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CAMPINAS
DEZEMBRO DE 2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
CAMPINAS
DEZEMBRO DE 2010
ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
Título em Inglês: Effect of grain size and depth bed filtering characteristics in
the backwash process of sand filters
Palavras-chave em Inglês: Irrigation, Filtration, Fluidized bed.
Área de concentração: Água e Solo
Titulação: Mestre em Engenharia Agrícola
Banca examinadora: Alberto Colombo, Edson Eiji Matsura
Data da defesa: 07/12/2010
Programa de Pós Graduação: Engenharia Agrícola
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Ofereço a Deus todo poderoso por
ter me abençoado pela graça do
espírito e iluminado de sabedoria.
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AGRADECIMENTOS
Essa etapa da minha vida durou dois anos e oito meses, tempo de muita dedicação à
vida acadêmica longe de meu país, de escolhas difíceis, de algumas dificuldades, mas,
sobretudo, foi um tempo bom, de realização pessoal na busca pelo amadurecimento científico.
Gostaria de compartilhar esse título com muitas pessoas. Agradecer pelo incentivo e apoio
que me foi oferecido, e que com certeza, teve um papel de suma importância para que eu
conseguisse atingir esse objetivo.
Quero primeiro agradecer a DEUS, que me deu de presente esse tema. Agradecer
pela força espiritual, pela consolação, pelo amor, e por colocar em minha vida todas essas
pessoas que contribuíram na construção do meu caminho.
Meus pais, Gustavo por ter despertado em mim o gosto pelo trabalho, minha mãe,
Gilma, obrigado, por me incentivar e apoiar meus estudos, sobre todas as coisas. Obrigado
por me ensinarem a ter gratidão, a ter humildade, e por sua compreensão, e, sobretudo, por
me mostrarem o valor da vida e a alegria de viver. Amo vocês.
Meus irmãos, Ronald, Monica, obrigado, por acreditar em mim, pelo orgulho que
sinto de vocês.
Minha sobrinha, Daniela, obrigado por me cativar com sua ternura, e pelo grande
amor que sinto por você.
Minha segunda mãe, Solita, pelos conselhos, pelo carinho, pela paciência, pelo
amor, e por ter contribuído a ser a pessoa que sou.
Meus agradecimentos especiais a minha namorada, Luisa, por ter me apoiado, por
ser meu motor, por me entender, e ficar sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis.
Toda minha família, tios, primos, obrigado pelo grande carinho e por serem tão
queridos e especiais.
Ao Professor Roberto Testezlaf, que me acompanhou durante todo esse trajeto e por
ter me permitido a possibilidade e oportunidade de realizar minha pesquisa de mestrado, fico
vi
imensamente grato pelos conselhos, palavras de apoio, incentivo, motivação. Obrigado por
ter sido companheiro, amigo, e por ter me orientado.
Meus melhores amigos da Colômbia: Alejandro (Lalo), Rafael, Leo, Fabian, Nelson,
Carito, Cacao, Negro, por sua confiança e apoio, pois vocês me ajudaram imensamente,
torcendo desde a Colômbia, e me enviando forças e boas energias. Muito obrigado por tudo.
Por fim, agradeço ao BRASIL, país maravilhoso por ter me acolhido e brindado com
essa oportunidade de estudo.
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“Grande parte das dificuldades pelas que atravessa o mundo deve-se a que os ignorantes
estão completamente seguros e os inteligentes cheios de dúvidas”
Bertrand Russell
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 20
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 23
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 23
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 24
3.1 GENERALIDADES SOBRE SISTEMAS DE FILTRAGEM ......................................................... 24
3.2 FILTROS DE AREIA .......................................................................................................... 25
3.3 FUNCIONAMENTO DOS FILTROS DE AREIA ....................................................................... 27
3.3.1 Processo de filtração ............................................................................................. 28
3.3.2 Processo da retrolavagem ..................................................................................... 29
3.4 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS FILTRANTES .................................................................... 37
3.4.1 Propriedades das partículas.................................................................................. 38
3.4.2 Propriedades da camada filtrante ......................................................................... 45
3.5 PERDAS DE PRESSÃO DURANTE A RETROLAVAGEM ......................................................... 46
3.5.1 Perdas de pressão pela estrutura e componentes internos ................................... 47
3.5.2 Perdas de pressão do meio filtrante ...................................................................... 49
3.6 EXPANSÃO DA CAMADA.................................................................................................. 54
3.7 VELOCIDADE MÍNIMA DE FLUIDIZAÇÃO .......................................................................... 60
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 64
4.1. AVALIAÇÃO DE FILTROS DE AREIA EM CAMPO .................................................................. 64
4.1.1 Questionário técnico de avaliação da retrolavagem ............................................. 64
4.1.2 Visitas técnicas ...................................................................................................... 65
4.1.3 Metodologia de avaliação do processo de retrolavagem em campo ..................... 65
4.1.4 Análises de amostras do material filtrante ............................................................ 66
4.2 ENSAIOS EXPERIMENTAIS ............................................................................................... 67
4.2.1 Local ...................................................................................................................... 67
4.2.2 Módulo de ensaio experimental ............................................................................. 67
4.2.3 Sistema de aquisição de dados .............................................................................. 70
4.2.4 Condições experimentais ....................................................................................... 73
4.2.5 Procedimentos experimentais ................................................................................ 78
4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ......................................................................... 79
4.3.1 Caracterização dos regimes de fluidização na retrolavagem ............................... 79
4.3.2 Avaliação dos filtros na ausência de meio filtrante .............................................. 79
4.3.3 Avaliação dos filtros com meio filtrante ............................................................... 80
4.3.4 Avaliação do meio filtrante ................................................................................... 80
4.4 COMPARAÇÕES E MODELAGENS MATEMÁTICAS DOS RESULTADOS OBTIDOS................... 81
4.4.1 Modelagem dos filtros vazios ................................................................................ 81
4.4.2 Comparação dos comportamentos teóricos com os dados experimentais na
velocidade mínima de fluidização ..................................................................................... 81
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 82
5.1 AVALIAÇÃO DOS FILTROS DE AREIA EM CAMPO .............................................................. 82
5.1.1 Caracterização dos filtros avaliados em campo ................................................... 82
5.1.2 Características físicas dos meios filtrantes ........................................................... 83
5.1.3 Avaliação do processo de retrolavagem ............................................................... 85
5.1.4 Remoção de matéria orgânica............................................................................... 89
ix
5.2 ENSAIOS EXPERIMENTAIS ............................................................................................... 91
5.2.1 Identificação dos regimes da retrolavagem. ......................................................... 91
5.2.2 Caracterização hidráulica dos filtros na retrolavagem ...................................... 104
5.3 COMPARAÇÃO TEÓRICA DOS RESULTADOS ................................................................... 126
5.3.1 Modelagem do comportamento dos filtros vazios ............................................... 126
5.3.2 Comparação da velocidade mínima de fluidização ............................................ 128
6. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 131
7. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................... 132
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ....................................................................... 133
ANEXOS ................................................................................................................................ 139
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Vazões recomendadas para retrolavagem (m3 h-1) e por unidade de área (L s-1
m-2) para diferentes diâmetros efetivos do meio filtrante e diâmetros de filtro ....................... 31
Tabela 2: Equivalência em mesh dos diâmetros efetivos típicos de meios filtrantes . ............. 40
Tabela 3: Densidade em (kg m-3 ) de matérias filtrantes usados convencionalmente .............. 42
Tabela 4: Exemplos de esfericidade (ψ) de alguns materiais com partículas não
esféricas. ................................................................................................................................... 43
Tabela 5: Perda de pressão ao longo da altura da camada em camadas fluidizadas para
diferentes meios filtrantes......................................................................................................... 53
Tabela 6: Valores de α e m para diferentes materiais usados como meio filtrante .................. 57
Tabela 8: Caracterização das propriedades físicas das areias utilizadas nos ensaios ............... 74
Tabela 9: Características técnicas gerais dos filtros avaliados. ................................................ 74
Tabela 10: Alturas da camada filtrante ensaiadas para os filtros avaliados ............................. 76
Tabela 11: Características físicas dos filtros avaliados nas visitas ........................................... 82
Tabela 12: Características físicas das areias utilizadas nos filtros avaliados. .......................... 84
Tabela 13: Parâmetros avaliados da retrolavagem nos equipamentos das propriedades
visitadas. ................................................................................................................................... 87
Tabela 14: Determinação da porcentagem de remoção para os filtros avaliados nas
visitas. ....................................................................................................................................... 90
Tabela 15: Intervalos de velocidade superficial (mh-1) no regime de camada fixa para
cada granulometria nos três filtros ensaiados ........................................................................... 94
Tabela 16: Velocidades mínimas de fluidização (mh-1) no regime de fluidização mínima
para cada granulometria nos três filtros ensaiados. .................................................................. 96
Tabela 17: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da fluidização particulada para
cada granulometria. ................................................................................................................ 100
Tabela 18: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da camada borbulhante para cada
granulometria ensaiada. .......................................................................................................... 102
Tabela 19: Valores de velocidade superficial (mh-1) e vazão (m3h-1) para a expansão
mínima recomendada de 25% nos três filtros avaliados......................................................... 121
Tabela 20: Equações representativas do comportamento matemático dos filtros
avaliados ................................................................................................................................. 127
xi
Tabela 21: Velocidades mínimas de fluidização estimadas (ms-1) pela Equação WEN &
YU (1966) para os filtros avaliados. ....................................................................................... 128
Tabela 22: Comparação da velocidade mínima de fluidização experimental e estimada
(ms-1) a partir da equação de WEN & YU (1966). ................................................................. 129
Tabela 23: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F1 ....................................................................................................... 140
Tabela 24: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga
hidráulica (m³m-²h-¹) para o filtro F2 ..................................................................................... 140
Tabela 25: Dados experimentais de perda de pressão (kPa)em função da carga
hidráulica (m³m-²h-¹) para o filtro F3 ..................................................................................... 141
Tabela 26: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F1 .......... 142
Tabela 27: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F2 .......... 143
Tabela 28: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F3 .......... 144
Tabela 29: Valores médios de perda de carga experimental ΔP (kPa) calculada para o
meio filtrante nos filtros avaliados ......................................................................................... 145
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
Figura 26: Comportamento da camada no regime borbulhante para os filtros F1, F2 e F3 ... 102
Figura 27: Curvas da variação de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m3m-2h-1) e do número de Reynolds para os filtros avaliados vazios ................................... 104
Figura 28: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F1 ................................................................................................................................... 107
Figura 29: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F1. ......................................................................................................... 109
Figura 30: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F2 ................................................................................................................................... 111
Figura 31: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F2 .......................................................................................................... 113
Figura 32: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F3 ................................................................................................................................... 114
Figura 33: Detalhe do efeito do entupimento das crepinas na superfície da camada de
areia após o termino do retrolavagem no filtro F3. ................................................................ 115
Figura 34: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para as diferentes granulometrias e alturas de camada
filtrante para o filtro F3 .......................................................................................................... 117
Figura 35: Comportamento da porosidade da areia em função da expansão da camada
para as granulometrias avaliadas ............................................................................................ 118
Figura 36: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) referentes a contribuição do meio filtrante para os filtros avaliados ......... 124
Figura 37: Curvas ajustadas ao comportamento experimental dos filtros vazios................... 127
Figura 40: Detalhe da estrutura física do filtro HIDROSOLO ............................................... 147
Figura 41: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro HIDROSOLO.................... 148
Figura 42: Detalhes das crepinas de discos do filtro HIDROSOLO ...................................... 149
xiv
Figura 43: Detalhe do disco componente da crepina do filtro HIDROSOLO........................ 150
Figura 44: Detalhe da estrutura física do filtro da MARBELLA ........................................... 151
Figura 45: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro da MARBELLA ................ 152
Figura 46: Detalhe da crepina do filtro da MARBELLA ....................................................... 153
Figura 47: Detalhe da estrutura física do filtro do AMANCO ............................................... 154
Figura 48: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro AMANCO ......................... 155
Figura 50: Detalhes da crepina no filtro da AMANCO ......................................................... 157
xv
LISTA DE SÍMBOLOS
xvi
Ga : Numero de Galileu
RE : Numero de Reynolds
REp : Numero de Reynolds da partícula
E : Percentagem de expansão (%)
ε : Porosidade da camada fixa
ε0 : Porosidade da expansão
xvii
RESUMO
xviii
ABSTRACT
The adequate sand filters performance in localized irrigation requires that filtration
and backwash processes are capable to retain unwanted suspension particles and to wash
properly the media depth, returning the equipment operation to its original condition of
cleanliness. The backwash process can be more effective when it reaches bed uniform
expansions with low head losses, which depends on the grain size and the depth of media bed.
The lack of experience of farmers and technical information from the manufacturers determine
that the backwash process has been performed incorrectly in the field, affecting adversely the
functionality and efficiency of the sand filters. In this context, the objective of this study was
to develop studies on the hydrodynamic behavior of the relationship of working pressure and
flow rate in the backwash process of sand filters with variations in sand physical
characteristics and the internal hydraulic components of the filters. This study was divided into
three parts. Initially, a field survey on the farmers backwash procedures and management was
performed. In a second step, an experimental methodology was developed to evaluate three
commercial types of Brazilian sand filters to assess the effects of different grains diameters
and media layer depths on the head losses and the process of layer fluidization. Finally, the
experimental results of the minimum fluidization velocity were compared with estimated
values using the theoretical behavior of the process. The results showed that the procedures
performed by the producers showed a lack of knowledge in the backwash process, which is
executed based on empirical basis, oriented by imprecise information of suppliers. The
experimental part demonstrated that the backwash process is affected significantly by the head
loss originated from the internal structural components of the filter (underdrain and diffuser).
The mathematical comparisons of the experimental results with the values estimated by the
equation & WEN YU (1966) showed explicit agreements for smaller particle size. The
research allowed concluding that the values backwash flow rate required for an adequate
expansion, increases proportionally with the depth and the particle size of sand layer.
xix
1. INTRODUÇÃO
20
obstrução de emissores, a manutenção da uniformidade de aplicação de água e os custos de
operação do sistema.
O processo de filtração utilizando filtros de areia ou granulares possui duas operações
básicas de funcionamento: filtração, para a remoção de matéria em suspensão na água
mediante a sua passagem pela areia, e a retrolavagem, etapa utilizada para a limpeza ou
retirada da matéria ou impurezas acumuladas ao longo da camada filtrante. A determinação da
capacidade de filtração e o entendimento do processo de retrolavagem são essenciais para a
operação adequada e otimizada desses equipamentos.
As falhas que podem ocorrer na limpeza dos filtros de areia resultam na deterioração
das condições físicas da camada filtrante, podendo prejudicar o desempenho do equipamento e
comprometer o funcionamento do sistema de irrigação. Quando a retrolavagem não é bem
realizada ocorre o entupimento ou a obstrução da camada de areia, causado pelo fechamento
dos espaços porosos pela presença de materiais suspensos orgânicos ou inorgânicos. A
correção desse processo de obstrução requer modificações nas condições hidráulicas do
sistema para a realização da limpeza, gerando perdas de areia, uso maior de energia nos
equipamentos de bombeamento e maior custo de manutenção.
Um dos problemas mais comuns que ocorrem na operação do sistema de filtragem é a
falta de conhecimento e de treinamento dos agricultores na execução da retrolavagem dos
filtros, que utilizam procedimentos empíricos no momento da limpeza, especialmente na
definição da vazão correta e o tempo de retrolavagem. Aliado a essa questão, a pouca
assistência técnica que os produtores têm, é fornecida pelas próprias empresas fornecedoras
dos equipamentos que recomendam a operação e manutenção dos filtros de areia com pouco
conhecimento teórico sobre os processos de filtragem e de retrolavagem. Adicionalmente, a
inexistência de uma metodologia ou técnica que avalie a eficiência do processo de
retrolavagem, impossibilita a padronização de procedimentos mais adequados. Dessa forma, a
falta de uma metodologia padrão nas atividades de manutenção e operação dos filtros de areia,
obriga os produtores a definir seus próprios procedimentos a partir da sua experiência e de
suas limitações técnicas, induzindo a sérios problemas no uso da irrigação localizada.
A operação correta do processo de retrolavagem requer que a camada filtrante seja
fluidizada, expandindo-se em conseqüência do fluxo reverso da água. A relação vazão-pressão
recomendada para a fluidização do leito filtrante que permite a expansão adequada da camada
21
de areia, varia proporcionalmente com as características granulométricas da areia e da altura
da camada do leito filtrante. Esse procedimento deve ser baseado em vazões predeterminadas
e controladas para atingir a eficácia desejada da limpeza e impedir perdas de areia da camada.
A determinação correta do valor da vazão de retrolavagem é crítico para o processo, pois a
água deve fluir numa vazão diferente do que a vazão de filtragem. A utilização de valores de
vazões de limpeza excessivos resultará na perda do meio filtrante, enquanto que o uso de
valores abaixo do requerido determinará uma limpeza não adequada da camada de filtração.
Portanto, valores de vazões e pressões apropriados de retrolavagem que determinem a
expansão correta da camada de areia devem ser determinados baseados nas características do
modelo de filtro utilizado, da granulometria dos grãos e da uniformidade da areia para que os
objetivos do uso desses equipamentos sejam atingidos dentro das condições técnicas corretas.
Na literatura existem poucas referências bibliográficas sobre o projeto e manutenção
de equipamentos de filtração utilizados na irrigação associada a informações dispersas de
fabricantes. Consequentemente, não se dispõem ainda no Brasil de procedimentos e
informações técnicas detalhadas sobre a operação dos filtros adequadas às nossas condições.
Além disso, os procedimentos utilizados pelos agricultores no momento de fazer a
retrolavagem são baseados na experiência dos operadores e com metodologias pouco
convencionais, por exemplo: a utilização de pressões superestimadas, a definição inadequada
dos tempos de retrolavagem e o uso de areias com granulometrias incorretas.
Portanto, a hipótese desse trabalho é que a relação vazão-pressão recomendada para a
fluidização do leito filtrante durante a retrolavagem, que permite a expansão adequada da
camada de areia, aumenta proporcionalmente com as características granulométricas da areia e
da altura da camada do leito filtrante. Para a sua validação, pretende-se estudar o processo de
retrolavagem pela aplicação da teoria dos leitos fluidizados, na determinação das condições
operacionais ótimas para diferentes modelos comerciais de filtros de que possam ser
recomendadas para se atingir um processo de retrolavagem eficiente nos equipamentos.
22
2. OBJETIVOS
23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
24
como areia fina, mais entopem rapidamente quando se usam para filtrar água com matéria
orgânica e algas; filtros de disco, mais eficientes que os filtros de tela e mais fáceis de limpar
onde a qualidade da filtragem vai depender da espessura das ranhuras; filtros de areia, que
devido a sua constituição interna são responsáveis da filtração das partículas grosseiras e mais
recomendados na presença de contaminação orgânica e de algas. KELLER & BLIESNER
(1990) comentam que os filtros de areia são utilizados principalmente para reter cargas
pesadas de areia muito fina e material orgânico e seu dimensionamento garante o controle
efetivo da qualidade da água de irrigação, visando a redução da obstrução de emissores, a
manutenção da uniformidade de aplicação de água e a evitar o aumento nos custos de
operação do sistema.
LOPEZ et al. (1997) afirmam que os filtros de areia têm uma maior capacidade de
filtração e é recomendável usá-los para remover contaminantes orgânicos e partículas de
matéria em suspensão, por apresentarem uma maior superfície de filtragem. Entretanto,
BRALTS (1986) considera que os filtros de areia podem entupir rapidamente, dependendo da
quantidade de sólidos na água e da eficiência do filtro. Uma das formas de aumentar a
eficiência desses equipamentos seria utilizar no mínimo dois filtros de areia em paralelo, de
forma que se ocorrer o entupimento no meio filtrante de um dos filtros, será possível realizar o
retrolavagem sem interromper o processo de filtração. Além disso, a capacidade de filtração
com dois filtros é maior pela maior área de filtração disponível.
Em geral, a manutenção preventiva e constante constitui-se na melhor solução para
reduzir ou eliminar as causas de entupimento. BERNARDO et al. (2005) consideram os filtros
de areia como uma opção favorável para utilizar em sistemas de irrigação localizada pelas
características próprias de sua funcionalidade e eficiência de remoção, mas, uma busca
constante na pesquisa, aplicadas as condições existentes no Brasil em função do conhecimento
de operação e otimização dos processo da filtração e retrolavagem é recomendado para
ampliar as informações existentes desse equipamento (TESTEZLAF, 2008).
Segundo a ASABE (1994), os filtros de areia são dispositivos que utilizam uma
camada de meio filtrante para remover partículas orgânicas e inorgânicas presentes na água
para irrigação. Fabricados em chapas de aço de carbono na maioria das vezes com
acabamentos internos de pintura epóxi para assegurar a resistência da corrosão e acabamentos
25
externos de resinas para proteção aos raios ultravioletas (TESTEZLAF, 2008). BERNARDO
et al. (2005), assinalam que este tipo de dispositivo normalmente é instalado no inicio do
cabeçal de controle, seguido do injetor de fertilizantes.
A Figura 1 mostra os principais componentes de um filtro de areia. Esse equipamento
é, geralmente, composto tubulações de entrada e saída, duas aberturas localizadas na parte
superior e inferior para preenchimento e esvaziamento da areia, uma placa difusora para
distribuição do fluido, uma camada de areia como meio filtrante, um sistema de drenagem
constituído, na maioria das vezes, por crepinas localizadas na parte inferior da camada de areia
e medidores de pressão para controle.
26
CABELO, 1996). Os sistemas de drenagem (crepinas) suportam a camada de areia e,
permitem a saída da água durante a filtração e entrada ao filtro durante a retrolavagem, sendo
que durante esses processos contribuem com a limpeza da água filtrada evitando
conjuntamente a perda do meio filtrante. Além disso, deve, durante o ciclo reverso da água,
permitir a distribuição uniforme do fluxo através da camada, (BURT, 1994a).
MESQUITA (2010) avaliou três marcas de filtros mais utilizados no Brasil e
determinou para a condição de filtros vazios, que os componentes internos do filtro em
conjunto com cargas hidráulicas acima de 60 m3 m-2 h-1, alteraram a superfície do leito
filtrante no processo da filtração. Entretanto, não se têm registros da influência desses
componentes no processo da retrolavagem, e se estima que as perdas de pressão nesse caso
sejam significativas e estão em função do tipo de componente, e do tipo de distribuição dentro
do filtro. No caso dos drenos, tendo a distribuição é feita de acordo com as especificações e
critérios dos fabricantes, não se tem uma norma padrão para regular os componentes, nem a
quantidade de drenos necessários que permitam uma execução do processo efetivamente.
A escolha dos componentes internos apropriados eleva os níveis de eficiência nos
sistemas de filtração permitindo funcionalidade na operação tanto da filtração como da
retrolavagem, sendo que o comportamento dos componentes é função de requerimentos de
hidráulicos dos equipamentos.
Os filtros de areia devem ser dimensionados de forma que possam assegurar a
qualidade da água em condições máximas de conteúdo de sólidos suspensos de determinados
lugares (HAMAN et al., 1994). O funcionamento desses filtros depende da qualidade da água,
e para LOPEZ et al. (1997), utilizar vazão entre 50 e 70 m3 h-1 m-2, para uma queda máxima de
pressão admitida de 60 kPa, é o intervalo recomendado como normal de vazão. LAWRENCE
(2003) recomenda para os filtros de areia uma vazão de 35 a 60 m3 h-1 m-2 de área do leito
filtrante, sendo que maiores valores de vazão podem ser utilizados quando os contaminantes
da água sejam menor que 10 ppm de matéria em suspensão. Quando a água apresentar 100
ppm de matéria em suspensão, um valor menor vazão deve ser utilizado para evitar
retrolavagens freqüentes nos filtros.
O funcionamento dos filtros de areia está regido por dois processos fundamentais,
filtração e retrolavagem.
27
3.3.1 Processo de filtração
28
(diâmetros de 0,01 até 10 µm) que o tamanho dos poros (RICHTER & NETTO, 2000), sendo
a sua eficácia influenciada principalmente pelos parâmetros físicos e químicos do meio
filtrante.
DI BERNADO & DANTAS (2005) afirmam que a filtração em filtros lentos pode
ocorrer com ação de profundidade ou com ação superficial. No caso da filtração com ação de
profundidade, a retenção das impurezas ocorre em todo meio filtrante e a taxa de filtração é
máxima. Com ação superficial, a retenção das impurezas ocorre somente na superfície (ou
seja, nas primeiras camadas do meio filtrante), e a taxa de filtração é mínima. Para filtros de
areia para irrigação localizada algumas características relacionadas com esse tipo de filtração
são similares.
A eficiência da filtração esta relacionada com as características da água utilizada, as
características granulométricas do meio filtrante, espessura da camada e pelas características
hidráulicas do sistema (WAKEMAN, 2007). Para HAMAN et al. (1994), a eficiência de
filtração dos filtros de areia é medida pela capacidade de remover partículas de um
determinado tamanho, e seu valor aumenta com a redução da granulométrica do elemento. Por
outro lado, a eficiência de remoção é inversamente proporcional à vazão do sistema, ou seja,
quanto maior a vazão, menor será a retenção do meio filtrante.
29
as partículas de menor densidade serão expulsas. Normalmente, se utiliza água filtrada passada
por um ou vários filtros para limpeza de outro filtro.
30
Tabela 1: Vazões recomendadas para retrolavagem (m3 h-1) e por unidade de área (L s-1
m-2) para diferentes diâmetros efetivos do meio filtrante e diâmetros de filtro (HAMAN
et al., 1994)
Diâmetro Diâmetro do filtro (cm)
Efetivo (mm) 45,7 61,0 61,0 91,4 122,0
1,5 11,6 (19,7) 20,7 (19,7) 32,0 (19,5) 45,7 (19,4) 81,8 (19,4)
0,78 5,9 (10,0) 10,9 (10,4) 16,8 (10,2) 23,8 (10,1) 42,7 (10,2)
0,66 7,3 (12,4) 12,9 (12,3) 20,2 (12,3) 28,6 (12,1) 51,1 (12,1)
31
min., incluindo o tempo da passagem da água pela filtração para depois utilizar-la na lavagem
do meio (JOHNSON & CLEASBY, 1966, citado por BHARGAVA & OJHA, 1989)
A retrolavagem em filtros de areia é necessária e é um complemento importante da
filtração, melhorando a qualidade da água e diminuindo os níveis de turbidez presente. Alguns
problemas associados com a filtração podem ser produzidos por excesso ou por inadequação
da retrolavagem. Para a melhoria do desempenho de filtro é preciso considerar o tipo de
equipamento e meio filtrante que se está utilizando para aplicar as vazões apropriadas. Uma
expansão insuficiente do meio filtrante produz uma limpeza inadequada da camada, gerando
diferentes problemas na filtração, como exemplo as oscilações hidráulicas ou mudanças no
fluxo, curtos tempos na filtração e eventualmente formação de aglomerações.
3.3.2.1.1 Fluidização
32
agitação das partículas. Por outro lado, uma camada fluidizada com gases apresenta
heterogeneidade no momento de se expandir e são geralmente de natureza borbulhante e sua
expansão é limitada, raramente é possível observar fluidização total de partículas em sistemas
gás-sólido (DAVIDSON et al., 1985). E, somente em casos muito raros, os sistemas líquido-
sólido se comportam como leitos borbulhantes, ocorrendo somente com sólidos muito densos,
fluidizados com líquidos de baixa densidade.1
Os parâmetros que afetam a fluidização podem ser classificados em dois grandes
grupos: variáveis independentes e variáveis dependentes (Figura 4). As propriedades dos
fluidos e partículas, pressão e temperatura são as principais variáveis independentes. As
variáveis dependentes incluem propriedades especiais de dinâmica e forças (GUPTA &
SATHIYAMOORTHY, 1999)
1
Disponível em: http://www.fluidizacao.com.br/pt/home acesso em Agosto 2010
2
Fonte: adaptado de GUPTA & SATHIYAMOORTHY, (1999)
33
𝑄𝑟 [1]
𝑉𝑠 = .
𝐴
Sendo:
Vs: Velocidade superficial [L T-1].
Qr: Vazão de retrolavagem [L3 T-1]
A: Área da seção superficial do recipiente [L2]
34
Figura 5: Esquema mostrando os regimes de fluidização.1
1
Fonte: adaptado de http://www.fluidizacao.com.br/pt/home. Acesso em agosto 2010
35
Camada fixa ou estática
Fluidização mínima
Fluidização particulada
1
http://www.fluidizacao.com.br/pt/home
36
Fluidização borbulhante
Fluidização turbulenta
Transporte pneumático
Segundo WEBER (1979), um meio filtrante deve ser de um tamanho tal que retenha
uma quantidade significativa de sólidos de efluente em filtração e facilite o processo de
limpeza na retrolavagem. Entretanto, pela quantidade de parâmetros que influenciam os
1
Coalescência: Propriedade de algumas substâncias para juntar-se ou fundir-se com outras numa só.
37
processos é preciso buscar um equilíbrio entre essas condições. Uma areia muito fina permite
resultados ótimos de filtração, mas não permite uma boa penetração de sólidos na camada, não
deixando parte do leito sem utilizar, além de surgirem problemas de acumulações na superfície
da camada, gerando compactações e dificultando sua remoção e necessitando de retrolavagens
freqüentes (HAMAN et al, 1994). Por outro lado, areias grosseiras toleram funcionamentos
prolongados de processos com filtrações pouco efetivas que permitem o entupimento dos
emissores, facilitam a lavagem do meio filtrante, mas precisam de altas vazões para conseguir
expansões que permitam a remoção dos contaminantes. TESTEZLAF (2008) recomenda a
escolha correta do elemento filtrante como fator importante para garantir a eficiência de
remoção do filtro. Segundo BURT (1994a) o fator de seleção dos meio filtrantes deve incluir:
Nível de filtração: determinada pelo planejamento antecipado das características dos
emissores do projeto de irrigação.
Tipo de meio filtrante: distribuição de tamanhos das partículas do meio e as vazões de
projeto
38
3.4.1.1 Tamanho da partícula.
O tamanho das partículas pode ser definido como sendo uma ou várias dimensões
lineares definidas adequadamente para caracterizar uma partícula. Por exemplo, uma partícula
ideal como uma esfera é caracterizada unicamente pelo diâmetro. Partículas de formas
regulares pode geralmente caracteriza-se por duas ou três dimensões. As partículas irregulares
na maioria das vezes, não podem ser definidas, suas dimensões são normalmente definidas
com base em certas propriedades de referência (WEN & YU, 2003).
O peso e a área superficial de partícula dependem do tamanho da partícula e,
conseqüentemente, é considerado um fator importante na determinação do comportamento do
processo da retrolavagem. As partículas menores se fluidizam a velocidades mais baixas do
que as partículas maiores, e sofrem uma maior expansão da camada. Todos os filtros em
condições de funcionamento normal apresentam variabilidade no tamanho de partículas, o que
dificulta a escolha de uma camada com homogeneidade de partículas (BROUCKAERT,
2004). Na prática, a distribuição de tamanho de amostras de meios filtrantes é determinada por
um teste padrão de peneiras com abertura da malha variável de menor a maior, obtendo o peso
em porcentagem das massas de partículas que passam pelas aberturas.
A distribuição de tamanho das partículas é geralmente caracterizada em termos do
tamanho da abertura da peneira pelo qual passa 10% (D10) e 60% (D60) da massa da amostra.
O coeficiente de uniformidade (CU) da amostra é definido como a relação entre tamanhos D60
e D10.
𝐷60
𝐶𝑈 = [2]
𝐷10
39
3.4.1.2 Diâmetro efetivo de partícula
HAMAN et al. (1994) definem o diâmetro efetivo da areia como sendo o tamanho da
abertura de uma tela pela qual passa 10% (D10) de uma amostra, sendo esta uma medida do
tamanho da areia mínimo na escala e, portanto o indicador do tamanho da partícula que pode
ser retido pelo meio filtrante. A Tabela 2 mostra alguns exemplos do valor desse parâmetro e o
equivalente em mesh segundo o diâmetro efetivo correspondente para diferentes materiais
indicados por BURT (1994a), para os tipos de areia mais utilizados nas condições americanas.
Pode-se verificar pela Tabela 2 que os valores de diâmetro efetivo dependem do tipo
de areia, existindo valores menores de diâmetros efetivos que atingem equivalências de mesh
altos.
CLEMENTS & HAARHOFF (2006) consideraram que o diâmetro das partículas
pode ser determinado por peneiramento de amostras, e por contagem de um numero
determinado de grãos de areia conhecendo sua densidade e o volume equivalente. Nos dois
casos reportam pouca diferença nos resultados.
1
Fonte: BURT et al. (1994a).
40
1⁄
6 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 3
𝐷𝑒𝑞 =[ ∗ ] [3]
𝜋 𝜌𝑝
Sendo:
Dp = diâmetro da partícula [L].
Para partículas irregulares a superfície da partícula é calculada segundo na Equação 5.
Sendo:
ψ: esfericidade.
Deq: diâmetro equivalente [L].
Se a esfericidade é conhecida pode-se estimar a superfície da partícula diretamente
pela Equação 5. Entretanto, quando a esfericidade não pode ser estimada, a superfície de
partícula pode ser calculada pelas medições experimentais no gráfico resultante da perda de
carga em função da vazão ao longo de leitos granulares.
41
O conhecimento do valor desse parâmetro é importante para determinação da vazão
requerida de retrolavagem e, também fundamental, no cálculo de perda de carga, fluidização e
expansão do meio filtrante. A Tabela 3 apresenta valores médios de densidade para materiais
usados convencionalmente.
TURAM et al. (2003) utilizaram areias com densidades entre 1.500 a 2.960 kg m-3 e
diâmetros de partículas entre 0,6 a 3,6 mm para demonstrar a influência do meio filtrante na
dissipação de energia na retrolavagem. Esses autores obtiveram que as forças hidrodinâmicas
têm influencia dominante no processo da limpeza do meio granular e, que estas aumentam
com o incremento da densidade e tamanho das partículas.
3.4.1.6 Esfericidade
6
𝜓= [7]
𝑆𝑝 ∗ 𝐷𝑒𝑞
1
Fonte: DI BERNARDO & DANTAS, (2005)
42
Sendo:
Deq: diâmetro equivalente [L]
Sp: área superfície da partícula [L²]
Tabela 4: Exemplos de esfericidade (ψ) de alguns materiais com partículas não esféricas.1
ESFERICIDADE
MATERIAL
(ψ)
Areia
Arredondada 0,86
Pontuda 0,66
Moída 0,8 - 0,9
Carvão
Pulverizado 0,73
Moído 0,63 - 0,75
Carvão ativado 0,70 - 0,90
Mica laminada 0,28
A esfericidade para partículas com formatos regulares pode ser estimada por meios
analíticos, mas para partículas com formatos irregulares existe uma grande dificuldade na
determinação e na proximidade dos resultados.
Fisicamente, a determinação da esfericidade se torna numa experiência difícil e
complexa, mais ainda quando se tem camadas com diferentes tamanhos e formatos. Na
prática, a esfericidade pode ser determinada por métodos visuais comparados com escalas de
valores padronizados (DI BERNARDO & DANTAS, 2005), ou por medições na perda de
carga no meio granular em camadas estáticas e camadas fluidizadas, com variações de
velocidades de escoamento (CLEASBY & FAN, 1981)
1
Fonte: WEN & YU, (2003).
43
3.4.1.7 Rugosidade
𝑉𝑆∗𝜌∗ 𝐷𝑒𝑓
𝑅𝐸𝑝 = [8]
𝜇𝑑
Sendo
REp: Numero de Reynolds da partícula
Vs : velocidade superficial [L T-1 ]
Def: diâmetro efetivo médio da partícula [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [ML-1 T-1]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
44
Quando o fluxo é laminar durante a fluidização as perdas de energia em todo o leito
fixo será função linear da vazão em baixas velocidades superficiais. Como a velocidade
superficial é elevada, existe um ponto em que a diferença de pressão é suficiente para suportar
o peso das partículas solidas. O aumento do fluxo causa uma expansão maior na camada e
determina que as partículas de areia se acomodem de acordo com sua densidade, e quando a
diferença de pressão entre a entrada e a saída do filtro fica igual ou equilibrada, a camada será
fluidizada. Num leito fluidizado as partículas dentro da camada estão em movimentação, e
teoricamente mantêm-se suspensas em equilíbrio (AKKOYUNLU, 2003).
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟𝑜𝑠
𝜀= [9]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎
Para uma fração porosa de areia limpa a porosidade (ε) pode ser calculada com o total
da massa da areia, o total do volume da areia e a densidade da areia, conforme e mostrado na
Equação 10.
(𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 )/(𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 )
𝜀 =1−[ ] [10]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎
45
fluidizados com influência de velocidades superficiais altas, deve-se garantir a distribuição do
tamanho de partícula que facilite a uniformidade de diâmetros, a fim de conseguir expansões
homogêneas.
CLEMENTS & HAARHOFF (2006) asseguram, que a porosidade da camada não é
uma característica constante num leito granular. Quando a camada é submetida a processos de
fluidização sofre uma compactação e o acomodamento das partículas ao termino do processo
afeta consideravelmente a porosidade da camada inicial. Isso é especialmente evidente em
ensaios de laboratório, onde uma ampla gama de valores para a porosidade do leito pode ser
obtido na mesma amostra.
Alguns autores apresentaram evidências experimentais de retrolavagens em camadas
de areia com porosidades entre 0,65 a 0,75. Neste intervalo AMIRTHARAJAH (1978) revelou
resultados de ótimas eficiências de remoção usando granulometria de areia de 0,5 a 0.6 mm de
diâmetro de partícula. Por outro lado, para igual intervalo granulométrico TURAM et al.
(2003) indicaram uma porosidade ótima de 0,7 a 0,75.
O termo perda de carga é definido como sendo a parte da energia potencial de pressão
e de velocidade que é transformada em outros tipos de energia dissipada no processo quando
ocorre escoamento de água em condutos fechados (FERRERIRA, 2005).
46
Segundo TESTEZLAF (2008), a diferença de pressão que é causada pela passagem
da água de irrigação pelo interior do filtro é resultante de dois fatores distintos, a resistência
oferecida pelas partículas do meio filtrante ao movimento da água e as perdas de atrito
determinadas pela estrutura hidráulica do equipamento. Conseqüentemente, num sistema de
filtragem com areia existem perdas de carga determinadas pela estrutura e componentes
internos do filtro e perdas pelo meio filtrante usado.
Em ensaios experimentais, a perda de pressão pode ser determinada com
instrumentos de medição de pressão, na entrada e na saída do filtro que contém a camada
filtrante, sendo a diferença dos valores dos instrumentos de medida a perda de pressão ao
longo da camada de areia estabelecida para uma altura e condições granulometrias em
particular.
47
Figura 6: Exemplos esquemáticos da distribuição de alguns tipos de crepinas em filtros
de areia e os respectivos valores de perda de pressão 1
Nota se na Figura que as perdas de carga dependem predominantemente do tipo de
crepina, existindo configurações com maior quantidade de elementos que oferecem menores
perdas.
Com relação ao material dos drenos, BURT (1994b) assinala que o uso de drenos
fabricados com compostos epóxicos apresentam baixa perda de pressão entre 13,8 a 20,7 kPa,
além de serem eficientes na uniformidade do fluxo devido ao tipo de distribuição que é total
ao longo da seção de área superficial do filtro. Entretanto, apresentam desvantagens como, um
rápido entupimento por partículas de limo ou argilas, pouca resistência ao aumento repentino
de pressão ou ao rompimento, e uma degradação do material. CANALES & DELENIKOS
(1990) afirmam que a utilização de sistemas de drenagem com maior área total de escoamento
e menores perdas de pressão, permitiria economia de energia estimada pelo uso do sistema de
bombeamento, efeito que pode afetar os investimentos de manutenção do sistema de irrigação.
Os fabricantes oferecem variedades de componentes com especificações de perdas diferentes,
os autores recomendam que os componentes de drenos devam manter como base uma perda de
pressão entre os 14 e 41 kPa.
Uma caracterização especifica e particular dos componentes internos dos filtros de
areia, permitiria estabelecer relações entre as estruturas do filtro e os comportamentos que
podem se apresentar nas perdas de carga com uso de material filtrante.
1
Fonte http://www.lakos.com/ acesso em junho de 2010
48
3.5.2 Perdas de pressão do meio filtrante
1
Fonte: adaptado de GUPTA & SATHIYAMOORTHY, (1999)
49
Entre o intervalo A-B, a camada de partículas está estática (região I) e o aumento da
diferença de pressão é linear com o aumento da velocidade em pequenas proporções. Na
região II ocorre uma expansão do leito caracterizado pela igualdade entre a perda de carga e o
peso das partículas especialmente no ponto B, a expansão é atenuada ou tranqüila e as
partículas mudam de posição rearranjando-se. O ponto C é conhecido como o ponto da
mínima fluidização onde a perda de carga e o empuxo está em equilíbrio com o peso aparente
das partículas, existindo pouco contato entre elas GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999).
No intervalo C-D, as partículas apresentam movimentação desordenada com
freqüentes choques entre partículas devido ao aumento da porosidade. Neste intervalo, a perda
de carga sofre uma pequena diminuição. No ponto D, a perda de carga começa a ficar
constante. Um aumento da agitação e perda de carga constante é significativo na região III no
intervalo entre D e E, apresentando um leito em fluidização em grande quantidade. Ao final do
comportamento se apresenta um arraste de partículas na região IV, com a presença de
fluidização continua numa fase “diluída” 1
com as partículas. Uma característica especial
nessa região é a ocorrência de transporte pneumático, algumas vezes com perdas de partículas.
GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999).
A determinação das perdas de carga em estado de camada estática e em estado de
camada fluidizada é importante para criar bases de modelos matemáticos e sua consideração
permitira uma aproximação explicativa ao comportamento fluidizado apresentado em filtros
de areia.
1
Termo que se refere ao estado das partículas onde o aumento da porosidade permite pouco ou não existência de
contato entre partículas.
50
equação fundamental de Darcy-Weisbach (Equação 11), sendo a primeira utilizada para
descrever o fluxo viscoso em meios porosos.
𝐿𝑡 𝑉𝑡 2
∆𝑃𝑡 = 𝑓 [11]
𝐷𝑡 ∗ 2𝑔
Sendo:
ΔPt: Perda de carga na tubulação [L]
f: fator de fricção função do numero de Reynolds na tubulação.
Lt: comprimento da tubulação [L]
Dt: diâmetro interno da tubulação [L]
Vt: velocidade média na tubulação [L T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]
As perdas de carga no estado de camada estática sugerem a determinação das relações
entre modelos matemáticos de perdas considerando o fluxo viscoso representado na Equação
12, conhecida como a Equação de Carman-Kozeny. Enquanto que a equação que considera
perdas de carga no fluxo inercial é modelada pela equação de Burke-Plummer (Equação 13).
∆𝑃 150 ∗ 𝜇𝑑 (1 − 𝜀)2
= 2∗ ∗ 𝑉𝑠 [12]
𝐿 (𝜓 ∗ 𝐷 ) 𝜀3
𝑒𝑞
Δ𝑃 1,75 ∗ 𝜌 ∗ 𝑉𝑠 2 (1 − 𝜀)
= ∗ [13]
𝐿 (𝜓 ∗ 𝐷𝑒𝑞 ) 𝜀3
Sendo,
ΔP: diferença de pressão através do leito [M L-1T-2]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1T-1]
ψ: esfericidade
ρ: densidade do fluido [M L-3]
Deq: diâmetro equivalente [L].
ε: porosidade da camada
L: altura da camada estática [L].
Vs: velocidade superficial [LT-1]
A equação de Carman-Kozeny foi desenvolvida para experimentos com gases, óleos e
água através de camadas de partículas de formatos esféricos e areia moída. Seu uso é
51
recomendado na estimativa de perdas de cargas em filtros lentos com velocidades superficiais
de 4,9 a 12,2 m h-1 e tamanhos de partículas entre 2 a 5 mm de diâmetro (FAIR et al., 1968;
citado por SUMMERFELT & CLEASBY, 1996). O uso da Equação 12 também é sugerido
para baixas velocidades de fluxos baseados no número de Reynolds de partícula (Equação 8)
menores que 10. A equação de Burke-Plummer foi desenvolvida para velocidades superficiais
maiores e numero de Reynolds de partícula maiores que 10 quando o fator de fricção muda em
função da rugosidade.
A combinação da Equação 12 e Equação 13 resulta em um modelo baseado na
analogia de fluxos em tubulações para predizer as perdas de pressão ao longo da camada em
condições de números de Reynolds de partículas variados e em regimes viscosos e inerciais do
fluxo (BROUCKAERT, 2004). Conhecida como a Equação de Ergum (Equação 14) pode ser
usada para predizer comportamentos em camadas fluidizadas com altas velocidades
superficiais:
∆P μ𝑑 (1 − ε)2 (1 − ε) 𝜌
= 150 2 ∗ 3
∗ Vs + 1.75 ∗ ∗ 𝑉𝑠 2 [14]
L (ψ ∗ Deq ) ε ε³ ψ ∗ 𝐷𝑒𝑞
Sendo,
ΔP: diferença de pressão [M L-1T-2]
L: altura da camada estática [L]
Deq: diâmetro equivalente [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1T-1]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ψ: esfericidade
ε: porosidade da camada
Vs: velocidade superficial [LT-1]
Nota-se que a primeira parte da Equação 14 corresponde à perda de energia viscosa
que é proporcional a velocidade superficial (Vs). A segunda parte corresponde às perdas de
energia cinética, sendo proporcional a velocidade superficial ao quadrado (Vs2).
Adicionalmente, a equação mostra que as perdas de pressão dependem do fluxo, da
granulometria da partícula, da porosidade, da esfericidade e da viscosidade do fluido.
52
3.5.2.2 Perdas de carga em estado de camada fluidizada
∆𝑃
= (1 − 𝜀) ∗ (𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔 [15]
𝐿
Sendo,
ΔP: diferença de pressão [M L-1T-2]
L: altura da camada estática [L]
ε: porosidade da camada
ρp: Massa especifica da partícula [M L-3]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
g: aceleração da gravidade [LT-2]
Alguns valores de perda de pressão em camadas fluidizadas para diferentes tipos de
meio filtrante são apresentadas por SUMMERFELT & CLEASBY (1996) na Tabela 5, usando
os parâmetros de massa especifica da partícula (ρp), densidade do fluido (ρ) e porosidade (ε)
da Equação 15:
Tabela 5: Perda de pressão ao longo da altura da camada em camadas fluidizadas para
diferentes meios filtrantes
Carvão
Parâmetro Areia Antracito Granito
ativado
ΔP/L (kPam-1) 8,5 – 9,6 1,70 – 3,80 1,4 – 2,45 11,7 – 17,6
ρp (gcm-3) 2,65 1,45 – 1,73 1,3 – 1,5 3,6 – 4,2
ε 0,42-0,47 0,56 – 0,60 0,50 0,45 – 0,55
SHOLJI & JOHNSON (1987) afirmam que existem novos modelos matemáticos que
conseguem se aproximar da avaliação do processo de retrolavagem, pois desenvolvem
relações entre mais variáveis de importância, mas esses modelos não conseguem demonstrar a
relação entre os regimes do fluxo em relação com o diâmetro das partículas de areia.
Segundo TESTEZLAF (2008) o desenvolvimento de modelos matemáticos mais
precisos que estimem a perda de carga em filtros de areia sob condições pressurizadas que
53
tenham como base a teoria de escoamento em meios porosos e considere as diferenças
estruturais entre equipamentos, permitirá a otimização do dimensionamento pela simulação do
seu desempenho quando empregado em diferentes condições de operação.
𝐿0− 𝐿
%𝐸 = ∗ 100 [16]
𝐿
Sendo:
E: Percentagem de expansão (%)
L0: Expansão da camada [L]
L: Altura da camada estática [L]
54
Segundo RICHTER & SCREMIN (2006), a relação entre a porosidade e as alturas de
camada em qualquer estado de expansão é refletida pela Equação 17:
𝐿0 (1 − 𝜀)
= [17]
𝐿 (1 − 𝜀0 )
Sendo:
L0: Expansão da camada [L]
L: Altura da camada estática [L]
ε: Porosidade da camada.
ε0: Porosidade da expansão.
A Equação 17 tem a restrição de ser válida no caso de não existirem perdas do meio
filtrante durante a fluidização, ou seja, se o volume de grãos dentro da camada permanece
igual antes e depois da expansão (AKKOYUNLU, 2003).
A teoria da expansão refere-se a recomendações de expansões para filtros lentos, não
existindo uma recomendação de expansão para filtros de areia para irrigação, mas pelos
princípios similares de fluidização entre os dois tipos de filtros, pode-se fazer uma analogia
das recomendações baseado ao principio fundamental. Segundo WEBER (1979), as
experiências nas especificações gerais dos filtros sugerem que a camada deve se expandir na
faixa de 20 a 50% da altura total da camada sendo que MURPHY (2006) concorda com as
expansões citadas. CLEASBY (1972) citado por AKKOYUNLU (2003) indica que as
percentagens de expansão dependem do tipo de meio filtrante, do tamanho de partículas e dos
coeficientes de uniformidade. BROUCKAERT (2004) indica que na prática as expansões
devem ser geralmente em torno de 25% devido principalmente à distribuição de tamanho do
meio filtrante.
O modelo matemático básico usado na maioria das pesquisas para relacionar a
velocidade de retrolavagem ou velocidade superficial (Vs) e a porosidade (ε), é representada
pela Equação 18 de Richarson & Zaki (BROUCKAERT, 2004).
𝑉𝑆 = 𝑘𝜀 𝑛 [18]
Sendo:
Vs: velocidade superficial [LT-1]
55
ε: Porosidade da camada
k : constante que dependente da unidade da Vs [L T-1]
n: constante que dependente da densidade, formato e diâmetro da partícula.
A Equação 18 foi derivada para aplicações em partículas esféricas a partir dos valores
da velocidade de sedimentação da partícula, resultando na Equação 19 (CLEASBY & FAN,
1981).
𝑉𝑠
= 𝜀𝑛 [19]
𝑉𝑖
Sendo:
Vs : velocidade superficial [LT-1]
Vi: velocidade de sedimentação da partícula [L.T-1]
ε: Porosidade da camada
n: coeficiente de expansão
A velocidade de sedimentação (Vi) pode ser calculada graficamente a partir do log. ε
e do log Vs segundo a Figura 8.
No ponto da intercepção entre o eixo da velocidade superficial (Vs) com a curva
corresponde à velocidade de sedimentação (Vi), sendo, a inclinação da curva entre a
porosidade mínima (ε0) e Vi , corresponde ao coeficiente de expansão “n” dependente das
características da partícula. O ponto A onde a porosidade deixa de ser constante e inicia o
aumento para se tornar em porosidade de expansão será a velocidade mínima de fluidização
(Vmf).
1
Adaptado de AKKOYUNLU (2003).
56
Quando não se conhece o valor da porosidade da camada sem considerar a forças de
fricção do fluido nas paredes do recipiente, em sedimentação livre, a Equação 20 pode ser
aplicada para estimar o valor da velocidade de sedimentação em função do numero de
Reynolds da partícula.
𝜇𝑐 ∗ 𝑅𝐸𝑝
𝑉𝑖 = [20]
𝐷𝑝
Sendo:
Vi: velocidade de sedimentação da partícula. [L T-1]
μc: viscosidade cinemática do fluido [L2 T-1]
REp: Numero de Reynolds da partícula
Dp: diâmetro da partícula [L].
A Equação 8 pode ser modificada para ser utilizada num intervalo comum de
velocidade de sedimentação livre e calculada a partir da relação do diâmetro equivalente da
partícula (Deq), a massa especifica da partícula e a viscosidade dinâmica do fluido,
representada da seguinte forma:
𝑚
𝐷𝑒𝑞 3 ∗ 𝜌(𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔
𝑅𝐸𝑃 = 𝛼 ∗ [ ] [21]
𝜇2
𝜌(𝜌𝑝 −𝜌)𝑔
O termo é conhecido como o numero de Galileu. (Ga)
𝜇2
1
Fonte : RICHTER & SCREMIN (2006).
57
A porosidade de uma camada filtrante expandida (ε0), em função da velocidade
superficial pode ser estimada pelo rearranjo do modelo proposto por Richardson–Zaki na
Equação 19:
1⁄
𝑉𝑠 𝑛
𝜀0 = [ ] [22]
𝑉𝑖
Sendo:
ε0: porosidade num ponto determinado de expansão
Vi: velocidade de sedimentação da partícula. [L T-1]
Vs : velocidade superficial [L.T-1]
n: coeficiente de expansão que é função do numero de Reynolds da partícula e pode ser
calculado pela Equação 23.
1
= 𝛽 ∗ 𝑅𝐸𝑝 𝜃 [23]
𝑛
Sendo:
β, θ: variáveis dependentes das características da partícula. Sendo os seus valores
determinados experimentalmente para meios filtrantes mais comuns (Tabela 7).
1
Fonte : RICHTER & SCREMIN (2006)
58
Segundo CLEASBY & FAN (1981) os valores típicos de “n” para diferentes tipos de
meios filtrantes estão dentro do intervalo entre 2,5 e 4,5 e, dependendo do tamanho, forma e
densidade das partículas do meio podem assumir valores de 3,1 até 3,4 para camadas de areia.
Numa primeira proposta do primeiro grupo de modelos, RICHARSON & ZAKI
(1954) citado por SIWIEC (2007), recomendam determinar o coeficiente de expansão “n”,
supondo uma forma esférica para as partículas e de acordo com as seguintes Equações:
𝐷𝑝
𝑛 = 4.65 + 20 ∗ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑅𝐸𝑝 < 0.2 [24]
𝐷𝑐
𝐷𝑝
𝑛 = (4.4 + 18 ∗ ) ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,03 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,2 < 𝑅𝐸𝑝 < 1,0 [25]
𝐷𝑐
𝐷𝑝
𝑛 = (4.4 + 18 ∗ ) ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,1 𝑝𝑎𝑟𝑎 1,0 < 𝑅𝐸𝑝 < 200 [26]
𝐷𝑐
𝑛 = 4,4 ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,1 𝑝𝑎𝑟𝑎 200 < 𝑅𝐸𝑝 < 500 [27]
Sendo
Dp: diâmetro de partícula [L]
Dc: diâmetro da coluna de ensaio [L]
Entretanto, como as partículas não têm formato esférico, e pelas dificuldades para
determinar os parâmetros de forma, CLEASBY & FAN (1981) propõem a determinação do
coeficiente de expansão a partir da relação com a esfericidade, apresentada na Equação 29:
Dp
n = (4,45 + 18 ∗ ) ∗ REp −0,1 ∗ ψb [29]
Dc
Sendo:
𝑏 = −2,9237 ∗ 𝜓0,884 ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,363
Outra proposta empírica para o calculo do coeficiente de expansão, que atende o
grupo de equações universais foi feita por LIMTRAKUL et al. (2005) citado por SIWIEC
(2007) que se diferencia das equações anteriores, por combinar o calculo do numero de
Reynolds da partícula com o numero de Galileu da Equação 21, resultando na Equação 30:
59
5.09 + 0,284 ∗ 𝑅𝐸𝑝 0,877
𝑛= [30]
1 + 0,104 ∗ 𝑅𝐸𝑝 0,877
1
Adaptado de SIWIEC, (2009).
60
Normalmente, o valor experimental é maior do que o valor teórico como
conseqüência de diversos fatores que podem afetar a sua determinação. Os valores da
porosidade (ε) e perda de pressão (ΔP) neste ponto corresponderam aos valores de porosidade
mínima de fluidização (εmf) e perda de pressão mínima de fluidização (ΔPmf). Como
característica do comportamento na perda de pressão, ZHIPING et al. (2007) afirmam que a
velocidade mínima de fluidização diminui com o incremento da pressão. A influência da
pressão na velocidade mínima de fluidização é mais intensa para partículas maiores que para
partículas menores.
Segundo CLEASBY & LOGSDON (1999), o cálculo da velocidade de mínima
fluidização é importante na determinação dos requisitos mínimos de vazão na retrolavagem,
sendo que a sua intensidade faz com que a camada se comporte de diferentes formas,
permitindo estabelecer o ponto inicial da expansão da camada de areia. Para CLEASBY &
FAN (1981) o abordagem racional para esse cálculo é baseado no fato de que perda de pressão
na camada fixa (Equação 14) é igual ao valor constante da perda de pressão do leito no ponto
de fluidifização (Equação 15). Portanto, a equação de Ergun pode ser igualada à perda de
carga constante e resolvida para o cálculo da velocidade mínima de fluidização, resultando na
Equação 32. A exatidão dos resultados depende dos valores utilizados para esfericidade (ψ) e
para porosidade da camada (εmf) dificultando, na maioria das vezes, o seu calculo, quando não
se tem dados reais dos parâmetros.
2
μ𝑑 (1 − ε𝑚𝑓 ) (1 − ε𝑚𝑓 ) 𝜌 [32]
150 2∗ ∗ Vmf + 1.75 ∗ ∗ 𝑉 2 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) ∗ (𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔
(ψ ∗ Deq ) ε 𝑚𝑓
3 ε 𝑚𝑓 ³ ψ ∗ 𝐷𝑒𝑞 𝑚𝑓
Sendo
Vmf: velocidade mínima de fluidização [L T-1]
Deq: diâmetro equivalente da partícula [L]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ρp: Massa especifica da partícula [M L-3]
εmf: porosidade mínima de fluidização
ψ: esfericidade da partícula
μd: viscosidade do fluido [M L-1 T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]
61
Para superar essa limitação, WEN & YU (1966) encontraram a existência de uma
correlação empírica entre a porosidade mínima da fluidização (εmf) e a esfericidade (ψ)
apresentada na Equação 32, que corresponde a valores aproximados estimados pelas
Equações 33 e 34:
(1 − 𝜀𝑚𝑓 )
≅ 11 [33]
𝜓2 𝜀𝑚𝑓 3
1
≅ 14 [34]
𝜓𝜀𝑚𝑓 3
Sendo:
Vmf: velocidade mínima de fluidização [L T-1]
Deq: diâmetro equivalente da partícula [L]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ρp: massa especifica da partícula [M L-3]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1 T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]
62
grande parte sua caracterização, é preciso continuar na busca por um modelo que integre as
condições de cada camada. Adicionalmente, o desenvolvimento de um modelo que consiga
simular os comportamentos de perda de carga, expansão e velocidade mínima de fluidização
em filtros de areia para irrigação, permitirá atingir condições ideais para otimizar as
eficiências dos processos de filtração e retrolavagem.
63
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Como primeira etapa do processo de avaliação de campo dos filtros de areia, foi
desenvolvido um questionário prático que caracterizasse as principais questões sobre a
operação realizada pelos produtores quando utilizam sistemas de filtração, distinguindo o
manejo técnico desse processo (Anexo E).
O questionário serviu como registro de informações detalhadas solicitadas ao
produtor, que incluía dados básicos como: identificação da propriedade, origem ou fonte da
água destinada a irrigação, operação e o manejo do filtro na propriedade, manutenção e a
assistência técnica disponibilizada pela empresa fornecedora, técnicas de manejo nos filtros,
tempos de operações tanto na parte da filtração como na parte da retrolavagem.
64
4.1.2 Visitas técnicas
65
Novas amostras aleatórias de areia eram retiradas após do termino do ciclo, para se
determinar o desempenho do processo de retrolavagem.
As amostras de areia coletadas nas visitas foram submetidas a uma análise física de
propriedades granulométricas para se determinar as condições do meio filtrante no momento
da realização da retrolavagem realizado pelo produtor, e para se determinar a eficácia da
remoção do processo. Adicionalmente, foram realizadas determinações da quantidade de
matéria orgânica volátil, utilizando o procedimento gravimétrico ou método da calcinação
(Loss of Ignition) adaptado para amostras de areia. A opção por essa metodologia levou em
consideração a resistência a altas temperaturas dos componentes da areia de sílica, que
permitia submeter às amostras a altas temperaturas sabendo que a matéria orgânica, devido a
sua menor resistência, pode ser calcinada facilmente num tempo determinado (SILVA et al.
1999). O procedimento utilizado consistia basicamente das seguintes etapas:
Identificação das amostras coletadas (Figura 10a);
Pesagem de uma quantidade de areia, colocando um peso conhecido em cadinhos
(Figura 10b);
Colocar as amostras em estufa, a uma temperatura de 150 oC, para eliminar parte da
umidade, por um período de duas horas. Após esse tempo as amostras eram pesadas
novamente (Figura 10c);
As amostras eram levadas a uma temperatura de 250 oC numa estufa, tipo mufla,
durante duas horas para eliminação da matéria orgânica volátil. Após esse
procedimento as amostras eram pesadas novamente (Figura 10d).
A diferença entre o peso inicial das amostras e o peso das amostras após a passagem
pela mufla resultava no peso de matéria orgânica volátil presente na amostra de areia. Os
resultados das análises das amostras coletadas antes e após da retrolavagem foram tabulados
para cada uma das propriedades visitadas e, o valor da porcentagem da remoção de matéria
orgânica do processo estimada, utilizando como referência o peso inicial das amostras.
66
a. Identificação das amostras b. Pesagem das amostras
4.2.1 Local
67
modulo de retrolavagem, são apresentados na Figura 11, sendo acoplados ao sistema de
bombeamento por meio de tubulação de PVC com DN 50 PN 80.
Figura 11: Esquema da montagem do módulo experimental com filtro para análise do
processo de retrolavagem
Legenda: 1). Registro entrada, 2). Medidor de vazão ultra-som, 3). Medidor de vazão eletromagnético, 4).
Tomadas de pressão, 5). Registro na saída.
68
Variação por temperatura: ±1 μA por °C, máx.
1
Fonte: www.nei.com.br/images/lg/227795.jpg, acesso fevereiro 2010
69
O medidor ultra-som foi calibrado para o ensaio de cada filtro e foi instalado no
mínimo a 10 vezes o diâmetro da tubulação na entrada após do registro 1, garantindo um
trecho de tubulação livre de qualquer tipo de obstáculo que pudesse influenciar nas condições
do sinal.
Figura 13: Esquema para digitalização de sinal analógico (Fonte: MONTEIRO, 2005)
Do conjunto hardware fazem parte todos os componentes físicos que servem para
adquirir, processar, armazenar o sinal analógico que será interpretado como sinal digital por
uma placa de aquisição de dados.
Para a conversão das leituras analógicas para digital foi empregada uma placa de
aquisição de dados Marca National Instruments, Modelo PCI 6221, com 16 canais de entrada
analógicos e quatro canais de saída, instalada internamente na placa mãe de um PC com as
seguintes especificações.
Numero de canais: 16
Velocidade de amostragem: 250 KS/s
Resolução: 16 bits
70
Intervalo de voltagem Max: -10/+10 Volts
Intervalo da voltagem Min: -200/-200 mV
Memória interna: 4095 amostras.
Para medir a grandeza física da pressão foram utilizados três transdutores de pressão
da marca Freescale modelo MPX5700DP eletromagnético com seis pins e entradas
diferenciais. Dois transdutores foram utilizados para a determinação da pressão absoluta na
entrada e saída do módulo, e outro para a estimativa do diferencial de pressão entre esses
pontos, e que foram selecionados para atender as faixas de pressão necessárias para as
fluidizações das camadas dos meios filtrantes. Esses transdutores tinham as seguintes
especificações:
Voltagem de saída: 4,75 a 5,25 Vdc
Intervalo de pressão: 15 a 700 kPa
Sensibilidade: 6.4 mV/kPa
Linearidade +- 2,5 % VFSS
71
Os transdutores foram conectados a duas tomadas de pressão do tipo integral (Figura
15), onde a pressão é registrada em quatro pontos ao redor do diâmetro da tubulação, e
instalada atendendo a norma ASABE (1994).
72
4.2.4 Condições experimentais
4.2.4.1 Água
A norma ASABE (1994), recomenda a realização de ensaios com filtros de areia com
a água em temperaturas variando em um intervalo entre 10 a 38 oC. Os ensaios foram
realizados com água proveniente do sistema de abastecimento urbano do município de
Campinas, armazenada num reservatório com capacidade aproximada de 50 m3 no laboratório,
o que garantiu visibilidade suficiente para os registros fotográficos dentro dos filtros.
1
Fonte: MESQUITA (2010)
73
Tabela 8: Caracterização das propriedades físicas das areias utilizadas nos ensaios1
GRANULOMETRIA COMERCIAL
CARACTERISTICA
G1 G2 G3
Coeficiente de uniformidade (CU) 1,51 1,27 1,34
Diâmetro efetivo (mm) 0,5 0,85 1,15
Diâmetro equivalente (mm) 0,90 1,10 1,60
Porosidade (ε) 43 42 41
Esfericidade (ψ) 0,82 0,82 0,82
Massa especifica (ρs(g*cm ))-3
2,67 2,67 2,67
1
Fonte: MESQUITA (2010)
74
Buscando um método que permitisse o monitoramento e a gravação de imagens
durante o processo da retrolavagem e, particularmente, sobre o momento da fluidização da
camada filtrante foi preciso modificar a estrutura do corpo do filtro com instalação de janelas
na forma visores de vidro com dimensões de 13 cm por 43 cm, e uma espessura de 15 mm,
fixado com uma resina epóxi especial. (Figura 18), projetadas para suportar a pressão máxima
de trabalho dos ensaios.
Para gerar uma referência de comparação entre os componentes dos filtros e o uso das
camadas de areia, caracterizou-se na primeira parte dos ensaios, a perda de carga para os
filtros vazios, ou seja, sem a presença do meio filtrante, e com o escoamento ocorrendo no
mesmo sentido do processo de retrolavagem.
O procedimento foi realizado aplicando as recomendações dos fabricantes para
vazões de trabalho, respeitando as condições do sistema de bombeamento utilizado e baseado
nas recomendações de vazão para retrolavagem sugeridas por HAMAN et al. (1994),
conforme apresentado na Tabela 1. Para os filtros com diâmetro de tubulação de entrada de 50
mm, as vazões de retrolavagem mínimas recomendadas pelos fabricantes eram: 9 e 18 m 3 h-1,
por outro lado, para o filtro com diâmetro de entrada de 75 mm, o valor recomendado era de
50 m3 h-1. Entretanto, foi possível atingir alguns valores de vazão acima do recomendado para
analise de comportamentos extremos.
75
A vazão da água na tubulação de entrada dos filtros foi utilizada como referencia para
calcular o primeiro parâmetro de controle, a velocidade superficial, que segundo as
recomendações de PIZARRO (1996) deve ser mínimo de 0,01 m s-1 para limpeza dos filtros.
No caso dessa pesquisa, as velocidades escolhidas pretendiam avaliar condições abaixo e
acima do recomendado. Assim, a velocidade superficial máxima atingida foi de 0,070 m s -1
para F1, 0,045 m s-1 para F2 e 0,044 m s-1 para F3, e os ensaios com meio filtrante foram
realizados variando a velocidade em intervalos cada 0,005 m s-1 iniciando de 0,0 m s-1 até o
máximo valor em cada filtro, particularmente, optou-se por utilizar valores intermediários de
velocidades para comparações mais detalhadas.
Como segundo parâmetro de controle, as alturas da camada de areia, foram definidas
baseadas nos conceitos da teoria da fluidização e nas recomendações feitas por BERNARDO
et al. (2005) que afirmam que as camadas de areia nos filtros devem ter como mínimo uma
altura de 50 cm de espessura, e VERMEIREN & JOBLING (1984) que recomendam que para
a camada filtrante se eleve adequadamente não deve ultrapassar 1 m de altura. Entretanto, as
condições de ensaio restringiam estas recomendações, pois camadas com essa altura
ultrapassavam os níveis superiores das janelas impedindo a observação das superfícies das
camadas, ou atingiam o nível máximo do comprimento do corpo do filtro, que era menor que a
altura recomendada. Dessa forma, decidiu-se por assumir com altura de referência o
comprimento existente entre o nível do difusor de entrada do filtro e o nível de instalação das
crepinas.
Assim, a altura útil e disponível para fluidização do leito foi assumida como a
diferença de altura entre a superfície do leito filtrante e o difusor do filtro. Foram definidas
três alturas representativas deste comprimento para cada filtro selecionando: uma altura
mínima (25% do comprimento), uma altura média e uma altura máxima (25% do comprimento
abaixo do difusor), apresentadas na Tabela 10:
Tabela 10: Alturas da camada filtrante ensaiadas para os filtros avaliados
ALTURA ALTURA ALTURA
ALTURA UTIL PARA
FILTRO MINIMA MEDIA MAXIMA
FLUIDIZAR (cm)
A1 (cm) A2 (cm) A3 (cm)
F1 60 15 30 45
F2 45 11 22,5 34
F3 47 12 23,5 35
76
Os valores escolhidos de altura para as camadas atendiam as recomendações de
VERMEREIN & JOBLING (1984), garantindo assim a ocorrência do processo da fluidização
do leito sem exceder alturas maiores de areia que pudessem causar perdas de areia, nem
alturas menores que não conseguissem fluidizar-se.
O terceiro parâmetro de controle da pesquisa era a granulometria da areia com as
características físicas apresentada na Tabela 8. Os ensaios para cada filtro foram iniciados com
areia de menor granulometria G1, até a maior granulometria G3, variando as alturas da
máxima A3 para a mínima A1, e controlando a velocidade da entrada em ordem ascendente.
Em particular, para um filtro obteve-se uma matriz de ensaios de 9 velocidades, 3
alturas (A1, A2 A3), por granulometria (G1, G2, G3), resultando 81 ensaios, que tiveram três
repetições (R1, R2, R3), totalizando 243 ensaios (Figura 19). Dessa forma, todo experimento,
resultou num total para os 3 filtros de 729 ensaios com meio filtrante e 81 ensaios com filtros
vazios. As repetições foram feitas a fim de diminuir a dispersão de dados com respeito nos
valores médios obtidos e eliminar em grande parte os ruídos que podem ocorrer nos sinais
produzidos por dispositivos elétricos.
77
A duração dos ensaios para cada velocidade era de aproximadamente de 3 min., com
100 segundos de aquisição de dados, o que permitia o registro de 100 valores emitidos pelos
tradutores de pressão com intervalos de 1 segundo. A tomada de dados era realizada após a
estabilização do sistema, o quê demorava entre 10 e 12 minutos, para um total aproximado de
2 horas por camada e 6 horas por filtro para primeira repetição.
78
4.3 Avaliação dos resultados obtidos
A análise realizada nos filtros vazios tinha como objetivo caracterizar o efeito dos
componentes estruturais dos filtros (Anexo D) no comportamento da perda de pressão em
função da vazão, com a água circulando no sentido de retrolavagem.
Os valores obtidos da diferença de pressão foram tabulados (Anexo A) em planilhas
de calculo e representados graficamente em função da carga hidráulica (CH) para cada filtro.
As comparações foram realizadas entre os três filtros analisando o tipo de fluxo em analogia
com comportamentos em escoamentos de tubulações delineados pela determinação do número
de Reynolds, dado pela Equação 36:
𝑉𝑆∗𝜌∗ 𝑑𝑓
𝑅𝐸 = [36]
𝜇𝑑
Sendo:
RE: Número de Reynolds
Vs: velocidade superficial [L.T-1]
df : diâmetro do filtro [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [ML-1 T-1]
ρ: massa especifica do fluido [M.L-3]
79
4.3.3 Avaliação dos filtros com meio filtrante
Para as comparações das perdas de carga devido ao efeito do meio filtrante, foi
necessário eliminar da perda de carga total os valores correspondentes ao equipamento e seus
componentes. Dessa forma, da diferença entre o valor obtido experimentalmente nos ensaios
com meio filtrante e o valor experimental da perda de pressão para o filtro vazio, resultou a
perda de pressão gerada na camada filtrante seguindo a metodologia usada por BURT (2010).
Os valores resultantes são mostrados na Tabela 29 do Anexo C.
80
4.4 Comparações e modelagens matemáticas dos resultados obtidos
81
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
MARBELLA
P1 530 2 100 60 680 2 anos Bom
MARBELLA 15
P2 570 4 130 120 790 Excelente
meses
P3 MARBELLA
540 2 100 80 690 15 anos Regular
E1
MARBELLA
E2 540 2 100 80 690 15 anos Bom
*Modelo especificado pelo site da empresa fornecedora segundo as características avaliadas
82
Coincidentemente, todos os filtros avaliados eram da marca MARBELLA, sendo que
somente as diferenças entre os diâmetros dos filtros determinaram a heterogeneidade na
capacidade de filtração. O filtro de P1 tinha o menor tamanho e diâmetro dos filtros avaliados,
e P2 utilizava 4 filtros de maior diâmetro instalados em uma bateria, enquanto P3 utilizava
filtros similares para E1 e E2 do mesmo diâmetro.
Os filtros das propriedades P1 e P2 apresentavam boas condições físicas externas,
devido especialmente ao tempo de uso menor, que era 2 anos e 15 meses respectivamente,
enquanto, os filtros da propriedade P3 tinham um tempo de uso de 15 anos, sem troca de
equipamentos.
Figura 21: Curvas granulométricas das amostras de areia coletada das visitas
83
avaliadas devido à presença de carvão ativado no meio. Como as partículas de carvão eram de
dimensões maiores que os grãos de areia, a quantidade de grãos de carvão eram maiores nas
peneiras de maior mesh, diminuindo a quantidade que passavam nas outras peneiras,
influenciando as características físicas do meio granular. A areia presente em P1 se
caracterizou por apresentar uma inclinação com tendência mais vertical, significando que a
distribuição granulométrica para esta amostra foi mais homogênea. Da mesma forma, a areia
contida em P3 resultou numa curva com declividade paralela à curva P2, apresentando uma
distribuição granulométrica similar o perto a P2, com exceção do fato que a distribuição de
partículas foi menor que 1,5 mm de diâmetro.
Tabela 12: Características físicas das areias utilizadas nos filtros avaliados.
PROPRIEDADE
CARACTERISTICA
P1 P2 P3
Coeficiente de uniformidade (CU) 1,33 1,45 1,56
Diâmetro efetivo (mm) 0,75 0,9 0,62
Diâmetro equivalente (mm) 1,12 1,19 1,15
Porosidade (ε) 0,473 0,49 0,474
Esfericidade (ψ) 0,76 0,72 0,75
Massa especifica (ρ (gr cm ³))
-
2,82 2,51 2,63
84
uma altura de camada que ultrapassava o limite recomendado associado ao tempo de uso dos
filtros, o que pode ter determinado uma seleção de granulometrias.
Segundo a classificação de areias apresentada por BURT (1994a) na Tabela 2, a partir
dos valores calculados é possível comparar que para os diâmetros efetivos de 0,75 mm e 0,65
para P1 e P3 respectivamente, correspondem a uma peneira de mesh 200. Segundo o autor,
essas condições o meio filtrante não conseguiria remover partículas menores de 0,06 mm de
diâmetro. O maior diâmetro efetivo de 0,9 mm para P2 corresponderia, a um material de
granito moído e uma equivalência de 140 a 200 mesh, permitindo remover partículas menores
que 0,08 mm. Dessa forma, se forem utilizados emissores com um valor de diâmetro de
orifício igual ou menor aos valores descritos para remoção de partículas ocorrerá problemas de
entupimento (BURT, 1994a; LOPEZ et al. 1997).
As porosidades das areias avaliadas apresentaram valores próximos, tendo P1 e P3
uma porosidade igual, apesar da diferença entre granulometrias. A esfericidade sugere que
quanto mais próximo o valor fique de 1, o formato da partícula é mais arredondado,
característica importante na retrolavagem, mas diferente para a filtração, que precisa partículas
menos esféricas. O valor desta variável foi praticamente igual para as três areias avaliadas,
inferindo uma forma quase esférica para as partículas. No caso de P2, devido a presença de
carvão ativado ocorre uma mudança nos valores, efeito que WEN & YU (2003) compararam
na Tabela 4 para meios mais comuns usados na filtração. A esfericidade para o carvão é 0,75,
dentro do intervalo comum para areias, que é de 0,7 – 0,8, sendo que seu valor não modifica
significativamente muito esta propriedade.
85
As atividades e manejo da filtração e da retrolavagem eram realizadas manualmente
por pessoas contratadas, que utilizavam procedimentos recomendados pelos fornecedores
dos equipamentos. Essas pessoas não receberam treinamento para a realização dessas
operações e não tinham conhecimento dos processos e das rotinas de manutenção.
Na análise visual dos filtros abertos, a situação mais relevante encontrada foi os níveis
nas alturas da camada utilizadas. Todos os filtros continham areia até o nível máximo de
preenchimento, ultrapassando os limites recomendados pela literatura para viabilizar a
expansão do leito filtrante. A fluidização inadequada do leito foi confirmada na propriedade
P1, onde, após a abertura do filtro foi constatado que a camada de areia não havia se
movimentado.
A decisão para a realização da retrolavagem adotada pelos produtores era pelo tempo
de irrigação, o que determinava tanto sub como sobre estimativas desse momento. A
propriedade P3, que possuía os equipamentos de filtração E1 e E2, utilizava uma freqüência
de retrolavagem de 10 a 30 minutos (tempo que demorava a irrigação) com 15 minutos de
duração do processo. Na propriedade P2, a duração da retrolavagem era de 3 min., após 25
min de tempo da irrigação por cada filtro, enquanto a propriedade P1 utilizava 5 min.
A variabilidade encontrada nos tempos de execução das retrolavagens nas
propriedades era conseqüência direta das recomendações dos fornecedores de equipamentos,
demonstrando a necessidade de se aplicar conhecimentos existentes para determinação da
freqüência e da duração da operação baseada nas características hidráulicas do filtro, nas
condições dos meios filtrantes e da qualidade da água.
Na Tabela 13 são apresentados os valores das características hidráulicas dos filtros
avaliados no processo de retrolavagem em campo: vazão de sistema (Qs), área superficial do
filtro (As), carga hidráulica (CH), vazão de retrolavagem (Qr), velocidade superficial (Vs),
altura da câmara filtrante (H), altura da camada (L), pressão na entrada (PE) e saída do filtro
(PS) e diferencial de pressão (ΔP) do filtro depois da retrolavagem.
86
Tabela 13: Parâmetros avaliados da retrolavagem nos equipamentos das propriedades
visitadas.
Qs As CH Qr¹ Vs H L P.E² P.S² ΔP²
PROPRIEDADE (m³h-1m²)
m³h-¹ m² m³h-¹ mh-1 m m kPa kPa kPa
P1 27,3 0,28 97,5 13,6 48,4 0,4 0,35 392 - -
P2 84,0 1,13 74,3 21,0 18,6 0,6 0,5 675 606 69
E1 30* 0,50 60,0 15,0 29,8 0,45 0,4 344 - -
P3 106,0
E2 53** 0,50 26,5 52,7 0,45 0,35 248 206 42
¹ Vazão calculada para um filtro só
² Pressão para o numero de filtros usados em cada propriedade
*dado estimado segundo a curva da bomba utilizada, eficiência da bomba 57%
**dado estimado segundo a curva da bomba utilizada, eficiência da bomba 40%
87
altura entre o nível da camada e o difusor da ordem de 5 a 10 cm, não atendendo as
recomendações de VERMEIREN & JOBLING (1984). Este fato limita o processo da
retrolavagem, pois caso se consiga expandir a camada filtrante, as partículas de areia serão
expelidas para fora do filtro.
Os valores de vazão para retrolavagem de P2 e E1 estão baixos das recomendações de
PIZARRO (1996) e BERNARDO et al. (2005). Analisando os valores anteriores com relação
nas alturas de camada, é possível notar que nos filtros que apresentaram uma velocidade baixa
(P2 e E1) não tinham suficiente condição hidráulica para atingir a expansão da camada de
areia, somando a isso, a velocidade teria que vencer o peso gerado pelo volume da areia
preenchida até o limite imposto pelos difusores. Isso significa que a vazão utilizada não estava
gerando uma movimentação mínima da camada, nem efetuando a remoção de partículas
contaminantes, sem ocorrer a limpeza efetiva do leito. Apesar de P1 apresentar condições de
velocidade de 48,4 m.h-1, o que permitiria eliminar parte das impurezas, não seria possível
expandir adequadamente a camada pelo fato de contar com uma altura de camada de 35 cm
em uma câmara de filtração disponível de 40 cm.
A determinação do diferencial de pressão (ΔP) entre a entrada e a saída do filtro
momentos antes da retrolavagem, somente foi possível para P2 e E2 em P3, pois nos outros
filtros avaliados não havia manômetros ou locais para a sua instalação na saída do filtro.
PIZARRO (1996) e BERNARDO et al. (2005) informam que a perda de carga para um filtro
limpo está no intervalo de 10 a 30 kPa, com velocidades superficiais de limpeza maiores a 40
m h-1. Dessa forma esperava-se que para filtros em condições de uso normal o intervalo
recomendado seja maior, tendo em vista que na medida em que o meio filtrante vai retendo
partículas sua perda de carga vai aumentando. Segundo BURT (1994b) o valor da perda de
carga em condições normais estaria entre 21 a 34 kPa. O equipamento E2 apresentou uma
queda de pressão de 42 kPa para os 2 filtros em serviço. Ao estimar uma queda de pressão
igual para os dois filtros que estavam em série, cada filtro ficaria com uma perda de 21 kPa e
atingiria as recomendações. Por outro lado, o filtro P2, cuja camada caracterizou-se por
apresentar uma quantidade significativa de material orgânico e partículas de limo (Figura 22),
foi obtido um valor de 69 kPa para a perda de pressão nos 4 filtros em serviço, dessa forma,
estimando a queda de pressão para cada filtro ficaria em torno de 15 a 20 kPa, não
correspondendo ao valor mínimo recomendado para retrolavagem.
88
Figura 22: Fotografia mostrando a presença de limo na camada de areia.
Em resumo, as variáveis avaliadas mostram que a operação do filtro de E2 cumpre
parte das recomendações de altura da camada, velocidade e perdas de pressão, o que
determinaria a um processo de retrolavagem dentro dos parâmetros recomendados normais.
Entretanto, a eficiência de remoção teria que ser avaliada para se determinar se o equipamento
esta cumprindo totalmente as condições de limpeza dos meios filtrantes.
Uma observação freqüente durante a avaliação dos filtros nas propriedades foi à
presença de matéria orgânica em quantidades significativas retidas no interior dos meios
filtrantes, o que exigiu a busca por um método para quantificar essa presença e verificar se a
remoção desse material era adequada após a limpeza dos filtros. Em filtros lentos, a
penetração do material suspenso ocorre na superfície da camada filtrante até 40 cm de
profundidade, sendo que no topo da camada de areia se desenvolve uma camada biológica. O
crescimento desta camada aumenta a remoção de partículas menores e proporciona remoção
de matéria orgânica e inorgânica. (VARESCHE, 1989; citado por MARRARA 2005). Nos
filtros de areia utilizados na irrigação também ocorreram esse processo, pois foi verificada em
alguns filtros a formação de “crostas” de matéria orgânica, que além de gerar obstrução no
processo de filtração ao diminuir a área de filtragem e dificultar a remoção na retrolavagem,
pode causar perdas de pressão consideráveis no filtro (PIZARRO, 1996).
As amostras de areia retiradas dos filtros avaliados foram submetidas a análise em
laboratório para determinação da matéria orgânica retida pelo meio filtrante no processo da
filtração e comparada com a matéria que ficou após do processo de retrolavagem, e os
resultados apresentados na Tabela 14. A porcentagem de remoção apresentada nessa Tabela
indica o valor da quantidade removida de matéria orgânica para um processo de retrolavagem.
Essa determinação se mostrou uma forma de avaliação simples e rápida, diferente da
89
eficiência de remoção que utilizou analise do efluente o que implicaria avaliação para várias
condições de qualidade de água.
90
submeter a areia a 105°C. SILVA et al. (1999) afirmaram que a calcinação possui problemas
inerentes ao seu princípio, uma vez que a temperatura alta pode provocar perdas de
componentes de água estrutural (componentes da estrutura dos minerais do solo) atribuída a
compostos orgânicos. Tal fato pode causar uma superestimação nos valores calculados. Dessa
forma a metodologia utilizada pode não apresentar uma informação exata, dificultando, assim,
as analises dos resultados. Portanto, devido a essa possível variação de metodologia justifica a
necessidade de novos estudos para encontrar e adaptar uma metodologia de quantificação da
eficácia do processo de retrolavagem utilizando a matéria orgânica presente nos meios
filtrantes.
91
liquido-solido, identificáveis em três filtros avaliados, e que ocorreram na seguinte ordem:
regime da camada estática ou leito fixo, regime fluidização mínima e regime da fluidização
particulada. Como caso especial pouco freqüente nos sistemas liquido-solido, o regime da
fluidização borbulhante foi descrito por ter sido verificado em alguns momentos dentro das
fluidizações experimentais. Diferentemente da teoria e da prática com outros modelos de
filtros, os regimes de turbulência e transporte pneumático, não foram verificados nesse estudo.
O primeiro por ser um regime próprio de sistemas fluidizados por gases, e o segundo por
limitações nas dimensões dos filtros.
Nesse estudo, foi utilizada a velocidade superficial (Vs) como a principal variável
controlada para determinar o estado ou ponto de transição dos regimes como é indicado por
GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999). Dessa forma, os regimes foram identificados na
medida em que um aumento na velocidade superficial denotava a ocorrência de diferentes
efeitos na fluidização. Nos tópicos seguintes serão descritos os tipos de regimes encontrados
para cada filtro avaliado, com ajuda de fotografias tiradas no momento de ocorrência do
regime, mostrando o comportamento da superfície e ao longo da altura da camada.
92
Figura 23: Comportamento do regime de camada estática para os filtros F1, F2 e F3
93
Tabela 15: Intervalos de velocidade superficial (mh-1) no regime de camada fixa para
cada granulometria nos três filtros ensaiados
VELOCIDADE SUPERFICIAL Vs (m h-1)
FILTRO L (cm) G1 G2 G3
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 68,4
F1 30 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 72,0
45 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 68,4
11 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
F2 22,5 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
34 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
12 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0
F3 23,5 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0
35 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0
94
Esse tipo de regime não apresentou um intervalo de ocorrência específico. O evento
aparecia quando a velocidade aplicada incitava ao movimento e ao levantamento das
partículas, por efeito da passagem da água pelos espaços intersticiais da camada. A definição
do momento exato da ocorrência era pouco percebível, devido a que, na maioria dos casos, a
movimentação era inferior a 1 cm de altura, e pelo levantamento não ser homogêneo.
Nesse regime, as características das camadas filtrantes sofreram modificações,
principalmente, a porosidade (ε), que aumentava o seu valor pelo efeito da expansão do leito.
Igualmente, devido a expansão do leito, a camada apresentava um incremento da altura
proporcional à velocidade aplicada. O regime de fluidização mínima pode ser caracterizado
pelos seguintes parâmetros: velocidade mínima de fluidização (Vmf), altura mínima de
fluidização (Lmf) e porosidade mínima de fluidização (εmf)
O registro fotográfico que evidencia o comportamento da fluidização mínima é
mostrado para os três filtros avaliados na Figura 24, sendo que as alturas que foram tomadas
de referencia para o comportamento do regime foram de 15, 11 e 23,5 cm para os filtros, F1,
F2 e F3, respectivamente.
95
Preliminarmente ao levantamento mínimo, foi possível perceber pequenos
movimentos das partículas de menor tamanho na superfície, gerado pela condição de
heterogeneidade da areia (a granulometria apresentou diferentes tamanhos de partícula no
mesmo intervalo granulométrico). Esse fato serviu como indicador de que a fluidização
mínima iria ocorrer, sendo que depois disso apareciam os primeiros indícios de movimentação
na superfície em forma de bolhas.
Na Figura 24 é possível observar no perfil dos filtros, que a camada de areia
apresentava uma expansão de poucos centímetros, acima da altura inicial (L), até a altura de
mínima fluidização (Lmf). Por exemplo, para o F1, a camada saiu de uma altura de 15 cm para
16 cm, em F2 de 11 cm para 12,5 cm e em F3 de 12 cm para 12,5 cm, registrando expansões
menores de 5% da altura total da camada (L). Durante esse regime, foi possível notar que na
superfície começam a surgir pequenos movimentos causados por bolhas, acompanhadas de
partículas levantadas que emergiam do interior da camada até a superfície. Essa
movimentação ocorria lentamente e a quantidade de bolhas geradas era entre uma e duas
acima das crepinas. O levantamento da camada dentro dos filtros não foi homogêneo e, para
alguns dos casos, foi percebível somente em uma das janelas do filtro. Este efeito pode ser
justificado pela distribuição heterogênea do fluxo devido à configuração de instalação das
crepinas. Não era visível nesse regime o aparecimento de outros tipos de movimentação ao
longo da altura da camada.
Na Tabela 16 estão relacionadas as velocidades mínimas de fluidização (Vmf)
encontradas nesse regime para cada filtro
Tabela 16: Velocidades mínimas de fluidização (mh-1) no regime de fluidização mínima
para cada granulometria nos três filtros ensaiados.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
FILTRO L (cm) G1 G2 G3
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 28,8 57,6 72,0
F1 30 28,8 57,6 72,0
45 28,8 57,6 72,0
11 36,0 54,0 72,0
F2 22,5 36,0 54,0 72,0
34 36,0 46,8 72,0
12 36,0 43,2 61,2
F3 23,5 36,0 43,2 61,2
35 36,0 43,2 61,2
96
É possível observar que para F1 o momento da mínima fluidização iniciou numa
velocidade superficial menor (28,8 mh-1) na granulometria G1. O filtro F3 apresentou a menor
velocidade mínima de fluidização para as granulometrias G2 e G3 com valores de 43,2 e 61,2
mh-1, respectivamente. As maiores velocidades na granulometria G1 foram atingidas com o
valor igual de 36,0 mh-1 para F2 e F3, e para G2 foi de 57,6 mh-1 para o filtro F1 e, para G3
foi tanto para F1 como para F2 com valores similares dede 72,0 mh-1. As variações de
velocidades encontradas mostram o efeito da granulometria no momento de ocorrência da
mínima fluidização, sendo que em termos gerais, a granulometria menor G1 precisou de
menor velocidade de fluidização em comparação com G2 e G3. O diâmetro equivalente (Deq)
de G1 era menor, portanto existe a tendência que elas sejam levantadas com menor velocidade
superficial, assim, o aumento da granulometria vai requerer um incremento da velocidade para
vencer o maior peso das partículas. Neste ponto a porosidade da camada sofre uma
modificação diretamente proporcional com o levantamento (Lo) e a velocidade superficial.
Pode-se verificar pela Tabela 18 que a alturas da camada avaliadas não afetaram o momento
da ocorrência do regime, independente do filtro utilizado.
97
movimentos lentos que facilitava o registro da altura de expansão. Nesta condição, a camada
de areia estará fluidizada totalmente.
A Figura 25 apresenta os registros fotográficos do comportamento da superfície da
camada e uma vista lateral do regime da fluidização particulada dos filtros avaliados. Para a
estimativa da expansão da camada usou-se como referência as alturas de camada iniciais
mínimas para os três filtros que correspondem para F1, 15 cm, F2, 11 cm e F3, 12 cm.
Na avaliação desse regime ficou evidente na superfície da areia, a ocorrência de
movimentos contínuos ascendentes localizados em pontos logo acima das crepinas, criando
uma movimentação da metade da altura para cima ao longo da camada, sendo que da metade
da altura para baixo, perto da base das crepinas, não se registrava movimentação visível.
Adicionalmente, as paredes dos três filtros avaliados apresentaram áreas de camadas de areia
sem mobilização, ou seja, estáticas. Em condições de operação normal de retrolavagem de
filtros em campo este fato pode ser considerado um problema devido a possibilidade de
ocorrer áreas na camada de areia sem limpeza, facilitando o acúmulo de material contaminante
e de partículas orgânicas que podem obstruir e diminuir a área filtrante.
98
Na Figura pode ser observada a elevação da camada de areia, desde a altura inicial
(L) até uma altura denominada altura de expansão (Lo), utilizada para a estimativa e
comparação da expansão produzida nos três filtros. O filtro F1 teve uma altura de expansão
média de 9 cm, enquanto F2 apresentou 5,5 cm e F3 6,8 cm. Nesse regime os filtros
apresentaram expansões entre 10 e 50% da altura total inicial da camada. As camadas
filtrantes com menores alturas foram observadas expansões de até 100%, como é o caso do F1
para todas as granulometrias ensaiadas, devido ao maior espaço livre na câmara de filtração
disponível para o processo de expansão. Notou-se também, que ao final do regime ocorreram
perdas mínimas eventuais de areia de menores granulometrias, como conseqüência do
aumento de velocidade superficial. Esta ocorrência foi mais comum nos filtros com menores
câmaras de filtração, como F2 e F3. A análise de expansão do leito filtrante ficou prejudicada
para os ensaios com camadas de alturas maiores, devido a impossibilidade de visualização do
interior do filtro.
Em geral, o filtro F1 mostrou uma expansão de camada mais uniforme e homogênea,
sendo possível determinar as posições da camada na medida em que se aumentava a
velocidade superficial. Ao contrário, F2 apresentou mais agitação e turbulência na superfície e
sua expansão não foi homogênea, enquanto F3 registrou um comportamento localizado de
turbulências em áreas centrais da superfície da camada e pouca movimentação nas áreas
circundantes das paredes do filtro.
As velocidades superficiais necessárias para atingir este regime eram velocidades
maiores que de outros regimes, o que dificultava tanto o controle como a sua obtenção no
sistema hidráulico. A Tabela 17 mostra o registro das velocidades superficiais encontradas
nesse regime da fluidização particulada, sendo que os valores representam o intervalo do
inicio e o final aproximado do regime.
Um dos problemas encontrados na manutenção e ampliação desse regime no interior
dos filtros foram as dimensões dos equipamentos, que apresentavam uma altura livre limitada
para expansão da camada. Dessa forma, para alguns intervalos somente foi possível atingir as
velocidades máximas marcadas na tabela, cujas expansões das camadas chegavam até a
tubulação de saída dos filtros e, que, na maioria dos casos, determinam perdas de areia do
sistema.
99
Tabela 17: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da fluidização particulada para
cada granulometria.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
L
FILTRO G1 G2 G3
(cm)
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
F1 30 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
45 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
11 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
F2 22,5 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
34 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
12 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
F3 23,5 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
35 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
*Obs.: Máxima velocidade superficial atingida pelo sistema
100
elevação apresentada pela camada serve como indicador no controle do nível para evitar
perdas de areia nas camadas.
101
Figura 26: Comportamento da camada no regime borbulhante para os filtros F1, F2 e F3
Tabela 18: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da camada borbulhante para cada
granulometria ensaiada.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
L
FILTRO G1 G2 G3
(cm)
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
F1 15 147,6 - 201,6* 205,2 - 252,0* 234,0 - 252,0*
11 129,6 - 162,0* 147,6 - 162,0*
F2 22.5 129,6 - 162,0* 147,6 - 162,0*
F3 12 147,6-158,4 - -
*Obs.: Máxima velocidade superficial atingida pelo sistema.
102
Nota-se na Tabela, o limite das máximas velocidades superficiais possíveis de serem
alcançadas, dificultando a avaliação correta do intervalo de ocorrência para este regime. Ainda
assim, para F1 o valor aproximado do inicio para G1 de 147,6 mh-1 até 234,0 mh-1 em G3,
demonstra a condição de aumento da velocidade superficial (Vs) com o aumento da
granulometria da camada.
O regime da camada borbulhante pode ser uma vantagem quando se apresenta
durante a fluidização particulada, suas características de movimentação e turbulência ajudam a
eliminar e desarrumar materiais aderidos de difícil remoção. Entanto, esse regime pode
apresentar desvantagens quando se apresenta no regime de transporte pneumático, devido a
que permite um levantamento acelerado das partículas facilitando a perda ou saída delas, além
disso, podem ocorrer variações na diferencia de pressão que em sistemas automatizados
provocaria problemas no controle. O aparecimento de borbulhas nas camadas depende
principalmente das configurações das crepinas nos filtros, segundo o tipo de fluxo criado pelas
crepinas podem causar a aparição de direções preferentes e canalizações em áreas
determinadas do leito.
Em resumo, pelas condições e características avaliadas dos regimes e observações
dos comportamentos no momento dos ensaios, foi possível distinguir a ocorrência dos regimes
nos três filtros de acordo com a literatura sobre leitos fluidizados. O filtro F1, por apresentar
homogeneidade em suas fluidizações, permitiu a distinção das mudanças de regime na maioria
das camadas, efeito que foi influenciado pelas características de fluxo e localização dos
componentes internos do equipamento.
O funcionamento ótimo dos filtros no processo da retrolavagem depende da
homogeneidade do levantamento da camada desde o inicio da mínima fluidização, pois dessa
característica dependerá a realização de uma limpeza efetiva tanto na superfície como ao
longo da camada. Pelas características que apresenta de velocidades superficiais baixas, o
regime da mínima fluidização possivelmente não supre as condições ótimas recomendadas de
limpeza na retrolavagem. Para fornecer uma recomendação do regime ótimo na retrolavagem
é preciso, antes de tudo, analisar a qualidade da água utilizada para irrigação e,
principalmente, a concentração de sólidos suspensos para assim determinar as condições do
que se quer eliminar.
103
5.2.2 Caracterização hidráulica dos filtros na retrolavagem
A partir dos valores médios de perda de carga, apresentados nas Tabelas 23, 24 e 25
do Anexo A, foram construídos os gráficos dessa variável em função da carga hidráulica (m3
m-2 h-1) e do número de Reynolds, calculado pela Equação 36 e representado nas curvas da
Figura 27.
REf
0 5000 10000 15000 20000 25000
90.0
80.0
70.0
60.0
ΔP (KPa)
50.0
40.0
F1
30.0
F2
20.0 F3
10.0
0.0
0
0.00 50
50.00 100
100.00 150
150.00 200
200.00 250
250.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹
Figura 27: Curvas da variação de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m3m-2h-1) e do número de Reynolds para os filtros avaliados vazios
104
proporcional com a área superficial, e F1 tem a menor área da seção do corpo cilíndrico (0,125
m²), isso permitia atingir uma carga hidráulica no valor de 250,3 m3 m-2h-1, ao contrário de F2
e F3, cujas áreas superficiais eram 0,196 m² e 0,441 m², respectivamente, possibilitando
atingir cargas hidráulicas máximas de 162,3 m3 m-2h-1 para F2 e 159,9 m3 m-2h-1 para F3.
Para um mesmo valor de carga hidráulica, verifica-se que F1 fornece valores menores
de perda de carga quando comparado com F2 e F3. No intervalo entro 0 e 60 m3 m-2h-1, as
perdas de pressão para F3 e F2 apresentaram valores próximos (Anexo A), significando que,
para intervalos de cargas hidráulicas menores esses filtros apresentam comportamentos
similares. A partir 60 m3 m-2h-1, a curva correspondente a F3 começa se afastar de F2. Os
comportamentos apresentados pelos equipamentos podem ser atribuídos às diferentes
configurações dos componentes internos de cada filtro.
MESQUITA (2010) caracterizou a estrutura dos difusores presentes nos filtros
avaliados e encontrou que o formato e as dimensões reduzidas do difusor do filtro F3
aumentavam a perda de carga durante o processo de filtração. Isso foi evidenciado igualmente
na retrolavagem, onde os formatos dos difusores influenciam na perda de carga pela geração
de resistência ao fluxo e a mudança na sua direção na saída do filtro. Além disso, as
conformações estruturais característica de cada crepina, podem causar resistência ao fluxo na
retrolavagem e incrementar a perda de carga nesse processo. O filtro F1 dispõe de 4 crepinas
compostas de discos com pequenas ranhuras entrecruzadas, como mostra as figuras do Anexo
D (Figuras 42 e 43, enquanto o filtro F2 tem 8 crepinas cilíndricas posicionadas conforme as
Figuras 45 e 46, e o filtro F3 apresenta um sistema de braço coletor com 22 crepinas,
conforme as Figuras 48, 49 e 50. É possível afirmar que o sistema de crepinas de F3, por ser
um sistema hidráulico mais complexo de distribuição da água e por possuir uma área de
abertura total de 11,3 cm² aumenta a perda de pressão, oferecendo maior resistência ao
escoamento do efluente. Por outro lado, o filtro F1 possui uma área de 19,3 cm² e a
distribuição das crepinas produziram uma menor diferença de pressão em função da carga
hidráulica. Em comparação, o filtro F2 que tem 10,7 cm² de área de abertura total, apresentou
perda de carga inferior ao do filtro F3. Dessa forma, é possível afirmar que existe uma relação
entre perda de carga e área de abertura das crepinas, indiferente do numero de crepinas e da
distribuição dentro do filtro, pois filtros com menores áreas de abertura apresentaram maiores
diferenças de pressão para cargas hidráulicas similares.
105
A análise do comportamento do fluxo dentro dos filtros, fazendo uma analogia aos
regimes de escoamentos para tubulações, permitiu observar as condições de turbulência com o
aumento do valor da carga hidráulica. Dessa forma, para carga hidráulica de 40 m3 m-2 h-1
(PIZARRO CABELLO, 1996), recomendado como valor mínimo na retrolavagem, pode-se
notar que as curvas de perda de carga dos filtros começam a se afastar, exatamente para
número de Reynolds acima de 4.000, ou seja, no início do regime completamente turbulento.
Pela análise realizada na condição de ausência da areia, foi possível concluir que os
filtros de areia que possuam componentes internos que apresentem baixos valores de perda de
carga devem ser considerados ideais para operações tanto na filtração como na retrolavagem.
Os resultados obtidos demonstraram como os elementos internos dos filtros interagiram de
forma significativa no processo de perda de carga, e que a combinação dos componentes
internos (crepinas e difusor) apresentada no filtro F1, foi a que apresentou a melhor relação de
perda de carga por aumento de carga hidráulica. Entretanto, estudos devem ser realizados para
avaliar o tipo de distribuição das linhas de fluxo geradas por esses componentes no interior do
filtro para garantir uma uniformidade de escoamento na camada filtrante.
Os dados experimentais da variação da perda de carga nos filtros com meio filtrante
em função das alturas da camada e das granulometrias, que estão apresentados nas Tabelas 26,
27 e 28 no Anexo B, permitiram a estimativa da porcentagem de expansão sofrida pelas
camadas de areia. Os resultados indicam também o valor das alturas ótimas do leito filtrante e
os valores da velocidade superficial (Vs) que possibilitam a realização do processo de
retrolavagem de forma efetiva. Os filtros foram avaliados individualmente variando as alturas
da camada filtrante de acordo com a Tabela 10 da metodologia proposta, sendo que os valores
máximos apresentados nas curvas indicam o valor máximo de velocidade superficial atingida
em cada ensaio, devido às limitações encontradas de espaço na câmara filtrante.
Com os valores médios dos resultados dos ensaios foram confeccionadas as curvas da
Figura 28, que relacionam a variação da perda de pressão (ΔP), com a velocidade superficial
(Vs), para as diferentes granulometrias e alturas de camada. Ressaltando os intervalos de
106
ocorrência dos diferentes regimes de fluidização, apontados como a base do processo da
retrolavagem.
G1
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm Filtro Vazio
80
70
Diferença de Pressão (kPa)
60
50
40
30
20 Vmf
10
G2
0
G2
80
70
Diferença de Pressão (kPa)
60
50
40
30
Vmf
20
10
0
G3
G3
80
70
Diferença de Pressão (kPa)
60
50
40
30
20
Vmf
10
0
0.000
0 0.010
36 0.020
72 0.030
108 0.040
144 0.050
180 0.060
216 0.070
252
(mh-¹)
Velocidade superficial (m.seg-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
107
Nota-se na Figura 28 que o comportamento das curvas apresentadas pelo filtro F1
para granulometrias avaliadas foi do tipo exponencial, seguindo o mesmo comportamento ou
tendência para os ensaios do filtro vazio. A curva correspondente a altura de 45 cm se
apresentou acima das outras alturas de camada para todas as granulometrias, mas praticamente
não houve diferença entre os valores de perda de carga encontrados para as condições
avaliadas. Pelas curvas obtidas é possível afirmar que a altura das camadas e as granulometrias
da areia não afetaram a relação de perda de carga com a velocidade superficial, apresentando
praticamente o mesmo comportamento do filtro vazio.
As ocorrências dos regimes descritos no tópico 5.2 estão limitadas pela velocidade
superficial aplicada, assim, os comportamentos da perda de carga ao longo dos regimes
mostram o seu aumento até o final da ocorrência de cada regime, proporcional à velocidade.
Dessa forma, a diferença de pressão que ocorre na mudança do regime de camada fixa para
camada particulada foi denominada diferença de pressão de mínima de fluidização. Para a
granulometria G1 os valores de perda de pressão neste ponto para as três alturas oscilaram em
torno de 4 kPa, enquanto para G2 foi de 8 kPa e G3 de 10 kPa.
A avaliação da percentagem (%) de expansão do leito filtrante gerada pela mudança
dos valores de velocidade superficial (m s-1) está representada na Figura 29. A diferença dos
intervalos de velocidade superficial ensaiados para cada camada, que são mostrados na Figura,
ocorreu devido às diferentes disponibilidades de espaço de expansão no interior do filtro,
sendo que as camadas menos espessas permitiam atingir maior expansão para o mesmo corpo
do equipamento.
Pela Figura 29 é possível observar que o processo de expansão do leito se inicia em
um valor específico de velocidade superficial, denominado de velocidade de mínima
fluidização. A comparação entre as granulometrias ensaiadas mostra que os valores
encontrados para esse ponto foram de 28,8 57,6 e 72,0 mh-1 para G1, G2 e G3,
respectivamente. Com exceção da altura de 30 cm para a granulometria G3, que apresentou
uma expansão em 86,4 mh-1, pode-se afirmar que as alturas da camada praticamente não
afetaram o início do processo de expansão e, o comportamento apresentado pelas curvas
permite discernir que quanto maior a granulometria, maior é o valor da velocidade de mínima
fluidização necessário para iniciar a expansão do leito, sendo que a altura da camada não
afetou o seu valor.
108
G1
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm
250
225
200
150
125
100
75
50
25
0 G2
250 G2
225
200
Expanção da Camada (%)
175
150
125
100
75
50
25
250
G3
225
200
Expanção da Camada (%)
175
150
125
100
75
50
25
0
0.000 0.010 0.020 0.030 0.040 0.050 0.060 0.070 0.080
0 36 72 108 144 180 216 252 288
Velocidade
Velocidadesuperficial
superficial(m.seg-¹)
(mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
109
A análise do gráfico gerado para cada granulometria permite observar que a camada
com altura de 15 cm apresentou maior percentual de expansão para o mesmo valor de
velocidade superficial, quando comparado com as demais alturas. As alturas de 30 e 45 cm
apresentaram valores idênticos de expansão com o aumento da velocidade superficial dentro
do filtro. Esse fato demonstra que pode existir um valor mínimo de altura de camada de areia a
partir da qual não ocorre mudança no valor da velocidade superficial de mínima fluidização.
Para as granulometrias G1 e G2 na camada com altura de 15 cm é possível observar
um aumento na declividade da reta, a partir dos valores de 115,2 e 172,8 mh-1,
respectivamente. Esses pontos correspondiam à mudança repentina da expansão para o mesmo
regime de fluidização, sendo que seu comportamento, a partir desse ponto, se mantém para o
resto das velocidades atingidas de forma linear, o que supõe que um comportamento
influenciado pelas características dinâmicas do fluxo.
110
granulometria. Igualmente para os regimes de fluidização particulada, nota-se que os
intervalos de ocorrências acontecem para valores diferentes de velocidade superficial.
G1
Altura 11 cm Altura 22.5 cm Altura 34 cm Filtro vazio
80
60
50
40
30
Vmf
20
10
80 G2
70
Diferença de Pressão (kPa)
60
50
40
30
Vmf
20
10
G3
80
70
Diferença de Pressão (kPa)
60
50
40
30 Vmf
20
10
0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade
Velocidadesuperficial
superficial(m.s-¹)
(mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
111
A diferença de pressão, para todo o comportamento da curva, é crescente em função
da velocidade superficial aplicada. No ponto da mínima fluidização, a diferença de pressão
atinge valores de 5,0, 6,5 e 14 kPa para G1, G2 e G3, respectivamente. Entretanto, para o
mesmo valor de velocidade superficial comparada nas três granulometrias, os valores de
diferença de pressão não apresentam mudança comparativa, com valores próximos para as três
alturas de camada.
A comparação das percentagens de expansão do leito filtrante em função das
velocidades superficiais aplicadas ao filtro F2 é mostrada na Figura 31, caracterizando seu
comportamento segundo o regime ocorrido em cada caso.
Segundo a Figura 31 as camadas iniciam sua movimentação numa velocidade
superficial entre 28,8 a 36,0 mh-1 para G1, entre 43,2 a 57,6 mh-1 para G2 e entre 61,2 a 72,0
mh-1 para G3, pontos nos quais inicia o regime da fluidização particulada, com tendência
linear com o aumento da velocidade. A curva de 11 cm de altura para a granulometria G1
apresentou um ponto de inflexão na curva de expansão para o valor de 108,0 mh-1 de
velocidade superficial, comportamento também evidenciado no filtro F1. Esse comportamento
permite inferir que as camadas de menor altura, dependendo do espaço disponível na câmara
de filtração, têm uma maior expansão, na maioria das vezes, durante o regime da fluidização
borbulhante quando as velocidades são maiores.
Observa-se na granulometria G1 um comportamento semelhante entre as diferentes
alturas de camada, com valores próximos entre elas, a partir do inicio da movimentação. Pode-
se afirmar que as condições de altura não apresentaram diferenciação na expansão da camada.
Esse fato não ocorreu nas granulometrias G2 e G3, onde os valores da porcentagem de
expansão foram diferenciados a partir do inicio da mínima fluidização, com uma menor
declinação apresentada na altura de 34 cm e muito próxima na altura de 22,5 cm. A
predominância do comportamento que atinge a maior porcentagem de expansão é observada
para a altura de 11 cm, devido às condições internas que permitiram atingir velocidades
superficiais maiores pelo comprimento maior da câmara de filtração.
Portanto, para valores da velocidade superficial acima do ponto de velocidade mínima
fluidização, as camadas apresentaram expansões diferenciadas nas três granulometrias, sendo
maiores para a granulometria G1 em comparação com G2 e G3, mostrando que quanto maior a
granulometria menor será a expansão para um mesmo valor de velocidade superficial.
112
G1
Altura 11 cm Altura 22.5 cm Altura 34 cm
175
125
100
75
50
25
G2
175
Elevação da Camada (%)
150
125
100
75
50
25
G3
175
150
Elevação da Camada (%)
125
100
75
50
25
0
0.000 0.005 0.010 0.015 0.020 0.025 0.030 0.035 0.040 0.045 0.050
0 18 36 54 72 90 108 126 144 162 180
Velocidade superficial (m.s-¹)
Velocidade superficial (mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
113
5.2.2.2.3 Avaliação do filtro F3
90
Diferença de Pressão (kPa) 80
70
60
50
40
30
Vmf
20
10
100 G2
90
Diferença de Pressão (kPa)
80
70
60
50
40
30
Vmf
20
10
100 G3
90
Diferença de Pressão (kPa)
80
70
60
50
40
Vmf
30
20
10
0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade Superficial (m.s-¹)
(mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
114
Pela Figura 32 pode-se verificar que, até o valor da velocidade mínima de
fluidização, o incremento nas perdas de pressão apresenta uma faixa linearmente proporcional
ao aumento da velocidade superficial, nas três granulometrias avaliadas, fato que é
característico em camadas fluidizadas na faixa do regime da camada estática. Particularmente
para as granulometrias G1 e G2, o valor da diferença de pressão foram próximos a 6 kPa,
enquanto para G3 foi de 15 kPa
É possível observar também na Figura 32, o efeito dos componentes internos do filtro
F3, quando as curvas correspondentes as diferentes alturas da camada acompanham o padrão
de tendência do filtro vazio. Assim como os outros filtros avaliados o filtro F3 apresentou um
comportamento predominantemente exponencial ao longo da variação do aumento da
velocidade superficial. Verificou-se que, apesar da proximidade das curvas, as alturas maiores
da camada sempre apresentaram acima das menores alturas. No caso da granulometria G1, a
curva de altura de 12 cm apresentou um afastamento mais pronunciado, com relação à curva
do filtro vazio, a partir do valor de 72,0 mh-1 da velocidade superficial. Esse comportamento
pode ser explicado pela ocorrência de entupimento interno nas crepinas por partículas menores
que as suas aberturas com acumulação superficial.
Além do efeito do entupimento das crepinas contribuir para um aumento da perda de
carga, observou-se também, que após a finalização da retrolavagem, a superfície da areia
sofria modificações com relação ao plano horizontal da camada conforme a Figura 33.
Pela Figura 33, nota se a existência de elevações da areia localizadas nas paredes do
filtro e uma depressão côncava perto da tampa de esvaziamento do equipamento, este efeito
foi evidenciado por MESQUITA (2010) no processo da filtração, que explicou esse
comportamento pela distribuição do fluxo gerado pela estrutura do difusor de entrada. Neste
caso esse comportamento pode ser justificado pelas características de fluxo gerado pelo tipo
115
de crepina. A ocorrência desse fenômeno especificamente nesse filtro pode se tornar relevante
em condições normais de operação, por criar caminhos preferenciais no fluxo da retrolavagem
em locais de menor resistência. Esse fato pode dificultar o levantamento e expansão da
camada de forma homogênea, diminuindo a eficiência de limpeza e gerando acumulação de
partículas contaminantes nas depressões ao iniciar a filtração. Adicionalmente, a superfície da
camada vai se apresentar desuniforme para o início do processo de filtragem.
Os valores médios da percentagem de expansão do filtro F3 em função da velocidade
superficial e das variações de granulometria e altura da camada são representados nas curvas
apresentadas na Figura 34. Nessa Figura podem-se observar os comportamentos lineares para
as três alturas e granulometrias avaliadas. A menor altura de camada foi aquela que apresentou
uma maior expansão quando comparada com as outras alturas, que apresentaram
comportamentos semelhantes, com exceção da granulometria G3.
Ressalta-se que, durante os ensaios de retrolavagem o filtro F3 não apresentava uma
homogeneidade de expansão ao longo da superfície filtrante. O percentual de expansão foi
estimado pelo valor médio observado nas três janelas do filtro, sendo que a área central da
superfície da camada e em alguns pontos perto das paredes do filtro não acontecia
levantamento ou expansão da camada de areia. Em geral, o levantamento era localizado e
pontual em certas áreas influenciadas pela posição das crepinas.
Para o mesmo valor de expansão de uma determinada granulometria para os três filtros
avaliados, a porosidade apresentou o mesmo valor.
116
G1
160 Altura 12 cm Altura 23,5 cm Altura 35 cm
140
100
80
60
40
20
160 G2
140
Elevação da Camada (%)
120
100
80
60
40
20
160
G3
140
Elevação da Camada (%)
120
100
80
60
40
20
0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade Superficial (m.s-¹)
Velocidade superficial (mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante
117
À medida que a altura da camada se expandia pelo efeito da fluidização, a porosidade
aumentava com tendência a ficar em equilíbrio com o fluido, quando atingia o valor
equivalente a 1.
25% 50%
0,62
0.61
0,60
0,54
0.53
0,52
G1
G2
G3
0.400
LOG EXPANSÃO %
118
granulometria precisaram de maiores valores de velocidade superficial para atingir a
mesma expansão das camadas de menor granulometria.
Esse efeito pode ser atribuído ao diâmetro, formato e densidade das partículas de
areia. Segundo SIWIEC (2007), que também registrou o comportamento linear da expansão nas
camadas e a proximidade de valores entre diferentes granulometrias, um menor diâmetro de
grãos de areia implica num menor peso de partícula e uma maior facilidade para levantá-la em
função da velocidade aplicada. O comportamento linear da expansão da camada também foi
encontrado por SHOLJI (1987) que confirma a condição de linearidade em diâmetros
uniformes de partícula.
119
Os resultados encontrados demonstram que o efeito dos componentes internos dos
filtros (difusor e crepina) foi mais significativo do que a granulometria e a altura da camada.
Conseqüentemente, os filtros que apresentaram maior perda de carga em condições de
ausência de meio filtrante, F2 e F3, mantiveram tal comportamento ao longo do aumento da
velocidade superficial. A variação da porosidade da areia durante a expansão do leito filtrante
tem participação importante na ocorrência desse comportamento. Uma camada de areia que
tem uma porosidade inicial durante o regime estático apresentará uma perda de carga devido a
resistência que o fluxo encontrará para levantar a camada. Quando a camada é fluidizada, os
equilíbrios de forças entre a velocidade superficial e a gerada pelo peso da camada é igualada
mantendo uma porosidade maior, de tal forma que a perda de carga em qualquer ponto da
expansão de uma velocidade em particular tentará ser igual à perda do filtro vazio, fato
indicado por SHOLJI (1987).
Em termos práticos, uma expansão homogênea da camada de areia em percentagens
que permitam o levantamento adequado para a limpeza do meio, com a mínima ocorrência de
perdas, fornecendo baixos valores de perda de carga em função dos componentes internos do
filtro, indica pontos relevantes na escolha do melhor sistema de filtração. Utilizando esse
critério e os resultados obtidos é possível concluir que o filtro F1 apresentou as melhores
condições de homogeneidade na expansão com a menor perda de carga por unidade de
velocidade superficial em comparação com F2 e F3. Entretanto, estudos posteriores que
incluam a análise de eficiência de remoção são necessários para permitir conclusões
definitivas sobre o desempenho mais efetivo desse equipamento.
Os ensaios mostraram que as maiores alturas de camada utilizadas tinham restrições
no processo da fluidização que ficava limitada às dimensões da câmara filtrante, não atingindo
as expansões mínimas recomendadas. Por outro lado, as alturas menores de 15, 11 e 12 cm,
apesar de apresentarem as maiores expansões, têm limitação de uso em função da altura
requerida para o adequado processo da filtração. Segundo os resultados obtidos, as alturas de
camada que reuniam os requerimentos mínimos de expansão, foram os valores intermediários
de 30, 22,5 e 23,5 cm para os filtros F1, F2 e F3 respectivamente. Adicionalmente, a
granulometria que melhor se ajusta a esses intervalos e que permitiria expansão adequada seria
a G2, recomendada como adequada para esse uso.
120
A vazão recomendada para se obter a expansão ótima para uma determinada
granulometria depende da altura da camada utilizada no equipamento.
L Vs Qr
FILTRO GRANULOMETRIA
(cm) (mh-1) (m³ h-1)
121
Em comparação com as recomendações fornecidas por HAMAN et al. (1994) na
Tabela 1, os valores experimentais indicam igualmente que os diâmetros de filtro maiores com
maiores diâmetros efetivos precisaram de maiores vazões para a retrolavagem.
Conseqüentemente existe algumas similitudes e aproximações nos valores encontrados com os
valores recomendados por HAMAN et al. (1994), comparativamente da seguinte forma: a
vazão para o diâmetro efetivo menor (0,66 mm) está entre 7,3 a 20,2 m3 h-1, enquanto, para G1
entre 7,7 a 31,5 m3 h-1. Igualmente para uma granulometria intermédia com diâmetro efetivo
de 0,78 mm, os autores recomendam vazões entre 5,9 e 16,8 m3 h-1, mais, para G2 os valores
encontrados estão dentro do intervalo entre 12,2 a 55,4 m3 h-1. Finalmente para um diâmetro
efetivo maior (1,5 mm) os autores recomendam vazões 11,6 a 32,0 m3 h-1, e em G3 de 14 a 54
m3 h-1. Em geral, valores de vazão obtidos experimentalmente para as alturas menores de
camada junto com alguns valores para alturas intermédias, ficaram dentro do intervalo
recomendado, mas para alturas de camada maiores os valores experimentais ultrapassaram o
recomendado nas condições testadas. Caso similar acontece com os valores de vazões médias
de 25,2 a 36,0 m3 h-1 m-2 para diâmetros efetivos maiores entre 1,9 e 1,0 mm, e de 50,4 a 61,2
m3 h-1 m-2 para areias com diâmetros efetivos entre 1,0 a 0,82 mm, recomendados por
KELLER & BLIESNER (1990), somente que para os autores em diâmetros efetivos menores a
vazão recomendada é maior e não concordam com os resultados obtidos experimentalmente
neste trabalho. As comparações deixam notar a variabilidade entre valores, tanto assim que
não existe uniformidade nas condições entre os filtros de areia para determinar uma
recomendação padrão, pelo que os resultados dependem do tipo de equipamento e das mesmas
condições físicas e técnicas usadas nos experimentos.
O catalogo comercial da HIDROSOLO (2009) recomenda para F1 vazão de
retrolavagem de 9 m3 h-1, para uma velocidade ascensional de 0,02 m s-1 (72 m h-1),
utilizando-se a areia de granulometria de 0,6 a 1,2mm e obtendo-se uma expansão aproximada
de 30%. Os resultados encontrados indicam que essa recomendação somente poderia ser
utilizada para granulometria G1 (0,5 e 1,0 mm) e altura da camada na faixa de 15 cm a 30 cm.
Isso significa que, em condições normais de operação, utilizando uma granulometria diferente,
ou a mesma granulometria com diferente altura de camada, não se está garantindo a expansão
mínima do meio filtrante para limpeza da areia e remoção de matérias contaminantes. Não
122
foram realizadas comparações com os filtros F2 e F3 por falta de informações técnicas
fornecidas pelos fabricantes.
Após as análises das condições de filtro vazio e na presença da camada filtrante, foi
avaliada somente a contribuição do meio filtrante no processo de perda de carga do processo,
supondo que esse efeito pode ser estimado pela diferença entre as perdas do filtro com camada
de areia e o filtro vazio.
Os valores resultantes da perda de pressão em função do aumento da velocidade
superficial (Vs) relativo ao meio filtrante estão apresentado na Tabela 29 do Anexo C, que
foram utilizados para construir os gráficos da Figura 36, representando a ocorrência dos
regimes de fluidização caracterizados no tópico 5.2, e as velocidades mínimas de fluidização
encontradas da Tabela 16 (regime da mínima fluidização) para cada filtro e granulometria.
Os comportamentos encontrados na Figura 36 apresentam diferenças entre os filtros,
mas com tendências e características normais para um leito fluidizado. Num primeiro instante,
pôde-se identificar regiões onde ocorre um aumento proporcional da diferença de pressão (ΔP)
entre o inicio da camada fixa até o a velocidade mínima de fluidização. Após essa região,
ocorre uma tendência retilínea das curvas com valores próximos e constantes na faixa do
regime da camada particulada. E, em alguns casos, se percebe uma mudança repentina da
curva na faixa da camada borbulhante. Em todos os casos aparecem algumas particularidades
descritas no tópico 3.5.2 na Figura 7, pelo que se confirma uma vez mais que os
comportamentos dos processos da retrolavagem nos filtros de areia devem ser analisados com
critérios dos comportamentos dos leitos fluidizados.
Nota se no filtro F1 que a tendência é mais visível e coincidente com o final do
regime para a granulometria G1, em comparação com as granulometrias maiores que
apresenta diferenças mais perceptíveis. Para o filtro F2 a tendência linear durante o regime de
camada fixa ocorre até um ponto antes da velocidade mínima de fluidização nas três
granulometrias, idênticos ao comportamento observado na granulometria G1 e G2 do filtro F3.
O filtro F1 apresentou as maiores diferenças de pressão para todas as alturas de camada
durante a ocorrência do regime de camada estática, sendo que durante o regime de camada
fluidizada os valores oscilaram entre 2 e 4 kPa para a menor a maior altura.
123
G1 G1
F1 G1 F2 F3
Altura 11 cm Altura 22,5 cm Altura 34 cm Altura 12 cm Altura 23,5 cm Altura 35 cm
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm
10.0 10.0
10.0
9.0
8.0 8.0
8.0
7.0 7.0
7.0
6.0 6.0
6.0
5.0 5.0
5.0
4.0 Vmf 4.0 Vmf
4.0
3.0 3.0
3.0
2.0 2.0
2.0
1.0 1.0
1.0
0.0 0.0
0.0
G2 G2 G2
10.0 Vmf 10.0 10.0
Diferença de pressão (kPa)
Figura 36: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade superficial (mh-1) referentes a contribuição
do meio filtrante para os filtros avaliados
124
A tendência de um comportamento homogêneo em resposta do aumento da
velocidade superficial pode ser vista nas curvas dos filtros F1 e F3, na região do regime de
camada particulada, devido ao aumento da porosidade apresentada na faixa do regime
assinalado. No caso do filtro F2, ocorreu uma mudança na inclinação da curva com uma
tendência crescente a partir da velocidade de 126,0 mh-1, nas três granulometrias, e que
coincide na granulometria G1 com o inicio da camada borbulhante, fato que pode ser atribuído
as condições geradas pelos sistemas de crepinas em comportamentos já vistos nos filtros com
meio filtrante.
Pode se verificar que em todos os casos, o comportamento das camadas com maiores
alturas estão sempre acima das camadas menores. Portanto, é possível concluir que em
condições de ausência da influência dos componentes estruturais dos filtros, a altura da
camada contribui de forma significativa para diferença de pressão.
No caso do filtro F2, que apresentou as maiores diferenças de pressão para os valores
extremos de velocidades superficiais, registrou perdas de pressão entre 0,5 a 2 kPa para
condições de fluidização entre a menor e maior altura da camada. O filtro F3 apresentou para a
granulometria G1 a menor altura, um comportamento da perda de pressão diferente da
proposta teórica para leitos fluidizados, registrando uma tendência proporcional ao aumento da
velocidade, atingindo perdas de pressão entre a menor e a maior altura entre os valores de 1
ate 3 kPa na granulometria G1 e G3, sendo que para G3 ficou evidenciado diferenças entre
alturas.
Foi possível observar nos resultados uma característica citada por CLEASBY &
FAN, (1981), que revelam a ocorrência de picos acima do comportamento homogêneo na
perda de pressão. Segundo esses autores, esses picos são causados por compactações das
camadas geradas intencionalmente no processo. Pelas observações realizadas no momento dos
ensaios, as camadas sofriam uma compactação ao término de cada ensaio, após a fluidização
realizada em cada repetição de coleta de dados, quando as partículas voltavam a se arrumar, o
que pode ter causado o efeito encontrado na forma de picos.
Dessa forma, buscando uma classificação no comportamento da perda de pressão,
pode-se afirmar que o filtro F1 apresentou os maiores valores de perda de carga em função da
velocidade superficial, estando o filtro F3 numa posição intermediária e o filtro F2 que
apresentou os menores valores.
125
É possível afirmar que a granulometria afetou a variação de perda de pressão em
condição de meio filtrante isolado. Pode-se observar esse comportamento nas curvas desde o
início ate a velocidade mínima de fluidização, para G1 o comportamento é mais vertical
comparado com G2 e G3 que apresentam uma maior declividade, e para uma mesma
velocidade superficial os valores de perda de carga atingem diferentes valores.
Os comportamentos das curvas experimentais desse trabalho diferiram das condições
encontradas por BURT (2010), que achou valores menores que 2,75 kPa para camadas
fluidizadas. Neste trabalho, os valores se mostraram abaixo desse valor de comparação e
foram registrados nas alturas menores para F1, em todas as alturas do filtro F2 e em diversas
condições de altura do F3. Entretanto, é importante enfatizar que as tendências encontradas
pelo autor dependem das condições experimentais e dos equipamentos avaliados, que eram
diferentes das utilizadas nesse trabalho.
Comparando as perdas de pressão obtidas nesse trabalho com os valores apresentados
na Tabela 5, proposta por SUMMERFELT & CLEASBY (1996), pode-se afirmar que as
perdas de carga situaram-se num intervalo ótimo e menor ao valor máximo de 9,6 kPa.
Pode-se verificar que as perdas de pressão geradas somente pelo efeito da camada
filtrante são menores que as perdas geradas pelos componentes internos do filtro na condição
de fluxo em reverso no processo da retrolavagem. Dessa forma, verifica se, que as maiores
perdas registrados nos comportamentos de perda de carga nos filtros pode-se atribuir aos
componentes hidráulicos internos.
126
F1 F2
140.0 120.0
Dados experimentais Dados experimentais
120.0 100.0 Ajuste exponencial
Ajuste exponencial
100.0
80.0
ΔP (kPa)
ΔP (kPa)
80.0
60.0 ΔP = 1.4805e0.026x
60.0 ΔP= 1.8187e0.0166x R² = 0.9202
R² = 0.9193
40.0
40.0
20.0 20.0
0.0 0.0
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00 0.00 50.00 100.00 150.00 200.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹ CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹
F3
140.0
Dados experimentais
120.0 Ajuste exponencial
100.0
ΔP (kPa)
80.0
ΔP = 1.5938e0.0273x
R² = 0.9153
60.0
40.0
20.0
0.0
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹
127
significativas nos valores de perda de carga, sendo que o processo da retrolavagem apresenta
os maiores valores de perdas de pressão, comparado com os valores obtidos por MESQUITA
(2010) para três filtros avaliados em ausência de meio filtrante.
Portanto pelas equações encontradas na Tabela 20 e pelas curvas da Figura 37, pode
se afirmar que existe um modelo exponencial intermediário que possivelmente permite
representar o conjunto dos filtros avaliados independentemente das condições testadas.
As curvas demonstram que a variabilidade dos resultados com respeito ao ajuste é
menor para cargas hidráulicas entre os valores de 20 a 100 m3m-2h-1, aproximadamente, sendo
que as maiores variabilidades são percebidas para os maiores valores de cargas hidráulicas,
conseqüência da turbulência apresentada nessas vazões. Pode-se afirmar que a perda de carga
em filtros de areia para condições de ausência de meio filtrante é governada por
comportamento exponencial em função da carga hidráulica (CH), sendo afetada pelos
componentes internos, responsáveis pelo tipo de resposta e tendência apresentada.
Tabela 21: Velocidades mínimas de fluidização estimadas (ms-1) pela Equação WEN &
YU (1966) para os filtros avaliados.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (ms-1)
FILTRO L (cm)
G1 G2 G3
15,0
F1 30,0 0,007 0,011 0,020
45,0
11,0
F2 22,5 0,007 0,011 0,020
34,0
12,0
F3 23,5 0,007 0,011 0,020
35,0
128
Como o modelo utilizado somente considera as propriedades da areia e, neste
trabalho foram utilizadas os três tipos granulométricos de areias escolhidas mantendo as
mesmas características para cada filtro, os resultados estimados da velocidade mínima de
fluidização pela equação de WEN & YU (1966) apresentaram valores iguais nos três filtros,
independentemente da altura da camada e do tipo de filtro.
Os resultados experimentais das velocidades mínimas de fluidização encontrados na
Tabela 16 para o regime de mínima fluidização e os resultados teóricos estimados partir da
Equação proposta por WEN & YU (1966) foram comparados a fim de buscar uma
representação matemática que se adapte ás condições de mínima fluidização apresentada nos
filtros de areia para irrigação. Os resultados das comparações são mostrados na Tabela 22.
15
F1 30 0,008 0,007 0,016 0,011 0,020 0,020
45
11
F2 22,5 0,010 0,007 0,015 0,011 0,020 0,020
34
12
F3 23,5 0,010 0,007 0,012 0,011 0,017 0,020
35
129
CLEASBY & FAN (1981), que encontraram melhor adequação da equação para intervalos de
granulometria maiores usando um amplo intervalo granulométrico.
Pode-se afirmar que os resultados obtidos concordaram com os experimentais em
quatro fatos relevantes:
Os menores intervalos granulométricos necessitaram de menor velocidade para
iniciar a fluidização;
A altura da camada não afeta o valor da velocidade mínima de fluidização.
O tipo de filtro não tem influencia considerável na expansão da areia
A velocidade mínima de fluidização é um processo que depende das características
da areia e da velocidade superficial.
Portanto a equação proposta por WEN & YU (1966) pode ser usada como indicador
teórico do inicio da movimentação na retrolavagem em condições físicas de areia e de
intervalos granulométricos iguais ou dentro dos utilizados neste trabalho.
130
6. CONCLUSÕES
131
7. RECOMENDAÇÕES
132
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
133
CLEASBY. J.L.; FAN, K.S.; Predicting fluidization and expansion of the filter media. In:
J. Environ. Eng. Div. ASCE. 1981. Vol. 107 (EE3), Junho, p. 455.
CLEMENTS. M.; HAARHOFF. J. Filter Media Expansion During Backwash: The Effect
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138
ANEXOS
139
ANEXO A. TABELAS DA DIFERENÇA DE PRESSÃO OBTIDAS PARA OS
FILTROS VAZIOS.
Tabela 23: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F1
DIFERENÇA
CARGA
DE σ CV REYNOLDS
HIDRAULICA
PRESSÃO (kPa) (%) FILTRO
(m³.m-².h-¹) (kPa)
0,00 0,0 0,00 0,0 0,0
29,27 1,4 0,06 4,0 2765,3
38,92 2,5 0,04 1,6 3677,4
57,56 4,9 0,44 9,0 5438,1
F1 71,34 7,3 0,04 0,5 6740,5
85,33 10,2 0,83 8,1 8062,1
96,55 12,8 0,05 0,4 9122,6
113,61 17,7 0,94 5,3 10733,8
142,37 26,5 0,25 0,9 13451,6
170,67 37,7 0,14 0,4 16125,4
200,04 50,3 1,46 2,9 18900,5
230,87 66,3 0,72 1,1 21812,7
250,29 75,9 1,76 2,3 23648,3
140
Tabela 25: Dados experimentais de perda de pressão (kPa)em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F3
DIFERENÇA
CARGA
DE σ CV REYNOLDS
HIDRAULICA
PRESSÃO (kPa) (%) FILTRO
- -
(m³.m ².h ¹) (kPa)
0,00 0,0 0,00 0,0 0,0
17,74 1,1 0,09 8,0 3142,2
25,05 2,2 0,07 2,9 4437,6
35,73 4,4 0,10 2,3 6329,4
F3 44,75 6,7 0,05 0,7 7927,2
53,61 9,4 0,32 3,4 9496,8
60,63 11,9 0,38 3,2 10740,8
71,04 16,4 0,62 3,8 12585,6
88,11 25,1 0,62 2,5 15608,7
106,47 35,6 1,03 2,9 18862,0
125,31 48,4 1,40 2,9 22199,3
143,22 62,7 1,09 1,7 25371,4
159,86 78,6 1,79 2,3 28319,1
141
ANEXO B. TABELAS DOS RESULTADOS MÉDIOS OBTIDOS DA DIFERENÇA DE
PRESSÃO PARA OS TRÊS FILTROS AVALIADOS COM MEIO FILTRANTE
Tabela 26: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F1
142
Tabela 27: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F2
143
Tabela 28: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F3
144
ANEXO C. PERDAS DE CARGA EXPERIMENTAIS PARA OS MEIO FILTRANTES.
Tabela 29: Valores médios de perda de carga experimental ΔP (kPa) calculada para o
meio filtrante nos filtros avaliados
G1 G2 G3
-1
Vs (mh ) 15 cm 30 cm 45 cm 15 cm 30 cm 45 cm 15 cm 30 cm 45 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
28,8 1,2 2,1 3,4 2,4 2,0 2,9 1,0 1,4 1,6
39,6 1,3 2,4 3,3 0,5 2,4 3,8 1,2 2,2 2,5
57,6 1,3 2,6 4,0 1,5 2,7 3,8 1,9 3,1 3,2
72,0 1,8 2,7 3,8 1,7 2,3 3,6 2,3 3,3 3,5
86,4 1,1 2,2 1,6 2,6 3,7 1,7 2,7 3,7
F1
97,2 1,3 2,1 1,5 2,7 2,8 1,5 2,6 3,7
115,2 0,9 1,8 1,0 2,8 1,0 0,8 1,4 3,2
144,0 0,8 1,0 2,5 1,9 2,6 3,1
169,2 1,0 0,8 1,9 1,8 2,3
201,6 0,2 1,1 2,6 2,2
230,4 0,9 0,8 1,6
252,0 1,0 1,8
Vs (mh-1) 11 cm 22,5 cm 34 cm 11 cm 22,5 cm 34 cm 11 cm 22,5 cm 34 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
18,0 1,0 1,4 1,9 0,4 0,9 0,8 0,2 0,3 0,6
25,2 1,1 1,6 2,1 0,7 1,4 1,2 0,4 0,6 0,7
36,0 0,7 1,1 1,8 0,8 1,5 1,9 0,3 0,5 0,8
48,8 0,2 0,6 1,3 0,2 0,9 1,2 0,1 0,6 1,1
54,0 0,3 0,9 1,4 0,2 0,7 1,2 0,4 0,9 1,6
F2
61,2 0,1 0,8 0,2 0,7 1,1 0,1 0,7 1,3
72,0 0,3 0,4 0,2 0,4 0,5 0,0 0,3 0,9
90,0 1,2 0,2 0,7 0,1 0,2 1,0 0,2 0,7
108,0 2,0 0,7 1,4 0,7 1,0 0,1 0,9
126,0 2,1 2,5 1,7 1,3 1,1
144,0 5,1 4,2 4,0 3,2 3,1
162,0 9,4 8,4 8,2 8,7 8,2
Vs (mh-1) 12 cm 23,5 cm 35 cm 12 cm 23,5 cm 35 cm 12 cm 23,5 cm 35 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
18,0 0,8 1,8 2,4 0,7 1,2 1,4 0,6 1,0 1,4
25,2 1,2 1,7 2,7 1,0 1,4 1,9 0,6 1,1 1,9
36,0 1,6 1,7 2,7 1,1 1,9 2,4 1,1 1,5 2,5
43,2 1,8 1,7 2,7 1,1 1,8 2,2 1,3 1,8 3,1
54,0 2,6 1,6 3,0 1,1 1,9 2,1 1,2 2,2 3,4
F3
61,2 2,7 1,5 2,7 1,2 1,9 1,9 1,3 2,3 3,4
72,0 3,3 0,8 2,5 0,8 1,7 1,4 0,9 1,8 3,6
86,4 5,3 0,4 0,7 1,0 0,7 0,1 1,2 3,0
108,0 7,0 1,4 1,5 1,1 0,2 0,9 3,8
126,0 7,6 1,6 2,0 1,1 0,9 1,2 5,3
144,0 8,5 2,4 2,3 2,1 2,4 0,1
158,4 13,1 15,6 3,6 4,2 2,8 0,6
145
ANEXO D
146
FRONTAL
SUPERIOR
6.9
16.9
Ø40
.0
1
.
Ø5
20.0
5.1
111.8
20.0
54.5
47.4
6.3
31.8
PERSPECTIVA
LATERAL
tampa
19.1
superior
19.1
tampa
47.0
corpo filtro
inferior
60.3
0.0
Ø2
fundo falso
6.9
6.6
31.4
suporte
soporte
21.6
Figura 40: Detalhe da estrutura física do filtro HIDROSOLO (medidas em centímetros)
147
SUPERIOR
17.0
LATERAL
R4.0
90°
90°
5.8
difusor
90°
59.3
PERSPECTIVA
crepinas
cripinas
tubulação
25.0
saida
4.7
difusor
35.0
crepinas
cripinas
tubulação
entrada
Figura 41: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro HIDROSOLO (medidas em centímetros)
148
LATERAL
Ø80.1
56.8 57.0
56.9
PERSPECTIVA
Figura 42: Detalhes das crepinas de discos do filtro HIDROSOLO (medidas em milímetros)
149
DETALHE DISCO
Ø80.0
Ø47.5 1.1
1.9
16.7
3°
PERSPECTIVA DISCO
Figura 43: Detalhe do disco componente da crepina do filtro HIDROSOLO (medidas em milímetros)
150
LATERAL
15.3
SUPERIOR
7.9
10.0
Ø50.0
Ø5.1 7.9
24.0 16.0 15.3 100.9
8.5
41.9
27.3
PERSPECTIVA
tampa FRONTAL
superior
50.0
corpo filtro
tampa
inferior 50.0
23.0
suporte
soporte 13.0
151
SUPERIOR 20.0
25.0 5.0
52°
8
9 7
51° 45.4
2
1
52° 44.2
6
3
9.2
51° 5
4
51°
33.0
51°
PERSPECTIVA
tubulação
saida
difusor
crepinas
cripinas
tubulação
entrada
Figura 45: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro da MARBELLA (medidas em centímetros)
152
FRONTAL LATERAL
125
93
29
58
23
92
23
12
PERSPECTIVA SUPERIOR
25
Ø1
Ø
94
153
LATERAL
FRONTAL
PERSPECTIVA
tampa
superior
SUPERIOR
corpo filtro
tampa
inferior
suporte
soportes
154
LATERAL FRONTAL
difusor
PERSPECTIVA
SUPERIOR
tubulação
saida
difusor
crepinas
cripinas
tubulação
entrada
Figura 48: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro AMANCO (medidas em centímetros)
155
BRAÇO COLETOR PERSPECTIVA
LATERAL
19.5
14.4
7.6
10.6 10.7 22.3 11.2
68.0
SUPERIOR
FRONTAL 8.5
66°
2.4
5.2
Ø7.6 11.1
63.2
10.6
16.0
156
LATERAL
170.9
25.2
2.1
12.0
11.6
PERSPECTIVA
157
ANEXO E. MODELO DO QUESTIONARIO APLICADO NAS VISITAS
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Agrícola
Grupo de Pesquisa Tecnologia de Irrigação e Meio
Ambiente
Avaliação de Sistemas de Filtragem
Identificação da Propriedade
Nome da Propriedade:
Endereço da Propriedade:
Nome do Proprietário:
Nome do Responsável:
Contato com o Responsável
Caracterização do sistema de irrigação
Sistema de Irrigação: ( ) Gotejamento ( ) Microaspersão ( ) Outro:
Cultura irrigada:
Tempo de implantação do sistema:
Emissores: Marca: Modelo: Vazão Nominal:
Obs:
Conjunto Motobomba: Marca: Modelo: Rotores:
Pressão de operação:
Obs.:
Fonte da água: ( ) rio ( ) lago ( ) reservatório (açude) ( ) poço
Obs:
Análise da água: ( ) Não ( ) Sim. Freqüência:
Obs:
Problemas de entupimento: ( ) Não ( ) Sim Intensidade:
Causa: Solução adotada:
Troca de emissores: ( ) Não ( )Sim Periodicidade da troca:
Manejo de irrigação: freqüência :
Caracterização do sistema de filtragem
Descrição geral: Marca: Modelo: N° de filtros:
Pressão projeto na filtragem: Vazão projeto na filtragem:
Pressão na retrolavagem: Vazão da retrolavagem
Dimensões dos filtros: Altura total: Diâmetro:
Obs.:
Tipo de operação dos filtros (inclui retrolavagem) : ( ) Manual ( ) Automática
Obs:
Tempo de implantação do sistema:
Razões por adotar filtro de areia:
Orientação pela adoção do filtro de areia: ( ) Empresa ( x ) Pesquisa ( ) Sugestão:
Obs:
Orientação atual da retrolavagem: ( x ) Empresa ( ) Assistência Técnica
( ) Critério Pessoal ( ) outro:
Obs:
Dificuldades na operação do filtro: ( ) Não ( ) Sim
Quais:
Problemas com o filtro: ( ) Não ( ) Sim
Quais: perde areia que causa entupimento no filtro de tela
Solicitou assistência técnica para o filtro: ( ) Não ( ) Sim
Razão:
Manutenção no filtro: ( ) Não ( ) Sim Razão
Tipo de material filtrante utilizado: ( ) Areia ( ) Antracito ( ) Carvão Ativado
( ) Zeólita ( ) Outro:
Granulometria utilizada:
Houve opções e/ou orientações durante a escolha do material filtrante?
( ) Não ( ) Sim. Qual:
158
Troca do material filtrante
( ) Não ( ) Sim. Periodicidade:
Usa outro sistema de tratamento de água : ( ) Não ( ) Sim Qual:
Caracterização do processo de retrolavagem
Orientação atual da retrolavagem: ( ) empresa ( ) asistencia técnica ( ) critério personal ( ) outro
159