que a atenção (integral) à saúde se dá numa dimensão ético-política a
partir de uma perspectiva, interdisciplinar, participativa, na qual a intervenção
sobre o processo saúde-doença é resultado da interação e do protagonismo
dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e usuários que produzem e conduzem
as ações de saúde.

Vamos refletir sobre os modelos de atenção à saúde e suas ações no contexto


da saúde.

Os dois primeiros modelos apresentados possuem como objetivo principal o


procedimento técnico sobre a doença, enquanto o terceiro está na reordenação
do processo do trabalho e do conceito de saúde a partir da ótica dos atores
envolvidos, principalmente do usuário e no território onde se dá a o ato ou cena
da problemática de saúde. Nesse sentido foi preciso rever incialmente a prática
dos processos de trabalho até então desenvolvidos, “aprender a aprender” com
a comunidade e principalmente começar a rever os “processos acadêmicos de
ensinar saúde”.

Com o passar dos anos e, a experiência acumulada, o “novo modelo” (Modelo


de Integralidade da Atenção à Saúde) exigiu uma organização maior,
denominada agora de Redes de Atenção à Saúde - RAS, como forma a
garantir a qualidade, continuidade do atendimento e resolutividade, com o
intuito de satisfazer as necessidades de saúde do cidadão.

Partindo da escolha do melhor “modelo de assistencial”, devemos compreender


as redes de atenção à saúde.

Rede de Atenção à Saúde - RAS:

As RAS no Sistema de Saúde no Brasil são baseadas no conceito de linha do


cuidado, existem vários pensamentos sobre o que vem a ser “cuidado”.
Apresentamos a seguir três fragmentos de um texto apresentado por MERHY e
CECILIO, 2003 para explicar “cuidado”

“O cuidado, nas organizações de saúde e no hospital é por sua


natureza, necessariamente multidisciplinar, isto é, depende da
conjugação do trabalho de vários profissionais.”
“O cuidado..., recebido/vivido pelo paciente é somatório de um grande
número de pequenos cuidados parciais que vão se complementando, de
maneira mais ou menos consciente e negociada, entre os vários
cuidadores que circulam e produzem a vida do hospital.”
“O grande desafio é coordenar adequadamente este conjunto
diversificado, especializado, fragmentado de atos cuidadores individuais,
que resulte em uma dada coordenação do cuidado integral.”

Nesse sentido poderíamos dizer que linha do cuidado, será o caminho que o
usuário faz dentro de uma RAS, onde maior desafio da estruturação dessas
linhas vem sendo a garantia da integralidade da assistência e a segurança do
usuário.

Portanto uma RAS constitui-se de um conjunto de unidades, de diferentes


funções e perfis de atendimento, que operam de forma ordenada e articulada
no território, de modo a atender às necessidades de saúde de uma população

As RAS são organizadas de acordo com os ciclos de vida do ser humano (em
um modelo biopsicossocial) e pelas diversas necessidades de atenção à saúde
da pessoa. Ex.: Rede de Atenção à Mulher, Rede da Criança, Rede de Atenção
à Saúde do Idoso, Rede de Atenção à Saúde Mental, entre outras.

As Redes de Atenção à Saúde se dividem:

 Rede de Atenção Primária

 Rede de Atenção Secundária

 Rede de Atenção Terciária

Cada uma das divisões apresenta características próprias de ações e


assistência de saúde porém interligadas entre si, organizadas em níveis
hierárquicos com tecnologias e conhecimentos específicos, bem como
financiamentos específicos.

A operacionalização das RAS se dá pela interação dos seus três elementos


constitutivos:

 População e Região de Saúde

 Estrutura Operacional

 Modelo de Atenção à Saúde


Pesquisa:

Para conhecer um pouco mais sobre as Redes de Atenção à Saúde pesquise:

www.youtube.com/watch?v=OTT6x9QOllY

Síntese:

Em nossa aula hoje relacionamos o conceito de território ao de modelo de


atenção à saúde, apresentamos o sistema de saúde, e ainda trabalhamos o
conceito de linha de cuidado como base para a organização das redes de
atenção à saúde, uma nova proposta para o SUS.

Todos esses conceitos são muito importantes para a organização do Sistema


Único de Saúde no principalmente no que tange a Avaliação, Controle e
Regulação para poder-se garantir o acesso a saúde como um direito de todos.

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