Você está na página 1de 7

Diagrama de reabilitação após lesão miotendinosa*

Proposta para uma realidade semi-profissional/amadora

*lesão não-completa ,sujeita a tratamento conservador


4. Atleta a Treinar 0. Atleta a Jogar
Limitações no Treino Lesão
Prevenção/ Diminuição
dos Fatores de Risco Importância do Fisioterapeuta no momento
da lesão:
Abordagem Biopsicossocial no Return to Sports: • Observar mecanismo de lesão
• Critérios Biológicos Específicos • Recomendações pós-lesão:
• Indicadores clínicos e Testes funcionais • Evitar medicação AINE’s
• Critérios Psicológicos • Aplicação de estratégias analgésicas como gelo,
• Readiness compressão ou elevação
• Confiança • Carga/mobilidade seletiva (quanto possível)
• Critérios Contextuais • Testes clínicos de despiste*/ red flags
• Tipo de Desporto • Reencaminhamento para MCD’s**
• Situação Contratual
• Idade, perspetivas futuras

3. Return-to-Sports Criteria-based 2. Fase de Time-based 1. Fase Aguda/


Desenvolvimento Atlético Sub-Aguda
Fundamental: Fundamental: Fundamental:
• Expôr atleta às tarefas do jogo • Aferir se Atleta treinado/não-treinado • Providenciar ao atleta uma explicação
• Devolver identidade desportiva • Manter/Melhorar função cardio- do processo que se inicia
ao atleta vascular • Proceder à Avaliação em Fisioterapia
• Monitorizar atentamente • Respeitar princípio da sobrecarga, • Iniciar imediatamante processo de
dicotomia ginásio-campo monitorizar progressão da reabilitação com estratégias mais ativas
• Diversificar locus atencional parametrização e incluir variabilidade possíveis

Objetivos: Objetivos: Objetivos:


• Construir exposição mecânica dos • Devolver/ Aumentar tolerância • Favorecer cicatrização
tecidos às exigências físicas do jogo biológica aos tecidos • Promover analgesia
• Construir exposição metabólica do • Construir confiança no atleta • Restaurar amplitudes articulares (se
organismo às exigências do jogo comprometidas)
1. Fase Aguda/Sub-Aguda
Educação Avaliação Estabelecimento de Intervenção
Prognóstico
A Fase Aguda é uma boa A avaliação em Fisioterapia deverá incidir Não existem dados clínicos que A nossa intervenção nesta fase
altura para capacitar o sobre os comprometimentos funcionais se correlacionem de forma deverá começar pela Educação e
atleta para alguns hábitos verificados após a lesão, assim como sinais óptima com um prognóstico. Empowerment do atleta, procurando
a adotar durante o físicos que tenham surgido como Um dos dados que melhor restaurar arcos de amplitude
processo: consequência desta. permite predizer o prognóstico articular comprometidos, reduzir o
é perguntar ao atleta quanto quadro álgico e modular o edema
• Importância do sono A nossa avaliação física não deverá procurar tempo acha que a lesão o instalado.
• Desaconselhamento uma estrutura que defina a incapacidade do manterá de fora da atividade.
absoluto de AINE’s, com atleta. O benefício de lidarmos com a função Para alem disso, devemos promover
alternativa a outras é explicada pela não grande sensibilidade dos Em caso de equipa estratégias ativas de forma a
estratégias analgésicas testes estruturais que temos ao nosso dispôr. multidisciplinar com um sinalizar o SNC para a necessidade
como gelo, compressão ou médico, este poderá dar algum de ativação das vias de reparação
elevação A recomendação de MCD’s após a nossa feedback estrutural. O muscular, conseguida através da
• Importância da avaliação deve prender-se apenas com o prognóstico terá de ter em contração muscular.
alimentação regrada e da despiste de red-flags (exemplo: tumor, rutura consideração qual o tipo de É importante compreender que
hidratação abundante completa, afeça nervosa) e não é sucesso que pretendemos na tecidos sujeitos a sensitização só irão
• Explicação e indispensável para a avaliação em reabilitação, sendo que este des-sensitizar se expostos a alguma
esclarecimento de dúvidas Fisioterapia. vai depender de fatores carga ( dor > 2 mas < 4).
acerca do processo de contextuais do atleta:
reabilitação Dentro da avaliação, e de forma a delinear o • quanto mais rápido, melhor Assim, estratégias em isometria ou
• Sensibilizar para a programa de intervenção, é necessário • regressar nas melhores isotonia fora dos arcos de dor
mobilização e carga procurar saber quais os objetivos e condições possíveis podem permitir acelerar e facilitar o
seletivas e precoces expectativas do atleta. • regressar sem recidivas processo de cicatrização.

Progressão:
Time-Based (Aprox. 3 a 5 dias)
2. Fase de Reforço
Extinguir arcos de dor a contrações moderadas e sub-máximas Ao longo de todo o
Desenvolvimento de Força Máxima processo, deverá ser
mantido o
Estratégias de recrutamento motor
condicionamento cardio-
máximo associadas a trabalho respiratório.
muscular complementar;
Exemplo:
Exemplo: Squat + Leg Extension
bicicleta estática
Desenvolvimento de Padrões Motores e
Mecanismos de ativação Muscular
Através de estratégias neuromusculares
como treino de padrões motores , e
sobrecarga Excêntrica
Exemplo: Deadlift ou Nordic Hamstring Curl
e treino propriocetivo
Desenvolvimento de Taxa de Produção de
Força/ Potência
A partir dos padrões motores ensinados,
otimizar produção de força por unidade de
Por fatores contextuais associados à tempo
necessidade do atleta regressar, por vezes Exemplo: Exercícios Balísticos ou com elásticos
pode ser necessário incluir estímulo
pliométrico para preparar a corrida de forma Progressão:
precoce ao longo de todo o processo*. Criteria-Based
Exemplo: Exercícios de Pliometria e Controlo • Sem dor (<2/10 END) nos exercícios mais
Motor exigentes da última semana
• Amplitudes normalizadas e sem arcos de
*Irá depender do “tipo” de Return-to-
dor
Sports esperado e do tempo de paragem
e reabilitação associados á lesão • Força agonista-antagonista e entre
(paragens mais curtas podem iniciar esta membros normalizada
dinªâmica mais cedo) • Boa resposta a estímulo pliométrico e
jogging (aprox. 5 m/s)
3. Return-to-Sports
Manutenção de estímulo da
Fase de Reforço

Sobrecarga Mecânica
Exposição gradual dos tecidos à tarefa que Sobrecarga Metabólica
causou lesão/ mais exigente. Exposição gradual e repetida do organismo
O ideal é a progressão das cargas não
Poderá causar fadiga muscular mas não à tarefa que causou lesão/ mais exigente.
ser linear, uma vez que o seu efeito
deverá causar fadiga sistémica. Deverá causar fadiga sistémica durante a
sessão e hipoteticamente fadiga muscular. cumulativo poderá predispôr o atleta
a um maior risco de lesão durante a
Exemplo de exercício: Número de passes ou
remates; distância percorrida; Número e Exemplo de exercício: Número e distância reabilitação através de um processo
Critérios de sprints repetidos; Número de mudanças de fadiga. Assim, o melhor é
distância de sprints de alta intensidade;
Número de mudanças de direção,
mecânicos de direção, acelerações e desacelerações periodizar e permitir aos atletas algum
acelerações e desacelerações; Número de atingidos repetidas. descanso.
Devido a fatores contextuais, isto
saltos.
Tempos de repouso curtos. poderá nem sempre ser exequível.
Tempos de repouso prolongados.
Monitorizar sRPE
Monitorizar DOMS, parâmetros executados Alta:
Criteria-Based
• Sem dor nos exercícios mais exigentes
Ambiente fechado/ Ambiente aberto/ da última semana
Foco interno Foco na tarefa • Testes funcionais sem limitações
• Atingimento de Sobrecarga Mecânica
sem desenvolvimento de Fadiga associado
(sRPE < 5).
• Atleta confiante e apto a regressar
• MCD não constitui critério de alta
4. Atleta a Treinar
Por fatores contextuais, o atleta poderá recomeçar a treinar com a equipa antes de ter alta clínica.

Neste processo o atleta deverá continuar sob supervisão do Departamento Clínico e o seu treino
coletivo deve ser condicionado pelas limitações biológicas. Este será então complementado com
trabalho suplementar fora do treino.

Dependendo da localização anatómica da lesão, as condicionantes


impostas ao atleta irão variar.
Exemplo: lesão nos isquio-tibiais – evitar sprints de longa distância;
Prevenção de Recidiva
lesão no gémeo – evitar saltos consecutivos; lesão nos adutores– evitar
exposição em campos curtos.
• Monitorização constante Aquando da indicação das limitações, poderá ser de evitar a
do estado de saúde e fadiga transmissão de limitações do foro técnico, dado que a
do Atleta. imprevisibilidade do jogo poderá comprometer o seu cumprimento.
No sentido de respeitar estas limitações, o atleta devera entrar com o
• Monitorização, quando resto da equipa no treino durante o período ou exercícios em que estes
possível, e sensibilização não comprometam as restrições propostas.
para as cargas de treino De forma a complementar o trabalho realizado no treino, ele
impostas. abandonará então o treino e será exposto em ambiente controlado às
limitações indicadas.
• Moderação dos Fatores de Previamente ou posteriormente ao treino coletivo, o atleta deverá
Risco associados à lesão seguir um plano de reforço no ginásio, de forma a continuar a esbater
possíveis fatores de risco predisponentes para lesão.
Esta medida deverá ser continuada após o processo de reabilitação
estar terminado.
Atleta a Jogar

“O Fisioterapeuta prepara o atleta para treinar, o Preparador Físico para


jogar, e o Treinador para render.” - Juanjo Brau
… Mas se o jogador não treinar, dificilmente vai jogar, e nunca vai render.

Você também pode gostar