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Cenacarta

Universidade Eduardo Mondlane


Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Departamento de Geografia
Centro Nacional de
Cartografia e Teledetecção

MANUAL DE TELEDETECÇÃO

Fascículo I:
Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção

Compilado por

Manuel Fernandes Gonçalo Ferrão

CENACARTA

2005
Título: Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção

Autor: Manuel Fernandes Gonçalo Ferrão

Revisão Técnica: Doutor Engº José M. A. Carvalho

Revisão Linguística: dra. Feodósia Rajá Viana

Editor:

Maquetização e Impressão:

Tiragem:

Registo: xxx – INLD/XX

Copyright: 2005, CENACARTA

Maputo, Moçambique

É pertmitida a reprodução parcial do livro para fins de estudo privado. A reprodução total ou a

reprodução de cópias múltiplas carece da autorização do editor.

Na capa:

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 2


_____________________________________________________________________________________________

PREFÁCIO

0 presente manual é o resultado de trabalhos práticos e teóricos preparados a partir de variadas


fontes e adaptados, em sua maioria, para as aulas do Curso de Teledetecção ministrado no
CENACARTA e para a disciplina de Práticas de Investigação I, posteriormente Teledetecção, do
Curso de Geografia da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane,
leccionadas pelo autor, de 1994 a 2005. A compilação foi sistematizada de modo a poder ser útil não
só a estudantes mas, também, a todos os interessados, aos quais se pretende dar um contributo na
disponibilização de alguma informação, quiçá actualizada, sobre esta tecnologia relativamente nova.

O leitor encontrará no conjunto deste Manual uma informação sucinta sobre satélites, princípios
físicos da teledetecção, técnicas de tratamento e processamento de imagens dos Satélites de
Observação da Terra. O Manual é composto de dois fascículos:

Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção ,


Fascículo II: Tratamento Numérico e Interpretação de Imagens Satélite.

Não é possível abordar o domínio do tratamento numérico de imagens satélite sem possuir as bases
físicas da Teledetecção. Por isso, para além de um breve historial sobre a Teledetecção em
Moçambique, o presente Fascículo I inicia em generalidades, descrevendo o modelo físico da
Teledetecção, de modo a situar nele a abordagem subsequente. Aqui, estão também expostos os
diferentes domínios de aplicação da Teledetecção.

0 primeiro capítulo dá uma informação sobre a classificação dos satélites, quanto à sua finalidade.
A este segue um capítulo que descreve as órbitas existentes. O capítulo que aborda a Teledetecção
propriamente dita é o quarto, precedido do que apresenta os sistemas de sensores a bordo dos
satélites. Segue-se, nos capítulos cinco a oito, o detalhe dos satélites existentes, suas
características e seus produtos derivados. O último, fornece o status dos satélites correntes e
perspectivas da sua evolução.

Sem a valiosa contribuição dos colegas do CENACARTA, a quem recorri para conselhos técnicos e a
dos seus alunos, que pacientemente me alertavam sobre as gralhas encontradas, não teria sido fácil
compilar o presente Manual. A todos eles manifesto a minha gratidão!

Maputo, Julho de 2005 Manuel Ferrão

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 3


Sumário

PREFÁCIO ..................................................................................................................................................................3
Sumário .......................................................................................................................................................................4
Glossário .....................................................................................................................................................................7
Breve historial sobre a Teledetecção em Moçambique ..................................................................................10
GENERALIDADES ..................................................................................................................................................13
Bases para o Conhecimento Teórico da Teledetecção ...............................................................................13
Bases para o Conhecimento do Meio Natural e Humano ............................................................................15
I. Classificação dos satélites ...............................................................................................................................18
II. Órbitas dos Satélites......................................................................................................................................19
2.1. Os Satélites Geoestacionários ............................................................................................................... 20
2.2. Satélites Polares ........................................................................................................................................21
III. Sistemas de Sensores .................................................................................................................................. 22
3.1. Sistema Passivo .......................................................................................................................................... 23
3.2. Sistema Activo........................................................................................................................................... 32
3.3. Vantagens e desvantagens dos sistemas activo e passivo................................................................ 36
3.4. Conceitos de Resolução ............................................................................................................................ 37
IV. Princípios Físicos da Teledetecção ............................................................................................................. 40
4.1. Conceito e definição.................................................................................................................................. 40
4.2. Radiação Electromagnética ..................................................................................................................... 40
4.2.1 – O espectro electromagnético ....................................................................................................... 40

4.2.2 – Reflectância espectral................................................................................................................... 43


4.2.3 - As Leis da Radiação ........................................................................................................................ 48
4.2.4. – Radiação Electromagnética e sua Interacção com a Atmosfera Terrestre ..................... 50
V. Satélites Meteorológicos ................................................................................................................................ 58
5.1. Satélites Meteorológicos Geoestacionários ........................................................................................ 58
METEOSAT ................................................................................................................................................... 58

GOES (Geostationary Operational Environmental Satellites) ........................................................... 59


GMS (Geostationary Meteorological Satellites) ................................................................................... 59
FY-2................................................................................................................................................................. 60
(ELECTRO) GOMS (Geostationary Operational Meteorological Satellite) ......................................61
INSAT (Indian Satellite)............................................................................................................................61
5.2. Satélites Meteorológicos Polares.......................................................................................................... 62
TIROS-NOAA (USA) .................................................................................................................................. 62
METEOR (Rússia) ......................................................................................................................................... 63
NIMBUS (USA) ............................................................................................................................................ 63
QUIKSCAT .................................................................................................................................................... 64

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 4


FY-1 (China) ................................................................................................................................................... 65
Evolução dos Satélites de Observação da Terra............................................................................................ 67
VI. Satélites Ambientais...................................................................................................................................... 68

SeaStar .......................................................................................................................................................... 69
Terra (EOS AM-1)........................................................................................................................................ 69
Características dos produtos do MODIS e seus níveis de processamento................................ 74
Envisat ............................................................................................................................................................ 76
Aqua................................................................................................................................................................. 80
Okean - Ocean Remote Sensing System ................................................................................................. 82
Resurs (Ocean Remote Sensing System) ................................................................................................ 83
RocSat-1 ......................................................................................................................................................... 84
VII. Satélites de Teledetecção (para o estudo dos recursos terrestres)............................................... 85
7.1 Satélites de Teledetecção com Sensores Ópticos ............................................................................. 86
7.1.1 Série Landsat....................................................................................................................................... 86
Sensores MSS e TM - suas características ...................................................................................... 88
Produtos e Serviços gerados a partir das imagens Landsat 1-2-3-4-5 ....................................... 89
Características Espectrais do sensor TM no Landsat 5 ................................................................. 90
Nível de processamento das Imagens Landsat 5...............................................................................91
Resumo das características do Satélite Landsat 7 ..........................................................................91
Níveis de processamento das imagens Landsat7 e Produtos Derivados...................................... 93
Status actual do Landsat 7 ................................................................................................................... 95
Alternativas de substituição das imagens do sensor ETM+ do Landsat 7 .................................. 97
Preços de Produtos Landsat no CENACARTA (2003) ..................................................................... 97
7.1.2. Série SPOT ......................................................................................................................................... 98
Modos de aquisição e Bandas Espectrais do SPOT ......................................................................... 101
Níveis de processamento das imagens SPOT .................................................................................. 102
Política de comercialização e tabela de preços de produtos SPOT ........................................... 108
7.1.3. Série IRS ........................................................................................................................................... 110
IRS-1A e IRS-1B .....................................................................................................................................111
IRS-1C e IRS-1D......................................................................................................................................111
7.1.4. Série CBERS (China-Brasil Earth Resources satellite)............................................................ 112
Preço dos Produtos CBERS (Abril de 2004) ..................................................................................... 115
7.1.5. Série KOMPSAT (Korea Multi-Purpose Satellite) .................................................................... 115
Preço das Imagens KOMPSAT............................................................................................................. 118

7.1.6. EO-1 (Earth Observing-1)............................................................................................................... 118


Preço dos produtos do EO-1, na USGS EDC (2003) ...................................................................... 120
7.2 Satélites de Teledetecção com sensor RADAR ................................................................................ 121
7.2.1. Série ERS .......................................................................................................................................... 122
Níveis de Processamento de produtos ERS e Principais Aplicações .......................................... 122

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 5


Preço dos Produtos ERS (SPOT IMAGE, 2004, preço em Euros) .............................................. 122
7.2.2 Série RADARSAT ............................................................................................................................ 123
Modos de Aquisição e Características Principais das Imagens ................................................... 125
Preços dos Produtos do Radarsat 1 (Produtos Digitais, Radarsat International, 2003) ....... 128
VIII. Satélites da Nova Geração para o Estudo dos Recursos Terrestres ........................................... 129
8.1. Série QuickBird .................................................................................................................................. 132
Aplicações das imagens ........................................................................................................................ 133
Preço dos Produtos do QuickBird, na Digital Globe (2003) ......................................................... 134
8.2. Série IKONOS.................................................................................................................................... 134
Níveis de Processamento dos produtos ............................................................................................ 136
Preço dos Produtos IKONOS (2003) ................................................................................................ 136
8.3 Série EROS........................................................................................................................................... 137
Características técnicas ...................................................................................................................... 138
Tabela de Preços das Imagens EROS-A (SAC/CSIR, 2004)....................................................... 139
8.4 SPOT 5 .................................................................................................................................................. 139
Produtos do SPOT 5.............................................................................................................................. 142
8.5 Série OrbView ..................................................................................................................................... 144
Principais Aplicações das imagens do OrbView-3........................................................................... 145
Tabela de Preços da OrbImage (2003) ............................................................................................ 147
8.6 SPIN-2................................................................................................................................................... 147
Especificações Técnicas das câmaras do SPIN-2.......................................................................... 148
Características do SPIN-2.................................................................................................................. 148
8.7 FORMOSAT-2...................................................................................................................................... 149
A missão do FORMOSAT-2................................................................................................................. 149
8.8 RESOURCESAT-1 (IRS-P6) .............................................................................................................. 150
8.9 CARTOSAT (IRS-P5) ......................................................................................................................... 152
IX. Status dos Satélites correntes de Teledetecção e perspectivas futuras...................................... 154
9.1. Breve historial .......................................................................................................................................... 154
9.2. Análise dos sistemas correntes de sensores .................................................................................... 156
9.3. A tendência futura dos sistemas de sensores até 2010: Constelação de Satélites ................ 158
9.4. A tendência da tecnologia espacial depois de 2010......................................................................... 159
Referências Bibliográficas.................................................................................................................................. 161
Consultas na Internet .................................................................................................................................... 162

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 6


Glossário

Sigla Agências, Organizações e Instituições País ou Local


CAST Chinese Academy of Space Technology China
CENACARTA Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção Moçambique
CEOS Committee on Earth Observation Satellites Europa
CNES Centre National d’Etudes Spatiales França
CSIR Council for Scientific and Industrial Research África do Sul
DigitalGlobe Agência operadora dos satélites QuickBird USA
ESA European Space Agency Europa
EUMETSAT European Meteorological Satellites Organisation Europa
FAO Food and Agricultural Organization Nações Unidas
GDTA Groupment pour le Dévelopement de la Télédétection Aérospatiale França
IGN Institut Geographique National França
ImageSat Agência operadora dos satélites EROS USA
INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica Moçambique
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Brasil
ISRO Indian Spatial Research Organization Índia
NASA National Aeronautics and Space Administration USA
NASDA National Space Development Agency Japan
NESDIS National Environmental Satellite Data and Information Services USA
NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration USA
NSMC Centro Meteorológico Nacional de Satélites Chineses China
KARI Korea Aerospace Research Institute Korea
OrbImage Agência operadora dos satélites OrbView USA
SAC Satellite Applications Centre África do Sul
SpaceImaging Agência operadora dos satélites IKONOS USA
SPOT IMAGE Agência operadora dos satélites SPOT França
SRC Agêncial Espacial Russa Rússia
UNDP United Nations Development Program Nações Unidas
UEM Universidade Eduardo Mondlane Moçambique
USGS United States Geological Survey USA
USGS EDC USGS Eros Data Center USA

Sigla Desinação do Canal ou Banda


NIR Near Infra-Red
PAN Panchromatic
IR Infra-Red
UV Ultra-Violeta
VIS Visível
VNIR Very Near Infra-red
SWIR Short-Wave Infra-Red
TIR Thermal Infra-Red
XS Multispectral

Sigla Designação do Satélite Origem


ADEOS Advanced Earth Observing Satellite USA
Aqua Auq USA
CBERS China-Brasil Earth Resources Satellite Brasil e China
ENVISAT Environmental Satellite Europa
EROS Earth Resources Observation Satellite Israel

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 7


ERS European Remote Sensing Satellite Europa
ERTS Earth Resources Technology Satellite USA
IKONOS IKONOS USA
INSAT Indian Satellite Índia
IRS Indian Remore Sensing Satellite Índia
DMSP Defence Meteorological Satellite Program USA
FY Chinese Polarorbiting Meteorological Satellite China
GOES Geostationary Operational Environmental Satellite USA
GMS Geostationary Meteorological Satellite Japão
GOMS Geostationary Operational Meteorological Satellite Rússia
JERS Japanese Earth Resources Satellite Japão
KOMPSAT Korea Multi-Purpose Satellite Korea
LANDSAT Land Satellite USA
METEOR Meteorlogical Satellite Rússia
METEOSAT Meteorological Satellite Europa
NIMBUS NIMBUS USA
NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration USA
NPOESS National Polar Orbiting Environmental Satellite System USA
OKEAN Ocean Remote Sensing Satellite Russia
OrbView OrbView USA
QuickBIRD Quick Bi-spectral Infra-Red Detection USA
QuickSCAT Quick Scatterometer USA
RADARSAT RADAR Satellite Canadá
Resurs Earth Remote Sensing Satellite Russia
SeaSAT Sea Satellite USA
SeaStar SeaStar USA
SPOT Satellite Pour lÓbservation de la Terre França
Terra (EOS-AM1) Terra (Earth Observation SatelliteAM1) USA
TIROS Thermal and Infra-Red Observation Satellite USA

Sigla Desiganação do Sensor ou instrumento


AATSR Advanced Along Track Scanning Radiometer
AIRS Atmospheric Infrared Sounder
ALI Advanced Land Imager
AMSR( Advanced Microwave Scanning Radiometer
AMSU Advanced Microwave Sounding Unit
ASAR Advanced Synthetic Aperture Radar
ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
AVHRR Advanced Very High Resolution Radiometer
CERES Clouds and Earth's Radiant Energy System
DORIS Doppler Orbitography and Radiopositioning Integrated by Satellite
EOC Electro-Optical Camera
ERBE Earth Radiation Budget Experiment
ETM Enhanced Thematic Mapper
GOMOS Global Ozone Monitoring by Occultation of Stars
HRI High Resolution Imager
HRV Haute Résolution Visible
HRVIR Haute Résolution Visible et Infra Rouge
HSB Humidity Sounder for Brazil
LEISA Linear Etalon Imaging Spectrometer Array
LIDAR Light Detection and Ranging
MERIS Medium Resolution Imaging Spectrometer
MIPAS Michelson Interferometer for Passive Atmospheric Sounding

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 8


MISR Multi-angle Imaging Spectro-Radiometer
MODIS Moderate-resolution Imaging Spectroradiometer
MOPITT Measurements of Pollution in the Troposphere
MSS Multi Spectral Scanner
MSMR Multi-frequency Scaning Microwave Radiometer
MVISR Multichannel Visible and Infra-red Scan Radiometer
MWR Microwave Radiometer
OCM Ocean Color Monitor
OSMI Ocean Scanning Multi-Spectral Imager
TM Thematic Mapper
RA Radar Altimeter
RADAR Radio Detection and Ranging
RAR Real Aperture RADAR
RBV Radio Beam Videocon
SAR Synthetic Aperture Radar
SeaWIFS Sea-viewing Wide Field-of-view Sensor
SEM Space Environmental Monitor
SCIAMACHY Scanning Imaging Absorption SpectroMeter for Atmospheric Chartography
SPS Space Physics Sensor
VISSR Visible and Infra-Red Spin Scan Radiometer

Sigla Designação
APT Automatic Picture Transmition
CCD Charge Coupled Device
CD-ROM Compact Disc – Read Only Memory
CFC Clorofluorcarboneto
DAR Data Acquisition Request
DCS Data Collection System
DTM Digital Terrain Model
DVD Digital Versatil Disk
EOS Earth Observation Satellite
FTP File Transfer Protocol
GCP Ground Contro Point
GPS Global Positioning System
GTC Geocoded Terrain Corrected
HDTR High Density Tape Recorder
HRTP High Resolution Picture Transmition
HDF Hierarchical Data Format
MNT Modelo Numérico de Terreno
NDVI Normalised Difference Vegetation Indices
OBC On-Bord Calibration
SAD69 Datum utilizado pela cartografia brasileira
SD Solar Diffuser
SDSM Solar Diffuser Stability Monitor
SLC Scan Line Corrector
SRCA Spectroradiometric Calibration Assembly
UTM Universal Transverse Mercator (projecção cartográfica)
WEFAX Weather Facsimile

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 9


_____________________________________________________________________________

Breve historial sobre a Teledetecção em Moçambique

O recurso a imagens satélite para o estudo dos recursos terrestres, em Moçambique, teve início nos

finais da década de setenta, de uma forma isolada, em algumas instituições nacionais. Dados dos

satélites americanos da série Landsat eram usados por alguns organismos do Ministério da

Agricultura para a elaboração de cartas temáticas de uso da terra, pelo Instituto Nacional de

Geologia para produção de cartas geológicas e por outras instituições nacionais, para outros fins.

Porque os resultados da utilização dessas imagens eram encorajadores, mas não existia a devida

coordenação na sua aquisição e uso, um grupo de instituições tomou a iniciativa de se reunir e traçar

conjuntamente uma estratégia do desenvolvimento da teledetecção no país. O encontro decorreu de

7 a 9 de Junho de 1979, na Biblioteca da Direcção Nacional de Geografia e Cadastro, tendo como

participantes, os representantes das seguintes instituições:

• Comissão Nacional das Aldeias Comunais

• Direcção Nacional de Geografia e Cadastro

• Direcção Nacional de Planificação (Comissão Nacional do Plano)

• Direcção Nacional de Águas (Ministério das Obras Públicas e Habitação)

• Direcção Nacional de Habitação (Ministério das Obras Públicas e Habitação)

• Direcção Nacional de Estradas (Ministério das Obras Públicas e Habitação)

• Direcção Nacional de Florestas (Ministério da Agricultura)

• Direcção Nacional de Pecuária (Ministério da Agricultura)

• Instituto Nacional de Investigação Agronómica (Ministério da Agricultura)

• Instituto de Investigação Científica de Moçambique (Ministério da Educação e Cultura)

• Faculdade de Letras – Departamento de Geografia (Universidade Eduardo Mondlane)

• Faculdade de Agronomia (Universidade Eduardo Mondlane)

• Faculdade de Matemática (Universidade Eduardo Mondlane)

• Direcção Nacional de Geologia e Minas (Ministério da Indústria e Energia)

A este encontro, conhecido como Encontro de Teledetecção, assistiram como observadores o

Conselheiro da FAO (Roma) para a Teledetecção e um Consultor da UNDP-FAO no Projecto de

Planeamento do Uso da Terra e Água do INIA.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 10


Do encontro saíram, de entre outras, as seguintes conclusões e recomendações:

Necessidade da criação de uma estrutura que permita a comunicação efectiva entre as

instituições nacionais para a coordenação dos levantamentos territoriais;

Necessidade de centralização da informação adquirida via satélite, incluindo os resultados

dos estudos já efectuados, num único organismo de apoio aos utilizadores da Teledetecção;

Formação imediata de um Grupo de Trabalho Provisório, constituído pelos representantes de

cada instituição presente no encontro, para definir a melhor forma de articulação entre as

instituições e para elaborar uma proposta de implementação.

Nos anos subsequentes, recomendações do Encontro de Teledetecção foram implementadas.

Na década de oitenta, o trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Provisório e posteriormente


encaminhado ao Governo, resultou na criação do Grupo de Trabalho Interministerial de
Teledetecção, por recomendação da 3ª Sessão do Conselho de Ministros da República Popular de
Moçambique, em 24 de Fevereiro de 1987. O Grupo, constituído por representantes da Comissão
Nacional do Plano, da Secretaria de Estado das Pescas e dos Ministérios dos Recursos Minerais, da
Agricultura, dos Transportes e Comunicações, da Administração Estatal, da Construção e Águas, da
Defesa Nacional, era coordenado pelo Ministro dos Recursos Minerais, coadjuvado pelo Ministro da
Agricultura. Os trabalhos técnicos eram dirigidos pelo Director Nacional de Geografia e Cadastro,
coadjuvado pelo Director Nacional de Geologia.

A missão do Grupo era a de elaborar uma proposta de desenvolvimento equilibrado da Teledetecção

em Moçambique, tendo como base uma análise completa dos recursos e meios existentes e tomando

em consideração as necessidades e as perspectivas da aplicação dessa nova tecnologia no país.

Paralelamente à elaboração da proposta, o Grupo, apoiado por algumas missões de consultoria

solicitadas à França e à Itália, foi realizando algumas acções de informação científica e de

sensibilização junto dos utilizadores, em alguns organismos nacionais.

No âmbito da consultoria francesa, o Governo da França financiou um projecto-piloto para a

formação intensiva de técnicos nacionais, em teledetecção. Esta, teve lugar em França, onde

participaram cinco técnicos moçambicanos, de diversos organismos. A partir de então, começaram

também a se usadas em Moçambique dados do satélite francês SPOT, expandindo para outros

domínios de aplicação o uso geral de imagens satélite.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 11


Os resultados da consultoria francesa, mais consistentes com a política de desenvolvimento

pretendida pelo Grupo, foram apresentados na Comissão Mista Moçambique-França, realizada em

Dezembro de 1987. Nesta, foi recomendado o estabelecimento de relações de cooperação técnica

entre o Grupo e o Instituto Nacional Geográfico – IGN, da França.

A 7 de Junho de 1989, foi assinada uma Convenção Financeira entre os Governos de Moçambique e

da França, com vista a financiar o projecto da criação de um Centro de Teledetecção em

Moçambique, incluindo a aquisição do equipamento técnico necessário. Posteriormente, o Fundo de

Ajuda e Cooperação da França disponibilizou fundos suplementares para o pagamento da assistência

técnica, nomeadamente nas componentes de intervenção especializada e treinamento de pessoal

local. Mais tarde, a Missão de Cooperação Francesa disponibilizou outros fundos para a formação

especializada de técnicos nacionais em França.

O projecto culminou com a criação, pelo Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique,

do Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção – CENACARTA, através do Decreto n.º 38/90, de

28 de Dezembro.

Nos últimos anos, a tecnologia no domínio da Teledetecção tornou-se mais sofisticada com o

aparecimento de novos tipos de sensores. Novos satélites ambientais foram colocados em órbita e,

mais recentemente, apareceram os chamados satélites comerciais de muito alta resolução. Em

consequência, as aplicações da teledetecção aumentaram significativamente, não só em Moçambique,

como no mundo em geral, impulsionando o desenvolvimento de outras técnicas de mapeamento.

A Teledetecção possui, hoje, várias técnicas para o estudo e monitoramento das acções humanas que

influenciam negativamente na alteração dos ecossistemas terrestres e marinhos. A sua utilização

pode garantir um conhecimento sólido da dinâmica espácio-temporal destes. Por isso, a pesquisa da

exploração sustentável e equilibrada dos vários recursos naturais renováveis, existentes em

Moçambique, deveria recorrer ao uso cada vez mais crescente da Teledetecção, para permitir um

melhor balanço no seu custo/benefício.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 12


GENERALIDADES

Bases para o Conhecimento Teórico da Teledetecção

Limitemo-nos, neste capítulo, a algumas noções simples e essenciais. Na primeira parte, aos
princípios físicos gerais e na segunda, às bases inerentes ao objectivo da Teledetecção que são a
recolha e análise de informações e dados concernentes ao meio natural e humano.

O Modelo Físico da Teledetecção

A Teledetecção considera um modelo físico composto por:

• Fonte (de radiação),


• Objecto (de observação),
• Instrumento (de captação) e Vector,
• Meio (de transmissão),

Fig. 1 – Representação simples de um Modelo Físico da Teledetecção

A Fonte de Radiação

Trata-se da fonte de energia, mais concretamente, a radiação electromagnética que permite

transmitir a informação da terra aos captores ou sensores. A fonte pode ser o Sol, no seu espectro

visível (a luz solar é uma das variadas formas de energia electromagnética) ou no espectro não

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 13


visível, geralmente o infravermelho-próximo ou médio. Também pode ser a própria Terra no espectro

infravermelho-térmico ou em forma de microondas. Por último, pode ser uma fonte artificial que

emite a radiação (caso dos radares).

O Objecto da Teledetecção

O objecto mais comum da Teledetecção é a superfície da terra. Nesta abordagem não está incluída a

atmosfera nem a superfície de outros astros que, a pesar de serem um dos objectos não fazem

parte, como tal, do âmbito da nossa abordagem.

Para o nosso caso particular, consideramos três grandes grupos de objectos na superfície terrestre:

Grupo Vegetal - a vegetação reflecte-se fortemente no infravermelho, particularmente no

infravermelho-próximo. Por isso, numa imagem satélite em composição falsa-cor, a vegetação

aparece avermelhada.

Grupo Mineral - engloba os diversos tipos de solos e reflecte-se de uma forma média em

todos os canais, consoante a sua natureza. Na composição falsa-cor aparece esbranquiçada,

amarelada, esverdeada ou azulada.

Grupo das Águas - reflecte-se fracamente em todos os canais. Na composição falsa-cor

aparece em azul de várias tonalidades, consoante as suas características.

Os Instrumentos de Captação

São instrumentos que detectam e registam a radiação electromagnética. São, geralmente, captores

ou sensores sensíveis a diferentes comprimentos de ondas que recolhem a energia proveniente da

"cena" visada e consoante a sua grandeza, emitem um sinal eléctrico correspondente e mensurável.

O Vector é o veículo espacial empregue para transportar os sensores. No nosso caso é o satélite.

O Meio de Transmissão

O meio de transmissão é a atmosfera. O ideal seria ter uma atmosfera que não interferisse na

radiação electromagnética desde a fonte até aos sensores. Porém, o que acontece na realidade é

bem diferente. Dependendo do comprimento de onda, hora e local, a influência atmosférica faz-se

sentir de diversas maneiras, constituindo uma séria limitação à resolução radiométrica e temporal.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 14


A INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Conhecendo as principais fontes de energia electromagnética, a sua propagação na atmosfera e a sua

interacção com outros factores atmosféricos, pode-se utilizar a sua combinação para analisar os

"sinais" de energia dos quais pretendemos tirar informação. Vejamos como é que esses sinais são

detectados, registados e analisados.

A detecção de energia electromagnética pode ser feita tanto fotograficamente como

electronicamente. 0 processo fotográfico emprega reacções químicas na superfície de um filme

sensível à luz, para detectar as variações de energia na "cena". A vantagem deste processo é a sua

simplicidade e economia financeira, para além de proporcionar um alto grau de detalhes espaciais e

uma grande integridade geométrica.

Os sensores electrónicos empregam um princípio diferente: geram um sinal eléctrico correspondente

às variações de energia na "cena" original que é registado numa fita magnética. Os sinais são, depois,

convertidos em imagem nos computadores, para análise e interpretação.

Por isso, quando em teledetecção falamos de imagem, estamos a restringir o sentido mais lato deste

termo para significar somente uma representação adquirida por métodos não fotográficos. Assim

não se confunde com a fotografia aérea.

Bases para o Conhecimento do Meio Natural e Humano

Esta parte é uma pequena introdução às aplicações gerais da Teledetecção. Como tal, não pretende

dar respostas específicas a questões particulares concernentes a um determinado domínio. Para

tratar de um problema meramente agrícola há que ter conhecimentos de agronomia e para se fazer

uma carta geológica, há que ter conhecimentos de geologia. Porém, o técnico de teledetecção deve

ter a suficiente habilidade de inter-agir entre os diversos temas, consultando e aprendendo dos

técnicos de cada uma delas o necessário para poder extrair, através da interpretação visual ou da

análise digital, dados mais ou menos precisos sobre o tema pretendido para fornecê-los ao utilizador.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 15


DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO

A teledetecção aplica-se a todas as disciplinas que tratam da repercussão ou análise espacial dos

fenómenos naturais, seja para determinar o seu estado num determinado momento, seja para seguir

uma evolução mais ou menos rápida. Vejamos, pois, algumas das disciplinas:

Disciplinas que estudam o meio natural

Numa imagem saté1ite podemos observar todos ou parte de elementos concernentes a:

A Atmosfera e sua nebulosidade - estas informações interessam, particularmente, aos


meteorologistas e aos especialistas que se relacionam com os micro-climas e suas influências

na fauna, flora ou nas espécies humanas.

A Biosfera - agrupa o mundo vivo vegetal e animal. Nas imagens satélite, a vegetação
ressalta, geralmente, à nossa vista, seja ela das zonas cultivadas, das florestas ou vegetação

espontânea, ao longo dos cursos das águas.

A Litosfera e Hidrosfera - a primeira, diz respeito ao mundo mineral estudado pelos


geólogos e inclui a geomorfologia. Apesar de não ser directamente perceptível nas imagens

satélite por estar encoberta pela vegetação (salvo nos desertos), a informação concernente

à litosfera é, quase sempre, acessíveis através dos efeitos induzidos na vegetação e no

relevo. A segunda refere-se, essencialmente, aos oceanos e mares, objecto da Oceanografia.

A Pedologia – ciência que estuda a interacção entre a litosfera e a biosfera, é nos nossos
dias uma das mais importantes no domínio da teledetecção.

Disciplinas que estudam o meio humano

Trata-se, essencialmente, do estudo pelo homem da maneira como se desenvolve a disposição e a

modificação do meio natural. Consoante a escala e às especificações particulares, o estudo da

disposição territorial pode-se concentrar no Urbanismo e na expansão das cidades. Trabalhando num
outro espírito, mas não em objectivo diferente, temos a Protecção do Meio-ambiente ou da Ecologia,

procurando integrar todos ou parte dos aspectos precedentes e inseridos no meio natural. Dos

aspectos históricos, podem-se extrair informações concernentes a Arqueologia.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 16


Fora destes, podemos tomar em conta dois outros domínios:

O das Aplicações Militares, que não será tratado aqui.

O estudo das Catástrofes Naturais ou causadas pelo homem, que pelo seu impacto

necessitam de uma intervenção rápida e eficaz (queimadas e incêndios nas florestas,

naufrágios ou encalhamentos de petroleiros, barcos de carga ou de passageiros, actividades

vulcânicas e pragas de gafanhotos que devastam, grandes quantidades de culturas...).

Situada na confluência das ciências ditas exactas e das ditas naturais ou humanas, a Teledetecção

deve ter um raciocínio derivado destes dois ramos. Para obter dela os melhores resultados, é

recomenável separar dois passos importantes no seu uso:

A modelização - busca e observância das leis a que obedecem certos fenómenos e que podem
ser assimiladas por um computador para a análise dos dados captados. Trata-se aqui de um

passo totalmente determinístico.

A verdade do terreno – fazer observações no terreno, que podem ser pontuais na área do
estudo, em confrontação com os documentos da Teledetecção.

Os critérios de reconhecimento de elementos procurados nos documentos de Teledetecção podem

ser separados de duas maneiras:

• pela maneira como eles são identificados nas imagens;

• pela ligação que existe entre a definição intrínseca de um elemento e os critérios que vão

permitir o seu reconhecimento na imagem.

É fundamental tomar-se em conta os passos acima descritos, com rigor, mas sem "matematizar" o

meio natural ou humano. Não nos devemos esquecer de que a teledetecção é uma técnica ao serviço

de outras ciências.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 17


I. Classificação dos satélites

Um satélite é qualquer objecto que gira em torno de outro de maiores dimensões, seja ele natural ou

artificial. Por exemplo, a lua é um satélite natural da terra e esta possui vários satélites artificiais.

O primeiro satélite artificial (Sputnik I) foi lançado no

espaço pelos soviéticos em 4 de Outubro de 1957, para

fins meramente experimentais. O evento ímpar, tornou-

se o início da era do espaço, demonstrando a maturidade

Fig. 1: Sputnik I dos conceitos científicos e técnicos existentes na altura.

Em Fevereiro de 1958, os americanos colocaram em

órbita o seu primeiro satélite, o Explorer 1.

Fig. 2: Explorer I

Hoje, gravitam em redor da terra milhares de engenhos, muitos dos quais são satélites de trabalho.

O acelerado desenvolvimento tecnológico no ramo espacial, ao longo dos últimos anos, tem sido

acompanhada de uma consequente evolução na classificação dos satélites. Actualmente, os satélites

podem ser agrupados de diversas maneiras, consoante a sua finalidade (aquém dos fins científicos e

de espionagem). Aqui, agrupamo-los em:

Satélites Meteorológicos – para o estudo da atmosfera e previsão do tempo;

Satélites de Comunicação – que estabelecem ligações telefónicas, transmissões televisivas


ou emitem sinais para os sistemas de posicionamento global (GPS);

Satélites Ambientais – para o estudo das condições e mudanças ambientais;

Satélites de Observação dos Recursos Terrestres – para o estudo e investigação da

superfície terrestre. Estes últimos são, também, designados por Satélites de Teledetecção.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 18


II. Órbitas dos Satélites

De acordo com a sua missão, os satélites são posicionados em duas órbitas fundamentais:

• Órbita geoestacionária ou geosíncrona, na qual a velocidade de translação do satélite é


igual à da rotação da Terra;

• Órbita polar ou heliosíncrona, na qual o plano de translação do satélite é fixo em relação ao


Sol, compensando deste modo o movimento de translação da Terra, independentemente da

sua rotação.

Fig. 3: Satélites meteorológicos correntes e suas órbitas

Para além das duas órbitas fundamentais referidas anteriormente, existem outras órbitas de

serviço, tais como:

• Órbita hiperbólica ou aberta, que se utiliza no lançamento do satélite e que o permite


escapar do solo mediante uma velocidade inicial;

• Órbita excêntrica, que se utiliza uma órbita de transferência, para passar para a órbita
geoestacionária ou para a heliosíncrona.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 19


2.1. Os Satélites Geoestacionários

Os satélites geoestacionários ficam permanentemente sobre a linha do Equador e estão

sincronizados com o movimento de rotação da Terra, gravitando a uma velocidade de 15º de

longitude por hora. Como possuem o mesmo sentido de rotação que o da Terra e a excentricidade da

sua órbita é nula, estes satélites parecem estar parados e a observar o mesmo ponto da superfície

terrestre, a uma altitude de cerca de 36.000 Km.

São exemplos deste tipo os satélites de comunicação, alguns satélites meteorológicos e alguns

satélites ambientais.

Fig. 4: Funcionamento de um satélite geoestacionário

Na órbita geoestacionária o satélite pode observar uma região circular com um raio aproximado de

até 70° de latitude. Entretanto, devido às deformações relacionadas à curvatura da superfície

terrestre, a área de observação é limitada. Habitualmente, na prática das análises numéricas, os

dados dos satélites geoestacionários se restringem àqueles de uma área limitada por um círculo com

raio de até 55° de latitude, com o centro no ponto subsatélite e, com raio de até 65° de latitude, nas

analises qualitativas (não-numérica).

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 20


Na realidade, o satélite geoestacionário não é 'estacionário' em relação à Terra no sentido estrito,
porque praticamente não fica por um longo tempo em um único ponto. Move-se variando a posição em
relação à Terra e com movimentos vinculados a diferentes factores. Além disso, visto que o campo
gravitacional terrestre não é homogéneo, o satélite fica sujeito ao gradiente da força da gravitação
ao longo da trajectória orbital, por isso se move no sentido do ponto em que a força da gravitação
tem valor máximo em sua órbita. O deslocamento do satélite, devido ao efeito gravitacional, é de
aproximadamente 1° de longitude por mês. Na prática, para compensar esse efeito, a estação de
comando e de controle do satélite faz a correcção orbital sistematicamente. Além desse efeito, o
outro se deve à radiação solar que exerce uma pressão sobre o satélite. O resultado dessa pressão é
um desvio da posição orbital do satélite em relação ao plano equatorial da Terra. A pressão da
radiação solar induz um giro na órbita do satélite em 0,8° por ano (em relação ao plano equatorial).
Para compensar esse efeito, é feita uma correcção da órbita, 3 a 4 vezes por ano.

Pelas razões descritas, é muito importante controlar a posição e a altitude dos satélites. Para esse

propósito são aplicados dois métodos básicos de controle:

a. Método da "triangulação" - o centro de controle e comando envia um sinal de comando (sinal de


controle) para o satélite. Ao receber o sinal, o satélite imediatamente responde através de seu
retransmissor para outras estações de controle que ficam em lados opostos em relação ao da linha
do equador. Usando as diferenças de tempos entre o instante do sinal enviado e o instante de
recepção do sinal retransmitido pelo satélite para os três pontos de controle, calcula-se a posição do
satélite e a altura de sua órbita através da técnica de triangulação.

b. Outros métodos - procede-se o monitoramento de diferentes pontos de referência fixos e


localizados em regiões especiais na superfície da Terra. Quando o satélite geoestacionário muda a
posição em relação à Terra, devido a agentes e forças externas, os pontos de referência e
orientação também mudam suas posições na imagem (proporcionada pelo satélite) da Terra. Assim,
com uma sequência de imagens pode-se estimar o movimento do satélite.

2.2. Satélites Polares

Os satélites polares estão sincronizados com o Sol, cruzando os pólos Norte e Sul, a uma altitude de

200 a 1000 Km, mais baixa que a dos satélites geoestacionários. Enquanto descrevem a sua órbita, a

Terra executa o movimento de rotação e os satélites permanecem num plano constante em relação

ao Sol. Daqui se designarem, também, de heliosíncronos. Deste modo, todas as regiões da superfície

terrestre acabam por passar sob o seu campo de visão.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 21


Em cada órbita completa, a Terra faz uma rotação de aproximadamente 30º de longitude, sendo

necessárias várias órbitas para cobri-la completamente. Num intervalo de tempo determinado, os

satélites polares voltam a cobrir a zona de partida.

Fig. 5: a) Principais órbitas dos satélites b) Cobertura do satélite em órbita polar

São exemplos neste tipo de órbita todos os os satélites de Teledetecção, vários satélites

ambientais e alguns satélites meteorológicos.

Uma variante do satélite polar é o de órbita inclinada ou oblíqua. Este, faz a cobertura da Terra de

uma forma assimétrica, com uma inclinação variável em relação aos satélite polar normal.

III. Sistemas de Sensores

Os sistemas de sensores são instrumentos a bordo dos satélites e sua função é captar e registrar a
energia electromagnética proveniente dos objectos na superfície terrestre. Sem eles, não seria
possível aos satélites captar imagens, o que literalmente lhes equivaleria a um estado de “cegueira”.

Da mesma forma como nós ‘captamos’ as cores dos objectos através dos nossos olhos (sensores
naturais), os sensores a bordo dos satélites captam a energia electromagnética que é reflectida ou
emitida pelos objectos da superfície terrestre.

Os sensores podem ser classificados de várias formas, porém existe uma diferença básica que

permite caracterizá-los em apenas duas classes: ACTIVOS E PASSIVOS.

Este tipo de classificação refere-se à capacidade do sensor emitir ou não a energia que irá interagir

com os objectos. Se não emite, é passivo e se emite, é activo.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 22


Fig. 6: Satélite activo (à esquerda) e satélite passivo (à direita)

3.1. Sistema Passivo

O Sistema passivo emprega espelhos, lentes ou foto-díodos como detectores e opera, geralmente,
no espectro visível e infravermelho. Nesta categoria estão, a câmara fotográfica, a câmara
televisiva, sistema de sensores de varredura mecânica, sistema de sensores de varredura
electrónica e o radiómetro de microondas. Este último é um sensor passivo na banda das microondas,
para medir a radiação térmica da superfície terrestre.

A maioria dos satélites de teledetecção usa o sistema passivos, isto é, o sensor capta a energia
originada de uma fonte externa ao seu sistema. A principal fonte de energia disponível para os
sensores passivos (à excepção do radiómetro de microondas) é a radiação do Sol que se propaga em
forma de ondas electromagnéticas, à velocidade de 300.000 Km por segundo. Essa radiação, após
incidir sobre a superfície do planeta, é reflectida de volta para o espaço e, depois de haver
interagido com a atmosfera durante o seu percurso, é finalmente captada pelos sensores.

Fig. 7: A interacção da radiação com um sistema passivo

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 23


Câmara fotográfica

Sensores fotográficos são dispositivos aerotransportados em aviões e naves espaciais que, através
de um sistema óptico (lentes) registam a energia reflectida pelos objectos da superfície da terra
numa película fotosensível, geralmente um filme fotográfico. O sistema de câmaras fotográficas
utilizadas no espaço emprega uma tecnologia fotogramétrica de precisão, originalmente desenvolvida
para as missões de fotografia aérea. Aqui, iremos abordar somente os que são colocados à bordo dos
satélites e que permitem cobrir uma maior área espacial.

Existem vários tipos de sistemas de câmaras fotográficas:

• Câmaras Hasselblad - as primeiras câmaras deste grupo, utilizadas para a fotografia multibanda
da superfície terrestre a partir do espaço, foram transportadas pelos satélites americanos da série
Apollo (década de sessenta) e, posteriormente, pelo Skylab (1973). Operavam em comprimentos de
onda de 0,4 a 0,9 µm.

Fig. 8 – Câmara Hasselblad de 70 mm para imagens fotográficas multibanda.

Fonte: Thomas M Lillesand, (1987)

• Câmaras métricas - À bordo de naves espaciais à altitude de cerca de 250 km, as câmaras
métricas provaram produzir fotografias infravermelhas e pancromáticas de boa qualidade, com boa
resolução espacial e grande cobertura (190 x 190 Km).

Alguns satélites soviéticos da série Soyuz empregam, até hoje, este tipo de câmaras. Por exemplo, o
Soyuz 22 utilizou a câmara métrica Zeiss Jena MKF-6 (na altura fabricada na RDA), com seis
lentes, para operações multiespectrais sobre a superfície da terra.

As naves espaciais da ESA (European Space Agency) também levaram a bordo câmaras métricas do
tipo Zeiss RMK A30/23 (de fabrico alemão), na década de oitenta.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 24


Fig. 9 – Câmara métrica Zeiss RMK-A-15/23.

Fonte: Thomas M. Lillesand (1987)

A NASA colocou a bordo de algumas naves espaciais Câmaras Métricas de Largo Formato (LFC),
em 1984. A fotografia produzida chegava a atingir 5 m de resolução espacial, em áreas com alto grau
de contraste.

• Câmaras panorâmicas – Também utilizadas nas missões dos satélites Apollo, este tipo de
câmaras continua a embarcar em alguns satélites actuais.

Fig. 10 – Princípio de funcionamento de uma câmara panorâmica.


Fonte: Thomas M. Lillesand (1987)

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 25


O seu princípio de funcionamento difere do das câmaras métricas: enquanto o satélite se desloca, os
objectos da superfície terrestre vão sendo cobertos através da rotação de lentes ou prismas que
compõem o seu sistema (fig. 10).

Com as câmaras panorâmicas a área visada é ‘varrida’ lateralmente, isto é, transversalmente à


direcção do movimento do satélite. O filme vai sendo exposto numa superfície curva localizada na
distância focal do sistema de lentes e a cobertura angular estende-se dentro do horizonte de ‘visão’
do satélite. O filme vai-se movendo em consonância com a rotação das lentes e, após uma varredura
completa, é rodado para a próxima exposição. Assim, o sensor pode cobrir e registar áreas muito
maiores em relação às câmaras métricas, com uma boa resolução espacial.

O inconveniente nestas câmaras é a distorção causada pela ‘visão’ panorâmica: ambas as


extremidades da imagem obtida ficam comprimidas em resultado da variação de escala que o
formato cilíndrico do plano focal provoca, aliada à natureza da varredura.

Câmara televisiva

Contrariamente às fotográficas, as câmaras televisivas não registam os dados em filmes. Possuem


dispositivos electrónicos que geram um sinal televisivo que é registado em fitas magnéticas. O
primeiro satélite meteorológico da série TIROS (americano), lançado em 1960, levava a bordo uma
câmara televisiva como captor primário. Os satélites meteorológicos mais recentes continuam a
utilizar este tipo equipamento. Além destes, alguns Satélites de Teledetecção, como por exemplo, os
primeiros satélites da série LANDSAT, empregam este tipo de captor.

Fig. 11 – Princípio de funcionamento de uma câmara televisiva.


Fonte: Adaptado de Swain e Davis (1978)

Como princípio de funcionamento, câmara televisiva é constituída por um tubo fotosensível dotado
de um sistema de varredura por feixe de electrões. Este conjunto é colocado imediatamente atrás
de um sistema óptico formado por lentes. A imagem, formada no plano do sistema óptico, é varrida
pelo feixe de electrões e transformada num conjunto de sinais eléctricos que contêm as

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 26


informações sobre a localização dos pontos e sua respectiva radiância. Porque isso se processa de
uma forma instantânea, a imagem produzida é menos sujeita às oscilações da plataforma do satélite.
Contudo, sofre de problemas de fidelidade radiométrica, pelo que, a sua utilização nos Satélites de
Teledetecção não é muito eficaz.

A câmara televisiva empregue na primeira série do LANSAT é do tipo RBV (Return Beam Vidicon).
Tal como a câmara fotográfica, o RBV é um sensor que permite observar a imagem captada como um
todo de uma forma instantânea. O RBV a bordo do Landsat 1 e 2 consistia em três câmaras
independentes em operação simultânea, captando a mesma superfície, mas, em três faixas
diferentes do espectro electromagnético. A área coberta era de 185 Km.

Fig. 12 – O funcionamento do sistema televisivo do Landsat 1 e 2.


Fonte: Adaptado da NASA (1976)

No Landsat 3, embarcou um RBV com duas câmaras somente, operando na mesma faixa espectral.

Fig. 13 – O funcionamento do sistema televisivo do Landsat 3.


Fonte: Freden and Gordon Jr. (1983)

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Para melhorar a sua resolução, o sistema óptico e electrónico deste RBV sofreu melhoramentos em
relação ao seu predecessor, permitindo a aquisição de imagens com uma resolução de 25 Km.

Radiómetro de varredura mecânica

Contrariamente aos anteriores, os detectores empregues neste tipo de sistema de sensores não são
limitados ao visível e infravermelho próximo. Estendem as suas medições ao infravermelho térmico,
possibilitando a acção entre 0,4 e 14 µm do espectro electromagnético.

Fig. 14 – Esquema geral de funcionamento de um radiómetro de varredura mecânica.


Fonte: Adaptado da SatellitBild, Kiruna (1990)

Os radiómetros de varredura mecânica consistem, geralmente, em:

• Um conjunta de detectores, calibrados para vários comprimentos de onda;


• Um dispositivo de varrimento que pode ser um espelho móvel (quando se necessita de grande
ângulo de abertura nas naves espaciais) ou um espelho oscilante (quando se trata de satélite e
sem necessidade de grande ângulo de abertura);
• Um dispositivo óptico (espelho fixo, lente, prisma ou filtro) para focalizar nos detectores a
radiação captada, ao mesmo tempo que a separa em diversas faixas espectrais;
• Um circuito electrónico, que amplifica o sinal convertido e assegura o seu registo a bordo ou a sua
transmissão à terra.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 28


O princípio de funcionamento do radiómetro de varredura mecânica está esquematizado na fig. 14:
O espelho móvel ou oscilante realiza uma série de medições sobre uma linha de varredura no solo,
perpendicular à direcção da órbita do satélite ou nave espacial. A radiação proveniente de cada linha
percorrida produz um sinal eléctrico nos detectores, proporcional à sua quantidade. Este sinal é
registado após a sua ampliação e conversão em forma digital. Com o avanço do satélite, os sinais são
colhidos regularmente, construindo, assim, uma imagem bidimensional, linha por linha.

Cada linha é composta por pequenas parcelas instantâneas da zona sobre a qual se realiza a medição
e cujo tamanho depende do sistema óptico e do captor utilizado. Cada parcela colhida durante a
observação instantânea é conhecida por IFOV (Instantaneous Field of View). Na prática, a área
efectiva do IFOV constitui o pixel, que é o elemento mais pequeno que se pode ver na imagem e que
determina a resolução espacial desta.

Radómetro de varredura electrónica

O radiómetro de varredura mecânica possui um inconveniente: o sistema de espelhos é comandado


por um motor, podendo resultar daí anomalias, tanto de variação da velocidade como de falhas
mecânicas. Para evitar isso, o sistema de espelhos é substituído, no radiómetro de varredura
electrónica, por outro mais consistente e fixo, o MLA (Multilinear Array).

Fig. 15 – Esquema de funcionamento de um radiómetro de varredura electrónica.


Fonte: Adaptado

O MLA consiste em um conjunto de detectores em linha sobre uma barra fixa. Assim, são capazes de
captar na linha de varrimento, simultaneamente, cada um o seu respectivo pixel proveniente de
determinados ângulos, na direcção da órbita do satélite. Cada sensor contém um grande número de
pequenos detectores de tamanho micro, designados por CCD (Charge Coupled Devices).

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 29


Os satélites franceses da série SPOT estão equipados com pares de sensores deste tipo (HRV, HRG
e HRS), que podem operar de maneira independente, para a cobertura estereoscópica no modo
multiespectral e pancromático).

Princípio de funcionamento: o MLA fica localizado no plano focal do sistema óptico dos sensores.
Duma só vez, os detectores captam a radiação de uma linha inteira na superfície do terreno em
observação. À medida que o satélite se move ao longo da sua órbita obtêm-se, sucessivamente,
várias linhas de varredura sobre a superfície observada.

Esta técnica de varredura designa-se por “push-broom” (fig.15 ) e, consequentemente, o MLA é


designado por sistema de varredura “push-broom” (do inglês “push” que significa empurrar e
“broom” que é vassoura). A designação provém da analogia com a disposição linear do MLA e a sua
maneira de captar a radiação que é comparada com uma vassoura que vai sendo empurrada ao longo
da órbita do satélite, “varrendo” a radiação que encontra no seu trajecto. Por não possuir nenhuma
parte móvel, este sistema de varredura torna-se mais seguro e mais leve que o de varredura
mecânica, que emprega espelho móvel ou oscilante.

Outras vantagens:

• Tamanho pequeno (o módulo MLA tem cerca de 80 mm de comprimento);


• Maior durabilidade e menor gasto de energia;
• Alta fidelidade geométrica e alta resolução espacial;
• Grande precisão radiométrica e baixa razão sinal/ruído;
• Baixo custo.

Como qualquer sistema este, de varredura electrónica, possui alguns inconvenientes:

• Não detecta ondas com comprimento superior a 1,05 µm;


• Cada detector tem de ser calibrado individualmente para permitir uma resposta
uniforme na imagem.

Para além dos satélites da série SPOT, empregam esta tecnologia, também, os satélites indianos da
série IRS, o satélite japonês MOS1, os satélites alemães MOMS e MEOSS e muitos dos satélites de
alta resolução.

Os satélites da última geração, os chamados de muito alta resolução, também, utilizam sensores com
detectores CCD, muito aperfeiçoados e cuja imagem é codificada em mais do que 8 bits (256 níveis
de cinzento). Nos satélites EROS A, IKONOS, QuickBird, por exemplo, a imagem é codificada em 11
bits (2.048 níveis de cinzento), aumentando o seu poder de contraste e de discriminação dos
objectos, mesmo nas zonas com sombra.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 30


Radiómetro de microondas

Este tipo de sistema de sensor foi inicialmente utilizado nos satélites meteorológicos. O radiómetro
de microondas é um sensor passivo. Contrariamente ao que o nome pode sugerir, de acordo com o
comprimento de onda, as microondas (também conhecidas por ondas de rádio) não têm nada de
“micro”. Até fazem parte das ondas longas, que são das mais compridas que existem.

As microondas são caracterizadas da seguinte maneira:

• Por terem um comprimento de onda longo, não são afectadas pelas condições atmosféricas,
podendo penetrar as nuvens, a chuva miúda, a neve, o nevoeiro e o fumo, para “observar” a
superfície terrestre.
• Com as microondas, a emissão ou reflexão da radiação dos objectos não sofre nenhuma relação
directa com o seu aspecto (por ex., superfícies que aparecem rugosas no visível podem aparecer
lisas nas microondas).

O radiómetro de microondas é um sistema com uma arquitectura idêntica a do radar, que veremos a
seguir. A diferença fundamental entre os dois reside no facto de que o radiómetro de microondas só
mede a radiação emitida pela superfície da terra que, embora fraca no espectro das microondas,
pode ser detectada. Os sinais passivos das microondas provenientes da terra possuem várias
componentes (fig. 16):

• Componente emitida pelo objecto e pela própria superfície da terra (emissão térmica);
• Componente emitida pela atmosfera;
• Componente reflectida pelo objecto e pela superfície da terra (re-emissão da radiação solar);
• Componente transmitida do subsolo.

Os radiómetros de microondas continuam a ser bastante utilizados na meteorologia oceanografia.

Fig. 16 – Componentes de um sinal passivo das microondas.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 31


3.2. Sistema Activo

O Sistema activo utiliza uma antena para difundir (emitir) e receber de volta a radiação, no
espectro da microondas. Deste sistema faz parte o escatolómetro (scatter significa difundir) e, em
particular, o Radar (Radio detection and ranging) e o Lidar (Light detection and ranging).

O princípio de funcionamento do sistema de sensores radar é idêntico ao ‘radar’ natural de um


morcego. Lembremo-nos que o morcego possui um ‘sonar’ que lhe permite captar o eco dos sons que
emite, para poder localizar os objectos.

O RADAR é, também, designado por radiómetro activo de microondas porque emite microondas
entre a faixa de 1 cm e 1 m do espectro. É um sistema de sensor activo que é utilizado para medir a
sua própria radiação, quando reflectida. Esta, após a interacção com os objectos na superfície
terrestre, distingue-se principalmente pelo tempo de retorno e pela intensidade do sinal.

O tempo de retorno, mais usado nos radares convencionais, está relacionado com a distância entre o
objecto e a fonte (antena) emissora e é usado para o cálculo da distância e azimute, como na
determinação e posicionamento de aeronaves nos aeroportos e espaços aéreos determinados. A
intensidade de sinal é mais explorada na Teledetecção, onde está directamente associada aos níveis
de cinzento registados numa imagem os quais são, por sua vez, proporcionais à intensidade do sinal
recebido da antena.

Segundo indica o próprio nome, o RADAR foi desenvolvido para detectar a presença de objectos e
determinar a sua posição e velocidade. Por isso, os sistemas de radar podem ou não produzir imagens
como acabamos de ver. A emissão do sinal é assegurada por um oscilador electrónico ligada de uma
antena cuja função é dupla e recíproca: difundir os sinais e receber a respectiva reflexão em forma
de pulsos, em intervalos de tempo regulados por um sincronizador com uma potência padronizada por
um modulador. Os pulsos são depois transformados num sinal passível de ser amplificado num
receptor e, daí, direccionados a um detector que produz um sinal eléctrico passível de ser registado
em filme ou fita magnética.

A imagem resultante de um radar não pode, entretanto, ser processada nem interpretada com os
mesmos critérios usados nas imagens ópticas. Uma das maiores dificuldades no tratamento das
imagens radar é a atenuação do ruído conhecido por speckle, causado pela interacção da radiação na
faixa das microondas com os objectos na superfície terrestre. Outra dificuldade relaciona-se com a
correcção geométrica: o efeito de retorno antecipado do sinal de microondas de um objecto com
determinada altura, em relação à fonte emissora, provoca um efeito de deslocamento do relevo,
aparecendo o topo do objecto antes da base.

O termo escatolómetro (“scatter” significa difundir, em inglês) pode-se aplicar a todo o tipo de
radares utilizados em Teledetecção. Vejamos, a seguir, a evolução dos Radares:

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 32


SIR (Shuttle Imaging Radar)

Por diversos motivos, os radares antigos não eram usados em Teledetecção electromagnética. Uma
das razões era a sua fraca resolução espacial. Esta, entre outros factores, é determinada pelo
tamanho da antena - quanto maior for, melhor é a resolução obtida. Sendo assim, era muito difícil
colocar no espaço antenas rotativas de grande tamanho.

Para contornar este problema, conseguiu-se desenvolver um tipo de sistemas de radar aptos para a
Teledetecção, com uma antena fixa. Para as missões experimentais, os novos sistemas foram
primeiramente acoplados a naves espaciais (shuttle significa nave espacial, em inglês), passando a ter
o nome de SIR, que quer dizer ‘Radar de Imagens de Nave Espacial’.

SLAR (Side-looking Airborne Radar)

As experiências com os sistemas de radar não param no SIR. Por ser demasiado dispendioso lançar
naves espaciais só com essa finalidade experimental, os sistemas foram sendo aerotransportados
(airborne) por aviões. Manteve-se a sua configuração mas, para aumentar o raio de acção, foram
colocadas lateralmente (side-looking), por baixo do avião, com a antena fixa apontada para um
determinado ângulo em relação ao solo.

Fig. 17 a – Funcionamento de um SLAR.


Fonte: Adaptado de Ray Harris (1987)

Na década de cinquenta, este tipo de sistemas SLAR começou a ser utilizado para fins de
reconhecimento militar pois possuía a vantagem de pode captar alvos de qualquer zona e em
quaisquer condições atmosféricas, tanto de dia como de noite.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 33


O funcionamento do SLAR (fig. 17 a) é simples: a antena envia para a superfície da terra um feixe
de microondas e a seguir capta as ondas reflectidas pelos objectos. Os outros componentes do
sistema encarregam-se de processar e registar esses sinais.

Neste caso, a quantidade de energia reflectida da superfície da terra depende, fundamentalmente,


de dois factores:

• O ângulo de incidência da onda, no terreno ou no objecto e


• As propriedades físicas da superfície (rugosidade e constante dieléctrica, principalmente).

Ao longo da direcção do sinal a resolução azimutal depende, principalmente, do ângulo da abertura


(β) da antena e do seu raio de acção (D) sobre o terreno:

Ra = D.β (1.1)

Quanto maior for Ra, mais pobre é a resolução.

RADAR de satélite

Da equação 1.1 pode-se deduzir o tipo de problemas que podem advir ao pretender estender a
utilização do SLAR a grandes altitudes, em satélites, por exemplo. Para uma pequena demonstração
sobre este tipo de problemas, vamos mover um SLAR de uma altitude de 5 Km (altitude de um avião)
para 700 Km (altitude de um satélite), mantendo constante o ângulo de abertura da antena. Ra
aumenta drasticamente, resultando numa grave deterioração da resolução. Isto pode-se comprovar,
facilmente, se fizermos os cálculos com a equação anterior. Suponhamos que β = 1,8 miliradianos,
então:

- para 5 Km de altitude, Ra = (5. 103 m)x(1,8. 10-3) = 9 m

- para 700 Km, Ra = (700. 103 m)x(1,8. 10-3) = 1.260 m.

O ângulo de abertura (β) da antena é directamente proporcional ao comprimento de onda emitida (λ)
e inversamente proporcional ao comprimento físico da antena (L):

β =λ/L (1.2)

Observando atentamente esta equação, podemos facilmente encontrar a maneira de combater a


grande deterioração da resolução, com a subida de altitude. Uma delas é diminuir o comprimento de

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 34


onda (λ) e, outra, é aumentar o comprimento físico da antena (L). Com um simples cálculo, isso, pode
ser provado.

Na prática, a diminuição de λ tem limites senão corremos o risco de ter comprimentos de onda
inferiores às microondas, que são afectados pelas nuvens e pela chuva. O aumento do comprimento
da antena possui, igualmente, constrangimentos: não é praticável colocar uma antena muito larga,
com quilómetros de comprimento, no espaço! Resta-nos, pois, encontrar outra saída.

Para solucionar o problema, os Físicos descobriram que, para um dado comprimento de onda λ, o
ângulo de abertura β da antena pode ser controlado de duas maneiras:

Controlando o comprimento físico da antena;


Sintetizando um comprimento efectivo da antena.

Utilizando estes dois métodos, conseguiram minimizar o problema: para baixas altitudes (avião)
controlamos o comprimento físico e para altas altitudes (satélite) sintetizamos o comprimento
efectivo da antena.

Quando a abertura angular é controlada pelo primeiro método, o radar designa-se por radar de
abertura real - RAR (real aperture radar).

No segundo caso, a sintetização do comprimento efectivo é materializada através da modificação


das técnicas de difusão, registo e processamento dos sinais, de modo que as propriedades de uma
antena longa sejam transferidas para uma curta. Isto pode ser conseguido, por exemplo,
sintetizando uma abertura angular grande numa série de pequenas aberturas. Assim, radar de
abertura real é transformado em radar de abertura sintética - SAR (synthetic aperture radar) e
apto a operar no espaço, a bordo de naves espaciais ou satélites.

Fig. 17 b: Varrimento de um objecto com o SAR

O resultado desta transformação é deveras impressionante. Pode-se, por exemplo, obter uma antena

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 35


de 2 m na sintetização de 600 m de comprimento físico. Contudo, os detalhes da sintetização são, na
realidade, muito complexos. O princípio base, porém, é medir e registar tanto a amplitude como a
frequência dos sinais emitidos durante o período de tempo em que os mesmos estiverem sob
observação.

O Lidar é um SAR que mede a radiação através de um feixe de raios laser. Estes raios possuem um
comprimento de onda mais curto que os empregues no Radar, o que permite obter maiores detalhes
de observação. Contudo, não conseguem penetrar as nuvens.

O Lidar é mais utilizado na colheita de informação topográfica tal como a espessura do gelo e dos
icebergs nos oceanos e a altura do relevo no solo. Pretende-se, futuramente, utilizá-los para medir a
estrutura e a copa da vegetação, de modo a se poder estimar a biomassa e o desflorestamento.

Actualmente, são vários os satélites de Teledetecção que empregam sistemas de sensor radar,
entre eles, os da série europeia ERS, da série japonesa JERS, da série canadiana RADARSAT e
outros satélites para fins científicos.

Banda Frequência [GHz] λ [cm] Utilidade Observações


Ka 40,0 – 26,5 0,8 - 1,1 Comunicações
K 26,5 – 18,0 1,1 – 1,7 Comunicações
Ku 18,0 –12,5 1,7 – 2,4 Controle do espaço aéreo
X 12,5 – 8,0 2,4 – 3,8 Teledetecção e controle aéreo Okean, JERS
C 8,0 – 4,0 3,8 – 7,5 Teledetecção Radarsat, ERS
S 4,0 – 2,0 7,5 - 15 Teledetecção SeaSat, Envisat
L 2,0 – 1,0 15,0 – 30,0 Teledetecção e GPS Saocom 1A
P 1,0 – 0,3 30,0 – 100,0 Teledetecção

Tabela 1: A designação das bandas do RADAR e sua utilidade

3.3. Vantagens e desvantagens dos sistemas activo e passivo

Cada um dos sistemas mencionados possui vantagens e desvantagens. Em relação ao activo, o sistema

passivo possui maior fidelidade geométrica, melhor resolução espacial, melhor precisão radiométrica,

menor tamanho e menor custo de aquisição. Em contrapartida, necessita da radiação solar ou

terrestre para poder operar e o seu funcionamento poder ser afectado pelas condições

atmosféricas.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 36


A grande vantagem do sistema activo é o de não ser afectado pelas condições atmosféricas,

penetrando as nuvens ou nevoeiro. Para além disso, não precisa da luz solar para funcionar pois emite

a sua própria radiação em direcção aos objectos. Assim, pode funcionar em qualquer período (dia ou

noite). As suas imagens são, contudo, mais difíceis de serem processadas e interpretadas.

O esquema abaixo resume os principais tipois de sensores disponíveis.

3.4. Conceitos de Resolução

Os sistemas de sensores são caracterizados pela sua resolução. Impõe-se, pois, definir este termo:
a resolução de um sensor é a sua capacidade em registar informação, nas distintas curvas de
reflectância espectral. A resolução depende da capacidade que o sensor possui para distinguir as
variações da energia electromagnética, discriminar o detalhe espacial e espectral e, ainda, a
frequência da sua passagem sobre o mesmo objecto. Consoante estes diversos factores, a imagem
satélite pode-se caracterizar pelos seguintes tipos de resolução:

Resolução espacial – às vezes designada simplesmente por resolução, define o tamanho do pixel que
corresponde à unidade mínima de informação de uma imagem satélite. Esta, é constituída por pontos
elementares com um determinado valor abaixo do qual não é possível discernir os objectos. Este
ponto elementar designa-se por pixel. Geralmente, só se pode discriminar, na imagem, elementos de
tamanho igual ou superior à sua resolução espacial.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 37


Nos sensores ópticos, a resolução espacial de um detector é expressa em termos do seu campo
instantâneo de visão ou IFOV ("instantaneous field of view"). O IFOV (fig. 15) define a área do
terreno focalizada a uma dada altitude pelo sensor.

Na realidade, o IFOV é o cone angular de visibilidade do sensor e determina a área que na superfície
terrestre é "visada" de uma determinada altitude em um momento particular no tempo. O tamanho
da área "visada" é determinado multiplicando o IFOV pela distância que vai do alvo ao sensor.

Contudo, embora o IFOV seja determinante para a definição da resolução espacial de uma imagem,
nem sempre é igual à área representada por cada pixel. Por exemplo, os dados do sensor MSS do
Landsat possuem um tamanho de IFOV de 79 x 79 metros, dos quais 11,5 metros correspondem à
sobreposição em cada passo de varredura (scanning) do sensor. Assim, a área efectiva do pixel é de
56,5 x 79 metros. Daqui se pode deduzir que, por vezes, objectos inferiores à resolução espacial
podem ser diferenciados se estiverem bem contrastados com o ambiente que os cerca (estradas,
rede de drenagem, etc.). Por outro lado, pode-se afirmar que objectos do mesmo tamanho do pixel
(quiçá maiores) podem não ser diferenciados se houver em seu redor outros mais dominantes.

Para evitar a confusão que pode provir entre resolução espacial e o IFOV tem sido comum,
principalmente para os novos sensores de muito alta resolução, aparecer uma especificação técnica
mais específica para a caracterização daquilo que se quer reportar. Assim, em alguns sistemas de
sensores, os proprietários dos satélites preferem fornecer dados sobre a resolução geométrica ou o
intervalo de amostras do pixel.

Resolução Geométrica ou IGFov ("Instantaneous Geometric Field-of-view") de um detector é


determinada pela resolução do ângulo sólido do IFOV, em mrad (milirad), e pela altitude do sistema
do sensor e é expressa em metros na superfície terrena. Como exemplo, um IFOV de 1 mrad (1 mrad
= 0,057°) significa que o elemento de terreno abrangido pelo detector, numa altitude nadir de 1000
m, tem uma resolução geométrica de 1 m;

Intervalo de Amostras do Pixel ou GSD ("Ground Sampling Distance") é a distância entre os centros
de dois pixeis vizinhos projectados na superfície terrestre (representada em componentes x e y).
Pixeis vizinhos podem estar com alguma sobreposição ou com algum espaçamento entre eles. O
utilizador não se consegue aperceber disso porque esses factores só influenciam o contraste da
imagem. Para o utilizador o GSD não parece mais senão o tamanho do pixel. Por exemplo, o SPOT 5
gera em “supermode” imagens de GSD igual a 2.5 m mas os pixeis vizinhos possuem uma sobreposição
de 50%. O tamanho real do pixel na superfície da terra é de 5 m. De um modo geral, a resolução
espacial é maior que o GSD.

Nos sensores activos, a resolução depende essencialmente do tamanho da antena, seu raio de
abertura, do comprimento de onda e, também, da altitude em que se encontra a antena.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 38


Resolução espectral – cada objecto da superfície terrestre reflecte a energia incidente de uma
forma diferente. Objectos semelhantes como, por exemplo, tipos de vegetação, a diferença da sua
resposta pode não ser tão marcante a ponto de ser percebida em algumas imagens de satélite.
Alguns, embora suas curvas de reflectância espectral possam ser parecidas no espectro visível, no
infravermelho próximo podem ter diferenças assinaláveis. Portanto, a semelhança ou diferença
depende, em grande medida, da faixa espectral do sensor.

A resolução espectral é definida pelo número de bandas espectrais de um sistema de sensores e pela
amplitude do intervalo de comprimento de onda de cada banda. O sistema óptico (espelhos e lentes)
decide em que partes do espectro o sensor será capaz de receber a radiação refletida ou emitida
pela superfície terrestre e o tipo do detector é responsável pela sensibilidade e pelo intervalo
espectral de cada banda. A quantização ou codificação das medidas radiométricas torna-se possível
quando o sensor carrega dados de referência internos e calibrados.

Se um sistema de sensores possui detectores que operam em mais que uma faixa espectral, ele é
considerado multiespectral, podendo registar a radiação electromagnética dos objectos em várias
faixas espectrais. Um satélite pode ser mono-espectral se tiver uma só faixa espectral (caso dos
radares) e hiper-espectral se for capaz de obter informação simultânea em dezenas de canais.

Sensor Resolução espectral (µm) Resolução espacial


HRV- PAN Banda única: 0,51 - 0,73µm (Visível, excepto Azul) 10m
XS1: 0,50 – 0,59 µm (Verde)
HRV-XS XS2: 0,61 – 0,68 µm (Vermelho) 20m
XS 3: 0,79 – 0,89 µm (Infra Vermelho Próximo)

Resolução radiométrica - é a sensibilidade do sensor, isto é, a sua capacidade de detectar as


diversas variações de radiância espectral que recebe. Esta resolução é dada em função da
quantização ou codificação dos pixeis e determina o número de valores digitais representando níveis
de cinzento reconhecidos. Quanto maior o número de valores, maior é a resolução radiométrica.

O número de níveis de cinzento é comumente expresso em função do número de dígitos binários


(bits) necessários para armazenar, em forma digital, o valor do nível máximo. O valor em bits é
sempre uma potência de 2. Por exemplo, a quantificação ou codificação em 8 bits significa que a
imagem é registada em 256 níveis de cinzento (0 a 255). Portanto, 8 bits significam 28 = 256.

Resolução temporal - é a periodicidade com que o sensor capta a mesma porção de imagem na
superfície terrestre. Esta resolução depende das características orbitais da plataforma (altura,
velocidade e inclinação) e do próprio desenho do sensor (ângulo de observação e ângulo de
cobertura). O sistema de sensores a bordo do satélite NOAA, por exemplo, possui uma resolução
temporal de 9 dias, embora possa obter quatro vezes por dia dados sobre a mesma porção da terra,
porque a sua largura de faixa é muito grande; o sistema de sensores TM do Landsat, tem uma
resolução temporal de 16 dias e o HRV do SPOT, 26 dias.

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IV. Princípios Físicos da Teledetecção

4.1. Conceito e definição

Como o próprio nome indica, a Teledetecção é uma arte ou ciência de detectar à distância a radiação
electromagnética proveniente da Terra, quer seja reflectida, quer emitida por esta. A radiação que
a superfície da Terra reflecte está concentrada no espectro visível, enquanto que a emitida é,
principalmente, do tipo Infravermelho (IR).

A Teledetecção evoluiu significativamente nas últimas décadas. Hoje, o termo teledetecção utiliza-
se mais para descrever as actividades que determinados veículos espaciais e satélites realizam,
empregando diversos tipos de sensores, para obter imagens e outros dados à distância. A
comunidade científica, porém, estabelece alguns parâmetros no conceito desta tecnologia, sendo
mais comuns as seguintes definições de Teledetecção:

Ciência ou arte de adquirir e processar informação da superfície terrestre a partir de


sensores instalados em plataformas ou veículos espaciais, utilizando a interacção da energia
electromagnética entre o sensor e a Terra;

Obtenção de imagens ou informações acerca de um objecto empregando técnicas de medição


à distância, com a finalidade de utilizar os dados obtidos após o seu processamento;

Colecção de informações sobre um objecto sem estar em contacto físico com ele.

Adoptemos, como a mais completa, a seguinte definição:

Teledetecção é a ciência ou arte de obter informações sobre as características físicas e biológicas


de objectos, áreas ou fenómenos, através da análise de dados obtidos com medições feitas à
distância, sem contacto material com elas.

4.2. Radiação Electromagnética

4.2.1 – O espectro electromagnético

A camada mais externa do Sol é composta por grandes quantidades de hidrogénio (cerca de 71%) e
algumas quantidades de hélio (cerca de 26%). Esta camada designa-se por fotosfera e está a uma
temperatura média de cerca de 5.770ºK. Entretanto, no seu interior, esta estrela possui um núcleo
que com a pressão recebida do exterior aumenta a sua temperatura para cerca de 15.000.000 ºK.
Por causa desta alta temperatura, o núcleo do Sol provoca algumas reacções que transformam o
hidrogénio em hélio. Porque se trata de uma reacção que ocorre no núcleo do átomo de hidrogénio,
libertando energia, toma o nome de radiação.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 40


A radiação solar expele para o exterior grandes quantidades de hélio que percorrem grandes
distâncias mas, por causa da força de gravidade do Sol, tornam a voltar para a sua superfície. A
energia libertada, contudo, prossegue o seu caminho propagando-se através de um campo
electromagnético, em pequenos pulsos ou feixes discretos de fotons individuais, em linha recta e
movimento ondulatório.

De um modo geral, uma onda necessita de um meio material para se propagar, excepto a onda
electromagnética que se propaga no vácuo.

Fig. 18 – Onda electromagnética.


Fonte: http://perso.club-internet.fr/tpouchin

A onda electromagnética é constituída por dois vectores perpendiculares e inseparáveis que se


deslocam no espaço numa amplitude periodicamente variável em função do tempo e de uma forma
sinusoidal. Os referidos vectores são o campo eléctrico E e o campo magnético B (fig. 18).

A onda electromagnética é caracterizada por uma velocidade de propagação (v) e um comprimento


de onda (λ). No vácuo, a velocidade de propagação é de 3x108 m/s (velocidade da luz). O
comprimento de onda é a distância mínima entre dois pontos em que E e B possuem o mesmo valor.

A partir destas duas características pode-se deduzir a frequência (f) da onda:

f = v/ λ [Hertz ou s-1) (2.1)

Como se pode depreender da equação 1.1, a frequência é inversamente proporcional ao comprimento


de onda, isto é, quanto maior for a frequência menor será o comprimento de onda. A frequência é
expressa em ciclos por segundo ou em Hertz e indica o número de vezes que a onda passa por um

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ponto num determinado espaço de tempo, ou seja, o número de oscilações que ela emite por unidade
de tempo em relação a um ponto.

Fig. 19 - O espectro da onda electromagnética


Fonte: Adaptado da NASA (2002)

Ao conjunto de todos os comprimentos de onda onde se apresenta a radiação electromagnética,


chama-se espectro electromagnético (fig. 20).

Fig. 20: O espectro electromagnético

O espectro electromagnético (fig. 20) é contínuo e estende-se desde os comprimentos de onda


muito curtos da radiação cósmica até aos comprimentos de onda muito longos, as ondas de rádio.
Somente uma pequeníssima parte do espectro é visível ao olho humano (espectro visível). Algumas
partes do espectro não-visível (espectro infravermelho) podem ser detectadas e registadas pelos
sensores espaciais.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 42


Os raios gama, de muito alta frequência e com comprimentos de onda aquém de 1 Angstrom, são
emitidos por materiais radioactivos e pelo Sol. Possuem aplicações na radioterapia medicinal e em
processos industriais de conservação de alimentos.

Os raios X, descobertos pelo físico alemão Wilhelm Roentgen, são muito usados em radiografia e em
estudo de estruturas cristalinas de sólidos. Os raios deste tipo, provenientes do Sol, são absorvidos
pelos gases nas camadas mais altas da atmosfera.

Os raios ultravioletas (UV) são muito produzidas pelas reacções nucleares do SOL. Quando atingem
a camada mais alta da atmosfera terrestre, são absorvidos pelo Ozono. O seu comprimento de onda
ronda entre 0,01 e 0,38 mm.

Os raios visíveis (luz), de comprimento de onda entre 0,4 e 0,7, aproximadamente, são os únicos que
ao incidirem no sistema visual humano provocam uma sensação de cor no cérebro.

Os raios infravermelhos (IR), possuem comprimentos de onda entre 0,7 e 1.000 mm e são, por
vezes, designados por radiação térmica.

As microondas estendem-se, aproximadamente, 1.000 µm até 1 m, geralmente medidos em função da


frequência, em múltiplos de Hertz.

As ondas de rádio, de comprimento de onda acima de 1 m (frequência inferior a 300 Mhz), são
bastante utilizadas nas telecomunicações e radiodifusão.

A radiação electromagnética, em grandes comprimentos de onda tais como ondas de rádio, é dada em
função da sua frequência, utilizando unidades de referência múltiplos de Hertz. Quando os
comprimentos de onda são de dimensões muito pequenas, tais como o infravermelho, visível e
ultravioleta, empregam-se submúltiplos do metro, como o micrômetro (1 µm = 10-6 m), nanômetro (1
nm = 10-9m) ou ângstrom (1 A = 10-10 m).

4.2.2 – Reflectância espectral

O comportamento dos corpos ante a incidência da radiação electromagnética, designa-se por


resposta espectral. Esta, não é sempre a mesma e depende de vários factores:
• Ângulo de incidência e ângulo de observação;
• Aspectos do relevo;
• Interacção atmosférica com os diversos comprimentos de onda;
• Variações ambientais;

A textura do corpo influi na reflectância espectral, pelo que no mesmo comprimento de onda, a
resposta mais baixa se encontra na água, aumentando no solo, vegetação e na neve. A neve fresca é

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 43


fortemente reflectidos no espectro visível, decrescendo no infravermelho próximo. Quando começa
a absorver impurezas, deixa de ser neve fresca e a sua resposta diminui. A reflectância do gelo
depende das impurezas nele contidas. Porém, a sua reflectância especular (quando o ângulo de
incidência é igual ao ângulo de reflectância) é bastante alta.

É possível medir a intensidade da luz reflectida por um objecto e comparar o seu valor com a
intensidade incidente da luz solar. Assim, numa porção pequena do espectro electromagnético,
podem-se traçar as curvas de reflectância espectral de cada objecto (fig. 21), mais conhecidas por
assinaturas espectrais.

Visível Infravermelho Infravermelho Médio


80 Próximo
Energia ref lectida (%)

70

60

50 Vegetação Solo arenoso

40

30

20

So lo ar gi lo so
10

0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6
Comprimento de onda (µ m)
Água límpida Água túrbida Solo argiloso
Solo arenoso Vegetação

Fig. 21 - As curvas de reflectância espectral

A resposta espectral da água depende principalmente da sua pureza e das partículas em suspensão
(sedimentos, aluviões, algas, etc.). A água límpida é afectada pelo fenómeno da difusão no visível e da
absorção no infravermelho. A difusão tem maiores efeitos nos comprimentos de onda mais curtos e
diminui com o crescimento do comprimento de onda. A absorção, pelo contrário, é mínima nos
comprimentos de onda mais curtos e vai crescendo exponencialmente com o aumento do comprimento
de onda (chega a ser total no infravermelho próximo e médio).

Por outro lado, a resposta espectral da água é, também, influenciada pela sua profundidade e pela
sua qualidade. Quanto mais límpida, como a dos lagos, mais absorve a radiação pois são poucos os
sedimentos que possui no seu fundo, com a sua reflectância a tender para zero no infravermelho
próximo e médio. A água túrbida, com muitas impurezas minerais ou muita concentração de matéria

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orgânica, possui uma resposta espectral maior no visível, decrescendo no infravermelho próximo e
médio, até à sua absorção total. Nas imagens satélite a água aparece em diversas tonalidades de
azul, consoante a sua qualidade e profundidade.

Fig. 22 – Resposta da água do mar, em função do teor de clorofila

Fonte: Gower (1988)

A neve e o gelo fazem parte do grupo das águas. A neve é composta de cristais de gelo e este possui
um comportamento espectral muito próximo da água límpida.

O solo possui uma parte mineral e outra orgânica. A resposta do solo superficial à radiação solar é
influenciada por características tais como a sua composição química, a textura, a estrutura e o teor
de humidade. Por causa da directa exposição ao sol, à chuva e aos microorganismos que actuam na
decomposição da matéria orgânica nele contida, o solo pode responder de modo diferente à radiação
electromagnética, consoante a sua composição. Contudo, a sua resposta é, geralmente, média e de
forma crescente no visível e infravermelho próximo. O conteúdo de matéria orgânica no solo reduz a
sua resposta espectral.

O solo seco tem uma resposta maior que o solo húmido e aparece em tonalidades de cor clara nas
imagens. Contudo, existem alguns tipos de solo tais como os ‘vertissolos’ que, independentemente do
teor de humidade, aparecem sempre de cor escura, por causa do alto teor de matéria orgânica.

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Fig. 23 - Resposta espectral do solo

Fonte: Adaptado de Bonn & Rochon (1976)

É muito raro encontrar rochas ‘nuas’ na natureza. Por isso, a sua resposta espectral depende muito
da concentração de impurezas e da vegetação ou solo que as cobre. A patina, por exemplo, aumenta a
resposta do basalto escuro e reduz a resposta do basalto claro. No visível, a pigmentação (cor) das
rochas ajuda a determinar, também, a resposta espectral. O calcário, por exemplo, possui uma
resposta espectral mais alta que o basalto escuro.

Fig. 24 - Resposta espectral das rochas


Fonte: Adaptado de Holmes (1970)

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A resposta espectral dos minerais, tal como das rochas, depende da sua composição física e química.
A presença de iões de ferro ou de água, por exemplo, influencia grandemente a resposta espectral
dos minerais, que se traduz numa absorção mais elevada no infravermelho próximo.

Nas zonas urbanas, o asfalto e o betão são, geralmente, os minerais mais dominantes, com uma
resposta espectral bastante alta no visível e no infravermelho, embora o asfalto possua uma
resposta espectral inferior à do betão.

Fig. 25 - Resposta espectral comparada


Fonte: Adaptado de Robin (1995)

O solo, as rochas e os minerais fazem parte do chamado grupo mineral pois são muito relacionados.
As rochas são compostas por minerais e as suas alterações influenciam a qualidade do solo. Numa
composição colorida em falsa-cor duma imagem do sensor HRV, por exemplo, as rochas e os minerais
e o solo aparecem de uma forma amarelada, esbranquiçada, esverdeada ou azulada, consoante a sua
natureza.

A resposta da vegetação é influenciada pela sua estrutura fisiológica, sua morfologia (estado
fenológico, proporção de sombra, geometria das folhas, etc.) e pelo relevo do terreno. A vegetação
verde e saudável possui uma resposta baixa no visível mas, bastante alta no infravermelho
(particularmente no infravermelho próximo). No visível, a clorofila e os pigmentos das folhas verdes
absorvem quase que completamente a radiação visível enquanto que no infravermelho próximo (0,7 a
1,35 µm), cerca de 50% da radiação é reflectida. É por esta razão que nas imagens satélite a
vegetação verde e saudável aparece de cor vermelha, numa combinação de falsa-cor.

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4.2.3 - As Leis da Radiação

Todo o corpo a uma temperatura T, acima do zero absoluto (-273 ºC 0u 0ºK), emite ou absorve
radiação electromagnética. Quanto maior é a temperatura, maior é a energia emitida. Para elucidar
este fenómeno, existe um modelo teórico denominado por corpo negro. Segundo este modelo, o corpo
negro tem a propriedade de absorver ou emitir toda a energia que nele incide. O corpo negro é um
conceito físico de corpo ideal, não necessariamente encontrado na natureza.

Na realidade, a matéria não é um corpo ideal e somente alguns corpos possuem um comportamento
próximo do corpo ideal. Os corpos reais emitem ou reemitem energia segundo um comprimento de
onda e de acordo com a temperatura a que se encontram.

Define-se como emitância ou emissividade de um corpo, a uma temperatura T, o quociente entre a


radiação emitida num dado comprimento de onda e aquela que emitiria se fosse um corpo negro.
Portanto, a emissividade de um corpo mede até que ponto o corpo se comporta como ideal e o seu
valor varia de 0 a 1. Quanto mais alta, mais próximo é do ideal.

O Sol e a Terra são considerados corpos ideais porque a sua emissividade é próxima de 1. Em abuso
de linguagem, podemos considerar corpos ideais os materiais utilizados na construção de alguns tipos
de sensores, pois a sua emitância é também quase igual a 1. Por outro lado, a conservação de energia
requer que a radiação incidente sobre um corpo esteja dividida em três partes: uma é absorvida,
outra é reflectida e a última é transmitida. Se a dividirmos pela radiação incidente original, teremos
uma expressão mais fácil de manipular, que em último extremo expressa um conjunto de
propriedades da matéria, através dos coeficientes de absorção, reflexão e transmissão.

Quando Max Planck procurava explicar por que razão os corpos se tornavam luminosos ao serem
aquecidos, conseguiu derivar uma fórmula empírica que relaciona o espectro da radiação emitida (o
diferente brilho das cores presentes no corpo) como função da temperatura. Porém, a fórmula só se
tornava verdadeira desde que se admitisse que a radiação era emitida descontinuamente em
pequenos pulsos de energia. Planck também descobriu que os pequenos pulsos (quanta) associados a
uma determinada frequência (f) da radiação possuem todos a mesma energia (E) e esta é
directamente proporcional à frequência.

Planck determinou que a energia radiante de um corpo à temperatura T num determinado


comprimento de onda λ, é traduzida pela seguinte função:

E (λ, T) = h f (2.2)

onde h é a constante de Planck, com o valor de 6,6 x 10-34 J s-1 e f a frequência da radiação.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 48


A frequência, por sua vez está associada ao comprimento de onda como vimos em 2.1. Substituindo o
valor de f dado em 2.1 na Equação 2.2, teremos

E (λ, T) = h v/λ (2.3)

Como v toma o valor da velocidade da luz (300.000 Kms-1) e pode ser considerado constante, então
se pode afirmar que quanto maior é a energia menor será o comprimento de onda.

Para explicar as variações de intensidade da radiação electromagnética, ao longo do espectro solar,


foram criadas as chamadas leis da radiação.

A Lei de Planck constitui uma das equações básicas da radiação. Ela explica não só a radiação
emitida (Mλ) por um corpo negro em todo o espectro electromagnético como também a forma
característica da curva de emissão de cada corpo. A lei de Planck é expressa por

Mλ = ε C1/λ5 [exp (C2/λT) - 1], W/m-2. µm-1 (2.4)

sendo Mλ a radiação emitida em cada comprimento de onda para cada corpo (Wm-2); ε a
4 -2
emissividade; C1 uma constante (3,7413x10 W µm m ); C2 outra constante (1.438,8 µm ºK); λ
8

o comprimento de onda da radiação (µm) e T a temperatura em graus Kelvin.

A emissividade (ε) é a relação entre a emitância de um corpo real (Lr) e a emitância de um corpo
negro (Ln) a dada temperatura. A emissividade de um corpo real é sempre menor do que a unidade e
é expressa por

ε = Lr /Ln (2.5)

Derivada da Lei de Planck é a Lei de Wien: o produto do comprimento de onda máxima de emissão de
um corpo negro (λmax) pela temperatura (T) a que o corpo se encontra, é constante:

T λmax = 2.897,9 µmºK (2.6)

Como a temperatura superficial média do Sol é de 5.770ºK, substituindo este valor na Equação 1.4
teremos o comprimento de onda da sua máxima emissão igual a 0,50 µm, o que corresponde à faixa
espectral de radiação visível (região do verde).

Integrando todos os comprimentos de onda na Constante de Planck, teríamos na área baixa, a curva
de emissão. Assim, pode-se determinar que a energia total de um corpo negro é proporcional à
quarta potência da sua temperatura. Esta é a Lei de Stefan-Boltzmann:

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 49


Et = ε σT4 [Wm-2] (2.7)

onde σ = 5,6693 x 10-8 Wm-2 ºK4 -sec-1 (Constante de Stefan-Boltzmann) e ε a emissividade.

A Lei de Rayleigh-Jeans, uma aproximação da Lei de Planck, reza o seguinte: Para os comprimentos
de onda associados às temperaturas de emissão da terra e da atmosfera, a Lei de Planck reduz-se a
que a energia emitida é proporcional à temperatura T do corpo radiante.

Mλ (T) = (C1/C2) λ-4 T (2.8)

Por último, a Lei de Kirchoff diz que se um corpo se encontra em equilíbrio termodinâmico a uma
dada temperatura T, a quantidade de energia emitida é igual à absorvida, pelo que o coeficiente de
absorção (α) é igual ao da emissão (ε).

ελ = α λ (2.9)

O corpo negro representa um corpo em equilíbrio térmico com o meio que o circunda. Toda a energia
que ele recebe é totalmente absorvida e maximamente reemitida sob forma de ondas
electromagnéticas.

É importante destacar que a emissividade das moléculas dos gases presentes na atmosfera decresce
com a diminuição do comprimento de onda. Isto quer dizer que a emissividade de uma nuvem, por
exemplo, decresce ao ser observada num canal de resolução espectral de 3.9 µm em relação a um de
11 µm. Se, de acordo com a Lei de Kirchhoff, as substâncias de pobre emissão são, também, de
pobre absorção para os mesmos comprimentos de onda, é possível ‘ver’ através das nuvens com o
canal de 3.9 µm e quase impossível com o canal de 11 µm.

4.2.4. – Radiação Electromagnética e sua Interacção com a Atmosfera Terrestre

Grande quantidade de energia de volta ao espaço e observada pelos sensores dos satélites,
encontra-se no espectro visível (0,4 – 0,7 µm). Neste espectro são fundamentais as propriedades de
reflectividade da terra e da atmosfera. O quociente entre a energia reflectida por um objecto e a
radiação nele incidente é conhecida por reflectância. A reflectância pode variar ou mudar
dependendo de vários factores:

• A iluminação solar que depende da latitude do lugar, da época do ano, da hora, etc.;
• A direcção dos raios solares incidentes no objecto;

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 50


• A direcção do sensor em relação ao objecto que observa;
• As mudanças que podem ocorrer no próprio objecto reflector (por ex. se a maré for baixa e
calma, a superfície das águas actua como um bom espelho; se o objecto for uma nuvem, as
partes mais espessas reflectirão mais que as mais finas; etc.)

A reflectância caracteriza o estado dos objectos naturais. Para medi-la, empregam-se radiómetros
convencionais. E é, através destes, que obtemos as assinaturas espectrais (curvas de reflectância
espectral) dos objectos, num determinado estado físico (vegetação, solo seco, solo húmido, água
túrbida, água límpida, etc.).

A atmosfera terrestre é constituída por uma camada de gases, vapor de água e aerossóis, de
espessura variável, podendo atingir mais de 1.000 Km de altitude. Apesar desta extensão, a maior
parte dos gases está concentrada nos primeiros 10 Km de altitude.

É fundamental, para a Teledetecção, o estudo da atmosfera, porque ela interfere com a trajectória
da radiação electromagnética e com a velocidade de propagação, para além de absorvê-la em
determinadas faixas do espectro. Estas interferências são conhecidas por fenómenos atmosféricos.
Os fenómenos atmosféricos mais importantes na teledetecção são: Difusão, absorção e refracção.

A difusão ou difracção ocorre quando a radiação incidente é difundida pelas moléculas dos gases
presentes na atmosfera. Por outras palavras, dá-se a difusão quando a radiação incidente ‘choca’, na
atmosfera, com algumas moléculas gasosas de comprimento de onda inferior à sua ou com partículas
de poeira e gotículas de água de comprimento de onda igual ou similar à sua, difundindo-se nelas
(daqui o nome de difusão).

Portanto, as moléculas dos gases, na atmosfera, espalham ou difundem melhor a energia


electromagnética de menores comprimentos de onda. Segundo Rayleigh, essa quantidade de energia
(E) difundida é inversamente proporcional à quarta potência do seu comprimento de onda (λ),
expressando-se por E = 1/λ4. Nos comprimentos de onda mais curtas (visível) as partículas são mais
difundidas que nos de ondas longas (IR térmico).

No primeiro caso, as moléculas gasosas mais relevantes de comprimento de onda inferior à radiação
incidente, são o N2 e o O2. A cor azul do céu, durante o dia, é devida ao fenómeno da difusão: a parte
azul da radiação visível do Sol é difundida ou espalhada em cerca de 5,5 vezes mais que a vermelha,
provocando um ligeiro atraso na luz, que é reemitida em todas as direcções. A luz vermelha, que não
é dispersa mas transmitida, continua em sua direcção original. É exactamente isso que nos dá a
impressão de que a abóbada celeste é de cor azul durante o dia.

À tardinha, quando o Sol está a desaparecer do horizonte, a parte azul desaparece mais depressa
porque o seu comprimento de onda é mais curto. Assim, ficamos com a impressão de que a abóbada

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 51


celeste fica avermelhada pois por ser maior o comprimento de onda da parte vermelha da radiação
visível, esta leva mais tempo a desaparecer.

No processamento, em Teledetecção, o fenómeno da difusão só afecta a parte visível da radiação,


provocando uma redução de contraste em certas faixas das imagens captadas pelos satélites.

No segundo caso, quando entram em cena as partículas de poeira e gotículas de água de diâmetro
igual ao comprimento de onda da radiação incidente, tanto o visível como o infravermelho (IR) ficam
afectados. Neste caso, a quantidade de energia (E) difundida é, segundo Mie, inversamente
proporcional ao quadrado do comprimento de onda (λ), podendo-se expressar pela relação E = 1/λ2.
Se, porém, o diâmetro for da ordem dos 3/2, a quantidade de energia difundida é proporcional a 1/λ.

Quando o tamanho das partículas se vai tornando muito maior que os comprimentos de onda da
radiação incidente, a influência delas vai diminui no efeito da difusão, espalhando a energia
preferencialmente na direcção da frente. É por este motivo que nas imagens satélite as nuvens
aparecem de cor branca.

Fig. 26 - A radiância dos corpos negros em função do comprimento de onda

Fonte: www.proteccioncivil.org/vademecum

Na fig. 26 estão as curvas associadas a um corpo negro que emite a 6000ºK (temperatura do Sol) e
outro a 300ºK (Terra). Os máximos de emissão se concentram nos 0,5 µm e 11 µm, respectivamente.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 52


A absorção é o fenómeno que mais afecta a ‘visão’ dos sensores dos satélites por causa dos gases
que absorvem parte da radiação emitida ou reflectida, ao longo do espectro electromagnético e em
função do comprimento de onda.

Já referimos que a emissividade das moléculas dos gases presentes na atmosfera decresce com a
diminuição do comprimento de onda. Isto quer dizer que a emissividade de uma nuvem, por exemplo,
decresce ao ser observada num canal de resolução espectral de 3,9 µm em relação a um de 11 µm.
Se, de acordo com a Lei de Kirchhoff, as substâncias de pobre emissão são também de pobre
absorção, para os mesmos comprimentos de onda, é possível ‘ver’ através das nuvens com o canal de
3,9 µm e quase impossível com o canal de 11 µm.

Para melhor se perceber o fenómeno da absorção vejamos, primeiro, a composição da atmosfera e

os níveis de absorção respectiva.

a) A camada mais baixa da atmosfera, em contacto com a superfície terrestre, toma o nome de
troposfera e a sua espessura varia em função da latitude. Por exemplo, na linha do Equador,
a troposfera atinge cerca de 15 a 18 Km. Nos pólos, é cerca de 2 a 8 Km. A temperatura,
nesta camada, diminui com o aumento da altitude, na razão de 6ºC para cada 1.000 metros. É
nesta camada, limitada na parte superior pela tropopausa, que ocorrem os fenómenos
meteorológicos tais como a chuva, os ventos, as nuvens, a neblina, o granizo, a neve, etc.

Na parte mais baixa da troposfera, próxima do solo, a atmosfera é composta essencialmente


por oxigénio (O2) e azoto (N2). Quase ao mesmo nível e um pouco mais acima, outros gases
causam perturbações mais significativas à trajectória da radiação:

i. H2O – vapor de água (não confundir com as nuvens ou bruma matinal formados por pequenas
gotículas de água!). A sua quantidade é variável em função do tempo e do espaço e somente
absorve pequena parte do espectro visível mas, grande parte do infravermelho próximo e
quase que a totalidade do infravermelho térmico. Somente o vapor de água absorve 5 vezes
mais que o resto dos gases, juntos.

Embora nocivo para os sensores, o vapor de água é o responsável pela humidade na


atmosfera, sem a qual a respiração não seria possível nos seres humanos.

A bruma matinal e as nuvens absorvem quase que completamente o visível e grande parte do
infravermelho próximo. Já tivemos a ocasião de nos referir, anteriormente, que as nuvens
são a maior barreira à radiação que deveria ser captada pela maior parte dos sensores que
operam na faixa do visível e infravermelho próximo.

ii. CO2 – gás carbónico, mais conhecido por dióxido de carbono. Este, absorve parte do
infravermelho próximo e toda a radiação com comprimento de onda superior a 14 µm.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 53


O gás carbónico protege a Terra, formando uma camada isoladora em sua volta, que evita a
fuga do calor para o espaço. Com o aumento dos combustíveis fósseis que libertam
consideráveis quantidades deste gás, esta camada é reforçada e provoca um nítido sobre-
aquecimento na troposfera (efeito de estufa ou, em inglês, greenhouse effect).

b) A camada intermédia da atmosfera designa-se por estratosfera. Ela pode atingir cerca de
30 Km, a partir da superfície terrestre. O oxigénio, nesta camada, começa a ficar escasso e
a humidade quase que desaparece. Aqui, a temperatura, geralmente negativa, sobe à medida
que aumenta a altitude. Por exemplo, na sua parte inferior é de cerca de – 40ºC e na sua
parte mais alta sobe para –2ºC.

Na estratosfera o gás mais significativo é o ozono (O3), que absorve a radiação ultravioleta e
toda a outra radiação de comprimento de onda inferior a 0,3 µm, provocando, assim, um
aumento da temperatura nesta camada.

Fig. 27 – Principais zonas da atmosfera terrestre

O ozono constitui na atmosfera um filtro importantíssimo para a protecção da espécie


humana. Este gás filtra as radiações que nos podem ser nocivas (ultravioleta, Raios X, Raios λ
e outros raios cósmicos). Este gás forma a designada ‘camada de ozono’.

Apesar do ozono ser altamente reactivo à radiação ultravioleta é, porém, destruído


facilmente pelos compostos contendo cloro e brómio, que resultam da decomposição química
dos clorofluorcarbonetos (CFC’s), antes produzidos e utilizados nos aparelhos de frio,

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 54


refrigeração e em outras partes da indústria contemporânea, actualmente banidos pelas
convenções internacionais. O processo da decomposição dos CFC’s é uma rede complexa de
reacções químicas, em função da temperatura. Em geral, quanto mais frio, mais fortes são as
reacções. A estratosfera, já em si fria e privada do calor proveniente da troposfera (barrado
pela camada isoladora do CO2), pode intensificar o seu arrefecimento, acentuando a
degradação global da camada de ozono.

Um caso particular de destruição acelerada da camada de ozono é o da Antárctica. Este


continente praticamente isolado de outras partes do mundo, possui o seu próprio sistema
climático com temperaturas frígidas e sem sol durante o inverno. Aí, as oportunidades são
ideais para a destruição da camada do ozono. Isto, explica os motivos do aparecimento do
‘buraco de ozono’ em meados da década de 80 e o porquê da maior diminuição desse gás nesse
continente, relativamente aos outros.

c) A mesosfera é a camada que segue a estratosfera. Pode ir até os 80 Km de altitude,


aproximadamente, a partir da superfície terrestre. Aqui, a temperatura continua a aumentar
até atingir os 10ºC, na altitude dos cerca de 50 Km em relação ao solo. No topo da camada, a
temperatura decresce de uma forma acentuada, chegando aos – 90ºC.

Gás Símbolo % na atmosfera Peso molecular *


Nitrogénio N2 78,084 28,0134
Oxigénio O2 20,9476 31,9988
Árgon Ar 0,934 39,948
Dióxido de Carbono+ CO2 0,0314 44,00995
Néon Ne 0,001818 20,183
Hélio He 0,000524 4,0026
Crípton Kr 0,000114 83,80
Xénon Xe 0,0000087 131,30
Hidrogénio H2 0,00005 2,01594
Metano+ CH4 0,0002 16,04303
Óxido Nítrico N 2O 0,00005 44,0128
Ozono+ O3 0 a 0.000007 (verão) 47,9982
0 a 0.000002 (inverno) 47,9982
Dióxido Sulfuroso+ SO2 0 a 0,0001 64,0628
Dióxido Nítrico+ NO2 0 a 0,000002 46,0055
Iodo+ I2 0 a 0,000001 253,8088

* Na base da escala em que o isótopo C12=12,000


+
A sua percentagem na atmosfera sofre variações significativas consoante o lugar e a época do ano.

Tabela 2: Concentração média e composição dos gases na atmosfera


Fonte: P. Foin (1988)

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 55


A mesosfera é, também, rica em ozono. A composição dos gases, nesta camada, é mais ou
menos constante, com cerca de 78% de nitrogénio e 21% de oxigénio. Os outros gases
ocupam nela o restante 1%, dentre eles o dióxido de carbono, vapor de água e o árgon.

d) Uma das camada superiores da atmosfera, a ionosfera, inicia entre os 80 e os 100 Km de


altitude, aproximadamente, em relação à superfície terrestre. A ionosfera estende-se até os
cerca de 600mKm de altitude. Nesta camada, o ar possui uma conductividade eléctrica
bastante alta, por causa da radiação ultravioleta que transforma as moléculas ou átomos em
iões e electrões (ionização). Aqui, o oxigénio (O2) é substituído pelo monóxido de oxigénio,
representado por O.

A ionosfera é um excelente reflector das ondas de rádio de baixa frequência, permitindo o


estabelecimento das comunicações à grande distância, em redor da superfície terrestre. As
ondas de alta frequência, tais como as empregues na televisão, não são reflectidas pela
ionosfera, razão pela qual as transmissões televisivas se fazem por satélites.

e) A camada mais externa da atmosfera chama-se exosfera e pode atingir 1.000 Km ou mais de
altura, em relação à superfície terrestre. Nesta camada, de temperaturas que variam entre
os 2.000ºC, durante o dia, e – 300ºC, durante a noite, nota-se uma forte presença de hélio
(He) e hidrogénio (H2), que não interferem muito na ‘visão’ dos sensores.

Apesar da absorção impedir a livre passagem da radiação na atmosfera, existem intervalos no


espectro electromagnético onde ela não é absorvida, ou seja, onde a atmosfera é ‘transparente’.
Estes intervalos tomam o nome de janelas atmosféricas (fig. 28).

Fig. 28 - A Absorção e respectivas janelas atmosféricas


Fonte: www.proteccioncivil.org/vademecum

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Na tabela 3 podem-se apreciar algumas das janelas atmosféricas em função do comprimento de onda
da radiação electromagnética.

Comprimento de onda Janela


<300 nm Absorvida pelo ozono
300 - 900 nm Janela do UV – visível - IR próximo
1 - 5 µm Janela do IR, entre H2O e CO2
8 - 20 µm Janela do IR
1,3 cm - 1,9 mm Janela entre centímetros e milímetros
1,8 – 1,1 mm Janela dos milímetros
0,8; 0,45; 0,35 mm Janela dos sub-milímetros
2 cm - 10 m Janela das ondas de rádio
>10 m Absorção ionosférica

Tabela 3: Concentração média dos gases na atmosfera


Fonte: www.proteccioncivil.org/vademecum

Fig. 29 - Canais espectrais condicionados ao nível de absorção na atmosfera


Fonte: www.proteccioncivil.org/vademecum

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V. Satélites Meteorológicos

5.1. Satélites Meteorológicos Geoestacionários

Os satélites meteorológicos geoestacionários mais conhecidos e utilizados são geridos pela

organização europeia EUMETSAT (série Meteosat), pelos Estados Unidos (série GOES), pelo Japão

(série GMS), pela China (série FY-2), pela Rússia (série GOMS) e pela Índia (série INSAT). A sua

órbita é equatorial, a uma altitude de cerca de 38.000 km. A essa altitude, o seu período orbital é

equivalente ao da rotação da terra, de maneira que o satélite parece estar estacionado num ponto

sobre o Equador. Para conseguir uma cobertura global é necessária uma constelação de 5 a 6

satélites. Devido à sua órbita equatorial, estes satélites não passam pelos pólos.

METEOSAT

O Meteosat é uma constelação de satélites geoestacionários europeus. A

EUMETSAT é a organização intergovernamental criada numa convenção

internacional que reuniu 17 países europeus, para gerir a constelação.

A altitude dos satélites é de 35.800 km. O seu campo de ‘visão’ (42% da

superfície da terra) é restrito à sua localização na vertical, sobre a

intersecção do Equador com o meridiano de Greenwich.

Através de um sensor espectral, o Meteosat explora a superfície terrestre por faixas. Para cada

pixel desta faixa, obtém-se a energia irradiada para diferentes gamas espectrais. O satélite actua

em três gamas espectrais: Visível (0,45-1,00 µm). Infravermelho (10,5-12,5 µm) e Vapor d’água (5,7-

7,1 µm).

As imagens brutas são obtidas a cada 30 minutos, com 5.000 linhas x 2.500 pixels para o espectro

Visível e 2.500 linhas x 2.500 pixels para os outros espectros. Com isto a resolução do pixel é de 2,5

x 5 km. Devido à curvatura da terra, esta resolução diminui nos limites da imagem (4,5 x 5 km).

As imagens digitais são codificadas e enviadas para uma base operacional na Alemanha. Lá as

imagens brutas são processadas, corrigidas e divididas em sub-imagens de 800 x 800 pixels.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 58


GOES (Geostationary Operational Environmental Satellites)

GOES é uma constelação de satélites americanos mantida pela National

Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). Os dados são distribuídos


pelo National Environmental Satellite and Information Service (NESDIS).

Sua altitude e órbita são semelhantes às do Meteosat. As imagens gerais são

obtidas a cada 30 minutos e dos Estados Unidos a cada 15 minutos.

O GOES possui um sensor de 5 canais espectrais, sendo um Visível (0,55-0,75 µm), três canais

Infravermelhos (3,8-4,0 µm, 10,2-11,2 µm, 11,5-12,5 µm) e o canal de Vapor d’água (6,5-7,0 µm). No

canal Visível, a resolução é de 1 km. Nos canais Infravermelhos, a resolução é de 4 km e no de Vapor

d'água é de 8 km

A nova série de satélites GOES trouxe aperfeiçoamentos significativos no mapeamento das

condições meteorológicas. O GOES I-M representa a próxima geração de satélites meteorológicos e

traz duas novas características:

• Rastreio flexível: permite mapear pequenas áreas permitindo a previsão mais precisa em

áreas localizadas ou problemáticas.

• Rastreio simultâneo e independente: possibilita a comparação de informações diversas dos

fenómenos meteorológicos, aumentando o grau de certeza das previsões.

GMS (Geostationary Meteorological Satellites)

Os satélites japoneses da série GMS fornecem dados sobre tufões, baixas

pressões, direcção e velocidade dos ventos, temperatura da superfície

terrestre, para além de dados de medições realizadas com barcos e aviões.

Com o Sistema VISSR (Visible and Infrared Spin Scan Radiometer) - sistema

de detecção utilizando lentes, reflectores e um espelho que converte a

intensidade luminosa em pulsos eléctricos - podem-se obter imagens do disco

total terrestre em intervalos de trinta minutos, em ambas as bandas do

espectro visível e infravermelho.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 59


FY-2

A China lançou o seu primeiro satélite meteorológico geoestacionário,

FY-2, em 10 de Junho 1997. O satélite foi colocado com sucesso na

órbita a 105° e com um campo de visão que cobre as regiões da Ásia e

do Pacífico. A sua primeira imagem foi adquirida foi em 21 de Junho do

mesmo ano.

As funções principais do satélite Fy-2 são:

• Obter imagens do dia no Visível, infravermelho (IR) e Vapor de Água (WV).

• Retransmitir os produtos gerados tais como parâmetros das nuvens, vectores do vento e

temperaturas da superfície do mar.

• Obter dados de monitoramento ambiental do espaço, na órbita do satélite.

• Colectar e reemitir dados de outras plataformas de levantamento de dados.

Os principais instrumentos a bordo do satélite são:

• radiómetro visível e infravermelho de varredura de rotação (VISSR);

• monitor ambiental do espaço (SEM);

• sistema de transmissão de dados;

• sistema de levantamento de dados.

O VISSR é um instrumento de 3 canais: Visível (0,55-1,05 µm), infravermelha (10,5-12,5 µm) e Vapor

de água (6,2-7,6 µm). A resolução para a banda do visível é de 1,25 km, enquanto que as bandas do IR

e de WV são de 5 quilómetros.

O VISSR obtém uma imagem completa da Terra a cada 30 minutos. Fornece dados reflexivos das

nuvens e da superfície da terra na banda do visível durante o dia e na banda do infravermelho

durante a noite, bem como o índice do vapor de água da atmosfera na banda do vapor de água.

O SEM é um instrumento para a monitoramento ambiental espacial. É usado principalmente para

monitorar o ambiente do espaço perto da órbita do satélite.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 60


(ELECTRO) GOMS (Geostationary Operational Meteorological Satellite)

A série GOMS foi lançado pela Rússia em 31 de Outubro de

1994 e colocado na órbita estacionária a 76° 50' E.

Desenhado para a colecta de dados hidrometeorológicos,

ecológicos, entre outros, possui vários instrumentos a bordo

que permitem:

• obter imagens visíveis e infravermelhas reais do tempo na superfície terrestre e das nuvens

dentro de um raio de 60° 50' ;

• fornecer observações contínuas da dinâmica de vários processos atmosféricos;

• detectar, numa base operacional, fenómenos naturais perigosos;

• determinar a velocidade do vento e o seu sentido em diversos níveis, bem como a

temperatura da superfície do mar;

• obter informação de fluxos em partículas solares e galácticas, da radiação ultravioleta e da

radiação do raio X e variações no vector do campo magnético.

INSAT (Indian Satellite)

Propriedade da Indian National Satellite, o Insat é um satélite multi-

propósito com capacidade para a telecomunicação (transmissão de rádio

e televisão) e para os serviços meteorológicos. O satélite está na órbita

geoestacionária, a uma altitude de 36 000 Km.

O INSAT-2E tem a bordo dezassete transponders-12 que operam na

frequência normal da banda-C. Sete dos transponders têm cobertura

larga de faixa e os restantes têm cobertura zonal.

O INSAT-2E também está equipado com um VISSR (Visible and Infrared Spin Scan Radiometer).

Este radiómetro explora a Terra linha a linha, em diversas gamas espectrais.

O VISSR tem três canais: visível (0.47-0.7 µm), infravermelho (10.5-12.5 µm) e vapor de agua (5.7-

7.1 µm). No canal visível a resolução é de 2 km e nos restantes é de 8 km.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 61


5.2. Satélites Meteorológicos Polares

Os satélites meteorológicos polares mais usados são os da série TIROS (nome actual é NOAA -

NOAA-14, NOAA-15, etc.) e os METEOR (METEOR-2, METEOR 3-5, etc.). Actualmente estão

operacionais o NOAA-14, NOAA-15 e o METEOR 3-5. Também existem os satélites de vigilância da

Força Aérea da USA, série DMSP (Defense Meteorological Satellite Program).

As características mais importantes destes satélites são as seguintes:

• Orbitam a uma altitude entre 800 e 900 quilómetros.

• Possuem um radiómetro AVHRR.

• Passam duas vezes por dia pelo mesmo ponto.

• A sua órbita baixa permite imagens de alta resolução.

• Operam em dois modos, um de baixa resolução APT (Automatic Picture Transmition) e outro

de alta resolução HRPT (High Resolution Picture Transmition).

TIROS-NOAA (USA)

São satélites norte-americanos geridos pela National

Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). O

NOAA 14 e NOAA 15, lançados respectivamente a

29 de Maio de 1994 e a 13 de Maio de 1998, orbitam

a uma altitude de 850 km, em órbita inclinada de 99º

em relação ao plano equatorial. Cada órbita completa

em redor da Terra dura 102 minutos e o satélite

realiza 14 órbitas por dia.

O objectivo destes satélites é o de medir a temperatura e a humidade atmosférica, a temperatura

da superfície terrestre, a temperatura na superfície dos mares, identificar a neve, estudar a

distribuição das nuvens e das características das partículas atómicas emitidas pelo Sol, medir a

densidade do fluxo de protões, electrões e outras partículas procedentes do nosso planeta.

Estão equipados com um radiómetro de alta resolução (Advanced Very High Resolution Radiometer).

Este instrumento explora uma largura de banda de 3 000 km de amplitude.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 62


METEOR (Rússia)

Os satélites METEOR são explorados pela Agência Espacial Russa - SRC. A sua altitude é de cerca

de 1 200 km.

O seu objectivo é o de medir a temperatura da água e, a

vários níveis, a da atmosfera, proporcionando um perfil

vertical da temperatura até a uma altitude de 40 km e,

também, medir a intensidade da radiação emitida pela Terra.

Duas vezes ao dia, podem-nos proporcionar informação sobre

a distribuição das nuvens e da neve, com imagens na banda

visível e infravermelha, informação global sobre a

distribuição da temperatura, altura das nuvens e

temperatura da água do mar. Três vezes ao dia, fornecem

imagens televisivas utilizando um sistema análogo similar ao

usado nos satélites norte-americanos.

NIMBUS (USA)

O satélite NIMBUS-1 possuía um AVCS (câmara Vidicon) que melhorou a qualidade das imagens das

nuvens.

O sétimo e último NIMBUS transportou oito instrumentos: dois

radiómetros de infravermelhos para determinar a distribuição

vertical da temperatura atmosférica e de elementos

contaminantes. Um terceiro radiómetro para detectar as

partículas de aerossol presentes a uma altitude de 20 km e

determinar o seu efeito no clima. Um quarto instrumento para

detectar a radiação ultravioleta do Sol e a quantidade de ozono. O

quinto media a radiação total emitida pela Terra e o sexto

detectava a temperatura da água na superfície do mar, o conteúdo

de água das nuvens, a precipitação, o vapor de água, os

componentes do solo e a distribuição das zonas cobertas de neve.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 63


O sétimo instrumento, outro radiómetro, controlava as correntes marítimas, a temperatura e

salinidade da água e a distribuição de sedimentos e de clorofila. O último instrumento, um

radiómetro de infravermelhos, utilizava-se como apoio para o resto dos instrumentos e,

particularmente, para medir a temperatura e a humidade.

QUIKSCAT

Este satélite foi lançado em 19 de Junho de 1999 pela Força Aérea dos Estados Unidos e orbita a

uma altitude de 803 km, com uma inclinação orbital de 98.6º em relação ao plano equatorial. Cada

órbita completa em redor da Terra tem uma duração de 102 minutos e faz 14 órbitas por dia em

passos ascendentes e descendentes.

O Quickscat tem como missão a aquisição, em todo o tempo e

em medições de alta resolução, dos dados sobre os ventos

próximos da superfície dos oceanos. Combina os dados do

vento com outros medidos por instrumentos científicos para

ajudar a melhorar o conhecimento dos mecanismos das

mudanças climáticas e padrões globais de tempo. Estuda o

movimento diário do gelo e suas mudanças no Árctico e

Antárctico.

O QuikSCAT está equipado com um escatolómetro (scatterometer), que é um radar de alta

frequência (13.4 Ghz) desenhado especificamente para medir a velocidade e a direcção do vento

junto à superfície dos oceanos. O instrumento recolhe dados numa banda contínua de 1.800 km de

amplitude, fazendo aproximadamente 400.000 medidas e cobrindo diariamente 90% da superfície

terrestre. A sua resolução é de 25 km.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 64


FY-1 (China)

A China possui uma constelação de satélites meteorológicos

polares, os FY-1, a uma altitude de 870 km, sendo o seu operador o

Centro Meteorológico Nacional de satélites - NSMC. Cada órbita

completa em redor da Terra leva 100 minutos e cada satélite

realiza 14 órbitas por dia.

Os FY-1 estão equipados com um radiómetro MVISR (Multichannel

Visible and IR Scan Radiometer). Este instrumento explora uma

banda de 3.000 km de amplitude.

5.3. Transmissão e recepção de dados dos satélites meteorológicos

a) Transmissão dos dados

Em general todos os satélites meteorológicos possuem sistemas similares adaptados a um ou outro

caso. Nas duas classes fundamentais (polares e geoestacionários) os dados são obtidos através de

um varrimento, linha por linha até completar uma imagem. De acordo com o tipo de imagem a

processar, de maior ou menor resolução, há que tratar os dados de diferente maneira, mas o

processamento final e a calibração realizam-se nas estacões de recepção terrestre.

Os satélites geoestacionários fazem o varrimento linha a linha, gravando a bordo a informação até

completar a imagem. Esta é, então, enviada à Terra. O processo leva o seu tempo pelo que só é

possível obter imagens cada meia hora. Os polares, pelo contrário, não gravam a informação a bordo

e enviam directamente à terra cada linha que varrem. Assim, podem-se obter dados em tempo quase

real.

AVHRR, APT e HRPT dos satélites polares

O sensor a bordo dos NOAA é o AVHRR -Advanced Very High Resolution Radiometer, que significa

Radiómetro Avançado de Muito Alta Resolução. O seu sistema de transmissão de dados possui dois

modos: o APT - Automatic Picture Transmition), que trabalha na banda dos 137 Mhz, fornecendo

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 65


dados dos canais VIS e IR, com resolução de 5Km e 255 tonalidades de cinzento e o modo HRPT

(High Resolution Picture Transmition), que trabalha na frequência de 1600 Mhz em cinco bandas

espectrais, duas para o visível e três para o infravermelho, com a resolução entre 1 e 5 Km.

WEFAX e HRI dos satélites geoestacionários

Um dos modos de aquisição dos satélites geoestacionários é o Wefax (Weather Facsimile), de baixa

resolução com um máximo de 25 Km. É mais utilizado para a observação das nuvens. O outro modo é o

HRI (High Resolution Image), de resolução de 5 Km no Meteosat e de 1.1 Km no GOES. Os dois modos
operam na frequência dos 1600 Mhz.

b) Recepção dos dados

Para receber imagens dos satélites meteorológicos geoestacionários é necessária uma antena

omnidireccional, um pre-amplificador Gaas-Fet, uma parabólica de pelo menos um metro e meio, um

receptor de 1,6 Ghz, um conversor Down (1,6 Ghz-137 Mhz), um receptor de banda larga para a

frequência de 137 Mhz, um demodulador-digitalizador, um PC e um programa adequado.

Para o caso dos polares é somente necessária uma antena omnidireccional de alto ganho e um

receptor na frequência de 137Mhz.

Fig. 18: Recepção de dados meteorológicos

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 66


Evolução dos Satélites de Observação da Terra

Breves considerações

Nas décadas de 80 a 90, a teledetecção espacial evoluiu através de sistemas de satélites

governamentais e militares, onerosos e de alta complexidade:

• Foram planeados e lançados programas de satélites híbridos (governamentais/comerciais)

(exemplos: Landsat-4, SPOT-1, RADARSAT-1).

• Foram planeados novos sistemas comerciais e lançados alguns (ex.: o OrbView-1/Microlab-1,

o primeiro satélite comercial para fins atmosféricos e ambientais e o UoSAT-5, o primeiro

micro-satélite comercial).

• Foram planeadas várias novas missões espaciais da categoria de mini-satélites (100–500 kg),

tendo dois sido lançados (TOMS/Earth Probe e OrbView2/ SeaStar).

• Foram planeadas várias outras missões espaciais com recurso a sistemas da categoria de

micro-satélites (100–500 kg) e lançados alguns.

• Foram planeados sistemas de satélites multi-uso, para fins militares e civis.

• Vários governos começaram a adquirir e a usar com frequência produtos derivados dois

satélites de teledetecção, para variados fins.

Com a pressão exercida pelos utilizadores civis, os programas espaciais governamentais e militares

foram dando lugar aos meramente comerciais ou operados por agências civis. Esta mudança, foi em

parte, influenciada pela ‘desclassificação’ de muitos dos dados, até então de uso restrito, adquiridos

pelos satélites de teledetecção, depois do fim da chamada Guerra Fria.

De 1980 a 1987, o número de países dedicados à construção de satélites comerciais cresceu

substancialmente. Por exemplo, no mesmo ano (1982) em que o sensor Thematic Mapper (TM), para

imagens multiespectrais de 30 metros de resolução foi colocado a bordo do Landsat foi, também,

criada a SPOT Image na França. O primeiro satélite SPOT só viria a ser lançado em 1986, com a

possibilidade de captação de imagens multiespectrais de 20 metros e pancromáticas de 10 metros

de resolução. No ano seguinte, a então União Soviética começou a competir, disponibilizando imagens

com 5 metros de resolução. A partir de 1996, juntaram-se a este grupo países como o Canadá, China

e Reino Unido.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 67


VI. Satélites Ambientais

Até a um passado recente, o estudo e investigação do meio ambiente era realizado pelos chamados

satélites de observação da terra (EOS), tanto meteorológicos como os de estudo dos recursos
terrestres. Para a sua coordenação e em resposta às recomendações do Painel de Especialistas em

Teledetecção Espacial, foi criado, em 1984, o CEOS - Committee on Earth Observation Satellites. O

propósito era, através de uma coordenação eficaz entre os membros, optimizar os benefícios que

advêm das diversas missões e harmonizar os diversos programas de observação terrestre. A maior

parte das agências espaciais existentes na Europa, América e Ásia fazem parte deste Comité, que

agrega todos os satélites de observação da Terra.

Com a crescente variação e mudança no sistema terrestre e no seu clima, existe hoje uma maior

necessidade de melhor compreender a dinâmica do meio ambiente através do estudo e investigação

das forças da natureza e das actividades humanas que nele intervêm e o afectam. Por isso, foi

estabelecida mais recentemente uma rede de satélites polares e geoestacionários para

proporcionarem coberturas globais ao meio ambiente. Nesta rede, alguns dos satélites foram

especificamente desenhados para tal e outros fazem parte dos designados por satélites de

observação da terra. Pretende-se, assim, dotar o ser humano de mais meios e instrumentos que o

permitam estabelecer políticas globais apropriadas de gestão, mitigação e adaptação às mudanças

globais que o poderão ajudar a preservar a sua vida e a das gerações futuras neste planeta Terra.

A estes novos satélites, passaremos a designá-los, no âmbito da nossa abordagem no presente

Manual, por Satélites Ambientais.

Os satélites ambientais fornecem-nos informações globais e contínuas sobre as condições em que se

encontra o meio ambiente e dados actualizados sobre as variáveis climatéricas tais como a cobertura

das nuvens, a temperatura do ar e da superfície do mar, bem como a cobertura vegetal.

Nos Estados Unidos da América, alguns desses satélites são operados pela NESDIS - National

Environmental Satellite Data and Information Service, outros, os satélites científicos

experimentais são operados pela NASA - National Aeronautics and Space Administration, e os

restantes, nomeadamente os satélites da DMSP - Defense Meteorological Satellite Program, pela U.

S. Department of Defense. Pretende-se, no futuro, por volta do ano 2010, colocar os satélites

polares da NASA, da DMSP e os controlados pela NOAA - National Oceanic and Atmospheric

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 68


Administration, num único órgão que passará a designar-se por NPOESS - National Polar Orbiting

Environmental Satellite System.

Contudo, a coordenação dos satélites de observação da terra através da CEOS continuará funcional.

Vejamos, pois alguns dos satélites ambientais e suas características:

SeaStar
No dia 1 de Agosto de 1977, o SeaStar foi lançado para o

espaço em baixa órbita circular a 278 Km de altitude,

levando a bordo um único instrumento, o sensor SeaWIFS

(Sea-viewing Wide Field-of-view Sensor). Possuindo um

sistema de propulsão próprio, o satélite ascendeu a uma

altitude final de 705 Km, vinte dias depois.

O sensor SeaWIFS foi concebido para providenciar aos cientistas dados quantitativos globais das
propriedades bio-ópticas dos oceanos. Ligeiras mudanças nas cores dos oceanos significam vários
tipos e quantidades de concentração de fitoplâncton (plantas microscópicas marinhas), conhecimento
que nos pode levar a aplicações científicas e práticas.

O espectro visível (0.4-0.7 µm) da cor da maior parte dos oceanos varia com a concentração da
clorofila e dos pigmentos das plantas presentes nas suas águas. Quanto maior é a presença do
fitoplâncton, maior é a concentração dos pigmentos das plantas e mais verde ela parece. Como o
sensor pode visualizar toda a superfície da terra em 48 horas, os dados recolhidos são valiosos para
estudos globais da biota oceânica e para estimar o papel dos oceanos no ciclo de carbono e na troca
de outros elementos e gazes entre a atmosfera e os oceanos.

Terra (EOS AM-1)

Este satélite, de nome tão sugestivo, foi lançado pelos


americanos a 18 de Dezembro de 1999. Leva a bordo cinco
sensores para a medição do sistema climático terrestre –
mais concretamente, observar e medir a interacção da
atmosfera terrestre com a criptosfera, a terra, os oceanos
e a vida em geral. Os seus dados são de grande importância
para a compreensão e protecção do nosso planeta Terra.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 69


O satélite encontra-se actualmente numa órbita circular, quase polar, hélio-síncrana, a 705 km de

altura. Faz parte da Constelação Matutina, juntamente com os satélites Landsat 7 e EO-1, da NASA.

A hora solar de passada pelo nó descendente é as 10:30 da manhã.

Os sensores a bordo do satélite Terra são os seguintes:

• ASTER (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer);

• CERES (Clouds and the Earth's Radiant Energy System);

• MISR (Multi-angle Imaging Spectro-Radiometer)

• MODIS (Moderate-resolution Imaging Spectroradiometer)

• MOPITT (Measurements of Pollution in the Troposphere)

ASTER consegue captar imagens de alta resolução (15 a 90 metros) em 14 diferentes comprimentos
de onda, desde o visível ao infravermelho térmico. Este instrumento foi concebido pelos japoneses e
opera por um tempo limitado em partes do dia e noite, ao longo de uma órbita. A configuração
completa capta dados numa média de 8 minutos por órbita. A configuração reduzida (bandas
limitadas, ganhos diferentes, etc.) pode ser implementada como solicitação de pesquisadores
interessados.

ASTER é o instrumento de resolução espacial mais alta do satélite EOS AM-1 e o único que não

adquire dados continuamente. Os produtos de dados do ASTER incluem:

• Radiações e reflexões espectrais da superfície da Terra;


• Temperatura da superfície e emissividade;
• Modelos Numéricos de Terreno a partir de imagens estéreo;
• Mapas da vegetação e da composição da superfície;
• Consequências das nuvens, gelo do mar e gelo polar;
• Observação de desastres naturais (vulcões, etc.).

Características Técnicas Gerais do ASTER

Bandas Espectrais Veja o gráfico abaixo


VNIR 0.5-0.9 µm
SWIR 1.6-2.5 µm
TIR 8-12 µm
15 m (VNIR: 3 bandas),
Resolução Espacial 30 m (SWIR: 6 bandas),
90 m (TIR: 5 bandas)
Ciclo Obrigatório 8%
Velocidade 8.3 Mbps (média), 89.2 Mbps (pico)
Massa 450 Kg
Potência 525 W (média), 761 W (pico)

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 70


Para as aplicações habituais é aconselhável o uso das bandas 1-2-3, seja em composição de falsa-cor

ou de cores naturais, podendo ser ampliado até a escala 1:25.000 com qualidade. Recomenda-se o seu

uso para áreas rurais de pequena e média dimensão, pois não havendo captação sistemática, a

cobertura de grandes áreas fica dificultada. O formato Original das cenas é HDF. Para os

procedimentos de programação do ASTER, deve-se indicar com precisão a área de interesse:

• se coordenadas geográficas, em Latitude e Longitude,

• se coordenadas cartográficas, especificar projecção e Datum, bem como o fuso usado,

• vector da área de interesse (dxf, dwg ou shape file).

Cada cena do ASTER cobre 60 por 60 km. A área de interesse pode ter à priori 120 por 120 Km (4

cenas). Para investigadores e membros do grupo ASTER, os dados são gratuítos. Para fins

comerciais, uma imagem ASTER ainda não gerada pela EDC DAAC custa cerca de US$ 100.

O CERES faz o balanço da radiação total da Terra e dá estimativas das propriedades das nuvens

permitindo aos cientistas o estudo do papel das nuvens nos fluxos radiactivos da superfície para o

topo da atmosfera. A bordo do satélite Terra estão dois sensores CERES idênticos.

MISR é um novo tipo de instrumento que melhorou o modo de ‘visão’ dos sistemas de sensores. Até

ao seu aparecimento, a maior parte dos sistemas de sensores só podiam ‘olhar’ para a terra

directamente para baixo ou obliquamente. De modo a perceber melhor o clima terrestre e

determinar as causas da sua mudança, é necessário conhecer a quantidade da radiação solar que é

difundida nas várias direcções, em condições normais. Este aspecto é coberto pelo MISR que

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 71


observa a Terra com câmaras apontadas para nove ângulos diferentes. Uma câmara aponta na

perpendicular e as outras sucessivamente para a frente, para a trás e para os lados, em ângulos de

26.1°, 45.6°, 60.0°, e 70.5°. Enquanto o satélite avança, várias partes da superfície terrestre vão

sendo simultaneamente captadas pelas nove câmaras, em comprimentos de onda diferentes (azul,

verde, vermelho e infravermelho próximo. O MISR faz o monitoramento mensal, sazonal e a longo

prazo dos seguintes aspectos:

• Quantidade e tipo de partículas de aerossóis na atmosfera, tanto as de origem natural como

as resultantes de actividades humanas;

• Quantidade e tipo e altura das nuvens; e

• Distribuição da cobertura na superfície, incluindo a estrutura da copa da vegetação.

MODIS é uma versão melhorada do AVHRR, utilizado nos satélites NOAA. É um instrumento ideal

para monitorar mudanças globais na biosfera, principalmente para o ciclo global de carbono. Apesar

de não haver actualmente nenhum sensor de satélite que possa medir directamente a concentração

de dióxido de carbono na atmosfera, o MODIS pode medir a actividade da fotosíntese nas plantas

terrestres e marinhas (fitoplasma) para colher melhores estimativas de quanto gás de estufa está

sendo absorvido e usado na actividade das plantas. Combinando os dados colhidos por este sensor

com os dos sensores que medem a temperatura da superfície terrestre, os cientistas podem traçar

a curva de resposta do dióxido de carbono nas mudanças climáticas.

MODIS também consegue ‘ver’ onde e quando iniciam os desastres naturais – erupções vulcânicas,

cheias, ciclones, secas e queimadas. Com esta informação, podem-se traçar estratégias de prevenção

e mitigação. Os seus canais espectrais são muito sensíveis às queimadas, podendo distinguir entre

queimadas violentas e moderadas e oferecendo melhores estimativas sobre a quantidade de

aerossóis e outros gases libertos pelas queimadas para a atmosfera.

A sensor MODIS apresenta as seguintes características:

Características Radiométricas: Os valores especificados da radiância do sensor para cada uma das

bandas estão na tabela a seguir. Estes valores podem mudar lentamente com o tempo, devido à

degradação própria dos sistemas de captação, pela exposição à radiação. A radiância máxima está

quantificada com classe dinâmica de 12 bits, o que implica 4.096 níveis ou contas digitais.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 72


Radiância Tamanho do Número de
Longitude Pixeis na
Banda Espectral (W/m2- Usos Principais pixel em terra linhas da
de onda (nm) imagem
mm-sr) (m) imagem
1 620 - 670 21.8 Limites de Terra,
250 5416 > 20000
2 841 - 876 24.7 Nuvens, Aerosois
3 459 - 479 35.3
4 545 - 565 29.0
Propriedades da Terra,
5 1230 - 1250 5.4 500 2708 > 10000
Nuvens, Aerosois
6 1628 - 1652 7.3
7 2105 - 2155 1.0
8 405 - 420 44.9
9 438 - 448 41.9
10 483 - 493 32.1
11 526 - 536 27.9
12 546 - 556 21.0 Biogeoquímica, Cor do
13 662 - 672 9.5 Oceano, Fitoplâncton
14 673 - 683 8.7
15 743 - 753 10.2
16 862 - 877 6.2
17 890 - 920 10.0
Vapor de Água
18 931 - 941 3.6
Atmosférico
19 915 - 965 15.0
20 3660 - 3840 0.45 (300K)
21 3929 - 3989 2.38 (335K) Temperatura de
22 3929 - 3989 0.67 (300K) Superfície e Nuvens
1000 1354 > 5000
23 4020 - 4080 0.79 (300K)
24 4433 - 4498 0.17 (250K) Temperatura
25 4482 - 4549 0.59 (275K) Atmosférica
26 1360 - 1390 6.0
Vapor de Agua Nuvens
27 6535 - 6895 1.16 (240K)
Cirros
28 7175 - 7475 2.18 (250K)
29 8400 - 8700 9.58 (300K) Propriedades das
Nuvens
30 9580 - 9880 3.69 (250K) Ozono
31 10780 - 11280 9.55 (300K) Temperatura de
32 11770 - 12270 8.94 (300K) Superfície, Nuvens
33 13185 - 13485 4.52 (260K)
34 13485 -13785 3.76 (250K) Altitude Máxima das
35 13785 -14085 3.11 (240K) Nuvens
36 14085 -14385 2.08 (220K)

Nota: As bandas foram ordenadas na tabela de acordo com os comprimentos de onda. As bandas 1-19 e 26 formam o conjunto
de bandas reflectivas. As bandas 20-25, 27-36 formam o conjunto de bandas emissivas.

Características Espaciais:

1. O tamanho do pixel varia de 250 a 1000m para as distintas bandas;

2. A largura da área observada é de 2.330 km e a quantidade de pixels na imagem varia para as

distintas bandas;

3. O comprimento da área observada depende do início e fim da cobertura. Em particular, como se

trata de aquisições em tempo real, o número de linhas é dado pelo tempo em que o satélite

mantém o segmento do terreno visível. Como consequência da variação do tamanho do pixel com a

banda, o número de linhas varia, mas consegue captar com mais de 5.000 km de comprimento.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 73


Características Temporais: Revisita de 2/1 dias enquanto se encontra na constelação.

Características Espectrais: 36 bandas espectrais, detalhadas na tabela a seguir.

Características dos produtos do MODIS e seus níveis de processamento

Para distribuição aos utilizadores, o formato dos dados do MODIS é o HDF (Hierarchical Data
Format). Os dados são entregues com um único nível de processamento definido como 1B. O HDF é
um formato que não depende da plataforma utilizada e sua estrutura lógica converte-se num dado
autodescritivo, permitindo a inclusão de uma grande quantidade de dados de diferentes tipos e
origens num mesmo arquivo. Um arquivo HDF contém, além das imagens propriamente ditas, dados de
calibração, navegação, informações a respeito da missão, características do sensor, indicadores de
qualidade, tipo e lugar do processamento, estação receptora, tempo de início e fim da captação da
imagem e referências geográficas, entre outros.

Os dados correspondentes ao nível 1B contêm as radiâncias calibradas e georreferenciadas para as


36 bandas geradas a partir do nível 1A. As radiâncias apresentam-se em unidades de watt.m-2.mm-
1.sr-1. Dados adicionais incluem índices de qualidade, estimativa de erros e dados calibrados.
As medições nas classes visíveis, infravermelho médio (SWIR) e infravermelho próximo (NIR) são
realizadas somente durante o dia, enquanto que as radiâncias para o campo do infravermelho térmico
(TIR) são realizadas de forma contínua.

Os produtos MODIS georreferenciados contêm coordenadas geodésicas, elevações do terreno,


zénite solar e satelital e ângulo azimutal para cada amostra de 1 km. Estes dados são fornecidos
juntamente com o conjunto de dados das radiâncias calibradas do nível 1B para poder chegar a
processamento de níveis mais altos. Estes campos de geolocalização são determinados a partir da
troca de altitude do satélite e do estado orbital, da telemetria instrumental e de um modelo de
elevação digital. Os objectos armazenados no formato HDF estão numa estrutura BSQ (sequencial
por banda). Em geral, os nomes dos arquivos são apresentados da seguinte maneira:
RES_calibrated_TER_oooo_dd-mmm-yyyy_hh_mm_ss.xxx.xxx

onde:
RES: resolução, conforme se indica na tabela:

RES Resolução correspondente [m]


QKM 250
HKM 500
1KM 1000

calibrated: nível de processamento calibrado


TER: satélite TERRA
oooo: número da órbita
dd-mmm-yyyy: data da tomada da imagem
hh_mm_ss: hora inicial do segmento produzido
xxx.xxx: código interno.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 74


O sensor MODIS possui três sistemas de calibração a bordo: um difusor solar SD - Solar Diffuser,
juntamente com um monitor de estabilidade do difusor solar SDSM - Solar Diffuser Stability
Monitor, um corpo negro BB - Black Body e um sistema de calibração espectroradiométrica SRCA -
Spectro-Radiometric Calibration Assembly.

Os arquivos que começam com "OBC" - On Board Calibration, contém os dados de calibração a bordo.
Os arquivos que contém as imagens incluem as bandas reflectivas, as bandas emissivas e outros
dados úteis. Nos arquivos do tipo QKM, as bandas presentes têm um resolução espacial de 250m, nos
do tipo HKM a resolução é de 500m e novamente aparecem as bandas de 250m, mas levadas a uma
resolução de 500m, acrescentando pixels mediante um promediado. Nos casos de 1km de resolução,
encontram-se novamente as bandas de 250m e de 500m, mas neste caso levadas a uma resolução de
1km acrescentando pixels mediante um promediado.
As bandas 13 e 14 estão projectadas para realizar medições em duas condições distintas de ganho
(baixo e alto) formando, então, duas bandas adicionais. Por esta razão se dispõe de um total de 38
bandas. As bandas 13 e 14 aparecem discriminadas como: 13lo y 13hi, 14lo y 14hi.

Arquivos de imagens:

Os nomes dos arquivos de imagem para o caso de 250m de resolução são do tipo:

(5416x21640x2) Earth View 250M Reflective Solar Bands


Scaled Integers
Ordem das Bandas: 1, 2

Os nomes dos arquivos de imagem para o caso de 500m de resolução são do tipo:
(2708x10820x5) Earth View 500M Reflective Solar Bands
Scaled Integers
Ordem das Bandas: 3, 4, 5, 6, 7

(2708x10820x2) Earth View 250M Aggregated 500M Reflective Solar Bands


Scaled Integers
Ordem das Bandas: 1, 2

Os nomes dos arquivos de imagem para o caso de 1km de resolução são do tipo:
(1354x5410x15) Earth View 1KM Reflective Solar Bands
Scaled Integers
Ordem das Bandas: 8, 9, 10, 11, 12, 13lo, 13hi, 14lo, 14hi, 15, 16, 17, 18, 19, 26

(1354x5410x2) Earth View 250M Aggregated 1km Reflective Solar Bands


Scaled Integers
Ordem das Bandas: 1, 2

(1354x5410x5) Earth View 500M Aggregated 1km Reflective Solar Bands


Scaled Integers
Ordem das Bandas: 3, 4, 5, 6, 7

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 75


(1354x5410x16) Earth View 1KM Emissive Bands
Scaled Integers
Ordem das Bandas: 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36

Em todos os casos, os números inteiros que aparecem entre parênteses no começo do nome do
arquivo representam: quantidade de pixeis X quantidade de linhas (variável conforme a passada) X
quantidade de bandas.

MOPITT é um instrumento desenhado para melhorar o nosso conhecimento sobre a camada mais

baixa da atmosfera e para, particularmente, observar a interacção desta com a biosfera terrestre e

marítima. O seu enfoque está na distribuição, transporte, fonte e depósitos do monóxido de carbono

e metano na atmosfera. O metano é um gás de estufa com cerca de 30 vezes mais poder de absorção

de calor que o dióxido de carbono; sabe-se que é libertado pelos pântanos, pelas manadas de gado e

pela queimada da biomassa mas, as quantidades libertadas por cada um destes não é conhecida. O

monóxido de carbono que é expelido pelas fábricas, carros e queimadas florestais retarda a

capacidade natural da atmosfera em se desfazer destes poluentes nocivos.

O MOPITT é o primeiro sensor de satélite a usar um espectroscópio de correlação gasosa. Com

este, o sensor mede a radiação emitida e reflectida pela terra em três canais espectrais. Quando a

radiação penetra no sensor, passa por dois trajectos diferentes com reservatório de monóxido de

carbono um e de metano o outro. Cada trajecto absorve uma determinada quantidade de energia,

conduzindo assim a que pequenas diferenças de sinal façam a correlação da presença desses gases

na atmosfera.

A resolução espacial do MOPITT é de 22 Km na vertical (nadir) e o sensor ‘vê’ a Terra em amplitudes

de 640 Km.

Envisat

O satélite Envisat foi lançado a 1 de Março de 2002 pela ESA - Agência Espacial Europeia, para a

cobertura global e regional de aspectos ambientais. Colocado a uma altitude de 782 Km e com uma

inclinação de 98.52º em relação ao plano equatorial, leva a bordo vários instrumentos, alguns dos

quais sensores de microondas activas para a medição da atmosfera e das superfícies terrestre,

marítima e do gelo, independentemente da cobertura das nuvens e das condições atmosféricas.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 76


Os principais sensores bordo do Envisat são:

• AATSR (Advanced Along Track Scanning


Radiometer);
• ASAR (Advanced Synthetic Aperture Radar);
• DORIS (Doppler Orbitography and Radiopositioning
Integrated by Satellite);
• GOMOS (Global Ozone Monitoring by Occultation of
Stars);
• MERIS (MEdium Resolution Imaging Spectrometer);
• MIPAS (Michelson Interferometer for Passive
Atmospheric Sounding);
• MWR (Microwave Radiometer);
• RA-2 (Radar Altimeter 2);
• SCIAMACHY (SCanning Imaging Absorption
SpectroMeter for Atmospheric CHartographY).

O Envisat é um satélite ambicioso e inovativo que permite monitorar a evolução das mudanças

ambientais e climáticas e vai, também, assegurar a continuação dos dados proporcionados pelos

anteriores satélites da ESA, da série ERS.

Cada um dos sensores tem uma função específica, tal como se segue:

O sensor AATSR foi desenhado para dar continuidade aos dados de medição precisa da temperatura

da superfície do mar, anteriormente captados por outros instrumentos a bordo dos satélites

europeus da série ERS.

O Instrumento ASAR é uma versão aprimorada do SAR, que já estava operando a bordo dos

satélites ERS-1 e ERS-2. Possui uma antena de 10 m de comprimento e opera em 5 modos distintos,

com resoluções variando de 25 m a 1 Km, especialmente desenvolvido para observar áreas

continentais, áreas oceânicas e zonas polares. Por exemplo, no modo "Wide Swath", podem ser

adquiridas imagens de 150 m de resolução e 400 Km de faixa cobertura.

Operando numa frequência da Banda C, o ASAR assegura a continuidade no fornecimento de dados

no modo imagem (SAR) dos satélites da série ERS e no modo "wave" do instrumento AMI dos

mesmos satélites. Ele oferece assim capacidades ampliadas em termos de cobertura, de variação de

ângulos de incidência, polarização e modo de operação.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 77


Esta evolução foi possível graças às significativas melhorias incluídas na construção do novo ASAR:

uma antena activa do tipo "array" equipada com módulos distribuídos de recepção e transmissão que

possibilitam a separação dos sinais de transmissão e recepção, um gerador digital de onda para a

geração do pulso "chirp", um sistema de quantificação adaptado em bloco e um modo de operação do

ScanSAR por varredura de sinal em elevação.

O princípio de medição do ASAR depende do emprego de um sinal coerente e do conhecimento

aprofundado do ponto exacto de recepção e transmissão do pulso de energia da onda radar. As

principais aplicações das imagens ASAR são:

Mapeamento e monitoramento do movimento das áreas e placas de gelo

Monitoramento e vigilância dos oceanos (poluição, detecção de navios, actividades off-shore)

Cartografia e Topografia, Modelos Numéricos de Terreno

Mapeamento se superfície, para geologia e hidrologia)

Mapeamento de movimentos superficiais de solo ( subsidências, movimentos sísmicos)

Mapeamento da vegetação ( desmatamento florestal, monitoramento agrícola)


Acompanhamento de desastres naturais ( terremotos, incêndios florestais, inundações).

O sensor DORIS foi concebido para fins múltiplos:


• Ajudar a compreender melhor a dinâmica da crosta terrestre;
• Monitorar os glaciares, a cobertura terrestre e os vulcões;
• Melhorar a modelagem do campo de gravidade da Terra e da ionosfera.

Este instrumento embarcou para o espaço, pela primeira vez, a bordo do SPOT 2, em 1990.

GOMOS é o instrumento mais recente da ESA para o monitoramento do ozono. O seu antecessor
GOME (Global Ozone Measurement Experiment), foi o primeiro sensor europeu para o mesmo fim, a
bordo do satélite ERS-1. Enquanto que o GOME só faz medições para determinar o perfil e as
quantidades de ozono e de outros gases envolvidos na fotoquímica da camada do ozono, o GOMOS
também realiza o monitoramento contínuo (dia e noite) destes gases e o seu mapeamento preciso,
registando os perfis da temperatura e o teor de vapor de água.

O sensor MERIS é um espectrómetro imageador do tipo "pushbroom", com ângulo de visão de 68.5
graus, que mede e grava a intensidade da radiação solar reflectida pela Terra. Possui 15 bandas
espectrais que podem ser programadas tanto na sua posição no espectro electromagnético como
largura de sensibilidade, na faixa da energia visível e infravermelho.

MERIS completa a cobertura completa da terra em 3 dias e a sua faixa de cobertura é de 1.150 Km

de largura; a resolução das imagens é de 300 ou 1.200 m, dependendo da configuração de captação.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 78


A missão primária do MERIS é medir a coloração dos oceanos e das áreas costeiras. O dados sobre a
cor dos oceanos pode ser convertido em medição da concentração de pigmento clorofila e conhecer
assim a cartografia da concentração de fitoplâncton dos oceanos, bem como a concentração de
sedimentos e carga de aerossóis no ambiente marinho de estudo.

As principais informações extraídas das imagens MERIS são :


Propriedades biofísicas dos oceanos e águas costeiras, (estimativa de concentração do
fitoplâncton, detecção de poluição marinha, gestão de áreas costeiras, gestão da pesca...);
Dados sobre a Vegetação nos Continentes (Mapeamento da vegetação, gestão florestal).

O sensor MERIS é capaz de detectar e monitorar a dinâmica nas áreas de correntes ascendentes e
estimar a sua produção primária. Estas informações são preciosas na gestão da pesca, pois as
principais áreas para a pesca se encontram em correntes ascendentes muito produtivas. Qualquer
mudança climática tem um impacto na intensidade e na localização das áreas de ascensão das
correntes, com repercussões imediatas na indústria da pesca em algumas regiões.

MIPAS foi concebido para medir o espectro das emissões gasosas de alta resolução no limbo
terrestre. Opera na banda do IR próximo e médio. Os objectivos principais deste sensor são:
• Medição global e simultânea dos parâmetros geofísicos na média atmosfera:

Química da estratosfera - O3, H2O, CH4, N2O, e HNO3;


Climatologia - Temperatura, CH4, N2O, O3 ;
• Estudo da composição química, dinâmica e regime da radiação na média atmosfera;
• Monitoramento do O3 e dos clorofluorcarbonetos (CFC's) na estratosfera.

O MWR serve para medir o perfil integrado do vapor de água na atmosfera e do conteúdo líquido
das nuvens, de maneira a determinar os parâmetros de correcção do sinal do radar altimétrico. Para
além disto, as suas são úteis para a determinação da emissividade terrestre e da humidade do solo
na terra para a investigação da quantidade de energia na superfície como suporte aos estudos
atmosféricos e de caracterização do gelo.

O Radar Altimétrico (RA-2) serve para determinar com precisão o atraso bidireccional do ‘eco’ do
radar na superfície terrestre. Os resultados permitem determinar a velocidade do vento e a altura
nas ondas marítimas. Também mede a potência e a forma dos impulsos reflectidos. O RA-2 é uma
versão melhorada do radar altimétrico utilizado nos satélites europeus da série ERS. As suas
medições são, também, úteis para determinar a topografia oceânica como suporte para a
investigação da circulação oceânica, batimetria e características da geóide marinha.

SCIAMACHY é resultado de uma pesquisa conjunta Alemã/Holandesa, com contribuições da Bélgica


e do Reino dos Países Baixos e a sua missão é a de proporcionar resultados da medição dos gases na
troposfera e estratosfera.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 79


Aqua

Aqua é um dos satélites americanos desenhados


especificamente para estudar a longo prazo a natureza, a
dinâmica e as implicações das mudanças globais, já que estas
são inevitáveis. Lançado em 4 de Maio de 2002, está
posicionado numa órbita polar a 705 km de altitude.

Tal como o satélite Terra, Aqua leva a bordo vários


instrumentos, cada um com a sua missão.

Os instrumentos a bordo são os seguintes:

• AMSR/E - Advanced Microwave Scanning Radiometer;

• MODIS - Moderate-resolution Imaging Spectroradiometer;

• AMSU - Advanced Microwave Sounding Unit;

• AIRS - Atmospheric Infrared Sounder;

• HSB - Humidity Sounder for Brazil

• CERES - Clouds and the Earth's Radiant Energy System

Como se pode ver pela lista acima, alguns dos sensores a bordo deste satélite são também utilizados
no satélite Terra, nomeadamente o MODIS e o CERES. Deixando estes, falemos dos outros: O
sensor AMSR/E possui 12 canais espectrais e estuda as propriedades das nuvens, o fluxo de energia
radiactiva, a precipitação, a humidade da superfície da terra, o gelo marítimo, a cobertura da neve, a
temperatura da superfície marítima e os ventos à superfície do mar. Este sensor foi desenvolvido
pelos japoneses.

AMSU é um instrumento composto por dois sensores, o AMSU-A1 e o AMSU-A2, com 15 canais cada
A sua missão primordial é a medição da temperatura e humidade atmosférica.

AIRS é um sensor de medição simultânea em mais de 2 300 canais espectrais em intervalos de 0.4 a
1.7 µm e 3.4 e 15.4 µm. Trata-se de uma sonda atmosférica que mede a temperatura e humidade
atmosférica, temperaturas da superfície da terra e do mar e fluxo de energia radiactiva.

HSB é um sensor brasileiro, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com a missão de
medir a humidade atmosférica em 5 canais espectrais.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 80


O satélite Aqua visa os seguintes elementos do sistema terrestre:

Atmosfera

• Temperatura, humidade e precipitação, como variáveis centrais que determinam as condições


globais e locais do tempo;
• Aerossóis, que são partículas minúsculas de água e matéria sólida suspensas na atmosfera e
influenciam os padrões do tempo com a absorção ou difusão da radiação solar ou atraindo a
condensação para formar nuvens;
• Nuvens, que são a maior fonte de água fresca no mundo e possuem um grande impacto no
clima, pela radiação solar reflectida para o espaço ou pela absorção da radiação terrestre;

Superfície terrestre

• Tipos de cobertura vegetal (vegetação, culturas) e sua influência no clima regional e global. A
cobertura vegetal é afectada pelas variações climáticas contribuindo para as mudanças de
uso da terra (desertificação, urbanização);
• Ocorrência de queimadas e focos de fogo;
• Temperatura e humidade da superfície terrestre;
• Dinâmica da vegetação (tipo, distribuição, propriedades biofísicas).
• Efeito dos vulcões (partículas atmosféricas).

Oceanos

• As variações no interior dos oceanos, que podem afectar a pesca bem como as quantidades
de distribuição de calor e de trocas químicas entre os oceanos e a atmosfera.
• Variações na temperatura superficial dos mares que podem, particularmente, indicar
mudanças com impacto na produtividade dos oceanos e do tempo em escala global;
• Ventos superficiais marítimos.

Criptosfera

• A neve na criptosfera, que influencia o clima, absorvendo a radiação e conservando o calor no

solo, o que provoca a formação de massas de ar fria. A quantidade de cobertura de neve

pode indicar cheias ou secas eminentes.

• O gelo nos mares, que afecta o clima através da sua habilidade em insular a água contra as

perdas de calor e da forte reflexão da energia solar, reduzindo a quantidade de radiação

solar absorvida pela superfície terrestre.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 81


Okean - Ocean Remote Sensing System

A série Okean opera desde 1983, aquando do lançamento dos satélites


soviéticos Kosmos-1500. Okean-01 fornece imagens a partir de
instrumentos de radar, microondas e ópticos, destinadas a ajuda à
navegação, pescas e monitoramento costeiro. Uma das suas mais
importantes funções, é o estudo da cobertura de gelo nas regiões do
Árctico, Antárctico e nos mares do Norte.

Possui um instrumento independente, o RLS-BO (side-looking radar and information-gathering


system) para a verificação das condições do tempo, especialmente a cobertura das nuvens.

Numa altitude de 600-650 km, com uma inclinação de 82-83°, o satélite Okean-1 possui órbita
circular quase-polar.

Características técnicas do OKEAN-1

Instrumentos Parâmetros principais


Resolução: 1.5-2.0 km
Radar de visada lateral (RLS-BO) Cobertura: 450 km
Comprimento de onda: 3.2 cm
Resolução: 15 km
Radiómetro UHF (RM-08) Cobertura: 550 km
Comprimento de onda :0.8 cm
Resolução: 370 km
Radiómetros de media resolução (MSU-S) Cobertura: 1100 km
Canais espectrais: 0.6-0.7 um; 0.8-1.1 um
Resolução : 2 km
Cobertura : 1900 km
Radiómetros de baixa resolução (MSU-M)
Canais espectrais: 0.5-0.6 um; 0.6-0.7 um; 0.7-
0.8 um; 0.8-1.1 um
Sistema de colecta e transmissão de dados a Transmissão de dados a partir das estações e
partir das estações no mar e no gelo (Kondor) geo-posicionamento de estações

OKEAN-2 foi lançado em 17 de Julho de 1999, numa órbita circular heliosíncrona e posicionado numa
altitude de 650 a 670 Km, com inclinação de 98º e leva a bordo os seguintes instrumentos:
• Um instrumento radiofísico composto por dois radares: o RLS-BOL (left-viewing side-
looking radar) e o RLS-BOR (right-viewing side-looking radar);
• Dois radiómetros de captação de UHF, o R-225 e o R-600;
• Um radiómetro de microondas, o Delta-2D;
• Um radiómetro de alta resolução, o MSU-V;
• Dois radiómetros de média resolução, os MSU-K;
• Um radiómetro de rádio-televisão, o MSU-M.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 82


Parâmetros técnicos do RLS-BO e do Radiómetro UHF

Parâmetro RLS-BO R-225 R-600

Comprimento de onda de funcionamento 3 cm 2.25 cm 6 cm

Resolução média em altitude de 668 km 1.3 – 25 Km 130 km 135 Km

Resurs (Ocean Remote Sensing System)

Lançada em 4 de Outubro de 1994, numa órbita heliosíncrona circular, a

série Russa RESURS, leva abordo dois tipos de instrumentos: o MSU-E,

comparável aos sensores do Landsat e outros satélites, e o MSU-SK,

diferente dos demais, com uma ampla cobertura e média resolução, para

fazer a ponte entre os dados dos SPOT/Landsat e do NOAA AVHRR.

Características técnicas

Altitude media, Inclinação 678 km, 98.04

Excentricidade 0.0128

Ciclo de cobertura 21 dias

Período da órbita 98 minutos

Massa do satélite 1950 kg

Veloc. de transmissão de dados 7.68 Mbits/s

Frequência de ligação às estações 8192 MHz

Duração útil 2 anos

Parâmetros técnicos do MSU-E e MSU-SK

MSU-E MSU-SK
I: 0,54-0,60 (0,54-0,59) µm
I: 0,50-0,59 (0,50-0,59) µm II: 0,60-0,72 (0,60-0,72) µm
Canais espectrais II: 0,61-0,69 (0,60-0,69) µm III: 0,72-0,82 (0,72-0,80) µm
III: 0,81-0,90 (0,77-0,92) µm IV: 0,81-1,00 (0,82-1,01) µm
V: 10,30-11,75 (10,35-11,75) µm
Cobertura 45 km (nadir); 63 km (off-nadir) 600 km
Área de visibilidade 800 km 137/548 m
34 – 45 m (nadir);
Resolução
60 - 66 m (off-nadir)
Velocidade de scanagem 200 linhas por segundo 50/12,5 linhas por segundo

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RocSat-1

RocSat-1 é um satélite de órbita de baixa

altitude desenvolvido conjuntamente por uma

equipa de técnicos da TRW dos EUA e

engenheiros taiwaneses da NSPO. Foi lançado

no dia 27 de janeiro de 1999 e colocado numa órbita de 600 quilômetros de altitude e 35º de

inclinação. RocSat-1 foi desenvolvido para levar a cabo três missões de pesquisa científicas: mapear

a cor dos oceanos, testar o protoplasma e a electrodinâmica da ionosfera e fazer experiências de

comunicação de plataformas usando a banda Ka (20-30 GHz).

Com este projeto, a NSPO estava apostada a construir uma infra-estrutura para o seu próprio

programa espacial em Taiwan e a ganhar experiência de engenharia em sistemas espaciais. Por isso é

que a NSPO enviou uma equipa de engenheiros aos EUA para estagiar com os colegas da TRW. O

objectivi foi atingido: os engenheiros da NSPO aprenderam a desenhar, fabricar e testar o

lan;amento de satélites.

Características do RocSat-1

Órbita, altitude média e inclinação Órbita circular, altitude de 600 km e 35º de inclinação

Forma da plataforma hexahedronal

Tamanho da plataforma 2.1 m (altura) x 1.1 m (largura)

Tamanho dos painéies solares 7.2 m

Massa do satélite 395 kg

Previsão de vida do satélite 4 anos

Duração da missão 2 anos (

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 84


VII. Satélites de Teledetecção (para o estudo dos recursos terrestres)

As imagens abaixo mostram as plataformas dos actuais Satélites de Teledetecção, alguns dos quais

da nova geração, com muito alta resolução .

LANDSAT 1, 2, 3, 4, 5 LANDSAT 7

SPOT 1, 2, 3 E 4
SPOT 5

IRS
JERS 1

RADARSAT ERS 1, 2

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 85


KOMPSAT IKONOS

QUICKBIRD EROS A

CBERS ORBVIEW

Fig.19 Plataformas de alguns satélites de teledetecção actuais

7.1 Satélites de Teledetecção com Sensores Ópticos

7.1.1 Série Landsat

Os satélites da série Landsat fazem parte de um programa de estudos dos recursos terrestres.

No dia 23 de Julho de 1972, a NASA lançou nos stados Unidos um primeiro satélite chamado ERTS 1

- Earth Resources Technology Satellites, no quadro do Programa Espacial" Earth Resources

Technology Satellite". Este Programa Espacial e os satélites que o compõe foi em seguida rebatizado

"Landsat" para melhor sugerir o enfoque do seu esforço sobre a Teledetecção de Recursos Naturais

Terrestres.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 86


Foram lançados 7 satélites do Programa Landsat, desde 1972 , como se segue:

• Landsat 1: Lançado em 23/07/72 - Desactivado em 06/01/78


• Landsat 2: Lançado em 22/01/75 - Desactivado em 52/02/82
• Landsat 3: Lançado em 05/03/78 - Desactivado em 31/03/83
• Landsat 4: Lançado em 16/07/82 – Semi-desactivado (em standby)
• Landsat 5: Lançado em 01/03/84 - Activo até o momento
• Landsat 6: Lançado em 05/10/93 - Perdido após o lançamento
• Landsat 7: Lançado em 15/04/99 - Activo até o momento, mas com anomalias

A primeira geração do programa Landsat, composta de 3 satélites, Landsat 1-2-3, tinha 2

instrumentos: a Câmara RBV - Return Beam Vidicon e o MSS - Multispectral Scanner. Em razão de

problemas técnicos no RBV e da superioridade técnica do MSS, do ponto de vista espectral e

radiométrico, o RBV foi muito pouco utilizado.

A segunda geração foi iniciada em 1982 como lançamento do satélite Landsat 4, que levou a bordo o

instrumento TM - Thematic Mapper, para além do MSS.

O Landsat 5, de acordo com as previsões técnicas baseadas na performance actual do satélite,

deverá operar por mais alguns anos.

O LANDSAT 6 foi infelizmente perdido logo após o seu lançamento e o Landsat 7 marca o início da

terceira geração do programa Landsat.

Resumo das características dos Satélites Landsat 1-2-3-4-5

Fig. 20 Funcionamento do sensor MSS

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 87


Sensores MSS e TM - suas características

Thematic Mapper - TM
Bandas 1 2 3 4 5 6 TIR 7
Faixa (µm ) 0.45 - 0.52 0.52 - 0.60 0.63-0.69 0.76 - 0.90 1.55-1.75 10.42 - 12.50 2.08-2.35
Resolução (m) 30 30 30 30 30 120 30
Multi-Spectral Scanner - MSS
Bandas 1 2 3 4
Faixa (µm ) 0.5 - 0.6 0.6 - 0.7 0.7 - 0.8 0.8 - 1.1
Resolução (m) 80 80 80 80

Características das Órbitas Landsat

As órbitas do Landsat são :

• heliosíncronas, passando na mesma hora solar em qualquer ponto observado;

• circulares, quase polares, permitindo assim uma cobertura completa da terra entre 81°N e 81°S;

• Altitude: 705 km;

• Velocidade: equivalente a 7,7 km/seg. no solo;

Fig. 21 Características da órbita do Landsat

O ciclo orbital do LANDSAT 1-2-3 é de 18 dias. Para o LANDSAT 4, 5 and 7 é de 16 dias.

Actualmente, o Landsat 5 e o Landsat 7 estão com um intervalo de tempo para captar a mesma área

de 8 dias exactamente, ou seja, existe agora duas vezes mais dados Landsat do que antes do

lançamento do Landsat 7.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 88


A área captada pelo Landsat, seja MSS ou TM é uma faixa de 185 Km, recortada em cenas de 185

km x 170 km . O satélite demora 24 s para captar esta área.

Fig. 22 Características dos sensores do Landsat

Produtos e Serviços gerados a partir das imagens Landsat 1-2-3-4-5

Imagens Landsat 1-2-3 MSS, úteis para perícias nas quais as observações antigas são necessárias,
estão disponíveis nos Centros de Recepção de Imagens. A resolução original é de 79 m, reamostrada
a 80 ou 57 m ou sob medida para o cliente.

LANDSAT5, sensor TM (Thematic Mapper)

As imagens do Landsat 5, dependendo da Estação de Recepção, estão disponíveis de imediato a


partir do dia da sua aquisição. A qualidade da cena e a avaliação da cobertura de nuvens são geradas
pela estação de recepção, que gera igualmente os Quick-Looks das cenas que estão disponíveis e
podem ser enviadas ao cliente sem custo adicional (pela Internet), para avaliação.

Suporte das Imagens

As imagens Landsat5 TM brutas ou corrigidas, seja em produtos digitais ou analógicos, de acordo

com a escolha do cliente e ajustados para suas aplicações, estão disponíveis no Centro Nacional de

Cartografia e Teledetecção (CENACARTA), na seguinte forma:

Produtos digitais em qualquer formato ou mídia, em todos os níveis de correcção geométrica

e georeferenciados a partir de pontos de controle terrestre obtidos em cartas topográficas

à escala 1:50 000.

Produtos em papel fotográfico ou papel gráfico de alta resolução, na escala 1:250.000 a


1:50.000 (1: 25.000 em alguns casos), em todos os níveis de correcção geométrica e
georeferenciadas a partir de GCPs obtidos em cartas topográficas à escala 1:50 000.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 89


Características Espectrais do sensor TM no Landsat 5

Banda Faixa (µm) Principais características e aplicações das bandas TM do satélite LANDSAT-5

Apresenta grande penetração em corpos de água, com elevada transparência,


permitindo estudos batimétricos. Sofre absorção pela clorofila e pigmentos
1 (0,45 - 0,52) fotossintéticos auxiliares (carotenóides). Apresenta sensibilidade a nuvens
de fumaça oriundas de queimadas ou actividade industrial. Pode apresentar
atenuação pela atmosfera.

Apresenta grande sensibilidade à presença de sedimentos em suspensão,


2 (0,52 - 0,60) possibilitando sua análise em termos de quantidade e qualidade. Boa
penetração em corpos de água.

A vegetação verde, densa e uniforme, apresenta grande absorção, ficando


escura, permitindo bom contraste entre as áreas ocupadas com vegetação e
sem vegetação (ex.: solo nu, estradas e áreas urbanas). Apresenta bom
contraste entre diferentes tipos de cobertura vegetal (ex.: floresta densa e
aberta). Permite análise da vanação litológica em regiões com pouca
3 (0,63 - 0,69)
cobertura vegetal. Permite o mapeamento da drenagem através da
visualização da mata galérica e margens dos cursos dos rios em regiões com
pouca cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar manchas
urbanizadas, incluindo identificação de novas áreas de urbanização. Permite a
identificação de áreas agrícolas.

Nesta banda os corpos de água absorvem muita energia e ficam escuros,


permitindo o mapeamento da rede de drenagem e delineamento de corpos de
água. A vegetação verde, densa e uniforme, reflecte muita energia,
aparecendo bem clara nas imagens. Apresenta sensibilidade à rugosidade da
copa das florestas. Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno,
4 (0,76 - 0,90) permitindo a obtenção de informações sobre Geomorfologia, Solos e
Geologia. Serve para análise e mapeamento de feições geológicas e
estruturais. Serve para separar e mapear áreas ocupadas com pinho e
eucalipto. Serve para mapear áreas ocupadas com vegetação que foram
queimadas. Permite a visualização de áreas ocupadas com macrófitas
aquáticas. Permite a identificação de áreas agrícolas.

Apresenta sensibilidade ao teor de humidade das plantas, servindo para


observar estresse na vegetação, causado por desequilíbrio hídrico. Esta
5 (1,55 - 1,75)
banda sofre perturbações em caso de ocorrer excesso de chuva antes da
obtenção da cena pelo satélite.

Apresenta sensibilidade aos fenómenos relativos ao contraste térmico,


6 (10,4 - 12,5) servindo para detectar propriedades termais de rochas, solos, vegetação e
água.

Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo obter


informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia. Esta banda serve para
7 (2,08 - 2,35)
identificar minerais com iões hidróxidos. Potencialmente favorável à
discriminação de produtos de alteração hidrotermal.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 90


Nível de processamento das Imagens Landsat 5

Usando a terminologia habitualmente usada no CENACARTA, as cenas Landsat 5, completas,

quadrante ou extracto, digital ou papel, estão disponíveis nos seguintes níveis:

Nível 4: Sem correcção geométrica, apenas com correcção radiométrica para compensar eventuais

problemas de qualidade da imagem provocados pelo sistema de scanner, e calibração radiométrica

com equalização de sensores, destriping, etc...

Nível 5: Além da correcção de nível 4, inclui correcção geométrica de sistema a partir de dados da

órbita e altitude do satélite, reamostrado por "vizinho mais próximo". Aconselhado quando a imagem

será usada para estudos de radiometria dos alvos. A cena é corrigida para uma projecção

cartográfica mas a sua orientação mantém-se inalterada.

Nível 6: Adicionalmente as correcções existentes no nível 5, correcções geométricas a partir de

pontos de controle terrestre obtidos em cartas topográficas, reamostrado por "Convolução

Bicúbica". Resulta numa qualidade gráfica superior da imagem, alinhada numa projecção cartográfica

determinada (UTM,...) e num Datum escolhido (TETE, WGS84,...).

Nível 7 (Alta Precisão Orto): Correcção com recurso a um Modelo Numérico de Terreno, para

corrigir as distorções provocadas pelo relevo e obter uma projecção ortogonal.

Resumo das características do Satélite Landsat 7

O Landsat7 é o mais recente satélite em operação do programa Landsat, financiado pelo Governo

Americano. O novo satélite foi lançado em abril de 1999, com um novo sensor a bordo denominado

ETM+ - Enhanced Thematic Mapper Plus. A operação do satélite em órbita é administrada pela

NASA e sua produção e comercialização de imagens fica sob os cuidados da USGS - United Sates

Geological Survey. A sua vida útil está prevista para ser superior a 5 anos em orbita.

Uma imagem LANDSAT 7 ETM+ é composta por 8 bandas espectrais que podem ser combinadas em

inúmeras possibilidades de composições coloridas e opções de processamento. Entre as principais

melhorias técnicas se comparado ao seu antecessor, o satélite Landsat 5, destacam-se a adição de

uma banda espectral (banda pancromática) com resolução de 15 m, melhorias nas características

geométricas e radiométricas e o aumento da resolução espacial da banda termal para 60 m. Esses

avanços tecnológicos permitem qualificar o LANDSAT 7 como sendo o satélite mais interessante

para a geração de imagens satélite com aplicações directas até a escala 1:25.000, em áreas rurais

principalmente, mesmo em grandes extensões de território.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 91


As imagens do Landsat7 captadas pelo sensor ETM+ apresentam a melhor relação custo/benefício

entre os dados gerados por satélites de média resolução ( 15 a 30 metros) actualmente oferecidos

no mercado. As imagens Landsat 7 ETM+ são um produto com muito boa aceitação no mercado.

A Órbita do Landsat 7

O Landsat7 pode adquirir imagens numa área que se estende desde 81º de latitude norte até 81º de

latitude sul e obviamente, em todas as longitudes do globo terrestre.

Uma órbita do Landsat7 é feita em cerca de 99 minutos, permitindo ao satélite dar 14 voltas à

Terra por dia e cobrindo totalmente o planeta em 16 dias. A órbita é descendente, ou seja, de norte

para sul, o satélite cruza a linha do Equador entre 10:00 e 10:15 (hora local) em cada passagem. O

Landsat7 é "heliosíncrono", ou seja sempre passa num mesmo local no mesmo horário solar.

Outro facto importante é que o LANDSAT 7 tem o mesmo período de revisita que o Landsat5 (16

dias), e a sua orbita é de tal maneira que resultou na mesma grade de referência do LANDSAT 5

(WRS2) e tem a mesma área captada (185 x 185 km por cena). A conservação destes parâmetros

técnicos facilita o processo de pesquisa de imagens, pois pode ser feito com a mesma grade de

referência e ha uma perfeita integração no processamento das imagens do LANDSAT 7 com dados

históricos do LANDSAT 5 existentes desde 1985, no caso de utilização dos dois tipos de dados

simultaneamente no mesmo projecto para a mesma área como por exemplo em estudo multitemporal.

Diferenças notáveis entre o Landsat 7 e o Landsat 5

• Adição no Landsat7 de uma banda Pancromática com resolução espacial de 15m

• Aprimoramento no sistema de calibração radiométrica dos sensores, o que garante uma

precisão radiométrica absoluta de +/-5%.

• Aprimoramento na geometria de captação, o que resulta numa maior precisão em imagens

corrigidas apenas a partir de dados de efemérides de satélite geradas pelo GPS de bordo,

muito próxima da precisão obtida com imagens georeferenciadas com pontos de controle

cartográficos.

Bandas Espectrais e Resolução Espacial do ETM+

• As bandas do visível e do infra vermelho mantiveram a resolução espacial de 30 m do Landsat

5 (canais 1,2,3,4,5 e 7);

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 92


• As bandas do infra vermelho termal (canais 6L e 6H) passam a ser adquiridas com resolução

de 60 metros, contra 120 m no Landsat 5;

• A nova banda Pancromática (canal 8) tem 15 m de resolução espacial.

O quadro comparativo abaixo ilustra as diferenças de resolução espectral entre o sensor TM do

Landsat5 e o sensor ETM+ do Landsat 7. Os valores abaixo, em µ, representam os limites de

comprimentos de onda de sensibilidade das bandas espectrais:

Banda
Sensor Banda 1 Banda 2 Banda 3 Banda 4 Banda 5 Banda 6 Banda 7
8
TM 0.45 0.52 0.52 0.60 0.63 0.69 0.76 0.90 1.55 1.75 10.4 12.5 2.08 2.35 -
0.52
ETM+ 0.45 0.52 0.53 0.61 0.63 0.69 0.78 0.90 1.55 1.75 10.4 12.5 2.09 2.35
0.90

A banda Pancromática – (banda 8)

A banda Pancromática é a grande novidade no Landsat7 e no sensor ETM+. A sua resolução espacial

de 15 m, correlado com as demais bandas, possibilitam que as imagens geradas sejam trabalhadas

para ampliações até escala 1:25.000. Trabalha na faixa espectral de 0.52 - 0.90 (µm) gerando uma

imagem de boa separabilidade dos alvos de interesse tanto em área rural como urbana.

A banda Termal – (banda 6)

O Landsat 7 gera a banda 6 com ganho baixo (Canal 6L) e ganho alto (Canal 6H). Isso permite várias

opções de análise e aplicações, tais como a medição relativa de temperatura radiante ou o cálculo de

temperatura absoluta.

Níveis de processamento das imagens Landsat7 e Produtos Derivados

Em todas as imagens e, isto, vale para todos os satélites comercialmente disponíveis e não somente o

Landsat7, as correcções de sistema são algoritmos de rectificação da imagem bruta aplicada

automaticamente na estação de recepção, usando-se parâmetros espaciais contidos nos arquivos

descritores da imagem (dados de posicionamento e efemérides do satélite), para minimizar as

variações espaciais internas na imagem em seu estado bruto, decorrentes do ângulo de curvatura da

terra, variações na velocidade, altura e atitude do satélite, deslocamentos de órbita, etc.

As imagens Landsat7 estão disponíveis em 3 níveis de correcção geométrica: Recomendamos

unicamente o nível de correcção 1G ou os 2 níveis superiores de correcção, os demais (Nível 0 ou

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 93


Nível 1 R) não apresentando características geométricas ou radiométricas que são directamente

utilizáveis para a grande maioria das aplicações temáticas de mercado e não serão explicadas aqui.

Nível de correcção sistemática "1G": a imagem é radiometricamente e geometricamente corrigida

de forma sistemática e associada a um sistema de projecção cartográfica. O sistema de projecção

cartográfica pode ser UTM, ... e o datum horizontal de referência utilizado para a correcção é

geralmente WGS 84. Teoricamente, a precisão geométrica e espacial de um produto 1G é de pelo

menos 250 metros em áreas planas e ao nível do mar. Todavia, durante a fase de teste, as imagens

analisadas apresentaram uma precisão geométrica superior a esse valor. Os algoritmos de correcção

modelizam a posição do satélite e a geometria do sensor através de dados que o computador de

bordo grava durante a cobertura. A altitude do satélite, efemérides e parâmetros de atitude do

satélite, descritos no arquivo PCD - Payload Correction Data e no arquivo CPF - Calibration

Parameter File, são componentes fundamentais usados para a geração de produtos 1G e garantem a

fidelidade geométrica geral da imagem 1G.

Nível de correcção de precisão com pontos de apoio (1P): Não é um processo automático e não é

uma correcção sistemática. Este nível de processamento exige intervenção adicional de um operador.

A imagem nível 1G descrita acima é ajustada com pontos de controle disponíveis em mapa ou com

pontos de controle gerados por GPS. A precisão geométrica alcançada é de até 1/2 pixel. Estes

produtos são elaborados sob medida para o cliente.

Nível de correcção Ortorectificado (1T): O mesmo descrito acima mas usando adicionalmente um

Modelo Numérico de Terreno ou Modelo Digital de Elevação (MNT ou DTM) para corrigir todas as

distorções, inclusive aquelas geradas pelo relevo da região captada. É recomendado que o MNT

tenha uma resolução compatível com a resolução da imagem que está sendo corrigida para gerar bons

resultados. Estes produtos são elaborado sob encomenda para o cliente.

"Imagem de Fusão" ou "Merge": Produto derivado da fusão entre o canal de melhor resolução

espacial (banda PAN, 15 metros) com o de melhor resolução espectral.


A interpretação das imagens satélite pelos utilizadores finais depende principalmente dos atributos

de textura e cor presentes na imagem, para descriminar alvos que apresentam grande variedade,

como tipos de vegetação e espécies, padrões específicos de uso e ocupação do solo e interpretações

ligadas à morfologia. As imagens geradas pela fusão espectral (merge) reúnem numa única imagem

feições texturais (qualidade geométrica) oriundas do canal de melhor resolução espacial (15 m PAN)

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 94


e a informação temática resultante da combinação dos diversos canais espectrais disponíveis (6

bandas espectrais com resolução espacial de 30 m).

Utiliza-se sempre como princípio original de geração da "fusão" ou do "merge" de um lado a banda

Landsat 7 sensor ETM+ com resolução de 10 ou 15 m (PAN) e de outro lado, 3 bandas de 30 m de

resolução (multiespectrais) a escolher, para produzir novas imagens com:

• Qualidade geométrica do PAN


• Qualidade radiométrica das demais bandas escolhidas.

Assim, as possibilidades de combinações são tão numerosas quanto as possibilidades de combinação

de 3 bandas com resolução original de 30 m.

Formatos e suportes existentes

As imagens Landsat7 brutas ou derivadas do processo de fusão estão disponíveis em produtos

digitais e analógicos, de acordo com a escolha do cliente e ajustados para suas aplicações:

Escala de Ampliação Reamostragem do Pixel Área de Trabalho


1:50.000 15 m Quadrante até Cena

1:25.000 10 m Extracto até Quadrante

Status actual do Landsat 7

A 31 de Maio de 2003 foi descoberta uma anomalia no sensor ETM+ do Landsat7 que se manifesta,

nas imagens captadas, por certos artefactos indesejáveis (listragem oblíqua). Os peritos da

investigação das causas e tentativa de sua correcção concluíram, em 16/09/03, que se tratava de

uma avaria electro-óptico-mecânica incorrigível, que provocava uma falha sistemática no corrector

de scanagem de linhas (SLC). Como solução, o SLC teve de ser desactivado, passando o satélite a

adquirir imagens em modo SLC-off.

No modo de captação SLC-off, as imagens mantêm-se fiáveis na sua área central, porém, com

duplicação de dados nas extremidades. A USGS EDC está a desenvolver o software necessário para

corrigir esse defeito nas extremidades, antes da distribuição das imagens aos clientes.

A seguir a explicação técnica:

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 95


Diagrama do sistema óptico-mecánico do sensor ETM+

O SLC faz a compensação do movimento do satélite. As figuras abaixo mostram a captação de dados

com a compensação SLC e sem a compensação SLC.

Funcionamento do SLC

Uma imagem parcial mostrando o cenário antes


da anomalia (em cima), durante a anomalia
(centro) e depois da correcção com métodos de
interpolação usados pela USGS EDC (em baixo).

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 96


Alternativas de substituição das imagens do sensor ETM+ do Landsat 7
Actualmente, os dados do sensor ETM+ do Landsat 7 podem, alternativamente, serem substituídos

pelos dados do sensor TM do Landsat 5, do sensor ASTER do satélite Terra ou do sensor ALI do

satélite EO-1, para 30 metros e 15 metros de resolução, respectivamente.

Preços de Produtos Landsat no CENACARTA (2003)


O CENACARTA possui um vasto arquivo de imagens multi-temporais do Landsat 4-5-7. Para qualquer

imagem não disponível no seu arquivo, recorre à Estação de Recepção de Imagens da CSIR/SAC

(Satellite Applications Centre) em Hartbeesthoek, República da África do Sul, com a qual mantém

um Acordo de Distribuição de Dados, ou directamente à USGS (United States Geological Survey).

Nível de Correcção Preço Normal Disponibilidade

Produtos do ETM+ do Landsat 7 (preço em US$, imagem inteira c/ todos os canais)


Nível 1G - Correcção Sistemática
600 por cena Arquivo do CENACARTA
(cenas em arquivo)
Nível 1G - Correcção Sistemática
650 por cena Arquivo da SAC ou USGS
(cenas a importar)
Nível 1P - Correcção Geométrica de
750 por cena Arquivo do CENACARTA
Precisão (cenas em arquivo)
Nível 1P - (a importar em nível 1G e
800 por cena a importar e corrigir
corrigir para o nível 1P)
Preço depende da
Nível 1T (Alta Precisão Orto, com MNT)
disponibilidade do MNT

Produtos do TM do Landsat 4/5 (preço em US$)


Nível 5 - Correcção Sistemática
400 (cena c/3 canais) Arquivo do CENACARTA
(cenas em arquivo)
Nível 5 - Correcção Sistemática
450 por cena inteira Arquivo da SAC1
(cenas a importar)
Nível 6 - Correcção Geométrica de
450 (cena c/ 3 canais) Arquivo do CENACARTA
Precisão (cenas em arquivo)
Nível 6 – (a importar em nível 5 e Imagem bruta a importar da
600 por cena inteira
corrigir para o nível 6) SAC1
Preço depende da
Nível 7 - Alta Precisão Orto, com MNT
disponibilidade do MNT

Nota: Para além do preço normal, o CENACARTA pratica preços especiais, com grandes descontos

que vão de 10% a 90% para produtos derivados (value added products). Os utilizadores de

investigação ou treinamento (Escolas Técnicas e Superiores) gozam de maiores descontos, consoante

o tempo de arquivo dos produtos existentes (imagens corrigidas ou com tratamentos especiais).

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 97


7.1.2. Série SPOT

O programa SPOT foi planeado e projectado desde o início como um sistema operacional e comercial

de observação da Terra ( SPOT –Satellite Pour l'Observation de la Terre).

Estabelecido por iniciativa do governo francês em 1978, com a participação da Suécia e Bélgica, o

programa é gerido pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais - CNES, que é o responsável pelo

desenvolvimento do programa e operação dos satélites. Já foram lançados com sucesso os SPOT 1, 2

e 3 e 4, assegurando assim a continuidade dos serviços e incluindo notáveis evoluções técnicas e

comerciais. O SPOT 5, com novas especificações incluindo resolução espacial de 2.5 m numa faixa de

60 Km, pertence a uma nova geração de satélites, dos quais iremos falar mais adiante.

A estrutura e o funcionamento do programa SPOT distingue claramente de um lado as funções de

gestão técnica do sistema , executadas pelo CNES e de outro lado a responsabilidade das operações,

atribuída à SPOT IMAGE, uma empresa de vocação genuinamente comercial, no tocante ao

relacionamento com a comunidade de utilizadores e na distribuição de dados, além da missão

permanente de divulgar a "imagem" da tecnologia francesa no mundo.

A SPOT IMAGE tem por missão assegurar a eficiente gestão das capacidades de aquisição de

imagens pelo satélite e transmissão de dados à 21 estações receptoras existentes no Globo.

Fig. 23 Centros de Recepção Terrestre e seu raio de acção

A SPOT IMAGE é a única empresa a nível mundial que possui, por concessão do CNES que é o

proprietário do satélite, os direitos de comercialização dos produtos e serviços SPOT. Esta empresa

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 98


actua no mercado através de uma rede de Distribuidores : o CENACARTA é Distribuidor Autorizado

da SPOT IMAGE, em Moçambique.

Vejamos as Características Técnicas Gerais dos satélites SPOT:

Datas de lançamento

SPOT 1 22 de Fevereiro de 1986, operacional


SPOT 2 22 de Janeiro de 1990, operacional
SPOT 3 26 de Setembro de 1993, perdido em 14 de Novembro de 97
SPOT 4 24 de Março de 1998, operacional

Características do SPOT 1-2-3

Spot 1, 2, 3 Características
Capacidade de Gravação a Bordo 2 x 22 minutos
Duração da Vida Útil Prevista > a 3 anos
Ciclo Orbital 26 dias
Duração de uma órbita ( nominal) 101,4 min
Inclinação da Órbita 98.7 Graus
Nó Descendente 10:39 Horas
Órbita Circular e Heliosincronizada
Spot 4 Características
Capacidade de Gravação a Bordo 2 x 40 minutos + 3 min
Duração da Vida Útil Prevista > a 5 anos
Ciclo Orbital 26 dias
Duração de uma órbita ( nominal) 101,4 min
Inclinação da Órbita 98.7 Graus
Nó Descendente 10:39 Horas
Órbita Circular e Heliosincronizada

Faixa de varredura

Dois sensores idênticos (HRV - High Resolution Visible) estão a bordo do satélite e podem ser

utilizados independentemente, tanto na geometria de visão como no modo espectral. Cada

instrumento tem uma faixa de varredura de 60 km. Quando os dois instrumentos operam em

modo "geminado" captando áreas contíguas, a área total coberta é de 117 km, ou seja, duas faixas

de 60 Km de largura cada com 3 km de sobreposição.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 99


Características do SPOT 4

Fig. 24 Faixa de varredura do SPOT

Os instrumentos HRV podem captar em modo ‘nadir’ (vertical ao plano orbital do satélite) ou , graças

a um espelho móvel que pode ser orientado, em modo oblíquo. Neste, podem focalizar as áreas de

interesse numa faixa que vai até 27 graus em relação à vertical, para leste ou oeste e 950 Km de

largura. Quando as cenas são adquiridas com algum angulo de visão, o efeito de perspectiva faz com

que a área captada possa ser mais larga, até 80 Km em visão de 27º lateral.

Esta possibilidade confere aos satélites SPOT uma capacidade de revisita de uma área de interesse

de alguns dias (3 a 4 dias em média), muito superior a periodicidade da órbita que é de 26 dias, e

permite igualmente a aquisição de imagens em estereoscopia.

Fig. 25 Modos de visão do SPOT

Uma das características tecnológicas mais inovadoras que o SPOT trouxe em 1986 e mantém até

hoje é que os seus instrumentos HRV são providos de sensores electrónicos usando a tecnologia

de CCD (Charged Couple Device), que possibilitam maior fidelidade geométrica das imagens

adquiridas por eliminarem a necessidade de usar um scanner com partes móveis que são

geralmente uma fonte de degradação da qualidade das imagens quando o satélite envelhece ...

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 100


Modos de aquisição e Bandas Espectrais do SPOT

O SPOT opera em 2 modos espectrais distintos que podem também ser programados

simultaneamente para uma mesma área: Multiespectral XS ou XI e Pancromático ou Monoespectral,

dependendo do satélite. Todas as imagens do SPOT são codificadas em 8 bits.

Nos modos Multiespectrais, as observações são feitas em três bandas espectrais ( modo XS ) para o

SPOT 1,2,3 e 4 bandas no SPOT 4 (modo XI ), sempre com resolução de 20 metros.

Em Pancromático ou Monoespectral, as observações são feitas por uma única banda de 0,51 µm a

0,73 µm, para o SPOT 1-2-3 e de 0,61 a 0,68 µm no SPOT 4, sempre com resolução de 10 metros.

Sensores Bandas Espectrais Resolução


HRV-XS: Multiespectral, 3 Banda-1 : 0.50 ~ 0.59 µm (Verde)
bandas no SPOT 1-2-3 Banda 2 : 0.61 ~ 0.68 µm (Vermelho)
Banda 3 : 0.79 ~ 0.89 µm (Infra Vermelho Próximo) 20m

HRVIR-XI:Multiespectral, 4
Banda 4 : 1.58 ~ 1.75 µm (Infra Vermelho Médio)
bandas no SPOT-4
HRV-PAN: Pancromático no Banda única: 0.51 ~ 0.73µm (Visível menos Azul);
SPOT 1-2-3 Dados comprimidos a bordo ( DPCM 3/4) 10m
HRVIR-M :Monoespectral, Banda única: 0,61 ~ 0,68 µm (Igual a Banda 2);
no SPOT 4 Dados comprimidos a bordo ( DPCM 3/4)

São as seguintes as características e aplicações das bandas do satélite SPOT:

O modo Pancromático ou Monoespectral é aconselhado para aplicações que necessitam de


boa precisão geométrica e maior resolução.

O Modo Multiespectral XS ou XI é recomendado para aplicações temáticas, para estudos


de vegetação, uso e ocupação de solos, etc...

Os modos PAN e XS podem ser combinados resultando em imagem PAN+XS, colorida, com
3 bandas e 10 m de resolução. As imagens PAN e XS do SPOT 1-2-3, ainda que adquiridas
simultaneamente, não estão correladas entre si, o que pode tornar este processamento
trabalhoso. Isto é possível porque a imagem no modo Monoespectral do SPOT 4,
contrariamente ao que acontece no SPOT 1-2-3, é gerada pela banda 2 do instrumento XI
de 20 m de resolução, sendo então plenamente compatível geometricamente com a
imagem XI, adquirida simultaneamente pelo mesmo instrumento.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 101


Fig. 26 Curva da Resposta espectral dos objectos nos sensores do SPOT

As imagens adquiridas pelo SPOT cobrem em visão vertical uma área de 60 por 60 Km, ou seja, tal

como captadas pelos sensores possuem inicialmente 3000 linhas e colunas em modo XS ou XI, e

6000 linhas e colunas no modo PAN ou M.

Níveis de processamento das imagens SPOT

Nível 1A – Cenas sem correcção geométrica, somente com compensação dos detectores

A imagem não é submetida a nenhuma correcção geométrica, é fornecida tal como foi

adquirida, bruta, com uma grade de pixeis, de forma quadrada. É realizada somente uma

compensação linear dos barramentos de CCD entre eles, para eliminar eventuais diferenças

de tonalidades internas da imagem.

A imagem é fornecida com dados auxiliares:

• Os coeficientes de calibração absolutos que permitem converter em radiância os

valores digitais dos pixeis.

• As coordenadas de centro e dos 4 cantos da cena, que possibilitam localizar a área

captada no solo com uma precisão aproximada de 500 m. Outras informações

(efemérides, atitude do satélite, ângulo de visão, ...) também constam e podem ser

usados para processamentos geométricos precisos.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 102


As cenas no modo PAN ou M no nível 1A tem 6.000 linhas por 6.000 colunas e ocupam 36

megabytes. As cenas no modo XS ou XI no nível 1 A tem 3.000 linhas por 3.000 colunas e

ocupam 27 a 36 megabytes para o XS e o XI respectivamente.

Nível 1 AP: Cenas no nível 1A para Fotogrametria e Estereoscopia

É um produto fotográfico, exclusivamente em filme e especialmente desenvolvido para

aplicações fotogramétricas com instrumentos (restituidores) analógicos.

A mesma equalização de detectores que sofre o produto do nível 1A é realizado (equalização

linear dos barramentos de CCD entre eles, para eliminar eventuais diferenças de tonalidades

internas da imagem) Depois, uma filtragem do tipo high-pass que realça as feições locais e os

detalhes da paisagem é aplicado de forma a salientar as características lineares na imagem

As distorções geométricas não são corrigidas no nível 1 AP. Um esticamento das linhas da

imagem é realizado para compensar de maneira aproximativa o efeito de perspectiva,

causado pela visão oblíqua na cobertura, para melhorar a visão da estereoscopia pelo

operador do restituidor.

Como no nível 1A, a cena no nível 1 AP tem o aspecto de um rectângulo ou de um quadrado. Os

dados auxiliares da cena 1 AP são idênticos aos do nível 1 A e podem acompanhar os produtos

1 AP, que são somente fotográficos (filme exclusivamente). Estes dados auxiliares permitem

a localização da imagem no solo com precisão de 500 m e podem servir para uma modelização

geométrica no restituidor.

Nível 1B – Cenas com correcções radiométricas e geométricas.

O nível de processamento 1B inclui uma correcção sistemática das distorções geométricas

internas da imagem SPOT. A cena sofre o mesmo processo de equalização de detectores

CCD que no nível 1A especificado acima. Os coeficientes de calibração absolutos que estão

incluídos nos dados auxiliares permitem converter os valores digitais dos pixeis em radiância.

As correcções geométricas aplicadas servem para corrigir os erros inerentes ao conjunto em

movimento terra-satélite e as condições da captação que provocam distorções internas na

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 103


cena: variação de atitude do satélite, efeito de perspectiva, rotação e curvatura da Terra,

velocidade do satélite, etc... que ocorrem durante o tempo em que é captada uma cena.

O modelo de transformação utilizado para o processamento no nível 1B é tal que as cenas

consecutivas de uma mesma órbita e data, de um segmento contínuo de aquisição, podem ser

mosaicadas de volta com muita facilidade, pois a sua geometria é compatível e contínua.

A orientação da imagem processada no nível 1B não é alterada, as linhas da imagem não

sofrem uma rotação em relação ao nível 1A. A cena SPOT no nível 1B tem a aparência de um

paralelograma.

São fornecidas com a imagem 1B as coordenadas de centro e dos 4 cantos da cena, que

possibilitam localizar a área captada no solo com uma precisão melhor de que 500 m. A

distorção das distâncias internas da imagem é melhor do que 2/1.000 em terreno plano.

Nota: A projecção específica das cenas no nível 1B não corresponde a nenhuma norma
cartográfica, serve somente para compensar as distorções internas. Assim, a sobreposição
de informações geométricas externas, tais como vectores, sobre a cena no nível 1B não irá
dar certo, pois a cena 1B não está orientada a norte ainda e só com correcções geométricas
adicionais, usando por exemplo os modelos e dados contidos nas informações auxiliares da
cena, ela poderá ser modelizada cartograficamente.

Nível 2A - Cenas com correcção radiométrica e correcção geométrica de precisão com


orientação a Norte e projecção cartográfica.

O nível 2A é o produto básico na família de produtos cartográficos do SPOT. A imagem

processada no nível 2 A é entregue numa projecção cartográfica padronizada, a escolha do

cliente, elaborada por uma modelização utilizando-se dos parâmetros orbitais e de atitude

do satélite, ou seja, sem o uso de pontos de controle terrestre ou demais elementos

externos ao satélite. A precisão de localização é idêntica ao produto 1B, ou seja, perto de

500 m de precisão relativa A imagem no nível 2A sofre o mesmo processamento de

equalização de detectores CCD que no nível 1A. Os coeficientes de calibração absolutos

incluídos nos dados auxiliares permitem converter os valores digitais dos pixeis em radiância.

As correcções geométricas aplicadas para se alcançar o nível 2A baseiam-se num modelo de

deformação que toma em conta as condições de captação da imagem, assim como a

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 104


modelização cartográfica básica da imagem num sistema padrão, tal como UTM. Os

parâmetros utilizados são gerados pelo próprio sistema de navegação do satélite

(efemérides, atitude , etc..) sem acréscimo de informações externas, tais como pontos GPS

ou de cartografia existente. Em consequência, a precisão de localização da imagem no solo é

idêntica ao nível 1B, ou seja, girando em volta de 500 m. A diferença reside no fato de que

este erro de localização relativa pode ser facilmente corrigido e reduzido com o uso de pelo

menos um ponto de controle na área da imagem. Se isto for feito, então a precisão de

localização absoluta fica reduzida ao mínimo (ao erro de localização do ponto de controle,

praticamente) e a única fonte de erro de localização residual na imagem é causada pelo

efeito de paralaxe devida as variações do relevo na área captada e do efeito panorâmico

devido ao ângulo de visão do satélite. Se o terreno é plano e a imagem foi adquirida com visão

vertical, um único ponto de controle permitirá eliminar grande parte do erro de localização,

por meio de uma simples translação em linhas e colunas, com erro eventualmente residual de

localização não ultrapassando 50 m, no resultado final.

Com a imagem no nível 2A, são fornecidas as seguintes informações adicionais:

• Projecção cartográfica e Datum utilizado

• Altitude média de referência,

• Os coeficientes de calibração absolutos que permitem converter em radiância os

valores digitais dos pixeis,

• As coordenadas de centro e dos 4 cantos da cena, que possibilitam localizar a área

captada no solo com uma precisão aproximada de 500 m. Outras informações

(efemérides, atitude do satélite, ângulo de visão, ...) também constam e podem ser

usados para processamentos geométricos precisos.

A cena SPOT no nível 2A tem a aparência de um paralelograma que sofreu uma rotação em

relação ao nível 1B, para ser orientada a norte e ser compatível com o sistema de

coordenadas cartográficas locais.

Nível 2B: Cenas com correcção radiométrica, correcção geométrica de precisão com
pontos de controle terrestre, orientação a Norte e projecção cartográfica.

As imagens de nível 2B são o produto de base de toda a família de produtos

georeferenciados SPOT. A imagem é entregue numa projecção cartográfica à escolha do

cliente. O uso de pontos de controle adquiridos por GPS ou da cartografia local de precisão

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 105


suficiente (escala 1:25.000 a 1:100.000) permite melhorar bastante a precisão de localização

da imagem resultante. A imagem produzida no nível 2B sofre a mesma equalização de

detectores CCD que no nível 1A. Os coeficientes de calibragem absolutos que estão incluídos

nos dados auxiliares permitem converter os valores digitais dos pixeis em radiância.

As correcções geométricas baseiam-se num modelo de deformação que toma em conta as

distorções introduzidas pelas condições de aquisição da imagem, assim como as

transformações necessárias para colocar a imagem de interesse na projecção cartográfica

escolhida pelo usuário (Lambert, UTM, Stereográfica Polar, Policônica, ...). As correcções

geométricas usam um modelo dinâmico da órbita do satélite e conforme os parâmetros de

captação da imagem (efemérides, atitude do satélite, ...) e dados geográficos ou

cartográficos. Estas informações adicionais externas são medições feitas em pontos de

controle ou de apoio, cujas coordenadas cartográficas ou geográficas foram extraídas de

mapas ou no terreno por medição com GPS. Estas informações resultam num produto

definitivamente muito superior, em termos de precisão de localização de qualquer ponto da

imagem corrigida no nível 2B, que é tida como aceitável quando chega perto de 10 a 30 m.

Os cabeçalhos das imagens no nível 2B fornecem dados auxiliares adicionais (projecção

cartográfica, coordenadas cartográficas e geográficas dos cantos e do centro da cena, ...). A

cena SPOT 2B tem a aparência de um paralelograma, igual ao nível 2A, pois é também

orientada a norte, com mais precisão de localização absoluta – está agora correctamente

‘amarrada’ por via dos pontos de controle utilizados no processo de correcção geométrica.

Observações:

A obtenção de produtos no nível 2 B é possível somente se existirem mapas ou pontos GPS da área
captada de interesse, pois estas informações externas são o que caracteriza este nível de
processamento e permite alcançar o nível de precisão anunciado.

Nível ORTHO: Cenas com correcção radiométrica e correcção geométrica de precisão


máxima com pontos de controle, MNT, orientação a Norte e Projecção Cartográfica.

Os produtos SPOT gerados no nível 2B são produtos muito elaborados que visam atender as

necessidades de usar informações com precisão cartográfica máxima. O nível 2B corrige

todas as distorções existentes originalmente na imagem adquirida pelo satélite, inclusive os

erros de localização residuais devidos às variações locais do relevo da área.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 106


A imagem de nível orto sofre a mesma equalização de detectores CCD que no nível 1A. As

correcções geométricas neste nível, ou seja, a orto rectificação da imagem, baseiam-se num

modelo de deformação que toma em conta as distorções introduzidas pelas condições de

aquisição da imagem, assim como as transformações necessárias para colocar a imagem de

interesse na projecção cartográfica escolhida pelo usuário (Lambert , UTM, Stereográfica

Polar, Policônica, ...). As correcções geométricas usam um modelo dinâmico da órbita do

satélite e conforme os parâmetros de aquisição da imagem (efemérides, atitude do satélite,

...) e dados geográficos ou cartográficos. Estas informações adicionais externas são

medições feitas em pontos de controle ou de apoio, cujas coordenadas cartográficas ou

geográficas foram medidas em mapas ou no solo mesmo por colecta de pontos GPS e, aqui

reside toda a especificidade do nível orto, usando adicionalmente um Modelo Numérico de

Terreno (MNT) que permite corrigir o erro de paralaxe devido ao relevo nas imagens

adquiridas com visão fora do nadir, ou seja, as imagens adquiridas com alguma visão lateral.

Estas informações resultam num produto definitivamente muito superior em termos de

precisão de localização de qualquer ponto da imagem corrigida no nível 2B.

Este processamento resulta numa melhoria significativa na precisão de localização de

qualquer pixel dentro da imagem, que fica então na faixa de 10 a 30 m de precisão. O valor

exacto depende da qualidade dos pontos de controle e de apoio usados, qualquer que seja o

relevo e o angulo de visão do SPOT para a imagem em questão.

Os cabeçalhos das imagens no nível orto fornecem dados auxiliares adicionais (projecção

cartográfica, coordenadas cartográficas e geográficas dos cantos e do centro da cena, ...). A

cena SPOT orto tem a aparência de um paralelograma, igual ao nível 2A ou 2B, pois é também

orientada a norte porém com mais precisão de localização absoluta por via dos pontos de

controle e MNT utilizados no processo de correcção geométrica.

Observações:
A realização de produtos no nível orto é possível somente se existem mapas ou pontos GPS, e um MNT da área
captada de interesse, pois estas informações externas são o que caracteriza este nível de processamento e
permite alcançar o nível de precisão anunciado.

Os produtos SPOT no nível orto são principalmente recomendados para a cartografia do relevo e áreas de
altimetria bastante variável, pois mesmo nesta situação, eles chegam a oferecer uma precisão similar aos
produtos 2B, independentemente da morfologia da área captada ou do ângulo de visão da cena considerada. Um

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 107


Modelo Numérico de Terreno deve estar disponível, obviamente, seja gerado a partir de mapas ou de um par
estereoscópico, condição sine qua non para possibilitar a geração dos produto SPOT no nível orto.

A precisão do produto orto final obtido depende exactamente da exactidão da informação original
relativamente aos pontos de controle e apoio, bem como da qualidade do MNT. corresponde à precisão
geométrica máxima e destina-se aos utilizadores que buscam soluções cartográficas precisas.

Resumo das diferenças e particularidades de cada Nível de Processamento dos Produtos SPOT:

Nível Radiometria Precisão de


Geometria GCPs Projecção
localização
1A Equalização Bruto não nenhuma 500 m
Nenhuma
1B Equalização Sistemática básica não 500 m
Orientação da orbita
à escolha
2A Equalização Sistemática completa não 50 m
Orientação a Norte
Sistemática completa à escolha
2B Equalização sim 10 a 30 m
+ pontos Orientação a Norte
Sistemática Completa à escolha
Orto Equalização sim 10 a 30 m
+ pontos + MNT Orientação a Norte
Registada conforme a cena de referência, de 1 A até Orto, portanto com as mesmas
características básicas, mais um erro de registo de uma imagem com a outra estimado
S
aproximadamente no valor de até 1 pixel: 10 m no PAN ou M e 20 m no XS ou XI.
Precisão estimada com relação a cena de referência e não ao solo.

Política de comercialização e tabela de preços de produtos SPOT

Copyright: Somente a Agência Espacial Francesa (CNES) detém o copyright dos dados SPOT. O

cliente é obrigado a aceitar a não reprodução dos dados adquiridos, se não autorizada pela SPOT

IMAGE, respeitando assim a propriedade intelectual e direitos da patente da SPOT IMAGE.

Licença: Com a aquisição de qualquer produto SPOT, é concedida ao cliente uma licença para a

exclusiva utilização deste, não podendo o produto ser, temporária ou definitivamente, colocado à

disposição de terceiros, sob a forma original ou sob a forma de cópia, sem o consentimento

escrito da SPOT IMAGE. Contudo, a SPOT IMAGE concede ao cliente o direito de criar, a partir

dos dados adquiridos, produtos adicionais para o seu uso exclusivo, não podendo contudo

disponibilizar estes a terceiros, sob nenhuma condição.

O CENACARTA é representante da SPOT IMAGE em Moçambique e na comercialização dos seus

produtos impõe o respeito por esta política.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 108


Tabela de preços de produtos SPOT (SPOT IMAGE, 2004)

O preçário constante da tabela abaixo inclui produtos de muito alta resolução do satélite SPOT5.

Imagens Standard, nível 1A, 1B ou 2A (preço em Euros)

Produtos em Arquivo (Arquivo de Toulouse ou Kiruna)


Cena inteira 1/2 cena 1/4 cena 1/8 cena
Resolução
(60x60 Km) (40x40 Km) (30x30 Km) (20x20 Km)
20 metros, a cores
1 900 - - -
10 metros, P&B
10 metros, a cores
2 700 2 025 1 350 1 020
5 metros, P&B
5 metros, a cores - - -
5 400
2.5 metros, P&B 4 050 2 700 2 040
2.5 metros, a cores 8 100 - - -
Produtos Programados (A programação prioritária é acrescida de 3 100 Euros)
20 metros, a cores
2 700 - - -
10 metros, P&B
10 metros, a cores
3 500 2 825 2 150 1 820
5 metros, P&B
5 metros, a cores 6 200 - - -
2.5 metros, P&B 4 850 3 500 2 840
2.5 metros, a cores 8 900 - - -

Modelo Numérico de Terreno (MNT, preço por Km2)


Intervalo de 20 m (coordenadas cartográficas) ou 0º0’1’' (coordenadas geográficas) 2.3

SPOTView Precision – Espaciocartas digitais de precisão, nível 2B (preço em Euros)

Produtos em Arquivo (Arquivo de Toulouse ou Kiruna)


Cena inteira 30’x30’ 15’x15’ 7’30x7’30
Resolução
(60x60 Km) (54x54 Km) (27x27 Km) (13x13 Km)
20 metros, a cores
2 440 2 440 1 190 640
10 metros, P&B
10 metros, a cores
3 240 3 240 1 600 930
5 metros, P&B
5 metros, a cores
5 940 5 940 2 680 1 420
2.5 metros, P&B
2.5 metros, a cores 9 180 9 180 4 300 2 370
Produtos Programados (A programação prioritária é acrescida de 3 100 Euros)
20 metros, a cores
3 240 3 240 1 990 1 440
10 metros, P&B
10 metros, a cores
4 040 4 040 2 400 1 730
5 metros, P&B
5 metros, a cores
6 740 6 740 3 480 2 220
2.5 metros, P&B
2.5 metros, a cores 9 980 9 980 5 100 3 170

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 109


SPOTView Orto – Espaciocartas digitais de alta precisão, nível 3 (preço em Euros)

Produtos em Arquivo (Arquivo de Toulouse ou Kiruna)


Cena inteira 30’x30’ 15’x15’ 7’30x7’30
Resolução
(60x60 Km) (54x54 Km) (27x27 Km) (13x13 Km)
20 metros, a cores
2 620 2 620 1 190 640
10 metros, P&B
10 metros, a cores
3 420 3 420 1 600 930
5 metros, P&B
5 metros, a cores
6 120 6 120 2 800 1 500
2.5 metros, P&B
2.5 metros, a cores 9 400 9 400 4 500 2 500
Produtos Programados (A programação prioritária é acrescida de 3 100 Euros)
20 metros, a cores
3 420 3 420 2 100 1 500
10 metros, P&B
10 metros, a cores
4 220 4 220 2 510 1 800
5 metros, P&B
5 metros, a cores
6 920 6 920 3 600 2 300
2.5 metros, P&B
2.5 metros, a cores 10 200 10 200 5 300 3 300

Os produtos SPOT são fornecidos em formato DIMAP ou formato CEOS (imagens com resolução

de 20 e 10 metros dos satélites SPOT 1-4) e em suporte CD-ROM, DVD ou por FTP.

7.1.3. Série IRS

Lançamentos considerados:

• IRS-1A lançado em Março de 1988

• IRS-1B lançado em Agosto de 1991

• IRS-P2 lançado em Outubro de 1994

• IRS-1C lançado em Dezembro de 1995

• IRS-P3 lançado em Março de 1996

• IRS-1D lançado em Setembro de 1997

• IRS-1P4 (OceanSat) lançado em Maio de 1999

• TES lançado em Outubro de 2001

• IRS-P6 (ResourceSat) lançado em Outubro de 2003

• IRS-P5 (CartoSat) lançado em Maiode 2005

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 110


Desenhados para uma duração de vida de 2,5 a 3 anos, os satélites IRS possuem 975 Kg no momento
de lançamento. São controlados pelo Centro de Controle de Bangalore, na Índia, apesar do Centro de
Recepção de Dados localizar-se em Shadnagar.

IRS-1A e IRS-1B

Estes dois satélites foram lançados a partir do Cosmódromo de Baikonur, na Rússia. IRS-1A teve
uma falha em 1992 e o IRS-1B operou até 1999. A uma altitude de 905 Km e numa órbita com 99º de
inclinação, estes dois satélites idênticos levavam a bordo um trio de instrumentos LISS (Linear
Imaging Self-Scanning) do tipo CCD, trabalhando em quatro bandas espectrais: 0.45-0.52 µm ,0.52-
0.59 µm, 0.62-0.68 µm, e 0.77-0.86 µm. O sensor LISS-I tinha um campo de visão de 148 Km e
resolução de 72.5 metros, LISS-IIA e LISS-IIB possuíam um campo de visão de 74 Km, mas
estavam alinhados de modo a darem um mosaico de 145 Km e uma resolução de 36.5 metros.

Em 1993 foi lançado o IRS-1E, mas não atingiu a órbita. Levava a bordo um sensor LISS-1 e um
sensor germânico Monocular Electro-Optical Stereo Scanner. Treze meses depois, em Outubro de
1994, foi lançado o IRS-P2 e colocado numa órbita a 820 Km de altitude. Levava a bordo um LISS-II
de resolução de 32 a 37 metros e com u, ângulo de visão de 131 Km, em quatro bandas espectrais
entre 0.45 µm e 0.86 µm. Operou até Setembro de 1997.

IRS-1C e IRS-1D

IRS-1C foi lançado em 28 de Dezembro de 1995 pelo foguetão Russo Molniya. Um satélite
experimental, o IRS-P2, havia sido lan;ado anteriormente, em Outubro de 1994. Outro satélite
experimental, o IRS-P3, foi lançado em 1996 pelo foguetão Indiano, levando a bordo um sensor
alemão modular electro-optical scanner e um Indiano, o Indian Visible-IR scanner.

IRS-1D foi lançado por um foguetão Indiano PSLV pela ISRO - Indian Spatial Research Organization
e pelo seu braço comercial ANTRIX Corp. Ltd, em 29 de Setembro de 1997, a partir de Sriharikota.

Este duo (IRS-1C e IRS-1D) permite o fornecimento de imagens pancromáticas de 5.8 m de


resolução, no espectro entre 0.50 µm e 0.75 µm, cobrindo 70 por 70 Km. Esta resolução era a melhor
disponível em satélites civis em 1998. Os dois satélites estão também equipados com um sensor
WiFS que cobre 774 Km2 numa única imagem, para além de um LISS-III e LISS-IV, com 20 metros
de resolução nos canais espectrais de 0.52-0.59, 0.62-0.68, 0.77-0.86, e 1.55-1.70 µm. Também
levam a bordo um Wide –Field Sensor de dois canais (0.62-0.68 and 0.77-0.86 µm), com 190 metros
de resolução.

Outro satélite experimental para fins de pesquisa, o IRS-P4 (OCEANSAT), foi lançado pelo PSLV
juntamente com um satélite Coreano e outro Alemão, em 26 de Maio de 1999. O Oceansat-1 foi

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 111


especialmente desenhado para medir parâmetros físicos e biológicos dos oceanos. Leva a bordo um
sensor Ocean Color Monitor (OCM) de oito bandas espectrais e um Multi-frequency Scanning
Microwave Radiometer (MSMR) de quarto canais para a observação da superfície dos oceanos.

A Índia também está na corrida espacial com satélites de muito alta resolução. Dois satélites, o
IRS-P5 (CARTOSAT-1) e o IRS-P6 (RESOURCESAT-1) foram lançados recentemente.

Os produtos do IRS são comercializados, fora da Índia, pela Space Imaging, Radarsat International
e outras agências, a preços de referência similares aos abaixo descriminados:

Preço por imagem

Sensor (resolução) Tamanho [Km] Correcção sistema Correcção orto


LISS-3 (20 m), três canais 70 x 70 US$1900 US$2300
LISS-3 (20 m), três canais 140 x 140 US$2500 US$3000
PAN (5 m), monocanal 23 x 23 US$900 US$1500
PAN (5 m), monocanal 70 x 70 US$2500 US$3000

Nota: Os satélites IRS não são programáveis ou seja, somente se podem adquirir comercialmente
imagens já existentes nas estações de recepção. A frequência de revisita de 48 dias para o modo
pancromático não deve ser considerada literalmente, pois não significa que o satélite adquire uma
imagem da mesma área neste ritmo, visto que somente algumas órbitas seleccionadas pelo operador
do satélite são gravadas na estação.

7.1.4. Série CBERS (China-Brasil Earth Resources satellite)

Um programa de cooperação foi assinado em 6 de julho de 1988 entre a China e o Brasil para

desenvolver dois satélites de observação da Terra, tendo como executores a Academia Chinesa de

Tecnologia Espacial (CAST) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil.

Enquanto que o primeiro satélite, CBERS-1, foi integrado na China e lançado em 14 de Outubro de

1999 por foguetões chineses da série Longa Marcha, a partir da base de lançamento de Shanxi, o

segundo, CBERS-2, foi integrado no Brasil, no Laboratório de Integração e Testes do INPE e

lançado também por um foguete Chinês Longa Marcha, em 21 de Outubro de 2003.

A característica singular dos CBERS é sua carga útil de múltiplos sensores, com resoluções espaciais

e frequências de observação variadas. Os dados de múltiplos sensores são especialmente

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 112


interessantes para acompanhar ecossistemas que requerem alta repetitividade. Os CBERS possuem

três sensores imageadores a bordo e um repetidor de colecta de dados :

• Imageador de Larga Visão (WFI – Wide Field Imager): O WFI tem uma visada de 900 km no
solo, que dá uma visão sinóptica com resolução espacial de 260 m e cobre o planeta em cerca de

5 dias. Outras características estão na tabela das principais características do satélite.

• Varredor Multiespectral Infravermelho (IR-MSS – Infrared Multispectral Scanner): O IR-


MSS fornecem informações mais detalhadas em visão mais estreita, de 120 km, com resolução

de 80 m (160 m no canal termal). Em 26 dias obtêm-se uma cobertura completa da Terra. Veja

as características detalhadas deste sensor na tabela das principais características do satélite.

• Câmara de Alta Resolução CCD (Couple Charged Device): A câmara CCD de alta resolução (20
metros de resolução) tem a capacidade adicional de visada lateral dentro de ±32º, que dá

frequência de observações aumentada e visão estereoscópica para uma dada região. Veja as

características detalhadas deste sensor na tabela das principais características do satélite.

• Repetidor de Colecta de Dados: Todos o satélite CBERS carrega um repetidor para a colecta
de dados que retransmite para uma estação de recepção, em tempo real.

Os satélites CBERS são compostos de dois módulos. O módulo de carga útil acomoda um sistema de

colecta de dados (DCS – Data Collection System) colhidos no solo, um monitor do ambiente espacial

(SEM) para detecção de radiação de alta energia no espaço e um gravador experimental de fita de

alta densidade (HDTR) para gravação de imagens a bordo. O segundo módulo (de serviço), contém os

equipamentos que asseguram o suprimento de energia, os controlos, as telecomunicações e demais

funções necessárias à operação do satélite. Ambos os satélites estão numa órbita heliosíncrona.

Principais características do satélite:

Parâmetros orbitais

Características CBERS 1 CBERS 2


Altitude média 778 km 778 km
Inclinação 98,504 graus 98,504 graus
Revoluções por dia 14 + 9/26 14 + 9/26
Período nodal 100,26 minutos 100,26 minutos
Hora solar médio no nó descendente 10h 30min 10h 30min
Frequência de revisita de um mesmo local 26 dias 26 dias
Tempo de vida 2 anos 3 anos

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 113


Parâmetros dos Instrumentos imageadores

Especificações CCD IR-MSS WFI


0,51 - 0,73 (pan)
0,50 - 1,10 (pan)
0,45 - 0,52
1,55 - 1,75 0,63 - 0,69
Bandas Espectrais (mm) 0,52 - 0,59
2,08 - 2,35 0,76 - 0,90
0,63 - 0,69
10,40 - 12,50
0,77 - 0,89
Campo de Visão 8,3º 8,8º 60º
Resolução Espacial (m) 20 80 (pan e IV) 260
Res. Temporal (Nadir) 26 dias 26 dias 3 - 5 dias
Res. Temporal (Fora do Nadir) 3 dias (+/- 32º) - -
Largura da Faixa Captada 113 km 120 km 890 km
Capacidade de Visão Lateral +/- 32º - -

Níveis de Processamento das imagens CBERS

As imagens recebidas e arquivadas no Centro de Dados do INPE, possuem os seguintes níveis de

processamento:

Imagem Nível O: Imagem recebida directamente pela estação de recepção do INPE, contendo
dados não calibrados e informação adicional sobre a atitude e efemérides do satélite. Esta imagem é

arquivada pelo INPE em formato específico para o uso interno.

Imagem Nível 1: Imagem resultante de correcção radiométrica à uma imagem de nível 0.

Imagem Nível 2: Trata-se de uma imagem de nível 1, à qual foi aplicado um procedimento de
correcção geométrica de sistema, com uso de dados da plataforma e sem uso de pontos de controle

terrestre. É a imagem básica disseminada pelo INPE, em formato GEOTIFF.

Imagem Nível 3: Imagem geometricamente corrigida com o uso de pontos de controle terrestre,
que permitem a localização dos elementos lineares na imagem em um terreno plano, com precisão

compatível com o padrão de exactidão cartográfica na escala 1:50.000 (dados CCD), 1:250.000

(dados IRMSS) e 1:1.000.000 (dados WFI).

Imagem Nível 4: Imagem de nível 3, refinada pelo uso de um modelo digital de elevação e
compatível com aplicações que requerem uma modelagem cartográfica de precisão.

Mosaico de Imagens: Produto gerado a partir da junção de uma ou mais imagens CBERS ou de uma
imagem CBERS com imagens produzidas por outros satélites.

Imagem Derivada: Produto gerado por combinação de imagem CBERS com dados de outras fontes,
como outros satélites, dados geofísicos e geoquímicos, mapas temáticos ou topográficos.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 114


Imagem Classificada: Imagem gerada por interpretação manual, semi-automática ou automatizada
de imagens CBERS níveis 1 ou 2, na qual os elementos de imagem (pixels) correspondem a classes

identificadas pelo especialista.

Preço dos Produtos CBERS (Abril de 2004)

O produto padrão: Cena completa em formato digital, em suporte CD-ROM, contendo 3 bandas
multiespectrais do sensor CCD, orientadas na direcção do norte cartográfico, com datum geodésico

SAD69, correcção geométrica por convolução cúbica, projecção cartográfica UTM, formato

GeoTiff. Preço: 100 Reais (R$100,00)

Produtos em papel: Tamanho A0 de imagem de qualquer dos sensores. Preço: 500 Reais (R$500,00).

7.1.5. Série KOMPSAT (Korea Multi-Purpose Satellite)

O Programa KOMPSAT

O Satélite KOMPSAT é baseado na tecnologia de plataformas leves da firma norte-americana TRW

(Space and Electronics Group), com adaptações para se adequar aos objectivos do Instituto Coreano

de Pesquisa Aeroespacial (Korea Aerospace Research Institute - KARI). Em Março de 1995, a TRW

Space and Electronics Group e assinaram um contrato de desenvolvimento de um satélite leve

multifinalitário no qual a Indústria Coreana também estaria envolvido.

Fig. 27 Aplicações dos dados KOMPSAT.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 115


Durante 5 anos, os engenheiros do KARI, da Indústria Coreana e da TRW trabalharam em estreita

colaboração para produzir dois modelos completos de um satélite para lançamento, adquirindo assim

o conhecimento, know-how em conceber, construir e usar satélites para servir os interesses da

República Coreana na área ambiental e científica.

O programa KOMPSAT consiste em dois modelos completos de um mesmo satélite, aptos para o

lançamento. O primeiro satélite, o protótipo, foi montado, integrado e testado nas instalações

industriais da TRW em Redondo Beach, Califórnia, EUA e enviado para a Coreia em Abril de 1998. Os

objectivos deste protótipo eram, principalmente, comprovar a qualidade da estrutura e das

funcionalidades do satélite. Ele serviria de "reserva" para o modelo de voo, caso fosse necessário. O

segundo satélite, o modelo de voo, foi montado, integrado e testado nas instalações do KARI em

Taejon, República da Coreia, pelos engenheiros do KARI com o suporte dos engenheiros da TRW .

O satélite KOMPSAT-1 foi lançado no dia 21 de Dezembro de 1999 por um foguete TAURUS, na

base aérea VANDENBERG da Força Aérea Americana, nos EUA. O KOMPSAT define-se como um

satélite multifinalitário (KOMPSAT-1) do KARI.

Informações Gerais

O KOMPSAT–1 pesa 500 Kg e tem a bordo vários sensores e instrumentos:


• EOC - Electro-Optical Camera
• OSMI - Ocean Scanning Multi-Spectral Imager
• SPS - Space Physics Sensor

O satélite está numa orbita heliosíncrona, a altitude de 685 Km, com expectativa de vida de 3 anos.

Especificações Técnicas do EOC

A missão principal do Instrumento EOC é fornecer imagens da Terra para cartografia até à escala

1:25.000 do território coreano principalmente. Ele imagea, com esta câmara que funciona com o

princípio pushbroom (sistema similar ao dos satélites SPOT, entre outros), uma faixa de 17 Km de

largura, cobrindo uma área de 17 Km por 17 Km. A resolução espacial é de 6.6 m, codificados em 8

bits e a sensibilidade espectral é de 510 a 730 nm. O EOC pode captar no nadir e até 45 graus

lateralmente, graças à capacidade de orientação do corpo do satélite.

Apesar da missão principal do EOC e do KOMPSAT-1 seja dirigido principalmente à Península

Coreana, ele pode ser usado para aquisição de imagens de toda a Terra pois comporta um sistema de

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 116


gravação a bordo com capacidade de 2.5 Gigabytes em Solid State Recorder . Assim, as imagens do

KOMPSAT podem ser facilmente adquiridas para áreas de interesse em diversos pontos do Globo.

Especificações Técnicas do OSMI

O OSMI fornece dados para o monitoramento mundial dos oceanos para estudos na área de biologia

e oceanografia. Ele gera imagens com 6 bandas espectrais, com uma faixa de 800 Km e resolução

espacial de 1 km. O OSMI é provido de um sistema que permite seleccionar e mudar a sensibilidade

espectral entre 400 e 900 nm a partir do controle do satélite em Terra. Esta flexibilidade de

configuração espectral permite o uso do OSMI para múltiplas aplicações e principalmente para

suporte de pesquisa para o dimensionamento e a elaboração de sensores de nova geração

Especificações Técnicas do SPS

O instrumento SPS é composto de dois sensores distintos:

• HEPD (High Energy Particle Detecto ): é um detector de partículas de alta energia. A missão

deste sensor a é de caracterizar o ambiente orbital do satélite, a influência das partículas

de alta energia e efeitos de radiações na micro-electrónica.

• IMS (Ionosphere Measurement Sensor): é um sensor de medição da ionosfera. Mede a

densidade e a temperatura de electrões na ionosfera e monitora a irregularidade da

ionosfera na órbita do satélite KOMPSAT-1.

O KOMPSAT-1 representa o primeiro passo do KARI em projectos de construção de um satélite e é

uma etapa essencial para a República Coreana poder fortalecer a sua entrada no clube reservado das

nações que tem agora um real acesso ao Espaço de maneira independente.

Características dos produtos do satélite KOMPSAT

Imagens em formato digital ou ampliação fotográfica até à escala 1: 20.000

Área de cada cena: 17 por 17 Km, adquirida por programação do satélite ou no catalogo,

Quick Looks disponíveis sob solicitação manual no momento

Modo PAN, a preto e branco, codificado em 8 bits e com resolução de 6.6 m (nadir)

Correcções de sistema, geométricas e radiométricas

A Korea pretende ter uma família completa de satélites de observação da Terra, com 7 satélites

KOMPSAT até 2015. Estamos somente no início da era KOMPSAT.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 117


Fig. 28 A futura constelação de satélites KOMPSAT

Preço das Imagens KOMPSAT

Os preço de uma imagem do Kompsat é da ordem dos US$ 4 800. O custo pode baixar dependendo

da quantidade de cenas solicitadas no mesmo pedido.

7.1.6. EO-1 (Earth Observing-1)

EO-1 é um satélite da NASA que foi lançado em 21 de Novembro de 2000, numa missão/programa de

um ano de duração. A comunidade científica e os utilizadores da Teledetecção, interessados em

continuar a receber os dados deste satélite, forçaram a USGS a negociar com a NASA um acordo

de prolongamento da missão.

O EO-1 leva a bordo os sensores ALI - Advanced Land Imager, LEISA - Linear Etalon Imaging

Spectrometer Array, LAC - Linear Atmospheric Corrector e Hyperion. Os dados captados são

arquivados e distribuídos pela USGS EROS Data Center (EDC) .

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 118


No seu percurso orbital o EO-1 perssegue o Landsat 7 a uma

distância de, aproximadamente, um minuto. Cada imagem do sensor

ALI cobre cerca de um quinto da área de visão do ETM+ do Landsat

7. As imagens Hyperion são captadas em fiadas de 7.7 Km de

largura. Outros sensors captam imagens de 42 Km ou 185 Km

(equivalents a uma cena completa do ETM+ do Landsat 7).

Características técnicas dos sensors:

• O ALI fornece dados em 10 canais espectrais, operando no modo de varredura tipo

pushbroom . As imagens possuem uma resolução especial de 30 metros nos canais


multiespectrais e 10 metros no canal pancromático. A dimensão standard das imagens é de

37 Km x 42 Km, com uma opção de 185 Km no comprimento, pelo que se pode obter imagens

de 37 Km x 185 Km.

• O Hyperion possui 220 canais espectrais que variam dos comprimentos de onda de 0.357 a

2.576 micrómetros, com uma largura de banda de 10-nm. Também funciona em modo de

varredura tipo pushbroom. As imagens possuem uma resolução especial de 30 metros em

todos os canais. A dimensão standard das imagens é de 7.7 Km x 42 Km, com uma opção de

185 Km no comprimento, pelo que se pode obter imagens de 7.7 Km x 185 Km.

• O LEISA e o LAC providencia-nos o primeiro protótipo baseado no espaço para a Correcção

Atmosférica, permitindo-nos aumentar significativamente a precisão das estimativas da

reflectância terrestre. Infelizmente, no prolongamento da missão do satélite este

instrumento foi desligado.

Dependendo da data de aquisição (antes versus depois do prolongamento da missão do satélite), são

disponíveis as seguintes categorias de produtos para o Hyperion e ALI:

• Produtos em Arquivo, capatados no primeiro ano da missão do satélite e os mais recentes

captados depois.

• Produtos em Desenvolvimento, que consistem em imagens a serem captadas no futuro,

baseadas em pedidos dos utilizadores. Todos os produtos a serem adquiridos desta forma

permanecerão exclusivos para os utilizadores que os encomendaram, até um período de 90

dias. Após esse período, passam automaticamente para o grupo acima.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 119


Os dados do Hyperion e do ALI são radiometricamente corrigidos (nível 1R), sem correcções

geométricas. Os dados são disponibilizados em valores de radiância de 16-bit, no formato HDF, em

CD-ROM, DVD e FTP - File Transfer Protocol.

Preço dos produtos do EO-1, na USGS EDC (2003)

Produtos em Arquivo

O custo por cada cena em arquivo, independentemente do seu comprimento, é o seguinte:

Sensor Custo por imagem


ALI US$500
Hyperion US$500

Produtos em Desenvolvimento

É necessário preencher dois formulários separados para a encomenda destes produtos:

1. Formulário de Aquisição de Dados (Data Acquisition Request - DAR)

Neste formulário, o custom dos dados depende do número de sensores a serem utilizados e

ao comprimento da imagem:

Sensor Fiadas de 42-km Fiadas de 185-km


ALI US$1500 US$2500
Hyperion US$1500 US$2500
ALI and Hyperion US$1800 US$2800

Nota: É cobrado um custo adicional de US$ 2000 para a programação prioritária. Os dados
são disponibilizados dentro de 14 dias da submissão do pedido, ou qualquer outra data
requerida.

2. Formulário de Dados

O custo neste formulário, independentemente do comprimento da imagem, é:

Sensor Custo por imagem


ALI US$500
Hyperion US$500

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 120


7.2 Satélites de Teledetecção com sensor RADAR

O que distingue o sensor radar dos sensores ópticos?

O sensor RADAR distingue-se dos sensores ópticos pelo tipo de dados que gera e pelo modo como

esses dados são recolhidos. Os sensores multiespectrais típicos, como o LANDSAT, IRS, IKONOS,

... usam a energia reflectida da superfície terrestre com comprimentos de onda praticamente

equivalentes aos detectados pelos nossos olhos (visível e infravermelho,...) dentro de uma ou mais

bandas de frequência, cada uma representando uma imagem única da superfície terrestre e podendo

ser interpretada individualmente ou combinada com outras bandas. As técnicas de processamento de

imagem permitem combinar essas bandas para produzir uma imagem colorida da superfície da Terra

(em falsas cores, cores naturais, ...)

Os sensores radar como o do ERS, o JERS e o RADARSAT tiram proveito da energia transmitida na

frequência de microondas (não detectável pelo olho humano). Operando numa frequência de

microondas singular, gera um canal de dados e, consequentemente, uma imagem a preto e branco.

Esta imagem pode ser combinada com outros dados de radar multitemporais (e.g. para detecção de

alterações) ou dados de outras fontes para criar imagens coloridas.

Sendo um sensor activo, o SAR (Syntethic Aperture Radar) transmite um pulso energético de

microondas em direcção à superfície da Terra. O sensor SAR mede a quantidade de energia

devolvida ao satélite após a interacção com a superfície terrestre. Ao contrário dos sensores

ópticos, a energia de microondas penetra as nuvens, chuva, pó, ou nevoeiro e permite recolher

imagens independentemente da iluminação solar, pelo que as imagens radar podem ser geradas em

qualquer altura e sobre as mais variadas condições atmosféricas.

Assim, o SAR é um instrumento que trabalha com microondas ou hiperfrequências de alta

performance que emite e recebe sinais que lhe permitem "ver" mesmo com nuvens, neblina, névoa,

fumaça ou escuridão... Desta forma, um satélite RADAR observando a Terra pode fornecer imagens

de excelente qualidade a qualquer momento e quais de sejam as condições atmosféricas. Operando

na Banda C, o instrumento SAR do RADAR pode orientar o feixe de ondas para cobrir uma faixa de

até 500 Km de largura. Diversos (7, exactamente) modos de captação permitem ao instrumento SAR

de captar áreas de diversos formatos, com uma largura de observação variando entre 35 e 500 Km

com resolução variando de 8 a 100 m de acordo com a largura da faixa captada.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 121


7.2.1. Série ERS

Características Gerais

O RADAR do ERS 1 e 2 operam com as seguintes características técnicas:

• SAR de Banda C
• Comprimento de onda de 5,60 cm, Frequência de 53 Gigahertz
• Polarização VV (Vertical – Vertical), Ângulo de visão de 23 graus
Cada cena cobre uma área de 100 x 100 Km, com resolução de 25 metros e de 150 metros.

Níveis de Processamento de produtos ERS e Principais Aplicações

Para melhor compreensão, os níveis de processamento a seguir são classificados por ordem
crescente de precisão geométrica final resultante.

Tipo e especificações Aplicações


Annotated SAR RAW:
Produção de imagens,Interferometria.
Dados brutos, usado para gerar imagens
Single Look Complex (SLC):
Imagens mono-canais em formato complexo, na qual os Estudo da fase e amplitude do sinal;
valores da fase (F) e da Quadratura (Q) da amplitude Interferometria.
complexa são associados a cada pixel.
SAR PRI (Precision Image): Interpretação visual e processamento
A amplitude da imagem sofreu neste processamento uma de imagens para uma grande variedade
calibração absoluta e processamento multicanal (3 canais); de aplicações Temáticas (Agricultura,
A qualidade radiométrica resultante serve para análise Meio Ambiente, Geologia, Hidrologia)
quantitativa. Feito com correcções geométricas. em Série Multitemporal.
SAR GEC (Geocoded): Interpretação visual e processamento
Tal como o nível SAR PRI, este nível é radiometricamente de imagens para uma grande variedade
corrigido, orientado a Norte numa projecção e Datum à de aplicações Temáticas (Agricultura,.
escolha do cliente. Este produto serve para Aplicações Meio Ambiente, Geologia, Hidrologia);
Cartográficas Pode ser sobreposta em outros dados
na mesma projecção cartográfica.
SAR GTC (Geocoded Terrain Corrected): Interpretação visual e processamento
É georeferenciado tal como o SAR GEC, porém fazendo uso de imagens para uma grande variedade
de um Modelo Numérico de Terreno (DEM-MNT, disponível de aplicações Temáticas (Agricultura,
na ESA ou fornecido pelo cliente) para corrigir as Meio Ambiente, Geologia, Hidrologia);
distorções provocadas pelo relevo. Este produto serve para Pode ser sobre posta em outros dados
Aplicações Cartográficas. na mesma projecção cartográfica.
IMPORTANTE: As imagens ERS não podem mais ser programadas por inoperância dos meios para o efeito.

Preço dos Produtos ERS (SPOT IMAGE, 2004, preço em Euros)

Resolução Tipo de Produto Preço


RAW Annotated Raw Data (RAW) 400
25 m SLC, PRI,GEC 400
150 m Medium Resolution Image 100-150
Os produtos são fornecidos na projecção UTM WGS 84 e UPS

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 122


7.2.2 Série RADARSAT

RADARSAT-1 RADARSAT-2

Fig. 29 Plataformas do RADARSAT

O operador dos satélites Radarsat é a Radarsat International (RSI).

RADARSAT-1 foi desenvolvido pelo Canadá como satélite de monitoramento ambiental. Lançado em

Novembro de 1995, opera com um sistema de Radar capaz de captar grandes quantidades de dados.

Está equipado com um sensor SAR (Synthetic Aperture Radar) que observa a Terra e faz aquisições

de imagens de dia e de noite, em quaisquer condições temporais.

O satélite RADARSAT-1 é o primeiro satélite Radar que permite ao cliente a escolha entre vários

modos de programação e várias opções de entrega. O seu gravador de bordo faculta a possibilidade

de se arquivar e fornecer imagens de qualquer local da Terra, processá-las e entregá-las num prazo

extremamente curto.

RADARSAT - 2 tem o lançamento previsto para finais de 2005, com uma esperança de vida de 7

anos. Comparado ao seu predecessor, este satélite terá várias inovações e melhoramentos. O custo

do satélite está estimado em 490 milhões de dólares canadianos, dos quais 400 milhões serão

garantidos pelo Governo do Canadá e os restantes pela empresa MacDonald Dettwiler Associate.

Como o RadarSat não precisa da energia reflectida do sol para "ver", por possuir um instrumento

"activo" que emite e recebe de volta a energia, pode captar mesmo estando na face não iluminada da

terra ou à noite, aproveitando assim qualquer trecho da sua órbita ....

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 123


Características Técnicas dos Satélites RADARSAT

RADARSAT 1 RADARSAT 2
1
Polarização HH HH HH, VV, HV, VH
Resolução 8 - 100 m 3 - 100 m
35 Possibilidades de 10 a
Ângulos de Incidência de 10 a 59°
59°
Lado de Captação a direita direita ou esquerda
Faixa de Cobertura de 50 a 500 Km de 10 – 527 km
Órbita Circular, Heliosíncrona Circular, Heliosíncrona
Ciclo Orbital 24 dias 24 dias
Órbitas por dia 14 14
Altitude, Inclinação 798 Km, 98.6° 798 Km, 98.6°
Duração de uma Órbita 100.7 minutos 100.7 minutos
Programação Sim Sim
Lançamento e Operação 04-11-95 / 1996 Finais 2005
Estereoscopia Sim Sim
Disponibilidade Espacial Mundial Mundial
Processamento em tempo Real Sim Sim
1
Polarização refere-se à orientação dos pulsos do radar relativamente à superfície da Terra.
RADARSAT-2 vai ter a capacidade de enviar e receber ambas H e V, em quarto modos: HH,
HV, VH, e VV (generalmente HV é diferente de VH)
Este sera o primeiro SAR commercial a oferecer uma capacidade quadfripolarimétrica, com
informação em amplitude e fase.

Fig.30 Órbitas do RADARSAT

Aplicações

Os dados RADARSAT são por exemplo usados com bastante resultado em inúmeras aplicações

temáticas tais como em Geologia, Exploração Mineral e Petroleira, Cartografia (especialmente na

produção de MNT), aplicações militares (Cartografia e Observação), monitoramento de Inundações,

Agricultura e monitoramento do uso e ocupação dos solos, em várias aplicações oceanográficas, tais

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 124


como a detecção de manchas de Petróleo e Derivados no Mar, monitoramento de área com perigo de

colisão com blocos de gelo nas rotas de navegação marítima, análise do padrão de ondas no mar, etc...

Os melhoramentos no Radarsat 2 vão permitir novas aplicações, tais como o cartografia topográfica

à escala 1:20 000, gestão de desastres naturais e detecção de alvos militares.

Modos de Aquisição e Características Principais das Imagens

Fig. 31 a) Modos de aquisição do RADARSAT 1

Fig. 31 b) Modos de aquisição do Radarsat 2

Inovações no RADARSAT 2:
• Sistema GPS, capacidade polarimétrica melhorada;
• Inclusão do modo de acquisição ultra-fina e gravadores de bordo SOLID STATE,
• Transmissão de dados para a estação de recepção criptografada.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 125


Detalhes do modo de aquisição do Radarsat 1

Ângulo de Resolução Área Coberta


Modo de Aquisição Posição
Incidência (°) estimada (m) (km)
F1 37-40
F2 39-42
Fine F3 41-44 10 50 x 50
F4 43-46
F5 45-48
S1 20-27
S2 24-31
S3 30-37
Standard S4 34-40 30 100 x 100
S5 36-42
S6 41-46
S7 45-49
W1 20-31 165 x 165
Wide W2 31-39 30 150 x 150
W3 39-45 130 x 130
SN1 20-40
ScanSAR Short 50 300 x 300
SN2 31-46
ScanSAR large SW1 20-50 100 500 x 500
H1 49-52
H2 50-53
H3 52-55
Extende High 25 75 x 75
H4 54-57
H5 56-58
H6 57-59
Extended Low L1 10-23 35 170 x 170

Níveis de Processamento das Imagens do RADARSAT 1

Path Image

No nível de processamento PATH IMAGE, a imagem RADARSAT fica alinhada paralelamente à

órbita do satélite. As informações de georeferenciamento da imagem, em latitude e longitude são

fornecidas para uma localização aproximada do primeiro pixel, o pixel mediano e o último pixel de

cada linha da imagem. A imagem é por assim dizer sistematicamente corrigida, apenas com

parâmetros orbitais, mas fica orientada na órbita do satélite somente, sem orientação a Norte.

Path Image Plus

A distinção entre o nível de processamento PATH IMAGE e PATH IMAGE PLUS está no tipo de

processamento usado para a correcção sistemática da imagem em questão. O nível PATH IMAGE

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 126


PLUS faz uso de uma reamostragem menor no processamento, afim de evitar a perda de resolução

da imagem original no modo de aquisição escolhido. Sendo assim, é possível discriminar melhor os

objectos e alvos de interesse, mas o arquivo digital da imagem gerado é consideravelmente maior

que no nível PATH IMAGE. A imagem é por assim dizer sistematicamente corrigida, apenas com

parâmetros orbitais, mais fica orientada na órbita do satélite somente, sem orientação a Norte.

Map Image

O nível de processamento MAP IMAGE é realizada igualmente como uma correcção sistemática com

parâmetros orbitais mas com orientação para o Norte e colocada numa projecção cartográfica de

escolha do usuário. A precisão de localização alcançada pelo processamento no nível MAP IMAGE

depende do relevo do terreno e do modo de aquisição escolhido !

Precision Map Image

Com o uso de nível de processamento PRECISION MAP IMAGE, a precisão de localização alcançada

é ainda maior que no nível MAP IMAGE. São usados Pontos de Controle oriundos de GPS, ou

cartografia de precisão existente para a área, assim que uma projecção cartográfica de escolha do

cliente para o georeferenciamento espacial de precisão da imagem.

Signal Data

O nível de processamento "SIGNAL DATA" não é considerado como sendo uma imagem. Trata-se de

uma matriz de dados não processados, indicando deslocamentos temporais do sinal. Tais dados estão

reformatados no formato CEOS. Para o uso de tais dados, o usuário deve dispor de software capaz

de processar dados RADAR tais como os de Abertura Sintética.

Single Look Complex

Neste nível de processamento, as imagens são gravadas na projecção SLANT RANGE, ou seja, são

corrigidas para compensar os erros de recepção do sinal do satélite e contêm informação de

posicionamento em Latitude e Longitude. Além desta característica, os dados Single Look Complex

conservam toda a resolução optimizada própria a cada modo de aquisição escolhido e mantém as

informações de fase e amplitude do sinal RADAR original

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 127


Detalhes do modo de aquisição do Radarsat 2

Largura de
Largura Nominal Resolução:
Modo de Aquisição Cobertura p/
Modos do RADARSAT-1 de Cobertura Rng x Az
esquerda ou direita
c/ polarização selectiva
Standard 100 km 250km - 750km 25m x 28m

Transmição H ou V Wide 150 km 250km - 650km 25m x 28m


Recepção H ou V ou (H e Fine 50 km 525km - 750km 10m x 9m
V)
ScanSAR Wide 500 km 250km - 750km 100m x 100m
ScanSAR Narrow 300 km 300km - 720km 50m x 50m
Polarização Simples Low Incidence 170 km 125km - 300km 40m x 28m
Transmição H e
Recepção H High Incidence 70 km 750km - 1000km 20m x 28m
Polarimetria:
Transmição H e V em Standard Quad-pol 25 km 250km - 600km 25m x 28m
pulsos alternados
Recepção H e V em todos
Fine Quad-pol 25 km 400km - 600km 11m x 9m
os pulsos
Polarização Selectiva
Multiple Fine 50 km 400km - 750km 11m x 9 m
Simples
Transmição H ou V
Ultra-fine Wide 20 km 400km - 550km 3m x 3m
Recepção H ou V

Preços dos Produtos do Radarsat 1 (Produtos Digitais, Radarsat International, 2003)

Nível de Processamento (Custo em US$)


Modo de Cobertura Res. Path image Map PrecisionMap Signal Signal look
Aquisição (Km) (m) ou PI Plus image image data complex
Fine 50 x 50 8 3 000 4 000 3 750 3 000 3 000
Standard 100 x 100 25 2 750 3 000 3 500 2 750 2 750
Wide 150 x 150 30 3 000 3 500 3 750 3 000 3 000
ScanSar Narrow 300 x 300 50 3 000 4 000 x 3 000 x
ScanSar Wide 500 x 500 100 3 000 4 000 x 3 000 x
Extended High 75 x 75 25 3 000 3 500 3 750 3 000 3 000
Extended Low 170 x 170 35 3 000 3 500 3 000 3 000

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 128


VIII. Satélites da Nova Geração para o Estudo dos Recursos Terrestres

Breves considerações

A então União Soviética anunciou, há alguns anos, a ‘desclassificação’ do arquivo de dados Kosmos,
primeiro os de 5 metros e, depois, os de 2 metros de resolução espacial, captados desde 1987 pelo
SPIN. Por causa desta medida, as indústrias espaciais norte-americana começaram, também, a fazer
‘lobbies’ e pressões internas para que o seu Governo retirasse as restrições impostas à
comercialização de imagens de alta resolução, prevendo com isso um negócio altamente lucrativo. Em
1994, conseguiram os seus intentos, com o Governo a conceder a primeira licença e autorizar a
construção de satélites com 1 metro de resolução.

Imagens da nova geração de satélites comerciais estão hoje disponíveis a qualquer pessoa com um
computador e um cartão de crédito, mesmo pela Internet. O que vai acontecer quando todo o mundo
puder espiar o quintal de alguém sem que ninguém saiba? Essa é a situação para a qual a inovação
tecnológica, empurrada por uma variedade de motivos, está a levar-nos e cada vez mais depressa.

Até muito recentemente, os governos dominaram o negócio do espaço. Hoje em dia, esse quadro está
a mudar e a taxa de transformação se tornará cada vez mais espectacular. Um certo número de
factores contribui para este fenómeno: a rápida evolução das tecnologias de informação, como o
crescimento explosivo na tecnologia de semicondutores e os avanços extraordinários no
processamento digital de sinais.

Nos Estados Unidos da América, a questão da política governamental que diz respeito à
Teledetecção foi uma das questões relativas ao espaço mais “quente” do início da década de 1990.
Surgiram dois campos: um constituído pela indústria, ambientalistas e elementos da comunidade
científica, que acreditavam que as políticas restritivas não eram realistas e queriam uma política que
estimulasse o negócio da Teledetecção. O outro incluía elementos das forças armadas e das
comunidades de inteligência, preocupados com o comércio irrestrito da Teledetecção. Este grupo
defendia o controle da distribuição.

O debate resultou em uma transigência razoável — a Lei Americana de Teledetecção para o Estudo
dos Recursos da Terra, de 1992, que deu o alicerce para a operação comercial de sistemas de
Teledetecção. A lei permitia que companhias pedissem ao Departamento de Comércio da USA para
construir e operar esses sistemas. Reconhecendo as preocupações de segurança oriundas de uma

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 129


operação e distribuição de dados sem nenhuma restrição, a lei e as directrizes políticas
subsequentes exigem que as companhias mantenham os registos de tarefas, de modo que o governo
possa verificar quem está a pedir que dados e quando. As companhias, também, precisam de manter
o controle da nave espacial permanentemente e serem capazes de limitar a colecta e a distribuição
conforme determinado pelo governo dos Estados Unidos. A lei também autoriza o governo a proibir
ou restringir dados durante épocas de crise ou de conflito.

Essa lei também tratou a venda de sistemas de satélites de Teledetecção; especificamente, a


Administração Clinton observou que “uma tecnologia tão sensível só deve ser tornada disponível em
termos de um acordo governo a governo”. Além disso, a lei validou o acordo de gestão pelo qual o
DOD (Department of Defense) construiria os sucessores da nave Landsat e seus instrumentos
enquanto a NASA financiaria e operaria a estação terrestre, o processamento e a distribuição.

Em Maio de 2003, a Casa Branca aprovou uma nova política para os satélites comerciais de muito alta
resolução. Esta nova política da Administração Bush substitui a anterior da Administração Clinton e
relaxa significativamente as restrições anteriormente impostas. O objectivo é de manter a liderança
dos Estados Unidos da América nas actividades de Teledetecção espacial.

A nova política exorta as agências do Governo dos EUA a maximizar o uso das capacidades da
teledetecção comercial para providenciar imagens necessárias para fins militares e de inteligência,
bem como para objectivos de política externa e segurança doméstica, para além do seu uso civil.

Estabelecido o alicerce apropriado em termos de política, o governo americano concedeu várias


licenças aos operadores da indústria espacial. Três empreendimentos americanos parecem, por
agora, serem sérios competidores no negócio da Teledetecção. Deve-se observar que a natureza
volátil e competitiva desse negócio produzirá, provavelmente, um abalo nos próximos anos.

Se considerado o critério de primeiro a pôr em órbita, nos Estados Unidos da América, o líder é a
Earth Watch, Inc. Em 24 de Dezembro de 1997, ela pôs em órbita o EarlyBird 1, um satélite
concebido para fornecer uma resolução de três metros em dois ou três dias, a partir do momento do
pedido. Como evidência ulterior da internacionalização do comércio espacial, o Earlybird 1 foi lançado
do Cosmódromo Svobodny, o mais novo sítio de lançamento comercial da Rússia, por um ICBM russo
convertido. Infelizmente, o satélite sofreu falhas logo após o lançamento. Em Novembro de 2000, a
EarthWatch lançou o satélite QuickBird 1, a partir da área de lançamentos de Plesetsk, na Rússia. O
QuickBird 1 não conseguiu alcançar a sua órbita. Finalmente, a sucessora da Earth Watch, a Digital

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 130


Globe lançou com sucesso, através do foguetão Kosmos, da Rússia, em Outubro de 2001, o Quickbird
II, um sistema de resolução inferior a 1 metro.

Outro competidor nesse jogo é a Space Imaging EOSAT, que oferece um produto de 1 metro — a
maior resolução de todos os sistemas comerciais disponíveis até 1999 — com imagens disponíveis um
dia após a encomenda. O primeiro satélite Space Imaging, o IKONOS, foi lançado em 24 de
Setembro de 1999, da Base Aérea Vandenberg, na ogiva de um foguetão Athena-2.

A Orbiting Image (ORBIMAGE), o terceiro participante de importância, oferece a série de satélites


OrbView: OrbView 1, um pequeno mapeador da atmosfera e de relâmpagos, lançado em 1995;
OrbView 2, um satélite de mapeamento do oceano, cores e vegetação lançado com êxito em Agosto

de 1997, após uma delonga de 4 anos e o OrbView 3, a primeira aventura da companhia nos domínios
da alta resolução, que foi lançado recentemente, em 26 de Junho de 2003, fornecendo uma
resolução de um metro em imagens a preto e branco e de quatro metros em imagens multiespectrais
(a cores). Um sucessor, o satélite OrbView 4, patrocinado pela Força Aérea, também incluirá uma
capacidade de formação de imagens hiperespectrais (Warfighter 1) que se anuncia capaz de
detectar objectos através de camuflagem e da copa das árvores.

Sistemas internacionais, alguns já em órbita e outros planeados para entrarem em órbita em 2 ou 3


anos, incluem o SPOT (França), RADARSAT (Canadá), IRS (Índia), ALOS (Japão) e EROS (Israel).
Esses programas continuarão a ser viáveis, primordialmente por causa do mercado mas, também,
porque representam um recurso nacional para os seus países.

Em termos de demanda, são abundantes os usos para estes produtos da nova geração de satélites —
monitoramento ambiental, exploração de energia (petróleo e gás), gestão de recursos (agrícolas e
minerais), cartografia e planeamento urbano e comunitário, para só citar alguns. Hoje em dia,
sistemas de aeronaves fornecem imagens sinópticas para essas aplicações e outras, mas os satélites
de alta resolução são muitíssimo mais eficientes.

Contudo, o comércio mundial de imagens de alta resolução tem significativas implicações positivas e
algumas negativas. Antes, as imagens de alta resolução eram somente para fins militares e o seu
acesso era interdito aos civis. Do lado negativo, como é que as forças armadas de qualquer país irão
tratar os adversários que podem ter acesso a imagens actualizadas e aferidas por GPS’s em seus
computadores pessoais, através da Internet? Isto, não apenas garantirá que o elemento surpresa
nas operações militares seja infinitamente mais difícil, como poderá tornar as imagens num banco de

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 131


dados para formação de alvos de terroristas ou nações degeneradas. Eis porque a Administração
Clinton insistiu no “controle do obturador”. É um dilema que as forças armadas do próximo século
terão que levar em consideração, planeando as suas operações com essa ttansparência potencial e
desenvolvendo contramedidas sofisticadas. Do lado positivo, estas imagens facilmente disponíveis
trarão imensos benefícios para a sociedade civil na exploração dos recursos naturais terrestres.

8.1. Série QuickBird

EarlyBird 1 foi lançado em 24 de Dezembro de 1997, no foguetão Star -1 de Svobodny, Rússia. O

satélite saiu da órbita quatro dias depois, devido a um problema com o sistema interno de

alimentação. Apesar de grandiosos esforços, a EarthWatch não conseguiu restabelecer as

comunicações com o satélite. Em abril de 1998, a EarthWatch iniciou a construção dos satélites

QuickBird, com verbas advindas do prémio do seguro do satélite perdido.

Em novembro de 2000, a EarthWatch lançou o satélite QuickBird 1, a partir de Plesetsk, na Rússia.

O QuickBird 1 não conseguiu alcançar a sua órbita. Em setembro de 2001 a EarthWatch passou a ser

Digital Globe - mudança no nome e no seu foco para reflectir melhor os objectivos da companhia.

A Digital Globe lançou, em Outubro de 2001, o satélite QuickBird II ampliando a resolução da sua

série de satélites para 0.61m em modo pancromático e 2.44 metros no modo multi-espectral.

Características Técnicas

Peso, Tamanho 953 Kg, 3.04 metros de comprimento


Capacidade de envio de dados 320 Mbps, em banda X
Modo de Aquisição Pancromático Multiespectral
Resolução Espacial 61 cm (nadir) a 71 cm (off-nadir) 2.44 m (nadir) a 2.88 (off-nadir)
Bandas Espectrais 1 banda 4 bandas
450-520 nm
Faixas Espectrais 450-900 nm 520-600 nm
630-690 nm
760-900 nm
Precisão métrica Horizontal: 23 metros; Vertical: 17 metros
Tamanho da imagem, Codificação 16.5 km x 16.5 Km, 11 bits
Vida útil 7 anos

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 132


Parâmetros Orbitais

Altitude média e Inclinação 450 km, 98 graus


Período nodal e Duração da órbita 93.4 minutos, 98 minutos
Horário de passagem, Velocidade 10:30 h da manhã, 7.1 Km / s
Frequência de revisita de um mesmo local 1 a 3.5 dias, dependendo da latitude (30º off nadir)
Colecta em cada órbita ~128 Gigabits (57 imagens)

Aplicações das imagens

Denominação Objectivo
• Identificação e Monitoramento de armamentos, obuses, bases
Defesa - Inteligência Militar aéreas, aeronaves estacionadas, reunião de tropas, etc.;
(Resolução 0.61 m) • Observação de Actividades portuárias, deslocamentos de tropa na
fronteira, por exemplo;
• Selecção de alvos estratégicos e posterior avaliação de avarias em
bombardeiros.
• Avaliação de diversas informações acerca de uma área de plantio
Agricultura para a execução de uma agricultura "inteligente", optimizando o uso
(Resolução 2.44 m) e o monitoramento do solo: tipos e tamanhos de culturas, análise de
irrigações, fertilizantes, desgaste do solo, avaliação de avarias
causadas por geadas, tempestades, pragas, etc.
• A maior parte do globo não possui mapas de grandes e médias
escalas, ou se existem, estão desactualizados, ou sem precisão. A
capacidade de fornecer mapas na escala de 1:25000 sem pontos de
Mapeamento controle terrestres, cria uma oportunidade sem precedentes na
(Resolução 0.61 m e 2.44 m) produção de mapas de países inteiros a baixo custo, incluindo áreas
inacessíveis através do terreno. Sua constante captação de imagens
possibilita ainda a permanente e rápida actualização dos mesmos;
• Imprecisões bem como alterações em infra-estruturas urbanas
podem ser facilmente detectadas;
• Actualização de base de dados de mapeamento.
• Medições precisas de ruas, contorno de elevações, monitoramento
de tráfego de veículos, etc.;
Planeamento Urbano • Identificar, cadastrar, monitorar e planear uma grande variedade
(Resolução 0.61 m) de projectos de infra-estrutura urbana e residencial;
• Identificar e localizar ruas, avenidas, pontes, rodovias, canais,
prédios de todos os tamanhos e outras infra-estruturas;
• Suporte ao desmatamento e construção de estradas, etc.;
Monitorar os diversos tipos de poluição do ar;
• Controle de inundações e regime de rios;
Meio Ambiente • Localização de pistas de aterragem ilegais, ocupação ilegal e
(Resolução 0.61 m e 2.44 m) fiscalização do cumprimento de leis ambientais;
• Levantamento de áreas a serem desmatadas ou inundadas. É
possível até medir a quantidade de árvore da área em estudo.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 133


Preço dos Produtos do QuickBird, na Digital Globe (2003)

Preço em US$
Tipo de Nível de PAN + Multi PAN
PAN A Cores Multispectral
Produto Correcção Sharpened
Básico radiométrica 6 120/cena x 6 800/cena 8 160/cena x

Standard Geométrica 22.50/Km2 22.50/Km2 25.00/Km2 30.00/Km2 30.00/Km2

8.2. Série IKONOS

O satélite americano IKONOS II foi lançado no dia 24 de Setembro de 1999, e está operacional

desde o início de janeiro de 2000. É operado pela SPACE IMAGING que detém os Direitos de

Comercialização a nível mundial. Gera imagens com até 1 m de resolução espacial. Este nível de

detalhe que era usado antes como sendo de alta resolução para fins militares está agora

comercialmente disponível para todo o mundo.

As principais características técnicas do satélite IKONOS II e de seus produtos estão resumidos

na tabela abaixo:

Altitude 680 km
Inclinação 98,1º
Velocidade 7km / s
Sentido da Órbita descendente
Duração da Órbita 98 minutos
Tipo de Órbita Sol-síncrona
Resolução Espacial Pancromática: 1m / Multiespectral: 4m
Pan 0.45 - 0.90 µ
Azul 0.45 - 0.52 µ
Bandas espectrais Verde 0.52 - 0.60 µ
Vermelho 0.63 - 0.69 µ
Infra vermelho próximo 0.76 - 0.90 µ
Cobertura 13km na vertical (cenas de 13km x 13km)
Faixas de 11km x 100km até 11km x 1000km
Capacidade de
Mosaicos de até 12.000km2
Aquisição de imagens
20.000km² de área captada numa passagem
2.9 dias no modo Pancromático
1.5 dia no modo Multiespectral
Frequência de Revisita Estes valores valem para latitude de +/- 40º. A frequência de
revisita para latitudes maiores será menor, e maior para as
latitudes perto do Equador.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 134


Características gerais do IKONOS

• 1 m de resolução em PAN e PSM, permitindo discriminar objectos de 1 m² de área ou maior.

• Possibilidade de combinação de imagens adquiridas no modo PANCROMÁTICO, P&B, com 1 m

de resolução, com imagens multiespectrais coloridas de 4 m de resolução, para a produção de

imagens coloridas com 1m de resolução, combinando então as vantagens dos dois tipos de

imagens. Como o satélite adquire sistematicamente as imagens no modo PAN e MS para

todas as áreas, esta fusão e o produto PSM pode ser gerado para todas as imagens

adquiridas por este satélite

• Aquisição das imagens com profundidade radiométrica de 11 bits (2048 níveis de cinzento),

aumentando o poder de contraste e de discriminação das imagens, inclusive nas áreas de

sombra. Antes, as imagens de satélites eram geralmente adquiridas com 8 bits ( 1 byte) ou

256 níveis de cinzento.

• Grande resolução espacial aliada a grande precisão cartográfica. A precisão cartográfica de

localização é obtida através do processo de georeferenciamento das imagens.

• Para se conseguir a alta resolução espacial, as bandas espectrais dos sensores são largas

dentro do espectro visível da luz, permitindo uma maior penetração na atmosfera e maior

poder de discriminação dos alvos terrestres, principalmente da cobertura vegetal, áreas

sombreadas e de corpos d’água;

O IKONOS tem capacidade de efectuar aquisições no sentido de sua órbita e perpendicularmente à

sua órbita, aumentando a frequência de revisita e possibilitando a aquisição de par estereoscópico,

utilizado para trabalhos de restituição de altimetria.

Aplicações das imagens

A alta resolução deste satélite muda até o modo de usar as imagens de satélites por ele geradas,

pois se anteriormente um pixel continha vários objectos, agora, um objecto é que comporta vários

pixeis ... Os algoritmos de interpretação mudam. O nível de detalhe igualmente. O satélite tem

capacidade para ser ampliado com qualidade até 1:2.500, oferecendo a precisão cartográfica

correspondente, somente se correctamente produzido.

São inúmeras as aplicações das imagens deste satélite:

• GIS (redes, telecomunicações, planeamento, meio ambiente);

• Elaboração de Mapas Urbanos, Mapas de arruamentos, Cadastro urbano e rural;

• Apoio em GPS;

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 135


• Uso e ocupação do solo (urbano sobretudo);

• Arquitectura/Urbanismo/Paisagismo;

• Engenharia (simulações mais realistas) em escalas da ordem 1:5.000 até 1:2.500;

• Agricultura convencional e Agricultura de Precisão;

• Inventário Florestal (estimativa de potencial económico, projectos de desenvolvimento

sustentável, censo de árvores);

• Turismo (identificação de locais específicos, mapas de localização de atractivos turísticos);

• Trabalhos até então realizados com fotografia aérea.

Níveis de Processamento dos produtos


• Geo: correcção radiométrica e geométrica a partir de dados dos efemérides e da altitude
do satélite.
• Reference: orto-rectificação sem recorrer a GCP´s (precisão horizontal de 25 metros);
• Map: orto-rectificação sem recorrer a GCP´s (precisão horizontal de 12 metros);
• Pro: orto-rectificação que pode precisar de GCP´s (precisão horizontal de 10 metros);
• Precision: orto-rectificação com GCP´s e DEM (precisão horizontal de 4 metros);
• Precision plus: orto-rectificação com GCP´s e DEM (precisão horizontal de 2 metros);

Preço dos Produtos IKONOS (2003)

Pedido mínimo de 49 Km2 por área, imagem existente em arquivo, há mais de 6 meses:

Produto Tipo Geo-Archive Preço em US$, por km2


Pancromotic (PAN), 1m de resolução, P&B 18.00
Multispectral (MS), 4m de resolução, colorido 18.00
Pan Sharpened (PMS), 1m de resolução, colorido 19.80
Bundle (PAN + MS) juntos no pedido, separadamente, 23.40

Pedido mínimo de 100 Km2 por área, imagem não existente e a programar, ou muito recente no
arquivo (menos de 6 meses):

Preço em US$, por km2


Produto PAN, 1m MS, 4m PSM, 1m Bundle (PAN+MS)
Geo 22.50 18.00 24.75 29.25
Reference 62.00 62.00 68.00 80.60
Pro 62.00 62.00 69.00 80.60
Precision 120.00 120.00 132.00 156.00

Nota: Adicionar US$3000 para a programação prioritária, acrescido de 20% do preço da


encomenda.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 136


8.3 Série EROS

Os satélites da série EROS são plataformas espaciais de baixo custo, alta performance, leves, ágeis

e construídas para actuar em órbita baixa. Eles materializam o resultado criativo das tecnologias

mais actualizadas, ultrapassando o que era geralmente reconhecido como factível em matéria de

Observação da Terra. São satélites Israelitas financiados por companhias norte-americanas, por

isso o satélite é operados pela ImageSat dos EUA.

A Constelação de Satélites da ImageSat International foi concebida para possibilitar, quando todas

as plataformas estiverem operacionais em breve, uma cobertura frequente, senão diário, de qualquer

área de interesse em qualquer localização do Planeta, para que os utilizadores e clientes possam ter

acesso rápido às informações geográficas para tomar as decisões com base em a dados concretos,

actualizados e precisos. Os subsistemas de todos estes satélites, excepto a câmara imageadora, são

plenamente redundantes, para poder enfrentar casos de falhas localizadas no seu funcionamento.

Programa de lançamento dos Satélites EROS


EROS A está em órbita desde 05 de Dezembro de 2000
EROS B – previsto para o Ano 2006
EROS C - previsto para o Ano 2008

EROS A, o primeiro satélite da família EROS, pesava 240 kg ao lançamento e foi feitos para operar

numa órbita de 480 Km. Está equipado com uma câmara de detectores CCD (Charge Coupled Device)

na quantidade de mais de 7 000 por linha de cobertura, para captar imagens pancromáticas de 1.8 m

de resolução. A expectativa de vida útil do EROS A é de no mínimo 4 anos em órbita.

EROS B, a geração seguinte, irá pesar cerca de 350 Kg ao lançamento e irá operar numa órbita de

500 km. Esta série será equipada com uma câmara de detectores CCD/TDI (Charge Coupled

Device/Time Delay Integration) que lhe permitirá adquirir imagens pancromáticas, mesmo em

condições desfavoráveis de pouca iluminação solar. O sistema de aquisição terá 20 000 pixeis por

linha e resolução de 70 cm. A expectativa de vida útil do satélite será no mínimo de 10 anos.

EROS C irá pesar cerca de 350 Kg ao lançamento, para operar numa órbita de 500 km. A inovação

em relação ao EROS B é que este satélite, para além de imagens pancromáticas de 70 m de

resolução, vai-nos proporcionar imagens multiespectrais de 2.8 m de resolução.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 137


Características técnicas

Parâmetros Técnicos do Sistema EROS


Parâmetros EROS A EROS B EROS C
Órbita 480 Km circular 500 km 500 Km
Altitude e Tipo Heliosincronizada Heliosincronizada Heliosincronizada
Resolução PAN: 1.8 m PAN: 0.70 m PAN: 0.70 m ; XS: 2.8 m
Faixa Captada 12.5 Km (nadir) 11 Km (nadir) 11 Km (nadir)
Não sincronizado (até Sincronizado e não Sincronizado e não
Varrimento 750 linhas/sec) sincronizado (até sincronizado (até 9,000
9,000 linhas/sec) linhas/sec)
Tipo de Detector CCD CCD-TDI CCD-TDI
Codificação binária 11 Bits 10 Bits 10 Bits
Inferior a 2 em 2,048 Inferior a 2 em 256 Inferior a 2 em 1024
Sinal / Ruído
Níveis de Cinzento Níveis de Cinzento Níveis de Cinzento
Multiespectral Não Não Sim
Transmissão de dados 70 Mbit/sec 280 Mbit/sec 455 Mbit/sec

Plataforma do EROS-C
Plataforma do EROS-B

Aquisição Rápida

O satélite pode ser orientado em até 45 graus para qualquer direcção na sua órbita, facultando-lhe

o acesso para a aquisição de várias áreas distintas ao longo de uma única passagem. A capacidade do

satélite em apontar as suas respectivas câmaras e adquirir imagens nas mais diversas geometrias lhe

confere a capacidade de captar em estereoscopia a partir de uma mesma órbita.

A câmara do satélite EROS-A é fixada de modo rígido na estrutura principal do satélite e o seu

sistema faz uso da técnica de "pushbroom" , como se o satélite estivesse deslizando sobre a área de

interesse, em grandes tiras de aquisições. A faixa captada é de 12.5 Km de largura.

O satélite do tipo A pode operar em modo não sincronizado, permitindo que a câmara apontada para

a área de interesse esteja captando a uma velocidade inferior à velocidade de movimento do

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 138


satélite. Para alcançar isto, o satélite é apontado para traz na sua órbita e é movido constantemente

a uma velocidade angular constante de tal modo que os detectores permaneçam mais tempo

observando uma área. Desta maneira, eles recebem mais energia reflectida pelo alvo (luz),

melhorando significativamente o factor de qualidade sinal/ruído e permitindo uma melhoria na

resolução espacial e espectral das imagens resultantes.

O satélite EROS do tipo B e C vai operar em ambos os modos, sincronizado ou não sincronizado. No

modo sincronizado, o satélite não pode ser apontado para traz na sua órbita e as imagens são

scanadas na mesma velocidade que a velocidade de movimento do satélite com relação ao chão.

Tabela de Preços das Imagens EROS-A (SAC/CSIR, 2004)

Modo PAN - 1.8 m de resolução, Digital, CD ROM


Cena padrão de 12.5 x 12.5 Km, em arquivo, Nível 0A ou Custo por cena1: US$ 1.500
Nível 1A (radiométricamente corrigida).
Par Estereoscópico Cada Par: US$ 3.000
Custo de Programaçã Prioritária e Urgente (não existente no arquivo)
Cena padrão de 12.5 x 12.5 Km, Nível 0A ou Nível 1A Cada cena: US$ 1.500
Cena Alongada (tamanho máximo de 12.5 x 40 Km) Cada cena: US$ 1.500
Par Estereoscópico Cada Par: US$ 3.000

1
O custo de imagens brutas com mais de um ano no arquivo do SAC, pode baixar até US$650,

dependendo do número de cenas encomendadas. A programação não urgente de novas cenas custa

US$ 200. Para a correcção do Nível 1B (radiométrica e geometricamente corrigida) o CENACARTA

adiciona o custo de aquisição dos pontos de controle Terrestre a colectar por GPS.

8.4 SPOT 5

Após 16 anos de existência, o sistema de Observação da terra SPOT iniciou as operações de uma

nova geração de satélite com o SPOT 5, a partir de Maio de 2002.

O Satélite SPOT 5 foi desenvolvido pelo CNES, França, em conexão com o Programa de Satélite de

Observação militar HELIOS II, uma solução que gerou economia de recursos em ambos programas.

O programa SPOT 5 tem igualmente uma componente política e um objectivo estratégico: "é uma

questão de soberania não deixar a terceiros o monopólio do poder de observação" comenta um


Director do CNES.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 139


Num contexto comercialmente mais competitivo e agressivo, as imagens do SPOT 5 trazem mais

detalhes, mas mantendo a mesma faixa de observação. Graças às capacidades ampliadas do SPOT 5,

comparativamente aos seus antecessores, os seus produtos estão dando um grande passo para

frente em termos de especificações técnicas:

• Resolução agora de 2,5 m cobrindo uma faixa de 60 Km (cena de 60 x 60 Km).

• Cobre os 5 continentes com Estereoscopia para geração de Modelos Numéricos de Terreno

O Spot 5 consegue manter o melhor compromisso técnico que os utilizadores procuram, com alta

resolução espacial e larga faixa captada. Os dois novos instrumentos HRG (High-Resolution

Geometric) imageiam com 5 m de resolução em Pancromático e 2.5 metros em "supermode". Cada um

dos dois instrumentos cobre uma faixa de 60 Km no solo, dentro de um corredor potencial de

visibilidade de ±420 km. Da mesma forma que os sensores dos antecessores do SPOT 5, os

instrumentos HRG podem captar igualmente em modo multi-espectral em 4 bandas (faixa espectral

da luz verde, vermelho, infravermelho próximo e infravermelho médio) .

Os produtos do SPOT 5 foram concebidos para satisfazer os requisitos do mercado em termos de

fornecimento de informação geográfica operacional, na área de aplicações cartográficas, defesa,

agricultura, redes de telecomunicações, planeamento urbano, gestão de desastres naturais, ...

Especificações técnicas do SPOT 5

• Peso de 3.000 Kg

• Órbita na altitude de 832 km

• Memória "Solid State" de 90 Gb.

• Downlink para as estações de 2 canais de 50 Mbps, garantido a transmissão de 5 canais de

captação simultaneamente (2 Instrumentos HRS, 2 Instrumentos HRG e Vegetação)

• 2 Instrumentos HRG (High-Resolution Geometric) de 5 m de resolução em Pancromático e

2.5 metros em "supermode". Cada um dos dois instrumentos cobre uma faixa de 60 Km no

solo, dentro de um corredor potencial de visibilidade de ± 420 km. Da mesma forma que os

sensores dos antecessores do SPOT 5, os instrumentos HRG podem captar igualmente em

modo multi-espectral em 4 bandas (faixa espectral da luz verde, vermelho, infravermelho

próximo e infravermelho médio)

• 2 instrumentos HRS (High-Resolution Stereoscopic) com cobertura estereoscópica de

amplas regiões, adquiridas pelos 2 telescópios que formam o conjunto, sendo um deles com

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 140


visão dianteira e outro com visão traseira, capazes de fornecer dados em estereoscopia

adquiridos numa mesma órbita a alguns segundos de intervalo somente e que uma vez

processados, resultarão em Modelos Numéricos de Terreno de 10 m de precisão altimétrica,

servindo a inúmeras e novas aplicações que exigem precisão altimétrica, tal como

cartografia, base de dados militares e civis, telecomunicações (telefonia celular em

particular), simuladores e voo e sistemas de aproximação aeroportuária e para Sistemas de

Informação Geográfica.

A inovação do SPOT 5: Novos Instrumentos para Novas Performances

As novidades são a opção "Supermode", conceito desenvolvido pelo CNES para gerar imagens com

até 2,5m de resolução e o Instrumento HRS que permite a aquisição em simultânea das duas cenas

que compõe o par estereoscópico, para computação da altimetria do relevo.

O funcionamento na opção "SUPERMODE"

Os telescópios do Instrumento HRG trabalham com resolução de 5 m para imagens em P&B e 10 m

para imagens multiespectrais. A opção de funcionamento em "SUPERMODE" é possível usando um

novo conceito de captação, que consiste em duplicar e deslocar de ½ pixel os detectores CCD que já

existem no modo Pancromático em 5 m de resolução. Esta tecnologia permite que sejam captadas

duas vezes mais informações da área captada e por processamento de imagem feito em Terra,

alcançar a resolução espacial de 2.5 m.

Continuação do Instrumento Vegetação

Ao lado do Instrumento HRS, está no SPOT 5 o Instrumento Vegetação 2, similar ao que opera no

SPOT 4. Com um Imageador multispectral de 1 Km de resolução, ele continuará fornecendo uma

visão em pequena escala da Terra, com uma faixa de 2.250 Km de largura. A sua resolução espacial

permite medir variações subtis na cobertura do planeta, possibilitando um monitoramento global de

grande valor científico.

O instrumento Vegetação do Spot-4 foi concebido para assegurar um acompanhamento contínuo, a

nível regional e global da biosfera continental e da agricultura. Os resultados obtidos permitiram

começar a estudas as complexas interacções de influências que ocorrem entre a cobertura vegetal

do planeta e o clima global : comportamento da vegetação com a ampliação do efeito, consequências

sobre o ciclo do carbono, e ao inverso, o efeito do aumento do teor de CO2 sobre a produção

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 141


vegetal, etc .... O Instrumento Vegetação 2, montado no SPOT 5 é uma versão aprimorada do sensor

inicial, com melhorias nos detectores e na parte óptica.

HRS : Estereoscopia numa única passagem

Bem menor no seu tamanho que os instrumentos HRG, a grande novidade do SPOT 5 é o instrumento

HRS (High Resolution Strereoscopic). Os dois sensores que o compõe tem um ângulo de visão de 20

graus, sendo então que um captará na frente do satélite e, logo depois, outro captará atrás do

satélite, a 90s de intervalo, adquirindo assim um par estereoscópico de maneira sistemática!

Até o presente momento, os satélites SPOT adquiriam pares estereoscópios provenientes de várias

órbitas distintas e com ângulos variáveis. Entre as duas passagem que formavam as cenas do par

estereoscópico, as condições de cobertura da área de interesse e as condições de iluminação, bem

como a meteorologia mudavam bastante, o que resultava em dificuldades adicionais para os

softwares de produção e extracção de altimetria e Modelo Numérico de Terreno. Nestes aspectos,

a tecnologia e a metodologia empregue no Instrumento HRS do SPOT 5 é um progresso indiscutível.

Os Instrumentos HRS tem capacidade de adquirir diariamente 126 000 km2 de área em

estereoscopia, o que possibilitará compor uma base de dados de Modelos Numéricos de Terreno a

nível mundial e atender os clientes e utilizadores nos melhores prazos.

Fig. 32 Os Instrumentos do SPOT 5: HRG e HRS

Produtos do SPOT 5

São imagens de alta resolução até 2.5m de detalhe e cobrindo grandes áreas. O SPOT 5 gera

imagens com resolução até 4 vezes superiores e mais finas do que os seus antecessores.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 142


• 5 m e 2.5 m de resolução em P&B no modo Pancromático, contra 10m anteriormente;

• 10 m de resolução em cores contra 20 m anteriormente .

• A área recoberta por cada cena foi mantida em 60 km x 60 km ou 60 km x 120 km quando os

2 instrumentos HRG são usados simultaneamente;

• Precisão absoluta de localização melhor que 50m sem uso de pontos de controle;

Estas características permitem o uso das imagens SPOT 5 para aplicações nas escalas entre

1:10.000 e 1:25.000.

ORTOIMAGENS SPOT 5: Alta Qualidade Geométrica

Orto rectificadas usando MNT/DEM, as ortoimagens SPOT 5 possuem excelente qualidade

geométrica e alta precisão de localização absoluta, entre 10 e 20 m. Com o desenvolvimento de uma

cadeia de produção automatizada de DEM/MNT do SPOT 5 e a constituição de uma base de dados

de DEM/MNT a nível mundial, as ortoimagens geradas com os dados SPOT 5 são disponíveis.

As ortoimagens SPOT5 estão disponíveis em todos as resoluções e modos espectrais possíveis,

incluindo 5 m e 2.5 m colorido, elaborado com a fusão Pancromático + Multiespectral.

DEM/MNT SPOT 5 e Visualização 3D: cobertura mundial

Os Instrumentos HRS (High Resolution Stereoscopic) do Spot 5 imageam áreas de até 60 km x 120

km. Isto equivale a uma capacidade diária de 126 000 km2 por dia em média, ou seja de 6.000.000 a

10.000.000 Km2 por ano - que será combinada com uma cadeia industrial de processamento montada

conjuntamente pela SPOT IMAGE e IGN, Instituto Geográfico Nacional da França - com o objectivo

de criar um Modelo Numérico de Terreno Global, e possibilitar a geração de orto imagens e

visualizações 3 D cobrindo mais 30.000.000 a 50.000.000 km2 num período de 5 anos (duração

mínima da vida útil do SPOT 5), ou seja mais de 1/3 das terras imersas. Estes produtos terá grande

precisão, mesmo sem o uso de pontos de controle:

• precisão altimétrica igual ou melhor que 10 m,

• precisão absoluta de localização igual ou melhor a 15 m.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 143


8.5 Série OrbView

Dos quatro satélites programados para a constelação OrbView, três já foram lançados.

OrbView-1 foi lançado em Abril de 1995, para fins de cobertura

atmosférica e os seus dados são fornecidos aos utilizadores norte-

americanos.

OrbView-2, concebido para captar os oceanos e a superfície

terrestre, foi lançado em Agosto de 1977. Os seus dados, para além de

serem empregues em aplicações científicas, também servem para a

inteligência e Segurança, pesca comercial e monitoramento ambiental.

OrbView-3, o mais recente da constelação, foi lançado em 26 de Junho de 2003 e integra a restrita

família dos satélites civis da nova geração. Utilizando câmaras

fotográficas de alta resolução, adquire imagens com 1 m de resolução no

pancromático e 4 m de resolução no modo multispectral (a cores), ambas

com uma faixa de 8 Km de largura.

Este tipo de imagens, que o mercado já usa proveniente de outros

satélites, permite a identificação e análise de objectos tais como imóveis,

automóveis e aeronaves individualmente e permite a elaboração de mapas de alta precisão e

simulações tridimensionais da superfície da terra, tanto em ambiente rural como urbano. As imagens

multiespectrais coloridas com informação, igualmente, no infravermelho, possibilitam caracterizar

áreas agrícolas e a vegetação natural com alto poder de discriminação geométrica.

O OrbView-3 tem a capacidade de ser programado para captar uma área de interesse na superfície

da Terra, em menos de 3 dias, com visão lateral de até 45 graus a partir da sua órbita polar. As

imagens adquiridas são transmitidas em tempo real para a Terra nas Estações de Recepção e

Gravação credenciadas ou gravadas a bordo do satélite e então transmitidas para as Estações

Mestres do Sistema, nos EUA.

Especificações Técnicas do OrbView-3

A tabela a seguir resume as características do satélite OrbView-3 e de seus instrumentos:

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 144


Modo de Aquisição Pancromático Multispectral
Resolução Espacial 1 metro 4 metros
Bandas Espectrais 1 banda 4 bandas
450-520 nm
Faixas Espectrais 450-900 nm 520-600 nm
625-695 nm
760-900 nm
Faixa de Captação 8 km
Área de cada Imagem Definida pelo cliente
Frequência de revisita Inferior a 3 dias
Altitude de Órbita 470 km
Horário solar da passagem 10:30 da manhã
Vida útil 5 anos

Principais Aplicações das imagens do OrbView-3

As imagens do OrbView são aplicadas, principalmente, em três domínios de actividade: Inteligência e

Segurança, Comercial e Ambiental. Aqui, vamos abordar, somente, os últimos dois.

Os produtos para a Inteligência e Segurança são fornecidos directamente ao Governo dos EUA. A

distribuição dos outros é realizada por uma rede de revendedores autorizados, distribuidores,

agentes regionais e parceiros estratégicos da ORBIMAGE. Alguns produtos podem ser

encomendados directamente na Internet, no site ORBIMAGE.com. ou no http://cabs.orbimage.com.

Aplicações Comerciais

O ramo de Infra-estruturas é um dos potenciais utilizadores das imagens OrbView, tanto para

planear novas acções de desenvolvimentos (construção, estudos de impacto ambiental, implantação

de utilidades públicas tais como rede de telecomunicações, de água ou eléctrica, etc.) como para

planear a reabilitação ou alteração de áreas já desenvolvidas.

Recursos Naturais é outro domínio potencial usuário de imagens OrbView. Estas podem providenciar

informações úteis sobre a exploração do petróleo ou gás natural, aquacultura e pesca em grande

escala, detecção de desastres naturais e monitoramento de outros recursos terrestres renováveis.

O domínio de Consumo também pode empregar imagens de alta resolução deste satélite para a

planificação de viagens em zonas não muito conhecidas, recorrendo a modelos em 3D.

O domínio da Cartografia e de levantamentos temáticos na agricultura e florestas é um dos que se

pode beneficiar bastante das imagens deste satélite.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 145


Aplicações Ambientais

São variadas as aplicações ambientais, desde a análise do habitat animal ou vegetal e caracterização

ou classificação de zonas húmidas tropicais até à detecção de mudanças de uso e gestão da terra.

Também se podem usar as imagens para a análise de furacões ou para a análise de progressão de

queimadas.

Tipo de Produtos da OrbImage

A gestão e do OrbView é feita pela OrbImage. Os produtos desta companhia variam entre os de

baixa resolução e os de alta resolução. Na categoria de alta resolução (OrbView Cities) estão as

imagens de 1 e 4 metros (cidades e zonas urbanas desenvolvidas) enquanto que na baixa resolução

estão as restantes, de 1 Km e 10 Km de resolução.

OrbView Cities tem duas classes: OrbView Cities Standard, em forma digital e compatível com a
escala 1:24 000 e OrbView Cities Plus, proveniente de câmara digital de alta resolução em 12-bit,

compatível com escalas até 1:1 200. As imagens estão em formato de um quarto de quadrante,

baseado no sistema da DOQQ (Digital Ortho Quarter Quadrangle) da USGS, com 3.75 minutos de

latitude e 3.75 minutos de longitude (15 milhas quadradas). As imagens da OrbView Cities só são

disponíveis mediante uma licença especial de acesso, com termos e condições específicas.

Características dos produtos em OrbView Cities

OrbView Cities Standard OrbView Cities Plus


Resolução Espacial 1.0 metro 1.0 metro
Modo espectral Pancromático Pancromático
Precisão Geométrica 12 metros, 90% 1 metro, 90%
Compatibilidade 1:24,000 1:1,200
Codificação 8 bits 12-bit rescalada a 8-bit
Processamento Orto-rectificação Orto-rectificação
Datum NAD83 NAD83
Elipsóide GRS80 GRS80
Projecção UTM UTM
Formato de Arquivo Sem compressão Sem compressão
Formato dos Dados GeoTIFF GeoTIFF
Tamanho dos Ficheiros 40Mbytes, aproximadamente 40Mbytes, aproximadamente
Formato de entrega CD-ROM ou fita de 8mm CD-ROM ou 8mm tape
Formatação ¼ de Quadrante ¼ de Quadrante

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 146


OrbView Cities Standard OrbView Cities Plus
Resolução Espacial 1.0 metro 1.0 metro
Modo espectral Pancromático Pancromático
Precisão Geométrica 12 metros, 90% 1 metro, 90%
Compatibilidade 1:24,000 1:1,200
Codificação 8 bits 12-bit rescalada a 8-bit
Processamento Orto-rectificação Orto-rectificação
Datum NAD83 NAD83
Elipsóide GRS80 GRS80
Projecção UTM UTM
Formato de Arquivo Sem compressão Sem compressão
Formato dos Dados GeoTIFF GeoTIFF
Tamanho dos Ficheiros 40Mbytes, aproximadamente 40Mbytes, aproximadamente
Formato de entrega CD-ROM ou fita de 8mm CD-ROM ou 8mm tape
Formatação ¼ de Quadrante ¼ de Quadrante

Tabela de Preços da OrbImage (2003)

Para os detentores de licenças de acesso aos produtos OrbView Cities, existem dois tipos de preços:
• Coberturas parciais quando a área é inferior a 12 milhas quadradas

Preço por Preço aprox. Preço aprox.


Nº de cenas
1/4 de Quadrante por milha2 por km2
1-3 US$349 US$23.27 US$8.98
4 ou mais US$249 US$16.60 US$6.41

• Coberturas regular (OrbView Cities Plus Imagery)

Preço por Preço aprox. Preço aprox.


Nº de cenas
1/4 de Quadrante por milha2 por km2
0-60 US$975 US$65.00 US$25.19
60 + US$695 US$46.38 US$17.90

8.6 SPIN-2

Desenhado para a captação de imagens detalhadas da superfície terrestre, o Spin-2 foi lançado a 18
de Fevereiro de 1998 a partir do Cosmódromo de Baikonur, em Kazaquistão, Rússia. Este lançamento
foi graças ao esforço conjunto entre a Aerial Images da USA e a SOVINFORMSPUTNIK, da Rússia,
que planearam a cobertura total da superfície dos Estados Unidos da América e zonas urbanas de
outras regiões do mundo, com imagens de 2 metros de resolução. O Spin-2 foi o primeiro lançamento
de quatro previstos. As imagens captadas estão disponíveis via Microsoft TerraServer, na Internet.
TerraServer é um projecto conjunto entre Microsoft, Aerial Images, Digital Equipment Company,
SOVINFORMSPUTNIK e a Kodak.

Esta série de satélites da Cosmos está equipada com um sistema duplo de câmaras fotográficas de
alta resolução: TK-350 e KVR-1000. Assim, o Spin-2 pode obter imagens (fotografias digitais) de 2 e

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 147


10 metros de resolução, sobre a mesma área, permitindo a elaboração de produtos derivados
refinados, mesmo em sítios onde não haja pontos de controle terrestre.

TK-350 é uma câmara topográfica de 10 metros de resolução, com 350 mm de distância focal. Pode
captar imagens a uma escala aproximada de 1:660 000, cobrindo 200 X 300 km e com sobreposição
longitudinal de 80%. A partir das imagens desta câmara, podem-se elaborar Modelos Numéricos de
Terreno (DEM) com intervalo de 10 metros.

A câmara KVR-1000 tira imagens pancromáticas de 2 metros de resolução, numa escala média de
1:220 000, cobrindo 40 X 160 km. Estas imagens são ideais para as aplicações de mapeamento de
precisão como, por exemplo, mapas planimétricos à escala 1:10 000 ou mapas topográficos
detalhados à escala 1:50 000.

Os dados do Spin-2 são tirados a partir dos 200 Km de altitude, para cima. As imagens originais do
Spin-2 são fotografias de 40 x 160 Km, tiradas por um satélite militar da Rússia, posteriormente
‘desclassificadas’ e exportadas para a USA, sob um acordo firmado para o efeito. Cada fotografia
tem a resolução de 1,56 m por pixel. Foram primeiro separadas em imagens de 40 x 40 Km e
posteriormente scanadas. Os ficheiros digitais resultantes foram, por sua vez, separados em
imagens (quadrantes) de 20 x 20 Km pois o software usado, o Adobe Photoshop, não podia girar ou
rodar uma imagem com mais de 30.000 pixeis.

Entre as aplicações dos produtos do Spin-2, podem-se destacar:

• Mapeamento digital em Sistemas de Informação Geográfica


• Mapeamento urbano
• Estudos ambientais e gestão de recursos
• Inventários florestais e de espécies florestais

Especificações Técnicas das câmaras do SPIN-2


TK-350 KVR-1000
Resolução Espacial 10 m 2m
Distância Focal 350 mm 1000 mm
Altitude Orbital 220 km 220 km
Escala da Imagem 1:630,000 1:220,000
Escala de Utilização 1:50,000 1:10,000
Precisão planimétrica 7-10 m 7-10 m (3-5 m com GCP adicionais)

Características do SPIN-2
· Altitude: 190-270 km
· Inclinação: 65º
· Ciclo (Cobertura no mesmo local): 8-15 dias
· Intervalo espectral: 0.58 – 0.72 µm

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 148


8.7 FORMOSAT-2

O satélite Taiwanês FORMOSAT-2,


desenvolvido pela NSPO foi lançado com
sucesso no dia 20 de Maio de 2004.

O programa espacial Taiwanês dos satélites


anteriormente conhecidos por ROCSAT, foi
rebatizado de FORMOSA, designação
proveniente do nome que os portugueses
haviam dado à bela Ilha de Taiwan, no século XVII.

Os satélites actuais de observação da terra, embora com capacidade de cobrir áreas mais ou menos
extensas com uma resolução espacial cada vez mais fina, continuam limitados em termos da sua
repetitividade de captação de imagens. FORMOSA-2 tenta quebrar esta limitação usando uma
órbita muito particular e específica: geosíncrona e heliosíncrona, simultaneamente. Isto, permite-lhe
captar quotidianamente um alvo nas mesmas condições de observação (mesma visada lateral e mesma
hora solar local).

A missão do FORMOSAT-2

A missão principal de pesquisa do FORMOSAT-2 é de observar os fenómenos da camada


atmosférica superior. Como satélite comercial de muito alta resolução, os seus produtos terão
algumas aplicações específicas:

• Predição de colheitas na agricultura e silvicultura


• Avaliação de desastres naturais
• Análise do uso da terra
• Monitoramento ambiental
• Busca e salvamento no litoral
• Pesquisa académica e Educacional

Formosa-2 possui quatro canais espectrais. O canal azul, associado ao vermelho e verde, permitem
realizar, sem tratamento particular, uma composição em cores naturais. As imagens cobrem 24 x 24
km, com uma resolução espacial de 8 metros em modo multiespectral e de 2 metros em modo
pancromático.

A agilidade do satélite habilita-o a apontar com rapidez (até + / - 45°) alvos tanto ao longo da sua
trajectória (para a frente e para trás) como lateralmente.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 149


A Spot Image é a distribuidora exclusiva dos produtos do FORMOSA-2, excepto para o Taiwan e
China Continental.

Especificações técnicas

Massa 742 kg
Forma Hexahedronal
Órbita Heliosíncrona, a 891 km de altitude
Canal pancromático (PAN) 0.45~0.90µm
0.45~0.52µm Azul
Canais multiespectrais (MS) 0.52~0.60µm Verde
0.63~0.69µm Vermelho
0.76~0.90µm Infravermelho próximo
Resolução (GSD) 2 m em pancromático ;
8 m em multiespectral
Cobertura 24 km
Esperança de vida 5 anos

8.8 RESOURCESAT-1 (IRS-P6)

RESOURCESAT-1 foi lançado em 17 de Outubro de 2003, pela Indian Space Research Organisation.
Também conhecido como IRS-P6, este satélite continua a estender as capacidades dos
predecessores IRS-1C e IRS-1D. O satélite leva a bordo três sistemas de sensores diferentes:
LISS-IV, com uma resolução (Ground Sampling Distance) de 5.8 metros; LISS-III, com uma
resolução (GSD) de 23.5 metros e AWiFS, com um GSD de 56 metros no nadir.

LISS-IV é um sensor pushbroom, tal como é LISS-III e AwiFS e possui três bandas. Para todas

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 150


elas, é usado um único telescópio com lente; a banda 3 (vermelha) é a mais próxima do nadir,
enquanto que a banda 2 está dirigida para a frente e a banda 4 para atrás.
Como no IRS-1C e IRS-1D, o sensor do LISS-IV tem capacidade de movimentação de ±26º a partir
do nadir, permitindo a captação de imagens estereoscópicas.

Especificações Técnicas

LISS-4 LISS-3 AWiFS


Resolução espacial (m) 5.8 23.5 56
23.9 (Modo MX)
Cobertura (km) 141 740
70.3 (Modo Pan)
0.52 - 0.59 0.52 - 0.59
0.52 - 0.59
0.62 - 0.68 0.62 - 0.68
Bandas espectrais (µm) 0.62 - 0.68
0.77 - 0.86 0.77 - 0.86
0.77 - 0.86
1.55 - 1.70 1.55 - 1.70
Codificação (bits) 7 7 10
Transmissão de dados (MPBS) 105 52.5 52.5

Níveis de processamento das imagens e formato dos dados

Os três níveis de processamento básico das imagens do RESOURCESAT-1 oferecem os seguintes


tipos de produtos: Radiométricos, Geo e Ortorectificados. Destes três, o Radiométrico não é
oferecido como um produto standard devido a algumas propriedades que fazem com que seja difícil,
para a maioria dos utilizadores, processar os dados. Porém, é o tipo mais simples de produto
disponível e aquele em que foram aplicadas correcções radiométricas mínimas aos dados. As únicas
correcções executadas são: a normalização dos detectores, a correcção de falha do detector, a
correcção de trepidação e correcção de perda de linha.

Correcção imagem-a-imagem não é aplicada aos produtos Radiométricos; isto é particularmente


importante ter em conta para os sensores LISS-III e AWiFS, pois as suas diferentes bandas são
adquiridas por telescópios diferentes. O software fotogramétrico que oferece suporte aos produtos
Radiométricos do RESOURCESAT-1 deve tomar em consideração o fato de que os quatro sistemas
ópticos possuem parâmetros de orientação interior diferentes e ângulos de orientação também
diferente em relação aos sensores de atitude do satélite. Porque a maioria do software
fotogramétrico existente hoje no mercado não toma isso em consideração, os produtos
Radiométricos só são disponibilizados através de pedido expresso e não fazem parte da lista de
produto standard.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 151


Para os utilizadores que querem lidar com a geo-referenciação imagem-a-imagem, a opção é o
produto Geo. Este é constituído por uma imagem de georectificada, projectada sobre uma superfície
do elipsóide de referência e reamostrada numa grade consistente de um sistema de coordenada.

Produtos Geo podem ser criados tanto em forma de ‘path-oriented’ ou ‘map-oriented’. No produto
‘path-oriented’, a grade de reamostragem é girada para coincidir o mais perfeitamente possível com
a direcção de aquisição do satélite. Isto minimiza a quantidade de informação em branco na imagem
e reduz assim o tamanho de arquivo. O produto ‘map-oriented’ usa uma grade de reamostragem
alinhada com os eixos das coordenada da projecção do mapa.

A pesar dos produtos Geo serem reamostrados numa grade consistente, eles ainda contêm
deslocamentos no relevo. Para não ter que lidar com estes erros, a opção é o produto
Ortorectificado que já corrigi os deslocamentos de relevo no terreno.

Os dados do RESOURCESAT-1 são disponíveis em vários formatos, inclusive Fast Format, GeoTIFF,
e LGSOWG.

A EpaceImaging é o distribuidor exclusivo de imagens do RESOURCESAT-1 fora da Índia.

8.9 CARTOSAT (IRS-P5)

CARTOSAT-1 foi lançado com sucesso pela ISRO, através do foguetão PSLV-C6 do Centro Espacial
Satish Dhawan (SDSC), em Sriharikota, Índia, no
dia 05 de Maio de 2005. CARTOSAT-1 leva a
bordo dois sistemas de sensores para a aquisição
de imagens estereoscópicas pancromáticas na
região visível do espectro electromagnético. As
imagens têm uma resolução espacial de 2.5 metros
e cobrem 30 km de fiada.

CARTOSAT-1 é um satélite de teledetecção construído pela ISRO e principalmente dedicado a


aplicações cartográficas. Foi colocado numa órbita heliosíncrona polar a 618 km de altitude.

O satélite também leva a bordo um gravador com uma capacidade de 120 Gb para armazenar as
imagens. As imagens armazenadas podem ser transmitidas às estações de recepção terrestre
quando o satélite estiver dentro da sua zona de visibilidade.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 152


O satélite leva a bordo um sistema de sensores composto por câmaras fotográficas pancromáticicas
que estão montadas de tal modo que uma aponta para +26 graus e a outra a -5 graus em relação ao
nadir. Assim, podem-se obter imagens estereoscópicas na mesma passagem do satélite.

Cada câmara fotográfica pancromática consiste em telescópios reflectivos de três espelhos


(primário, secundário e terceário).

Especificações Técnicas

Altitude (Km) 618


Tipo de Órbita Heliosíncrona, circular, polar
Inclinação da órbita (graus) 98,87
Número de órbitas p/ dia 14
Duração da Órbita (minutos) 97
Repetitividade (dias) 126 dias
Frequência de Revisita (dias) 5 dias
Resolução Espacial (m, pancromático) 2.5
GIFOV across-track x along-track (m) 2.5 x 2.78 2.22 x 2.23
Resolução espectral (nm) 500 a 850
Resolução Radiométrica (mw/cm*cm/str/micron) 55
Codificação (bits) 10
Cobertura (Km) 30
Detectores: número, tamanho espaçamento 12000, 7 x 7 microns, 35 microns
Telescópio: número de espelhos e distância focal 3, F/4.5
Transmissão de dados (Mb/s) 105
Massa da Plataforma (Kg) 1560
Esperança de vida (anos) 5

CARTOSAT-1 será seguido por CARTOSAT-2 que terá uma resolução espacial de cerca de um
metro.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 153


IX. Status dos Satélites correntes de Teledetecção e perspectivas futuras

9.1. Breve historial

O início da era espacial (1960 a 1972)

CORONA, ARGONI e LANYARD foram os primeiros três satélite com sistemas de reconhecimento
operacionais (McDonald, 1995), no início da era espacial. Estes satélites experimentais captaram
dados durante o período de 1960 a 1972, principalmente a preto e branco, embora alguns fossem a
cores e estéreo. Os seus sistemas de captação são basicamente semelhantes aos utilizados para a
fotografia aérea fotogramétrica (Zhou et al., 2002). A melhor resolução espacial das imagens era de
6 pés (KH-6) e a mais baixa resolução era aproximadamente de 460 pés (KH-5). As primeiras
fotografias espaciais foram captadas no dia 18 de Agosto de 1960 pelo sistema KH-1 e a última
desta colecção foi adquirida no dia 31 de Maio de 1972 pelo sistema KH-4B.

As primeiras aplicações civis (1972 a 1986

O Landsat 1, lançado no dia 7 de Agosto de 1972, simbolizou a era moderna da Teledetecção ao


tornar possível, para a comunidade de ciência da terra, o uso de imagens espaciais para investigação
de recursos terrestres (Lillesand et al., 2000). Os dados espaciais foram directamente usadas, pela
primeira vez, em formato digital. Muitos princípios de processamento de dados multiespectrais
foram desenvolvidos nos anos setenta por organizações como a NASA/JPL, o USGS, ERIM e LARS.

Aplicações massivas (1986 a 1997)

A família dos Satélites de Observação da Terra sofreu desenvolvimentos significativos em


tecnologias e aplicações durante o período de 1986 a 1997. O SPOT-1, lançado no dia 22 de
Fevereiro de 1986, que levava a bordo dois sensor HRV (Alta Resolução no Visível), é um ponto de
referência porque foi o primeiro a usar um sensor linear com técnicas de captação ‘pushbroom’. Foi o
primeiro satélite capaz de captar imagens estereoscópicas e a usar uma banda pancromática de 10 m
de resolução. O ERS-1 SAR, lançado em 17 de Julho de 1991 pela ESA, é um satélite com sensor de
microonda activo de 30 m resolução espacial. O JERS-1 japonês, lançado em Fevereiro de 1992, deu
mais largura à aplicação SAR acrescentando uma banda-L à configuração. Estes satélites com sensor
de microonda activo providenciam dados úteis, principalmente para melhorar a compreensão de
fenómenos ambientais e climáticos e apoiar uma variedade de aplicações tais como o mapeamento de
gelo no mar e estudos das zonas litorais.

Era de sensores de muito alta resolução e hiperespectrais (1997 a “2010”)

EarlyBird (Earth Watch Inc.), lançado em 1997, providenciando imagens pancromáticas de 3 m de


resolução, abriu a nova era de satélites de muito alta resolução (Zhou, 2001a). Este novo sistema de

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 154


captação em muito alta resolução demonstrou a sua capacidade de identificar mudanças à escala
urbanas, incluindo a identificação e medição de estradas. Os seus produtos são principalmente
usados para o mapeamento e aplicações de GIS em escalas então providenciadas somente por
sensores aerotransportados em aviões (Stoney, 1996).

A tabela abaixo faz uma listagem dos satélites correntes operacionais, por data de lançamento, até
meados de 2005)

Data de lançamento Satélite (País) Modo Resolução


1985 – Março Landsat-5 (EUA) MS 30 m, 79 m, 120 m
1990 – Janeiro SPOT-2 (França) MS, Pan 20 m, 10 m
1991 – Agosto IRS-1B (India) MS 36, 5 m, 72 m
1994 – Outubro IRS-P2 (India) MS 36, 25 m
1994 – Novembro Resurs-01 (Russia) MS 80 m, 300 m
1995 – Novembro RADARSAT-1 (Canada) SAR 8m
1995 – Dezembro IRS-1C (India) MS, Pan 23.5 m, 70 m, 188 m 5.8 m
1996 – Março IRS-P3 (India) MS Pan 23.5 m, 70 m, 188 m 5.8 m
1997 – Agosto OrbView-2 (EUA) MS 1100 m
1997 – Setembro IRS-1D (India) MS Pan 23.5 m, 70 m, 188 m 5.8 m
1998 – Fevereiro KVR-1000** (Russia) Pan 2 m, 10 m
1998 – Março SPOT-4 (France) MS, Pan 20 m, 1000 m, 10 m
1999 – Janeiro ROCSAT (Taiwan) MS 800 m
1999 – Abril Landsat-7 (EUA) MS, Pan 30 m, 60 m, 15 m
1999 - Maio IRS-P4 Oceansat (India) MS, Pan 23.5 m, 188 m 5.0 m
1999 – Setembro IKONOS (EUA) MS, Pan 3.28 m, 0.82 m
1999 – Outubro CBERS-1 (China/Brazil) MS, Pan 20 m, 80 m, 160 m, 260 m
1999 – Dezembro Terra (EUA) MS 15 m, 30 m, 90 m, 250 m 500 m
1999 – Dezembro KOMPSAT (Korea) Pan 6.6 m
2000 – Março MTI (EUA) *** MS 5 m, 20 m
2000 – Julho SINDRI (EUA) *** HS 30 m
2000 – Novembro EO-1 (EUA) *** HS, MS 30 m
2000 – Dezembro EROS A1 (Israel) Pan 1.8 m
2001 – Outubro QuickBird (EUA) Pan, MS .61 m, 2.5 m
2001 – Outubro TES (India) Pan 1m
2002 – Março ENVISAT (ESA) SAR 10m
2002 – Maio Aqua (EUA) MS 15 m, 30 m, 90 m, 250 m, 500 m
2002 – Maio SPOT-5 (France) MS, Veg, Pan 10 m, 1000 m 2.5 m
2003 - Junho OrbView-3 (EUA) Pan, MS 1 m, 4 m
2003 - Outubro CBERS-2 (Brazil) MS, Pan 80 m, 260 m, 20 m
2003 - Outubro RESOURCESAT-1 India) Pan, MS 5.8 m, 23 m, 56 m
2004 - Maio Formosa-2 (Taiwan) MS, Pan 8 m, 2 m
2005 - Maio CARTOSAT-1 (India) PAN 2.5 m

**KVR-1000 é um sensor russo do tipo câmara fotográfica de alta resolução. As imagens dependem de cada missão realizada.
***Investigação e desenvolvimento.
MS = Multiespectral, Pan = Pancromático, HS = Hiperespectral, Veg = Vegetação,

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 155


9.2. Análise dos sistemas correntes de sensores

Baseando-nos no que foi mencionado no breve historial, podemos aventar a hipótese de que os passos

deveras significativos na tecnologia dos Satélites de Observação da Terra acontecem em intervalos

de 12 anos, aproximadamente. A geração actual de satélites só está no período da quarta geração, a

era de muito alta resolução. Os tipos de satélites existentes são agrupados em dois tipos de sensor,

óptico e radar, que providenciam uma larga variedade de características. As características

principais de interesse são: resolução espacial, resolução espectral, capacidade de revisita, modo de

aquisição (mono, estéreo, etc.).

Sistema de alta resolução: A família de satélites de alta resolução pode ser classificada em quatro
grupos:
a) Alta cobertura, resolução espacial intermédia e larga resolução espectral;
b) Cobertura fina, resolução muito alta;
c) Sensor hiper-espectral com 8~30 m de resolução espacial
d) Sensor Radar com 3 a 30 m de resolução espacial.

Segundo Zhou (2001a), os sistemas de sensores de resolução moderada (5 a 15 m) possuem uma


cobertura de 60 a 185 km, enquanto que os sistemas de muito alta resolução (0.6 a 5 m) cobrem
somente 3 a 16.5 km. Porém, o sensor pancromático do SPIN- 2, com 2 m de resolução espacial, tem
40 km de cobertura.

A resolução espacial de imagens multiespectrais varia de 4 a 20 m. Os dados multiespectrais de


quase todos os sensores de satélites, com excepção do AM-1 e ASTER, são muito similares aos
usados pelo Landsat. Isto é natural pois as bandas do Landsat cobrem quase todas as janelas de
comprimento de onda livre de absorção atmosférica severa.

Sensores hiperespectrais: podemos listar seis sistemas hiperespectrais típicos:

• O Orbview-4, que fracassou no seu lançamento em Setembro de 2001, era um sistema


comercial desenvolvido pelas exigências da força aérea dos EUA.
• O EO-1 é um sistema altamente experimental projectado para provar várias tecnologias
novas, especialmente dois sensor hiperespectrais avançados, um que usa um filtro em forma
de cunha e o outro um espectrómetro reticular.
• O NEMO (Naval EarthMap Observer), previsto para lançamento, levará o um espectrómetro
de Mapeamento da Costa dos Oceanos (COIS: Coastal Ocean Imaging Spectrometer). Foi
projectado para demonstrar o uso de dados hiperespectrais para a caracterização de
ambientes litorais bem como servir de apoio ao monitoramento ambiental.
• ARIES é um novo satélite que está a ser projectado principalmente para a exploração

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 156


mineral, mapeamento de recurso terrestres e monitoramento ambiental.

O comprimento de onda de todos estes satélites varia de 0.4 a 2.5 µm. A resolução espectral é 10 m
com 200 bandas, excluindo o ARIES-1 que possuirá 105 bandas. Todas estes satélites levam um
sensor de pancromático de alta resolução. Por causa da alta taxa de transmissão de dados requerida
pelos sensor hiperespectrais, a resolução destes sistemas foi restringida para 30 metros, com a
excepção do Orbview-4 que está a ser projectado com 8 m. Diga-se de passagem, 30 metros podem
ser bem mais que suficientes para caracterizar a maioria dos objectivos pretendidos.

Capacidade de Revisita: Os satélites revisitam cada local na Terra em menos de três dias, com uma
habilidade para girar os sensores e apontar lateralmente os alvos a partir da posição nadir em sua
órbita polar. A frequência da sua cobertura global repetida é correlatada directamente à resolução
do satélite. Por exemplo, o MODIS e o AVHRR tal como os outros sensores de resolução a nível de
quilómetro possuem uma repetitividade global de 1 a 2 dias; o Landsat com 10 a 30 m de resolução
tem uma repetitividade global de 2 a 3 semanas; os satélites de resolução alta de 1 a 3 m, possuem
uma repetitividade global de 4 a 12 meses.

Órbita: Excepto um, todos os outros satélites possuem uma órbita polar heliosíncrona. Somente o
SPIN-2 tem uma inclinação de 65 graus.

Capacidade Estéreo: Quase todos os sistemas são capazes de adquirir dados em off-nadir, em
visadas laterais e/ou ao longo da sua órbita. Esta capacidade habilita a colecção de dados estéreo
de alta resolução que permitem a criação eficiente de modelos de elevação digitais de precisão. A
habilidade para captar dados pancromáticos de resolução muito alta, simultaneamente com dados de
multi/hiperespectrais é fundamental para se criarem dados com informações estruturais.

Precisão de navegabilidade dos sensores: Todos os satélites possuem a bordo receptores GPS para
manter com precisão a sua posição na órbita. Quase todos levam simultaneamente um sensor de
altitude para manter estável a altitude dos sistemas de captação.

Países em corrida espacial: A propriedade dos satélites de muito alta resolução e dos satélites
hiperespectrais está a migrar para dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento,
nomeadamente da Europa e América do Norte para a Ásia e América do Sul. Outra tendência
crescente é a cooperação internacional entre países (ex. o EROS, desenhado pela cooperação entre
os EUA e ISRAEL, o CBERS entre a China e o Brasil, etc.).

Os sistemas Radar
Mencionamos aqui somente três satélites radar que providenciam uma variedade de resolução
espacial e combinações de coberturas: RadarSat-2, EnviSat ASAR e LightSar. Estes possuem modos

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 157


de captação com polarimetria completa, isto é, todas as possíveis polarizações estão neles
disponíveis e, por isso, são capazes de produzir resposta de polarização típica de qualquer função. O
LightSAR apresenta um sistema efectivo de frequência dual colocando-se na mesma órbita do
Radarsat-2, de tal modo que ambos possam, simultaneamente, iluminar o alvo na superfície terrestre
ou com um lapso de poucos minutos. Radarsat-2 e LightSAR possuem modos de captação em alta
resolução o que lhes permite a aquisição de dados com 3 metros de resolução espacial. Todos os
satélites radar podem providenciar imagens com resolução de 3 a 1000 m, cobrindo 20 a 500 km,
numa gama extensiva de aplicações. Todos os satélites radar são de órbita heliosíncrona.

9.3. A tendência futura dos sistemas de sensores até 2010: Constelação de Satélites

Considerando que cada satélite individualmente cobre uma proporção pequena da superfície
terrestre, uma resposta rápida usando satélites de alta resolução só pode ser alcançada com vários
satélites operando simultaneamente. Ademais, para se encontrar resposta a muitas das necessidades
ainda insatisfeitas dos fazedores locais de decisão e dos utilizadores de informação ambiental,
requer-se ruma constelação barata e sustentável de Satélites de Teledetecção (pequenos, mini e
micros). As constelações já existentes ou projectadas para os próximos anos são:

Constelação EROS: A ImageSat International pretende possuir uma constelação de pelo menos um
EROS A (EROS A1 lançado em 5 de Dezembro de 2000, com 1.8 m de resolução) e cinco EROS B. O
lançamento destes últimos satélites está planeado para a sua colocação em órbita nos próximos anos.
Para o corrente EROS-A1, a capacidade de revisita é de 1.8 dias, com uma falha máximo de 4 dias.
Quando a constelação de seis satélites EROS estiver no espaço, será possível uma revisita de pelo
menos duas vezes por dia para qualquer local específico dentro da sua área de cobertura. Uma
constelação destas, com cobertura global e com a característica especial de meio dia de revisita,
assegurará a informação necessária para a análise de mudanças ambientais rápidas.

EO-1 e a formação Landsat: O satélite EO-1, lançado no dia 21 de Novembro de 2000, foi
projectado para se encaixar numa formação da órbita do Landsat-7, com um espaçamento de um
minuto ao cruzar o equador. De um modo geral podemos dizer que o EO-1 não é somente um satélite
que orbita na formação do Landsat-7, mas que junto deste, formam uma constelação que inclui o
SAC-C e TERRA.

A constelação RADARSAT: O satélite RADARSAT-3 está a ser planeado para operar em


constelação com o RADARSAT-2, para a captação de dados de muito alta resolução.

Constelação COCONUDS: A constelação COCONUDS (Coordinated Constellation of User Defined


Satellites) está a ser projectada na União Europeia por um consórcio internacional (Geosys, NRI,

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 158


SSSL, e NLR). Esta constelação consistirá em 9 satélites de órbita baixa, com uma resolução de 30
metros, quatro bandas espectrais e uma cobertura de 350 km. A constelação assegurará uma boa
cobertura global diária e fornecerá dados de muito alta resolução temporal.

Constelação RapidEye: A companhia alemã RapidEye Inc. está a construir uma constelação
constituída por quatro mini-satélites avançados. A constelação proporcionará dados de 6.5 metros
de resolução com uma ampla cobertura multispectral e com uma capacidade de revisita diária. Cada
um dos satélites levará a bordo um sistema de sensores CCD com cobertura de 150 km e com
capacidade de aquisição ‘off-track’ em ângulos de ±22°.

Constelação DM (Disaster Monitoring Constellation): A companhia Surrey Satélite Technology


Ltd. (SSTL), do Reino Unido, está a construir uma constelação para o Monitoramento dos Desastres
Naturais. A constelação consiste em cinco micro-satélites para providenciarem imagens diárias
susceptíveis ao monitoramento e mitigação de desastres naturais e artificiais e, também, para a
observação da dinâmica da Terra. Todos os satélites transportarão um sistema de sensores CCD
para captar imagens em 6 bandas espectrais (incluindo o visível, o infravermelho próximo e o
pancromático). Cada sistema consiste em duas câmaras fotográficas que permitem a geração de
imagens de 150 km x 1000 km a uma resolução de 6.5 metros. A Argélia e o Reino Unido já se
comprometeram a adquirir os dois primeiros satélites.

COSMO-SkyMed (COnstellation of Small satellite in the Mediterranean basin Observation) é uma


constelação actualmente financiada pela Agência Espacial Italiana (ASI) e desenhada pela companhia
Alenia Aerospazio. Esta constelação, constituída por 7 satélites pequenos, é destinada à
administração de riscos, monitoramento das zonas litorais e estudo da poluição do mar.

WATS (Water vapor in Atmospheric Troposphere and Stratosphere) é uma constelação que
consiste em 12 satélites pequenos para monitorar as variações de distribuição de vapor de água
atmosférica. A constelação está disposta em duas ordens, com seis satélites em cada, a altitudes de
650 km e 850 km.

Constelação CÓSMIC: a NASA e o Taiwan estão a construir uma constelação de satélites designada
por FORMOSA-3/COSMIC. A constelação consiste em seis micro-satélites para captar dados
atmosféricos de predição do tempo e para o estudo da ionosfera, clima e gravidade.

9.4. A tendência da tecnologia espacial depois de 2010

Considerando o ciclo de 12 anos de desenvolvimento de cada geração de Satélites de Teledetecção,


pode-se prever que a geração actual será substituída por outra por volta de 2010. Provavelmente a

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 159


próxima será de ‘satélites inteligentes’ nos quais estejam integrados, numa configuração espacial
dinâmica, sensores inteligentes, processadores de dados e sistemas de comunicação de alta
fidelidade. Com esta configuração será possível aos utilizadores e profissionais do ramo de ciências
espaciais fazer simultaneamente e em tempo real a medição global e a análise atempada de alvos e
fenómenos do meio ambiente (Zhou, 2001a).

Está demonstrado que o desenho actual dos sistemas espaciais de observação da terra tendem a
colocar numerosos instrumentos científicos em plataformas espaciais relativamente grandes e caras
(Prescott et al., 1999). Isto requer que os instrumentos, a plataforma e o sistema de transporte
espacial tenham componentes redundantes múltiplos construídos com componentes caros para
salvaguardar a sua operacionalidade e evitar o risco de avarias no lançamento ou em órbita
(Schetter et al., 2000; Campbell et al, 1999 e Zetocha, 2000). Os sistemas de satélite futuros
tenderão a superar estas desvantagens usando uma Rede de Observação da Terra integrada numa
constelação de satélites com instrumentos de medição coesos.

A presente tendência de pesquisa tecnológica de sensores de teledetecção leva-nos a concluir que


por volta de 2010 a corrida espacial aumentará significativamente com quatro categorias de
sensores:

• Sensores de Alta Resolução: com resolução espacial de menos de 1 metro.


• Sensores Hiperespectrais: com mais de 200 bandas espectrais e com resolução espectral da
ordem de 10 nanometros.
• Sensores de Radar: com resolução espacial de 1 a 5 metros e polarização completa da
energia absorvida.
• Sistemas de Sensores Mistos (activos e passivos) integrados em constelação de satélites:
com capacidade de cobertura global diária, resolução alta e hiperespectrais.

Nos últimos anos, estão emergindo muitos sensores avançados tais como sensores inteligentes,
sensores de rede neural, sensores de cérebro humanos, sensores computadorizados, etc.. A NASA,
especialmente, está a desenvolver um "sensor web", com uma conectividade como a da Internet, para
os futuros satélites de teledetecção. Assim, o conceito de sensor terá que ser ampliado de modo a
não ser somente uma resposta ao sinal eléctrico mas também ao estímulo biológico, químico ou físico.

Depois de 2010, a nova geração de satélites usará, provavelmente, estes sensores avançados. Nessa
altura, o desafio será a manutenção de um sistema espacial capaz de providenciar dados em tempo
real e que possa resolver os problemas associados ao seu processamento a bordo, à sua a alta taxa
de transmissão, ao controle dos sensores inteligentes e da própria rede e à produção de informação
fiável, sua distribuição e armazenamento.

Manual de Teledetecção – Fascículo I: Satélites e Princípios Físicos da Teledetecção 160


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