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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

EFEITO DAS CARACTERÍSTICAS GRANULOMÉTRICAS E


DA ALTURA DA CAMADA FILTRANTE NO PROCESSO DE
RETROLAVAGEM EM FILTROS DE AREIA

JUAN CAMILO SALCEDO RAMIREZ

CAMPINAS
DEZEMBRO DE 2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

EFEITO DAS CARACTERÍSTICAS GRANULOMÉTRICAS E


DA ALTURA DA CAMADA FILTRANTE NO PROCESSO DE
RETROLAVAGEM EM FILTROS DE AREIA

Dissertação de Mestrado submetida à


Banca Examinadora para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia Agrícola,
na Área de Concentração em Água e
Solo.

JUAN CAMILO SALCEDO RAMIREZ


ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO TESTEZLAF

CAMPINAS
DEZEMBRO DE 2010

ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP

Salcedo Ramirez, Juan Camilo.


Sa31e Efeito das características granulométricas e da altura da
camada filtrante no processo de retrolavagem em filtros
de areia / Juan Camilo Salcedo Ramirez. --Campinas,
SP: [s.n.], 2010.

Orientador: Roberto Testezlaf.


Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola.

1. Irrigação. 2. Filtração. 3. Leito fluidizado. I.


Testezlaf, Roberto. II. Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Engenharia Agrícola. III.
Título.

Título em Inglês: Effect of grain size and depth bed filtering characteristics in
the backwash process of sand filters
Palavras-chave em Inglês: Irrigation, Filtration, Fluidized bed.
Área de concentração: Água e Solo
Titulação: Mestre em Engenharia Agrícola
Banca examinadora: Alberto Colombo, Edson Eiji Matsura
Data da defesa: 07/12/2010
Programa de Pós Graduação: Engenharia Agrícola

iii
iv
Ofereço a Deus todo poderoso por
ter me abençoado pela graça do
espírito e iluminado de sabedoria.

Dedico a minha família: pai mãe,


irmãos, sobrinha e Solita, pelos
conselhos recebidos e apoio
incondicional.

v
AGRADECIMENTOS

Essa etapa da minha vida durou dois anos e oito meses, tempo de muita dedicação à
vida acadêmica longe de meu país, de escolhas difíceis, de algumas dificuldades, mas,
sobretudo, foi um tempo bom, de realização pessoal na busca pelo amadurecimento científico.
Gostaria de compartilhar esse título com muitas pessoas. Agradecer pelo incentivo e apoio
que me foi oferecido, e que com certeza, teve um papel de suma importância para que eu
conseguisse atingir esse objetivo.

Quero primeiro agradecer a DEUS, que me deu de presente esse tema. Agradecer
pela força espiritual, pela consolação, pelo amor, e por colocar em minha vida todas essas
pessoas que contribuíram na construção do meu caminho.

Meus pais, Gustavo por ter despertado em mim o gosto pelo trabalho, minha mãe,
Gilma, obrigado, por me incentivar e apoiar meus estudos, sobre todas as coisas. Obrigado
por me ensinarem a ter gratidão, a ter humildade, e por sua compreensão, e, sobretudo, por
me mostrarem o valor da vida e a alegria de viver. Amo vocês.

Meus irmãos, Ronald, Monica, obrigado, por acreditar em mim, pelo orgulho que
sinto de vocês.

Minha sobrinha, Daniela, obrigado por me cativar com sua ternura, e pelo grande
amor que sinto por você.

Minha segunda mãe, Solita, pelos conselhos, pelo carinho, pela paciência, pelo
amor, e por ter contribuído a ser a pessoa que sou.

Meus agradecimentos especiais a minha namorada, Luisa, por ter me apoiado, por
ser meu motor, por me entender, e ficar sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis.

Toda minha família, tios, primos, obrigado pelo grande carinho e por serem tão
queridos e especiais.

Ao Professor Roberto Testezlaf, que me acompanhou durante todo esse trajeto e por
ter me permitido a possibilidade e oportunidade de realizar minha pesquisa de mestrado, fico

vi
imensamente grato pelos conselhos, palavras de apoio, incentivo, motivação. Obrigado por
ter sido companheiro, amigo, e por ter me orientado.

Aos amigos, colegas e parceiros do laboratório que contribuíram positivamente para


essa conquista: Conan, Márcio, Douglas, Rhuanito, Adriana, Monalisa, Danielle, Karol,
Camila, Angel, Franciana, aos técnicos Gelson, Giovanni e Túlio.

Meus amigos colombianos que estudam na Unicamp, obrigado.

Meus melhores amigos da Colômbia: Alejandro (Lalo), Rafael, Leo, Fabian, Nelson,
Carito, Cacao, Negro, por sua confiança e apoio, pois vocês me ajudaram imensamente,
torcendo desde a Colômbia, e me enviando forças e boas energias. Muito obrigado por tudo.

Também gostaria de agradecer as empresas fornecedoras dos equipamentos de


filtração Amanco do Brasil, Marbella do Brasil e Hidrosolo Indústria e Comercio.

Agradeço aos professores e funcionários da FEAGRI, pela transferência de


conhecimento e colaboração intelectual.

À FAPESP, pelo apoio financeiro e ter me beneficiado com bolsa de mestrado em


parte do tempo da pesquisa e ao CNPq pelo financiamento do projeto de pesquisa.

Por fim, agradeço ao BRASIL, país maravilhoso por ter me acolhido e brindado com
essa oportunidade de estudo.

vii
“Grande parte das dificuldades pelas que atravessa o mundo deve-se a que os ignorantes
estão completamente seguros e os inteligentes cheios de dúvidas”

Bertrand Russell

viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 20
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 23
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 23
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 24
3.1 GENERALIDADES SOBRE SISTEMAS DE FILTRAGEM ......................................................... 24
3.2 FILTROS DE AREIA .......................................................................................................... 25
3.3 FUNCIONAMENTO DOS FILTROS DE AREIA ....................................................................... 27
3.3.1 Processo de filtração ............................................................................................. 28
3.3.2 Processo da retrolavagem ..................................................................................... 29
3.4 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS FILTRANTES .................................................................... 37
3.4.1 Propriedades das partículas.................................................................................. 38
3.4.2 Propriedades da camada filtrante ......................................................................... 45
3.5 PERDAS DE PRESSÃO DURANTE A RETROLAVAGEM ......................................................... 46
3.5.1 Perdas de pressão pela estrutura e componentes internos ................................... 47
3.5.2 Perdas de pressão do meio filtrante ...................................................................... 49
3.6 EXPANSÃO DA CAMADA.................................................................................................. 54
3.7 VELOCIDADE MÍNIMA DE FLUIDIZAÇÃO .......................................................................... 60
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 64
4.1. AVALIAÇÃO DE FILTROS DE AREIA EM CAMPO .................................................................. 64
4.1.1 Questionário técnico de avaliação da retrolavagem ............................................. 64
4.1.2 Visitas técnicas ...................................................................................................... 65
4.1.3 Metodologia de avaliação do processo de retrolavagem em campo ..................... 65
4.1.4 Análises de amostras do material filtrante ............................................................ 66
4.2 ENSAIOS EXPERIMENTAIS ............................................................................................... 67
4.2.1 Local ...................................................................................................................... 67
4.2.2 Módulo de ensaio experimental ............................................................................. 67
4.2.3 Sistema de aquisição de dados .............................................................................. 70
4.2.4 Condições experimentais ....................................................................................... 73
4.2.5 Procedimentos experimentais ................................................................................ 78
4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ......................................................................... 79
4.3.1 Caracterização dos regimes de fluidização na retrolavagem ............................... 79
4.3.2 Avaliação dos filtros na ausência de meio filtrante .............................................. 79
4.3.3 Avaliação dos filtros com meio filtrante ............................................................... 80
4.3.4 Avaliação do meio filtrante ................................................................................... 80
4.4 COMPARAÇÕES E MODELAGENS MATEMÁTICAS DOS RESULTADOS OBTIDOS................... 81
4.4.1 Modelagem dos filtros vazios ................................................................................ 81
4.4.2 Comparação dos comportamentos teóricos com os dados experimentais na
velocidade mínima de fluidização ..................................................................................... 81
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 82
5.1 AVALIAÇÃO DOS FILTROS DE AREIA EM CAMPO .............................................................. 82
5.1.1 Caracterização dos filtros avaliados em campo ................................................... 82
5.1.2 Características físicas dos meios filtrantes ........................................................... 83
5.1.3 Avaliação do processo de retrolavagem ............................................................... 85
5.1.4 Remoção de matéria orgânica............................................................................... 89

ix
5.2 ENSAIOS EXPERIMENTAIS ............................................................................................... 91
5.2.1 Identificação dos regimes da retrolavagem. ......................................................... 91
5.2.2 Caracterização hidráulica dos filtros na retrolavagem ...................................... 104
5.3 COMPARAÇÃO TEÓRICA DOS RESULTADOS ................................................................... 126
5.3.1 Modelagem do comportamento dos filtros vazios ............................................... 126
5.3.2 Comparação da velocidade mínima de fluidização ............................................ 128
6. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 131
7. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................... 132
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ....................................................................... 133
ANEXOS ................................................................................................................................ 139

x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Vazões recomendadas para retrolavagem (m3 h-1) e por unidade de área (L s-1
m-2) para diferentes diâmetros efetivos do meio filtrante e diâmetros de filtro ....................... 31
Tabela 2: Equivalência em mesh dos diâmetros efetivos típicos de meios filtrantes . ............. 40
Tabela 3: Densidade em (kg m-3 ) de matérias filtrantes usados convencionalmente .............. 42
Tabela 4: Exemplos de esfericidade (ψ) de alguns materiais com partículas não
esféricas. ................................................................................................................................... 43
Tabela 5: Perda de pressão ao longo da altura da camada em camadas fluidizadas para
diferentes meios filtrantes......................................................................................................... 53
Tabela 6: Valores de α e m para diferentes materiais usados como meio filtrante .................. 57
Tabela 8: Caracterização das propriedades físicas das areias utilizadas nos ensaios ............... 74
Tabela 9: Características técnicas gerais dos filtros avaliados. ................................................ 74
Tabela 10: Alturas da camada filtrante ensaiadas para os filtros avaliados ............................. 76
Tabela 11: Características físicas dos filtros avaliados nas visitas ........................................... 82
Tabela 12: Características físicas das areias utilizadas nos filtros avaliados. .......................... 84
Tabela 13: Parâmetros avaliados da retrolavagem nos equipamentos das propriedades
visitadas. ................................................................................................................................... 87
Tabela 14: Determinação da porcentagem de remoção para os filtros avaliados nas
visitas. ....................................................................................................................................... 90
Tabela 15: Intervalos de velocidade superficial (mh-1) no regime de camada fixa para
cada granulometria nos três filtros ensaiados ........................................................................... 94
Tabela 16: Velocidades mínimas de fluidização (mh-1) no regime de fluidização mínima
para cada granulometria nos três filtros ensaiados. .................................................................. 96
Tabela 17: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da fluidização particulada para
cada granulometria. ................................................................................................................ 100
Tabela 18: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da camada borbulhante para cada
granulometria ensaiada. .......................................................................................................... 102
Tabela 19: Valores de velocidade superficial (mh-1) e vazão (m3h-1) para a expansão
mínima recomendada de 25% nos três filtros avaliados......................................................... 121
Tabela 20: Equações representativas do comportamento matemático dos filtros
avaliados ................................................................................................................................. 127

xi
Tabela 21: Velocidades mínimas de fluidização estimadas (ms-1) pela Equação WEN &
YU (1966) para os filtros avaliados. ....................................................................................... 128
Tabela 22: Comparação da velocidade mínima de fluidização experimental e estimada
(ms-1) a partir da equação de WEN & YU (1966). ................................................................. 129
Tabela 23: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F1 ....................................................................................................... 140
Tabela 24: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga
hidráulica (m³m-²h-¹) para o filtro F2 ..................................................................................... 140
Tabela 25: Dados experimentais de perda de pressão (kPa)em função da carga
hidráulica (m³m-²h-¹) para o filtro F3 ..................................................................................... 141
Tabela 26: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F1 .......... 142
Tabela 27: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F2 .......... 143
Tabela 28: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F3 .......... 144
Tabela 29: Valores médios de perda de carga experimental ΔP (kPa) calculada para o
meio filtrante nos filtros avaliados ......................................................................................... 145

xii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Detalhes dos componentes de um filtro de areia....................................................... 26


Figura 2: Esquema do processo da filtração em filtros de areia ............................................... 28
Figura 3: Esquema do processo da retrolavagem nos filtros de areia ...................................... 30
Figura 4: Relação dos parâmetros que afetam a fluidização .................................................... 33
Figura 5: Esquema mostrando os regimes de fluidização. ....................................................... 35
Figura 6: Exemplos esquemáticos da distribuição de alguns tipos de crepinas em filtros
de areia e os respectivos valores de perda de pressão ............................................................. 48
Figura 7: Gráfico do comportamento teórico na perda de pressão (ΔP) com o aumento
da velocidade superficial (Vs) para leitos fluidizados. ............................................................. 49
Figura 8: Gráfico representativo da relação entre velocidade superficial e a porosidade
de um meio granulométrico homogêneo ................................................................................. 56
Figura 9: Gráfico representativo do ponto da velocidade mínima de fluidização (Vmf) .......... 60
Figura 10: Seqüência fotográfica da determinação do conteúdo de matéria orgânica nas
amostras de areia ...................................................................................................................... 67
Figura 11: Esquema da montagem do módulo experimental com filtro para análise do
processo de retrolavagem ......................................................................................................... 68
Figura 12: Medidor de vazão eletromagnético ......................................................................... 69
Figura 13: Esquema para digitalização de sinal analógico (Fonte: MONTEIRO, 2005) ......... 70
Figura 14: Esquema das ligações dos dispositivos de medição ............................................... 71
Figura 15: Detalhe da tomada de pressão para os sensores ...................................................... 72
Figura 16: Interface do sistema de aquisição de dados utilizados nos ensaios......................... 72
Figura 17: Curvas granulométricas das areias ensaiadas ......................................................... 73
Figura 18: Detalhe dos filtros ensaiados com os visores de vidros .......................................... 75
Figura 19: Esquema dos parâmetros de controle realizados em cada filtro ............................. 77
Figura 20: Detalhes dos filtros avaliados nas visitas ................................................................ 82
Figura 21: Curvas granulométricas das amostras de areia coletada das visitas ....................... 83
Figura 22: Fotografia mostrando a presença de limo na camada de areia. ............................... 89
Figura 23: Comportamento do regime de camada estática para os filtros F1, F2 e F3 ............ 93
Figura 24: Comportamento da fluidização minima para os filtros F1, F2 e F3 ....................... 95
Figura 25: Comportamento da fluidização particulada para os filtros F1, F2 e F3 .................. 98

xiii
Figura 26: Comportamento da camada no regime borbulhante para os filtros F1, F2 e F3 ... 102
Figura 27: Curvas da variação de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m3m-2h-1) e do número de Reynolds para os filtros avaliados vazios ................................... 104
Figura 28: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F1 ................................................................................................................................... 107
Figura 29: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F1. ......................................................................................................... 109
Figura 30: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F2 ................................................................................................................................... 111
Figura 31: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F2 .......................................................................................................... 113
Figura 32: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada filtrante para o
filtro F3 ................................................................................................................................... 114
Figura 33: Detalhe do efeito do entupimento das crepinas na superfície da camada de
areia após o termino do retrolavagem no filtro F3. ................................................................ 115
Figura 34: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da
velocidade superficial (mh-1), para as diferentes granulometrias e alturas de camada
filtrante para o filtro F3 .......................................................................................................... 117
Figura 35: Comportamento da porosidade da areia em função da expansão da camada
para as granulometrias avaliadas ............................................................................................ 118
Figura 36: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade
superficial (mh-1) referentes a contribuição do meio filtrante para os filtros avaliados ......... 124
Figura 37: Curvas ajustadas ao comportamento experimental dos filtros vazios................... 127
Figura 40: Detalhe da estrutura física do filtro HIDROSOLO ............................................... 147
Figura 41: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro HIDROSOLO.................... 148
Figura 42: Detalhes das crepinas de discos do filtro HIDROSOLO ...................................... 149

xiv
Figura 43: Detalhe do disco componente da crepina do filtro HIDROSOLO........................ 150
Figura 44: Detalhe da estrutura física do filtro da MARBELLA ........................................... 151
Figura 45: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro da MARBELLA ................ 152
Figura 46: Detalhe da crepina do filtro da MARBELLA ....................................................... 153
Figura 47: Detalhe da estrutura física do filtro do AMANCO ............................................... 154
Figura 48: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro AMANCO ......................... 155
Figura 50: Detalhes da crepina no filtro da AMANCO ......................................................... 157

xv
LISTA DE SÍMBOLOS

g : Aceleração da gravidade [LT-2]


H : Altura câmara filtrante [L]
L : Altura da camada estática [L]
Hcf : Altura do corpo do filtro [L]
A : Área da seção superficial do recipiente [L2]
Sp : Área da superfície da partícula [L²]
CH : Carga hidráulica [L3L-2T-1]
ΔPt : Perda de carga na tubulação [L]
n : Coeficiente de expansão
R2 : Coeficiente de determinação
CU : Coeficiente de Uniformidade
CV : Coeficiente de Variação
k : Constante dependente da densidade, formato e diâmetro da partícula.
Lt : Comprimento da tubulação [L]
ρ : Densidade do fluido [ML-3]
ρp : Massa especifica da partícula [M L-3]
σ : Desvio padrão da média
ΔP : Diferença de pressão [M L-1T-2]
Dc : Diâmetro da coluna de ensaio [L]
Def : Diâmetro efetivo médio da partícula [L]
Deq : Diâmetro equivalente [L]
df : Diâmetro do filtro [L]
Dt : Diâmetro interno da tubulação [L]
D10 : Diâmetro do grão equivalente á malha da peneira que permite a passagem do 10%
de areia [L]
D60 : Diâmetro do grão equivalente á malha da peneira que permite a passagem do 60%
de areia [L]
Dp : Diâmetro da partícula [L]
ψ : Esfericidade
L0 : Expansão da camada [L]
f : Fator de fricção função do numero de Reynolds na tubulação

xvi
Ga : Numero de Galileu
RE : Numero de Reynolds
REp : Numero de Reynolds da partícula
E : Percentagem de expansão (%)
ε : Porosidade da camada fixa
ε0 : Porosidade da expansão

εmf : Porosidade mínima de fluidização


β,θ : Variáveis dependentes das características da partícula
m, α : Variáveis dependentes das propriedades da partícula
Qr : Vazão de retrolavagem [L3 T-1]
Qs : Vazão sistema [L3 T-1]
Vt : Velocidade média na tubulação [LT-1]
Vmf : Velocidade mínima de fluidização [LT-1]
Vi : Velocidade de sedimentação da partícula. [LT-1]
Vs : Velocidade superficial [LT-1]
μc : Viscosidade cinemática do fluido [L² T-1]
μd : Viscosidade dinâmica do fluido [ML-1 T-1]

xvii
RESUMO

O desempenho adequado de filtros de areia na irrigação localizada requer que os


processos de filtração e retrolavagem sejam realizados de forma a reter as partículas em
suspensão indesejadas e que a lavagem do meio filtrante retorne a operação do equipamento às
suas condições originais de limpeza. A retrolavagem pode ser mais eficiente quando se atinge
expansões homogêneas da camada com baixas perdas de pressão em função das características
granulométricas da areia e da altura da camada filtrante. As faltas de experiência do produtor e
de informações técnicas dos fabricantes determinam que a retrolavagem não seja realizada
corretamente em campo, prejudicando a funcionalidade e eficiência dos filtros de areia. Neste
contexto, o objetivo do presente trabalho foi desenvolver estudos sobre o comportamento das
características hidrodinâmicas de pressão e vazão no processo da retrolavagem em filtros com
variações nas características físicas da areia e nos componentes internos dos filtros. O trabalho
foi dividido em três partes. Inicialmente, foi realizada, uma pesquisa de campo sobre os
procedimentos e manejos utilizados pelos agricultores na execução da retrolavagem. Em uma
segunda etapa, foi utilizada uma metodologia experimental para ensaios de laboratório em três
filtros de areia convencionalmente usados no mercado brasileiro, para avaliar os efeitos de
diferentes granulometrias da areia e diferentes alturas da camada filtrante sobre a perda de
carga ao longo da camada e sobre o processo de fluidização do leito. Finalmente, na ultima
parte, os resultados obtidos foram comparados com comportamento teóricos para estimativa
da velocidade mínima de fluidização. Os procedimentos realizados pelos produtores
demonstraram falta de conhecimento no processo da retrolavagem que é executado de forma
empírica baseado em recomendações incorretas dos fornecedores. Experimentalmente, obteve-
se que o processo de retrolavagem é afetado significativamente pela perda de pressão causada
pelos componentes estruturais internos do filtro (crepina e difusor). As comparações dos
resultados calculados a partir da equação de WEN & YU (1966) com os resultados
experimentais, revelaram concordâncias explicitas para as granulometrias menores. A
pesquisa permitiu concluir que a vazão da retrolavagem necessária para a expansão adequada
do leito, aumenta proporcionalmente com as condições da altura da camada e da granulometria
da areia.

Palavras chaves: irrigação localizada, filtração, entupimento de emissores, leitos fluidizados.

xviii
ABSTRACT

The adequate sand filters performance in localized irrigation requires that filtration
and backwash processes are capable to retain unwanted suspension particles and to wash
properly the media depth, returning the equipment operation to its original condition of
cleanliness. The backwash process can be more effective when it reaches bed uniform
expansions with low head losses, which depends on the grain size and the depth of media bed.
The lack of experience of farmers and technical information from the manufacturers determine
that the backwash process has been performed incorrectly in the field, affecting adversely the
functionality and efficiency of the sand filters. In this context, the objective of this study was
to develop studies on the hydrodynamic behavior of the relationship of working pressure and
flow rate in the backwash process of sand filters with variations in sand physical
characteristics and the internal hydraulic components of the filters. This study was divided into
three parts. Initially, a field survey on the farmers backwash procedures and management was
performed. In a second step, an experimental methodology was developed to evaluate three
commercial types of Brazilian sand filters to assess the effects of different grains diameters
and media layer depths on the head losses and the process of layer fluidization. Finally, the
experimental results of the minimum fluidization velocity were compared with estimated
values using the theoretical behavior of the process. The results showed that the procedures
performed by the producers showed a lack of knowledge in the backwash process, which is
executed based on empirical basis, oriented by imprecise information of suppliers. The
experimental part demonstrated that the backwash process is affected significantly by the head
loss originated from the internal structural components of the filter (underdrain and diffuser).
The mathematical comparisons of the experimental results with the values estimated by the
equation & WEN YU (1966) showed explicit agreements for smaller particle size. The
research allowed concluding that the values backwash flow rate required for an adequate
expansion, increases proportionally with the depth and the particle size of sand layer.

Keywords: localized irrigation, filtration, emitters clogging, fluidized beds

xix
1. INTRODUÇÃO

A área irrigada brasileira vem apresentando crescimento constante ao longo das


últimas décadas, determinando uma participação importante no agronegócio nacional. O
interesse pela irrigação emerge nas mais variadas condições edafoclimáticas e
socioeconômicas do país, na busca pelo sistema mais adequado que permita atingir
satisfatoriamente as condições e os interesses econômicos envolvidos.
Em comparação com outros métodos de irrigação, a aplicação localizada de água
apresenta um elenco de vantagens potenciais, incluindo a economia de recursos hídricos,
aumento na produtividade das culturas e redução nos custos de energia, gerando aceitação por
produtores rurais que exploram culturas com bom valor agregado. Seus benefícios são
decorrentes do princípio da distribuição “localizada” de água, fertilizante e outros produtos
químicos, onde a aplicação ocorre somente próxima à região radicular das plantas, permitindo
um melhor aproveitamento do recurso hídrico e com aumento potencial da produção por área
cultivada. Adicionalmente, é um sistema que permite automação, possibilitando um menor
emprego de mão de obra na operação e maior confiabilidade na atividade.
Dentre os métodos de irrigação localizada encontra-se o sistema de gotejamento, que
aplica a água em forma pontual de gotas na superfície do solo, a baixas vazões, utilizando-se
emissores de diferentes tipos que possuem seções transversais de saída de água com pequenas
dimensões. Dessa forma, a presença de material sólido suspenso na água é um fator que pode
afetar o desempenho desses sistemas de irrigação, devido ao entupimento dos emissores. O
processo de obstrução dos gotejadores pode se tornar um sério problema para a operação e
manutenção do sistema e significar um aumento no custo operacional. Uma das formas de
melhorar a qualidade de água e reduzir o processo de obstrução dos emissores em projetos de
irrigação localizada é a instalação de sistemas de filtragem.
Dentre os filtros utilizados na irrigação localizada, o filtro de areia se destaca por ser
capaz de filtrar tanto material inorgânico como orgânico, removendo inclusive partículas
menores do que o diâmetro de seus poros devido ao processo de retenção que ocorre entre as
partículas filtradas e os grãos de areia. Esses filtros são mais recomendados na presença de
contaminação orgânica e de algas e, o correto dimensionamento e operação desses
equipamentos garantem o controle efetivo da qualidade da água de irrigação, reduzindo a

20
obstrução de emissores, a manutenção da uniformidade de aplicação de água e os custos de
operação do sistema.
O processo de filtração utilizando filtros de areia ou granulares possui duas operações
básicas de funcionamento: filtração, para a remoção de matéria em suspensão na água
mediante a sua passagem pela areia, e a retrolavagem, etapa utilizada para a limpeza ou
retirada da matéria ou impurezas acumuladas ao longo da camada filtrante. A determinação da
capacidade de filtração e o entendimento do processo de retrolavagem são essenciais para a
operação adequada e otimizada desses equipamentos.
As falhas que podem ocorrer na limpeza dos filtros de areia resultam na deterioração
das condições físicas da camada filtrante, podendo prejudicar o desempenho do equipamento e
comprometer o funcionamento do sistema de irrigação. Quando a retrolavagem não é bem
realizada ocorre o entupimento ou a obstrução da camada de areia, causado pelo fechamento
dos espaços porosos pela presença de materiais suspensos orgânicos ou inorgânicos. A
correção desse processo de obstrução requer modificações nas condições hidráulicas do
sistema para a realização da limpeza, gerando perdas de areia, uso maior de energia nos
equipamentos de bombeamento e maior custo de manutenção.
Um dos problemas mais comuns que ocorrem na operação do sistema de filtragem é a
falta de conhecimento e de treinamento dos agricultores na execução da retrolavagem dos
filtros, que utilizam procedimentos empíricos no momento da limpeza, especialmente na
definição da vazão correta e o tempo de retrolavagem. Aliado a essa questão, a pouca
assistência técnica que os produtores têm, é fornecida pelas próprias empresas fornecedoras
dos equipamentos que recomendam a operação e manutenção dos filtros de areia com pouco
conhecimento teórico sobre os processos de filtragem e de retrolavagem. Adicionalmente, a
inexistência de uma metodologia ou técnica que avalie a eficiência do processo de
retrolavagem, impossibilita a padronização de procedimentos mais adequados. Dessa forma, a
falta de uma metodologia padrão nas atividades de manutenção e operação dos filtros de areia,
obriga os produtores a definir seus próprios procedimentos a partir da sua experiência e de
suas limitações técnicas, induzindo a sérios problemas no uso da irrigação localizada.
A operação correta do processo de retrolavagem requer que a camada filtrante seja
fluidizada, expandindo-se em conseqüência do fluxo reverso da água. A relação vazão-pressão
recomendada para a fluidização do leito filtrante que permite a expansão adequada da camada

21
de areia, varia proporcionalmente com as características granulométricas da areia e da altura
da camada do leito filtrante. Esse procedimento deve ser baseado em vazões predeterminadas
e controladas para atingir a eficácia desejada da limpeza e impedir perdas de areia da camada.
A determinação correta do valor da vazão de retrolavagem é crítico para o processo, pois a
água deve fluir numa vazão diferente do que a vazão de filtragem. A utilização de valores de
vazões de limpeza excessivos resultará na perda do meio filtrante, enquanto que o uso de
valores abaixo do requerido determinará uma limpeza não adequada da camada de filtração.
Portanto, valores de vazões e pressões apropriados de retrolavagem que determinem a
expansão correta da camada de areia devem ser determinados baseados nas características do
modelo de filtro utilizado, da granulometria dos grãos e da uniformidade da areia para que os
objetivos do uso desses equipamentos sejam atingidos dentro das condições técnicas corretas.
Na literatura existem poucas referências bibliográficas sobre o projeto e manutenção
de equipamentos de filtração utilizados na irrigação associada a informações dispersas de
fabricantes. Consequentemente, não se dispõem ainda no Brasil de procedimentos e
informações técnicas detalhadas sobre a operação dos filtros adequadas às nossas condições.
Além disso, os procedimentos utilizados pelos agricultores no momento de fazer a
retrolavagem são baseados na experiência dos operadores e com metodologias pouco
convencionais, por exemplo: a utilização de pressões superestimadas, a definição inadequada
dos tempos de retrolavagem e o uso de areias com granulometrias incorretas.
Portanto, a hipótese desse trabalho é que a relação vazão-pressão recomendada para a
fluidização do leito filtrante durante a retrolavagem, que permite a expansão adequada da
camada de areia, aumenta proporcionalmente com as características granulométricas da areia e
da altura da camada do leito filtrante. Para a sua validação, pretende-se estudar o processo de
retrolavagem pela aplicação da teoria dos leitos fluidizados, na determinação das condições
operacionais ótimas para diferentes modelos comerciais de filtros de que possam ser
recomendadas para se atingir um processo de retrolavagem eficiente nos equipamentos.

22
2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver estudos com filtros de areia utilizados na irrigação localizada


contribuindo com informações técnicas-científicas sobre o comportamento das características
hidrodinâmicas de pressão e vazão no processo da retrolavagem com variações nas
características físicas da areia e nos componentes internos dos filtros.

2.2 Objetivos Específicos

 Avaliar a operação do processo de retrolavagem e o funcionamento de filtros de areia em


propriedades agrícolas da região de Campinas;
 Identificar as etapas ou fases do processo de fluidização de leitos filtrantes, caracterizando a
ocorrência do processo de retrolavagem em filtros pressurizados;
 Desenvolver os seguintes ensaios com os modelos de filtros comerciais:
o Determinação da perda de carga para diferentes estruturas internas sem leito
filtrante durante a operação de reversão do fluxo de água;
o Determinação das curvas de perda de carga para diferentes granulometrias e altura
da camada filtrante no processo de retrolavagem;
o Determinação da expansão do leito em função das velocidades superficiais durante
o processo de retrolavagem;
 Simular matematicamente o processo de retrolavagem em filtros pressurizados de meios
porosos, buscando modelar o comportamento da velocidade mínima de fluidização a partir
dos parâmetros físicos do meio filtrante.

23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Generalidades sobre sistemas de filtragem

A água utilizada nos sistemas de irrigação é principal fonte geradora de matérias


contaminantes. Segundo PITTS et al. (1990) existem dois tipos de água utilizada na irrigação:
água superficial e água subterrânea, sendo que cada uma delas pode produzir características
especificas de entupimentos, por exemplo, problemas por crescimento de algas e bactérias,
associados ao uso de águas superficiais, enquanto acumulações de minerais e precipitados
químicos é mais comum de encontrar no uso de águas subterrâneas.
O entupimento físico de componentes de sistemas de irrigação pode ser causado por
fatores físicos, químicos e biológicos (PITTS et al., 1990). Os componentes físicos incluem
partículas inorgânicas (areia, silte argila etc.), os componentes biológicos como algas,
bactérias e matéria orgânica em decomposição (principalmente resíduo vegetal e animal), e os
componentes químicos como diferentes metais alcalino-terrosos, ânions e cátions de adubos
ou elementos como ferro, cobre, zinco, manganês e fósforo. Esses materiais encontram-se
associados ou suspensos na água utilizada para irrigar (NAKAYAMA & BUCKS, 1998).
A filtragem da água de irrigação constitui-se em uma medida eficaz na redução de
bloqueios físicos dos emissores, e sua realização se facilita com múltiplos tipos de sistemas
que existem como: filtro de tela, filtro de discos, filtro de areia, filtro de manta sintética não
tecida, os quais em condições de uso individual ou agrupados podem melhorar a eficiência de
remoção. Conforme GHEYI et al. (1999), os sistemas de filtragem são fundamentais em
projetos de irrigação localizada, pois os emissores têm orifícios de dimensões reduzidas e
ficariam obstruídos com o uso de água sem um grau de filtração adequado. Portanto, a
obstrução desses acessórios afeta não somente a adequação da irrigação para as plantas, como
também a uniformidade da aplicação da água do sistema.
A escolha do sistema de filtração deve ser realizada de acordo com a qualidade da
água, vazão do sistema e do tipo de emissor. Recomenda-se que na filtragem a água passe por
orifícios tão pequenos que as impurezas possam ser retidas, e que, em geral, esses orifícios
possuam tamanho de 1/6 a 1/10 da menor passagem existente dentro dos emissores
(GILBERT & FORD, 1986, BURT, 1994a; PIZARRO CABELLO, 1996).
Segundo BERNARDO et al. (2005), os sistemas de filtragem comumente utilizados
nos sistemas são: filtros de tela, eficientes para reter partículas de diâmetros muito pequenos,

24
como areia fina, mais entopem rapidamente quando se usam para filtrar água com matéria
orgânica e algas; filtros de disco, mais eficientes que os filtros de tela e mais fáceis de limpar
onde a qualidade da filtragem vai depender da espessura das ranhuras; filtros de areia, que
devido a sua constituição interna são responsáveis da filtração das partículas grosseiras e mais
recomendados na presença de contaminação orgânica e de algas. KELLER & BLIESNER
(1990) comentam que os filtros de areia são utilizados principalmente para reter cargas
pesadas de areia muito fina e material orgânico e seu dimensionamento garante o controle
efetivo da qualidade da água de irrigação, visando a redução da obstrução de emissores, a
manutenção da uniformidade de aplicação de água e a evitar o aumento nos custos de
operação do sistema.
LOPEZ et al. (1997) afirmam que os filtros de areia têm uma maior capacidade de
filtração e é recomendável usá-los para remover contaminantes orgânicos e partículas de
matéria em suspensão, por apresentarem uma maior superfície de filtragem. Entretanto,
BRALTS (1986) considera que os filtros de areia podem entupir rapidamente, dependendo da
quantidade de sólidos na água e da eficiência do filtro. Uma das formas de aumentar a
eficiência desses equipamentos seria utilizar no mínimo dois filtros de areia em paralelo, de
forma que se ocorrer o entupimento no meio filtrante de um dos filtros, será possível realizar o
retrolavagem sem interromper o processo de filtração. Além disso, a capacidade de filtração
com dois filtros é maior pela maior área de filtração disponível.
Em geral, a manutenção preventiva e constante constitui-se na melhor solução para
reduzir ou eliminar as causas de entupimento. BERNARDO et al. (2005) consideram os filtros
de areia como uma opção favorável para utilizar em sistemas de irrigação localizada pelas
características próprias de sua funcionalidade e eficiência de remoção, mas, uma busca
constante na pesquisa, aplicadas as condições existentes no Brasil em função do conhecimento
de operação e otimização dos processo da filtração e retrolavagem é recomendado para
ampliar as informações existentes desse equipamento (TESTEZLAF, 2008).

3.2 Filtros de areia

Segundo a ASABE (1994), os filtros de areia são dispositivos que utilizam uma
camada de meio filtrante para remover partículas orgânicas e inorgânicas presentes na água
para irrigação. Fabricados em chapas de aço de carbono na maioria das vezes com
acabamentos internos de pintura epóxi para assegurar a resistência da corrosão e acabamentos

25
externos de resinas para proteção aos raios ultravioletas (TESTEZLAF, 2008). BERNARDO
et al. (2005), assinalam que este tipo de dispositivo normalmente é instalado no inicio do
cabeçal de controle, seguido do injetor de fertilizantes.
A Figura 1 mostra os principais componentes de um filtro de areia. Esse equipamento
é, geralmente, composto tubulações de entrada e saída, duas aberturas localizadas na parte
superior e inferior para preenchimento e esvaziamento da areia, uma placa difusora para
distribuição do fluido, uma camada de areia como meio filtrante, um sistema de drenagem
constituído, na maioria das vezes, por crepinas localizadas na parte inferior da camada de areia
e medidores de pressão para controle.

Figura 1: Detalhes dos componentes de um filtro de areia


Segundo MESQUITA (2010), os dois elementos estruturais internos mais importantes
do filtro de areia são: o difusor de entrada e o sistema de drenagem. O primeiro prepara as
condições internas de movimento do afluente para o leito filtrante e o segundo proporciona
condições ideais para a lavagem da camada e permite a condução do efluente sem o arraste de
impurezas e/ou material filtrante para o sistema de irrigação.
O difusor ou placa difusora é uma estrutura normalmente metálica, posicionada na
extremidade superior interna do filtro, abaixo da tubulação de entrada da água, sendo
responsável por distribuir uniformemente o afluente na superfície filtrante (MESQUITA,
2010). O difusor tem o objetivo de evitar a remoção e movimentação da areia pela incidência
do jato de água que entra no filtro ao bater diretamente na superfície da camada (PIZARRO

26
CABELO, 1996). Os sistemas de drenagem (crepinas) suportam a camada de areia e,
permitem a saída da água durante a filtração e entrada ao filtro durante a retrolavagem, sendo
que durante esses processos contribuem com a limpeza da água filtrada evitando
conjuntamente a perda do meio filtrante. Além disso, deve, durante o ciclo reverso da água,
permitir a distribuição uniforme do fluxo através da camada, (BURT, 1994a).
MESQUITA (2010) avaliou três marcas de filtros mais utilizados no Brasil e
determinou para a condição de filtros vazios, que os componentes internos do filtro em
conjunto com cargas hidráulicas acima de 60 m3 m-2 h-1, alteraram a superfície do leito
filtrante no processo da filtração. Entretanto, não se têm registros da influência desses
componentes no processo da retrolavagem, e se estima que as perdas de pressão nesse caso
sejam significativas e estão em função do tipo de componente, e do tipo de distribuição dentro
do filtro. No caso dos drenos, tendo a distribuição é feita de acordo com as especificações e
critérios dos fabricantes, não se tem uma norma padrão para regular os componentes, nem a
quantidade de drenos necessários que permitam uma execução do processo efetivamente.
A escolha dos componentes internos apropriados eleva os níveis de eficiência nos
sistemas de filtração permitindo funcionalidade na operação tanto da filtração como da
retrolavagem, sendo que o comportamento dos componentes é função de requerimentos de
hidráulicos dos equipamentos.
Os filtros de areia devem ser dimensionados de forma que possam assegurar a
qualidade da água em condições máximas de conteúdo de sólidos suspensos de determinados
lugares (HAMAN et al., 1994). O funcionamento desses filtros depende da qualidade da água,
e para LOPEZ et al. (1997), utilizar vazão entre 50 e 70 m3 h-1 m-2, para uma queda máxima de
pressão admitida de 60 kPa, é o intervalo recomendado como normal de vazão. LAWRENCE
(2003) recomenda para os filtros de areia uma vazão de 35 a 60 m3 h-1 m-2 de área do leito
filtrante, sendo que maiores valores de vazão podem ser utilizados quando os contaminantes
da água sejam menor que 10 ppm de matéria em suspensão. Quando a água apresentar 100
ppm de matéria em suspensão, um valor menor vazão deve ser utilizado para evitar
retrolavagens freqüentes nos filtros.

3.3 Funcionamento dos filtros de areia

O funcionamento dos filtros de areia está regido por dois processos fundamentais,
filtração e retrolavagem.

27
3.3.1 Processo de filtração

A filtração é um processo no qual as partículas sólidas presentes no fluido em estado


suspenso são retidas através da passagem da água por um meio poroso, cujas características
granulométricas permitem reter partículas de maiores diâmetros que aos do meio. MATSURA
et al. (1989), comentam que filtração reduz o entupimento dos emissores e a desuniformidade
de distribuição de água nas culturas irrigadas.
A Figura 2 mostra o esquema do processo da filtração para filtros de areia. Esse
processo se inicia com a entrada do efluente no filtro pelo difusor que distribui o fluxo sobre a
camada filtrante. Após passar pelos espaços intersticiais da camada de areia e deixar retido os
sólidos suspensos, chega até as crepinas que conduz o efluente pelas tubulações do sistema aos
emissores de irrigação.

Figura 2: Esquema do processo da filtração em filtros de areia


Segundo DI BERNARDO (1984) a remoção das partículas suspensas presente na
água é realizada pela ação conjunta de dois mecanismos distintos o transporte e aderência. . O
mecanismo de transporte é um fenômeno físico e hidráulico que é influenciado principalmente
pelos parâmetros que governam a transferência de massa, caracterizado pela condução das
partículas para as regiões próximas da superfície dos grãos coletores (meio filtrante). O
princípio da aderência ocorre pelo contato entre a partícula em suspensão e o grão do material
filtrante ou entre sedimentos (PIZARRO CABELO, 1996). Esse mecanismo explica a
capacidade dos filtros com meio filtrante para reter partículas com diâmetros inferiores

28
(diâmetros de 0,01 até 10 µm) que o tamanho dos poros (RICHTER & NETTO, 2000), sendo
a sua eficácia influenciada principalmente pelos parâmetros físicos e químicos do meio
filtrante.
DI BERNADO & DANTAS (2005) afirmam que a filtração em filtros lentos pode
ocorrer com ação de profundidade ou com ação superficial. No caso da filtração com ação de
profundidade, a retenção das impurezas ocorre em todo meio filtrante e a taxa de filtração é
máxima. Com ação superficial, a retenção das impurezas ocorre somente na superfície (ou
seja, nas primeiras camadas do meio filtrante), e a taxa de filtração é mínima. Para filtros de
areia para irrigação localizada algumas características relacionadas com esse tipo de filtração
são similares.
A eficiência da filtração esta relacionada com as características da água utilizada, as
características granulométricas do meio filtrante, espessura da camada e pelas características
hidráulicas do sistema (WAKEMAN, 2007). Para HAMAN et al. (1994), a eficiência de
filtração dos filtros de areia é medida pela capacidade de remover partículas de um
determinado tamanho, e seu valor aumenta com a redução da granulométrica do elemento. Por
outro lado, a eficiência de remoção é inversamente proporcional à vazão do sistema, ou seja,
quanto maior a vazão, menor será a retenção do meio filtrante.

3.3.2 Processo da retrolavagem

A ASABE (1994) define a retrolavagem como o procedimento de passagem da água


através do filtro em sentido contrário ao fluxo de filtragem com o objetivo de remover
partículas orgânicas e inorgânicas retidas no meio filtrante. Os sistemas de filtração com areia
devem possuir um mecanismo para reverter a direção do fluxo da água para facilitar a sua
limpeza, toda vez que houver um aumento da perda de carga através do filtro ou no final da
irrigação das culturas de ciclo curto (BERNARDO et al., 2005).
A Figura 3 ilustra o processo da retrolavagem de um filtro de areia convencional. O
efluente previamente filtrado entra em direção ascendente pelas crepinas que distribuem o
fluxo ao longo da camada de areia. A passagem do fluído no sentido contrário determina uma
expansão da camada filtrante ficando parte da camada de areia suspensa no fluído removendo
as partículas aderidas. Essa remoção é feita pelas diferenças de densidades entre as partículas e
o meio filtrante, sendo que as partículas com mais densidade ficam dentro do filtro, enquanto

29
as partículas de menor densidade serão expulsas. Normalmente, se utiliza água filtrada passada
por um ou vários filtros para limpeza de outro filtro.

Figura 3: Esquema do processo da retrolavagem nos filtros de areia


A expansão que a camada alcança depende da vazão do fluxo ascendente.
TESTEZLAF (2008) afirma que o valor da vazão determinará a altura de expansão
progressiva da camada filtrante e deve ser suficiente para manter em suspensão as partículas
de areia, e assim possibilitar a manutenção da areia dentro do filtro de tal forma que remova as
partículas contaminantes. Segundo a SCS (1973), a vazão de retrolavagem varia com o
diâmetro efetivo da areia, com altura da camada filtrante e com o modelo construtivo de filtro.
KELLER & BLIESNER (1990) recomendam vazões médias de 25,2 a 36,0 m3 h-1 m-2 para
diâmetros efetivos médios da areia entre 1,9 e 1,0 mm, e de 50,4 a 61,2 m3 h-1 m-2 para areias
com diâmetros efetivos entre 1,0 a 0,82 mm.
HAMAN et al. (1994), recomendam utilizar para retrolavagem vazões apontadas na
Tabela 1, segundo o diâmetro do filtro e o diâmetro do meio filtrante, sendo que existe uma
vazão considerada ótima para realizar o processo de retrolavagem. Pela Tabela 1 é possível
observar que quanto maior é o diâmetro do filtro e o diâmetro efetivo do meio, maior serão os
requerimentos de vazão, por conseguinte para os filtros de maior diâmetro as alturas
alcançadas no momento de fluidizar a camada serão maiores.

30
Tabela 1: Vazões recomendadas para retrolavagem (m3 h-1) e por unidade de área (L s-1
m-2) para diferentes diâmetros efetivos do meio filtrante e diâmetros de filtro (HAMAN
et al., 1994)
Diâmetro Diâmetro do filtro (cm)
Efetivo (mm) 45,7 61,0 61,0 91,4 122,0
1,5 11,6 (19,7) 20,7 (19,7) 32,0 (19,5) 45,7 (19,4) 81,8 (19,4)

0,78 5,9 (10,0) 10,9 (10,4) 16,8 (10,2) 23,8 (10,1) 42,7 (10,2)
0,66 7,3 (12,4) 12,9 (12,3) 20,2 (12,3) 28,6 (12,1) 51,1 (12,1)

Uma consideração importante sobre a operação da retrolavagem tem a ver com o


inicio do momento do processo. As referencias existentes limitam as recomendações a
operações analisadas em diferentes condições, pelas quais não se têm critérios padronizados.
Para conhecer o momento que a limpeza do filtro é necessária determinar as perdas de pressão
entre a entrada e a saída do filtro (PIZARRO CABELO, 1996). DASBERG & BRESSLER
(1985) indicam que o filtro deve iniciar a retrolavagem quando as perdas de pressão atingem
100 kPa. Em condições de funcionamento normal KELLER & BLIESNER (1990), indicam
uma perda máxima de carga de 70 kPa, limite a partir do qual é recomendada a realização da
retrolavagem. Por outro lado SILVA et al. (2003), afirmam que a retrolavagem deve ser
realizada a cada aumento de 10 a 20 % da perda de carga correspondente ao filtro limpo.
Alguns fatores podem provocar perdas de areia nos filtros durante a retrolavagem,
segundo VALERIANO (1995). Em filtros lentos, as perdas do meio filtrante ocorrem quando
existem camadas duplas com diferentes formatos e densidades de partículas. Esse autor afirma
que a causa pela qual ocorrem mais perdas são devido ao uso excessivo de velocidades
superficiais sem controle, e referencia o uso de velocidades superficiais entre 40,0 a 60,0 m h-1
para filtragem com antracito. PIZARRO CABELO (1996), estima que o valor mínimo de
velocidades para retrolavagem em areia deve ser de 40 m h-1 em filtros de areia para irrigação
localizada.
O tempo e a frequência de retrolavagem podem variar de algumas horas até vários
dias, dependendo das características do material filtrante e do grau de concentração de
materiais em suspensão na água de irrigação (VERMEREIN & JOBLING, 1984; SHOLJI &
JOHNSON, 1987). Alguns autores reportam durações de tempos de retrolavagem entre 3 a 12

31
min., incluindo o tempo da passagem da água pela filtração para depois utilizar-la na lavagem
do meio (JOHNSON & CLEASBY, 1966, citado por BHARGAVA & OJHA, 1989)
A retrolavagem em filtros de areia é necessária e é um complemento importante da
filtração, melhorando a qualidade da água e diminuindo os níveis de turbidez presente. Alguns
problemas associados com a filtração podem ser produzidos por excesso ou por inadequação
da retrolavagem. Para a melhoria do desempenho de filtro é preciso considerar o tipo de
equipamento e meio filtrante que se está utilizando para aplicar as vazões apropriadas. Uma
expansão insuficiente do meio filtrante produz uma limpeza inadequada da camada, gerando
diferentes problemas na filtração, como exemplo as oscilações hidráulicas ou mudanças no
fluxo, curtos tempos na filtração e eventualmente formação de aglomerações.

3.3.2.1 Mecanismos da retrolavagem

A retrolavagem é um procedimento que envolve mecanismos associados com as


teorias de fluidização de leitos porosos. O entendimento dos comportamentos básicos da
retrolavagem permite a determinação de critérios concretos nas análises dos parâmetros físicos
e hidráulicos que afetam desse processo.

3.3.2.1.1 Fluidização

GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999) definem a fluidização como o fenômeno


de dar propriedades de um fluído a um leito de partículas sólidas, pela ação ou efeito de passar
um fluído através deste, a uma velocidade tal que consiga levantar-lhe até uma determinada
altura, evitando as menores perdas possíveis do leito utilizado.
A visualização da fase de fluidização fornece evidências de processos complexos
difíceis de descrever do comportamento da camada durante a lavagem. As forças geradas por
cisalhamento e colisões de grãos têm papel importante na remoção de impurezas. WEBER
(1979) afirma que a energia de colisão afeta significativamente os resultados de limpeza das
partículas de areia e que depende de sua granulometria.
Existe fluidização gerada pela passagem de líquidos (sistema liquido sólido) e pela
passagem de um gás em meios porosos (sistema gás-sólido). Em particular, as camadas
fluidizadas com líquidos são de natureza homogênea na sua expansão e menos turbulentos,
sendo que o leito se expande progressivamente em proporções maiores que o seu estado ou
nível inicial e depende do aumento da taxa de fluxo ascendente de líquido com aumento na

32
agitação das partículas. Por outro lado, uma camada fluidizada com gases apresenta
heterogeneidade no momento de se expandir e são geralmente de natureza borbulhante e sua
expansão é limitada, raramente é possível observar fluidização total de partículas em sistemas
gás-sólido (DAVIDSON et al., 1985). E, somente em casos muito raros, os sistemas líquido-
sólido se comportam como leitos borbulhantes, ocorrendo somente com sólidos muito densos,
fluidizados com líquidos de baixa densidade.1
Os parâmetros que afetam a fluidização podem ser classificados em dois grandes
grupos: variáveis independentes e variáveis dependentes (Figura 4). As propriedades dos
fluidos e partículas, pressão e temperatura são as principais variáveis independentes. As
variáveis dependentes incluem propriedades especiais de dinâmica e forças (GUPTA &
SATHIYAMOORTHY, 1999)

Figura 4: Relação dos parâmetros que afetam a fluidização2


A determinação da velocidade inicial de fluidização é o parâmetro mais importante e
fundamental no processo da fluidização, sendo conhecida como a velocidade superficial no
momento do inicio da fluidização. A velocidade superficial é definida como a quantidade de
vazão que passa pela seção transversal do recipiente que contém o meio filtrante num
determinado intervalo de tempo, neste caso vazão de retrolavagem segundo a Equação 1:

1
Disponível em: http://www.fluidizacao.com.br/pt/home acesso em Agosto 2010
2
Fonte: adaptado de GUPTA & SATHIYAMOORTHY, (1999)

33
𝑄𝑟 [1]
𝑉𝑠 = .
𝐴

Sendo:
Vs: Velocidade superficial [L T-1].
Qr: Vazão de retrolavagem [L3 T-1]
A: Área da seção superficial do recipiente [L2]

A área da seção é uma propriedade que não afeta as condições de fluidização,


segundo JOHARI & TAIB (2007), sendo influenciada principalmente pelo tamanho da coluna
ou equipamento, onde é realizado o processo.
A velocidade inicial de fluidização determina os momentos de transição entre a
camada fixa e as camadas fluidizadas (GUPTA & SATHIYAMOORTHY, 1999). O seu
conhecimento permite o controle dos regimes para empregar os comportamentos da camada
em determinadas aplicações. Entretanto, as experiências indicam que as transições entre
regimes não são fáceis de serem observadas ou identificadas.
O processo de fluidização de leitos é constituído de fases ou comportamentos
diferentes ao longo de sua ocorrência que determinam a forma descritiva dos regimes, cuja
existência permite que a fluidização seja aplicada em múltiplas áreas de desenvolvimento,
principalmente, usada em processos industriais no controle de operações físicas de separação,
filtração e misturas (LOPEZ, 2009).

3.3.2.1.2 Regimes da fluidização.

O leito filtrante se expande dependendo da velocidade do fluido ascendente (gás ou


líquido), e devido a essa expansão, a altura do leito pode se incrementar. Basicamente existem
seis tipos de regimes que podem ocorrer em sistemas de fluidização: camada fixa ou estática,
mínima fluidização, fluidização particulada, fluidização borbulhante, fluidização turbulenta e
transporte pneumático, os quais podem ser observados na Figura 5. Segundo LOPEZ (2009),
na fluidização de leitos nem todos os regimes característicos aparecem simultaneamente, pois
a sua ocorrência é função e está determinada pelos parâmetros independentes do leito, mas, em
alguns estados, podem ser produzidas algumas de suas características.

34
Figura 5: Esquema mostrando os regimes de fluidização.1

1
Fonte: adaptado de http://www.fluidizacao.com.br/pt/home. Acesso em agosto 2010

35
Camada fixa ou estática

Na camada fixa ou estática as partículas permitem a passagem do fluido sem registrar


separação entre elas, o que determina uma altura ou espessura de camada constante e igual à
altura inicial da camada, sendo que a porosidade do leito não sofre modificações. Neste regime
o fluido experimenta a maior queda de pressão (MELÉNDEZ & GUTIÉRREZ, 2004). Apesar
de o fluido ter uma velocidade baixa, não produzindo movimentação das partículas, ele circula
pelos espaços vazios do leito determinando perdas de pressão (Figura 5a).

Fluidização mínima

Conhecido também como leito pré-fluidizado ou fluidização incipiente, é um estado


de transição entre o leito fixo e o leito fluidizado, tendo com uma das características o
aumento da porosidade, pois as partículas deixam de se comportar como um conjunto sólido,
com uma porosidade característica, e passam a ter características próprias do fluido. Ao
aumentar a velocidade do fluido, aumenta-se a queda de pressão e a abrasão sobre as
partículas individuais, determinando o ponto no qual as partículas não ficam mais
estacionárias. As partículas começam a se movimentar e ficam suspensas no fluido (Figura
5b). A velocidade necessária para gerar o levantamento da camada neste ponto é denominada
a velocidade mínima de fluidização (MELÉNDEZ & GUTIÉRREZ, 2004).

Fluidização particulada

Em um sistema líquido-sólido, o aumento da vazão acima da velocidade mínima de


fluidização, resulta numa fluidização suave, com expansão progressiva do leito (Figura 5c). As
grandes instabilidades do leito são amortizadas e permanecem pequenas a heterogeneidade ou
vazios de líquido a grande escala, não é observada sob condições normais. Nos sistemas gás-
sólido, este regime pode ser observado somente em condições especiais de partículas muito
finas com gás de elevada massa especifica e altas pressões. 1 Segundo MC CABE & SMITH
(2002), ocorre a fluidização particulada quando se apresenta uniformidade na expansão da
camada gerada por velocidades altas mais num intervalo de tempo limitado.

1
http://www.fluidizacao.com.br/pt/home

36
Fluidização borbulhante

Este regime geralmente se apresenta em sistemas gás-sólido, com aparecimento de


borbulhas deslocando-se em sentido vertical até a superfície da camada, crescendo de forma
significativa ao longo da altura do leito ao produzir coalescência1 entre elas arrastando
partículas que voltam a cair sob o próprio leito, apresentando na superfície da camada
erupções freqüentes e turbulentas das bolhas (Figura 5d). Em alguns casos, pode existir
transporte de partículas, mais não é significativo. Esse efeito cíclico das partículas depende e é
controlado pela morfologia dos distribuidores de fluxo a da geometria do leito (LOPEZ,
2009).

Fluidização turbulenta

Exatamente quando o fenômeno borbulhante termina, o leito assume uma estrutura


nova, a fluidização turbulenta na medida em que se incrementa a velocidade do fluxo (Figura
5e). Esse regime é também característico de sistemas gás-sólido, onde a transição entre esses
regimes é determinada pelo rompimento de grandes bolhas formando bolhas menores. A
superfície superior da camada desaparece e ao invés de observar borbulhas, acontece um
movimento turbulento de aglomeração das partículas de vários tamanhos e formas e ficam
espaços vazios ao longo da camada. O ponto de transição entre em regimes não é possível
determinar exatamente (GUPTA & SATHIYAMOORTHY, 1999).

Transporte pneumático

Com o aumento adicional da velocidade os sólidos são arrastados do leito com o


fluído. Esse regime se caracteriza por apresentar o leito fluidizado disperso, diluído ou leito
fluidizado de fase leve com transporte pneumático de sólidos tirando alguns sólidos para fora
do sistema, e, portanto, a pressão começa diminuir com tendência a igualar a pressão de
operação sem presença de camada (Figura 5f).

3.4 Características dos meios filtrantes

Segundo WEBER (1979), um meio filtrante deve ser de um tamanho tal que retenha
uma quantidade significativa de sólidos de efluente em filtração e facilite o processo de
limpeza na retrolavagem. Entretanto, pela quantidade de parâmetros que influenciam os

1
Coalescência: Propriedade de algumas substâncias para juntar-se ou fundir-se com outras numa só.

37
processos é preciso buscar um equilíbrio entre essas condições. Uma areia muito fina permite
resultados ótimos de filtração, mas não permite uma boa penetração de sólidos na camada, não
deixando parte do leito sem utilizar, além de surgirem problemas de acumulações na superfície
da camada, gerando compactações e dificultando sua remoção e necessitando de retrolavagens
freqüentes (HAMAN et al, 1994). Por outro lado, areias grosseiras toleram funcionamentos
prolongados de processos com filtrações pouco efetivas que permitem o entupimento dos
emissores, facilitam a lavagem do meio filtrante, mas precisam de altas vazões para conseguir
expansões que permitam a remoção dos contaminantes. TESTEZLAF (2008) recomenda a
escolha correta do elemento filtrante como fator importante para garantir a eficiência de
remoção do filtro. Segundo BURT (1994a) o fator de seleção dos meio filtrantes deve incluir:
 Nível de filtração: determinada pelo planejamento antecipado das características dos
emissores do projeto de irrigação.
 Tipo de meio filtrante: distribuição de tamanhos das partículas do meio e as vazões de
projeto

3.4.1 Propriedades das partículas

A caracterização completa da partícula exige a medição e definição das características


da partícula, como tamanho, densidade, forma e superfície e morfologia. Em geral e em
condições normais, as partículas são de forma irregular e diferentes nas morfologias (WEN &
YU, 2003). Existem técnicas diferentes para caracterizar as partículas e dependendo da
metodologia empregada, os resultados podem não ser completamente coerentes. Alguns
métodos podem ser mais adequados do que outros para determinadas aplicações.
SUMMERFELT & CLEASBY (1996) assinalam que algumas das propriedades da partícula
podem ser determinadas em ensaios preliminares de peneiras no laboratório e por estudos de
fluidização no meio.
Segundo WAKEMAN (2007), as propriedades mais importantes na filtração são o
tamanho, a distribuição, o formato e todas as interações delas com o fluido. Entretanto, os
processos da filtração e retrolavagem precisam de mecanismos conjuntos na caracterização da
camada, pois as propriedades tanto para filtração como para retrolavagem devem gerar
condições ótimas e estabelecer a mesma importância dos parâmetros.

38
3.4.1.1 Tamanho da partícula.

O tamanho das partículas pode ser definido como sendo uma ou várias dimensões
lineares definidas adequadamente para caracterizar uma partícula. Por exemplo, uma partícula
ideal como uma esfera é caracterizada unicamente pelo diâmetro. Partículas de formas
regulares pode geralmente caracteriza-se por duas ou três dimensões. As partículas irregulares
na maioria das vezes, não podem ser definidas, suas dimensões são normalmente definidas
com base em certas propriedades de referência (WEN & YU, 2003).
O peso e a área superficial de partícula dependem do tamanho da partícula e,
conseqüentemente, é considerado um fator importante na determinação do comportamento do
processo da retrolavagem. As partículas menores se fluidizam a velocidades mais baixas do
que as partículas maiores, e sofrem uma maior expansão da camada. Todos os filtros em
condições de funcionamento normal apresentam variabilidade no tamanho de partículas, o que
dificulta a escolha de uma camada com homogeneidade de partículas (BROUCKAERT,
2004). Na prática, a distribuição de tamanho de amostras de meios filtrantes é determinada por
um teste padrão de peneiras com abertura da malha variável de menor a maior, obtendo o peso
em porcentagem das massas de partículas que passam pelas aberturas.
A distribuição de tamanho das partículas é geralmente caracterizada em termos do
tamanho da abertura da peneira pelo qual passa 10% (D10) e 60% (D60) da massa da amostra.
O coeficiente de uniformidade (CU) da amostra é definido como a relação entre tamanhos D60
e D10.
𝐷60
𝐶𝑈 = [2]
𝐷10

BURT (1994a) recomenda valores inferiores de 1,5 para coeficientes de uniformidade


no meio filtrante, para garantir que não haverá muitas partículas finas no meio que possam
entupir as crepinas. Por outro lado, PIZARRO CABELO (1996), indica para que as partículas
do meio filtrante consigam reter partículas de 1/10 do diâmetro mínimo dos emissores o
coeficiente de uniformidade deve ficar no intervalo entre 1,40 e 1,60.
HAMAN et al. (1994), definiram que é necessário a determinação de dois
parâmetros, diâmetro efetivo de partículas e coeficiente de uniformidade (CU), para a correta
seleção do material filtrante

39
3.4.1.2 Diâmetro efetivo de partícula

HAMAN et al. (1994) definem o diâmetro efetivo da areia como sendo o tamanho da
abertura de uma tela pela qual passa 10% (D10) de uma amostra, sendo esta uma medida do
tamanho da areia mínimo na escala e, portanto o indicador do tamanho da partícula que pode
ser retido pelo meio filtrante. A Tabela 2 mostra alguns exemplos do valor desse parâmetro e o
equivalente em mesh segundo o diâmetro efetivo correspondente para diferentes materiais
indicados por BURT (1994a), para os tipos de areia mais utilizados nas condições americanas.

Tabela 2: Equivalência em mesh dos diâmetros efetivos típicos de meios filtrantes 1.


QUALIDADE
DIAMETRO
DA
TIPO DE AREIA EFETIVO
FILTRAÇÃO
(mm)
(mesh)
AREIA MONTEREY 1,3 70 - 90
AREIA MONTEREY 0,65 100 - 125
GRANITO MOIDO 1,5 100 - 140
SILICA MOIDA 1,2 130 - 140
AREIA MONTEREY 0,5 130 - 140
GRANITO MOIDO 0,78 140 - 200
SILICA MOIDA 0,7 150 - 200
SILICA MOIDA 0,47 200 - 250

Pode-se verificar pela Tabela 2 que os valores de diâmetro efetivo dependem do tipo
de areia, existindo valores menores de diâmetros efetivos que atingem equivalências de mesh
altos.
CLEMENTS & HAARHOFF (2006) consideraram que o diâmetro das partículas
pode ser determinado por peneiramento de amostras, e por contagem de um numero
determinado de grãos de areia conhecendo sua densidade e o volume equivalente. Nos dois
casos reportam pouca diferença nos resultados.

3.4.1.3 Diâmetro equivalente

O diâmetro equivalente de uma partícula irregular é definido como sendo o diâmetro


de uma esfera equivalente ao volume da partícula. SUMMERFELT & CLEASBY (1996)
recomendam a determinação do diâmetro equivalente pela Equação 3, relacionando a massa
com a densidade da partícula de areia:

1
Fonte: BURT et al. (1994a).

40
1⁄
6 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 3
𝐷𝑒𝑞 =[ ∗ ] [3]
𝜋 𝜌𝑝

3.4.1.4 Área superficial da partícula

A área da superfície de partícula é definida como a superfície por unidade de volume


de partícula. Para partículas totalmente esféricas pode ser calculado como na Equação 4
(SUMMERFELT & CLEASBY, 1996).

𝑆 𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 6


𝑃= 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 =𝐷𝑝 [4]

Sendo:
Dp = diâmetro da partícula [L].
Para partículas irregulares a superfície da partícula é calculada segundo na Equação 5.

𝑆 𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 6 [5]


𝑝= 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 =
𝜓∗𝐷𝑒𝑞

Sendo:
ψ: esfericidade.
Deq: diâmetro equivalente [L].
Se a esfericidade é conhecida pode-se estimar a superfície da partícula diretamente
pela Equação 5. Entretanto, quando a esfericidade não pode ser estimada, a superfície de
partícula pode ser calculada pelas medições experimentais no gráfico resultante da perda de
carga em função da vazão ao longo de leitos granulares.

3.4.1.5 Massa especifica da partícula

A massa especifica em combinação com o volume da partícula determinam seu peso


e, conseqüentemente, a magnitude da força de arrasto necessário para suspendê-las. Segundo
BROUCKAERT (2004), meios filtrantes com partículas mais densas, como a areia sílica
(2650 kg m³) fluidizam a velocidades de retrolavagem mais altas, e tendem a sofrer menor
expansão que os meios com partículas menos densas, a uma taxa de retrolavagem
determinada.

41
O conhecimento do valor desse parâmetro é importante para determinação da vazão
requerida de retrolavagem e, também fundamental, no cálculo de perda de carga, fluidização e
expansão do meio filtrante. A Tabela 3 apresenta valores médios de densidade para materiais
usados convencionalmente.

Tabela 3: Densidade em (kg m-3 ) de matérias filtrantes usados convencionalmente1


MATERIAL DENSIDADE (kg m-³)
AREIA SILICA 2.650 – 2.670
CARVÃO ANTRACITO 1.400 – 1.700
GRANITO 4.100 – 4.500

TURAM et al. (2003) utilizaram areias com densidades entre 1.500 a 2.960 kg m-3 e
diâmetros de partículas entre 0,6 a 3,6 mm para demonstrar a influência do meio filtrante na
dissipação de energia na retrolavagem. Esses autores obtiveram que as forças hidrodinâmicas
têm influencia dominante no processo da limpeza do meio granular e, que estas aumentam
com o incremento da densidade e tamanho das partículas.

3.4.1.6 Esfericidade

É definida como o grau em que a forma de uma partícula se aproxima da forma


esférica, (Equação 6). A comparação de partículas de formas variadas com uma esfera pode
ser efetuada considerando a área da superfície, o volume, as razões entre os eixos ortogonais
(CLEMENTS & HAARHOFF, 2006).

𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎


𝜓= [6]
𝑎𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎

Existem várias equações, na maioria empíricas para calcular a esfericidade. A


Equação 7 é usada em alguns casos para o cálculo da esfericidade em partículas não esféricas
relacionando medidas do diâmetro equivalente (Deq) e a área superficial das partículas (Sp):

6
𝜓= [7]
𝑆𝑝 ∗ 𝐷𝑒𝑞

1
Fonte: DI BERNARDO & DANTAS, (2005)

42
Sendo:
Deq: diâmetro equivalente [L]
Sp: área superfície da partícula [L²]

A esfericidade do material é responsável por influenciar no comportamento da


camada filtrante, em específico, durante a retrolavagem, na velocidade mínima de fluidização
e na expansão do leito, todos de importância significativa para garantir a manutenção e
operação dos filtros de areia (CLEASBY & FAN, 1981).
Para partículas esféricas, a esfericidade é igual a 1, e para partículas não esféricas seu
valor será menor que esse valor. A Tabela 4, mostras alguns valores de esfericidade para
partículas não esféricas de matérias comumente empregadas como camadas fluidizadas.

Tabela 4: Exemplos de esfericidade (ψ) de alguns materiais com partículas não esféricas.1
ESFERICIDADE
MATERIAL
(ψ)
Areia
Arredondada 0,86
Pontuda 0,66
Moída 0,8 - 0,9
Carvão
Pulverizado 0,73
Moído 0,63 - 0,75
Carvão ativado 0,70 - 0,90
Mica laminada 0,28

A esfericidade para partículas com formatos regulares pode ser estimada por meios
analíticos, mas para partículas com formatos irregulares existe uma grande dificuldade na
determinação e na proximidade dos resultados.
Fisicamente, a determinação da esfericidade se torna numa experiência difícil e
complexa, mais ainda quando se tem camadas com diferentes tamanhos e formatos. Na
prática, a esfericidade pode ser determinada por métodos visuais comparados com escalas de
valores padronizados (DI BERNARDO & DANTAS, 2005), ou por medições na perda de
carga no meio granular em camadas estáticas e camadas fluidizadas, com variações de
velocidades de escoamento (CLEASBY & FAN, 1981)

1
Fonte: WEN & YU, (2003).

43
3.4.1.7 Rugosidade

A rugosidade da partícula está relacionada com a fricção entre partículas da camada


filtrante e seu valor aumenta na medida em que a porosidade também aumenta, sendo que o
incremento da porosidade reduz a resistência do fluxo do fluido. A perda de carga em camadas
de partículas com superfície rugosa é menor comparada com partículas com superfícies lisas,
que têm a tendência de formar uma camada menos densa ou de baixa porosidade. A
rugosidade da partícula pode ser determinada pela medida do fator da fricção e por
comparação de referencias padrões gráficas para partículas de vários fatores de rugosidade
conhecidos (GUPTA & SATHIYAMOORTHY, 1999).

3.4.1.8 Numero de Reynolds da partícula

Segundo BROUCKAERT (2004), a predição e modelagem de mecanismos na


fluidização requerem a compreensão do regime de fluxo. Existem análises teóricas e
experimentais sobre desprendimentos de partículas nas superfícies planas em regimes
laminares e turbulentos. No entanto, a situação em leitos fluidizados é muito mais complicada.
O numero de Reynolds calculado para uma partícula é usado para entender o
comportamento dinâmico do fluxo nas proximidades de uma partícula isolada, calculado em
termos da velocidade superficial e do diâmetro da partícula, e explica a interação das forças
viscosas e dinâmicas do fluido. Esse parâmetro é definido segundo a Equação 8:

𝑉𝑆∗𝜌∗ 𝐷𝑒𝑓
𝑅𝐸𝑝 = [8]
𝜇𝑑
Sendo
REp: Numero de Reynolds da partícula
Vs : velocidade superficial [L T-1 ]
Def: diâmetro efetivo médio da partícula [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [ML-1 T-1]
ρ: densidade do fluido [M L-3]

Os números de Reynolds da partícula nos meios filtrantes são tipicamente da ordem


de 1 a 10 e, portanto, os fluxos que correspondem ao regime de transição ficam com valores
na ordem entre 0,2 < REp <500 para meios porosos (BROUCKAERT, 2004).

44
Quando o fluxo é laminar durante a fluidização as perdas de energia em todo o leito
fixo será função linear da vazão em baixas velocidades superficiais. Como a velocidade
superficial é elevada, existe um ponto em que a diferença de pressão é suficiente para suportar
o peso das partículas solidas. O aumento do fluxo causa uma expansão maior na camada e
determina que as partículas de areia se acomodem de acordo com sua densidade, e quando a
diferença de pressão entre a entrada e a saída do filtro fica igual ou equilibrada, a camada será
fluidizada. Num leito fluidizado as partículas dentro da camada estão em movimentação, e
teoricamente mantêm-se suspensas em equilíbrio (AKKOYUNLU, 2003).

3.4.2 Propriedades da camada filtrante

3.4.2.1 Porosidade da camada

A porosidade da camada estática do meio granular é a fração do volume dentro da


camada que não é ocupada pelas partículas (Equação 9). A porosidade é afetada pelos
parâmetros como tamanho, forma, distribuição dos tamanhos, rugosidade e o diâmetro da
partícula e, em casos particulares, pelo tipo de compactação.

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟𝑜𝑠
𝜀= [9]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎

Para uma fração porosa de areia limpa a porosidade (ε) pode ser calculada com o total
da massa da areia, o total do volume da areia e a densidade da areia, conforme e mostrado na
Equação 10.
(𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 )/(𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 )
𝜀 =1−[ ] [10]
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎

A influência da porosidade na fluidização está fundamentada no grau de incremento


que pode ocorrer quando é expandida pelas velocidades superficiais. Um meio filtrante com
presença de partículas finas ou pequenas apresenta baixas velocidades terminais e baixas
relações entre a massa e a área superficial. Esse efeito cria desequilíbrio de peso e seu
assentamento é mais leve quando são colocadas ao término de processo de fluidização, como
resultado, as camadas tem tendência de formar superfícies heterogêneas provocadas pelo
incremento da porosidade de camada, sendo inadequadas para fluidizações produzidas a
velocidades baixas (GUPTA & SATHIYAMOORTHY, 1999). No caso de processos

45
fluidizados com influência de velocidades superficiais altas, deve-se garantir a distribuição do
tamanho de partícula que facilite a uniformidade de diâmetros, a fim de conseguir expansões
homogêneas.
CLEMENTS & HAARHOFF (2006) asseguram, que a porosidade da camada não é
uma característica constante num leito granular. Quando a camada é submetida a processos de
fluidização sofre uma compactação e o acomodamento das partículas ao termino do processo
afeta consideravelmente a porosidade da camada inicial. Isso é especialmente evidente em
ensaios de laboratório, onde uma ampla gama de valores para a porosidade do leito pode ser
obtido na mesma amostra.
Alguns autores apresentaram evidências experimentais de retrolavagens em camadas
de areia com porosidades entre 0,65 a 0,75. Neste intervalo AMIRTHARAJAH (1978) revelou
resultados de ótimas eficiências de remoção usando granulometria de areia de 0,5 a 0.6 mm de
diâmetro de partícula. Por outro lado, para igual intervalo granulométrico TURAM et al.
(2003) indicaram uma porosidade ótima de 0,7 a 0,75.

3.4.2.2 Altura de camada

A altura da camada define a espessura do leito na qual as partículas ficarão retidas na


filtração. A altura da camada deve ser tal que consiga uma maior área de retenção de
contaminantes e permita um espaço livre de expansão entre o nível de camada de areia e o
difusor do filtro, para evitar perdas de areia nas expansões de camadas altas. PIZARRO
CABELLO (1996), recomenda uma altura de 50 cm para camadas filtrantes.
Segundo VERMEREIN & JOBLING (1984) a espessura da camada filtrante afeta a
eficiência de remoção dos equipamentos de filtração e recomendam que a altura da camada
filtrante não deva exceder de 50 a 100 cm, de forma a impedir, após a retrolavagem, a
formação de espaços com agregados de maior tamanho, reduzindo a eficiência de remoção do
filtro. As espessuras excessivas de areia irão dificultar a retrolavagem do filtro.

3.5 Perdas de pressão durante a retrolavagem

O termo perda de carga é definido como sendo a parte da energia potencial de pressão
e de velocidade que é transformada em outros tipos de energia dissipada no processo quando
ocorre escoamento de água em condutos fechados (FERRERIRA, 2005).

46
Segundo TESTEZLAF (2008), a diferença de pressão que é causada pela passagem
da água de irrigação pelo interior do filtro é resultante de dois fatores distintos, a resistência
oferecida pelas partículas do meio filtrante ao movimento da água e as perdas de atrito
determinadas pela estrutura hidráulica do equipamento. Conseqüentemente, num sistema de
filtragem com areia existem perdas de carga determinadas pela estrutura e componentes
internos do filtro e perdas pelo meio filtrante usado.
Em ensaios experimentais, a perda de pressão pode ser determinada com
instrumentos de medição de pressão, na entrada e na saída do filtro que contém a camada
filtrante, sendo a diferença dos valores dos instrumentos de medida a perda de pressão ao
longo da camada de areia estabelecida para uma altura e condições granulometrias em
particular.

3.5.1 Perdas de pressão pela estrutura e componentes internos

Os filtros de areia apresentam características estruturais próprias que podem causar


fenômenos distintos durante a passagem do líquido no seu interior, como a influência dos
componentes internos na perda de carga e determinada pelo tipo e pela estrutura e formato do
componente. Segundo BURT (2010), as perdas são diferentes durante os processos de filtração
e retrolavagem, devido à natureza própria das condições de entrada ao longo das ranhuras das
crepinas. O autor comparou diferentes tipos de elementos filtrantes (crepinas) em filtros com
diferente distribuição e área total de abertura livre, em ausência de meio filtrante, constatando
que as perdas de carga nos filtros dependem da distribuição dos elementos internos que
compõem os drenos, encontrando perdas de pressão entre os componentes avaliados menores
de 14 kPa.
O processo de perda de carga localizada em conexões e peças especiais é complexo
por causa das características estruturais do filtro (PUIG-BARGUES et al., 2005). Segundo
PIZARRO CABELLO (1996) esse processo envolve distintas variáveis influenciadas pela
geometria dos componentes e o processo de fabricação do equipamento, o regime de
escoamento e a presença de correntes secundárias, entre outras.
Os componentes internos como as crepinas ou difusores apresentam perda de carga
determinada pela configuração de seus componentes. Na Figura 6 são mostradas algumas
configurações comuns de crepinas usadas em filtros de areia, e os respectivos valores de perda
de pressão.

47
Figura 6: Exemplos esquemáticos da distribuição de alguns tipos de crepinas em filtros
de areia e os respectivos valores de perda de pressão 1
Nota se na Figura que as perdas de carga dependem predominantemente do tipo de
crepina, existindo configurações com maior quantidade de elementos que oferecem menores
perdas.
Com relação ao material dos drenos, BURT (1994b) assinala que o uso de drenos
fabricados com compostos epóxicos apresentam baixa perda de pressão entre 13,8 a 20,7 kPa,
além de serem eficientes na uniformidade do fluxo devido ao tipo de distribuição que é total
ao longo da seção de área superficial do filtro. Entretanto, apresentam desvantagens como, um
rápido entupimento por partículas de limo ou argilas, pouca resistência ao aumento repentino
de pressão ou ao rompimento, e uma degradação do material. CANALES & DELENIKOS
(1990) afirmam que a utilização de sistemas de drenagem com maior área total de escoamento
e menores perdas de pressão, permitiria economia de energia estimada pelo uso do sistema de
bombeamento, efeito que pode afetar os investimentos de manutenção do sistema de irrigação.
Os fabricantes oferecem variedades de componentes com especificações de perdas diferentes,
os autores recomendam que os componentes de drenos devam manter como base uma perda de
pressão entre os 14 e 41 kPa.
Uma caracterização especifica e particular dos componentes internos dos filtros de
areia, permitiria estabelecer relações entre as estruturas do filtro e os comportamentos que
podem se apresentar nas perdas de carga com uso de material filtrante.

1
Fonte http://www.lakos.com/ acesso em junho de 2010

48
3.5.2 Perdas de pressão do meio filtrante

Experimentalmente BURT (2010) determinou as perdas de pressão para um meio


filtrante de areia moída com CU de 1,42 e equivalência em mesh de 150 a 200, estimada pela
diferença entre perda de pressão obtida com o filtro na presença da camada filtrante e a perda
de pressão com o filtro vazio. O autor encontrou que as perdas de pressão através do meio
filtrante diminuem com o aumento da vazão, efeito que pode ser atribuído ao efeito restritivo
quando a camada se expande. Entretanto, as perdas não ultrapassaram os 2,75 kPa de
diferença entre três modelos de filtros avaliados.
Teoricamente, segundo GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999) a fluidização de
uma camada tem a sua origem no inicio da movimentação das partículas constituintes. É
possível separar essas partículas usando um fluxo constante de um liquido ou gás a uma taxa
suficiente para vencer essa mobilidade. Quando o fluido tem uma velocidade pequena, os
interstícios entre as partículas geram suficiente resistência para provocar uma queda de
pressão, aumentando na medida em que a velocidade do fluido aumenta, mas chega o
momento que as partículas começam a se separar umas das outras e a perda de carga se torna
igual ao peso das mesmas. Nesse momento, existe um estado de flutuação hidrodinâmica onde
é possível que a velocidade do fluido continue aumentando, e como conseqüência o espaço
entre as partículas se torna maior, mais sem efeito sobre a diferença de pressão. Esse
comportamento teórico da perda de pressão nos leitos fluidizados pode se observado na Figura
7.

Figura 7: Gráfico do comportamento teórico na perda de pressão (ΔP) com o aumento


da velocidade superficial (Vs) para leitos fluidizados.1

1
Fonte: adaptado de GUPTA & SATHIYAMOORTHY, (1999)

49
Entre o intervalo A-B, a camada de partículas está estática (região I) e o aumento da
diferença de pressão é linear com o aumento da velocidade em pequenas proporções. Na
região II ocorre uma expansão do leito caracterizado pela igualdade entre a perda de carga e o
peso das partículas especialmente no ponto B, a expansão é atenuada ou tranqüila e as
partículas mudam de posição rearranjando-se. O ponto C é conhecido como o ponto da
mínima fluidização onde a perda de carga e o empuxo está em equilíbrio com o peso aparente
das partículas, existindo pouco contato entre elas GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999).
No intervalo C-D, as partículas apresentam movimentação desordenada com
freqüentes choques entre partículas devido ao aumento da porosidade. Neste intervalo, a perda
de carga sofre uma pequena diminuição. No ponto D, a perda de carga começa a ficar
constante. Um aumento da agitação e perda de carga constante é significativo na região III no
intervalo entre D e E, apresentando um leito em fluidização em grande quantidade. Ao final do
comportamento se apresenta um arraste de partículas na região IV, com a presença de
fluidização continua numa fase “diluída” 1
com as partículas. Uma característica especial
nessa região é a ocorrência de transporte pneumático, algumas vezes com perdas de partículas.
GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999).
A determinação das perdas de carga em estado de camada estática e em estado de
camada fluidizada é importante para criar bases de modelos matemáticos e sua consideração
permitira uma aproximação explicativa ao comportamento fluidizado apresentado em filtros
de areia.

3.5.2.1 Perda carga em estado de camada estática

Os modelos matemáticos desenvolvidos para modelar a perda de pressão através de


camadas estáticas são categorizados conforme a lógica dos comportamentos em modelos
baseados em fluxo de tubulações e modelos baseados em fluxo ao redor de objetos
submergidos. A maioria desses modelos de caráter empírico, produto de experiências em
laboratório e visualizações e conformados para analise bidimensional somente, sendo um tanto
complexo sua representação matemática (SUMMERFELT & CLEASBY, 1996).
Os modelos desenvolvidos para descrever os fluxos dentro de tubulações permitem
fazer uma analogia para predizer o comportamento hidráulico nos meios porosos, partindo da

1
Termo que se refere ao estado das partículas onde o aumento da porosidade permite pouco ou não existência de
contato entre partículas.

50
equação fundamental de Darcy-Weisbach (Equação 11), sendo a primeira utilizada para
descrever o fluxo viscoso em meios porosos.

𝐿𝑡 𝑉𝑡 2
∆𝑃𝑡 = 𝑓 [11]
𝐷𝑡 ∗ 2𝑔
Sendo:
ΔPt: Perda de carga na tubulação [L]
f: fator de fricção função do numero de Reynolds na tubulação.
Lt: comprimento da tubulação [L]
Dt: diâmetro interno da tubulação [L]
Vt: velocidade média na tubulação [L T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]
As perdas de carga no estado de camada estática sugerem a determinação das relações
entre modelos matemáticos de perdas considerando o fluxo viscoso representado na Equação
12, conhecida como a Equação de Carman-Kozeny. Enquanto que a equação que considera
perdas de carga no fluxo inercial é modelada pela equação de Burke-Plummer (Equação 13).
∆𝑃 150 ∗ 𝜇𝑑 (1 − 𝜀)2
= 2∗ ∗ 𝑉𝑠 [12]
𝐿 (𝜓 ∗ 𝐷 ) 𝜀3
𝑒𝑞

Δ𝑃 1,75 ∗ 𝜌 ∗ 𝑉𝑠 2 (1 − 𝜀)
= ∗ [13]
𝐿 (𝜓 ∗ 𝐷𝑒𝑞 ) 𝜀3

Sendo,
ΔP: diferença de pressão através do leito [M L-1T-2]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1T-1]
ψ: esfericidade
ρ: densidade do fluido [M L-3]
Deq: diâmetro equivalente [L].
ε: porosidade da camada
L: altura da camada estática [L].
Vs: velocidade superficial [LT-1]
A equação de Carman-Kozeny foi desenvolvida para experimentos com gases, óleos e
água através de camadas de partículas de formatos esféricos e areia moída. Seu uso é

51
recomendado na estimativa de perdas de cargas em filtros lentos com velocidades superficiais
de 4,9 a 12,2 m h-1 e tamanhos de partículas entre 2 a 5 mm de diâmetro (FAIR et al., 1968;
citado por SUMMERFELT & CLEASBY, 1996). O uso da Equação 12 também é sugerido
para baixas velocidades de fluxos baseados no número de Reynolds de partícula (Equação 8)
menores que 10. A equação de Burke-Plummer foi desenvolvida para velocidades superficiais
maiores e numero de Reynolds de partícula maiores que 10 quando o fator de fricção muda em
função da rugosidade.
A combinação da Equação 12 e Equação 13 resulta em um modelo baseado na
analogia de fluxos em tubulações para predizer as perdas de pressão ao longo da camada em
condições de números de Reynolds de partículas variados e em regimes viscosos e inerciais do
fluxo (BROUCKAERT, 2004). Conhecida como a Equação de Ergum (Equação 14) pode ser
usada para predizer comportamentos em camadas fluidizadas com altas velocidades
superficiais:
∆P μ𝑑 (1 − ε)2 (1 − ε) 𝜌
= 150 2 ∗ 3
∗ Vs + 1.75 ∗ ∗ 𝑉𝑠 2 [14]
L (ψ ∗ Deq ) ε ε³ ψ ∗ 𝐷𝑒𝑞

Sendo,
ΔP: diferença de pressão [M L-1T-2]
L: altura da camada estática [L]
Deq: diâmetro equivalente [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1T-1]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ψ: esfericidade
ε: porosidade da camada
Vs: velocidade superficial [LT-1]
Nota-se que a primeira parte da Equação 14 corresponde à perda de energia viscosa
que é proporcional a velocidade superficial (Vs). A segunda parte corresponde às perdas de
energia cinética, sendo proporcional a velocidade superficial ao quadrado (Vs2).
Adicionalmente, a equação mostra que as perdas de pressão dependem do fluxo, da
granulometria da partícula, da porosidade, da esfericidade e da viscosidade do fluido.

52
3.5.2.2 Perdas de carga em estado de camada fluidizada

As perdas de pressão em camadas fluidizadas são constantes em toda a expansão da


camada após atingir a velocidade mínima de fluidização (Vmf) e é igual ao peso especifico do
meio pelo gradiente da porosidade na seção de área equivalente ao diâmetro do filtro. E pode
ser representada na Equação 15 (SUMMERFELT & CLEASBY, 1996)

∆𝑃
= (1 − 𝜀) ∗ (𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔 [15]
𝐿

Sendo,
ΔP: diferença de pressão [M L-1T-2]
L: altura da camada estática [L]
ε: porosidade da camada
ρp: Massa especifica da partícula [M L-3]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
g: aceleração da gravidade [LT-2]
Alguns valores de perda de pressão em camadas fluidizadas para diferentes tipos de
meio filtrante são apresentadas por SUMMERFELT & CLEASBY (1996) na Tabela 5, usando
os parâmetros de massa especifica da partícula (ρp), densidade do fluido (ρ) e porosidade (ε)
da Equação 15:
Tabela 5: Perda de pressão ao longo da altura da camada em camadas fluidizadas para
diferentes meios filtrantes
Carvão
Parâmetro Areia Antracito Granito
ativado
ΔP/L (kPam-1) 8,5 – 9,6 1,70 – 3,80 1,4 – 2,45 11,7 – 17,6
ρp (gcm-3) 2,65 1,45 – 1,73 1,3 – 1,5 3,6 – 4,2
ε 0,42-0,47 0,56 – 0,60 0,50 0,45 – 0,55

SHOLJI & JOHNSON (1987) afirmam que existem novos modelos matemáticos que
conseguem se aproximar da avaliação do processo de retrolavagem, pois desenvolvem
relações entre mais variáveis de importância, mas esses modelos não conseguem demonstrar a
relação entre os regimes do fluxo em relação com o diâmetro das partículas de areia.
Segundo TESTEZLAF (2008) o desenvolvimento de modelos matemáticos mais
precisos que estimem a perda de carga em filtros de areia sob condições pressurizadas que

53
tenham como base a teoria de escoamento em meios porosos e considere as diferenças
estruturais entre equipamentos, permitirá a otimização do dimensionamento pela simulação do
seu desempenho quando empregado em diferentes condições de operação.

3.6 Expansão da camada

A variação da expansão da camada filtrante durante o processo da fluidização é


definida como a diferença entre a altura de expansão e a altura estática da camada em relação
como a altura inicial, e é expressa pela Equação 16 (SIWIEC, 2007).

𝐿0− 𝐿
%𝐸 = ∗ 100 [16]
𝐿

Sendo:
E: Percentagem de expansão (%)
L0: Expansão da camada [L]
L: Altura da camada estática [L]

Segundo SIWIEC (2007), a expansão do leito afeta significativamente a eficácia da


limpeza, especialmente por duas razões:
 Com as partículas no estado solto é mais fácil para transportar as impurezas dos espaços
intersticiais para fora do filtro.
 A existência de forças de cisalhamento durante o fluxo de água em torno das partículas
ajuda a rasgar as impurezas aderidas aos grãos.

Durante o processo da retrolavagem, o fluxo reverso da água passando através do


leito provoca a suspensão de partículas de igual tamanho no fluido, este processo causa o
incremento na porosidade (ε) e o as forças de concentração das partículas diminuem com o
aumento da velocidade aplicada (SHOLJI, 1987). Mesmo assim, quando acorre fluidização, a
expansão da camada tem como conseqüência o aumento da altura da camada no estado
estático. Para RICHTER & SCREMIN (2006), os meios filtrantes utilizados na pratica não são
uniformes, quanto muito apresentam um coeficiente de uniformidade entre 1,2 ou 1,1. Assim,
quando o leito filtrante se fluidifica e se expande, produz-se uma estratificação e, desta forma,
o calculo da expansão deve ser feito por camada, segundo uma análise granulométrica prévia.
Portanto, a expansão total será a soma das expansões parciais nas diversas camadas.

54
Segundo RICHTER & SCREMIN (2006), a relação entre a porosidade e as alturas de
camada em qualquer estado de expansão é refletida pela Equação 17:

𝐿0 (1 − 𝜀)
= [17]
𝐿 (1 − 𝜀0 )
Sendo:
L0: Expansão da camada [L]
L: Altura da camada estática [L]
ε: Porosidade da camada.
ε0: Porosidade da expansão.
A Equação 17 tem a restrição de ser válida no caso de não existirem perdas do meio
filtrante durante a fluidização, ou seja, se o volume de grãos dentro da camada permanece
igual antes e depois da expansão (AKKOYUNLU, 2003).
A teoria da expansão refere-se a recomendações de expansões para filtros lentos, não
existindo uma recomendação de expansão para filtros de areia para irrigação, mas pelos
princípios similares de fluidização entre os dois tipos de filtros, pode-se fazer uma analogia
das recomendações baseado ao principio fundamental. Segundo WEBER (1979), as
experiências nas especificações gerais dos filtros sugerem que a camada deve se expandir na
faixa de 20 a 50% da altura total da camada sendo que MURPHY (2006) concorda com as
expansões citadas. CLEASBY (1972) citado por AKKOYUNLU (2003) indica que as
percentagens de expansão dependem do tipo de meio filtrante, do tamanho de partículas e dos
coeficientes de uniformidade. BROUCKAERT (2004) indica que na prática as expansões
devem ser geralmente em torno de 25% devido principalmente à distribuição de tamanho do
meio filtrante.
O modelo matemático básico usado na maioria das pesquisas para relacionar a
velocidade de retrolavagem ou velocidade superficial (Vs) e a porosidade (ε), é representada
pela Equação 18 de Richarson & Zaki (BROUCKAERT, 2004).

𝑉𝑆 = 𝑘𝜀 𝑛 [18]

Sendo:
Vs: velocidade superficial [LT-1]

55
ε: Porosidade da camada
k : constante que dependente da unidade da Vs [L T-1]
n: constante que dependente da densidade, formato e diâmetro da partícula.

A Equação 18 foi derivada para aplicações em partículas esféricas a partir dos valores
da velocidade de sedimentação da partícula, resultando na Equação 19 (CLEASBY & FAN,
1981).
𝑉𝑠
= 𝜀𝑛 [19]
𝑉𝑖
Sendo:
Vs : velocidade superficial [LT-1]
Vi: velocidade de sedimentação da partícula [L.T-1]
ε: Porosidade da camada
n: coeficiente de expansão
A velocidade de sedimentação (Vi) pode ser calculada graficamente a partir do log. ε
e do log Vs segundo a Figura 8.
No ponto da intercepção entre o eixo da velocidade superficial (Vs) com a curva
corresponde à velocidade de sedimentação (Vi), sendo, a inclinação da curva entre a
porosidade mínima (ε0) e Vi , corresponde ao coeficiente de expansão “n” dependente das
características da partícula. O ponto A onde a porosidade deixa de ser constante e inicia o
aumento para se tornar em porosidade de expansão será a velocidade mínima de fluidização
(Vmf).

Figura 8: Gráfico representativo da relação entre velocidade superficial e a porosidade


de um meio granulométrico homogêneo 1

1
Adaptado de AKKOYUNLU (2003).

56
Quando não se conhece o valor da porosidade da camada sem considerar a forças de
fricção do fluido nas paredes do recipiente, em sedimentação livre, a Equação 20 pode ser
aplicada para estimar o valor da velocidade de sedimentação em função do numero de
Reynolds da partícula.
𝜇𝑐 ∗ 𝑅𝐸𝑝
𝑉𝑖 = [20]
𝐷𝑝
Sendo:
Vi: velocidade de sedimentação da partícula. [L T-1]
μc: viscosidade cinemática do fluido [L2 T-1]
REp: Numero de Reynolds da partícula
Dp: diâmetro da partícula [L].
A Equação 8 pode ser modificada para ser utilizada num intervalo comum de
velocidade de sedimentação livre e calculada a partir da relação do diâmetro equivalente da
partícula (Deq), a massa especifica da partícula e a viscosidade dinâmica do fluido,
representada da seguinte forma:
𝑚
𝐷𝑒𝑞 3 ∗ 𝜌(𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔
𝑅𝐸𝑃 = 𝛼 ∗ [ ] [21]
𝜇2
𝜌(𝜌𝑝 −𝜌)𝑔
O termo é conhecido como o numero de Galileu. (Ga)
𝜇2

Sendo: ρp: massa especifica da partícula [M L-3]


ρ: densidade do fluido [M L-3]
g: aceleração da gravidade [L T-2]
Deq: diâmetro equivalente da partícula [L].
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1 T-1]
m, α: variáveis dependentes da partícula e diferentes meios filtrantes, sendo
usados mais freqüentes os valores experimentais mostrados na Tabela 6.
Tabela 6: Valores de α e m para diferentes materiais usados como meio filtrante1
Material α m
Areia 0,5321 0, 5554
Granito moído 0, 0702 0, 8230
Antracito 0, 2723 0, 6163

1
Fonte : RICHTER & SCREMIN (2006).

57
A porosidade de uma camada filtrante expandida (ε0), em função da velocidade
superficial pode ser estimada pelo rearranjo do modelo proposto por Richardson–Zaki na
Equação 19:

1⁄
𝑉𝑠 𝑛
𝜀0 = [ ] [22]
𝑉𝑖
Sendo:
ε0: porosidade num ponto determinado de expansão
Vi: velocidade de sedimentação da partícula. [L T-1]
Vs : velocidade superficial [L.T-1]
n: coeficiente de expansão que é função do numero de Reynolds da partícula e pode ser
calculado pela Equação 23.

1
= 𝛽 ∗ 𝑅𝐸𝑝 𝜃 [23]
𝑛

Sendo:
β, θ: variáveis dependentes das características da partícula. Sendo os seus valores
determinados experimentalmente para meios filtrantes mais comuns (Tabela 7).

Tabela 7: Valores de β e θ para diferentes materiais usados como meio filtrante1


Material β θ
Areia 0,1254 0,1947
Granito moído 0,1734 0,0541
Antracito 0,1813 0,1015

O coeficiente de expansão “n” da Equação 19 é um parâmetro estudado


criteriosamente no desenvolvimento de modelos matemáticos que consigam predizer a
expansão de camadas fluidizadas. Os modelos que expressam o expoente “n” podem ser
divididos em dois grupos. O primeiro grupo depende dos intervalos do Numero de Reynolds
da partícula e o segundo considerado pelos pesquisadores como modelos universais, que não
usam intervalos do numero de Reynolds, e seus resultados são calculados para um amplo
regime de fluxo. Segundo SIWIEC (2007), os valores de “n” dependem dos regimes de fluxo
que tem o seu comportamento definido pelo numero de Reynolds da partícula.

1
Fonte : RICHTER & SCREMIN (2006)

58
Segundo CLEASBY & FAN (1981) os valores típicos de “n” para diferentes tipos de
meios filtrantes estão dentro do intervalo entre 2,5 e 4,5 e, dependendo do tamanho, forma e
densidade das partículas do meio podem assumir valores de 3,1 até 3,4 para camadas de areia.
Numa primeira proposta do primeiro grupo de modelos, RICHARSON & ZAKI
(1954) citado por SIWIEC (2007), recomendam determinar o coeficiente de expansão “n”,
supondo uma forma esférica para as partículas e de acordo com as seguintes Equações:
𝐷𝑝
𝑛 = 4.65 + 20 ∗ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑅𝐸𝑝 < 0.2 [24]
𝐷𝑐
𝐷𝑝
𝑛 = (4.4 + 18 ∗ ) ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,03 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,2 < 𝑅𝐸𝑝 < 1,0 [25]
𝐷𝑐
𝐷𝑝
𝑛 = (4.4 + 18 ∗ ) ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,1 𝑝𝑎𝑟𝑎 1,0 < 𝑅𝐸𝑝 < 200 [26]
𝐷𝑐

𝑛 = 4,4 ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,1 𝑝𝑎𝑟𝑎 200 < 𝑅𝐸𝑝 < 500 [27]

𝑛 = 2,4 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑅𝐸𝑝 > 500 [28]

Sendo
Dp: diâmetro de partícula [L]
Dc: diâmetro da coluna de ensaio [L]

Entretanto, como as partículas não têm formato esférico, e pelas dificuldades para
determinar os parâmetros de forma, CLEASBY & FAN (1981) propõem a determinação do
coeficiente de expansão a partir da relação com a esfericidade, apresentada na Equação 29:

Dp
n = (4,45 + 18 ∗ ) ∗ REp −0,1 ∗ ψb [29]
Dc

Sendo:
𝑏 = −2,9237 ∗ 𝜓0,884 ∗ 𝑅𝐸𝑝 −0,363
Outra proposta empírica para o calculo do coeficiente de expansão, que atende o
grupo de equações universais foi feita por LIMTRAKUL et al. (2005) citado por SIWIEC
(2007) que se diferencia das equações anteriores, por combinar o calculo do numero de
Reynolds da partícula com o numero de Galileu da Equação 21, resultando na Equação 30:

59
5.09 + 0,284 ∗ 𝑅𝐸𝑝 0,877
𝑛= [30]
1 + 0,104 ∗ 𝑅𝐸𝑝 0,877

3.7 Velocidade mínima de fluidização

As determinações da velocidade de fluidização mínima, (Vmf,) e da velocidade


superficial de líquidos são necessárias e indispensáveis para descrever o processo da
fluidização em camadas filtrantes. A velocidade mínima de fluidização pode ser definida pela
interseção das curvas de perda de pressão da camada estática com a camada fluidizada,
segundo os pontos marcados na Figura 9, sendo, portanto, o momento em que as partículas da
camada passam de um estado estático ao estado de movimentação.

Figura 9: Gráfico representativo do ponto da velocidade mínima de fluidização (Vmf)1


Em alguns casos, a perda de pressão aumenta ligeiramente acima do nível de perda de
carga observado, diferenciando-se do comportamento teórico. Esse pico é causado pelo
arranjo dos grãos angulares que causam resistência ao entrar num estado fluidizado. Os picos
podem se tornar maiores se a camada de areia for compactada intencionalmente. Nos casos em
que o pico é evidente, a velocidade mínima de fluidização (Vmf) deve ser selecionada como o
valor da velocidade imediatamente depois da queda de pressão do pico, no ponto observado
em que a queda de pressão passa a ser constante, ocorrendo a fluidização total da camada
(CLEASBY & FAN, 1981)

1
Adaptado de SIWIEC, (2009).

60
Normalmente, o valor experimental é maior do que o valor teórico como
conseqüência de diversos fatores que podem afetar a sua determinação. Os valores da
porosidade (ε) e perda de pressão (ΔP) neste ponto corresponderam aos valores de porosidade
mínima de fluidização (εmf) e perda de pressão mínima de fluidização (ΔPmf). Como
característica do comportamento na perda de pressão, ZHIPING et al. (2007) afirmam que a
velocidade mínima de fluidização diminui com o incremento da pressão. A influência da
pressão na velocidade mínima de fluidização é mais intensa para partículas maiores que para
partículas menores.
Segundo CLEASBY & LOGSDON (1999), o cálculo da velocidade de mínima
fluidização é importante na determinação dos requisitos mínimos de vazão na retrolavagem,
sendo que a sua intensidade faz com que a camada se comporte de diferentes formas,
permitindo estabelecer o ponto inicial da expansão da camada de areia. Para CLEASBY &
FAN (1981) o abordagem racional para esse cálculo é baseado no fato de que perda de pressão
na camada fixa (Equação 14) é igual ao valor constante da perda de pressão do leito no ponto
de fluidifização (Equação 15). Portanto, a equação de Ergun pode ser igualada à perda de
carga constante e resolvida para o cálculo da velocidade mínima de fluidização, resultando na
Equação 32. A exatidão dos resultados depende dos valores utilizados para esfericidade (ψ) e
para porosidade da camada (εmf) dificultando, na maioria das vezes, o seu calculo, quando não
se tem dados reais dos parâmetros.
2
μ𝑑 (1 − ε𝑚𝑓 ) (1 − ε𝑚𝑓 ) 𝜌 [32]
150 2∗ ∗ Vmf + 1.75 ∗ ∗ 𝑉 2 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) ∗ (𝜌𝑝 − 𝜌) ∗ 𝑔
(ψ ∗ Deq ) ε 𝑚𝑓
3 ε 𝑚𝑓 ³ ψ ∗ 𝐷𝑒𝑞 𝑚𝑓

Sendo
Vmf: velocidade mínima de fluidização [L T-1]
Deq: diâmetro equivalente da partícula [L]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ρp: Massa especifica da partícula [M L-3]
εmf: porosidade mínima de fluidização
ψ: esfericidade da partícula
μd: viscosidade do fluido [M L-1 T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]

61
Para superar essa limitação, WEN & YU (1966) encontraram a existência de uma
correlação empírica entre a porosidade mínima da fluidização (εmf) e a esfericidade (ψ)
apresentada na Equação 32, que corresponde a valores aproximados estimados pelas
Equações 33 e 34:
(1 − 𝜀𝑚𝑓 )
≅ 11 [33]
𝜓2 𝜀𝑚𝑓 3

1
≅ 14 [34]
𝜓𝜀𝑚𝑓 3

Substituindo a Equação 33 e 34 na Equação 32, resulta no modelo simplificado


proposto por WEN & YU (1966), para o calculo da velocidade mínima de fluidização,
utilizando diretamente dos valores do diâmetro equivalente, massa especifica da partícula e da
densidade e viscosidade dinâmica do fluido (Equação 35).
0,5
𝜇 𝜌(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔
𝑣𝑚𝑓 = ∗ [(33.7² + 0.0408 ∗ 𝐷𝑒𝑞 3 ) − 33,7] [35]
𝜌𝐷𝑒𝑞 𝜇𝑑 2

Sendo:
Vmf: velocidade mínima de fluidização [L T-1]
Deq: diâmetro equivalente da partícula [L]
ρ: densidade do fluido [M L-3]
ρp: massa especifica da partícula [M L-3]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [M L-1 T-1]
g: aceleração da gravidade [L T-2]

Outros modelos foram propostos para a estimativa do valor da velocidade mínima de


fluidização, mas, segundo DAVIDSON et al. (1985), o maior problema com essas equações é
que apresentam alta sensibilidade para os valores de porosidade e esfericidade. Dessa forma,
quando os valores são escolhidos corretamente os resultados podem ser precisos, mas
pequenos erros podem resultar em variações significativas na velocidade mínima de
fluidização.
Em termos gerais os modelos matemáticos surgem de experiências empíricas,
atingindo resultados próximos as condições reais e facilitando o seu uso em condições
especificas. Entretanto, pela natureza dos parâmetros e variáveis requeridos, que dificultam em

62
grande parte sua caracterização, é preciso continuar na busca por um modelo que integre as
condições de cada camada. Adicionalmente, o desenvolvimento de um modelo que consiga
simular os comportamentos de perda de carga, expansão e velocidade mínima de fluidização
em filtros de areia para irrigação, permitirá atingir condições ideais para otimizar as
eficiências dos processos de filtração e retrolavagem.

63
4. MATERIAIS E MÉTODOS

Dividiu-se o desenvolvimento desse projeto em três etapas principais: a primeira,


realizada em campo, estava relacionada com a avaliação da operação de filtros de areia
realizada por produtores que utilizam esses sistemas de filtração; a segunda parte,
caracterizada como experimental, foi realizada no laboratório, com ensaios de filtros de areia
comerciais de diferentes fabricantes, e uma etapa final, de base teórica, que gerou a
comparação entre os dados experimentais e resultados teóricos obtidos utilizando algumas
equações representativas que simulem o comportamento para leitos fluidizados em meios
porosos.

4.1. Avaliação de filtros de areia em campo

Dentro da cadeia de utilização de equipamentos de filtragem na irrigação, os


produtores rurais são aqueles que podem fornecer informações sobre a funcionalidade dos
filtros nos processos de filtração e retrolavagem, por serem os mais familiarizados com os
problemas e as dificuldades de operação dos filtros. Para realizar esta atividade foi feita uma
listagem de produtores que utilizam irrigação localizada com sistemas de filtração de areia,
localizados próxima à região de Campinas, SP, a partir de informações obtidas de fabricantes e
distribuidores de equipamentos de irrigação (MESQUITA, 2010). Buscando conhecer e avaliar
as principais limitações no uso do equipamento em campo foi utilizado diferentes ferramentas
metodológicas como visitas técnicas, aplicação de questionários, e coletas de amostras de areia
e da água antes e após a realização da retrolavagem.

4.1.1 Questionário técnico de avaliação da retrolavagem

Como primeira etapa do processo de avaliação de campo dos filtros de areia, foi
desenvolvido um questionário prático que caracterizasse as principais questões sobre a
operação realizada pelos produtores quando utilizam sistemas de filtração, distinguindo o
manejo técnico desse processo (Anexo E).
O questionário serviu como registro de informações detalhadas solicitadas ao
produtor, que incluía dados básicos como: identificação da propriedade, origem ou fonte da
água destinada a irrigação, operação e o manejo do filtro na propriedade, manutenção e a
assistência técnica disponibilizada pela empresa fornecedora, técnicas de manejo nos filtros,
tempos de operações tanto na parte da filtração como na parte da retrolavagem.

64
4.1.2 Visitas técnicas

Para se tomar conhecimento prévio da situação atual de manejo e operação de filtros


de areia e para avaliar a metodologia que estava sendo proposta foram realizadas visitas
preliminares a três produtores: Estância Santa Maria, Ponte Baixa e o Sítio dos Meninos, todas
localizadas na cidade de Indaiatuba, SP. Após a adequação da metodologia e definição dos
procedimentos de análise, foram realizadas visitas definitivas em três propriedades agrícolas:
Ponte Baixa em Conchal (SP) Estância Santa Maria em Pirassununga (SP), e Vem Flor
Esmeralda em Mogi Mirim (SP). Nesta última propriedade foram avaliados dois sistemas de
filtragem pertencentes a duas estufas distintas em produção. Essas visitas foram denominadas
nesta pesquisa como P1, P2 e P3 respectivamente, assim como, E1 a primeira estufa e E2 a
segunda estufa, da propriedade P3.

4.1.3 Metodologia de avaliação do processo de retrolavagem em campo

Em cada visita avaliou-se o desempenho do processo de filtragem, a partir da


operação convencional realizada por pessoas responsáveis pelos equipamentos utilizando o
seguinte procedimento:
 O filtro era aberto para a avaliação visual das condições da areia antes da retrolavagem,
com a determinação a altura da camada filtrante presente no seu interior;
 Eram retiradas amostras aleatórias de areia antes do inicio do ciclo da retrolavagem ao
longo da camada filtrante e na superfície para determinação das condições físicas da areia.
 O ciclo de retrolavagem era executado de acordo com o procedimento convencional da
propriedade;
 Durante o processo de retrolavagem eram anotados possíveis problemas que ocorressem
na operação dos equipamentos e monitorados os valores da pressão, e da vazão, que eram
medidos, respectivamente, com auxílio de manômetros de Bourdon e de medidor de vazão
ultrasônico FMS (fluis management system) modelo UFM 170, e o tempo de
retrolavagem.
 Após a execução da retrolavagem, as condições superficiais da areia eram novamente
registradas fotograficamente e comparadas com as condições encontradas antes da
realização do processo.

65
 Novas amostras aleatórias de areia eram retiradas após do termino do ciclo, para se
determinar o desempenho do processo de retrolavagem.

4.1.4 Análises de amostras do material filtrante

As amostras de areia coletadas nas visitas foram submetidas a uma análise física de
propriedades granulométricas para se determinar as condições do meio filtrante no momento
da realização da retrolavagem realizado pelo produtor, e para se determinar a eficácia da
remoção do processo. Adicionalmente, foram realizadas determinações da quantidade de
matéria orgânica volátil, utilizando o procedimento gravimétrico ou método da calcinação
(Loss of Ignition) adaptado para amostras de areia. A opção por essa metodologia levou em
consideração a resistência a altas temperaturas dos componentes da areia de sílica, que
permitia submeter às amostras a altas temperaturas sabendo que a matéria orgânica, devido a
sua menor resistência, pode ser calcinada facilmente num tempo determinado (SILVA et al.
1999). O procedimento utilizado consistia basicamente das seguintes etapas:
 Identificação das amostras coletadas (Figura 10a);
 Pesagem de uma quantidade de areia, colocando um peso conhecido em cadinhos
(Figura 10b);
 Colocar as amostras em estufa, a uma temperatura de 150 oC, para eliminar parte da
umidade, por um período de duas horas. Após esse tempo as amostras eram pesadas
novamente (Figura 10c);
 As amostras eram levadas a uma temperatura de 250 oC numa estufa, tipo mufla,
durante duas horas para eliminação da matéria orgânica volátil. Após esse
procedimento as amostras eram pesadas novamente (Figura 10d).

A diferença entre o peso inicial das amostras e o peso das amostras após a passagem
pela mufla resultava no peso de matéria orgânica volátil presente na amostra de areia. Os
resultados das análises das amostras coletadas antes e após da retrolavagem foram tabulados
para cada uma das propriedades visitadas e, o valor da porcentagem da remoção de matéria
orgânica do processo estimada, utilizando como referência o peso inicial das amostras.

66
a. Identificação das amostras b. Pesagem das amostras

c. Amostras na estufa a 150 C° d. Amostras na estufa mufla a 250 C°

Figura 10: Seqüência fotográfica da determinação do conteúdo de matéria orgânica nas


amostras de areia
4.2 Ensaios Experimentais

Para atingir os objetivos da segunda etapa da metodologia, foi necessário levar ao


laboratório os conceitos, questionamentos e experiências gerados nas visitas realizadas e dos
resultados da busca bibliográfica prévia para analisar experimentalmente o comportamento do
processo da retrolavagem utilizando filtros de areia de marcas brasileiras.

4.2.1 Local

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Hidráulica e Irrigação da Faculdade de


Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas, localizado na latitude 22° 53´
20”S, longitude 47° 04´ 40”W e altitude de 680 m.

4.2.2 Módulo de ensaio experimental

Para a obtenção dos dados experimentais relacionados à caracterização do processo


de retrolavagem, procedeu-se a montagem de um módulo hidráulico atendendo às dimensões
de tubulações recomendadas pelos fabricantes de filtros de areia e permitindo o
monitoramente e coleta de dados em tempo real pela montagem de um sistema de aquisição de
dados. A montagem dos dispositivos de medição, acessórios equipamento de filtração no

67
modulo de retrolavagem, são apresentados na Figura 11, sendo acoplados ao sistema de
bombeamento por meio de tubulação de PVC com DN 50 PN 80.

Figura 11: Esquema da montagem do módulo experimental com filtro para análise do
processo de retrolavagem
Legenda: 1). Registro entrada, 2). Medidor de vazão ultra-som, 3). Medidor de vazão eletromagnético, 4).
Tomadas de pressão, 5). Registro na saída.

O sistema de bombeamento, parte essencial da bancada de ensaios para pressurizar o


sistema de filtragem, era composto por um motor elétrico de 25HP Marca WEG a 1800 RPM,
acoplado a uma bomba centrifuga Marca KSB, Modelo MOGANORM BLOC com vazão
nominal de 100 m3h-1, diâmetro do rotor de 332 mm. O sistema de bombeamento faz parte de
um circuito fechado de tubulações de DN 125 PN 125, instalado no laboratório.
Para determinação da vazão de ensaio foi utilizado um medidor eletromagnético da
marca SIGNET, modelo 2551, de 50 mm (Figura 12), que usa como princípio de medida o
monitoramento da voltagem que produz o fluido quando passa por um campo magnético
gerado pelo sensor; e que foi instalado na tubulação de entrada segundo as especificações do
fornecedor. Esse medidor tinha as seguintes especificações técnicas:

 Saída de corrente: 4 a 20 mA: 21.6 a 26.4 VCC, 22 mA max.


 Freqüência: 5 a 26.4 V CC, 15 mA max.
 Intervalo do fluxo Mínimo: ±0,05 m/s (±0,15 pés/seg.)
 Linearidade: ±1 % de leitura
 Exatidão do circuito: Erro máx. de 32 μA (a 25 °C, 24 V CC)

68
 Variação por temperatura: ±1 μA por °C, máx.

Figura 12: Medidor de vazão eletromagnético1


Segundo a norma ASABE (1994) os dispositivos para determinação de vazões devem
ter uma exatidão de ± 2% sobre o intervalo do fluxo avaliado, e devem ser instalados e
calibrados segundo recomendações padronizadas. O medidor de vazão eletromagnético
(numero 3 na Figura 11) foi instalado respeitando um comprimento de 50 vezes o diâmetro
interno da tubulação depois da válvula ou registros na direção do fluxo e cinco vezes o
diâmetro após do medidor. Esse medidor foi calibrado para os diâmetros e materiais
característicos das tubulações utilizadas nos ensaios, e tendo como referencia padrão o
resultado volumétrico de três repetições, comparados com as leituras de vazão média obtidas
com o medidor ultra-som.
Foram utilizados dois registros tipo agulha, que foram instalados na saída e na
entrada do filtro (números 1 e 5 na Figura 11), para manter um controle fino e manual da
pressão e velocidade da água durante a retrolavagem.
Um medidor de vazão que utilizava o princípio de ultra-som (numero 2 da Figura 11)
foi utilizado como medida auxiliar da velocidade e vazão da entrada, permitindo uma
comparação com as leituras do medidor eletromagnético e dando maior confiabilidade aos
ensaios. O medidor ultra-som tinha a as seguintes especificações:
 Modelo: UFM170 medidor de vazão ultra-sônico.
 Linearidade: +- 0.5 %.
 Precisão: +- 1 % em velocidades acima de 0.18 m/s
 Data logger embutido
 Diâmetros: para uso em diâmetros de tubulação de até 4 polegadas.

1
Fonte: www.nei.com.br/images/lg/227795.jpg, acesso fevereiro 2010

69
O medidor ultra-som foi calibrado para o ensaio de cada filtro e foi instalado no
mínimo a 10 vezes o diâmetro da tubulação na entrada após do registro 1, garantindo um
trecho de tubulação livre de qualquer tipo de obstáculo que pudesse influenciar nas condições
do sinal.

4.2.3 Sistema de aquisição de dados

Segundo MONTEIRO (2005), o termo “sistema de aquisição de dados” refere-se ao


conjunto de equipamentos (hardware) e de programas (software) projetado para amostrar e
digitalizar sinais analógicos. As amostras ou leituras adquiridas podem depois ser processadas
da forma mais conveniente para a aplicação em causa. Também é descrito como um sistema
eletro-mecânico que faz a transformação das variáveis físicas de interesse em variáveis
lógicas, possíveis de serem armazenadas dentro de um microcomputador (RAMOS, 1992). O
uso do sistema de aquisição de dados permite a coleta, interpretação e analise de dados de uma
forma, mais rápida, exata e confiável, sendo indispensável em medição de grandezas com
pequenas variações instáveis como vazão, pressão ou temperatura.
A maioria dos sinais digitais é obtida por digitalização de sinais analógicos, que um
processo que envolve as etapas representadas no diagrama de blocos da Figura 13.

Figura 13: Esquema para digitalização de sinal analógico (Fonte: MONTEIRO, 2005)

Do conjunto hardware fazem parte todos os componentes físicos que servem para
adquirir, processar, armazenar o sinal analógico que será interpretado como sinal digital por
uma placa de aquisição de dados.
Para a conversão das leituras analógicas para digital foi empregada uma placa de
aquisição de dados Marca National Instruments, Modelo PCI 6221, com 16 canais de entrada
analógicos e quatro canais de saída, instalada internamente na placa mãe de um PC com as
seguintes especificações.
 Numero de canais: 16
 Velocidade de amostragem: 250 KS/s
 Resolução: 16 bits

70
 Intervalo de voltagem Max: -10/+10 Volts
 Intervalo da voltagem Min: -200/-200 mV
 Memória interna: 4095 amostras.

Para medir a grandeza física da pressão foram utilizados três transdutores de pressão
da marca Freescale modelo MPX5700DP eletromagnético com seis pins e entradas
diferenciais. Dois transdutores foram utilizados para a determinação da pressão absoluta na
entrada e saída do módulo, e outro para a estimativa do diferencial de pressão entre esses
pontos, e que foram selecionados para atender as faixas de pressão necessárias para as
fluidizações das camadas dos meios filtrantes. Esses transdutores tinham as seguintes
especificações:
 Voltagem de saída: 4,75 a 5,25 Vdc
 Intervalo de pressão: 15 a 700 kPa
 Sensibilidade: 6.4 mV/kPa
 Linearidade +- 2,5 % VFSS

Os tradutores de pressão foram ligados à placa de aquisição de dados de acordo com


o esquema apresentado na Figura 14, e dispostos ao lado da bancada do computador.
Buscando manter uma alimentação constante de 5 volts e segurança individual, os transdutores
foram alimentados independentemente por uma fonte de voltagem regulável que atendia a
faixa de 0 até 24 volts.

Figura 14: Esquema das ligações dos dispositivos de medição

71
Os transdutores foram conectados a duas tomadas de pressão do tipo integral (Figura
15), onde a pressão é registrada em quatro pontos ao redor do diâmetro da tubulação, e
instalada atendendo a norma ASABE (1994).

Figura 15: Detalhe da tomada de pressão para os sensores


Para a aquisição e análise dos sinais provenientes dos transdutores de vazão, pressão,
foi utilizado o software Labview de Linguagem de programação gráfica da National
Instruments. Para interpretação dos sinais obtidos foi desenvolvido uma interface visual
apresentada na Figura 16, que coletava os sinais da placa de aquisição já processada e
representava na tela os valores das seguintes variáveis: pressão na entrada e saída do módulo,
diferencial de pressão entre esses pontos, vazão medida pelo medidor eletromagnético,
intervalos de tempo do ensaio e o número de dados armazenados. Esses valores eram
armazenados em arquivos compatíveis para a análise em planilhas de cálculo.

Figura 16: Interface do sistema de aquisição de dados utilizados nos ensaios

72
4.2.4 Condições experimentais

4.2.4.1 Água

A norma ASABE (1994), recomenda a realização de ensaios com filtros de areia com
a água em temperaturas variando em um intervalo entre 10 a 38 oC. Os ensaios foram
realizados com água proveniente do sistema de abastecimento urbano do município de
Campinas, armazenada num reservatório com capacidade aproximada de 50 m3 no laboratório,
o que garantiu visibilidade suficiente para os registros fotográficos dentro dos filtros.

4.2.4.2 Meio filtrante

A partir da classificação proposta por GELDART (1973), que recomendou selecionar


areias com granulometrias que não ultrapassem o grupo de meios porosos classificados como
fáceis para fluidizar e que promovam o processo de retrolavagem no momento dos ensaios,
foram selecionadas três granulometrias diferentes dentro dos seguintes intervalos de diâmetro
de partículas: 0,5 a 1,0 mm; 0,8 a 1,2 mm e 1.0 a 1,5 mm.
As areias utilizadas foram caracterizadas por MESQUITA (2010), que determinou
curvas granulométricas (Figura 17) e avaliou as características da distribuição granulométrica,
diâmetro equivalente, porosidade, esfericidade e massa específica (Tabela 8) e, denominadas
como G1, G2 e G3, respectivamente, nesse trabalho.

Figura 17: Curvas granulométricas das areias ensaiadas 1

1
Fonte: MESQUITA (2010)

73
Tabela 8: Caracterização das propriedades físicas das areias utilizadas nos ensaios1
GRANULOMETRIA COMERCIAL
CARACTERISTICA
G1 G2 G3
Coeficiente de uniformidade (CU) 1,51 1,27 1,34
Diâmetro efetivo (mm) 0,5 0,85 1,15
Diâmetro equivalente (mm) 0,90 1,10 1,60
Porosidade (ε) 43 42 41
Esfericidade (ψ) 0,82 0,82 0,82
Massa especifica (ρs(g*cm ))-3
2,67 2,67 2,67

Segundo HAMAN et al. (1994), os meios filtrantes devem ser descritos e


caracterizados pelos seguintes parâmetros: coeficiente de uniformidade, representado pela
distribuição granulométrica, e o diâmetro efetivo médio. MESQUITA (2010) encontrou que
existe uma homogeneidade no tamanho dos grãos na distribuição para o tipo de areia
intermédia (G2), em comparação com as outras dois (G1, G3), que apresentaram uma
distribuição menos uniforme. Entretanto, os coeficientes de uniformidade para o intervalo
granulométrico estavam dentro dos limites adequados para irrigação.

4.2.4.3 Filtros de areia

Foram ensaiados equipamentos provenientes de três marcas comerciais que foram


cedidos pelas empresas fabricantes participantes desta pesquisa: HIDROSOLO, MARBELLA
DO BRASIL, AMANCO, denominados nesse trabalho como filtros F1, F2 e F3,
respectivamente. Essas marcas são particularmente as mais utilizadas no mercado nacional, e
as características gerais de cada filtro estão relacionadas na Tabela 9, e os modelos
caracterizados nas Figuras do Anexo D.
Tabela 9: Características técnicas gerais dos filtros avaliados.
Ø Ø Ø
Hcf NUMERO DE
FILTRO MARCA/MODELO entrada saída Corpo
(cm) CREPINAS
(mm) (mm) (mm)
HIDROSOLO
F1 50,8 50,8 60 400 4
FA 07
MARBELLA
F2 50,8 50,8 50 500 8
520
AMANCO Braço coletor
F3 76,2 76,2 50 750
15165 22 crepinas
Hcf: altura do corpo do filtro

1
Fonte: MESQUITA (2010)

74
Buscando um método que permitisse o monitoramento e a gravação de imagens
durante o processo da retrolavagem e, particularmente, sobre o momento da fluidização da
camada filtrante foi preciso modificar a estrutura do corpo do filtro com instalação de janelas
na forma visores de vidro com dimensões de 13 cm por 43 cm, e uma espessura de 15 mm,
fixado com uma resina epóxi especial. (Figura 18), projetadas para suportar a pressão máxima
de trabalho dos ensaios.

Figura 18: Detalhe dos filtros ensaiados com os visores de vidros


Cada filtro foi montado no módulo atendendo as especificações de tubulações, e as
condições hidráulicas fornecidas pelo fabricante para garantir similaridade com a sua operação
em campo.

4.2.4.4 Parâmetros de controle

Para gerar uma referência de comparação entre os componentes dos filtros e o uso das
camadas de areia, caracterizou-se na primeira parte dos ensaios, a perda de carga para os
filtros vazios, ou seja, sem a presença do meio filtrante, e com o escoamento ocorrendo no
mesmo sentido do processo de retrolavagem.
O procedimento foi realizado aplicando as recomendações dos fabricantes para
vazões de trabalho, respeitando as condições do sistema de bombeamento utilizado e baseado
nas recomendações de vazão para retrolavagem sugeridas por HAMAN et al. (1994),
conforme apresentado na Tabela 1. Para os filtros com diâmetro de tubulação de entrada de 50
mm, as vazões de retrolavagem mínimas recomendadas pelos fabricantes eram: 9 e 18 m 3 h-1,
por outro lado, para o filtro com diâmetro de entrada de 75 mm, o valor recomendado era de
50 m3 h-1. Entretanto, foi possível atingir alguns valores de vazão acima do recomendado para
analise de comportamentos extremos.

75
A vazão da água na tubulação de entrada dos filtros foi utilizada como referencia para
calcular o primeiro parâmetro de controle, a velocidade superficial, que segundo as
recomendações de PIZARRO (1996) deve ser mínimo de 0,01 m s-1 para limpeza dos filtros.
No caso dessa pesquisa, as velocidades escolhidas pretendiam avaliar condições abaixo e
acima do recomendado. Assim, a velocidade superficial máxima atingida foi de 0,070 m s -1
para F1, 0,045 m s-1 para F2 e 0,044 m s-1 para F3, e os ensaios com meio filtrante foram
realizados variando a velocidade em intervalos cada 0,005 m s-1 iniciando de 0,0 m s-1 até o
máximo valor em cada filtro, particularmente, optou-se por utilizar valores intermediários de
velocidades para comparações mais detalhadas.
Como segundo parâmetro de controle, as alturas da camada de areia, foram definidas
baseadas nos conceitos da teoria da fluidização e nas recomendações feitas por BERNARDO
et al. (2005) que afirmam que as camadas de areia nos filtros devem ter como mínimo uma
altura de 50 cm de espessura, e VERMEIREN & JOBLING (1984) que recomendam que para
a camada filtrante se eleve adequadamente não deve ultrapassar 1 m de altura. Entretanto, as
condições de ensaio restringiam estas recomendações, pois camadas com essa altura
ultrapassavam os níveis superiores das janelas impedindo a observação das superfícies das
camadas, ou atingiam o nível máximo do comprimento do corpo do filtro, que era menor que a
altura recomendada. Dessa forma, decidiu-se por assumir com altura de referência o
comprimento existente entre o nível do difusor de entrada do filtro e o nível de instalação das
crepinas.
Assim, a altura útil e disponível para fluidização do leito foi assumida como a
diferença de altura entre a superfície do leito filtrante e o difusor do filtro. Foram definidas
três alturas representativas deste comprimento para cada filtro selecionando: uma altura
mínima (25% do comprimento), uma altura média e uma altura máxima (25% do comprimento
abaixo do difusor), apresentadas na Tabela 10:
Tabela 10: Alturas da camada filtrante ensaiadas para os filtros avaliados
ALTURA ALTURA ALTURA
ALTURA UTIL PARA
FILTRO MINIMA MEDIA MAXIMA
FLUIDIZAR (cm)
A1 (cm) A2 (cm) A3 (cm)
F1 60 15 30 45
F2 45 11 22,5 34
F3 47 12 23,5 35

76
Os valores escolhidos de altura para as camadas atendiam as recomendações de
VERMEREIN & JOBLING (1984), garantindo assim a ocorrência do processo da fluidização
do leito sem exceder alturas maiores de areia que pudessem causar perdas de areia, nem
alturas menores que não conseguissem fluidizar-se.
O terceiro parâmetro de controle da pesquisa era a granulometria da areia com as
características físicas apresentada na Tabela 8. Os ensaios para cada filtro foram iniciados com
areia de menor granulometria G1, até a maior granulometria G3, variando as alturas da
máxima A3 para a mínima A1, e controlando a velocidade da entrada em ordem ascendente.
Em particular, para um filtro obteve-se uma matriz de ensaios de 9 velocidades, 3
alturas (A1, A2 A3), por granulometria (G1, G2, G3), resultando 81 ensaios, que tiveram três
repetições (R1, R2, R3), totalizando 243 ensaios (Figura 19). Dessa forma, todo experimento,
resultou num total para os 3 filtros de 729 ensaios com meio filtrante e 81 ensaios com filtros
vazios. As repetições foram feitas a fim de diminuir a dispersão de dados com respeito nos
valores médios obtidos e eliminar em grande parte os ruídos que podem ocorrer nos sinais
produzidos por dispositivos elétricos.

Figura 19: Esquema dos parâmetros de controle realizados em cada filtro

77
A duração dos ensaios para cada velocidade era de aproximadamente de 3 min., com
100 segundos de aquisição de dados, o que permitia o registro de 100 valores emitidos pelos
tradutores de pressão com intervalos de 1 segundo. A tomada de dados era realizada após a
estabilização do sistema, o quê demorava entre 10 e 12 minutos, para um total aproximado de
2 horas por camada e 6 horas por filtro para primeira repetição.

4.2.5 Procedimentos experimentais

Foi utilizado o seguinte procedimento metodológico para cada ensaio:


 Seleção e limpeza da areia de acordo com as granulometrias propostas;
 Preenchimento do filtro de areia com a primeira granulometria na altura máxima
(A3);
 Iniciar o ensaio com a estabilização dos dispositivos de medição (tradutores de
pressão, medidor ultra-som e eletromagnético) durante 15 min., com o sistema de
bombeamento ligado;
 Calibração das vazões e velocidades de trabalho;
 Abrir o registro da entrada totalmente, controlando a vazão com o registro da saída
do módulo, abrindo-o lentamente até atingir e estabilizar da menor a maior
velocidade;
 Coletar os dados iniciando a aquisição dos dados para 100 seg.;
 Medir a expansão da camada de areia para as camadas do leito avaliada e registrar o
comportamento em vídeo;
 O procedimento era repetido para essa condição mais duas vezes, e aplicado para os
outros modelos de filtros, alturas e granulometrias ensaiadas.

Os dados obtidos de vazão de entrada, expansão da camada filtrante dentro do filtro e


de pressões nos pontos avaliados foram utilizados para estimar os valores das velocidades
superficiais e relacioná-las com a perda de pressão no processo de retrolavagem. Esses dados
foram analisados utilizando planilhas de cálculos e programas estatísticos para determinar os
valores médios e a relação entre variáveis por meio de gráficos comparativos.

78
4.3 Avaliação dos resultados obtidos

4.3.1 Caracterização dos regimes de fluidização na retrolavagem

Como parte da caracterização do processo da retrolavagem nos filtros de areia foi


identificada os regimes de fluidização que ocorrem quando é feito lavagem de camadas de
areia segundo a teoria no tópico 3.2.2.1.2. Usando imagens fotográficas e vídeos tirados por
uma máquina com alta velocidade de captura, cada filtro foi submetido à retrolavagem
mudando as velocidades superficiais e com as observações detalhadas foram registradas as
mudanças no comportamento de movimentações e elevações nas camadas. A cada mudança de
movimentação percebida foi identificada a velocidade de sua ocorrência e relacionada em
tabelas descritivas.

4.3.2 Avaliação dos filtros na ausência de meio filtrante

A análise realizada nos filtros vazios tinha como objetivo caracterizar o efeito dos
componentes estruturais dos filtros (Anexo D) no comportamento da perda de pressão em
função da vazão, com a água circulando no sentido de retrolavagem.
Os valores obtidos da diferença de pressão foram tabulados (Anexo A) em planilhas
de calculo e representados graficamente em função da carga hidráulica (CH) para cada filtro.
As comparações foram realizadas entre os três filtros analisando o tipo de fluxo em analogia
com comportamentos em escoamentos de tubulações delineados pela determinação do número
de Reynolds, dado pela Equação 36:

𝑉𝑆∗𝜌∗ 𝑑𝑓
𝑅𝐸 = [36]
𝜇𝑑
Sendo:
RE: Número de Reynolds
Vs: velocidade superficial [L.T-1]
df : diâmetro do filtro [L]
μd: viscosidade dinâmica do fluido [ML-1 T-1]
ρ: massa especifica do fluido [M.L-3]

79
4.3.3 Avaliação dos filtros com meio filtrante

Os resultados obtidos para os filtros com diferentes camadas de areia e granulometria


foram registrados e representados pelos valores médios das três repetições apresentados nas
Tabelas do Anexo B. Com esses valores foram construídos gráficos de perda de pressão em
função da velocidade superficial para cada filtro, identificando o intervalo do regime
apresentado em escalas coloridas e a velocidade mínima de fluidização. Adicionalmente, com
os resultados experimentais de elevação de camada foram calculadas as percentagens de
expansão a partir da Equação 16, e representados graficamente em função da velocidade
superficial e com identificação dos regimes apresentados.
A análise dos comportamentos da expansão nos três filtros requereu um
aprofundamento das bases teóricas que fundamentam o aumento que sofre a porosidade (ε) do
leito à medida que a camada de areia se expande (SHOLJI, 1987). Dessa forma, com os
valores da expansão estimados pela Equação 16 e os valores da porosidade da camada
encontrados pela Equação 17, foram representadas em um gráfico, com escala logarítmica, as
porosidade de expansão das três granulometrias G1, G2 e G3 para a expansão mínima
recomendada de 25% e da máxima de 50% de camada de areia em filtros de areia (WEBER,
1979; CLEASBY, 1972 citado por AKKOYUNLU, 2003; BROUCKAERT, 2004; MURPHY,
2006).
Finalmente, foram calculados os valores de vazão (Qr) e velocidade superficial (Vs)
para a recomendação mínima de 25% de expansão da camada, a partir dos gráficos de
percentagem de expansão em função da velocidade superficial, onde se obteve o valor da
velocidade superficial a uma expansão dos 25%, que foi convertida em vazão com a área de
seção de cada filtro.

4.3.4 Avaliação do meio filtrante

Para as comparações das perdas de carga devido ao efeito do meio filtrante, foi
necessário eliminar da perda de carga total os valores correspondentes ao equipamento e seus
componentes. Dessa forma, da diferença entre o valor obtido experimentalmente nos ensaios
com meio filtrante e o valor experimental da perda de pressão para o filtro vazio, resultou a
perda de pressão gerada na camada filtrante seguindo a metodologia usada por BURT (2010).
Os valores resultantes são mostrados na Tabela 29 do Anexo C.

80
4.4 Comparações e modelagens matemáticas dos resultados obtidos

4.4.1 Modelagem dos filtros vazios

Os resultados para a condição de filtros vazios foram analisados e ajustados por


modelos matemáticos apontados por planilha de cálculo e representados por gráficos com
coeficientes de determinação e com as respectivas equações de tendência encontrada.

4.4.2 Comparação dos comportamentos teóricos com os dados experimentais na


velocidade mínima de fluidização

Buscando simular o comportamento da retrolavagem dos filtros de areia, em


concordância com as propriedades das partículas e das diferentes variáveis que afetam o
processo foram avaliados os resultados da velocidade mínima de fluidização utilizando
modelos matemáticos empíricos. Após da caracterização dos regimes com ajuda dos vídeos e
fotografias, foi necessário identificar experimentalmente as velocidades superficiais nas quais
se iniciava a movimentação na camada de areia, denominada velocidade mínima de
fluidização. Os valores teóricos da velocidade mínima de fluidização foram estimados pelo
modelo matemático simplificado (Equação 35) proposto por WEN & YU (1966), que requer
os valores do diâmetro equivalente da partícula (Deq), da relação entre densidades da partícula
e do fluido, e da viscosidade do fluido (numero de Galileu - Ga), calculado pela Equação 21.

81
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Avaliação dos filtros de areia em campo

5.1.1 Caracterização dos filtros avaliados em campo

Foram visitadas três propriedades agrícolas (P1, P2 e P3), que autorizaram a


avaliação dos sistemas de filtragem instalados, cujos detalhes estão apresentados na Figura 20.

Figura 20: Detalhes dos filtros avaliados nas visitas


Como se pode observar na Figura, nas propriedades P1 e P3, os sistemas de filtragem
eram operados manualmente pela abertura de registros, tanto no processo de filtração como de
retrolavagem, enquanto a propriedade P2 utilizava um sistema automatizado de controle
programado por válvulas solenoides em cada filtro. Apesar de P3 apresentar válvulas de
controle nas tubulações dos filtros, estas estavam inoperantes.
As características dimensionais e as condições físicas dos filtros avaliados estão
apresentadas na Tabela 11, que também descreve as condições atuais a que estão submetidos
os equipamentos por parte dos produtores.
Tabela 11: Características físicas dos filtros avaliados nas visitas
ALTURA PRESSÃO MAX
MARCA DIAMETRO TEMPO DE ESTADO DE
PROP. N° INSTALAÇÃO DE SERVIÇO
MODELO* (cm) USO CONSERVAÇÃO
(cm) (kPa)

MARBELLA
P1 530 2 100 60 680 2 anos Bom
MARBELLA 15
P2 570 4 130 120 790 Excelente
meses
P3 MARBELLA
540 2 100 80 690 15 anos Regular
E1
MARBELLA
E2 540 2 100 80 690 15 anos Bom
*Modelo especificado pelo site da empresa fornecedora segundo as características avaliadas

82
Coincidentemente, todos os filtros avaliados eram da marca MARBELLA, sendo que
somente as diferenças entre os diâmetros dos filtros determinaram a heterogeneidade na
capacidade de filtração. O filtro de P1 tinha o menor tamanho e diâmetro dos filtros avaliados,
e P2 utilizava 4 filtros de maior diâmetro instalados em uma bateria, enquanto P3 utilizava
filtros similares para E1 e E2 do mesmo diâmetro.
Os filtros das propriedades P1 e P2 apresentavam boas condições físicas externas,
devido especialmente ao tempo de uso menor, que era 2 anos e 15 meses respectivamente,
enquanto, os filtros da propriedade P3 tinham um tempo de uso de 15 anos, sem troca de
equipamentos.

5.1.2 Características físicas dos meios filtrantes

A partir de amostras de areias coletadas nos filtros avaliados, foram determinadas as


respectivas curvas granulométricas (Figura 21) e as propriedades físicas de densidade,
diâmetro efetivo e equivalente, porosidade e esfericidade, que estão apresentadas na Tabela
12. A determinação da distribuição granulométrica das areias é fator importante para análise
da adequação do material utilizado, sendo recomendado por HAMAN et al. (1994), para
avaliação da uniformidade das camadas utilizadas nos meios filtrantes.

Figura 21: Curvas granulométricas das amostras de areia coletada das visitas

A análise da inclinação das curvas granulométricas das areias avaliadas permite


distinguir a sua classe granulométrica e a homogeneidade do diâmetro das partículas que as
constituem. A areia utilizada em P2 apresentou uma inclinação maior que as outras areias

83
avaliadas devido à presença de carvão ativado no meio. Como as partículas de carvão eram de
dimensões maiores que os grãos de areia, a quantidade de grãos de carvão eram maiores nas
peneiras de maior mesh, diminuindo a quantidade que passavam nas outras peneiras,
influenciando as características físicas do meio granular. A areia presente em P1 se
caracterizou por apresentar uma inclinação com tendência mais vertical, significando que a
distribuição granulométrica para esta amostra foi mais homogênea. Da mesma forma, a areia
contida em P3 resultou numa curva com declividade paralela à curva P2, apresentando uma
distribuição granulométrica similar o perto a P2, com exceção do fato que a distribuição de
partículas foi menor que 1,5 mm de diâmetro.
Tabela 12: Características físicas das areias utilizadas nos filtros avaliados.
PROPRIEDADE
CARACTERISTICA
P1 P2 P3
Coeficiente de uniformidade (CU) 1,33 1,45 1,56
Diâmetro efetivo (mm) 0,75 0,9 0,62
Diâmetro equivalente (mm) 1,12 1,19 1,15
Porosidade (ε) 0,473 0,49 0,474
Esfericidade (ψ) 0,76 0,72 0,75
Massa especifica (ρ (gr cm ³))
-
2,82 2,51 2,63

Comparando o comportamento dos gráficos com os resultados do coeficiente de


uniformidade (CU) das areias apresentados na Tabela 12, se confirma que quanto menor é o
coeficiente de uniformidade mais uniforme são as areias (PIZARRO, 1996). O coeficiente de
uniformidade está relacionado com os diferentes diâmetros de partículas que a constituem,
enquanto que esfericidade tem a ver com a proximidade da forma com a esfera. Quanto mais
esféricas e uniformes são as partículas das areias, mais fácil é o seu levantamento no processo
de retrolavagem, evitando a formação de caminhos preferências na camada, assim, será mais
fácil de realizar a movimentação da camada e conseguir o desprendimento de partículas
aderidas e, conseqüentemente a sua expansão. BURT (1994a) recomenda coeficientes de
uniformidade menores de 1,5 para areias. Portanto, P1 e P2 atingem a recomendação,
enquanto a uniformidade apresentada para P1 pode significar que a utilização de freqüentes
retrolavagens, determinou que a camada filtrante perdesse parte das partículas menores que
compunham o leito e, a camada avaliada era composta das partículas que se mantiveram com
as condições de uso. Outro ponto a se considerar sobre P3 é o fato de o filtro ter apresentado

84
uma altura de camada que ultrapassava o limite recomendado associado ao tempo de uso dos
filtros, o que pode ter determinado uma seleção de granulometrias.
Segundo a classificação de areias apresentada por BURT (1994a) na Tabela 2, a partir
dos valores calculados é possível comparar que para os diâmetros efetivos de 0,75 mm e 0,65
para P1 e P3 respectivamente, correspondem a uma peneira de mesh 200. Segundo o autor,
essas condições o meio filtrante não conseguiria remover partículas menores de 0,06 mm de
diâmetro. O maior diâmetro efetivo de 0,9 mm para P2 corresponderia, a um material de
granito moído e uma equivalência de 140 a 200 mesh, permitindo remover partículas menores
que 0,08 mm. Dessa forma, se forem utilizados emissores com um valor de diâmetro de
orifício igual ou menor aos valores descritos para remoção de partículas ocorrerá problemas de
entupimento (BURT, 1994a; LOPEZ et al. 1997).
As porosidades das areias avaliadas apresentaram valores próximos, tendo P1 e P3
uma porosidade igual, apesar da diferença entre granulometrias. A esfericidade sugere que
quanto mais próximo o valor fique de 1, o formato da partícula é mais arredondado,
característica importante na retrolavagem, mas diferente para a filtração, que precisa partículas
menos esféricas. O valor desta variável foi praticamente igual para as três areias avaliadas,
inferindo uma forma quase esférica para as partículas. No caso de P2, devido a presença de
carvão ativado ocorre uma mudança nos valores, efeito que WEN & YU (2003) compararam
na Tabela 4 para meios mais comuns usados na filtração. A esfericidade para o carvão é 0,75,
dentro do intervalo comum para areias, que é de 0,7 – 0,8, sendo que seu valor não modifica
significativamente muito esta propriedade.

5.1.3 Avaliação do processo de retrolavagem

Nas propriedades agrícolas visitadas foi aplicado o questionário desenvolvido para


análise da filtração e da retrolavagem executada pelos produtores (Anexo E). Os resultados
dos questionários buscavam obter informações sobre: a fonte de água, manejo e operação,
alturas das camadas, tempos e freqüências de operação e metodologia usada no processo. As
principais informações obtidas foram:
 As três propriedades utilizavam águas superficiais provenientes de rios localizados
próximos das culturas e, de acordo com os responsáveis, nenhuma delas tinham sido
analisadas para determinação da qualidade para fins de irrigação.

85
 As atividades e manejo da filtração e da retrolavagem eram realizadas manualmente
por pessoas contratadas, que utilizavam procedimentos recomendados pelos fornecedores
dos equipamentos. Essas pessoas não receberam treinamento para a realização dessas
operações e não tinham conhecimento dos processos e das rotinas de manutenção.
 Na análise visual dos filtros abertos, a situação mais relevante encontrada foi os níveis
nas alturas da camada utilizadas. Todos os filtros continham areia até o nível máximo de
preenchimento, ultrapassando os limites recomendados pela literatura para viabilizar a
expansão do leito filtrante. A fluidização inadequada do leito foi confirmada na propriedade
P1, onde, após a abertura do filtro foi constatado que a camada de areia não havia se
movimentado.
 A decisão para a realização da retrolavagem adotada pelos produtores era pelo tempo
de irrigação, o que determinava tanto sub como sobre estimativas desse momento. A
propriedade P3, que possuía os equipamentos de filtração E1 e E2, utilizava uma freqüência
de retrolavagem de 10 a 30 minutos (tempo que demorava a irrigação) com 15 minutos de
duração do processo. Na propriedade P2, a duração da retrolavagem era de 3 min., após 25
min de tempo da irrigação por cada filtro, enquanto a propriedade P1 utilizava 5 min.
A variabilidade encontrada nos tempos de execução das retrolavagens nas
propriedades era conseqüência direta das recomendações dos fornecedores de equipamentos,
demonstrando a necessidade de se aplicar conhecimentos existentes para determinação da
freqüência e da duração da operação baseada nas características hidráulicas do filtro, nas
condições dos meios filtrantes e da qualidade da água.
Na Tabela 13 são apresentados os valores das características hidráulicas dos filtros
avaliados no processo de retrolavagem em campo: vazão de sistema (Qs), área superficial do
filtro (As), carga hidráulica (CH), vazão de retrolavagem (Qr), velocidade superficial (Vs),
altura da câmara filtrante (H), altura da camada (L), pressão na entrada (PE) e saída do filtro
(PS) e diferencial de pressão (ΔP) do filtro depois da retrolavagem.

86
Tabela 13: Parâmetros avaliados da retrolavagem nos equipamentos das propriedades
visitadas.
Qs As CH Qr¹ Vs H L P.E² P.S² ΔP²
PROPRIEDADE (m³h-1m²)
m³h-¹ m² m³h-¹ mh-1 m m kPa kPa kPa
P1 27,3 0,28 97,5 13,6 48,4 0,4 0,35 392 - -
P2 84,0 1,13 74,3 21,0 18,6 0,6 0,5 675 606 69
E1 30* 0,50 60,0 15,0 29,8 0,45 0,4 344 - -
P3 106,0
E2 53** 0,50 26,5 52,7 0,45 0,35 248 206 42
¹ Vazão calculada para um filtro só
² Pressão para o numero de filtros usados em cada propriedade
*dado estimado segundo a curva da bomba utilizada, eficiência da bomba 57%
**dado estimado segundo a curva da bomba utilizada, eficiência da bomba 40%

A vazão do sistema (Qs) refere-se aos requerimentos do sistema de irrigação,


calculado para o numero de filtros em serviço. Para E1 e E2, esses valores foram estimados
seguindo o comportamento hidráulico da bomba utilizada e a pressão de serviço dos filtros. A
carga hidráulica (CH) ou taxa de filtração, indica o volume de água que passa pela área
superficial (As) do filtro. Segundo MESQUITA (2010), a carga hidráulica recomendada para
filtragem varia entre os 20 m3h-1m-2 a 60 m3h-1m-2. Baseado nesses valores e nas condições de
águas de alta turbidez e alturas de camadas encontradas nos filtros pode-se concluir que a
filtração nas três propriedades acontecia em condições de perdas de carga elevadas que
poderia afetar de maneira significativa o rendimento do sistema, já que a perda de carga
apresenta um comportamento proporcional com o aumento da altura da camada e o aumento
da taxa de filtração.
HAMAN et al. (1994) na Tabela 1 sugere, que quanto maior o diâmetro do filtro
maior é área da seção superficial da camada do leito filtrante e, portanto, maior é a vazão de
retrolavagem recomendada. A vazão de retrolavagem (Qr) para P1 (13,6 m 3 h-1) encontrava-
se próximo do valor recomendado (10,9 m3 h-1) para o diâmetro desse filtro, contrário do que
ocorre com P2 (21 m3 h-1), onde a vazão utilizada estava 52% abaixo do valor mínimo
recomendado (45,7 m3 h-1). Em P3, segundo as estimativas o valor de 15 m³h-1 para E1 estava
abaixo do intervalo recomendado de 20, 2 m3 h-1 a 28,6 m3 h-1, enquanto E2 estava dentro do
intervalo sugerido.
Outro ponto verificado nos filtros avaliados foi a condição da câmara de filtração ou
volume vazio do filtro necessário para ocorrer a fluidização e a movimentação das partículas
durante a retrolavagem. Todos os filtros, com exceção de E2, apresentavam alturas da camada
filtrante (L) que atingiam o nível do difusor de entrada do filtro, determinando diferenças de

87
altura entre o nível da camada e o difusor da ordem de 5 a 10 cm, não atendendo as
recomendações de VERMEIREN & JOBLING (1984). Este fato limita o processo da
retrolavagem, pois caso se consiga expandir a camada filtrante, as partículas de areia serão
expelidas para fora do filtro.
Os valores de vazão para retrolavagem de P2 e E1 estão baixos das recomendações de
PIZARRO (1996) e BERNARDO et al. (2005). Analisando os valores anteriores com relação
nas alturas de camada, é possível notar que nos filtros que apresentaram uma velocidade baixa
(P2 e E1) não tinham suficiente condição hidráulica para atingir a expansão da camada de
areia, somando a isso, a velocidade teria que vencer o peso gerado pelo volume da areia
preenchida até o limite imposto pelos difusores. Isso significa que a vazão utilizada não estava
gerando uma movimentação mínima da camada, nem efetuando a remoção de partículas
contaminantes, sem ocorrer a limpeza efetiva do leito. Apesar de P1 apresentar condições de
velocidade de 48,4 m.h-1, o que permitiria eliminar parte das impurezas, não seria possível
expandir adequadamente a camada pelo fato de contar com uma altura de camada de 35 cm
em uma câmara de filtração disponível de 40 cm.
A determinação do diferencial de pressão (ΔP) entre a entrada e a saída do filtro
momentos antes da retrolavagem, somente foi possível para P2 e E2 em P3, pois nos outros
filtros avaliados não havia manômetros ou locais para a sua instalação na saída do filtro.
PIZARRO (1996) e BERNARDO et al. (2005) informam que a perda de carga para um filtro
limpo está no intervalo de 10 a 30 kPa, com velocidades superficiais de limpeza maiores a 40
m h-1. Dessa forma esperava-se que para filtros em condições de uso normal o intervalo
recomendado seja maior, tendo em vista que na medida em que o meio filtrante vai retendo
partículas sua perda de carga vai aumentando. Segundo BURT (1994b) o valor da perda de
carga em condições normais estaria entre 21 a 34 kPa. O equipamento E2 apresentou uma
queda de pressão de 42 kPa para os 2 filtros em serviço. Ao estimar uma queda de pressão
igual para os dois filtros que estavam em série, cada filtro ficaria com uma perda de 21 kPa e
atingiria as recomendações. Por outro lado, o filtro P2, cuja camada caracterizou-se por
apresentar uma quantidade significativa de material orgânico e partículas de limo (Figura 22),
foi obtido um valor de 69 kPa para a perda de pressão nos 4 filtros em serviço, dessa forma,
estimando a queda de pressão para cada filtro ficaria em torno de 15 a 20 kPa, não
correspondendo ao valor mínimo recomendado para retrolavagem.

88
Figura 22: Fotografia mostrando a presença de limo na camada de areia.
Em resumo, as variáveis avaliadas mostram que a operação do filtro de E2 cumpre
parte das recomendações de altura da camada, velocidade e perdas de pressão, o que
determinaria a um processo de retrolavagem dentro dos parâmetros recomendados normais.
Entretanto, a eficiência de remoção teria que ser avaliada para se determinar se o equipamento
esta cumprindo totalmente as condições de limpeza dos meios filtrantes.

5.1.4 Remoção de matéria orgânica

Uma observação freqüente durante a avaliação dos filtros nas propriedades foi à
presença de matéria orgânica em quantidades significativas retidas no interior dos meios
filtrantes, o que exigiu a busca por um método para quantificar essa presença e verificar se a
remoção desse material era adequada após a limpeza dos filtros. Em filtros lentos, a
penetração do material suspenso ocorre na superfície da camada filtrante até 40 cm de
profundidade, sendo que no topo da camada de areia se desenvolve uma camada biológica. O
crescimento desta camada aumenta a remoção de partículas menores e proporciona remoção
de matéria orgânica e inorgânica. (VARESCHE, 1989; citado por MARRARA 2005). Nos
filtros de areia utilizados na irrigação também ocorreram esse processo, pois foi verificada em
alguns filtros a formação de “crostas” de matéria orgânica, que além de gerar obstrução no
processo de filtração ao diminuir a área de filtragem e dificultar a remoção na retrolavagem,
pode causar perdas de pressão consideráveis no filtro (PIZARRO, 1996).
As amostras de areia retiradas dos filtros avaliados foram submetidas a análise em
laboratório para determinação da matéria orgânica retida pelo meio filtrante no processo da
filtração e comparada com a matéria que ficou após do processo de retrolavagem, e os
resultados apresentados na Tabela 14. A porcentagem de remoção apresentada nessa Tabela
indica o valor da quantidade removida de matéria orgânica para um processo de retrolavagem.
Essa determinação se mostrou uma forma de avaliação simples e rápida, diferente da

89
eficiência de remoção que utilizou analise do efluente o que implicaria avaliação para várias
condições de qualidade de água.

Tabela 14: Determinação da porcentagem de remoção para os filtros avaliados nas


visitas.
PESO PESO PESO
PESO
RETRO- APÓS APÓS MATERIA %
PROPRIEDADE AMOSTRA
LAVAGEM ESTUFA MUFLA ORGANICA REMOÇÃO
(gr.)
(gr.) (gr.) (gr.)
ANTES 40 35,60 35,42 0,17
P1 19,77
APÓS 40 37,13 36,99 0,14
ANTES 40 35,02 34,73 0,29
E1 54,55
APÓS 40 35,39 35,26 0,13
P3
ANTES 40 36,61 36,54 0,063
E2 10,53
APÓS 40 37,94 37,88 0,057

As dificuldades de submeter as partículas de carvão ativado das amostras P2 a


temperaturas de 250° C impediram a quantificação dessas amostras. Os resultados
demonstram que P1 e P3 apresentaram um comportamento próprio de limpeza, pois como se
esperava, o teor de matéria orgânica após da retrolavagem reduziu como resultado da limpeza.
A quantidade de matéria orgânica eliminada no E1 foi maior, com 54% de remoção, o que,
entretanto, não está de acordo com as analises preliminares das características da camada que
indicaram a não ocorrência de retrolavagem adequada pela inexistência de sinais de
movimentação na camada. Por outro lado, E2, que de certa forma, atendia algumas
recomendações de altura da camada, a porcentagem de remoção foi menor. A quantidade de
matéria orgânica presente no meio filtrante depende da qualidade da água utilizada já que a
matéria orgânica transportada pelos cursos de água, seja particulada ou dissolvida, pode
agregar-se a materiais geológicos, e, deste modo, produzir ambientes de sedimentação.
(CUSTODIO & LLAMAS, 1976; STEVENSON, 1982 citado por DIAS & DE LIMA. 2004).
Esse valor depende também, do tempo do uso do filtro, e principalmente da eficiência da
retrolavagem. As avaliações dos filtros mostraram tempos de uso relativamente longos e
retrolavagens fora das recomendações.
Alguns problemas foram verificados no procedimento adotado para determinação da
matéria orgânica presente no meio filtrante. É possível que os teores de matéria mudem para
cada sessão de aquecimento, pois no primeiro momento que as a mostras são colocadas na
estufa para eliminar conteúdo de umidade, ocorre uma perda de matéria não quantificada ao

90
submeter a areia a 105°C. SILVA et al. (1999) afirmaram que a calcinação possui problemas
inerentes ao seu princípio, uma vez que a temperatura alta pode provocar perdas de
componentes de água estrutural (componentes da estrutura dos minerais do solo) atribuída a
compostos orgânicos. Tal fato pode causar uma superestimação nos valores calculados. Dessa
forma a metodologia utilizada pode não apresentar uma informação exata, dificultando, assim,
as analises dos resultados. Portanto, devido a essa possível variação de metodologia justifica a
necessidade de novos estudos para encontrar e adaptar uma metodologia de quantificação da
eficácia do processo de retrolavagem utilizando a matéria orgânica presente nos meios
filtrantes.

5.2 Ensaios experimentais

5.2.1 Identificação dos regimes da retrolavagem.

A retrolavagem pode ser caracterizada como um sistema de fluidização liquido-solido


de curta duração dividida numa série de etapas evolutivas que podem ser chamadas de
regimes, e, que precisam ser identificados e estudados para se encontrar as condições ótimas
de expansão do leito. Esses regimes no processo da retrolavagem se fundamentam nos
conceitos da teoria de fluidização.
A expansão do leito filtrante deve permitir a remoção dos sólidos suspensos retidos
em seu interior, sendo necessário o estabelecimento de parâmetros hidráulicos de velocidade
superficial e diferencial de pressão para as características de operação dos sistemas de filtração
(LOPEZ, 2009). A ocorrência de cada regime no processo de retrolavagem depende
principalmente da velocidade superficial aplicada e das propriedades físicas do leito filtrantes,
principalmente, da esfericidade, peso e diâmetro da partícula.
Atualmente não se tem registros teóricos de operações de fluidizações em filtros de
areia pressurizados para irrigação. A teoria existente baseia-se em estudos realizados em
filtros lentos de tratamentos de água para abastecimento humano. Os experimentos realizados
diferenciam-se da teoria pelas condições de trabalho adquiridas (tipo de fluido, pressão, vazão,
camadas de areia, etc.) e pelas características físicas dos filtros (câmara filtrante, tipo de
difusor, tipo de crepinas, etc.), mostradas no Anexo D. O uso de filtros em escala real e em
condições de uso normal permitiu distinguir 3 regimes característicos que concordam com
algumas características que segundo DAVIDSON et al. (1985) descrevem para os sistemas

91
liquido-solido, identificáveis em três filtros avaliados, e que ocorreram na seguinte ordem:
regime da camada estática ou leito fixo, regime fluidização mínima e regime da fluidização
particulada. Como caso especial pouco freqüente nos sistemas liquido-solido, o regime da
fluidização borbulhante foi descrito por ter sido verificado em alguns momentos dentro das
fluidizações experimentais. Diferentemente da teoria e da prática com outros modelos de
filtros, os regimes de turbulência e transporte pneumático, não foram verificados nesse estudo.
O primeiro por ser um regime próprio de sistemas fluidizados por gases, e o segundo por
limitações nas dimensões dos filtros.
Nesse estudo, foi utilizada a velocidade superficial (Vs) como a principal variável
controlada para determinar o estado ou ponto de transição dos regimes como é indicado por
GUPTA & SATHIYAMOORTHY (1999). Dessa forma, os regimes foram identificados na
medida em que um aumento na velocidade superficial denotava a ocorrência de diferentes
efeitos na fluidização. Nos tópicos seguintes serão descritos os tipos de regimes encontrados
para cada filtro avaliado, com ajuda de fotografias tiradas no momento de ocorrência do
regime, mostrando o comportamento da superfície e ao longo da altura da camada.

5.2.1.1 Regime de camada estática ou leito fixo

A camada fixa é o primeiro regime que ocorre no processo de fluidização do leito


filtrante. Esse regime pode ser caracterizado pelo comportamento estático do meio filtrante,
sem movimentação de partículas. Apesar de a água fluir no sentido reverso da filtragem
através do meio, as baixas velocidades superficiais não consegue movimentar a camada que
conserva a sua altura inicial (L) de preenchimento e mantém a porosidade constante nessa
etapa inicial.
Como o regime de fluidização do leito não depende da altura da camada, foi
escolhido aleatoriamente um registro fotográfico das alturas: 15, 11 e 23,5 cm para os filtros,
F1, F2 e F3, respectivamente. Na Figura 23, são apresentados os estados de camada fixa que
correspondem às alturas de camadas escolhidas (L), detalhando que essas camadas não sofrem
levantamento.

92
Figura 23: Comportamento do regime de camada estática para os filtros F1, F2 e F3

Na Figura, é possível verificar que a superfície apresentava o estado conservativo da


camada sem sinas de movimentação. Entretanto, foi possível visualizar que, no interior do
leito existia movimentação da água através da camada que, como se movimentava a baixas
velocidades, não conseguia desalojar ou movimentar as partículas de areia do leito.
Na Tabela 15 são mostrados os intervalos de velocidades superficiais que
caracterizam o estado da camada fixa para os três filtros, sendo que os valores das velocidades
indicam o intervalo do inicio e da finalização aproximado, quando o regime de leito fixo
ocorria.
Nota-se na Tabela que para a granulometria G1, os intervalos de velocidade
superficial (Vs) apresentaram valores semelhantes nos filtros F2 e F3. Nas granulometrias G2
e G3, o filtro F3 apresentou o menor valor da velocidade ocorrendo nos intervalos de 0,0 a
36,0 m h-1 e 54,0 m h-1, respectivamente.

93
Tabela 15: Intervalos de velocidade superficial (mh-1) no regime de camada fixa para
cada granulometria nos três filtros ensaiados
VELOCIDADE SUPERFICIAL Vs (m h-1)
FILTRO L (cm) G1 G2 G3
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 68,4
F1 30 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 72,0
45 0 - 25,2 0 - 54,0 0 - 68,4
11 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
F2 22,5 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
34 0 - 32,4 0 - 46,8 0 - 68,4
12 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0
F3 23,5 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0
35 0 - 32,4 0 - 36,0 0 - 54,0

O filtro F1, na altura de camada de 30 cm, apresentou o maior intervalo de


velocidade. Os resultados encontrados demonstraram que a ocorrência do regime de leito fixo
depende das características granulométricas das areias avaliadas e do modelo de filtro
utilizado. Ao mudar a granulometria para cada altura no mesmo filtro, o valor da velocidade
para esse regime aumentou com o aumento da granulometria apresentando um comportamento
em proporções lineares. A porosidade da camada não se modifica neste regime, conservando a
sua condição inicial, portanto, quanto menor a porosidade maior será a resistência pela
passagem da água. Além disso, a diferença dos valores de velocidades encontradas para os
filtros utilizando G2 e G3 está diretamente relacionada com o diâmetro do filtro, pois F3 tem o
maior diâmetro, e, conseqüentemente, maior área superficial, o que reduz o valor da
velocidade superficial com a passagem da água. Por outro lado, F2, tem um diâmetro de filtro
que permitiu atingir um intervalo de velocidade maior neste regime.

5.2.1.2 Regime de fluidização mínima ou de borbulhamento localizado.

A fluidização mínima ou borbulhamento localizado foi o segundo regime encontrado


nos filtros avaliados. Essa etapa era identificada no processo pelo início da movimentação da
camada, quando as primeiras partículas de areia iniciavam o levantamento conjuntamente com
uma parte da camada. A característica predominante neste regime foi a ocorrência de um
pequeno levantamento da camada originado por pequenos e poucos borbulhamentos,
geralmente situados na superfície da camada acima do local de cada crepina. (Figura 41, 45 e
48 do Anexo D).

94
Esse tipo de regime não apresentou um intervalo de ocorrência específico. O evento
aparecia quando a velocidade aplicada incitava ao movimento e ao levantamento das
partículas, por efeito da passagem da água pelos espaços intersticiais da camada. A definição
do momento exato da ocorrência era pouco percebível, devido a que, na maioria dos casos, a
movimentação era inferior a 1 cm de altura, e pelo levantamento não ser homogêneo.
Nesse regime, as características das camadas filtrantes sofreram modificações,
principalmente, a porosidade (ε), que aumentava o seu valor pelo efeito da expansão do leito.
Igualmente, devido a expansão do leito, a camada apresentava um incremento da altura
proporcional à velocidade aplicada. O regime de fluidização mínima pode ser caracterizado
pelos seguintes parâmetros: velocidade mínima de fluidização (Vmf), altura mínima de
fluidização (Lmf) e porosidade mínima de fluidização (εmf)
O registro fotográfico que evidencia o comportamento da fluidização mínima é
mostrado para os três filtros avaliados na Figura 24, sendo que as alturas que foram tomadas
de referencia para o comportamento do regime foram de 15, 11 e 23,5 cm para os filtros, F1,
F2 e F3, respectivamente.

Figura 24: Comportamento da fluidização minima para os filtros F1, F2 e F3

95
Preliminarmente ao levantamento mínimo, foi possível perceber pequenos
movimentos das partículas de menor tamanho na superfície, gerado pela condição de
heterogeneidade da areia (a granulometria apresentou diferentes tamanhos de partícula no
mesmo intervalo granulométrico). Esse fato serviu como indicador de que a fluidização
mínima iria ocorrer, sendo que depois disso apareciam os primeiros indícios de movimentação
na superfície em forma de bolhas.
Na Figura 24 é possível observar no perfil dos filtros, que a camada de areia
apresentava uma expansão de poucos centímetros, acima da altura inicial (L), até a altura de
mínima fluidização (Lmf). Por exemplo, para o F1, a camada saiu de uma altura de 15 cm para
16 cm, em F2 de 11 cm para 12,5 cm e em F3 de 12 cm para 12,5 cm, registrando expansões
menores de 5% da altura total da camada (L). Durante esse regime, foi possível notar que na
superfície começam a surgir pequenos movimentos causados por bolhas, acompanhadas de
partículas levantadas que emergiam do interior da camada até a superfície. Essa
movimentação ocorria lentamente e a quantidade de bolhas geradas era entre uma e duas
acima das crepinas. O levantamento da camada dentro dos filtros não foi homogêneo e, para
alguns dos casos, foi percebível somente em uma das janelas do filtro. Este efeito pode ser
justificado pela distribuição heterogênea do fluxo devido à configuração de instalação das
crepinas. Não era visível nesse regime o aparecimento de outros tipos de movimentação ao
longo da altura da camada.
Na Tabela 16 estão relacionadas as velocidades mínimas de fluidização (Vmf)
encontradas nesse regime para cada filtro
Tabela 16: Velocidades mínimas de fluidização (mh-1) no regime de fluidização mínima
para cada granulometria nos três filtros ensaiados.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
FILTRO L (cm) G1 G2 G3
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 28,8 57,6 72,0
F1 30 28,8 57,6 72,0
45 28,8 57,6 72,0
11 36,0 54,0 72,0
F2 22,5 36,0 54,0 72,0
34 36,0 46,8 72,0
12 36,0 43,2 61,2
F3 23,5 36,0 43,2 61,2
35 36,0 43,2 61,2

96
É possível observar que para F1 o momento da mínima fluidização iniciou numa
velocidade superficial menor (28,8 mh-1) na granulometria G1. O filtro F3 apresentou a menor
velocidade mínima de fluidização para as granulometrias G2 e G3 com valores de 43,2 e 61,2
mh-1, respectivamente. As maiores velocidades na granulometria G1 foram atingidas com o
valor igual de 36,0 mh-1 para F2 e F3, e para G2 foi de 57,6 mh-1 para o filtro F1 e, para G3
foi tanto para F1 como para F2 com valores similares dede 72,0 mh-1. As variações de
velocidades encontradas mostram o efeito da granulometria no momento de ocorrência da
mínima fluidização, sendo que em termos gerais, a granulometria menor G1 precisou de
menor velocidade de fluidização em comparação com G2 e G3. O diâmetro equivalente (Deq)
de G1 era menor, portanto existe a tendência que elas sejam levantadas com menor velocidade
superficial, assim, o aumento da granulometria vai requerer um incremento da velocidade para
vencer o maior peso das partículas. Neste ponto a porosidade da camada sofre uma
modificação diretamente proporcional com o levantamento (Lo) e a velocidade superficial.
Pode-se verificar pela Tabela 18 que a alturas da camada avaliadas não afetaram o momento
da ocorrência do regime, independente do filtro utilizado.

5.2.1.3 Regime de fluidização particulada

O regime de fluidização particulada sucede a ocorrência da etapa de fluidização


mínima, permitindo o seu registro com mais facilidade, quando comparado com os regimes
anteriores, pois predomina durante um intervalo amplo de velocidade, o que permite
diferenciar seu inicio e ter uma aproximação do ponto final. Nessa etapa, a camada de areia
sofre uma expansão progressiva na sua totalidade, proporcional com o aumento da velocidade.
Essa expansão se inicia com a movimentação desordenada e agitada tanto na superfície como
ao longo da altura da camada, após a velocidade da água vencer o peso gerado pelas
partículas. A camada se expande em contínuos e rápidos movimentos ascendentes e mantém
as partículas suspensas, apresentando acréscimo da porosidade desde o inicio do regime.
Nessa etapa prevalece a ocorrência de fortes turbulências, efeito de impulsos de jatos de água
da parte inferior do filtro, com quantidade significativa de partículas fluidizadas
desordenadamente acima da superfície da camada. Neste ponto, diferentes estratos da camada
de areia se movimentam dentro do filtro: os superficiais mudam de posição sendo substituídos
por estratos de areias do fundo ou de áreas perto das crepinas. No final do ciclo desse regime,
a camada se levanta completamente, formando um colchão de areia suspenso homogêneo, com

97
movimentos lentos que facilitava o registro da altura de expansão. Nesta condição, a camada
de areia estará fluidizada totalmente.
A Figura 25 apresenta os registros fotográficos do comportamento da superfície da
camada e uma vista lateral do regime da fluidização particulada dos filtros avaliados. Para a
estimativa da expansão da camada usou-se como referência as alturas de camada iniciais
mínimas para os três filtros que correspondem para F1, 15 cm, F2, 11 cm e F3, 12 cm.
Na avaliação desse regime ficou evidente na superfície da areia, a ocorrência de
movimentos contínuos ascendentes localizados em pontos logo acima das crepinas, criando
uma movimentação da metade da altura para cima ao longo da camada, sendo que da metade
da altura para baixo, perto da base das crepinas, não se registrava movimentação visível.
Adicionalmente, as paredes dos três filtros avaliados apresentaram áreas de camadas de areia
sem mobilização, ou seja, estáticas. Em condições de operação normal de retrolavagem de
filtros em campo este fato pode ser considerado um problema devido a possibilidade de
ocorrer áreas na camada de areia sem limpeza, facilitando o acúmulo de material contaminante
e de partículas orgânicas que podem obstruir e diminuir a área filtrante.

Figura 25: Comportamento da fluidização particulada para os filtros F1, F2 e F3

98
Na Figura pode ser observada a elevação da camada de areia, desde a altura inicial
(L) até uma altura denominada altura de expansão (Lo), utilizada para a estimativa e
comparação da expansão produzida nos três filtros. O filtro F1 teve uma altura de expansão
média de 9 cm, enquanto F2 apresentou 5,5 cm e F3 6,8 cm. Nesse regime os filtros
apresentaram expansões entre 10 e 50% da altura total inicial da camada. As camadas
filtrantes com menores alturas foram observadas expansões de até 100%, como é o caso do F1
para todas as granulometrias ensaiadas, devido ao maior espaço livre na câmara de filtração
disponível para o processo de expansão. Notou-se também, que ao final do regime ocorreram
perdas mínimas eventuais de areia de menores granulometrias, como conseqüência do
aumento de velocidade superficial. Esta ocorrência foi mais comum nos filtros com menores
câmaras de filtração, como F2 e F3. A análise de expansão do leito filtrante ficou prejudicada
para os ensaios com camadas de alturas maiores, devido a impossibilidade de visualização do
interior do filtro.
Em geral, o filtro F1 mostrou uma expansão de camada mais uniforme e homogênea,
sendo possível determinar as posições da camada na medida em que se aumentava a
velocidade superficial. Ao contrário, F2 apresentou mais agitação e turbulência na superfície e
sua expansão não foi homogênea, enquanto F3 registrou um comportamento localizado de
turbulências em áreas centrais da superfície da camada e pouca movimentação nas áreas
circundantes das paredes do filtro.
As velocidades superficiais necessárias para atingir este regime eram velocidades
maiores que de outros regimes, o que dificultava tanto o controle como a sua obtenção no
sistema hidráulico. A Tabela 17 mostra o registro das velocidades superficiais encontradas
nesse regime da fluidização particulada, sendo que os valores representam o intervalo do
inicio e o final aproximado do regime.
Um dos problemas encontrados na manutenção e ampliação desse regime no interior
dos filtros foram as dimensões dos equipamentos, que apresentavam uma altura livre limitada
para expansão da camada. Dessa forma, para alguns intervalos somente foi possível atingir as
velocidades máximas marcadas na tabela, cujas expansões das camadas chegavam até a
tubulação de saída dos filtros e, que, na maioria dos casos, determinam perdas de areia do
sistema.

99
Tabela 17: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da fluidização particulada para
cada granulometria.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
L
FILTRO G1 G2 G3
(cm)
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
15 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
F1 30 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
45 32,4-144,0 61,2-201,6 75,6-230,4*
11 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
F2 22,5 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
34 39,6-126,0 57,6-162,0* 75,6-162,0*
12 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
F3 23,5 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
35 39,6-144,0 46,8- 158,4* 64,8-158,4*
*Obs.: Máxima velocidade superficial atingida pelo sistema

Observa-se na Tabela 17, que os intervalos menores de velocidade foram encontrados


para a menor granulometria (G1), nos três filtros avaliados, sendo que as demais
granulometrias foram afetadas pela limitação no comprimento do filtro. Os valores que
indicavam o início do regime mostram que F3 apresentou o menor valor inicial para G2 e G3.
Para F1, os valores dos intervalos foram maiores utilizando G3 e, por comparações e
comportamentos avaliados nos regimes anteriores, pode-se estimar que esta característica seja
igual para os filtros F2 e F3.
Os intervalos de velocidades encontrados permitem inferir que a ocorrência do
regime se dava numa velocidade maior na medida em que a granulometria aumentava. Esse
requerimento pode ser comprovado no inicio do regime em F1 que para G1 foi 32,4 mh-1, 61,2
mh-1 para G2 e 75,6 mh-1 para G3. Portanto, nesse regime a altura da camada não apresentou
interferência na ocorrência do início do regime.
A característica de agitação apresentada no regime da fluidização particulada revela
condições que podem ser aproveitadas na limpeza nos filtros em condições de campo, pois a
movimentação que ocorre pode provocar desprendimento ou rompimento de material aderido
ou acumulado nas partículas de areia, retirando do sistema. Os intervalos de velocidade
superficial encontrados, por serem maiores que os mínimos de fluidização, permitem manter a
camada areia dentro do filtro em constante movimentação. Essa particularidade pode ser
aproveitada para separar o material filtrante das impurezas retidas no leito. Adicionalmente, a

100
elevação apresentada pela camada serve como indicador no controle do nível para evitar
perdas de areia nas camadas.

5.2.1.4 Regime de camada borbulhante

Categorizada como regime freqüente em leitos fluidizados com gases, a camada


borbulhante foi visualizada de forma momentânea e rara nos ensaios dos filtros. Sua
ocorrência em alguns casos marcou o limite entre o final do regime de fluidização particulada
e o inicio do regime de transporte de partículas. Em outros casos, apareceu formando parte do
regime da fluidização particulada. O regime borbulhante aparecia esporadicamente em
algumas camadas, sendo que sua importância para ser caracterizado no processo da
retrolavagem se deve ao fato de apresentar condições dinâmicas que podem determinar
características de movimentação e agitação nos regimes e definir expansões especiais nas
camadas fluidizadas.
Nessa etapa, apareciam bolhas de pequenos diâmetros em momentos específicos da
expansão do leito, quando a movimentação acontecia em forma de vórtex que subiam desde o
nível das crepinas até uma altura de expansão da camada (Lo) e terminavam em explosões de
protuberâncias deformadas de areia na superfície. A ocorrência desses borbulhamento era
pouco freqüente, sendo geradas por velocidades superficiais maiores em comparação com os
regimes anteriores. Dessa forma, é possível afirmar que borbulhamento da camada estava
relacionado com a turbulência rápida e com a movimentação desordenada e agitada
apresentada.
Na Figura 26 é mostrado o acontecimento, em detalhes, de algumas bolhas que
apareceram ao longo da fluidização das camadas.
É possível visualizar para os filtros F1 e F3 a presença e a forma das borbulhas. Neste caso,
aparecem duas pequenas bolhas ascendendo ao longo da camada de F1 e F3, o que dificultava
o registro da altura de expansão (Lo), por ser um movimento heterogêneo na superfície do
leito. Por outro lado, a fotografia de F2 mostra o leito totalmente fluidizado sem presença de
borbulhas demonstrando que nem sempre ocorre o borbulhamento na camada quando se
apresenta fluidização total. Na superfície das camadas dos filtros é possível notar a
movimentação aleatória das partículas de areia nesse tipo de regime.

101
Figura 26: Comportamento da camada no regime borbulhante para os filtros F1, F2 e F3

Na Tabela 18 são apresentados valores de velocidade superficial que foram possíveis


de se obter pela limitação do sistema de bombeamento e pela dificuldade de visualização do
processo. Essas limitações de visualização dentro da camada ocorreram quando as camadas se
expandiam excessivamente e tapando as janelas dos filtros e também devido a comprimentos
curtos das câmaras de filtração que não permitiam expansões maiores.

Tabela 18: Velocidades superficiais (mh-1) no regime da camada borbulhante para cada
granulometria ensaiada.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (mh-1)
L
FILTRO G1 G2 G3
(cm)
0,5 – 1.0 mm 0,8-1,2 mm 1.0-1,5 mm
F1 15 147,6 - 201,6* 205,2 - 252,0* 234,0 - 252,0*
11 129,6 - 162,0* 147,6 - 162,0*
F2 22.5 129,6 - 162,0* 147,6 - 162,0*

F3 12 147,6-158,4 - -
*Obs.: Máxima velocidade superficial atingida pelo sistema.

102
Nota-se na Tabela, o limite das máximas velocidades superficiais possíveis de serem
alcançadas, dificultando a avaliação correta do intervalo de ocorrência para este regime. Ainda
assim, para F1 o valor aproximado do inicio para G1 de 147,6 mh-1 até 234,0 mh-1 em G3,
demonstra a condição de aumento da velocidade superficial (Vs) com o aumento da
granulometria da camada.
O regime da camada borbulhante pode ser uma vantagem quando se apresenta
durante a fluidização particulada, suas características de movimentação e turbulência ajudam a
eliminar e desarrumar materiais aderidos de difícil remoção. Entanto, esse regime pode
apresentar desvantagens quando se apresenta no regime de transporte pneumático, devido a
que permite um levantamento acelerado das partículas facilitando a perda ou saída delas, além
disso, podem ocorrer variações na diferencia de pressão que em sistemas automatizados
provocaria problemas no controle. O aparecimento de borbulhas nas camadas depende
principalmente das configurações das crepinas nos filtros, segundo o tipo de fluxo criado pelas
crepinas podem causar a aparição de direções preferentes e canalizações em áreas
determinadas do leito.
Em resumo, pelas condições e características avaliadas dos regimes e observações
dos comportamentos no momento dos ensaios, foi possível distinguir a ocorrência dos regimes
nos três filtros de acordo com a literatura sobre leitos fluidizados. O filtro F1, por apresentar
homogeneidade em suas fluidizações, permitiu a distinção das mudanças de regime na maioria
das camadas, efeito que foi influenciado pelas características de fluxo e localização dos
componentes internos do equipamento.
O funcionamento ótimo dos filtros no processo da retrolavagem depende da
homogeneidade do levantamento da camada desde o inicio da mínima fluidização, pois dessa
característica dependerá a realização de uma limpeza efetiva tanto na superfície como ao
longo da camada. Pelas características que apresenta de velocidades superficiais baixas, o
regime da mínima fluidização possivelmente não supre as condições ótimas recomendadas de
limpeza na retrolavagem. Para fornecer uma recomendação do regime ótimo na retrolavagem
é preciso, antes de tudo, analisar a qualidade da água utilizada para irrigação e,
principalmente, a concentração de sólidos suspensos para assim determinar as condições do
que se quer eliminar.

103
5.2.2 Caracterização hidráulica dos filtros na retrolavagem

Nesta seção, os resultados foram divididos em três partes. A primeira considerou a


análise dos filtros sem a presença de areia, ou seja, vazio, enquanto a segunda parte avaliou os
filtros com a presença do meio filtrante, e a ultima parte, somente com o efeito do meio
filtrante. Essa terceira parte foi essencial para avaliação das perdas de carga em função do
aumento da velocidade superficial, da altura e da granulometria da areia, e a estimativa da
porcentagem de expansão do leito em função dessas mesmas variáveis.

5.2.2.1 Análise dos filtros vazios

A partir dos valores médios de perda de carga, apresentados nas Tabelas 23, 24 e 25
do Anexo A, foram construídos os gráficos dessa variável em função da carga hidráulica (m3
m-2 h-1) e do número de Reynolds, calculado pela Equação 36 e representado nas curvas da
Figura 27.

REf
0 5000 10000 15000 20000 25000
90.0
80.0
70.0
60.0
ΔP (KPa)

50.0
40.0
F1
30.0
F2
20.0 F3
10.0
0.0
0
0.00 50
50.00 100
100.00 150
150.00 200
200.00 250
250.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹

Figura 27: Curvas da variação de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m3m-2h-1) e do número de Reynolds para os filtros avaliados vazios

Pode-se verificar na Figura que a diferença de pressão (ΔP) em função da carga


hidráulica (CH) tem comportamento do tipo exponencial para os três filtros avaliados. O filtro
F1 apresentou a menor variação de perda de carga por unidade da carga hidráulica quando
comparado aos filtros F2 e F3, que apresentaram um comportamento similar dessa variação.
Salienta-se que a análise desse comportamento foi influenciada pelos valores de carga
hidráulica máxima atingida em cada filtro. Como a carga hidráulica é inversamente

104
proporcional com a área superficial, e F1 tem a menor área da seção do corpo cilíndrico (0,125
m²), isso permitia atingir uma carga hidráulica no valor de 250,3 m3 m-2h-1, ao contrário de F2
e F3, cujas áreas superficiais eram 0,196 m² e 0,441 m², respectivamente, possibilitando
atingir cargas hidráulicas máximas de 162,3 m3 m-2h-1 para F2 e 159,9 m3 m-2h-1 para F3.
Para um mesmo valor de carga hidráulica, verifica-se que F1 fornece valores menores
de perda de carga quando comparado com F2 e F3. No intervalo entro 0 e 60 m3 m-2h-1, as
perdas de pressão para F3 e F2 apresentaram valores próximos (Anexo A), significando que,
para intervalos de cargas hidráulicas menores esses filtros apresentam comportamentos
similares. A partir 60 m3 m-2h-1, a curva correspondente a F3 começa se afastar de F2. Os
comportamentos apresentados pelos equipamentos podem ser atribuídos às diferentes
configurações dos componentes internos de cada filtro.
MESQUITA (2010) caracterizou a estrutura dos difusores presentes nos filtros
avaliados e encontrou que o formato e as dimensões reduzidas do difusor do filtro F3
aumentavam a perda de carga durante o processo de filtração. Isso foi evidenciado igualmente
na retrolavagem, onde os formatos dos difusores influenciam na perda de carga pela geração
de resistência ao fluxo e a mudança na sua direção na saída do filtro. Além disso, as
conformações estruturais característica de cada crepina, podem causar resistência ao fluxo na
retrolavagem e incrementar a perda de carga nesse processo. O filtro F1 dispõe de 4 crepinas
compostas de discos com pequenas ranhuras entrecruzadas, como mostra as figuras do Anexo
D (Figuras 42 e 43, enquanto o filtro F2 tem 8 crepinas cilíndricas posicionadas conforme as
Figuras 45 e 46, e o filtro F3 apresenta um sistema de braço coletor com 22 crepinas,
conforme as Figuras 48, 49 e 50. É possível afirmar que o sistema de crepinas de F3, por ser
um sistema hidráulico mais complexo de distribuição da água e por possuir uma área de
abertura total de 11,3 cm² aumenta a perda de pressão, oferecendo maior resistência ao
escoamento do efluente. Por outro lado, o filtro F1 possui uma área de 19,3 cm² e a
distribuição das crepinas produziram uma menor diferença de pressão em função da carga
hidráulica. Em comparação, o filtro F2 que tem 10,7 cm² de área de abertura total, apresentou
perda de carga inferior ao do filtro F3. Dessa forma, é possível afirmar que existe uma relação
entre perda de carga e área de abertura das crepinas, indiferente do numero de crepinas e da
distribuição dentro do filtro, pois filtros com menores áreas de abertura apresentaram maiores
diferenças de pressão para cargas hidráulicas similares.

105
A análise do comportamento do fluxo dentro dos filtros, fazendo uma analogia aos
regimes de escoamentos para tubulações, permitiu observar as condições de turbulência com o
aumento do valor da carga hidráulica. Dessa forma, para carga hidráulica de 40 m3 m-2 h-1
(PIZARRO CABELLO, 1996), recomendado como valor mínimo na retrolavagem, pode-se
notar que as curvas de perda de carga dos filtros começam a se afastar, exatamente para
número de Reynolds acima de 4.000, ou seja, no início do regime completamente turbulento.
Pela análise realizada na condição de ausência da areia, foi possível concluir que os
filtros de areia que possuam componentes internos que apresentem baixos valores de perda de
carga devem ser considerados ideais para operações tanto na filtração como na retrolavagem.
Os resultados obtidos demonstraram como os elementos internos dos filtros interagiram de
forma significativa no processo de perda de carga, e que a combinação dos componentes
internos (crepinas e difusor) apresentada no filtro F1, foi a que apresentou a melhor relação de
perda de carga por aumento de carga hidráulica. Entretanto, estudos devem ser realizados para
avaliar o tipo de distribuição das linhas de fluxo geradas por esses componentes no interior do
filtro para garantir uma uniformidade de escoamento na camada filtrante.

5.2.2.2 Análise dos filtros na presença do meio filtrante

Os dados experimentais da variação da perda de carga nos filtros com meio filtrante
em função das alturas da camada e das granulometrias, que estão apresentados nas Tabelas 26,
27 e 28 no Anexo B, permitiram a estimativa da porcentagem de expansão sofrida pelas
camadas de areia. Os resultados indicam também o valor das alturas ótimas do leito filtrante e
os valores da velocidade superficial (Vs) que possibilitam a realização do processo de
retrolavagem de forma efetiva. Os filtros foram avaliados individualmente variando as alturas
da camada filtrante de acordo com a Tabela 10 da metodologia proposta, sendo que os valores
máximos apresentados nas curvas indicam o valor máximo de velocidade superficial atingida
em cada ensaio, devido às limitações encontradas de espaço na câmara filtrante.

5.2.2.2.1 Avaliação do filtro F1

Com os valores médios dos resultados dos ensaios foram confeccionadas as curvas da
Figura 28, que relacionam a variação da perda de pressão (ΔP), com a velocidade superficial
(Vs), para as diferentes granulometrias e alturas de camada. Ressaltando os intervalos de

106
ocorrência dos diferentes regimes de fluidização, apontados como a base do processo da
retrolavagem.
G1
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm Filtro Vazio

80

70
Diferença de Pressão (kPa)
60

50

40

30

20 Vmf
10
G2
0

G2
80

70
Diferença de Pressão (kPa)

60

50

40

30
Vmf
20

10

0
G3
G3
80

70
Diferença de Pressão (kPa)

60

50

40

30

20
Vmf

10

0
0.000
0 0.010
36 0.020
72 0.030
108 0.040
144 0.050
180 0.060
216 0.070
252

(mh-¹)
Velocidade superficial (m.seg-¹)

Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 28: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade


superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F1

107
Nota-se na Figura 28 que o comportamento das curvas apresentadas pelo filtro F1
para granulometrias avaliadas foi do tipo exponencial, seguindo o mesmo comportamento ou
tendência para os ensaios do filtro vazio. A curva correspondente a altura de 45 cm se
apresentou acima das outras alturas de camada para todas as granulometrias, mas praticamente
não houve diferença entre os valores de perda de carga encontrados para as condições
avaliadas. Pelas curvas obtidas é possível afirmar que a altura das camadas e as granulometrias
da areia não afetaram a relação de perda de carga com a velocidade superficial, apresentando
praticamente o mesmo comportamento do filtro vazio.
As ocorrências dos regimes descritos no tópico 5.2 estão limitadas pela velocidade
superficial aplicada, assim, os comportamentos da perda de carga ao longo dos regimes
mostram o seu aumento até o final da ocorrência de cada regime, proporcional à velocidade.
Dessa forma, a diferença de pressão que ocorre na mudança do regime de camada fixa para
camada particulada foi denominada diferença de pressão de mínima de fluidização. Para a
granulometria G1 os valores de perda de pressão neste ponto para as três alturas oscilaram em
torno de 4 kPa, enquanto para G2 foi de 8 kPa e G3 de 10 kPa.
A avaliação da percentagem (%) de expansão do leito filtrante gerada pela mudança
dos valores de velocidade superficial (m s-1) está representada na Figura 29. A diferença dos
intervalos de velocidade superficial ensaiados para cada camada, que são mostrados na Figura,
ocorreu devido às diferentes disponibilidades de espaço de expansão no interior do filtro,
sendo que as camadas menos espessas permitiam atingir maior expansão para o mesmo corpo
do equipamento.
Pela Figura 29 é possível observar que o processo de expansão do leito se inicia em
um valor específico de velocidade superficial, denominado de velocidade de mínima
fluidização. A comparação entre as granulometrias ensaiadas mostra que os valores
encontrados para esse ponto foram de 28,8 57,6 e 72,0 mh-1 para G1, G2 e G3,
respectivamente. Com exceção da altura de 30 cm para a granulometria G3, que apresentou
uma expansão em 86,4 mh-1, pode-se afirmar que as alturas da camada praticamente não
afetaram o início do processo de expansão e, o comportamento apresentado pelas curvas
permite discernir que quanto maior a granulometria, maior é o valor da velocidade de mínima
fluidização necessário para iniciar a expansão do leito, sendo que a altura da camada não
afetou o seu valor.

108
G1
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm
250

225

200

Expanção da Camada (%)


175

150

125

100

75

50

25

0 G2
250 G2
225

200
Expanção da Camada (%)

175

150

125

100

75

50

25

250
G3

225

200
Expanção da Camada (%)

175

150

125

100

75

50

25

0
0.000 0.010 0.020 0.030 0.040 0.050 0.060 0.070 0.080
0 36 72 108 144 180 216 252 288
Velocidade
Velocidadesuperficial
superficial(m.seg-¹)
(mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 29: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da


velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da
camada filtrante para o filtro F1.

109
A análise do gráfico gerado para cada granulometria permite observar que a camada
com altura de 15 cm apresentou maior percentual de expansão para o mesmo valor de
velocidade superficial, quando comparado com as demais alturas. As alturas de 30 e 45 cm
apresentaram valores idênticos de expansão com o aumento da velocidade superficial dentro
do filtro. Esse fato demonstra que pode existir um valor mínimo de altura de camada de areia a
partir da qual não ocorre mudança no valor da velocidade superficial de mínima fluidização.
Para as granulometrias G1 e G2 na camada com altura de 15 cm é possível observar
um aumento na declividade da reta, a partir dos valores de 115,2 e 172,8 mh-1,
respectivamente. Esses pontos correspondiam à mudança repentina da expansão para o mesmo
regime de fluidização, sendo que seu comportamento, a partir desse ponto, se mantém para o
resto das velocidades atingidas de forma linear, o que supõe que um comportamento
influenciado pelas características dinâmicas do fluxo.

5.2.2.2.2 Avaliação do filtro F2

O comportamento apresentado da perda de carga em função da velocidade superficial


para as diferentes granulometrias avaliadas para o filtro F2 está apresentado na Figura 30,
como resultado dos valores médios obtidos dos ensaios e referenciados na Tabela 27 do Anexo
B.
O efeito dos componentes internos do filtro é evidenciado igualmente neste filtro, ao
observar nas curvas uma tendência exponencial na medida em que aumenta a velocidade
superficial para as três alturas avaliadas, assinalando que as curvas seguem o mesmo
comportamento do filtro vazio até a velocidade superficial atingir o valor de 126,0 mh-1,
momento em que ocorre o final do regime de fluidização particulada para G1. Nesse ponto as
curvas das alturas de 11 e 22,5 cm ficaram abaixo da curva do filtro vazio. Esse fato pode ser
atribuído a dificuldades no controle fino do registro da entrada para velocidades superficiais
altas nesse filtro, que poderia resultar em erros de leitura dos sensores. Nota-se que até esse
ponto a diferença de pressão entre as curvas não apresenta diferença, mantendo o mesmo
comportamento físico.
Na Figura 30 é possível observar que o valor da velocidade de fluidização no final do
regime de camada fixa, e que marca o inicio movimentação na camada, é diferente para as três
granulometrias, mas sendo igual para as três alturas de uma mesma granulometria,
confirmando neste equipamento que a velocidade mínima de fluidização depende do tipo de

110
granulometria. Igualmente para os regimes de fluidização particulada, nota-se que os
intervalos de ocorrências acontecem para valores diferentes de velocidade superficial.
G1
Altura 11 cm Altura 22.5 cm Altura 34 cm Filtro vazio

80

Diferença de Pressão (kPa) 70

60

50

40

30
Vmf
20

10

80 G2

70
Diferença de Pressão (kPa)

60

50

40

30
Vmf
20

10

G3
80

70
Diferença de Pressão (kPa)

60

50

40

30 Vmf
20

10

0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade
Velocidadesuperficial
superficial(m.s-¹)
(mh-¹)

Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 30: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade


superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F2

111
A diferença de pressão, para todo o comportamento da curva, é crescente em função
da velocidade superficial aplicada. No ponto da mínima fluidização, a diferença de pressão
atinge valores de 5,0, 6,5 e 14 kPa para G1, G2 e G3, respectivamente. Entretanto, para o
mesmo valor de velocidade superficial comparada nas três granulometrias, os valores de
diferença de pressão não apresentam mudança comparativa, com valores próximos para as três
alturas de camada.
A comparação das percentagens de expansão do leito filtrante em função das
velocidades superficiais aplicadas ao filtro F2 é mostrada na Figura 31, caracterizando seu
comportamento segundo o regime ocorrido em cada caso.
Segundo a Figura 31 as camadas iniciam sua movimentação numa velocidade
superficial entre 28,8 a 36,0 mh-1 para G1, entre 43,2 a 57,6 mh-1 para G2 e entre 61,2 a 72,0
mh-1 para G3, pontos nos quais inicia o regime da fluidização particulada, com tendência
linear com o aumento da velocidade. A curva de 11 cm de altura para a granulometria G1
apresentou um ponto de inflexão na curva de expansão para o valor de 108,0 mh-1 de
velocidade superficial, comportamento também evidenciado no filtro F1. Esse comportamento
permite inferir que as camadas de menor altura, dependendo do espaço disponível na câmara
de filtração, têm uma maior expansão, na maioria das vezes, durante o regime da fluidização
borbulhante quando as velocidades são maiores.
Observa-se na granulometria G1 um comportamento semelhante entre as diferentes
alturas de camada, com valores próximos entre elas, a partir do inicio da movimentação. Pode-
se afirmar que as condições de altura não apresentaram diferenciação na expansão da camada.
Esse fato não ocorreu nas granulometrias G2 e G3, onde os valores da porcentagem de
expansão foram diferenciados a partir do inicio da mínima fluidização, com uma menor
declinação apresentada na altura de 34 cm e muito próxima na altura de 22,5 cm. A
predominância do comportamento que atinge a maior porcentagem de expansão é observada
para a altura de 11 cm, devido às condições internas que permitiram atingir velocidades
superficiais maiores pelo comprimento maior da câmara de filtração.
Portanto, para valores da velocidade superficial acima do ponto de velocidade mínima
fluidização, as camadas apresentaram expansões diferenciadas nas três granulometrias, sendo
maiores para a granulometria G1 em comparação com G2 e G3, mostrando que quanto maior a
granulometria menor será a expansão para um mesmo valor de velocidade superficial.

112
G1
Altura 11 cm Altura 22.5 cm Altura 34 cm

175

Elevação da Camada (%)


150

125

100

75

50

25

G2
175
Elevação da Camada (%)

150

125

100

75

50

25

G3
175

150
Elevação da Camada (%)

125

100

75

50

25

0
0.000 0.005 0.010 0.015 0.020 0.025 0.030 0.035 0.040 0.045 0.050
0 18 36 54 72 90 108 126 144 162 180
Velocidade superficial (m.s-¹)
Velocidade superficial (mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 31: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da


velocidade superficial (mh-1), para diferentes granulometrias e alturas da
camada filtrante para o filtro F2

113
5.2.2.2.3 Avaliação do filtro F3

Os valores médios da diferença de pressão para F3 são apresentados na Tabela 28 do


Anexo B, e a comparação dos comportamentos mostrada nas curvas dispostas na Figura 32.
G1
Altura 12 cm Altura 23,5 cm Altura 35 cm Filtro Vazio
100

90
Diferença de Pressão (kPa) 80

70

60

50

40

30
Vmf
20

10

100 G2
90
Diferença de Pressão (kPa)

80

70

60

50

40

30
Vmf
20

10

100 G3
90
Diferença de Pressão (kPa)

80

70

60

50

40
Vmf
30

20

10

0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade Superficial (m.s-¹)
(mh-¹)

Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 32: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade


superficial (mh-1) para diferentes granulometrias e alturas da camada
filtrante para o filtro F3

114
Pela Figura 32 pode-se verificar que, até o valor da velocidade mínima de
fluidização, o incremento nas perdas de pressão apresenta uma faixa linearmente proporcional
ao aumento da velocidade superficial, nas três granulometrias avaliadas, fato que é
característico em camadas fluidizadas na faixa do regime da camada estática. Particularmente
para as granulometrias G1 e G2, o valor da diferença de pressão foram próximos a 6 kPa,
enquanto para G3 foi de 15 kPa
É possível observar também na Figura 32, o efeito dos componentes internos do filtro
F3, quando as curvas correspondentes as diferentes alturas da camada acompanham o padrão
de tendência do filtro vazio. Assim como os outros filtros avaliados o filtro F3 apresentou um
comportamento predominantemente exponencial ao longo da variação do aumento da
velocidade superficial. Verificou-se que, apesar da proximidade das curvas, as alturas maiores
da camada sempre apresentaram acima das menores alturas. No caso da granulometria G1, a
curva de altura de 12 cm apresentou um afastamento mais pronunciado, com relação à curva
do filtro vazio, a partir do valor de 72,0 mh-1 da velocidade superficial. Esse comportamento
pode ser explicado pela ocorrência de entupimento interno nas crepinas por partículas menores
que as suas aberturas com acumulação superficial.
Além do efeito do entupimento das crepinas contribuir para um aumento da perda de
carga, observou-se também, que após a finalização da retrolavagem, a superfície da areia
sofria modificações com relação ao plano horizontal da camada conforme a Figura 33.

Figura 33: Detalhe do efeito do entupimento das crepinas na superfície da camada de


areia após o termino do retrolavagem no filtro F3.

Pela Figura 33, nota se a existência de elevações da areia localizadas nas paredes do
filtro e uma depressão côncava perto da tampa de esvaziamento do equipamento, este efeito
foi evidenciado por MESQUITA (2010) no processo da filtração, que explicou esse
comportamento pela distribuição do fluxo gerado pela estrutura do difusor de entrada. Neste
caso esse comportamento pode ser justificado pelas características de fluxo gerado pelo tipo

115
de crepina. A ocorrência desse fenômeno especificamente nesse filtro pode se tornar relevante
em condições normais de operação, por criar caminhos preferenciais no fluxo da retrolavagem
em locais de menor resistência. Esse fato pode dificultar o levantamento e expansão da
camada de forma homogênea, diminuindo a eficiência de limpeza e gerando acumulação de
partículas contaminantes nas depressões ao iniciar a filtração. Adicionalmente, a superfície da
camada vai se apresentar desuniforme para o início do processo de filtragem.
Os valores médios da percentagem de expansão do filtro F3 em função da velocidade
superficial e das variações de granulometria e altura da camada são representados nas curvas
apresentadas na Figura 34. Nessa Figura podem-se observar os comportamentos lineares para
as três alturas e granulometrias avaliadas. A menor altura de camada foi aquela que apresentou
uma maior expansão quando comparada com as outras alturas, que apresentaram
comportamentos semelhantes, com exceção da granulometria G3.
Ressalta-se que, durante os ensaios de retrolavagem o filtro F3 não apresentava uma
homogeneidade de expansão ao longo da superfície filtrante. O percentual de expansão foi
estimado pelo valor médio observado nas três janelas do filtro, sendo que a área central da
superfície da camada e em alguns pontos perto das paredes do filtro não acontecia
levantamento ou expansão da camada de areia. Em geral, o levantamento era localizado e
pontual em certas áreas influenciadas pela posição das crepinas.

5.2.2.2.4 Comparação entre filtros

Tendo em vista as semelhanças apresentadas no comportamento dos três filtros, é


necessário analisar com mais critério pontos comuns entre eles e relacionar com o objetivo
desse trabalho.

 Para o mesmo valor de expansão de uma determinada granulometria para os três filtros
avaliados, a porosidade apresentou o mesmo valor.

A Figura 35 apresenta o comportamento da porosidade em função da expansão da


camada para as granulometrias G1, G2 e G3, indicando uma referência dos efeitos de
determinado momento da expansão no valor da porosidade. Independentemente do filtro e da
altura da camada utilizada, as granulometrias apresentaram aumento logarítmico da
porosidade em função da percentagem de expansão.

116
G1
160 Altura 12 cm Altura 23,5 cm Altura 35 cm

140

Elevação da Camada (%)


120

100

80

60

40

20

160 G2
140
Elevação da Camada (%)

120

100

80

60

40

20

160
G3
140
Elevação da Camada (%)

120

100

80

60

40

20

0
0.000
0 0.005
18 0.010
36 0.015
54 0.020
72 0.025
90 0.030
108 0.035
126 0.040
144 0.045
162 0.050
180
Velocidade Superficial (m.s-¹)
Velocidade superficial (mh-¹)
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 34: Curvas da variação da porcentagem de expansão (%) em função da


velocidade superficial (mh-1), para as diferentes granulometrias e alturas de
camada filtrante para o filtro F3

117
À medida que a altura da camada se expandia pelo efeito da fluidização, a porosidade
aumentava com tendência a ficar em equilíbrio com o fluido, quando atingia o valor
equivalente a 1.
25% 50%

1.00 10.00 100.00

LOG POROSIDADE (ε)

0,62
0.61
0,60

0,54
0.53
0,52

G1

G2

G3
0.400

LOG EXPANSÃO %

Figura 35: Comportamento da porosidade da areia em função da expansão da camada


para as granulometrias avaliadas
Nota-se na Figura 35, a tendência das três curvas se aproximarem ao valor 1, para as
três granulometrias. As curvas iniciam com a porosidade calculada na condição de camada
estática, mantendo esse valor até o momento do inicio da movimentação. À medida que
expansão da camada aumenta devido o aumento da velocidade superficial, as diferenças entre
curvas vão diminuindo até atingir o mesmo valor. Para as expansões recomendadas na
retrolavagem no intervalo entre 25 e 50 %, as porosidades da camada foram calculadas e
indicadas na Figura, sendo possível observa que na faixa recomendada os valores apresentam
valores próximos, com uma diferença de 13% entre a menor e a maior expansão.

 As expansões das camadas apresentaram comportamento linear com o aumento da


velocidade superficial. A partir do início da movimentação, as menores alturas de camadas
apresentaram maior porcentual de expansão para um mesmo valor de velocidade
superficial quando comparadas as maiores alturas de camada. As camadas com maior

118
granulometria precisaram de maiores valores de velocidade superficial para atingir a
mesma expansão das camadas de menor granulometria.

Esse efeito pode ser atribuído ao diâmetro, formato e densidade das partículas de
areia. Segundo SIWIEC (2007), que também registrou o comportamento linear da expansão nas
camadas e a proximidade de valores entre diferentes granulometrias, um menor diâmetro de
grãos de areia implica num menor peso de partícula e uma maior facilidade para levantá-la em
função da velocidade aplicada. O comportamento linear da expansão da camada também foi
encontrado por SHOLJI (1987) que confirma a condição de linearidade em diâmetros
uniformes de partícula.

 As curvas de perda de pressão para as condições avaliadas apresentaram o mesmo


comportamento e tendência do filtro vazio, permitindo concluir que as alturas das camadas
e as granulometrias não afetaram a relação de perda de carga com a carga hidráulica no
processo de retrolavagem.

Teoricamente, o comportamento da perda de carga em função da velocidade


superficial para camadas fluidizadas supõe um comportamento idêntico ao apresentado na
Figura 7 do tópico 3.5.2 que mostra a ocorrência de maiores valores de perda de carga na
camada durante o regime estático ou de camada fixa até o ponto da mínima fluidização (Vmf).
A partir desse ponto, a expansão determinará um diferencial de perda de carga constante ao
longo do aumento da velocidade no regime particulado até o regime de transporte pneumático
que eleva as partículas, transportando-as para fora do filtro. Para se obter um comportamento
normal da perda de carga é necessário garantir uma distribuição homogênea e constante ao
longo da superfície da camada, que determinará a continuidade e uniformidade na expansão da
camada.
As condições experimentais dos ensaios realizados determinam limitações para se
atingir o comportamento prognosticado pela teoria, dentre elas, pode-se citar: a complexa
dinâmica do comportamento turbulento dos fluxos internos nos filtros, ensaios com
equipamentos pressurizados com diferentes mudanças nos diâmetros na entrada e saída do
filtro, e, principalmente, o sistema de distribuição do fluxo utilizando crepinas, que determina
a não homogeneidade do fluxo.

119
Os resultados encontrados demonstram que o efeito dos componentes internos dos
filtros (difusor e crepina) foi mais significativo do que a granulometria e a altura da camada.
Conseqüentemente, os filtros que apresentaram maior perda de carga em condições de
ausência de meio filtrante, F2 e F3, mantiveram tal comportamento ao longo do aumento da
velocidade superficial. A variação da porosidade da areia durante a expansão do leito filtrante
tem participação importante na ocorrência desse comportamento. Uma camada de areia que
tem uma porosidade inicial durante o regime estático apresentará uma perda de carga devido a
resistência que o fluxo encontrará para levantar a camada. Quando a camada é fluidizada, os
equilíbrios de forças entre a velocidade superficial e a gerada pelo peso da camada é igualada
mantendo uma porosidade maior, de tal forma que a perda de carga em qualquer ponto da
expansão de uma velocidade em particular tentará ser igual à perda do filtro vazio, fato
indicado por SHOLJI (1987).
Em termos práticos, uma expansão homogênea da camada de areia em percentagens
que permitam o levantamento adequado para a limpeza do meio, com a mínima ocorrência de
perdas, fornecendo baixos valores de perda de carga em função dos componentes internos do
filtro, indica pontos relevantes na escolha do melhor sistema de filtração. Utilizando esse
critério e os resultados obtidos é possível concluir que o filtro F1 apresentou as melhores
condições de homogeneidade na expansão com a menor perda de carga por unidade de
velocidade superficial em comparação com F2 e F3. Entretanto, estudos posteriores que
incluam a análise de eficiência de remoção são necessários para permitir conclusões
definitivas sobre o desempenho mais efetivo desse equipamento.
Os ensaios mostraram que as maiores alturas de camada utilizadas tinham restrições
no processo da fluidização que ficava limitada às dimensões da câmara filtrante, não atingindo
as expansões mínimas recomendadas. Por outro lado, as alturas menores de 15, 11 e 12 cm,
apesar de apresentarem as maiores expansões, têm limitação de uso em função da altura
requerida para o adequado processo da filtração. Segundo os resultados obtidos, as alturas de
camada que reuniam os requerimentos mínimos de expansão, foram os valores intermediários
de 30, 22,5 e 23,5 cm para os filtros F1, F2 e F3 respectivamente. Adicionalmente, a
granulometria que melhor se ajusta a esses intervalos e que permitiria expansão adequada seria
a G2, recomendada como adequada para esse uso.

120
 A vazão recomendada para se obter a expansão ótima para uma determinada
granulometria depende da altura da camada utilizada no equipamento.

Em condições de expansão de camada, é necessário atingir uma altura significativa


que permita a limpeza do meio filtrante, sendo preciso atingir um valor de vazão que
determinará a altura de expansão suficiente de elevação de camada.
Pelas análises anteriores e considerando o intervalo de expansão mínima
recomendada de 25%, (WEBER, 1979; CLEASBY, 1972; AKKOYUNLU, 2003), construiu-
se a Tabela 19, que apresenta os valores de velocidade superficial e vazão para os filtros e as
condições de areia ensaiadas.
Tabela 19: Valores de velocidade superficial (mh-1) e vazão (m3h-1) para a expansão
mínima recomendada de 25% nos três filtros avaliados

L Vs Qr
FILTRO GRANULOMETRIA
(cm) (mh-1) (m³ h-1)

15,0 61,2 7,7


G1 30,0 79,2 9,9
45,0
15,0 97,2 12,2
F1 G2 30,0 109,8 13,8
45,0 115,2 14,5
15,0 111,6 14,0
G3 30,0 140,4 17,6
45,0 147,6 18,6
11,0 64,1 12,6
G1 22,5 69,1 13,6
34,0
11,0 77,4 15,2
F2 G2 22,5 90,4 17,7
34,0
11,0 10,08 21,2
G3 22,5 122,4 24,0
34,0
12,0 46,8 20,7
G1 23,5 65,9 29,1
35,0 71,3 31,5
12,0 68,0 30,1
F3
G2 23,5 89,3 39,4
35,0
12,0 75,6 33,4
G3 23,5 97,2 42,9
35,0 123,5 54,5

121
Em comparação com as recomendações fornecidas por HAMAN et al. (1994) na
Tabela 1, os valores experimentais indicam igualmente que os diâmetros de filtro maiores com
maiores diâmetros efetivos precisaram de maiores vazões para a retrolavagem.
Conseqüentemente existe algumas similitudes e aproximações nos valores encontrados com os
valores recomendados por HAMAN et al. (1994), comparativamente da seguinte forma: a
vazão para o diâmetro efetivo menor (0,66 mm) está entre 7,3 a 20,2 m3 h-1, enquanto, para G1
entre 7,7 a 31,5 m3 h-1. Igualmente para uma granulometria intermédia com diâmetro efetivo
de 0,78 mm, os autores recomendam vazões entre 5,9 e 16,8 m3 h-1, mais, para G2 os valores
encontrados estão dentro do intervalo entre 12,2 a 55,4 m3 h-1. Finalmente para um diâmetro
efetivo maior (1,5 mm) os autores recomendam vazões 11,6 a 32,0 m3 h-1, e em G3 de 14 a 54
m3 h-1. Em geral, valores de vazão obtidos experimentalmente para as alturas menores de
camada junto com alguns valores para alturas intermédias, ficaram dentro do intervalo
recomendado, mas para alturas de camada maiores os valores experimentais ultrapassaram o
recomendado nas condições testadas. Caso similar acontece com os valores de vazões médias
de 25,2 a 36,0 m3 h-1 m-2 para diâmetros efetivos maiores entre 1,9 e 1,0 mm, e de 50,4 a 61,2
m3 h-1 m-2 para areias com diâmetros efetivos entre 1,0 a 0,82 mm, recomendados por
KELLER & BLIESNER (1990), somente que para os autores em diâmetros efetivos menores a
vazão recomendada é maior e não concordam com os resultados obtidos experimentalmente
neste trabalho. As comparações deixam notar a variabilidade entre valores, tanto assim que
não existe uniformidade nas condições entre os filtros de areia para determinar uma
recomendação padrão, pelo que os resultados dependem do tipo de equipamento e das mesmas
condições físicas e técnicas usadas nos experimentos.
O catalogo comercial da HIDROSOLO (2009) recomenda para F1 vazão de
retrolavagem de 9 m3 h-1, para uma velocidade ascensional de 0,02 m s-1 (72 m h-1),
utilizando-se a areia de granulometria de 0,6 a 1,2mm e obtendo-se uma expansão aproximada
de 30%. Os resultados encontrados indicam que essa recomendação somente poderia ser
utilizada para granulometria G1 (0,5 e 1,0 mm) e altura da camada na faixa de 15 cm a 30 cm.
Isso significa que, em condições normais de operação, utilizando uma granulometria diferente,
ou a mesma granulometria com diferente altura de camada, não se está garantindo a expansão
mínima do meio filtrante para limpeza da areia e remoção de matérias contaminantes. Não

122
foram realizadas comparações com os filtros F2 e F3 por falta de informações técnicas
fornecidas pelos fabricantes.

5.2.2.3 Análise do meio filtrante

Após as análises das condições de filtro vazio e na presença da camada filtrante, foi
avaliada somente a contribuição do meio filtrante no processo de perda de carga do processo,
supondo que esse efeito pode ser estimado pela diferença entre as perdas do filtro com camada
de areia e o filtro vazio.
Os valores resultantes da perda de pressão em função do aumento da velocidade
superficial (Vs) relativo ao meio filtrante estão apresentado na Tabela 29 do Anexo C, que
foram utilizados para construir os gráficos da Figura 36, representando a ocorrência dos
regimes de fluidização caracterizados no tópico 5.2, e as velocidades mínimas de fluidização
encontradas da Tabela 16 (regime da mínima fluidização) para cada filtro e granulometria.
Os comportamentos encontrados na Figura 36 apresentam diferenças entre os filtros,
mas com tendências e características normais para um leito fluidizado. Num primeiro instante,
pôde-se identificar regiões onde ocorre um aumento proporcional da diferença de pressão (ΔP)
entre o inicio da camada fixa até o a velocidade mínima de fluidização. Após essa região,
ocorre uma tendência retilínea das curvas com valores próximos e constantes na faixa do
regime da camada particulada. E, em alguns casos, se percebe uma mudança repentina da
curva na faixa da camada borbulhante. Em todos os casos aparecem algumas particularidades
descritas no tópico 3.5.2 na Figura 7, pelo que se confirma uma vez mais que os
comportamentos dos processos da retrolavagem nos filtros de areia devem ser analisados com
critérios dos comportamentos dos leitos fluidizados.
Nota se no filtro F1 que a tendência é mais visível e coincidente com o final do
regime para a granulometria G1, em comparação com as granulometrias maiores que
apresenta diferenças mais perceptíveis. Para o filtro F2 a tendência linear durante o regime de
camada fixa ocorre até um ponto antes da velocidade mínima de fluidização nas três
granulometrias, idênticos ao comportamento observado na granulometria G1 e G2 do filtro F3.
O filtro F1 apresentou as maiores diferenças de pressão para todas as alturas de camada
durante a ocorrência do regime de camada estática, sendo que durante o regime de camada
fluidizada os valores oscilaram entre 2 e 4 kPa para a menor a maior altura.

123
G1 G1
F1 G1 F2 F3
Altura 11 cm Altura 22,5 cm Altura 34 cm Altura 12 cm Altura 23,5 cm Altura 35 cm
Altura 15 cm Altura 30 cm Altura 45 cm
10.0 10.0
10.0

Diferença de pressão (kPa)

Diferença de pressão (kPa)


Vmf 9.0 9.0
Diferença de pressão (kPa)

9.0
8.0 8.0
8.0
7.0 7.0
7.0
6.0 6.0
6.0
5.0 5.0
5.0
4.0 Vmf 4.0 Vmf
4.0
3.0 3.0
3.0
2.0 2.0
2.0
1.0 1.0
1.0
0.0 0.0
0.0
G2 G2 G2
10.0 Vmf 10.0 10.0
Diferença de pressão (kPa)

Diferença de pressão (kPa)

Diferença de pressão (kPa)


9.0 9.0 9.0
8.0 8.0 8.0
7.0 7.0 7.0
6.0 6.0 6.0
5.0 5.0 5.0
4.0 4.0 4.0 Vmf
Vmf
3.0 3.0 3.0
2.0 2.0 2.0
1.0 1.0 1.0
0.0 0.0 0.0
G3 G3 G3
10.0 Vmf 10.0 10.0
9.0 9.0 9.0
Diferença de pressão (kPa)

Diferença de pressão (kPa)

Diferença de pressão (kPa)


8.0 8.0 8.0
7.0 7.0 7.0
6.0 6.0 6.0
5.0 5.0 5.0 Vmf
4.0 4.0 Vmf 4.0
3.0 3.0 3.0
2.0 2.0 2.0
1.0 1.0 1.0
0.0 0.0 0.0
0.000
0 0.010
36 0.020
72 0.030
108 0.040
144 0.050
180 0.060
216 0.070
252 0.000
0 0.010
36 0.020
72 0.030
108 0.040
144 0.050
180 0
0.000 36
0.010 72
0.020 108
0.030 144
0.040 180
0.050
Velocidade
Velocidadesuperficial
Superficial(mh-¹)
m.s-¹ Velocidade
VelocidadeSuperficial
superficialm.s-¹
(mh-¹) Velocidadesuperficial
Velocidade Superficial(mh-¹)
m.s-¹
Camada Camada
Camada fixa Particulada borbulhante

Figura 36: Curvas da variação da perda de pressão (kPa) em função da velocidade superficial (mh-1) referentes a contribuição
do meio filtrante para os filtros avaliados

124
A tendência de um comportamento homogêneo em resposta do aumento da
velocidade superficial pode ser vista nas curvas dos filtros F1 e F3, na região do regime de
camada particulada, devido ao aumento da porosidade apresentada na faixa do regime
assinalado. No caso do filtro F2, ocorreu uma mudança na inclinação da curva com uma
tendência crescente a partir da velocidade de 126,0 mh-1, nas três granulometrias, e que
coincide na granulometria G1 com o inicio da camada borbulhante, fato que pode ser atribuído
as condições geradas pelos sistemas de crepinas em comportamentos já vistos nos filtros com
meio filtrante.
Pode se verificar que em todos os casos, o comportamento das camadas com maiores
alturas estão sempre acima das camadas menores. Portanto, é possível concluir que em
condições de ausência da influência dos componentes estruturais dos filtros, a altura da
camada contribui de forma significativa para diferença de pressão.
No caso do filtro F2, que apresentou as maiores diferenças de pressão para os valores
extremos de velocidades superficiais, registrou perdas de pressão entre 0,5 a 2 kPa para
condições de fluidização entre a menor e maior altura da camada. O filtro F3 apresentou para a
granulometria G1 a menor altura, um comportamento da perda de pressão diferente da
proposta teórica para leitos fluidizados, registrando uma tendência proporcional ao aumento da
velocidade, atingindo perdas de pressão entre a menor e a maior altura entre os valores de 1
ate 3 kPa na granulometria G1 e G3, sendo que para G3 ficou evidenciado diferenças entre
alturas.
Foi possível observar nos resultados uma característica citada por CLEASBY &
FAN, (1981), que revelam a ocorrência de picos acima do comportamento homogêneo na
perda de pressão. Segundo esses autores, esses picos são causados por compactações das
camadas geradas intencionalmente no processo. Pelas observações realizadas no momento dos
ensaios, as camadas sofriam uma compactação ao término de cada ensaio, após a fluidização
realizada em cada repetição de coleta de dados, quando as partículas voltavam a se arrumar, o
que pode ter causado o efeito encontrado na forma de picos.
Dessa forma, buscando uma classificação no comportamento da perda de pressão,
pode-se afirmar que o filtro F1 apresentou os maiores valores de perda de carga em função da
velocidade superficial, estando o filtro F3 numa posição intermediária e o filtro F2 que
apresentou os menores valores.

125
É possível afirmar que a granulometria afetou a variação de perda de pressão em
condição de meio filtrante isolado. Pode-se observar esse comportamento nas curvas desde o
início ate a velocidade mínima de fluidização, para G1 o comportamento é mais vertical
comparado com G2 e G3 que apresentam uma maior declividade, e para uma mesma
velocidade superficial os valores de perda de carga atingem diferentes valores.
Os comportamentos das curvas experimentais desse trabalho diferiram das condições
encontradas por BURT (2010), que achou valores menores que 2,75 kPa para camadas
fluidizadas. Neste trabalho, os valores se mostraram abaixo desse valor de comparação e
foram registrados nas alturas menores para F1, em todas as alturas do filtro F2 e em diversas
condições de altura do F3. Entretanto, é importante enfatizar que as tendências encontradas
pelo autor dependem das condições experimentais e dos equipamentos avaliados, que eram
diferentes das utilizadas nesse trabalho.
Comparando as perdas de pressão obtidas nesse trabalho com os valores apresentados
na Tabela 5, proposta por SUMMERFELT & CLEASBY (1996), pode-se afirmar que as
perdas de carga situaram-se num intervalo ótimo e menor ao valor máximo de 9,6 kPa.
Pode-se verificar que as perdas de pressão geradas somente pelo efeito da camada
filtrante são menores que as perdas geradas pelos componentes internos do filtro na condição
de fluxo em reverso no processo da retrolavagem. Dessa forma, verifica se, que as maiores
perdas registrados nos comportamentos de perda de carga nos filtros pode-se atribuir aos
componentes hidráulicos internos.

5.3 Comparação teórica dos resultados

5.3.1 Modelagem do comportamento dos filtros vazios

Os comportamentos exponenciais da perda de carga em função da carga hidráulica


dos filtros descritos no Tópico 5.3.1, foram analisados matematicamente nesta parte da
avaliação. Na figura 37 é representado o comportamento com ajuste das curvas aos modelos
matemáticos exponenciais em cada filtro e as respectivas equações encontradas são
apresentadas na Tabela 20.

126
F1 F2
140.0 120.0
Dados experimentais Dados experimentais
120.0 100.0 Ajuste exponencial
Ajuste exponencial
100.0
80.0

ΔP (kPa)
ΔP (kPa)

80.0
60.0 ΔP = 1.4805e0.026x
60.0 ΔP= 1.8187e0.0166x R² = 0.9202
R² = 0.9193
40.0
40.0

20.0 20.0

0.0 0.0
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00 0.00 50.00 100.00 150.00 200.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹ CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹

F3
140.0
Dados experimentais
120.0 Ajuste exponencial

100.0
ΔP (kPa)

80.0
ΔP = 1.5938e0.0273x
R² = 0.9153
60.0

40.0

20.0

0.0
0.00 50.00 100.00 150.00 200.00
CARGA HIDRAULICA m³.m-².h-¹

Figura 37: Curvas ajustadas ao comportamento experimental dos filtros vazios

Tabela 20: Equações representativas do comportamento matemático dos filtros avaliados


Filtro Modelo matemático Coeficiente de
Determinação R2
F1 ΔP= 1,818 e0,0166 * CH 0,91
F2 ΔP= 1,480 e0,026 * CH 0,92
F3 ΔP= 1,5938 e0,0273 * CH
0,91

Observa-se na Tabela que os coeficientes de determinação para os ajustes dos três


filtros estão acima dos 90 %, garantindo um ajuste significativo aos dados experimentais, e
uma boa aproximação ao comportamento dos filtros nas condições de carga hidráulica aplicas
nesta pesquisa.
Pelos resultados encontrados por MESQUITA (2010) para os mesmos equipamentos
em condições do processo de filtração, o modelo exponencial foi o que apresentou o melhor
ajuste matemático para os valores de perda de carga em função da vazão aplicada, comparados
com o modelo de ajuste linear. Os coeficientes de determinação acima dos 90% foram
relevantes igualmente no processo. Dessa forma, é possível afirmar que o comportamento
tanto no processo de filtração como de retrolavagem para condições de ausência de meio
filtrante dentro dos filtros, segue a mesma tendência matemática, mas com diferenças

127
significativas nos valores de perda de carga, sendo que o processo da retrolavagem apresenta
os maiores valores de perdas de pressão, comparado com os valores obtidos por MESQUITA
(2010) para três filtros avaliados em ausência de meio filtrante.
Portanto pelas equações encontradas na Tabela 20 e pelas curvas da Figura 37, pode
se afirmar que existe um modelo exponencial intermediário que possivelmente permite
representar o conjunto dos filtros avaliados independentemente das condições testadas.
As curvas demonstram que a variabilidade dos resultados com respeito ao ajuste é
menor para cargas hidráulicas entre os valores de 20 a 100 m3m-2h-1, aproximadamente, sendo
que as maiores variabilidades são percebidas para os maiores valores de cargas hidráulicas,
conseqüência da turbulência apresentada nessas vazões. Pode-se afirmar que a perda de carga
em filtros de areia para condições de ausência de meio filtrante é governada por
comportamento exponencial em função da carga hidráulica (CH), sendo afetada pelos
componentes internos, responsáveis pelo tipo de resposta e tendência apresentada.

5.3.2 Comparação da velocidade mínima de fluidização

As comparações para o cálculo teórico da velocidade mínima de fluidização devem


sua importância na determinação dos requisitos mínimos de vazão na retrolavagem e
conhecimento do ponto inicial da expansão (CLEASBY & LOGSDON, 1999).
Os resultados teóricos obtidos pela aplicação da equação de WEN & YU (1966),
estão apresentados na Tabela 21.

Tabela 21: Velocidades mínimas de fluidização estimadas (ms-1) pela Equação WEN &
YU (1966) para os filtros avaliados.
VELOCIDADE SUPERFICIAL (ms-1)
FILTRO L (cm)
G1 G2 G3
15,0
F1 30,0 0,007 0,011 0,020
45,0
11,0
F2 22,5 0,007 0,011 0,020
34,0
12,0
F3 23,5 0,007 0,011 0,020
35,0

128
Como o modelo utilizado somente considera as propriedades da areia e, neste
trabalho foram utilizadas os três tipos granulométricos de areias escolhidas mantendo as
mesmas características para cada filtro, os resultados estimados da velocidade mínima de
fluidização pela equação de WEN & YU (1966) apresentaram valores iguais nos três filtros,
independentemente da altura da camada e do tipo de filtro.
Os resultados experimentais das velocidades mínimas de fluidização encontrados na
Tabela 16 para o regime de mínima fluidização e os resultados teóricos estimados partir da
Equação proposta por WEN & YU (1966) foram comparados a fim de buscar uma
representação matemática que se adapte ás condições de mínima fluidização apresentada nos
filtros de areia para irrigação. Os resultados das comparações são mostrados na Tabela 22.

Tabela 22: Comparação da velocidade mínima de fluidização experimental e estimada


(ms-1) a partir da equação de WEN & YU (1966).
L G1 G2 G3
FILTRO
(cm) EXPER. WEN & YU EXPER. WEN & YU EXPER. WEN & YU

15
F1 30 0,008 0,007 0,016 0,011 0,020 0,020
45
11
F2 22,5 0,010 0,007 0,015 0,011 0,020 0,020
34
12
F3 23,5 0,010 0,007 0,012 0,011 0,017 0,020
35

Observa se na Tabela 22 que a Equação de WEN & YU (1966) para o cálculo da


velocidade mínima de fluidização se mostra imprecisa para algumas condições experimentais.
E na maioria dos casos o valor experimental encontra-se acima do valor teórico, demostrando
assim que a equação pode ser susceptível as condições e características apresentadas. A maior
diferença de 45% foi encontrada para o filtro F1 e granulometria G2. Mas em termos gerais os
resultados da Tabela demonstram que a Equação de WEN & YU (1966) apresentou adequada
concordância e proximidade entre valores estimados e os experimentais para as granulometrias
nos três filtros Particularmente, na granulometria G3 os valores estimados foram iguais que os
resultados experimentais nos filtros F1 e F2. Esses resultados concordam aos encontrados por

129
CLEASBY & FAN (1981), que encontraram melhor adequação da equação para intervalos de
granulometria maiores usando um amplo intervalo granulométrico.
Pode-se afirmar que os resultados obtidos concordaram com os experimentais em
quatro fatos relevantes:
 Os menores intervalos granulométricos necessitaram de menor velocidade para
iniciar a fluidização;
 A altura da camada não afeta o valor da velocidade mínima de fluidização.
 O tipo de filtro não tem influencia considerável na expansão da areia
 A velocidade mínima de fluidização é um processo que depende das características
da areia e da velocidade superficial.

Portanto a equação proposta por WEN & YU (1966) pode ser usada como indicador
teórico do inicio da movimentação na retrolavagem em condições físicas de areia e de
intervalos granulométricos iguais ou dentro dos utilizados neste trabalho.

130
6. CONCLUSÕES

De acordo com as avaliações e comparações dos resultados obtidos, pode-se concluir


que:
 O conhecimento dos processos de retrolavagem por parte dos produtores deve-se,
principalmente, a informações deficientes transmitidas pelos fornecedores dos
equipamentos, o que limita o aproveitamento dos recursos ou meios de limpeza que possam
garantir eficientes processos de retrolavagem nos equipamentos usados.
 O uso de baixas vazões de retrolavagem associadas a alturas de camada inadequadas
determinaram processos deficientes de limpeza do leito filtrante nos filtros avaliados nas
propriedades visitadas.
 Nos processos de retrolavagem de filtros de areia realizados em laboratório, foram
observados a ocorrência de três regimes principais, em sua ordem: camada fixa, mínima
fluidização e a fluidização particulada, que atribuíram características diferentes e especiais
ao meio filtrante.
 As perdas de cargas originadas pelos filtros pela influência dos seus componentes internos
são maiores do que as perdas de cargas geradas pelo meio filtrante. Portanto, os
comportamentos durante a retrolavagem são governados pelo tipo de estrutura dos
componentes internos (crepina e difusor) e de sua distribuição no interior do filtro.
 As relações de perdas de carga geradas com a passagem do fluxo no sentido reverso nos
filtros de areia não foram afetadas pela altura de camada nem pelo intervalo granulométrico
utilizado. (0,5 – 1,0; 0,8 – 1,2; 1,0 - 1,5 mm)
 A vazão recomendada que permita a expansão adequada mínima de 25% da camada de
areia nas condições ensaiadas aumentou proporcionalmente com a altura da camada de
areia e seu valor depende das características granulométricas do meio filtrante, sendo que
menores granulometrias de areia com menores alturas de camada filtrante vão requerer uma
menor vazão para alcançar a fluidização.
 O modelo para o calculo da velocidade mínima de fluidização proposta por WEN & YU
(1966), demonstrou maior exatidão nas granulometrias G1 e G3 dos resultados obtidos
experimentalmente, pelo que é possível utilizar nessas condições especificas tendo em
conta que o modelo pode apresentar sensibilidade nos resultados aos diferentes parâmetros.

131
7. RECOMENDAÇÕES

A partir do desenvolvimento e as experiências adquiridas neste trabalho, sugere-se


para futuras pesquisas os seguintes tópicos:

 Avaliação dos filtros em condições de campo criando um procedimento padrão na


determinação de eficiência de remoção de partículas contaminantes.
 Determinar o procedimento mais apropriado na caracterização da porosidade,
esfericidade, formato e demais, a fim de estabelecer normas ajustáveis a os meios
filtrantes usados nos filtros de areia para irrigação localizada.
 Automatizar o módulo de ensaio nas condições deste trabalho, de tal forma que
permita o controle na coleta de dados dos parâmetros da vazão, diferença de pressão e
elevação da camada no mesmo instante de tempo em dois filtros em série, para
identificar o comportamento numa configuração diferente de experimentação.
 Realizar uma quantificação da areia removida em função de um tempo determinado
para as condições da camada em regime de transporte pneumático ou em condições
máximas de velocidade superficial, identificando as vazões limites operacionais dos
filtros.
 Caracterizar o comportamento de diferentes tipos de crepinas individualmente,
analisando a influencia da estrutura, formato e conformação dos componentes na perda
de carga e a influencia da distribuição e posição dentro do filtro, buscando gerar uma
conformação de acordo as condições estruturais dos filtros que seja adaptável e ofereça
homogeneidade na distribuição do fluxo na retrolavagem.
 Revisar os comportamentos do processo da retrolavagem de perda de carga e expansão
da camada buscando simular de forma coerente a influência das propriedades da
partícula e da camada em equações empíricas ou teóricas próprias para filtros de areia
usados na irrigação localizada, que permitam identificar de forma clara e concisa a
interação entre parâmetros.

132
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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138
ANEXOS

139
ANEXO A. TABELAS DA DIFERENÇA DE PRESSÃO OBTIDAS PARA OS
FILTROS VAZIOS.

Tabela 23: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F1
DIFERENÇA
CARGA
DE σ CV REYNOLDS
HIDRAULICA
PRESSÃO (kPa) (%) FILTRO
(m³.m-².h-¹) (kPa)
0,00 0,0 0,00 0,0 0,0
29,27 1,4 0,06 4,0 2765,3
38,92 2,5 0,04 1,6 3677,4
57,56 4,9 0,44 9,0 5438,1
F1 71,34 7,3 0,04 0,5 6740,5
85,33 10,2 0,83 8,1 8062,1
96,55 12,8 0,05 0,4 9122,6
113,61 17,7 0,94 5,3 10733,8
142,37 26,5 0,25 0,9 13451,6
170,67 37,7 0,14 0,4 16125,4
200,04 50,3 1,46 2,9 18900,5
230,87 66,3 0,72 1,1 21812,7
250,29 75,9 1,76 2,3 23648,3

Tabela 24: Dados experimentais de perda de carga (kPa) em função da carga


hidráulica (m³m-²h-¹) para o filtro F2
DIFERENÇA
CARGA
HIDRAULICA
DE σ CV REYNOLDS
PRESSÃO (kPa) (%) FILTRO
- -
(m³.m ².h ¹) (kPa)
0,00 0,0 0,00 0,0 0,0
18,22 1,1 0,12 9,8 2151,9
25,10 1,9 0,35 1,8 2964,5
36,10 4,0 0,05 1,3 4263,7
F2 45,07 6,2 0,21 3,4 5322,5
54,41 8,3 0,07 0,8 6426,4
61,44 10,3 0,29 2,9 7256,5
72,02 13,8 0,47 3,5 8505,7
90,43 20,8 0,36 1,7 10680,0
108,49 28,9 0,03 0,1 12813,2
126,05 38,5 0,69 1,8 14886,7
144,83 51,1 1,77 3,4 17104,9
161,30 65,5 1,18 1,8 19050,1

140
Tabela 25: Dados experimentais de perda de pressão (kPa)em função da carga hidráulica
(m³m-²h-¹) para o filtro F3
DIFERENÇA
CARGA
DE σ CV REYNOLDS
HIDRAULICA
PRESSÃO (kPa) (%) FILTRO
- -
(m³.m ².h ¹) (kPa)
0,00 0,0 0,00 0,0 0,0
17,74 1,1 0,09 8,0 3142,2
25,05 2,2 0,07 2,9 4437,6
35,73 4,4 0,10 2,3 6329,4
F3 44,75 6,7 0,05 0,7 7927,2
53,61 9,4 0,32 3,4 9496,8
60,63 11,9 0,38 3,2 10740,8
71,04 16,4 0,62 3,8 12585,6
88,11 25,1 0,62 2,5 15608,7
106,47 35,6 1,03 2,9 18862,0
125,31 48,4 1,40 2,9 22199,3
143,22 62,7 1,09 1,7 25371,4
159,86 78,6 1,79 2,3 28319,1

141
ANEXO B. TABELAS DOS RESULTADOS MÉDIOS OBTIDOS DA DIFERENÇA DE
PRESSÃO PARA OS TRÊS FILTROS AVALIADOS COM MEIO FILTRANTE

Tabela 26: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F1

AREIA ALTURA 15 cm ALTURA 30 cm ALTURA 45 cm


ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,010 0,00 0,0 0,029 0,00 0,0 0,025 0,00
28,8 2,6 0,001 0,02 3,5 0,027 0,78 4,8 0,027 0,57
39,6 3,7 0,018 0,49 4,9 0,029 0,58 5,8 0,026 0,46
57,6 6,2 0,019 0,31 7,4 0,030 0,40 8,9 0,027 0,31
G1 72,0 9,0 0,006 0,06 10,0 0,027 0,27 11,1 0,024 0,22
86,4 11,2 0,018 0,16 12,3 0,025 0,21
97,2 14,1 0,017 0,12 15,0 0,022 0,15
115,2 18,7 0,019 0,10 19,6 0,024 0,12
144,0 27,3 0,019 0,07
169,2 38,7 0,023 0,06
201,6 50,5 0,019 0,04
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,00 0,025 0,00 0,00 0,028 0,00 0,0 0,028 0,00
28,8 3,79 0,027 0,72 3,36 0,029 0,87 4,3 0,028 0,66
39,6 2,95 0,029 0,97 4,81 0,029 0,61 6,2 0,028 0,45
57,6 6,33 0,025 0,39 7,52 0,026 0,35 8,6 0,026 0,30
72,0 8,93 0,026 0,29 9,57 0,026 0,27 10,9 0,027 0,25
G2 86,4 11,70 0,025 0,21 12,79 0,025 0,20 13,8 0,025 0,18
97,2 14,34 0,024 0,16 15,59 0,024 0,15 15,6
115,2 18,73 0,023 0,13 20,48 0,024 0,12 18,7
144,0 27,47 0,021 0,08 28,94 0,020 0,07
169,2 38,49 0,017 0,04 39,58 0,014 0,04
201,6 51,44 0,006 0,01
230,4 65,47 0,005 0,01
252,0 76,87 0,007 0,01
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,029 0,00 0,0 0,029 0,00 0,0 0,028 0,00
28,8 2,4 0,029 1,23 2,7 0,028 1,03 2,9 0,027 0,91
39,6 3,7 0,027 0,73 4,6 0,029 0,62 5,0 0,028 0,57
57,6 6,7 0,028 0,41 8,0 0,025 0,31 8,0 0,028 0,35
72,0 9,5 0,027 0,28 10,5 0,028 0,27 10,8 0,024 0,22
G3 86,4 11,8 0,027 0,23 12,8 0,026 0,20 13,9 0,029 0,21
97,2 14,3 0,026 0,18 15,5 0,026 0,17 16,5 0,025 0,15
115,2 18,5 0,023 0,12 19,2 0,023 0,12 20,9 0,023 0,11
144,0 28,4 0,024 0,09 29,0 0,016 0,06 29,5
169,2 39,4 0,016 0,04 40,0 0,020 0,05
201,6 52,9 0,012 0,02 52,5 0,007 0,01
230,4 67,2 0,002 0,00 67,9 0,007 0,01
252,0 77,7 0,005 0,01

142
Tabela 27: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F2

AREIA ALTURA 11 cm ALTURA 22,5 cm ALTURA 34 cm


ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,027 0,00 0,0 0,028 0,00 0,0 0,026 0,00
18,0 2,1 0,028 1,31 2,5 0,027 1,07 3,0 0,027 0,90
25,2 3,0 0,026 0,87 3,5 0,027 0,78 4,0 0,028 0,71
36,0 4,6 0,026 0,56 5,0 0,024 0,48 5,8 0,029 0,50
48,8 6,4 0,024 0,38 6,7 0,025 0,37 7,5 0,028 0,37
G1 54,0 8,6 0,026 0,31 9,2 0,026 0,28 9,7 0,026 0,27
61,2 10,5 0,023 0,22 11,2 0,022 0,20
72,0 13,6 0,020 0,15 14,2 0,019 0,13
90,0 19,6 0,017 0,09 20,6 0,014 0,07
108,0 26,9 0,014 0,05 28,2 0,015 0,05
126,0 36,5 0,011 0,03
144,0 46,0 0,002 0,01
162,0 56,1 0,004 0,01
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,028 0,00 0,0 0,029 0,00 0,0 0,026 0,00
18,0 1,6 0,028 1,80 2,1 0,030 1,45 2,0 0,029 1,50
25,2 2,6 0,026 1,00 3,3 0,027 0,87 3,1 0,025 0,82
36,0 4,8 0,027 0,60 5,5 0,027 0,53 5,9 0,027 0,53
48,8 6,4 0,026 0,40 7,1 0,027 0,42 7,4 0,031 0,43
G2 54,0 8,4 0,025 0,38 9,0 0,024 0,33 9,5 0,025 0,34
61,2 10,2 0,023 0,27 11,0 0,023 0,25 11,4 0,026 0,22
72,0 14,0 0,023 0,25 14,3 0,027 0,26 14,3 0,024 0,26
90,0 20,1 0,021 0,13 20,7 0,021 0,10 21,0 0,022 0,17
108,0 27,5 0,015 0,10 28,3 0,014 0,06
126,0 36,0 0,011 0,01 36,8 0,012 0,00
144,0 46,9 0,010 0,04 47,0 0,018 0,05
162,0 57,1 0,011 0,03 57,3 0,002 0,04
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,027 0,00 0,0 0,030 0,00 0,0 0,028 0,00
18,0 1,3 0,030 2,38 1,5 0,031 2,12 1,7 0,027 1,59
25,2 2,3 0,030 1,29 2,5 0,030 1,19 2,6 0,023 0,89
36,0 4,3 0,027 0,63 4,5 0,027 0,61 4,8 0,025 0,53
48,8 6,2 0,027 0,44 6,8 0,027 0,39 7,2 0,026 0,35
G3 54,0 8,7 0,027 0,31 9,2 0,026 0,28 9,9 0,025 0,25
61,2 10,4 0,025 0,24 11,0 0,023 0,21 11,7 0,024 0,20
72,0 13,8 0,023 0,16 14,1 0,024 0,17 14,8 0,022 0,15
90,0 19,8 0,018 0,09 20,6 0,018 0,09 21,4 0,019 0,09
108,0 28,0 0,016 0,06 29,0 0,022 0,08 29,8 0,011 0,04
126,0 37,2 0,020 0,05 37,4 0,018 0,05
144,0 47,9 0,011 0,02 48,0 0,016 0,03
162,0 56,8 0,001 0,00 57,3 0,004 0,01

143
Tabela 28: Resultados médios obtidos da diferença de pressão (kPa) para o filtro F3

AREIA ALTURA 12 cm ALTURA 23,5 cm ALTURA 35 cm


ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,028 0,00 0,0 0,011 0,00 0,0 0,028 0,00
18,0 2,0 0,030 1,51 2,9 0,062 2,17 3,5 0,027 0,76
25,2 3,5 0,033 0,94 4,0 0,064 1,61 4,9 0,025 0,51
36,0 6,0 0,013 0,22 6,1 0,092 1,51 7,0 0,025 0,36
43,2 8,5 0,036 0,42 8,4 0,053 0,62 9,4 0,024 0,25
G1 54,0 11,9 0,017 0,14 11,0 0,024 0,22 12,4 0,022 0,18
61,2 14,6 0,028 0,19 13,5 0,033 0,25 14,7 0,099 0,67
72,0 19,6 0,028 0,14 17,1 0,040 0,23 18,9 0,020 0,11
86,4 30,4 0,005 0,02 24,8 0,064 0,26
108,0 42,6 0,051 0,12 34,2 0,047 0,14
126,0 55,9 0,011 0,02 46,8 0,094 0,20
144,0 71,2 0,057 0,08 65,1 0,073 0,11
158,4 91,7 0,008 0,01 94,2 0,095 0,10
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,033 0,00 0,0 0,030 0,00 0,0 0,032 0,00
18,0 1,8 0,030 1,67 2,3 0,031 1,35 2,6 0,031 1,21
25,2 3,2 0,030 0,92 3,7 0,030 0,83 4,2 0,031 0,74
36,0 5,5 0,031 0,57 6,3 0,029 0,46 6,7 0,030 0,44
43,2 7,8 0,030 0,38 8,5 0,028 0,33 8,9 0,028 0,32
G2 54,0 10,5 0,028 0,26 11,3 0,026 0,23 11,4 0,026 0,22
61,2 13,1 0,027 0,20 13,8 0,024 0,17 13,8 0,067 0,49
72,0 17,2 0,026 0,15 18,0 0,023 0,13 17,8 0,023 0,13
86,4 25,8 0,099 0,38 26,2 0,018 0,07 25,8 0,017 0,07
108,0 37,1 0,019 0,05 36,7 0,012 0,03
126,0 50,4 0,957 1,90 49,4 0,092 0,19
144,0 65,0 0,009 0,01 64,8 0,001 0,00
158,4 82,3 0,007 0,01 82,8 0,010 0,01
ΔP médio ΔP médio ΔP médio
Vs (mh-1) σ % CV σ % CV σ % CV
kPa kPa kPa
0,0 0,0 0,031 0,00 0,0 0,027 0,00 0,0 0,033 0,00
18,0 1,7 0,028 1,68 2,1 0,031 1,51 2,5 0,033 1,32
25,2 2,8 0,027 0,96 3,3 0,029 0,88 4,1 0,032 0,78
36,0 5,4 0,028 0,51 5,8 0,028 0,48 6,8 0,032 0,47
43,2 8,0 0,026 0,32 8,5 0,028 0,33 9,8 0,030 0,31
G3 54,0 10,6 0,025 0,23 11,6 0,026 0,22 12,8 0,028 0,22
61,2 13,2 0,022 0,17 14,2 0,024 0,17 15,3 0,059 0,39
72,0 17,2 0,019 0,11 18,1 0,021 0,12 20,0 0,024 0,12
86,4 25,3 0,021 0,08 26,3 0,017 0,07 28,1 0,052 0,18
108,0 35,4 0,807 2,28 36,5 0,652 1,79 39,4 0,020 0,05
126,0 47,5 0,012 0,03 49,6 0,077 0,15 53,7 0,010 0,02
144,0 60,3 0,095 0,16 62,6 0,033 0,05
158,4 75,8 0,003 0,00 78,0 0,000 0,00

144
ANEXO C. PERDAS DE CARGA EXPERIMENTAIS PARA OS MEIO FILTRANTES.
Tabela 29: Valores médios de perda de carga experimental ΔP (kPa) calculada para o
meio filtrante nos filtros avaliados
G1 G2 G3
-1
Vs (mh ) 15 cm 30 cm 45 cm 15 cm 30 cm 45 cm 15 cm 30 cm 45 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
28,8 1,2 2,1 3,4 2,4 2,0 2,9 1,0 1,4 1,6
39,6 1,3 2,4 3,3 0,5 2,4 3,8 1,2 2,2 2,5
57,6 1,3 2,6 4,0 1,5 2,7 3,8 1,9 3,1 3,2
72,0 1,8 2,7 3,8 1,7 2,3 3,6 2,3 3,3 3,5
86,4 1,1 2,2 1,6 2,6 3,7 1,7 2,7 3,7
F1
97,2 1,3 2,1 1,5 2,7 2,8 1,5 2,6 3,7
115,2 0,9 1,8 1,0 2,8 1,0 0,8 1,4 3,2
144,0 0,8 1,0 2,5 1,9 2,6 3,1
169,2 1,0 0,8 1,9 1,8 2,3
201,6 0,2 1,1 2,6 2,2
230,4 0,9 0,8 1,6
252,0 1,0 1,8
Vs (mh-1) 11 cm 22,5 cm 34 cm 11 cm 22,5 cm 34 cm 11 cm 22,5 cm 34 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
18,0 1,0 1,4 1,9 0,4 0,9 0,8 0,2 0,3 0,6
25,2 1,1 1,6 2,1 0,7 1,4 1,2 0,4 0,6 0,7
36,0 0,7 1,1 1,8 0,8 1,5 1,9 0,3 0,5 0,8
48,8 0,2 0,6 1,3 0,2 0,9 1,2 0,1 0,6 1,1
54,0 0,3 0,9 1,4 0,2 0,7 1,2 0,4 0,9 1,6
F2
61,2 0,1 0,8 0,2 0,7 1,1 0,1 0,7 1,3
72,0 0,3 0,4 0,2 0,4 0,5 0,0 0,3 0,9
90,0 1,2 0,2 0,7 0,1 0,2 1,0 0,2 0,7
108,0 2,0 0,7 1,4 0,7 1,0 0,1 0,9
126,0 2,1 2,5 1,7 1,3 1,1
144,0 5,1 4,2 4,0 3,2 3,1
162,0 9,4 8,4 8,2 8,7 8,2
Vs (mh-1) 12 cm 23,5 cm 35 cm 12 cm 23,5 cm 35 cm 12 cm 23,5 cm 35 cm
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
18,0 0,8 1,8 2,4 0,7 1,2 1,4 0,6 1,0 1,4
25,2 1,2 1,7 2,7 1,0 1,4 1,9 0,6 1,1 1,9
36,0 1,6 1,7 2,7 1,1 1,9 2,4 1,1 1,5 2,5
43,2 1,8 1,7 2,7 1,1 1,8 2,2 1,3 1,8 3,1
54,0 2,6 1,6 3,0 1,1 1,9 2,1 1,2 2,2 3,4
F3
61,2 2,7 1,5 2,7 1,2 1,9 1,9 1,3 2,3 3,4
72,0 3,3 0,8 2,5 0,8 1,7 1,4 0,9 1,8 3,6
86,4 5,3 0,4 0,7 1,0 0,7 0,1 1,2 3,0
108,0 7,0 1,4 1,5 1,1 0,2 0,9 3,8
126,0 7,6 1,6 2,0 1,1 0,9 1,2 5,3
144,0 8,5 2,4 2,3 2,1 2,4 0,1
158,4 13,1 15,6 3,6 4,2 2,8 0,6

145
ANEXO D

CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES INTERNOS DOS FILTROS

146
FRONTAL
SUPERIOR

6.9
16.9
Ø40
.0

1
.
Ø5

20.0
5.1

111.8

20.0
54.5

47.4
6.3

31.8
PERSPECTIVA
LATERAL
tampa
19.1
superior

19.1
tampa

47.0
corpo filtro
inferior

60.3
0.0
Ø2
fundo falso

6.9
6.6

31.4
suporte
soporte

21.6
Figura 40: Detalhe da estrutura física do filtro HIDROSOLO (medidas em centímetros)

147
SUPERIOR

17.0
LATERAL
R4.0

90°
90°

5.8
difusor
90°

59.3
PERSPECTIVA
crepinas
cripinas
tubulação
25.0
saida

4.7
difusor

35.0
crepinas
cripinas

tubulação
entrada

Figura 41: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro HIDROSOLO (medidas em centímetros)

148
LATERAL

Ø80.1

56.8 57.0

56.9

PERSPECTIVA

Area de abertura total 19,3 cm²

Figura 42: Detalhes das crepinas de discos do filtro HIDROSOLO (medidas em milímetros)

149
DETALHE DISCO

Ø80.0

Ø47.5 1.1
1.9

16.7

PERSPECTIVA DISCO

RANURAS ENTRECRUZAS ENTRE DOIS DISCOS

Figura 43: Detalhe do disco componente da crepina do filtro HIDROSOLO (medidas em milímetros)

150
LATERAL

15.3
SUPERIOR
7.9
10.0
Ø50.0

Ø5.1 7.9
24.0 16.0 15.3 100.9

8.5

41.9
27.3

PERSPECTIVA

tampa FRONTAL
superior
50.0

corpo filtro
tampa
inferior 50.0

fundo falso Ø5.1


20.0

23.0
suporte
soporte 13.0

Figura 44: Detalhe da estrutura física do filtro da MARBELLA (medidas em centímetros)

151
SUPERIOR 20.0

25.0 5.0
52°
8
9 7
51° 45.4
2
1
52° 44.2
6
3
9.2
51° 5
4

51°
33.0
51°

PERSPECTIVA

tubulação
saida

difusor

crepinas
cripinas
tubulação
entrada

Figura 45: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro da MARBELLA (medidas em centímetros)

152
FRONTAL LATERAL

125
93

29
58

23
92
23
12

PERSPECTIVA SUPERIOR

25
Ø1
Ø
94

Área de Abertura total 10,7 cm²

Figura 46: Detalhe da crepina do filtro da MARBELLA (medidas em milímetros)

153
LATERAL
FRONTAL

PERSPECTIVA

tampa
superior

SUPERIOR

corpo filtro
tampa
inferior

suporte
soportes

Figura 47: Detalhe da estrutura física do filtro do AMANCO (medidas em centímetros)

154
LATERAL FRONTAL

difusor

PERSPECTIVA
SUPERIOR
tubulação
saida

difusor

crepinas
cripinas

tubulação
entrada

Figura 48: Detalhe da distribuição das crepinas dentro do filtro AMANCO (medidas em centímetros)

155
BRAÇO COLETOR PERSPECTIVA

LATERAL

19.5

14.4
7.6
10.6 10.7 22.3 11.2

68.0

SUPERIOR

FRONTAL 8.5

66°

35° 35° 9.4 11.5

2.4
5.2
Ø7.6 11.1
63.2

10.6

16.0

Figura 49: Detalhes do braço coletor do filtro do AMANCO (Medidas em centímetros)

156
LATERAL

170.9

25.2
2.1

12.0
11.6

PERSPECTIVA

Área de abertura total 11, 3 cm²

Figura 50: Detalhes da crepina no filtro da AMANCO ( medidas em milímetros)

157
ANEXO E. MODELO DO QUESTIONARIO APLICADO NAS VISITAS
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Agrícola
Grupo de Pesquisa Tecnologia de Irrigação e Meio
Ambiente
Avaliação de Sistemas de Filtragem

Identificação da Propriedade
Nome da Propriedade:
Endereço da Propriedade:
Nome do Proprietário:
Nome do Responsável:
Contato com o Responsável
Caracterização do sistema de irrigação
Sistema de Irrigação: ( ) Gotejamento ( ) Microaspersão ( ) Outro:
Cultura irrigada:
Tempo de implantação do sistema:
Emissores: Marca: Modelo: Vazão Nominal:
Obs:
Conjunto Motobomba: Marca: Modelo: Rotores:
Pressão de operação:
Obs.:
Fonte da água: ( ) rio ( ) lago ( ) reservatório (açude) ( ) poço
Obs:
Análise da água: ( ) Não ( ) Sim. Freqüência:
Obs:
Problemas de entupimento: ( ) Não ( ) Sim Intensidade:
Causa: Solução adotada:
Troca de emissores: ( ) Não ( )Sim Periodicidade da troca:
Manejo de irrigação: freqüência :
Caracterização do sistema de filtragem
Descrição geral: Marca: Modelo: N° de filtros:
Pressão projeto na filtragem: Vazão projeto na filtragem:
Pressão na retrolavagem: Vazão da retrolavagem
Dimensões dos filtros: Altura total: Diâmetro:
Obs.:
Tipo de operação dos filtros (inclui retrolavagem) : ( ) Manual ( ) Automática
Obs:
Tempo de implantação do sistema:
Razões por adotar filtro de areia:
Orientação pela adoção do filtro de areia: ( ) Empresa ( x ) Pesquisa ( ) Sugestão:
Obs:
Orientação atual da retrolavagem: ( x ) Empresa ( ) Assistência Técnica
( ) Critério Pessoal ( ) outro:
Obs:
Dificuldades na operação do filtro: ( ) Não ( ) Sim
Quais:
Problemas com o filtro: ( ) Não ( ) Sim
Quais: perde areia que causa entupimento no filtro de tela
Solicitou assistência técnica para o filtro: ( ) Não ( ) Sim
Razão:
Manutenção no filtro: ( ) Não ( ) Sim Razão
Tipo de material filtrante utilizado: ( ) Areia ( ) Antracito ( ) Carvão Ativado
( ) Zeólita ( ) Outro:
Granulometria utilizada:
Houve opções e/ou orientações durante a escolha do material filtrante?
( ) Não ( ) Sim. Qual:

158
Troca do material filtrante
( ) Não ( ) Sim. Periodicidade:
Usa outro sistema de tratamento de água : ( ) Não ( ) Sim Qual:
Caracterização do processo de retrolavagem
Orientação atual da retrolavagem: ( ) empresa ( ) asistencia técnica ( ) critério personal ( ) outro

Problemas específicos com a retrolavagem: ( ) Não ( ) Sim


Qual:
Indicador utilizado para determinar o momento da retrolavagem
( ) Tempo de filtragem:_______( ) Perda de pressão:_________ ( ) Cor da areia ( ) Outro:________________
Freqüência de retrolavagem: ( ) min:_______( ) horas:_______( ) dias:_____
( ) semanas:______ ( ) mensal:_______( ) mensal:_______
Duração da retrolavagem normal:
Percebe perdas de areia durante a retrolavagem: ( ) Não ( ) Sim
Quantifica as perdas de areia: ( ) Não ( ) Sim
Qual método:
Avaliação do sistema de filtragem
Estado da estrutura física dos filtros de areia:
Interna: Externa:
Procedimento 1: Abrir tampa superior de um dos filtros com sistema de irrigação desligado
Avaliar estado da superfície do material filtrante: ( ) Presença de material orgânico
( ) Presença de canais preferenciais Outros:
Retirar amostra de areia para análise da contaminação
Procedimento 2: Fechar filtros e ligar o sistema de irrigação
Medir vazão total do sistema de filtragem:
Estimar Taxa de filtração:
Medir Pressão do sistema: Antes do filtro: Depois do Filtro
Estimar Diferencial de Pressão no filtro antes da retrolavagem
Coletar amostras de água para avaliação da SST:
Na fonte: Depois do filtro:
Estimar Eficiência de remoção antes da retrolavagem
Procedimento 3: Realizar a retrolavagem
Medir vazão da retrolavagem:
Tempo de retrolavagem:
Analisar qualidade da água da retrolavagem:
Pressão do sistema: Antes do filtro: Depois do Filtro
Procedimento 4: Abrir tampa superior do mesmo filtro com sistema de irrigação desligado
Avaliar estado da superfície do material filtrante: ( ) Presença de material orgânico
( ) Presença de canais preferenciais Outros:
Retirar amostras de areia para análise da contaminação e eficiência de retrolavagem
Procedimento 5: Reiniciar a irrigação
Medir Pressão do sistema: Antes do filtro: Depois do Filtro
Estimar Diferencial de Pressão no filtro depois da retrolavagem
Coletar amostras de água para avaliação da SST:
Depois do filtro: Linha de irrigação:
Estimar Eficiência de remoção depois da retrolavagem:

159

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