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continuada
Digital immigrants: the tecnology in the process of continuing education
RESUMO
A tecnologia vem sendo recontextualizada na área educacional e causando inúmeras dúvidas em como
e quando utilizá-la na prática pedagógica, criando a necessidade de processos de formação continuada
realmente favoráveis a esta realidade. Sendo assim, estabeleceu-se como objetivo refletir acerca
da importância que as tecnologias podem trazer para a aprendizagem dos professores, imigrantes
digitais, por meio de pesquisa bibliográfica e empírica sobre a concepção destes mediante questionário
e entrevista. Os dados foram analisados e se extraíram inferências sobre a temática. Os resultados
denotam que o uso da tecnologia na formação do professor é tão importante quanto na do aluno e que
os docentes sabem da importância atual de se atualizar e, apontaram a Educação a Distância como uma
das possibilidades. Conclui-se que os docentes consideram haver necessidade de aprender a lidar com
tecnologia na sala de aula, porém os desafios a serem enfrentados na escola e na formação devem ser
analisados em seus inúmeros aspectos.
ABSTRACT
The technology has been recontextualized in educational area and causing many questions on how and
when to use it in teaching practice, creating the need for continuing education processes really favorable
to this reality. Therefore, it has established itself as objective to reflect on the importance that technolo-
gies can bring to the teacher learning, digital immigrants, through literature and empirical research on
the design of these by questionnaire and interview. The data were analyzed and to drew inferences about
the subject. The results show that the use of technology in teacher training is as important as the student
and teachers know the current importance of updating and pointed the Distance Education as one of the
possibilities. The conclusion is that teachers believe there need to learn to deal with technology in the
classroom, but the challenges to be faced in school and training should be analyzed in its many aspects.
A fim de refletir acerca das tecnologias na aprendizagem dos professores, utilizaremos como auxílio
um fragmento do trabalho de conclusão de curso, apresentado em 2015, intitulado “A prática curricular
nas escolas municipais e estaduais: desafios e possibilidades”. Realizamos pesquisa bibliográfica e
documental, bem como entrevistas e aplicação de questionários em 2013 a 2014 com nove professores
atuantes na rede pública municipal e estadual da cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo.
Para estruturar este texto, optamos por, inicialmente, diferenciaremos os nativos e imigrantes digitais,
suas maneiras peculiares de linguagem, ensino e aprendizagem, baseado em autores como Prensky
(2001); Demo (2007); Veen e Vakking (2009) e Palfrey e Gasser (2011).
Assim, com o tempo cada vez mais escasso para a formação continuada, a tecnologia vem ofertando
oportunidades para aperfeiçoar os estudos com os ambientes virtuais de aprendizagem, além de oferecer
maior flexibilidade temporal e espacial aos docentes, possibilitando o oferecimento de aprendizagem que
vai além dos aspectos técnicos, mas como exploração das tecnologias como instrumentos pedagógicos.
OBJETIVO
Mediante a necessidade da utilização e da tematização da tecnologia na formação do professor,
estabelecemos como objetivo deste estudo refletir acerca das possibilidades que as tecnologias podem
trazer para a aprendizagem, não apenas dos alunos considerados nativos digitais, como também dos
professores.
REFERENCIAL TEÓRICO
O estilo de vida das pessoas foi transformado pela era digital, na qual o acesso à informação está
cada vez mais veloz e, por consequência, expande a cultura digital e a possibilidade de aquisição de
conhecimento. É neste contexto que, após 1980, surgem os “nativos digitais” e os que acompanham e
aprendem a lidar com a nova realidade, os “imigrantes digitais” (PALFREY; GASSER, 2011).
Nesta mesma perspectiva, as características dos nativos digitais trazem preocupação para gerações pré-
digitais, devido a algumas diferenças na atenção, no modo de interagir, procurar diversão e se afirmar
como ser social, visto que os imigrantes digitais construíam suas identidades com o passar do tempo de
forma mais lenta, com práticas e objetivos diferentes.
A educação, mediante os impactos recebidos pelas inovações tecnológicas, recebe alunos, nativos
digitais, com acesso a diferentes tecnologias que influenciam no modo de ser e de agir em meio às
informações e, assim, também na maneira de estudar, aprender e a lidar com o contexto.
Veen e Vakking (2009) referem-se aos alunos como Homo Zappiens, que aprendem de forma mais
dinâmica, pela prática e pela experimentação, na qual a autonomia fica mais latente com relação ao
que querem ou não aprender.
O professor, imigrante digital, tem neste contexto o desafio de aprender a entender os alunos, apropriar-
se das tecnologias e usá-las no processo pedagógico e também na sua própria formação continuada.
Como apontam Prensky (2001) e Veen e Vrakking (2009), os imigrantes aprendem de maneira diferente
do que os nativos digitais, já que estes são práticos e aqueles precisam de uma instrução prévia para
depois operar tecnologicamente.
Com velocidade que a tecnologia se incorporou no dia a dia em vários setores da vida da sociedade
contemporânea, é desafiador buscar a compreensão da realidade tecnológica e das novas gerações
que estão chegando cada dia com uma linguagem mais digital e reconfigurar a ideia conservadora de
educação para que fique mais contextualizada e coerente com o diálogo dos alunos.
Assim, o desafio quanto ao uso da tecnologia pelos imigrantes digitais é apoiado em Prensky (2001,
p. 1), ao considerar as diferentes linguagens dos nativos e imigrantes, na qual o “sotaque” destes gera
conflitos na comunicação com os que praticam o uso das tecnologias rapidamente e sem prescrições
anteriores.
Desta forma, a linguagem, os interesses e as expectativas dos nativos e imigrantes digitais seguem
percursos diferentes que, consequentemente, acrescenta os obstáculos com a tecnologia no embate da
relação professor e aluno.
Contudo, as diferenças da inserção e ação no mundo digital não estão relacionadas apenas à época em
que professores e alunos nasceram, ou seja, esta questão vai além da distância etária entre as gerações.
Nas palavras de Demo (2007, p. 109),
Assim, se os professores não possuem oportunidade de vivenciar a tecnologia incorporada em sua própria
aprendizagem, a clareza das mudanças metodológicas e adequações curriculares na prática pedagógica
com os alunos ficarão, também, limitadas. Portanto, frisamos neste trabalho a necessidade do uso e da
abordagem do assunto atual nos cursos de formação continuada, para dar suporte e familiaridade no
dia a dia dos docentes, que a incorporarão no processo de ensino e aprendizagem nas escolas.
Neste caminho, os professores que são os que formam, avaliam e convivem com os alunos, precisam
recorrer a novas perspectivas, visto que, conforme Veen e Vrakking (2009) e Demo (2007), os alunos
não podem continuar sendo julgados por paradigmas do passado para que não se criem rótulos à nova
geração e transfira a eles toda a responsabilidade do desempenho que venha porventura ter na escola.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho é um fragmento da pesquisa intitulada “A prática curricular e as tecnologias nas escolas
municipais e estaduais: desafios e possibilidades”, trabalho de conclusão de curso efetuado entre 2013 a
2014 e qualificado em 2015. Realizamos pesquisas bibliográficas, documentais, entrevistas e aplicações
de questionários com nove professores da rede pública municipal e estadual, nomeados por número de
acordo com a ordem da entrevista e da devolução dos questionários respondidos. Os temas questionados
referiram-se à tecnologia, ao currículo e a cursos oferecidos tanto pela rede municipal quanto estadual.
Para a metodologia de pesquisa, apoiamos-nos em Lüdke e André (1986); Gil (1987); Brandão (2000);
Dencker e Viá (2001) e Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002). Assim, utilizamos a entrevista devido à
flexibilidade para retomar, posteriormente, pontos que não foram bem compreendidos. Os dados foram
analisados quantitativa e qualitativamente.
Com o intuito de conhecer a opinião e a experiência dos professores, e pela impossibilidade de entrevistar
pessoalmente todos os participantes, o questionário também foi utilizado como instrumento de
pesquisa, pela possibilidade de ser enviado por meio eletrônico (DENCKER; VIÁ, 2001). Assim, utilizamos
questionário com perguntas abertas, no qual os participantes puderam expressar ideias com suas
próprias palavras.
Esta pesquisa contou com a participação de nove professores, imigrantes digitais, atuantes no Ciclo I
do ensino fundamental da rede pública municipal e estadual da cidade de Bauru, interior de São Paulo.
Dos docentes, 45% trabalham na rede estadual, 33% na rede municipal e 22% atuam em ambas as redes
públicas. (GRÁF. 1).
Com relação à escolarização, 55% dos professores possuem magistério, na qual 11% são licenciados
em Biologia, 11%, em História com especialização na pré-escola e 33% possuem magistério e formação
em Pedagogia. Dos 77% pedagogos, 22% são pós-graduados em alfabetização e letramento, 11%,
especializados em educação especial/inclusiva e curso técnico em informática e 11%, com pós em
Psicopedagogia e, em 2014, cursavam mestrado em TV digital pela UNESP, conforme apresenta a GRÁF. 2.
Conforme o Gráf. 3, que ilustra a atuação dos participantes da pesquisa, 44% dos professores
atuam somente no Ciclo I do ensino fundamental. 11% trabalham no ensino superior, 33% atuam na
coordenação pedagógica, vice-diretor ou diretor, 11% como instrutor de informática e 11% possuem
acúmulo de cargo, atuando no Ciclo I, II, ensino médio e na coordenação.
Os professores do Estado possuem em média 26 anos de experiência na educação, sendo que 22% deles
estão em processo de aposentadoria e, de acordo com a pesquisa, são os que mais possuem dificuldades
com o uso de tecnologias no cotidiano escolar. Os do município possuem a média de 06 anos e os que
trabalham/trabalharam nas escolas públicas tanto do Estado quanto do município possuem cerca de
11,5 anos de experiência. A média geral de experiência dos professores é de 15 anos.
Desta forma, este é o perfil dos professores imigrantes digitais que, apesar das experiências em sala de
aula, têm novos desafios pela frente.
RESULTADOS
Neste texto, preocupando-nos com a importância da tecnologia para a formação continuada dos
professores, que são os que lidarão com os nativos digitais para utilizar esta ferramenta na aprendizagem,
analisamos que os cursos oferecidos na rede estadual para os professores de educação básica do ciclo
I têm vários critérios e a prioridade é para os alfabetizadores, sendo as aulas cansativas e a única
tecnologia utilizada é o Data show.
Nos cursos oferecidos na rede estadual, referentes ao Programa Ler e Escrever e o EMAI, não são utilizadas
tecnologias, tornando as aulas cansativas e deixando os professores desmotivados. Conforme a fala do
P4, “o único curso que eles dão, não se trabalha tecnologia” e ainda completa: “é como uma aula de
faculdade [...] Eles dão cursos cansativos, que você senta lá, fica lá horas e horas, uma pessoa lá na frente
falando, falando, falando, falando, e você só lendo, lendo papel, lendo isso, lendo aquilo”, de forma que o
professor até mesmo perdeu o interesse nos cursos “eu não vou fazer o EMAI esse ano, eu não vou fazer,
não vou nem perder meu tempo”. Desta forma, aulas cansativas desmotivam não apenas os nativos, mas
também os imigrantes digitais.
Neste sentido, Kenski (2010, p. 57-58) ressalta que “[...] podemos tentar a síntese dos dois modos
de comunicação: o presencial e o virtual, valorizando o melhor de cada um deles”, pois “conectados,
podemos realizar trocas mais rápidas, cômodas e práticas.”. Ideia da qual os professores partilham,
considerando trocas de experiências na escola e a EaD favoráveis.
Para os professores entrevistados, a EaD é uma opção para aprimorar seus conhecimentos, de forma
que um deles alegou que antes os docentes preferiam aulas presenciais para ser olho no olho e tirar
dúvidas, porém possuíam insegurança com o ambiente virtual de aprendizagem, assim, com o tempo
perceberam a praticidade nesta modalidade. Porém, a EaD é oferecida mais para o Ciclo II do ensino
fundamental.
Fica mais fácil pra gente [...] a gente vai adequando o nosso horário presencial uma vez ao
mês [...] Agora pro ciclo I nem assim é oferecido [...] se fosse assim, oferecido pelo menos
online [...] seria lucrativo pra todo mundo. Tanto pra escola, quanto pro aluno, quanto pra
nós também (P2).
Outro aspecto que merece ser destacado é como a EaD se apresenta como alternativa para o contexto
em que vivemos e sua adequação para a formação continuada dos professores de acordo com as
necessidades destes, conforme abordado no artigo de Voigt (2007), na qual a educação semipresencial é
favorável para o momento histórico atual, já que a educação presencial não supre totalmente a carência
da aprendizagem continuada, principalmente no quesito de horário e deslocamento.
Em relação à questão abordada por Voigt (2007, p. 45), há confirmação nas falas dos professores que
são impossibilitados de participar de cursos por falta de tempo e pela necessidade de se locomover
até o trabalho, por ser em cidade diferente e até mesmo pelos cursos serem no mesmo horário de
trabalho. Portanto, “[...] o modelo presencial não atende às necessidades de aprendizagem individual
e continuada. Horários rígidos e necessidade constante de deslocamento são os maiores empecilhos.”.
Em contrapartida, ainda na rede municipal, um dos professores mencionou que cursos ocorrem no
horário de trabalho e os em EaD possuem uma quantidade limitada de vagas. Contudo, os professores
admitem que os cursos ajudam bastante, que há repetições e, ao mesmo tempo, também aprendizagens
novas.
Muitos desses cursos são oferecidos em nosso horário de trabalho, o que nos impossibilita de
participarmos. E os poucos EaD são oferecidos com pouquíssimas vagas. Pelo menos os cursos
que fiz me ajudaram muito, muita repetição, mas também muitas novidades (P9).
Também, nas falas dos professores, não há resistência quanto a esta forma de estudo ou ao uso de
tecnologias na sala de aula, entretanto, devido ao desconhecimento ou aos empecilhos existentes, se
estes não estiverem seguros para lidar na sala de aula com tais recursos, corre-se o risco de continuar
reproduzindo práticas desinteressantes para os alunos e, consequentemente, tendo uma prática
resistente, mesmo que inconscientemente.
62 | artigo | Educ.&Tecnol. | Belo Horizonte | v. 21 | n. 1 | p. 56-66 | jan./abr. 2016 |
Desta forma, a EaD possui características interessantes para as necessidades atuais como, por exemplo,
nos aspectos da autonomia, da comunicação, valendo ressaltar aqui a flexibilização temporal e espacial,
e aspectos do processo tecnológico com diferentes maneiras de mediatização do saber e diferença de
custos. Novamente, o Imigrante digital pode se aproximar dos Nativos na questão da autonomia e na
independência para aprender.
Além disso, a formação na Atividade de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) foi mencionada como
um momento propício para diálogos e estudos relacionados ao uso da tecnologia com os alunos. Os
professores que possuem a oportunidade de participar de ATPC, direcionado ao uso da tecnologia,
gostam e até sugerem mais abordagens deste tema, porém também admitem que, por maior boa
vontade que os professores tenham em aprender, se não houver mais recursos nas escolas, somente
a vontade não basta. Todavia, “‘[...] o tempo é escasso’. Sem compartilhamento, atuação em equipe e
colaboração, torna-se impossível o desenvolvimento de ações de qualidade.”. (KENSKI, 2013, p. 10).
O bom uso do tempo de aprendizagem nas ATPC, de momentos com a tecnologia disponíveis na escola
e com os alunos acrescentam positivamente para o trabalho pedagógico, de maneira que o professor
aprende com outros professores e também com os alunos e aquele pode ajudar este a utilizar as
informações acessadas para transformar em conhecimento. Assim,
Novos desafios se colocam também para a função docente diante do aumento das
informações nas sociedades contemporâneas e da mudança da sua natureza. Mesmo
quando experiente, o professor muitas vezes terá que se colocar na situação de aprendiz
e buscar junto com os alunos as respostas para as questões suscitadas. Seu papel de
orientador da pesquisa e da aprendizagem sobreleva, assim, o de mero transmissor de
conteúdos (BRASIL, 2013, p. 111).
Neste contexto, P2 diz que “a visão dos nossos alunos, infelizmente, é voltada para Redes Sociais, eles não
sabem que na mão deles ali tem uma boa ferramenta que pode ajudá-los no ensino” e “eles se preocupam
mais em nos dar a resposta, mas não quer (sic) saber nem o porquê daquilo”. Desta forma, “é útil, mas
não pra gente viver na dependência”. Assim, a atuação do imigrante digital é imprescindível para que os
nativos utilizem a tecnologia para além do entretenimento e dos aspectos técnicos.
Ainda, as tecnologias, de acordo com os documentos oficiais, devem estar presentes transversalmente
nos currículos em toda a educação básica, direcionando os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) das
escolas. Mas para que isto ocorra, planejamentos e gerenciamentos são indispensáveis por parte,
principalmente, dos docentes.
É nesta perspectiva que os docentes consideram essencial uma formação continuada que respalda os
aspectos didático-pedagógicos. Para aprender os aspectos técnicos, os professores buscam um comple-
Porém, para não cairmos em uma visão reducionista das tecnologias no processo de ensino e
aprendizagem, é fundamental que o professor reflita sobre a intencionalidade pedagógica com clareza
de quando, como e o motivo de utilizá-las. Dessa forma, o uso da tecnologia na escola ultrapassa o
instrumental técnico que os alunos possuem facilidade, visto que o professor é quem faz a mediação
entre os saberes e os conhecimentos. Que, mediante esta pesquisa, não é o fato de haver tecnologias
nas escolas que as farão usáveis a todo o momento, e os professores participantes têm consciência disso
e da necessidade de formação continuada que apoie as necessárias reflexões.
Para Mercado (2002, p. 15), a formação dos docentes para a realidade digital é crítica e desprivilegiada
pelas políticas públicas e universidades, na qual as propostas são voltadas para a especialização,
programas de qualificação e pós-graduação. Assim, “[...] existem dificuldades, através dos meios
convencionais para se preparar professores para usar adequadamente as novas tecnologias. É preciso
formá-los do mesmo modo que se espera que eles atuem.”.
Porém, o que se tem analisado nas entrevistas com os professores da rede estadual é que nos cursos não
se trabalha tecnologia, são utilizadas apostilas, textos e exposição de leituras. No município, os profes-
sores afirmam que têm mais possibilidades quanto aos cursos como, por exemplo, edição de vídeos, o
uso de Excel etc. Ou seja, algo que abrange o uso das tecnologias como ferramenta pedagógica.
De acordo com Mercado (2002), a formação continuada é o momento para o professor aprender sobre
tecnologia, como utilizá-la em sala de aula e auxiliar para enfrentar os entraves do sistema, visando a
uma nova abordagem integradora que considere as necessidades e interesse dos educandos. Mercado
(2002, p. 22) afirma que “[...] a ênfase deve ser a criação de ambientes educacionais de aprendizagem, no
qual o aluno executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do professor o assunto
já pronto.”. Da mesma maneira, deveria ser compreendida a formação continuada dos professores para
a integração das tecnologias em educação, trabalhos em grupos, de forma que a tecnologia será algo
cotidiano com estudos permanentes.
Ainda, de acordo com Mercado (2002, p. 27), “[...] o uso efetivo da tecnologia, por parte dos alunos, passa
primeiro por uma assimilação da tecnologia pelos professores.” e, em similaridade com os entrevistados
na pesquisa, a disponibilidade de computadores na escola por si só dificilmente trará aprendizagens
significativas e “[...] para atingir efeitos positivos, é fundamental considerar uma capacitação intensiva
inicial e um apoio contínuo, começando com os professores, quem a sua vez, poderão capacitar a seus
alunos”.
Porém, há dificuldades citadas pelos professores, porque apesar de agora a tecnologia também fazer
parte do cotidiano dos imigrantes digitais, nem sempre é possível participar de cursos, devido à carga
horária, às exigências quanto ao perfil docente e ao fato de que para atuar nos anos iniciais do ensino
fundamental raramente são oferecidos cursos na modalidade EaD e que aborde a tecnologia.
[...] o maior desafio que eu vejo assim, é até a gente mesmo, que eu não tenho, eu não
domino totalmente o computador [...] a gente que é mais da geração mais antiga, a gente
tem dificuldade. Eu confesso que eu tenho. Eu me acho uma analfabeta em relação ao
computador. Eu sei aquele arroz com feijão, basiquinho do basiquinho (P4).
Apesar das dificuldades dos imigrantes digitais, segundos os professores participantes da pesquisa,
estes consideram importante e essencial aprender a utilizar a tecnologia e, principalmente, participar
de cursos que utilizem e auxiliem nestas problemáticas para que possa lidar com a realidade dos alunos,
até mesmo porque estes se interessam por aulas mais atrativas e significativas relacionadas ao contexto
digital.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que os professores têm consciência da importância do estudo permanente e, principalmente
em relação às tecnologias para que a escola se aproxime da realidade dos alunos de forma a ser mais
significativa e interessante, assim como participar de troca de experiências para redefinir as práticas
pedagógicas na sociedade atual.
A EaD é uma possibilidade a ser mais explorada, visto que os professores se interessam e possuem
curiosidade nesta aprendizagem mais autônoma, da mesma forma que os alunos têm maior autonomia
para saber o que querem aprender, imigrantes e nativos digitais têm muito conhecimento a compartilhar
em uma relação de troca.
Portanto, há importância da tecnologia na aprendizagem dos imigrantes digitais tanto quanto na dos
nativos, pois, sem esta vivência, dificilmente mudaremos a perspectiva da qual enxergamos os alunos.
Para compreender os objetivos das novas formas de construção da identidade pessoal e social, seus
anseios e poder auxiliá-los da melhor maneira a utilizar efetivamente as variadas oportunidades de
transformar informação em conhecimento que a tecnologia oferta na sociedade da informação.
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