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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
NITERÓI
2021
ARTHUR ARAUJO DE SOUZA
Orientador(a):
Prof(a). Thiago Trezza Borges
Niterói, RJ
2021
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Prof(a). Thiago Trezza Borges – Orientador(a) – UFF
________________________________________________
Dr(a). Paulo Roberto Duailibe Monteiro – Membro Convidado – UFF
________________________________________________
Eng(o). Daniel França de Souza Batista – Membro Convidado – 3C Services
Niterói
2021
Dedicatória: À minha família que sempre
acreditou no meu potencial e me apoiou em
todos os momentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por todas as oportunidades e dificuldades que me fizeram mais forte
para enfrentar todas as barreiras da vida.
À minha família pela paciência e apoio incondicional.
À minha esposa, Thayanne, pela dedicação e ajuda durante todo projeto.
Ao professor Thiago que, com toda sabedoria, e responsabilidade, se dedicou ao meu
projeto, colaborando para minha formação.
“...as descargas atmosféricas são um fenômeno complexo, aleatório e probabilístico de difícil
interpretação, o que motiva pesquisadores e engenheiros a buscarem formas de melhorar os
níveis de proteção dos circuitos e de instalações elétricas, considerando as normas técnicas
em vigência.”
SOUZA, André Nunes de et al.
RESUMO
O Brasil, por sua grande extensão territorial, com localização próxima ao Equador
geográfico, e por suas características físicas e climatológicas, é um dos países com maiores
incidências de descargas atmosféricas. Este fenômeno é um dos maiores responsáveis pelo
desligamento não programado nas redes elétricas, sendo responsável pela queima de
equipamentos e sobretensões prejudiciais ao consumidor. Com o objetivo de proteger às
edificações, equipamentos, instalações elétricas e telecomunicações, são desenvolvidos
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), que levam em consideração as
características e a geometria das instalações a serem protegidas. Dado que as subestações são
importantes em todas as cadeias de suprimento de energia e que as descargas atmosféricas
podem causar prejuízos e desligamentos inaceitáveis ao sistema, neste trabalho serão
apresentados os principais conceitos e teorias sobre descargas atmosféricas, gerenciamento de
risco e modelos de sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Será realizado
um estudo de caso para verificação da necessidade de implantação de SPDA em uma subestação
de Concessionária de Energia Elétrica seguindo as diretrizes da NBR 5419 (2015) e aplicação
do método eletrogeométrico, calculando o raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015) e IEEE
Std 998 (2012), de forma a verificar a norma que melhor atenda às exigências técnicas,
financeiras e de segurança das instalações das empresas que o desenvolvem.
Brazil, due to its large territorial extension, located close to the geographic Equator,
and due to its physical and climatological characteristics, is one of the countries with the highest
incidence of atmospheric discharges. This phenomenon is one of the most responsible for
unscheduled shutdowns in electrical networks, being responsible for the burning of equipment
and overvoltages that are harmful to the consumer. In order to protect buildings, equipment,
electrical and telecommunications installations, direct lightning stroke shielding system are
developed, which take into account the characteristics and geometry of the installations to be
protected. Given that substations are important in all energy supply chains and that lightning
can cause unacceptable losses and shutdowns to the system, this work will present the main
concepts and theories on lightning, risk management and direct lightning stroke shielding
system. A case study will be carried out to verify the need to implement a direct lightning stroke
shielding system in an Electricity Concessionaire substation following the guidelines of NBR
5419 (2015) and application of the electrogeometric method, calculating the rolling sphere
radius by NBR 5419 (2015) and IEEE Std 998 (2012), in order to verify the standard that best
meets the technical, financial and safety requirements of the facilities of the companies that
develop it.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 1
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 2
2 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ....................................................................................... 3
2.1 COMO SE FORMAM AS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ........................................ 3
2.2 CONSEQUÊNCIAS DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ........................................ 5
3 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA .......... 7
3.1 GERENCIAMENTO DE RISCO – SPDA ....................................................................... 7
3.2 VERIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE UM SPDA .................................................... 9
3.2.1 CÁLCULO DO NÚMERO DE EVENTOS PERIGOSOS POR ANO .................. 11
3.2.2 PROBABILIDADE DE DANO À ESTRUTURA E PERDA CONSEQUENTE .. 12
3.2.3 CLASSE DE PROTEÇÃO ...................................................................................... 12
3.3 SUBSISTEMAS DO SPDA ............................................................................................ 13
3.3.1 SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO ........................................................................... 13
3.3.2 SUBSISTEMA DE DESCIDA................................................................................ 20
3.3.3 SUBSISTEMA DE ATERRAMENTO ................................................................... 21
4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 23
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................ 23
4.2 PERDAS E RISCOS ASSOCIADOS À INSTALAÇÃO............................................... 24
4.3 CÁLCULO E ANÁLISES DO NÚMERO ANUAL N DE EVENTOS PERIGOSOS .. 25
4.4 AVALIAÇÃO DA PROBABILIDADE 𝑃𝑋 DE DANOS .............................................. 29
4.5 ANÁLISE DE QUANTIDADE DE PERDA 𝐿𝑋 ............................................................ 35
4.6 CÁLCULO DOS COMPONENTES DE RISCO ........................................................... 40
4.7 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE APLICADO À SUBESTAÇÃO ......................... 41
4.7.1 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA NBR 5419 (2015) ............................. 41
4.7.2 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA IEEE STD 998 (2012) ...................... 43
4.7.3 ANÁLISE CONCLUSIVA DAS METODOLOGIAS EMPREGADAS ............... 50
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 53
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
Para atingir os objetivos propostos, além do capítulo atual, o trabalho foi dividido em
5 capítulos conforme estrutura a seguir:
No capítulo 1 são apresentados a introdução, o objetivo e a estrutura do trabalho.
No capítulo 2 é abordado o conceito de descarga atmosférica, sua formação e suas
consequências. Como se trata de um fenômeno complexo, aleatório e probabilístico de difícil
interpretação, faz-se necessário o estudo acerca do assunto de forma a desenvolver sistemas de
proteção eficientes (SOUZA et al., 2020).
Composto por um sistema de proteção interno e externo, o SPDA é um sistema
completo. Os dispositivos que reduzem os efeitos elétricos e magnéticos da corrente nos
circuitos e equipamentos, constituem o sistema de proteção interno. Já os captores, condutores
de descida e aterramento, constituem o sistema externo. No capítulo 3 será estudado o conceito
de SPDA, gerenciamento de risco, verificação da necessidade de SPDA e os subsistemas de um
SPDA externo.
No capítulo 4 será realizado um estudo de caso para verificação da necessidade de
SPDA. Após isso, será aplicada a metodologia para o sistema de proteção de captação pelo
método eletrogeométrico à uma subestação de Concessionária de Energia Elétrica, calculando
o raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012), de forma a verificar a
norma que melhor atenda às exigências técnicas e de segurança das instalações das empresas
que o desenvolvem.
Por fim, no capítulo 5 serão apresentadas as discussões e conclusões principais dos
capítulos anteriores que formam essa dissertação.
3
2 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
As descargas atmosféricas podem ocorrer da nuvem para o solo, do solo para a nuvem,
dentro da nuvem, da nuvem para um ponto qualquer na atmosfera, denominados descargas no
ar, ou ainda entre nuvens, sendo esta última a mais frequente devido a rigidez dielétrica do ar
diminuir com a altura em função da densidade do ar, representando cerca de 70% do total de
descargas e variando de acordo com a latitude geográfica.
Várias teorias foram apresentadas ao longo dos anos de forma a justificar a ocorrência
das descargas atmosféricas. Hoje sabe-se que a descarga tem origem em dado local da
atmosfera, podendo ser dentro da nuvem ou próximo ao solo, quando ocorre a saturação da
capacidade isolante do ar (rigidez dielétrica). Após o rompimento do dielétrico, ocorre a
transferência de elétrons de uma região menos polarizada para uma região mais polarizada.
Segundo Souza et al. (2020), os raios se formam a partir das nuvens e estão associados
às fases do ciclo da água. Por meio da evaporação da água para a atmosfera, ocorre choque
entre as partículas de água na condensação e precipitação, promovendo troca de cargas elétricas,
conforme pode ser observado na Figura 1.
Tabela 4: Danos e perdas relevantes para uma estrutura para diferentes pontos de impacto da descarga
atmosférica
O SPDA tem como função principal proteger prédios, antenas, instalações industriais,
instalações elétricas, tanques, tubulações e pessoas através do direcionamento da corrente
elétrica para um percurso desejável, de modo a minimizar ou anular os impactos advindos das
descargas atmosféricas.
Souza et al. (2020) diz que “os critérios para projeto, instalação e manutenção das
medidas de proteção contemplam dois conjuntos separados”, sendo:
a) Medidas de proteção para reduzir danos físicos e riscos às vidas;
b) Medidas de proteção para reduzir falhas nos sistemas elétricos.
De acordo com a norma NBR 5419 (2015), para implantação de um SPDA é necessário
avaliar o risco R – relativo a uma provável perda anual média – em correspondência aos tipos
de perdas associadas, conforme tabela abaixo:
Cada risco R indica a soma dos seus componentes de risco, que podem ser agrupados
de acordo com as fontes de danos e os tipos de danos. Seus componentes de risco para uma
8
estrutura devido às descargas atmosféricas na estrutura são definidos na ABNT 5419-2 (2015)
como 𝑅𝐴 , 𝑅𝐵 e 𝑅𝐶 , sendo:
• 𝑅𝐴 : componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico devido
às tensões de toque e passo dentro da estrutura e fora nas zonas até 3 m ao redor dos
condutores de descidas. Perda de tipo L1 e, no caso de estruturas contendo animais vivos,
as perdas do tipo L4 com possíveis perdas de animais podem também aumentar;
• 𝑅𝐵 : componente relativo a danos físicos causados por centelhamentos perigosos dentro da
estrutura iniciando incêndio ou explosão, os quais podem também colocar em perigo o meio
ambiente. Todos os tipos de perdas (L1, L2, L3 e L4) podem aumentar;
• 𝑅𝐶 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP. Perdas do tipo
L2 e L4 podem ocorrer em todos os casos junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com
risco de explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam
imediatamente colocar em perigo a vida humana.
• 𝑅𝑀 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP. Perdas do tipo
L2 e L4 podem ocorrer em todos os casos junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com
risco de explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam
imediatamente colocar em perigo a vida humana.
• 𝑅𝑈 : componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico devido
às tensões de toque e passo dentro da estrutura. Perda do tipo L1 e, no caso de propriedades
agrícolas, perdas do tipo L4 com possíveis perdas de animais podem também ocorrer;
• 𝑅𝑉 : componente relativo a danos físicos (incêndio ou explosão iniciados por centelhamentos
perigosos entre instalações externas e partes metálicas geralmente no ponto de entrada da
linha na estrutura) devido à corrente da descarga atmosférica transmitida ou ao longo das
linhas. Todos os tipos de perdas (L1, L2, L3 e L4) podem ocorrer;
• 𝑅𝑊 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por sobretensões induzidas
nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta. Perdas do tipo L2 e L4 podem
ocorrer em todos os casos, junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com risco de
9
Assim, um bom gerenciamento de risco possibilita a escolha apropriada que deve ser
adotada para reduzir o risco ao limite ou abaixo do limite tolerável. Cabe a prefeitura ou corpo
de bombeiros determinar o valor do risco tolerável a ser considerado para determinação da
necessidade de um projeto de SPDA, e caso não seja determinado pela autoridade competente,
podem-se aplicar os valores da NBR 5419 (2015), conforme mostra Tabela 6.
Para perda de valor econômico (L4) deve ser realizada comparação do custo/benefício
conforme anexo D da NBR 5419-2 (2015) ou caso os dados não estejam disponíveis, considerar
o valor de 10−3.
𝑅𝑋 = 𝑁𝑋 x 𝑃𝑋 x 𝐿𝑋 (1)
Ainda, nesta norma, com o objetivo de apoio na tomada de decisão quanto à necessidade
de uma proteção, são estabelecidas algumas diretrizes, mostrada na figura abaixo:
Figura 3: Procedimento para tomada de decisão da necessidade da proteção e para selecionar as medidas de
proteção
𝑁𝐺 ≈ 0,1 𝑇𝐷 (2)
Onde 𝑇𝐷 é o número de dias de tempestades por ano, que deve ser determinado
conforme a região definida em projeto que pode visualizada no mapa isocerâunico abaixo:
A classe do SPDA refere-se ao nível de proteção para qual o sistema está sendo
projetado, e de forma a mitigar os riscos, são definidas quatro classes de proteção, conforme
tabela abaixo:
Tabela 7: Relação entre níveis de proteção contra descargas atmosféricas e classe de SPDA
Nível de Proteção Caracterização da Proteção Classe de Proteção
I Nível Máximo de Proteção I
II Nível Médio de Proteção II
III Nível Moderado de Proteção III
IV Nível Normal de Proteção IV
Em seu trabalho, Visacro Filho (2005) pontua que “o princípio básico do sistema de
proteção consiste na definição de pontos (corpos) de destaque na estrutura, que possuem muito
maior probabilidade de iniciarem a constituição de canais ascendentes quando um canal
precursor de descarga se aproxima da estrutura”. Os corpos que estão interligados diretamente
ao solo por meio de condutores metálicos constituem caminhos de menor impedância no trajeto
em que ocorre a corrente de descarga em direção ao solo.
De forma a garantir seu objetivo principal – proteger estruturas e à vida das pessoas –
um SPDA deve obrigatoriamente ser composto por elementos com funções distintas que
integram seus três subsistemas: subsistema de captação, subsistema de descida e subsistema de
aterramento.
Figura 5: Entrada de linha 138kV com subsistema de captação composto por haste para-raios e cabo guarda
Estes componentes devem ser posicionados nos cantos salientes, pontas expostas ou
beiradas localizadas no topo das estruturas metálicas ou no topo da edificação.
O dimensionamento e posicionamento deste subsistema pode ser feito através de três
métodos de cálculo, descritos na ABNT NBR 5419 como: Método das Malhas (Gaiola de
Faraday), Método do Ângulo de Proteção (Franklin) e Método Eletrogeométrico (Esfera
Rolante).
O método das Malhas – também conhecido como Gaiola de Faraday – é indicado para
uso em superfícies planas com altura relativamente baixa e com geometria simples, tornando-
se mais eficiente à medida que os condutores da malha estejam mais próximos uns dos outros,
devendo suas dimensões respeitar os valores conforme tabela abaixo:
Figura 9: Volume de proteção provido por um mastro para duas alturas diferentes
Segundo a norma IEEE Std 998 (2012) este modelo serve para delimitar a área de
proteção dos captores de um SPDA, sejam eles constituídos por hastes ou mini captores, cabos
captores ou uma combinação de ambos.
Também conhecido como método da esfera rolante, este método de proteção consiste
em fazer rolar uma esfera fictícia sobre o solo e sobre o sistema de proteção. Cada ponto tocado
pela esfera representa um ponto exposto a incidência de uma descarga atmosférica, e os captores
lançados têm a função de impedir que a esfera toque a edificação. A região que está localizada
abaixo do percurso da esfera rolante (linha pontilhada) representa a região protegida, conforme
mostrado na Figura 10:
A norma NBR 5419-3 (2015) estabelece os raios das esferas bem como os valores
mínimos de amplitudes das correntes das descargas atmosféricas (corrente de pico mínima em
kA), de acordo com o nível de proteção utilizado, conforme Tabela 9:
Os valores referentes ao raio da esfera rolante na Tabela 9, foram obtidos com base na
equação elaborada pelo GT-33 da CIGRÉ – Conferência Internacional de Grandes Redes
Elétricas de Alta Tensão:
d = k x 𝐼𝑝 (3)
onde:
r = 10 x 𝐼 0,65 (4)
onde:
S = 8 x 𝐼𝑠0,65 (5)
onde:
Diferentemente da NBR 5419 (2015), a IEEE Std 998 (2012) não estabelece um valor
fixo para a corrente de pico mínima, sendo seu valor determinado em função das variáveis
mostradas na equação abaixo:
onde:
(7)
2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟
2.ℎ 𝑉𝑐 (8)
𝑅𝑐 . ln( 𝑅 ) − =0
𝑐 𝐸0
20
sendo:
Os condutores de descida podem ser do tipo natural e não natural. Segundo Mamede
Filho (2001), condutores de descida não-naturais “são aqueles constituídos de condutores
metálicos de cobre comercial, de condutividade mínima 98% para o tipo recozido, ou alumínio,
apropriado para utilização como condutor elétrico”. A NBR 5419 (2015) estabelece alguns
requisitos para fixação dos condutores de descida (que devem ser espaçados em função do tipo
de condutor flexível ou rígido), da posição em que os mesmos são instalados (vertical ou
horizontal), além das condições corretas para realização das conexões, garantindo que a
continuidade entre as várias partes seja feita de forma durável. A Figura 11 é um exemplo de
subsistema de descida com condutores não naturais, onde é possível identificar as conexões e
os espaçamentos de fixação entre alguns conectores destacados em vermelho.
Já os condutores de descida naturais, “São aqueles constituídos de elementos próprios
da estrutura ou que não se enquadrem na condição de condutores naturais”. (MAMEDE FILHO,
2001, p. 566)
4 ESTUDO DE CASO
Para este estudo, serão consideradas para fins de constatação de necessidade do SPDA
a perda de vida e a perda de serviço ao público. Não será realizado o cálculo do risco R4 e seus
componentes em função da dificuldade de obtenção de valores econômicos referentes às perdas
da instalação.
𝑁𝐺 ≈ 0,1 x 7
𝑵𝑮 ≈ 0,7 /km² x ano
𝐴𝐷 = π x (3 x 𝐻𝑝 )² (9)
onde:
𝐴𝐷 = π x (3 x 9) ²
𝑨𝑫 ≈ 2.290,22m²
Para o fator de localização 𝐶𝐷 relativo à estrutura, está sendo considerado o valor 1,0,
conforme tabela abaixo, em função da estrutura ser isolada e não possuir nenhum outro objeto
nas vizinhanças conforme mencionado anteriormente.
𝑁𝐷 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐷 x 𝐶𝐷 x 10−6 (10)
27
𝑁𝑀 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝑀 x 10−6 (11)
𝑨𝑴 = 851.898,16m²
Para determinação do número médio anual de eventos 𝑁𝐼 que ocorre perto da entrada
de linha da subestação, deverá ser considerada a fórmula abaixo:
𝑁𝐼 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐼 x 𝐶𝐼 x 𝐶𝐸 x 𝐶𝑇 x 10−6 (13)
Onde:
𝐴𝐼 é a área de exposição equivalente de descargas atmosféricas para a terra perto da
linha, expressa em m², e pode ser determinada pela fórmula:
𝐴𝐼 = 4.000 x 𝐿𝐿 (14)
sendo:
28
𝐴𝐼 = 4.000 x 1.000
𝑨𝑰 = 4 x 10⁶ m²
𝐶𝐸 é o fator ambiental, que de acordo com a localização rural da subestação, deve ser
considerado igual a 1,0, conforme Tabela 12:
𝐶𝑇 é o fator do tipo da linha, que deve ser definido em função do tipo de instalação,
neste caso linha de energia em alta tensão (com transformador AT/BT), ou seja, 𝐶𝑇 = 0,2, pela
observação da Tabela 13:
𝑁𝐿 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐿 x 𝐶𝐼 x 𝐶𝐸 x 𝐶𝑇 x 10−6 (15)
𝐴𝐿 = 40 x 𝐿𝐿 (16)
𝑃𝐴 = 𝑃𝑇𝐴 x 𝑃𝐵 (17)
Sendo 𝑃𝑇𝐴 um valor que depende se a estrutura possui medidas de proteção adicionais
contra tensões de toque e passo. Como a subestação objeto do estudo de caso não possui
nenhuma medida de proteção, 𝑃𝑇𝐴 = 1,0, de acordo com a tabela abaixo:
30
Tabela 14: Valores de probabilidade 𝑷𝑻𝑨 de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar choque a seres
vivos devido a tensões de toque e de passo perigosos
Medida de proteção adicional 𝑷𝑻𝑨
Nenhuma medida de proteção 1,0
Avisos de alerta 10−1
Isolação Elétrica 10−2
Equipotencialização efetiva do solo 10−2
Restrições físicas ou estrutura do edifício utilizada como subsistema de 0,0
descida
Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 40 p.
Tabela 15: Valores de probabilidade 𝑷𝑩 dependendo das medidas de proteção para reduzir danos físicos
Assim, temos:
𝑃𝐴 = 1,0 x 0,02
𝑷𝑨 = 0,02
31
Tabela 16: Valores de probabilidade de 𝑷𝑺𝑷𝑫 em função do nível de proteção para o qual os DPS foram
projetados
𝐶𝐿𝐷 é um fator que depende das condições dispostas na Tabela 17. Como se trata de
linha aérea blindada (energia ou sinal) e conexão na entrada blindada não interligada ao mesmo
barramento de equipotencialização que o equipamento, portanto, 𝐶𝐿𝐷 = 1.
32
Tabela 17: Valores dos fatores 𝑪𝑳𝑫 e 𝑪𝑳𝑰 dependendo das condições de blindagem, aterramento e isolamento
𝑃𝐶 = 0,01 x 1,0
𝑷𝑪 = 0,01
𝑃𝑇𝑈 depende das medidas de proteção contra tensões de toque. Como a subestação
possui avisos de alerta instalados nas estruturas que recebem a entrada de linha, segundo a
Tabela 18, 𝑃𝑇𝑈 = 10−1 .
Tabela 18: Valores da probabilidade de 𝑷𝑻𝑼 de uma descarga atmosférica em uma linha que adentre a estrutura
causar choque a seres vivos devido a tensões de toque perigosas
Tabela 19: Valor da probabilidade 𝑷𝑬𝑩 em função do nível de proteção para o qual os DPS foram projetados
Tabela 20: Valores da probabilidade 𝑷𝑳𝑫 dependendo da resistência 𝑹𝑺 da blindagem do cabo e da tensão
suportável de impulso 𝑼𝑾 do equipamento
𝑃𝑈 = 10−1 x 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑼 = 𝟏𝟎−𝟑
𝑃𝑉 = 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑽 = 𝟏𝟎−𝟐
𝑃𝑊 = 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑾 = 𝟏𝟎−𝟐
Por último, a probabilidade 𝑃𝑍 de uma descarga atmosférica perto de uma linha que
entra na estrutura causar falha nos sistemas internos é obtida a partir da fórmula:
35
Para identificação da probabilidade 𝑃𝐿𝐼 de falha dos sistemas internos devido uma
descarga atmosférica perto de uma linha conectada, é dada pela tabela abaixo. Para o estudo
será considerado tipo de linha de energia e tensão suportável de 6kV. Assim, a partir da
verificação da Tabela 21, obtém-se o valor de 𝑃𝐿𝐼 = 0,1.
Tabela 21: Valores da probabilidade 𝑷𝑳𝑰 dependendo do tipo da linha e da tensão suportável de impulso 𝑼𝑾 dos
equipamentos
Para cálculo da perda de vida humana L1, deve ser realizado o cálculo de acordo com
a tabela abaixo:
Tabela 22: Tipo de perda L1: Valores da perda para cada zona
onde:
𝐿𝑇 é o número relativo médio típico de vítimas feridas por choque elétrico (D1);
𝐿𝐹 é o número relativo médio típicos de vítimas por danos físicos (D2);
𝐿𝑂 é o número relativo médio típicos de vítimas por falha de sistemas internos (D3);
Tabela 27: Fator 𝒉𝒁 aumentando a quantidade relativa de perda na presença de um perigo especial
10−4 𝑥 10−2 𝑥 3
𝐿𝐴 = 𝐿𝑈 = 1 𝑥 120
8760
𝑳𝑨 = 𝑳𝑼 = 2,2 x 𝟏𝟎−𝟒
𝑳𝑩 = 𝑳𝑽 = 2,19 x 𝟏𝟎−𝟐
39
10−1 𝑥 3
𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 = 1 𝑥 120
8760
𝑳𝑪 = 𝑳𝑴 = 𝑳𝑾 = 𝑳𝒁 = 21,9
Para cálculo da perda de serviço ao público L2, deve ser realizado o cálculo de acordo
com a tabela abaixo:
Tabela 28: Tipo de perda L2: valores de perda para cada zona
onde:
𝐿𝐹 é o número relativo médio típico de usuários não servidos, resultante do dano físico D2.
𝐿𝑂 é o número relativo médio típico de usuários não servidos, resultante da falha de sistemas
internos D3.
Logo, para o tipo de dano D2, a perda típica 𝐿𝐵 = 𝐿𝑉 , conforme expressão abaixo:
40
𝑳𝑩 = 𝑳𝑽 = 1,5 x 𝟏𝟎−𝟒
10−2 𝑥 3
𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 =
1
𝑳𝑪 = 𝑳𝑴 = 𝑳𝑾 = 𝑳𝒁 = 3 x 𝟏𝟎−𝟐
Conforme item 3.2 para cálculo dos componentes de risco, devemos aplicar a fórmula:
𝑅𝑋 = 𝑁𝑋 x 𝑃𝑋 x 𝐿𝑋 (23)
A Tabela 31 que consta na NBR 5419-1 (2015) estabelece, para o nível de proteção I,
um raio máximo da esfera rolante de 20 metros, no qual é calculado em função da corrente de
pico mínima de 3kA.
42
r = 10 x 𝐼 0,65
r = 10 x 30,65
r ≈ 20m
onde:
Tabela 31: Valores mínimos dos parâmetros das descargas atmosféricas e respectivos raios da esfera rolante,
correspondentes aos níveis de proteção (NP)
r = 10 x 20,65
r = 15,69m
A metodologia estabelecida para IEEE Std 998 (2012) difere-se da utilizada pela NBR
5419 (2015), uma vez que a primeira não define a corrente de pico mínima, que deve ser
determinada em função dos parâmetros de nível básico de impulso atmosférico (BIL) e da
impedância de surto (𝑍𝑆 ), conforme equação 6 descrita no item 3.3.1.3:
𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠
2.ℎ 𝑉𝑐
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 𝐸0
=0
onde:
44
2𝑥9 325
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 1500
=0
Figura 16: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel
2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟
2𝑥9 2𝑥9
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
0,03466 9,5 𝑥 10−3
𝒁𝒔 = 412,1563 Ω
onde:
Para cálculo da corrente de pico 𝐼𝑠 , aplica-se por último a equação 6 do item 3.3.1.3,
conforme abaixo:
𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠
325 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
412,1563
𝑰𝒔 = 1,7348kA
S = 8 x 𝐼𝑠0,65
S = 8 x 1,73480,65
S = 11,44m
Figura 17: Corte A-A - Setor 69 kV - Resultado dos raios das esferas rolantes
A partir da observação dos raios, nota-se que a zona protegida pela NBR 5419 (2015)
é maior do que a zona protegida pela IEEE Std 998 (2012) e que os equipamentos da entrada
de linha estão protegidos pelas duas normas.
2.ℎ 𝑉𝑐
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 𝐸0
=0
onde:
2𝑥9 110
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 1500
=0
47
Figura 19: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel
2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟
2𝑥9 2𝑥9
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
0,00973 9,5 𝑥 10−3
𝒁𝒔 = 452,0919 Ω
onde:
Para cálculo da corrente de pico 𝐼𝑠 aplica-se por último a equação 6 do item 3.3.1.3,
conforme abaixo:
𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠
48
110 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
452,0919
𝑰𝒔 = 0,5353kA
S = 8 x 𝐼𝑠0,65
S = 8 x 0,53530,65
S = 5,34m
Figura 20: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com mais um poste
Para o setor de 13,8kV, observa-se na Figura 20 que o raio da esfera rolante pela NBR
5419 (2015) é capaz de proteger o quadro de alimentadores e a casa de comando, não
necessitando de nenhuma alteração no layout do projeto. Já o raio da esfera rolante determinado
pela IEEE Std 998 (2012) não foi capaz de proteger a casa de comando com o layout existente,
sendo necessária a instalação de um novo poste, uma vez que sem o novo poste a esfera tocaria
a casa de comando, configurando uma zona desprotegida.
Figura 21: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com cabo para-raios
Nesta nova opção de configuração, mostrada na Figura 21, observa-se que a instalação
de um cabo para-raios já seria suficiente para proteger a casa de comando juntamente com o
raio da esfera rolante da IEEE Std 998 (2012). Nota-se também que a zona protegida pela NBR
5419 (2015) é maior do que a zona protegida pela IEEE Std 998 (2012).
50
Figura 22: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção específica para casa de comando
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 6. ed. São Paulo: LTC, 2001. 560-
764 p.
NOLETO, Sérgio Ricardo Carvalho. As Estruturas metálicas das Edificações como Sistema de
Proteção Contra Descargas Atmosféricas. Brasília, 2006. 139 p. Departamento de Engenharia
Elétrica – Universidade de Brasília, Brasília – DF.
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ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Submódulo 2.6: Requisitos mínimos para
subestações e seus equipamentos – Rev. N° 2021.06. Rio de Janeiro, 2021. 7 p.
SOUZA, André Nunes de et al. SPDA – Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas
- Teoria, Prática e Legislação. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. 192 p.