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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ARTHUR ARAUJO DE SOUZA

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SPDA APLICADO À


SUBESTAÇÃO DE CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA
Estudo de caso comparativo entre NBR-5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012)

NITERÓI
2021
ARTHUR ARAUJO DE SOUZA

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SPDA APLICADO À


SUBESTAÇÃO DE CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA
Estudo de caso comparativo entre NBR-5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheira(o) Eletricista.

Orientador(a):
Prof(a). Thiago Trezza Borges

Niterói, RJ
2021
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:


http://www.bibliotecas.uff.br/bee/ficha-catalografica
ARTHUR ARAUJO DE SOUZA

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SPDA APLICADO À


SUBESTAÇÃO DE CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA
Estudo de caso comparativo entre NBR-5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheira(o) Eletricista.

Aprovado em 22 de setembro de 2021,


com nota 9,5 (nove e meio), pela banca examinadora.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Prof(a). Thiago Trezza Borges – Orientador(a) – UFF

________________________________________________
Dr(a). Paulo Roberto Duailibe Monteiro – Membro Convidado – UFF

________________________________________________
Eng(o). Daniel França de Souza Batista – Membro Convidado – 3C Services

Niterói
2021
Dedicatória: À minha família que sempre
acreditou no meu potencial e me apoiou em
todos os momentos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todas as oportunidades e dificuldades que me fizeram mais forte
para enfrentar todas as barreiras da vida.
À minha família pela paciência e apoio incondicional.
À minha esposa, Thayanne, pela dedicação e ajuda durante todo projeto.
Ao professor Thiago que, com toda sabedoria, e responsabilidade, se dedicou ao meu
projeto, colaborando para minha formação.
“...as descargas atmosféricas são um fenômeno complexo, aleatório e probabilístico de difícil
interpretação, o que motiva pesquisadores e engenheiros a buscarem formas de melhorar os
níveis de proteção dos circuitos e de instalações elétricas, considerando as normas técnicas
em vigência.”
SOUZA, André Nunes de et al.
RESUMO

O Brasil, por sua grande extensão territorial, com localização próxima ao Equador
geográfico, e por suas características físicas e climatológicas, é um dos países com maiores
incidências de descargas atmosféricas. Este fenômeno é um dos maiores responsáveis pelo
desligamento não programado nas redes elétricas, sendo responsável pela queima de
equipamentos e sobretensões prejudiciais ao consumidor. Com o objetivo de proteger às
edificações, equipamentos, instalações elétricas e telecomunicações, são desenvolvidos
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), que levam em consideração as
características e a geometria das instalações a serem protegidas. Dado que as subestações são
importantes em todas as cadeias de suprimento de energia e que as descargas atmosféricas
podem causar prejuízos e desligamentos inaceitáveis ao sistema, neste trabalho serão
apresentados os principais conceitos e teorias sobre descargas atmosféricas, gerenciamento de
risco e modelos de sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Será realizado
um estudo de caso para verificação da necessidade de implantação de SPDA em uma subestação
de Concessionária de Energia Elétrica seguindo as diretrizes da NBR 5419 (2015) e aplicação
do método eletrogeométrico, calculando o raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015) e IEEE
Std 998 (2012), de forma a verificar a norma que melhor atenda às exigências técnicas,
financeiras e de segurança das instalações das empresas que o desenvolvem.

Palavras-Chave: Descargas Atmosféricas, Subestação, Raio, Esfera Rolante, Proteção.


ABSTRACT

Brazil, due to its large territorial extension, located close to the geographic Equator,
and due to its physical and climatological characteristics, is one of the countries with the highest
incidence of atmospheric discharges. This phenomenon is one of the most responsible for
unscheduled shutdowns in electrical networks, being responsible for the burning of equipment
and overvoltages that are harmful to the consumer. In order to protect buildings, equipment,
electrical and telecommunications installations, direct lightning stroke shielding system are
developed, which take into account the characteristics and geometry of the installations to be
protected. Given that substations are important in all energy supply chains and that lightning
can cause unacceptable losses and shutdowns to the system, this work will present the main
concepts and theories on lightning, risk management and direct lightning stroke shielding
system. A case study will be carried out to verify the need to implement a direct lightning stroke
shielding system in an Electricity Concessionaire substation following the guidelines of NBR
5419 (2015) and application of the electrogeometric method, calculating the rolling sphere
radius by NBR 5419 (2015) and IEEE Std 998 (2012), in order to verify the standard that best
meets the technical, financial and safety requirements of the facilities of the companies that
develop it.

Keywords: Atmospheric Discharges, Substation, Lightning, Rolling Sphere, Protection.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição de cargas elétricas no interior da nuvem ................................................ 4


Figura 2: Formação de uma descarga elétrica ............................................................................ 4
Figura 3: Procedimento para tomada de decisão da necessidade da proteção e para selecionar
as medidas de proteção ............................................................................................................. 10
Figura 4: Densidade de descargas atmosféricas 𝑁𝐺- Mapa do Brasil...................................... 11
Figura 5: Entrada de linha 138kV com subsistema de captação composto por haste para-raios e
cabo guarda ............................................................................................................................... 13
Figura 6: Gaiola de Faraday ..................................................................................................... 15
Figura 7: Volume de proteção provido por um mastro ............................................................ 15
Figura 8: Ângulo de proteção correspondente à classe do SPDA ............................................ 16
Figura 9: Volume de proteção provido por um mastro para duas alturas diferentes ................ 16
Figura 10: Princípio de esfera rolante com múltiplos captores de proteção ............................. 17
Figura 11: Subsistema de Descida ............................................................................................ 20
Figura 12: Subsistema de Aterramento .................................................................................... 21
Figura 13: Arranjo físico - Planta Subestação – Cotas em centímetro ..................................... 24
Figura 14: Altura da saliência da estrutura ............................................................................... 26
Figura 15: Posicionamento do subsistema de captação utilizando o método da esfera rolante 43
Figura 16: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel ................ 44
Figura 17: Corte A-A - Setor 69 kV - Resultado dos raios das esferas rolantes ...................... 45
Figura 18 - Corte C-C - Setor 69kV - Entrada de linha da subestação..................................... 46
Figura 19: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel ................ 47
Figura 20: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com mais um poste................................ 48
Figura 21: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com cabo para-raios .............................. 49
Figura 22: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção específica para casa de comando .......... 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Pontos de impacto de descargas atmosféricas ............................................................ 5


Tabela 2: Tipos de danos decorrentes da descarga atmosférica ................................................. 6
Tabela 3: Tipos de perdas decorrentes da descarga atmosférica ................................................ 6
Tabela 4: Danos e perdas relevantes para uma estrutura para diferentes pontos de impacto da
descarga atmosférica................................................................................................................... 6
Tabela 5: Riscos de descargas atmosféricas ............................................................................... 7
Tabela 6: Valores típicos de Risco Tolerável ............................................................................. 9
Tabela 7: Relação entre níveis de proteção contra descargas atmosféricas e classe de SPDA 12
Tabela 8: Dimensões da malha de proteção pelo Método das Malhas ..................................... 14
Tabela 9: Raio da esfera rolante em função da classe de proteção........................................... 18
Tabela 10: Fator de localização da estrutura 𝐶𝐷 ...................................................................... 26
Tabela 11: Fator de instalação da linha 𝐶𝐼 ............................................................................... 28
Tabela 12: Fator Ambiental da linha 𝐶𝐸 .................................................................................. 28
Tabela 13: Fator tipo de linha 𝐶𝑇 ............................................................................................. 28
Tabela 14: Valores de probabilidade 𝑃𝑇𝐴 de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar
choque a seres vivos devido a tensões de toque e de passo perigosos ..................................... 30
Tabela 15: Valores de probabilidade 𝑃𝐵 dependendo das medidas de proteção para reduzir
danos físicos ............................................................................................................................. 30
Tabela 16: Valores de probabilidade de 𝑃𝑆𝑃𝐷 em função do nível de proteção para o qual os
DPS foram projetados ............................................................................................................... 31
Tabela 17: Valores dos fatores 𝐶𝐿𝐷 e 𝐶𝐿𝐼 dependendo das condições de blindagem,
aterramento e isolamento .......................................................................................................... 32
Tabela 18: Valores da probabilidade de 𝑃𝑇𝑈 de uma descarga atmosférica em uma linha que
adentre a estrutura causar choque a seres vivos devido a tensões de toque perigosas ............. 33
Tabela 19: Valor da probabilidade 𝑃𝐸𝐵 em função do nível de proteção para o qual os DPS
foram projetados ....................................................................................................................... 33
Tabela 20: Valores da probabilidade 𝑃𝐿𝐷 dependendo da resistência 𝑅𝑆 da blindagem do cabo
e da tensão suportável de impulso 𝑈𝑊 do equipamento .......................................................... 34
Tabela 21: Valores da probabilidade 𝑃𝐿𝐼 dependendo do tipo da linha e da tensão suportável
de impulso 𝑈𝑊 dos equipamentos ........................................................................................... 35
Tabela 22: Tipo de perda L1: Valores da perda para cada zona............................................... 35
Tabela 23: Tipo de perda L1..................................................................................................... 36
Tabela 24: Fator de redução 𝑟𝑡 ................................................................................................. 36
Tabela 25: Fator de redução 𝑟𝑝 ................................................................................................ 37
Tabela 26: Fator de redução 𝑟𝑓 ................................................................................................ 37
Tabela 27: Fator ℎ𝑍 aumentando a quantidade relativa de perda na presença de um perigo
especial ..................................................................................................................................... 38
Tabela 28: Tipo de perda L2: valores de perda para cada zona ............................................... 39
Tabela 29: Tipo de perda L2: valores médios típicos de 𝐿𝐹 e 𝐿𝑂 ........................................... 39
Tabela 30: Consolidação do cálculo dos componentes de risco 𝑅𝑋 ........................................ 40
Tabela 31: Valores mínimos dos parâmetros das descargas atmosféricas e respectivos raios da
esfera rolante, correspondentes aos níveis de proteção (NP) ................................................... 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AT Alta tensão
BT Baixa tensão
CIGRÉ International Council on Large Electrical Systems
DPS Dispositivo de proteção contra surtos
EAR Extra alta resistência
GT Grupo Técnico
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers
kA Quiloampere
km Quilômetros
kV Quilovolt
LEMP Lightning Electromagnetic Pulse
m Metro
mm Milímetro
MPS Medidas de proteção contra surtos
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
NBR Norma Brasileira
Std Standard
SPDA Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas
LISTA DE SÍMBOLOS

Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas a uma


𝐴𝐷
estrutura isolada
Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas perto
𝐴𝐼
de uma linha
Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas em
𝐴𝐿
uma linha
Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas perto
𝐴𝑀
de uma estrutura
BIL Basic Insulation Level
𝐶𝐷 Fator de localização
𝐶𝐸 Fator ambiental
𝐶𝐼 Fator de instalação de uma linha
Fator dependente da blindagem, aterramento e condições de
𝐶𝐿𝐷
isolação da linha para descargas atmosféricas na linha
Fator dependente da blindagem, aterramento e condições de
𝐶𝐿𝐼
isolação da linha para descargas atmosféricas perto da linha
𝐶𝑇 Fator de tipo de linha para um transformador AT/BT na linha
d Raio da esfera rolante pela equação da CIGRÉ
D1 Danos às pessoas devido à choque elétrico
Danos físicos (fogo, explosão, destruição mecânica, liberação de
D2 produtos químicos) devido aos efeitos das correntes das descargas
atmosféricas, inclusive centelhamento
D3 Falhas de sistemas internos devido a LEMP
𝐸0 Limite do gradiente do corona
h Altura do cabo para-raios
h1 Topo da edificação
h2 Base da edificação
ℎ𝑍 Fator de aumento de perda quando um perigo especial está presente
𝐻𝑝 Altura da saliência da estrutura
I Corrente de pico mínima pela NBR 5419 (2015)
𝐼𝑠 Corrente de pico mínima pela IEEE Std 998 (2012)
L Comprimento da estrutura
Perda relacionada aos ferimentos a seres vivos por choque elétrico
𝐿𝐴
(descargas atmosféricas à estrutura)
Perda em uma estrutura relacionada a danos físicos (descargas
𝐿𝐵
atmosféricas à estrutura)
Perda relacionada à falha dos sistemas internos (descargas
𝐿𝐶
atmosféricas à estrutura)
𝐿𝐹 Perda em uma estrutura devido a danos físicos
𝐿𝐿 Comprimento de uma seção da linha
Perda relacionada à falha de sistemas internos (descargas
𝐿𝑀
atmosféricas perto da estrutura)
𝐿𝑂 Perda em uma estrutura devido à falha de sistemas internos
𝐿𝑇 Perda devido a ferimentos por choque elétrico
Perda relacionada a ferimentos de seres vivos por choque elétrico
𝐿𝑈
(descargas atmosféricas na linha)
Perda em uma estrutura devido a danos físicos (descargas
𝐿𝑉
atmosféricas na linha)
Perda devido à falha de sistemas internos (descargas atmosféricas
𝐿𝑊
na linha)
𝐿𝑋 Perda consequente
Perda relacionada à falha de sistemas internos (descargas
𝐿𝑍
atmosféricas perto da linha)
coeficiente que leva em consideração as diferentes distâncias de
K
ataque a um mastro, cabo para-raios ou plano de aterramento
𝑛𝑡 Número total de pessoas (ou usuários atendidos) esperado
Número de possíveis pessoas em perigo (vítimas ou usuários não
𝑛𝑍
servidos)
Número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas em
𝑁𝐷
uma estrutura
𝑁𝐺 Densidade de descargas atmosféricas para a terra
Número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas
𝑁𝐼
perto de uma linha
Número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas a
𝑁𝐿
uma linha
Número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas
𝑁𝑀
perto de uma estrutura
𝑁𝑋 Número de eventos perigosos por ano
p Probabilidade de exceder o valor da corrente de pico mínima
Probabilidade de ferimentos de seres vivos por choque elétrico
𝑃𝐴
(descargas atmosféricas à estrutura)
Probabilidade de danos físicos à estrutura (descargas atmosféricas
𝑃𝐵
à estrutura)
Probabilidade de falha de sistemas internos (descargas
𝑃𝐶
atmosféricas à estrutura)
Probabilidade de reduzir
𝑃𝑈 e 𝑃𝑉 dependendo das características da linha e da tensão
𝑃𝐸𝐵
suportável do equipamento quando a ligação equipotencial é
instalada
Probabilidade de reduzir 𝑃𝑈 , 𝑃𝑉 e 𝑃𝑊 dependendo das
𝑃𝐿𝐷 características da linha e da tensão suportável do equipamento
(descargas atmosféricas na linha conectada)
Probabilidade de reduzir 𝑃𝑍 dependendo das características da
𝑃𝐿𝐼 linha e da tensão suportável do equipamento (descargas
atmosféricas perto da linha conectada)
Probabilidade de falha de sistemas internos (descargas
𝑃𝑀
atmosféricas perto da linha conectada)
Probabilidade de reduzir 𝑃𝐶 , 𝑃𝑀 , 𝑃𝑊 e 𝑃𝑍 quando um sistema
𝑃𝑆𝑃𝐷
coordenado de DPS está instalado
Probabilidade de reduzir 𝑃𝐴 dependendo das medidas de proteção
𝑃𝑇𝐴
contra tensões de toque e passo
Probabilidade de uma descarga atmosférica em uma linha que
𝑃𝑇𝑈 adentre a estrutura causar choque a seres vivos devido a tensões de
toque perigosas
Probabilidade de ferimentos de seres vivos por choque elétrico
𝑃𝑈
(descargas atmosféricas perto da linha conectada)
Probabilidade de danos físicos à estrutura (descargas atmosféricas
𝑃𝑉
perto da linha conectada)
Probabilidade de falha de sistemas internos (descargas
𝑃𝑊
atmosféricas na linha conectada)
𝑃𝑋 Probabilidade de dano à estrutura
Probabilidade de falha de sistemas internos (descargas
𝑃𝑍
atmosféricas perto da linha conectada)
r Raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015)
r Raio do condutor para-raios
𝑟𝑓 Fator redutor de perda dependente do risco de incêndio
𝑟𝑃 Fator redutor de perda devido às precauções contra incêndio
𝑟𝑡 Fator de redução de perda de vida humana
R Risco
R1 Risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas
R2 Risco de perdas de serviços ao público
R3 Risco de perdas do patrimônio cultural
R4 Risco de perdas de valor econômico
Componente de risco (ferimentos a seres vivos – descarga
𝑅𝐴
atmosférica na estrutura)
Componente de risco (danos físicos na estrutura – descarga
𝑅𝐵
atmosférica na estrutura)
Componente de risco (falha dos sistemas internos – descarga
𝑅𝐶
atmosférica na estrutura)
Componente de risco (falha dos sistemas internos – descarga
𝑅𝑀
atmosférica perto da estrutura)
𝑅𝑇 Risco tolerável
Componente de risco (ferimentos a seres vivos – descarga
𝑅𝑈
atmosférica na linha conectada)
Componente de risco (danos físicos na estrutura – descarga
𝑅𝑉
atmosférica na linha conectada)
Componente de risco (falha dos sistemas internos – descarga
𝑅𝑊
atmosférica na linha conectada)
𝑅𝑋 Componente de risco para uma estrutura
Componente de risco (falha dos sistemas internos – descarga
𝑅𝑍
atmosférica perto da linha)
S Raio da esfera rolante pela IEEE Std 998 (2012)
S1 Fonte de dano - Descargas atmosféricas na estrutura
S2 Fonte de dano - Descargas atmosféricas próximas à estrutura
Fonte de dano - Descargas atmosféricas sobre linhas elétricas e
S3
tubulações metálicas que adentram a estrutura
Fonte de dano - Descargas atmosféricas próximas a linhas elétricas
S4
e tubulações metálicas que adentram a estrutura
Tempo, em horas por ano, da presença de pessoas em locais
𝑡𝑒
perigosos fora da estrutura
Tempo, em horas por ano, que pessoas estão presentes em um local
𝑡𝑍
perigoso
𝑇𝐷 Dias de tempestades por ano
𝑈𝑊 Tensão suportável de impulso
𝑉𝑐 Nível básico de impulso atmosférico
W Largura da Estrutura
𝑍𝑠 Impedância que surge no condutor na presença da corrente de pico
α1 Ângulo entre topo do captor e o topo da edificação
α2 Ângulo entre topo do captor e a base da edificação
Ω Ohms
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 1
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 2
2 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ....................................................................................... 3
2.1 COMO SE FORMAM AS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ........................................ 3
2.2 CONSEQUÊNCIAS DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ........................................ 5
3 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA .......... 7
3.1 GERENCIAMENTO DE RISCO – SPDA ....................................................................... 7
3.2 VERIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE UM SPDA .................................................... 9
3.2.1 CÁLCULO DO NÚMERO DE EVENTOS PERIGOSOS POR ANO .................. 11
3.2.2 PROBABILIDADE DE DANO À ESTRUTURA E PERDA CONSEQUENTE .. 12
3.2.3 CLASSE DE PROTEÇÃO ...................................................................................... 12
3.3 SUBSISTEMAS DO SPDA ............................................................................................ 13
3.3.1 SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO ........................................................................... 13
3.3.2 SUBSISTEMA DE DESCIDA................................................................................ 20
3.3.3 SUBSISTEMA DE ATERRAMENTO ................................................................... 21
4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 23
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................ 23
4.2 PERDAS E RISCOS ASSOCIADOS À INSTALAÇÃO............................................... 24
4.3 CÁLCULO E ANÁLISES DO NÚMERO ANUAL N DE EVENTOS PERIGOSOS .. 25
4.4 AVALIAÇÃO DA PROBABILIDADE 𝑃𝑋 DE DANOS .............................................. 29
4.5 ANÁLISE DE QUANTIDADE DE PERDA 𝐿𝑋 ............................................................ 35
4.6 CÁLCULO DOS COMPONENTES DE RISCO ........................................................... 40
4.7 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE APLICADO À SUBESTAÇÃO ......................... 41
4.7.1 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA NBR 5419 (2015) ............................. 41
4.7.2 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA IEEE STD 998 (2012) ...................... 43
4.7.3 ANÁLISE CONCLUSIVA DAS METODOLOGIAS EMPREGADAS ............... 50
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 53
1

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (2020), o Brasil é um dos


países com maior incidência de raios no mundo, sendo observada cerca de 78 milhões de
descargas atmosféricas ao ano, que culminaram em média 110 fatalidades ao ano.
O objeto de estudo deste trabalho é subestação, que é a instalação responsável por
controlar o fluxo de potência, modificar tensões e alterar a natureza da corrente elétrica através
de um conjunto de equipamentos, de forma a garantir a proteção do sistema elétrico de potência,
vinculando as suas fontes de produção e de transmissão aos seus mais diversificados centros de
consumo.
Quando as descargas atmosféricas atingem subestações de energia elétrica, podem
ocorrer inúmeros prejuízos e defeitos nos equipamentos e estruturas que as compõem, causando
interrupção e desligamento das redes que estão conectadas a elas, causando impactos negativos
não só a equipamentos, mas também aos consumidores de todas as classes (baixa, média e alta
tensão). Como não há maneiras de evitar a ocorrência deste fenômeno e com o objetivo de
proteger essas construções, são implementados Sistemas de Proteção Contra Descargas
Atmosféricas – SPDA. Ao longo dos anos, a partir de estudos e várias tentativas e erros, o
sistema de proteção foi aprimorado e sofreu evoluções importantes no que tange ao
posicionamento de captores. Sendo instalado sobre uma estrutura, o SPDA tem o objetivo
principal de interceptar uma descarga elétrica direta, redirecionando-a à terra, e dispersando-a
ao solo, sendo formado por três subsistemas básicos a serem estudados: subsistema de captação,
subsistema de descida e subsistema de aterramento.
Portanto, os projetos de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)
têm reconhecida importância como forma de prevenir e minimizar os impactos adversos
decorrentes de descargas atmosféricas, sendo regulamentado no Brasil pela norma ABNT NBR
5419 (2015), baseada na norma europeia IEC 62305:2010, porém com adaptações.

1.1 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo introduzir os conceitos inerentes às descargas


atmosféricas, gerenciamento de risco e métodos de proteção contra o fenômeno em questão.
Além disso, será realizado um estudo de caso comparativo para identificar qual a norma – NBR
5419 (2015) ou IEEE Std 998 (2012) – melhor se aplica em relação às exigências técnicas e de
2

segurança para proteção de edificações de geometria complexa, neste caso, subestação de


concessionária de energia elétrica.

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para atingir os objetivos propostos, além do capítulo atual, o trabalho foi dividido em
5 capítulos conforme estrutura a seguir:
No capítulo 1 são apresentados a introdução, o objetivo e a estrutura do trabalho.
No capítulo 2 é abordado o conceito de descarga atmosférica, sua formação e suas
consequências. Como se trata de um fenômeno complexo, aleatório e probabilístico de difícil
interpretação, faz-se necessário o estudo acerca do assunto de forma a desenvolver sistemas de
proteção eficientes (SOUZA et al., 2020).
Composto por um sistema de proteção interno e externo, o SPDA é um sistema
completo. Os dispositivos que reduzem os efeitos elétricos e magnéticos da corrente nos
circuitos e equipamentos, constituem o sistema de proteção interno. Já os captores, condutores
de descida e aterramento, constituem o sistema externo. No capítulo 3 será estudado o conceito
de SPDA, gerenciamento de risco, verificação da necessidade de SPDA e os subsistemas de um
SPDA externo.
No capítulo 4 será realizado um estudo de caso para verificação da necessidade de
SPDA. Após isso, será aplicada a metodologia para o sistema de proteção de captação pelo
método eletrogeométrico à uma subestação de Concessionária de Energia Elétrica, calculando
o raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012), de forma a verificar a
norma que melhor atenda às exigências técnicas e de segurança das instalações das empresas
que o desenvolvem.
Por fim, no capítulo 5 serão apresentadas as discussões e conclusões principais dos
capítulos anteriores que formam essa dissertação.
3

2 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

“Os relâmpagos são descargas atmosféricas de grande intensidade que ocorrem


dentro das nuvens de tempestade – também conhecidas como nuvens Cumulonimbus
– a partir de cargas elétricas provocadas pelo atrito entre partículas de gelo. Quando
o campo elétrico produzido por essas cargas excede a capacidade isolante do ar, a
descarga elétrica se forma.” (INPE, 2020)

As descargas atmosféricas podem ocorrer da nuvem para o solo, do solo para a nuvem,
dentro da nuvem, da nuvem para um ponto qualquer na atmosfera, denominados descargas no
ar, ou ainda entre nuvens, sendo esta última a mais frequente devido a rigidez dielétrica do ar
diminuir com a altura em função da densidade do ar, representando cerca de 70% do total de
descargas e variando de acordo com a latitude geográfica.

2.1 COMO SE FORMAM AS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Várias teorias foram apresentadas ao longo dos anos de forma a justificar a ocorrência
das descargas atmosféricas. Hoje sabe-se que a descarga tem origem em dado local da
atmosfera, podendo ser dentro da nuvem ou próximo ao solo, quando ocorre a saturação da
capacidade isolante do ar (rigidez dielétrica). Após o rompimento do dielétrico, ocorre a
transferência de elétrons de uma região menos polarizada para uma região mais polarizada.
Segundo Souza et al. (2020), os raios se formam a partir das nuvens e estão associados
às fases do ciclo da água. Por meio da evaporação da água para a atmosfera, ocorre choque
entre as partículas de água na condensação e precipitação, promovendo troca de cargas elétricas,
conforme pode ser observado na Figura 1.

“Verifica-se experimentalmente que as cargas elétricas positivas ocupam a parte


superior da nuvem, enquanto as cargas elétricas negativas se posicionam na sua parte
inferior, acarretando consequentemente uma intensa migração de cargas positivas na
superfície da terra para a área correspondente à localização da nuvem, [...]. Dessa
forma as nuvens têm uma característica bipolar.” (MAMEDE FILHO, 2001, p. 560)
4

Figura 1: Distribuição de cargas elétricas no interior da nuvem

Fonte: Souza et al. (2020), 29 p.

A Figura 2 apresenta a concentração de cargas elétricas positivas e negativas que é


responsável pelo surgimento de diferença de potencial entre a nuvem e a terra. O alto gradiente
de tensão (1 kV/mm) formado pode, dependendo das condições ambientais, promover o
rompimento da rigidez dielétrica do ar, criando um meio favorável para a migração das cargas
elétricas na direção da terra, num trajeto sinuoso e com muitas ramificações, cujo fenômeno é
conhecido como descarga piloto descendente.

Figura 2: Formação de uma descarga elétrica

Fonte: Mamede Filho (2001), 562 p.

A ionização do caminho seguido pela descarga piloto possibilita a condutibilidade do


ar ambiente. Em função da proximidade do solo de uma das ramificações da descarga piloto,
uma vez mantido o alto gradiente de tensão entre a nuvem e a terra, surge a descarga ascendente
de retorno da terra para a nuvem, propiciando em seguida a descarga principal de grande
intensidade no sentido da nuvem para a terra.
5

2.2 CONSEQUÊNCIAS DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A principal causa de interrupção e desligamento de redes de energia elétrica registradas


no Brasil é a descarga atmosférica, que possui efeitos destrutivos de sobretensões, que embora
dure um intervalo curto de tempo, da ordem de algumas centenas de microssegundos, traz
inúmeros impactos a equipamentos, causando prejuízos materiais que acarretam dispêndio para
as empresas distribuidoras com reparos e manutenção de linhas de transmissão, subestações,
sistemas de distribuição etc., além do prejuízo incalculável em relação às perdas de vida.
As descargas atmosféricas são as principais responsáveis pelo surgimento de
interferências e danos nas redes de transmissão e distribuição, impactando diretamente às
subestações interligadas, tendo como resultado indicadores negativos de qualidade de energia
fornecida.
Uma descarga atmosférica pode induzir picos de tensão e corrente elétrica nas cercas
de arame, nos condutores das redes elétricas, nos cabos e fios metálicos usados para transmissão
de sinais, e nas estruturas metálicas das edificações, dado que são produzidos campos
eletromagnéticos de grande intensidade que se irradiam pelo espaço. São fenômenos naturais,
imprevisíveis e aleatórios em relação a sua intensidade de corrente, tempo de duração etc., e
por este motivo não existe nenhum dispositivo ou método capaz de impedir a sua ocorrência.
Todavia, existem formas de minimizar e limitar os efeitos decorrentes da descarga
atmosférica de modo a reduzir os riscos às pessoas, estruturas, instalações e seus conteúdos.
Para isso, se faz necessária a adoção de uma proteção contra descargas atmosféricas que seja
compatível com a característica da estrutura e de seus componentes internos.
A NBR 5419 (2015) define os tipos básicos de danos e perdas que podem ocorrer a
depender do ponto de impacto da descarga atmosférica, conforme Tabela 1, Tabela 2 e Tabela
3:

Tabela 1: Pontos de impacto de descargas atmosféricas


S1 Descargas atmosféricas na estrutura
S2 Descargas atmosféricas próximas à estrutura

S3 Descargas atmosféricas sobre linhas elétricas e tubulações metálicas que adentram a


estrutura
S4 Descargas atmosféricas próximas a linhas elétricas e tubulações metálicas que
adentram a estrutura
Fonte: Adaptado NBR 5419 (2015), 21 p.
6

Tabela 2: Tipos de danos decorrentes da descarga atmosférica

D1 Danos às pessoas devido à choque elétrico


Danos físicos (fogo, explosão, destruição mecânica, liberação de produtos químicos)
D2 devido aos efeitos das correntes das descargas atmosféricas, inclusive centelhamento
D3 Falhas de sistemas internos devido a LEMP

Fonte: Adaptado NBR 5419 (2015), 21 p.

Tabela 3: Tipos de perdas decorrentes da descarga atmosférica


L1 Perda de vida humana (incluindo-se danos permanentes)
L2 Perda de serviço ao público
L3 Perda de patrimônio cultural

L4 Perda de valor econômico (estrutura e seu conteúdo, assim como interrupções de


atividades)
Fonte: Adaptado NBR 5419 (2015), 22 p.

A Tabela 4 apresenta a correspondência entre fonte de dano, tipo de dano e tipo de


perda:

Tabela 4: Danos e perdas relevantes para uma estrutura para diferentes pontos de impacto da descarga
atmosférica

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 22 p.


7

3 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA

O SPDA tem como função principal proteger prédios, antenas, instalações industriais,
instalações elétricas, tanques, tubulações e pessoas através do direcionamento da corrente
elétrica para um percurso desejável, de modo a minimizar ou anular os impactos advindos das
descargas atmosféricas.
Souza et al. (2020) diz que “os critérios para projeto, instalação e manutenção das
medidas de proteção contemplam dois conjuntos separados”, sendo:
a) Medidas de proteção para reduzir danos físicos e riscos às vidas;
b) Medidas de proteção para reduzir falhas nos sistemas elétricos.

Em conformidade com a NBR 5419 (2015) e considerando que as descargas


atmosféricas são fenômenos naturais impossíveis de serem impedidos de ocorrer, deve ser
realizado um gerenciamento de risco para tomada de decisão da necessidade de um sistema de
proteção e para selecionar as medidas mais adequadas.

3.1 GERENCIAMENTO DE RISCO – SPDA

De acordo com a norma NBR 5419 (2015), para implantação de um SPDA é necessário
avaliar o risco R – relativo a uma provável perda anual média – em correspondência aos tipos
de perdas associadas, conforme tabela abaixo:

Tabela 5: Riscos de descargas atmosféricas


R1 Risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas
R2 Risco de perdas de serviços ao público
R3 Risco de perdas do patrimônio cultural
R4 Risco de perdas de valor econômico

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 15 p.

Cada risco R indica a soma dos seus componentes de risco, que podem ser agrupados
de acordo com as fontes de danos e os tipos de danos. Seus componentes de risco para uma
8

estrutura devido às descargas atmosféricas na estrutura são definidos na ABNT 5419-2 (2015)
como 𝑅𝐴 , 𝑅𝐵 e 𝑅𝐶 , sendo:

• 𝑅𝐴 : componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico devido
às tensões de toque e passo dentro da estrutura e fora nas zonas até 3 m ao redor dos
condutores de descidas. Perda de tipo L1 e, no caso de estruturas contendo animais vivos,
as perdas do tipo L4 com possíveis perdas de animais podem também aumentar;
• 𝑅𝐵 : componente relativo a danos físicos causados por centelhamentos perigosos dentro da
estrutura iniciando incêndio ou explosão, os quais podem também colocar em perigo o meio
ambiente. Todos os tipos de perdas (L1, L2, L3 e L4) podem aumentar;
• 𝑅𝐶 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP. Perdas do tipo
L2 e L4 podem ocorrer em todos os casos junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com
risco de explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam
imediatamente colocar em perigo a vida humana.

O componente de risco para uma estrutura devido às descargas atmosféricas perto da


estrutura é definido por 𝑅𝑀 :

• 𝑅𝑀 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP. Perdas do tipo
L2 e L4 podem ocorrer em todos os casos junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com
risco de explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam
imediatamente colocar em perigo a vida humana.

Os componentes de risco para uma estrutura devido às descargas atmosféricas a uma


linha conectada à estrutura são definidos por:

• 𝑅𝑈 : componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque elétrico devido
às tensões de toque e passo dentro da estrutura. Perda do tipo L1 e, no caso de propriedades
agrícolas, perdas do tipo L4 com possíveis perdas de animais podem também ocorrer;
• 𝑅𝑉 : componente relativo a danos físicos (incêndio ou explosão iniciados por centelhamentos
perigosos entre instalações externas e partes metálicas geralmente no ponto de entrada da
linha na estrutura) devido à corrente da descarga atmosférica transmitida ou ao longo das
linhas. Todos os tipos de perdas (L1, L2, L3 e L4) podem ocorrer;
• 𝑅𝑊 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por sobretensões induzidas
nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta. Perdas do tipo L2 e L4 podem
ocorrer em todos os casos, junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com risco de
9

explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam


imediatamente colocar em perigo a vida humana.

Já o componente de risco para uma estrutura devido às descargas atmosféricas perto


de uma linha conectada à estrutura é definido por:

• 𝑅𝑍 : componente relativo a falhas de sistemas internos causados por sobretensões induzidas


nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta. Perdas do tipo L2 e L4 podem
ocorrer em todos os casos, junto com o tipo L1, nos casos de estruturas com risco de
explosão, e hospitais ou outras estruturas onde falhas de sistemas internos possam
imediatamente colocar em perigo a vida humana.

Assim, um bom gerenciamento de risco possibilita a escolha apropriada que deve ser
adotada para reduzir o risco ao limite ou abaixo do limite tolerável. Cabe a prefeitura ou corpo
de bombeiros determinar o valor do risco tolerável a ser considerado para determinação da
necessidade de um projeto de SPDA, e caso não seja determinado pela autoridade competente,
podem-se aplicar os valores da NBR 5419 (2015), conforme mostra Tabela 6.

Tabela 6: Valores típicos de Risco Tolerável


Tipo de perda Risco Tolerável (𝑅𝑇 )
L1 Perda de vida humana (incluindo-se danos permanentes) 10−5
L2 Perda de serviço ao público 10−3
L3 Perda de patrimônio cultural 10−4

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 20 p.

Para perda de valor econômico (L4) deve ser realizada comparação do custo/benefício
conforme anexo D da NBR 5419-2 (2015) ou caso os dados não estejam disponíveis, considerar
o valor de 10−3.

3.2 VERIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE UM SPDA

Para verificar a necessidade de um SPDA deve-se realizar o cálculo da fórmula abaixo


descrita na norma NBR 5419-2 (2015):
10

𝑅𝑋 = 𝑁𝑋 x 𝑃𝑋 x 𝐿𝑋 (1)

Devendo ser levados em consideração os seguintes fatores:


• 𝑁𝑋 : Número de eventos perigosos por ano (conforme anexo A da NBR 5419-2);
• 𝑃𝑋 : Probabilidade de dano à estrutura (conforme anexo B da NBR 5419-2);
• 𝐿𝑋 : Perda consequente (conforme anexo C da NBR 5419-2);

Ainda, nesta norma, com o objetivo de apoio na tomada de decisão quanto à necessidade
de uma proteção, são estabelecidas algumas diretrizes, mostrada na figura abaixo:

Figura 3: Procedimento para tomada de decisão da necessidade da proteção e para selecionar as medidas de
proteção

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 22 p.


11

3.2.1 CÁLCULO DO NÚMERO DE EVENTOS PERIGOSOS POR ANO

O número 𝑁𝑋 de eventos perigosos é influenciado pela densidade de descargas


atmosféricas para a terra 𝑁𝐺 por 𝑘𝑚2 por ano e pelas características físicas da estrutura a ser
protegida, sua vizinhança, linhas conectadas e o solo. O número 𝑁𝐺 pode ser estimado através
da seguinte expressão:

𝑁𝐺 ≈ 0,1 𝑇𝐷 (2)

Onde 𝑇𝐷 é o número de dias de tempestades por ano, que deve ser determinado
conforme a região definida em projeto que pode visualizada no mapa isocerâunico abaixo:

Figura 4: Densidade de descargas atmosféricas 𝑵𝑮 - Mapa do Brasil

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 97 p.


12

3.2.2 PROBABILIDADE DE DANO À ESTRUTURA E PERDA CONSEQUENTE

A probabilidade de dano à estrutura 𝑃𝑋 é impactada pelas características da estrutura


a ser protegida, das linhas conectadas e das medidas de proteção existentes. Já a perda
consequente 𝐿𝑋 é afetada pelo uso para a qual a estrutura foi projetada, a frequência das pessoas,
o tipo de serviço fornecido ao público, o valor dos bens afetados pelos danos e as medidas
providenciais para limitar a quantidade de perdas. O cálculo para ambas as variáveis consta nos
anexos B e C, respectivamente, da NBR 5419-2 (2015) e será aplicado no estudo de caso.

3.2.3 CLASSE DE PROTEÇÃO

A classe do SPDA refere-se ao nível de proteção para qual o sistema está sendo
projetado, e de forma a mitigar os riscos, são definidas quatro classes de proteção, conforme
tabela abaixo:

Tabela 7: Relação entre níveis de proteção contra descargas atmosféricas e classe de SPDA
Nível de Proteção Caracterização da Proteção Classe de Proteção
I Nível Máximo de Proteção I
II Nível Médio de Proteção II
III Nível Moderado de Proteção III
IV Nível Normal de Proteção IV

Fonte: Adaptado ABNT 5419-3 (2015), 7 p.

A depender da classe do SPDA temos parâmetros específicos quanto à descarga


atmosférica, volume de proteção dos eletrodos de captação, distâncias entre condutores,
distância de segurança contra centelhamento perigoso e comprimento mínimo dos eletrodos de
terra. A partir da definição da classe de proteção do SPDA deve ser estabelecida a configuração
dos três subsistemas constituintes do projeto de SPDA: subsistema de captação, subsistema de
descida e subsistema de aterramento.
13

3.3 SUBSISTEMAS DO SPDA

Em seu trabalho, Visacro Filho (2005) pontua que “o princípio básico do sistema de
proteção consiste na definição de pontos (corpos) de destaque na estrutura, que possuem muito
maior probabilidade de iniciarem a constituição de canais ascendentes quando um canal
precursor de descarga se aproxima da estrutura”. Os corpos que estão interligados diretamente
ao solo por meio de condutores metálicos constituem caminhos de menor impedância no trajeto
em que ocorre a corrente de descarga em direção ao solo.
De forma a garantir seu objetivo principal – proteger estruturas e à vida das pessoas –
um SPDA deve obrigatoriamente ser composto por elementos com funções distintas que
integram seus três subsistemas: subsistema de captação, subsistema de descida e subsistema de
aterramento.

3.3.1 SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO

O subsistema de captação tem o objetivo de captar a descarga atmosférica de modo a


evitar danos às estruturas e ocasionar eventuais perdas de vida humana. Este subsistema pode
ser configurado com a utilização de hastes/mastros, condutores suspensos (cabo guarda),
condutores em malhas, elementos naturais ou por uma associação de mais de um destes. A
Figura 5 mostra um subsistema de captação de um SPDA composto por haste para-raios e cabo
guarda, apontados em amarelo.

Figura 5: Entrada de linha 138kV com subsistema de captação composto por haste para-raios e cabo guarda

Fonte: Próprio autor


14

Estes componentes devem ser posicionados nos cantos salientes, pontas expostas ou
beiradas localizadas no topo das estruturas metálicas ou no topo da edificação.
O dimensionamento e posicionamento deste subsistema pode ser feito através de três
métodos de cálculo, descritos na ABNT NBR 5419 como: Método das Malhas (Gaiola de
Faraday), Método do Ângulo de Proteção (Franklin) e Método Eletrogeométrico (Esfera
Rolante).

3.3.1.1 MÉTODO DAS MALHAS – GAIOLA DE FARADAY

O método das Malhas – também conhecido como Gaiola de Faraday – é indicado para
uso em superfícies planas com altura relativamente baixa e com geometria simples, tornando-
se mais eficiente à medida que os condutores da malha estejam mais próximos uns dos outros,
devendo suas dimensões respeitar os valores conforme tabela abaixo:

Tabela 8: Dimensões da malha de proteção pelo Método das Malhas


Nível de Largura máxima Comprimento da
Proteção da malha (m) malha (m)
I 5 <10
II 10 <20
III 10 <20
IV 20 <40
Fonte: Adaptado NBR 5419-3 (2015), 10 p.

Em função da classe de proteção do projeto, é determinada a malha de captação que


compõe um sistema de captores formado por condutores horizontais interligados, de modo que,
o campo elétrico no interior da gaiola seja nulo, mesmo quando passa por seus condutores uma
corrente de valor elevado. Ressalta-se que nas proximidades dos condutores haverá sempre um
campo que poderá gerar tensões induzidas em condutores das instalações elétricas que estejam
paralelos aos condutores da malha, independente do campo elétrico ser nulo no centro da gaiola,
conforme mostrado na Figura 6.
15

Figura 6: Gaiola de Faraday

Fonte: Adaptado Noleto (2006), 43 p.

3.3.1.2 MÉTODO DO ÂNGULO DE PROTEÇÃO

Este método se baseia na proposta inicial de Franklin, onde o volume de proteção é


determinado em função da altura do captor e do ângulo de proteção desse captor (α), sendo
definido pela geratriz de um mastro, que forma um cone em torno do eixo vertical de um
triângulo com a hipotenusa, conforme figura abaixo:

Figura 7: Volume de proteção provido por um mastro

Fonte: Adaptado NBR 5419-3 (2015), 31 p.

Ressalta-se que a estrutura somente estará protegida se estiver totalmente contida


dentro do volume de proteção delimitado pelo cone fictício.
16

O ângulo (α) é obtido a partir da altura da ponta do captor ao plano de referência da


área a ser protegida e da classe de proteção do SPDA. Na Figura 8 é apresentado o gráfico para
determinação do ângulo (α).

Figura 8: Ângulo de proteção correspondente à classe do SPDA

Fonte: Adaptado NBR 5419-3 (2015), 11 p.

Dependendo da altura do captor, pode haver mais de um plano de referência para a


definição da altura h, como observado na formação do ângulo (α1) entre o topo do captor e o
topo da edificação (h1) ou na formação do ângulo (α2) entre o topo do captor e a base da
edificação (h2), conforme representado na figura abaixo.

Figura 9: Volume de proteção provido por um mastro para duas alturas diferentes

Fonte: FERNANDES; SOUZA (2018), 30 p.

O método de Franklin se aplica para edificações com geometria simples, estando


sujeito aos limites de altura dos captores instalados.
17

3.3.1.3 MÉTODO ELETROGEOMÉTRICO

O método eletrogeométrico é uma evolução do método Franklin, sendo muito utilizado


para proteção de linhas de transmissão e subestações de energia elétrica. Este método foi
simplificado para ser aplicado em edificações, com aplicabilidade no dimensionamento de um
SPDA, além de auxiliar na checagem da proteção com relação às edificações vizinhas, desníveis
e estruturas específicas, tais como antenas, placas e painéis, comumente situados nos topos das
edificações.
Embora muito utilizado, este método possui algumas limitações:
• Não considera as distorções de campo elétrico que ocorrem na estrutura e sobre seu
subsistema captor;
• Não leva em consideração a formação e o desenvolvimento do líder ascendente
gerado em função do aumento do campo elétrico que surge sobre a estrutura. Por
este motivo, alguns estudos propõem adaptar o modelo considerando a geometria da
estrutura e a propagação do líder ascendente.

Segundo a norma IEEE Std 998 (2012) este modelo serve para delimitar a área de
proteção dos captores de um SPDA, sejam eles constituídos por hastes ou mini captores, cabos
captores ou uma combinação de ambos.
Também conhecido como método da esfera rolante, este método de proteção consiste
em fazer rolar uma esfera fictícia sobre o solo e sobre o sistema de proteção. Cada ponto tocado
pela esfera representa um ponto exposto a incidência de uma descarga atmosférica, e os captores
lançados têm a função de impedir que a esfera toque a edificação. A região que está localizada
abaixo do percurso da esfera rolante (linha pontilhada) representa a região protegida, conforme
mostrado na Figura 10:

Figura 10: Princípio de esfera rolante com múltiplos captores de proteção

Fonte: IEEE Std 998 (2012), 32 p.


18

A norma NBR 5419-3 (2015) estabelece os raios das esferas bem como os valores
mínimos de amplitudes das correntes das descargas atmosféricas (corrente de pico mínima em
kA), de acordo com o nível de proteção utilizado, conforme Tabela 9:

Tabela 9: Raio da esfera rolante em função da classe de proteção


Classe de Proteção Raio da Esfera (m) Corrente de Pico mínima (kA)
I 20 3
II 30 5
III 45 10
IV 60 16

Fonte: Adaptado NBR 5419-1 (2015), 28 p.

Os valores referentes ao raio da esfera rolante na Tabela 9, foram obtidos com base na
equação elaborada pelo GT-33 da CIGRÉ – Conferência Internacional de Grandes Redes
Elétricas de Alta Tensão:

d = k x 𝐼𝑝 (3)

onde:

k: coeficiente que leva em consideração as diferentes distâncias de ataque a um mastro, cabo


para-raios ou plano de aterramento
I: corrente de pico mínima em kA
p: probabilidade de exceder o valor da corrente de pico mínima

Na norma brasileira NBR 5419, os valores de k e p foram definidos em 10 e 0,65


respectivamente. Essa equação tem uma nova versão na NBR 5419 (2015) onde o valor de r
(ou d no caso da fórmula do GT-33 da CIGRÉ, que representa a distância entre o ponto de
partida do líder ascendente e a extremidade do líder descendente) é calculado conforme equação
a seguir:

r = 10 x 𝐼 0,65 (4)

onde:

I: corrente de pico mínima em kA


19

Esta equação mostra que a distância de atração é função da intensidade da corrente I,


onde durante a aproximação do líder descendente, o objeto que se encontrar a uma distância
menor que a distância de atração r, vai ser o objeto que sofrerá a descarga. Ou seja, quanto
menor o raio r da esfera rolante, maior será o nível de proteção oferecido pelo SPDA.
A IEEE Std 998 (2012) utiliza para o mesmo cálculo do raio da esfera rolante a
seguinte expressão:

S = 8 x 𝐼𝑠0,65 (5)

onde:

𝐼𝑠 : Corrente de pico mínima em kA.

Diferentemente da NBR 5419 (2015), a IEEE Std 998 (2012) não estabelece um valor
fixo para a corrente de pico mínima, sendo seu valor determinado em função das variáveis
mostradas na equação abaixo:

𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2 (6)


𝐼𝑠 =
𝑍𝑠

onde:

BIL: nível básico de impulso atmosférico da subestação em kV


𝑍𝑠 : impedância que surge no condutor na presença da corrente de pico em ohms

Para cálculo da impedância 𝑍𝑠 , a IEEE Std 998 (2012) estabelece:

(7)
2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟

2.ℎ 𝑉𝑐 (8)
𝑅𝑐 . ln( 𝑅 ) − =0
𝑐 𝐸0
20

sendo:

𝑅𝑐 : raio do corona (m)


h: altura do cabo para-raios (m)
𝑉𝑐 : nível básico de impulso atmosférico – BIL (kV)
𝐸0 : limite do gradiente do corona (1500 kV/m)
r: raio do condutor para-raios (m)

3.3.2 SUBSISTEMA DE DESCIDA

Este subsistema é parte do SPDA destinada a receber a corrente de descarga


atmosférica proveniente do subsistema captor e conduzir até o subsistema de aterramento,
podendo estar embutido na própria estrutura.

Figura 11: Subsistema de Descida

Fonte: Próprio autor


21

Os condutores de descida podem ser do tipo natural e não natural. Segundo Mamede
Filho (2001), condutores de descida não-naturais “são aqueles constituídos de condutores
metálicos de cobre comercial, de condutividade mínima 98% para o tipo recozido, ou alumínio,
apropriado para utilização como condutor elétrico”. A NBR 5419 (2015) estabelece alguns
requisitos para fixação dos condutores de descida (que devem ser espaçados em função do tipo
de condutor flexível ou rígido), da posição em que os mesmos são instalados (vertical ou
horizontal), além das condições corretas para realização das conexões, garantindo que a
continuidade entre as várias partes seja feita de forma durável. A Figura 11 é um exemplo de
subsistema de descida com condutores não naturais, onde é possível identificar as conexões e
os espaçamentos de fixação entre alguns conectores destacados em vermelho.
Já os condutores de descida naturais, “São aqueles constituídos de elementos próprios
da estrutura ou que não se enquadrem na condição de condutores naturais”. (MAMEDE FILHO,
2001, p. 566)

3.3.3 SUBSISTEMA DE ATERRAMENTO

Esse subsistema é parte do SPDA destinada a receber a corrente de descarga


atmosférica do subsistema de descida e conduzir até a terra, podendo também estar embutido
na estrutura. Importante salientar que quanto maior a condutância do solo, mais fácil será a
dispersão da corrente e, portanto, será necessário eletrodos de menores comprimentos do que
solos de alta resistividade. A figura abaixo apresenta um exemplo de subsistema de aterramento:

Figura 12: Subsistema de Aterramento

Fonte: Adaptado Noleto (2006), 123 p.


22

Como principais funções do subsistema de aterramento, temos:


• Garantir um percurso facilitado devido à baixa resistência de aterramento;
• Propiciar a segurança de pessoas e animais através da manutenção dos valores de
tensão carcaça-terra e estrutura-terra, de modo a evitar eventuais acidentes
decorrentes de fuga de corrente pela carcaça de equipamentos e estruturas;
• Escoar para a terra os surtos de correntes que possam danificar equipamentos e
componentes da subestação;
• Diminuir os riscos de faiscamento advindos da eletricidade estática gerada por
equipamentos ou por indução.
23

4 ESTUDO DE CASO

A presente memória de cálculo tem por objetivo apresentar o sistema de proteção


contra descarga atmosférica (SPDA), desenvolvida para uma subestação fictícia, objeto do
estudo de caso.
Inicialmente será realizado o cálculo e análise para verificação da necessidade de
instalação de um SPDA seguindo as diretrizes propostas na NBR 5419-2 (2015), dado que a
IEEE 998 2012 não apresenta metodologia para este fim. Uma vez constatada sua necessidade,
será realizado o estudo comparativo dos resultados de proteção obtidos pelo método da esfera
rolante utilizando-se as metodologias empregadas nas Normas Técnicas NBR 5419 (2015) e
IEEE Std 998 (2012).

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


A seguir são apresentados os principais dados da subestação objeto de estudo deste
trabalho e a Figura 13 apresenta o layout da subestação a ser analisada:
✓ Tipo de Projeto: Subestação de Alta Tensão de Concessionária de Energia Elétrica;
✓ Por se tratar de uma instalação que pode provocar interrupções inaceitáveis de serviço
público essencial, o empreendimento se enquadra como nível de Proteção I;
✓ Localidade da subestação: Zona Rural de Ribeirão Preto – São Paulo;
✓ Nível de tensão da subestação: 69kV /13,8kV;
✓ Tipo de estrutura: mista (metálica e concreto);
✓ Dimensões da Subestação: L (largura) = 40,6m e W (profundidade) = 25,9m;
✓ Altura de elemento saliente (maior altura verificada na subestação): 9m;
✓ Entrada de linha: Aérea com blindagem não equipotencializada ao mesmo barramento
que o equipamento;
✓ Nível básico de impulso atmosférico (BIL):
• Para 69kV → BIL = 325kV
• Para 13,8kV → BIL = 110kV
✓ Tipo de cabo para-raios: Cordoalha de aço zincado, EAR, classe B, diâmetro 3/8’’
(9,5mm), 7 fios;
✓ Altura do cabo para-raios (H): 9m;
24

Figura 13: Arranjo físico - Planta Subestação – Cotas em centímetro

Fonte: Próprio Autor

4.2 PERDAS E RISCOS ASSOCIADOS À INSTALAÇÃO

Conforme já mencionado, as descargas atmosféricas podem ser danosas e como


consequência gerar quatro tipos de perdas: perda de vida humana, de serviço ao público,
patrimônio cultural e por último perda de valor econômico. Sendo relevantes para este tipo de
instalação: L1 (Perda de vida humana), L2 (Perda de serviço ao público) e L4 (Perda de valor
econômico).
Isto é requisito para avaliação da necessidade de proteção, portanto, se faz necessária
a determinação dos riscos e seus componentes de riscos, que seguem:
• R1 para perda de vida humana (L1) com os componentes de risco 𝑅𝐴 , 𝑅𝐵 , 𝑅𝑈 e 𝑅𝑉
e comparar com o risco tolerável 𝑅𝑇 10−5, de acordo com a Tabela 6.
25

• R2 para perda de serviço ao público (L2) com os componentes de risco 𝑅𝐵 , 𝑅𝐶 ,


𝑅𝑀 , 𝑅𝑉 , 𝑅𝑊 e 𝑅𝑍 e comparar com o risco tolerável 𝑅𝑇 10−3 , de acordo com a
Tabela 6.
• R4 para perda de valor econômico (L4) com os componentes de risco 𝑅𝐴 , 𝑅𝐵 , 𝑅𝐶 ,
𝑅𝑀 , 𝑅𝑈 , 𝑅𝑉 , 𝑅𝑊 e 𝑅𝑍 e comparar com o risco tolerável 𝑅𝑇 10−3.

Para este estudo, serão consideradas para fins de constatação de necessidade do SPDA
a perda de vida e a perda de serviço ao público. Não será realizado o cálculo do risco R4 e seus
componentes em função da dificuldade de obtenção de valores econômicos referentes às perdas
da instalação.

4.3 CÁLCULO E ANÁLISES DO NÚMERO ANUAL N DE EVENTOS PERIGOSOS

A partir da observação do mapa isocerâunico levando em consideração a localização


da subestação em questão – São Paulo – Capital, é possível determinar o número de dias de
tempestades por ano 𝑇𝐷 = 7 dias, onde aplicando na fórmula abaixo é possível obter a densidade
de descargas atmosféricas para a terra 𝑁𝐺 :

𝑁𝐺 ≈ 0,1 x 7
𝑵𝑮 ≈ 0,7 /km² x ano

A subestação é caracterizada por equipamentos e estruturas com geometria complexas


e não possui estrutura nas vizinhanças no raio de 3 x 𝐻𝑝 , portanto, o método gráfico deve ser
utilizado para avaliar a área de exposição equivalente 𝐴𝐷 .

𝐴𝐷 = π x (3 x 𝐻𝑝 )² (9)

onde:

𝐻𝑝 é a altura da saliência da estrutura = 9m e pode ser vista na Figura 14:


26

Figura 14: Altura da saliência da estrutura

Fonte: Próprio Autor

𝐴𝐷 = π x (3 x 9) ²

𝑨𝑫 ≈ 2.290,22m²

Para o fator de localização 𝐶𝐷 relativo à estrutura, está sendo considerado o valor 1,0,
conforme tabela abaixo, em função da estrutura ser isolada e não possuir nenhum outro objeto
nas vizinhanças conforme mencionado anteriormente.

Tabela 10: Fator de localização da estrutura 𝑪𝑫


Localização relativa 𝑪𝑫
Estrutura cercada por objetos mais altos 0,25
Estrutura cercada por objetos da mesma altura ou mais baixos 0,50
Estrutura isolada: nenhum outro objeto nas vizinhanças 1,00
Estrutura isolada no topo de uma colina ou monte 2,00

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 36p.

Logo, para o cálculo do número de eventos perigosos 𝑁𝐷 para a estrutura, temos:

𝑁𝐷 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐷 x 𝐶𝐷 x 10−6 (10)
27

𝑁𝐷 = 0,7 x 2.290,22 x 1,00 x 10−6


𝑵𝑫 = 1,6 x 𝟏𝟎−𝟑 eventos/ano

Para avaliação do número médio de eventos perigosos 𝑁𝑀 devido a descargas


atmosféricas perto da estrutura, aplica-se a fórmula:

𝑁𝑀 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝑀 x 10−6 (11)

Onde 𝐴𝑀 é a área de exposição equivalente de descargas atmosféricas que atingem


perto da estrutura.

𝐴𝑀 = 2 x 500 x (L + W) + π x 500² (12)

𝐴𝑀 = 2 x 500 x (40,6 + 25,9) + π x 500²

𝑨𝑴 = 851.898,16m²

𝑁𝑀 = 0,7 x 851.898,16 x 10−6


𝑵𝑴 = 0,60 eventos/ano

Para determinação do número médio anual de eventos 𝑁𝐼 que ocorre perto da entrada
de linha da subestação, deverá ser considerada a fórmula abaixo:

𝑁𝐼 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐼 x 𝐶𝐼 x 𝐶𝐸 x 𝐶𝑇 x 10−6 (13)

Onde:
𝐴𝐼 é a área de exposição equivalente de descargas atmosféricas para a terra perto da
linha, expressa em m², e pode ser determinada pela fórmula:

𝐴𝐼 = 4.000 x 𝐿𝐿 (14)

sendo:
28

𝐿𝐿 o comprimento em metros da seção da linha, quando desconhecido, é assumido como 𝐿𝐿 =


1.000, valor este que será considerado no objeto de estudo. Portanto:

𝐴𝐼 = 4.000 x 1.000
𝑨𝑰 = 4 x 10⁶ m²

𝐶𝐼 é o fator de instalação, e conforme definição nas condições gerais, aplica-se 𝐶𝐼 = 1,0,


conforme na tabela abaixo:

Tabela 11: Fator de instalação da linha 𝑪𝑰


Roteamento 𝑪𝑰
Aéreo 1,0
Enterrado 0,5
Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma malha 0,01
de aterramento
Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 37 p.

𝐶𝐸 é o fator ambiental, que de acordo com a localização rural da subestação, deve ser
considerado igual a 1,0, conforme Tabela 12:

Tabela 12: Fator Ambiental da linha 𝑪𝑬


Ambiente 𝑪𝑬
Rural 1,0
Suburbano 0,5
Urbano 0,1
Urbano com edifícios mais altos que 20m. 0,01
Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 38 p.

𝐶𝑇 é o fator do tipo da linha, que deve ser definido em função do tipo de instalação,
neste caso linha de energia em alta tensão (com transformador AT/BT), ou seja, 𝐶𝑇 = 0,2, pela
observação da Tabela 13:

Tabela 13: Fator tipo de linha 𝑪𝑻


Instalação 𝑪𝑻
Linha de energia ou sinal 1,0
Linha de energia em AT (com transformador AT/BT) 0,2
Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 38 p.
29

A partir dos valores anteriores é possível encontrar o valor de 𝑁𝐼 :

𝑁𝐼 = 0,7 x 4 x 10⁶ x 1,0 x 1,0 x 0,2 x 10−6


𝑵𝑰 = 0,56 eventos/ano

Para cálculo do número 𝑁𝐿 de sobretensões de amplitude não inferior a 1kV (1/ano)


na seção da linha, aplica-se a fórmula:

𝑁𝐿 = 𝑁𝐺 x 𝐴𝐿 x 𝐶𝐼 x 𝐶𝐸 x 𝐶𝑇 x 10−6 (15)

Com a área de exposição equivalente para a linha:

𝐴𝐿 = 40 x 𝐿𝐿 (16)

Considerando que o comprimento da seção da linha é desconhecido, adota-se 𝐿𝐿 =


1.000m conforme sugestão da NBR 5419-2 (2015). Assim, 𝐴𝐿 = 40.000m².

𝑁𝐿 = 0,7 x 40.000 x 1,0 x 1,0 x 0,2 x 10−6


𝑵𝑳 = 5,6 x 𝟏𝟎−𝟑 eventos/ano

4.4 AVALIAÇÃO DA PROBABILIDADE 𝑷𝑿 DE DANOS

Para verificação da necessidade de implementação de SPDA também deve ser levada


em consideração a avaliação da probabilidade 𝑃𝑋 de danos.
Os valores de probabilidade 𝑃𝐴 de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar
ferimentos a seres vivos por meio de choque elétrico é calculada por:

𝑃𝐴 = 𝑃𝑇𝐴 x 𝑃𝐵 (17)

Sendo 𝑃𝑇𝐴 um valor que depende se a estrutura possui medidas de proteção adicionais
contra tensões de toque e passo. Como a subestação objeto do estudo de caso não possui
nenhuma medida de proteção, 𝑃𝑇𝐴 = 1,0, de acordo com a tabela abaixo:
30

Tabela 14: Valores de probabilidade 𝑷𝑻𝑨 de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar choque a seres
vivos devido a tensões de toque e de passo perigosos
Medida de proteção adicional 𝑷𝑻𝑨
Nenhuma medida de proteção 1,0
Avisos de alerta 10−1
Isolação Elétrica 10−2
Equipotencialização efetiva do solo 10−2
Restrições físicas ou estrutura do edifício utilizada como subsistema de 0,0
descida
Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 40 p.

𝑃𝐵 depende do nível de proteção contra descargas atmosféricas para o qual o SPDA


vai ser projetado. Como mencionado nas condições gerais, a subestação, por se tratar de uma
instalação que pode provocar interrupções inaceitáveis de serviço público essencial, o
empreendimento se enquadra como nível de Proteção I, portanto 𝑃𝐵 = 0,02, conforme tabela
abaixo:

Tabela 15: Valores de probabilidade 𝑷𝑩 dependendo das medidas de proteção para reduzir danos físicos

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 41 p.

Assim, temos:

𝑃𝐴 = 1,0 x 0,02
𝑷𝑨 = 0,02
31

A probabilidade 𝑃𝐶 de uma eventual ocorrência de descarga atmosférica causar danos


aos sistemas internos pode ser obtida através da fórmula:

𝑃𝐶 = 𝑃𝑆𝑃𝐷 x 𝐶𝐿𝐷 (18)

𝑃𝑆𝑃𝐷 depende da coordenação do sistema de DPS e do nível de Proteção da instalação.


Dado que existe para-raios na subestação e, como já mencionado o nível de Proteção I, então,
temos 𝑃𝑆𝑃𝐷 = 0,01, conforme tabela abaixo:

Tabela 16: Valores de probabilidade de 𝑷𝑺𝑷𝑫 em função do nível de proteção para o qual os DPS foram
projetados

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 42 p.

𝐶𝐿𝐷 é um fator que depende das condições dispostas na Tabela 17. Como se trata de
linha aérea blindada (energia ou sinal) e conexão na entrada blindada não interligada ao mesmo
barramento de equipotencialização que o equipamento, portanto, 𝐶𝐿𝐷 = 1.
32

Tabela 17: Valores dos fatores 𝑪𝑳𝑫 e 𝑪𝑳𝑰 dependendo das condições de blindagem, aterramento e isolamento

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 42,43 p.

𝑃𝐶 = 0,01 x 1,0
𝑷𝑪 = 0,01

A probabilidade 𝑃𝑀 de uma descarga atmosférica perto de uma estrutura causar falha


em sistemas internos depende das medidas de proteção contra surtos (MPS) adotadas (NBR
5419-2, 2015). Como premissa para o objeto de estudo, será considerado que a subestação
possui sistemas internos que não suportam a tensão dada nas normas específicas do produto,
neste caso, a NBR 5419-2 (2015) estabelece 𝑷𝑴 = 1.
A probabilidade 𝑃𝑈 de ferimentos a seres vivos dentro de uma estrutura devido à tensão
de toque por descarga atmosférica em uma linha que adentra à estrutura (NBR 5419-2, 2015) é
dada pela expressão:

𝑃𝑈 = 𝑃𝑇𝑈 x 𝑃𝐸𝐵 x 𝑃𝐿𝐷 x 𝐶𝐿𝐷 (19)


33

𝑃𝑇𝑈 depende das medidas de proteção contra tensões de toque. Como a subestação
possui avisos de alerta instalados nas estruturas que recebem a entrada de linha, segundo a
Tabela 18, 𝑃𝑇𝑈 = 10−1 .

Tabela 18: Valores da probabilidade de 𝑷𝑻𝑼 de uma descarga atmosférica em uma linha que adentre a estrutura
causar choque a seres vivos devido a tensões de toque perigosas

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 46 p.

𝑃𝐸𝐵 depende das ligações equipotenciais para descargas atmosféricas e do nível de


proteção para o qual o DPS foi projetado, conforme mostrado na Tabela 19. Portanto, 𝑃𝐸𝐵 =
0,01.

Tabela 19: Valor da probabilidade 𝑷𝑬𝑩 em função do nível de proteção para o qual os DPS foram projetados

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 46 p.

𝐶𝐿𝐷 é um fator que depende da blindagem, do aterramento e das condições de isolação


da linha. 𝑃𝐿𝐷 é a probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma descarga atmosférica
na linha conectada dependendo das características da linha. Dado que a linha da subestação em
questão é aérea, blindada, porém não interligada ao mesmo barramento de equipotencialização
do equipamento, para qualquer tensão suportável a Tabela 20 mostra 𝑃𝐿𝐷 = 1, e conforme
mostra a Tabela 17, 𝐶𝐿𝐷 = 1.
34

Tabela 20: Valores da probabilidade 𝑷𝑳𝑫 dependendo da resistência 𝑹𝑺 da blindagem do cabo e da tensão
suportável de impulso 𝑼𝑾 do equipamento

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 47 p.

𝑃𝑈 = 10−1 x 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑼 = 𝟏𝟎−𝟑

Para o cálculo da probabilidade 𝑃𝑉 de danos físicos devido a uma descarga atmosférica


em uma linha que adentra a estrutura, temos a expressão:

𝑃𝑉 = 𝑃𝐸𝐵 x 𝑃𝐿𝐷 x 𝐶𝐿𝐷 (20)

𝑃𝑉 = 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑽 = 𝟏𝟎−𝟐

A determinação da probabilidade 𝑃𝑊 de uma descarga atmosférica em uma linha que


adentra a estrutura causar falhas nos sistemas internos é dada por:

𝑃𝑊 = 𝑃𝑆𝑃𝐷 x 𝑃𝐿𝐷 x 𝐶𝐿𝐷 (21)

𝑃𝑊 = 0,01 x 1 x 1
𝑷𝑾 = 𝟏𝟎−𝟐

Por último, a probabilidade 𝑃𝑍 de uma descarga atmosférica perto de uma linha que
entra na estrutura causar falha nos sistemas internos é obtida a partir da fórmula:
35

𝑃𝑍 = 𝑃𝑆𝑃𝐷 x 𝑃𝐿𝐼 x 𝐶𝐿𝐼 (22)

Para identificação da probabilidade 𝑃𝐿𝐼 de falha dos sistemas internos devido uma
descarga atmosférica perto de uma linha conectada, é dada pela tabela abaixo. Para o estudo
será considerado tipo de linha de energia e tensão suportável de 6kV. Assim, a partir da
verificação da Tabela 21, obtém-se o valor de 𝑃𝐿𝐼 = 0,1.

Tabela 21: Valores da probabilidade 𝑷𝑳𝑰 dependendo do tipo da linha e da tensão suportável de impulso 𝑼𝑾 dos
equipamentos

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 49 p.

O valor de 𝐶𝐿𝐼 – fator que depende das condições de blindagem, do aterramento e da


isolação da linha, foi obtido na tabela 17, portanto, 𝐶𝐿𝐼 = 0,1.

𝑃𝑍 = 0,01 x 0,1 x 0,1


𝑷𝒁 = 𝟏𝟎−𝟒

4.5 ANÁLISE DE QUANTIDADE DE PERDA 𝑳𝑿

Para cálculo da perda de vida humana L1, deve ser realizado o cálculo de acordo com
a tabela abaixo:

Tabela 22: Tipo de perda L1: Valores da perda para cada zona

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 51 p.


36

onde:

𝐿𝑇 é o número relativo médio típico de vítimas feridas por choque elétrico (D1);
𝐿𝐹 é o número relativo médio típicos de vítimas por danos físicos (D2);
𝐿𝑂 é o número relativo médio típicos de vítimas por falha de sistemas internos (D3);

Tabela 23: Tipo de perda L1

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 52 p.

Temos então, 𝐿𝑇 = 10−2, 𝐿𝐹 = 10−1 (Risco de explosão) e 𝐿𝑂 = 10−1 (Risco de


explosão), conforme acima.
A variável 𝑟𝑡 é um fator de redução da perda de vida humana dependendo do tipo de
solo ou piso, como o pátio da subestação é composto por uma camada de brita, de acordo com
o tipo de superfície que mais se aproxima da Tabela 24, 𝑟𝑡 = 10−4.

Tabela 24: Fator de redução 𝒓𝒕

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 53 p.


37

A variável 𝑟𝑝 é um fator de redução da perda devido a danos físicos dependendo das


providências tomadas para reduzir as consequências do incêndio. Considerando a presença de
extintores e alarmes no pátio da subestação e segundo Tabela 25, define-se 𝑟𝑝 = 0,5.

Tabela 25: Fator de redução 𝒓𝒑

Fonte: Adaptado NBR 5419-2 (2015), 53 p.

𝑟𝑓 é um fator de redução da perda devido a danos físicos dependendo do risco de


incêndio ou do risco de explosão da estrutura. De acordo com a Tabela 26, como a subestação
possui risco de explosão na estrutura devido à presença de equipamentos suscetíveis à explosão
que estão instalados sobre as mesmas, como transformadores de corrente, transformadores de
potencial etc., e considerando que não é provável de ocorrer nuvem de poeira combustível no
ar em operação normal, 𝑟𝑓 = 10−3 .

Tabela 26: Fator de redução 𝒓𝒇

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 53 p.

ℎ𝑍 é um fator de aumento da perda devido a danos físicos quando um perigo especial


estiver presente. Respeitando as características do objeto de estudo e segundo a tabela abaixo,
ℎ𝑍 = 2.
38

Tabela 27: Fator 𝒉𝒁 aumentando a quantidade relativa de perda na presença de um perigo especial

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 54 p.

𝑛𝑍 é o número de pessoas na zona. Neste estudo foi considerado como premissa um


número médio de 3 pessoas que somente estariam presentes na zona exposta durante uma
eventual visita ou manutenção.
𝑛𝑡 é o número total de pessoas na estrutura. Como não é comum pessoas na estrutura
da subestação, exceto em casos de manutenção, será considerado 𝑛𝑡 = 1.
𝑡𝑍 é o tempo, durante o qual as pessoas estão presentes na zona, expresso em horas por
ano. Neste trabalho está sendo considerado a realização de 30 visitas com corpo técnico de 3
pessoas durante 4 horas/visita. Logo, 𝑡𝑍 = 30 x 4 = 120 horas/ano.
Conforme Tabela 22, para tipo de dano D1, a perda típica 𝐿𝐴 e 𝐿𝑈 podem ser vistas a
seguir:

10−4 𝑥 10−2 𝑥 3
𝐿𝐴 = 𝐿𝑈 = 1 𝑥 120
8760

𝑳𝑨 = 𝑳𝑼 = 2,2 x 𝟏𝟎−𝟒

Para tipo de dano D2, a perda típica 𝐿𝐵 = 𝐿𝑉 , conforme fórmula:

0,5 𝑥 10−3 𝑥 2 𝑥 10−1 𝑥 3


𝐿𝐵 = 𝐿𝑉 = 1 𝑥 120
8760

𝑳𝑩 = 𝑳𝑽 = 2,19 x 𝟏𝟎−𝟐
39

Para tipo de dano D3, a perda típica 𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 , conforme valores abaixo:

10−1 𝑥 3
𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 = 1 𝑥 120
8760

𝑳𝑪 = 𝑳𝑴 = 𝑳𝑾 = 𝑳𝒁 = 21,9

Para cálculo da perda de serviço ao público L2, deve ser realizado o cálculo de acordo
com a tabela abaixo:

Tabela 28: Tipo de perda L2: valores de perda para cada zona

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 55 p.

onde:

𝐿𝐹 é o número relativo médio típico de usuários não servidos, resultante do dano físico D2.
𝐿𝑂 é o número relativo médio típico de usuários não servidos, resultante da falha de sistemas
internos D3.

Se tratando de uma subestação de energia, conforme indicado na tabela abaixo, 𝐿𝐹 =


10−1 e 𝐿𝑂 = 10−2 .

Tabela 29: Tipo de perda L2: valores médios típicos de 𝑳𝑭 e 𝑳𝑶

Fonte: NBR 5419-2 (2015), 55 p.

Logo, para o tipo de dano D2, a perda típica 𝐿𝐵 = 𝐿𝑉 , conforme expressão abaixo:
40

0,5 𝑥 10−3 𝑥 10−1 𝑥 3


𝐿𝐵 = 𝐿𝑉 =
1

𝑳𝑩 = 𝑳𝑽 = 1,5 x 𝟏𝟎−𝟒

Para o tipo de dano D3, a perda típica 𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 :

10−2 𝑥 3
𝐿𝐶 = 𝐿𝑀 = 𝐿𝑊 = 𝐿𝑍 =
1

𝑳𝑪 = 𝑳𝑴 = 𝑳𝑾 = 𝑳𝒁 = 3 x 𝟏𝟎−𝟐

4.6 CÁLCULO DOS COMPONENTES DE RISCO

Conforme item 3.2 para cálculo dos componentes de risco, devemos aplicar a fórmula:

𝑅𝑋 = 𝑁𝑋 x 𝑃𝑋 x 𝐿𝑋 (23)

Tabela 30: Consolidação do cálculo dos componentes de risco 𝑹𝑿


Cálculo dos componentes de risco 𝑹𝑿
𝑅𝑋 A B C M U V W Z
𝑁𝑋 𝑁𝐼 =
𝑁𝐷 = 1,6 x 10−3 𝑁𝑀 = 0,6 𝑁𝐿 = 5,6 x 10−3
0,56
𝑃𝑋 0,02 0,02 0,01 1,0 10−3 10−2 10−2 10−4
𝐿𝑋 2,2 x 2,19 x 2,2 x 2,19 x
21,9 21,9 21,9 21,9
10−4 10−2 10−4 10−2
Resultado 7,04 x 7,0 x 35,04 x 12,32 x 12,26 x 12,26 x 12,26 x
−9 −7
13,14 −10 −7 −4
𝑅𝑋 10 10 10 −5 10 10 10 10−4

Fonte: Próprio autor

Antes da análise da verificação da necessidade de SPDA, ressalta-se que mesmo que


o risco para perda de vida humana seja menor do que o risco tolerável, pensando na ótica da
segurança e proteção da vida humana, não é recomendado o convívio com um risco que possa
ser evitado. Abaixo seguem os resultados do estudo para verificação da necessidade do SPDA
em função do risco de perda de vida humana (R1) e perda de serviço ao público (R2):
41

• R1 para perda de vida humana (𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 + 𝑅𝑈 + 𝑅𝑉 ) = 0,19 x 10−5 é menor que o


risco tolerável 𝑅𝑇 10−5, de acordo com a Tabela 6.
• R2 para perda de serviço ao público (𝑅𝐵 + 𝑅𝐶 + 𝑅𝑀 + 𝑅𝑉 + 𝑅𝑊 + 𝑅𝑍 ) = 2,82 x
10−3 é maior que o risco tolerável 𝑅𝑇 10−3, de acordo com a tabela 6.

Pela análise dos riscos apresentada na Tabela 30, observa-se a necessidade de


implantação do SPDA na subestação do estudo de caso para garantir a segurança das estruturas,
equipamentos e pessoas.

4.7 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE APLICADO À SUBESTAÇÃO

Levando-se em consideração os três métodos para elaboração do subsistema de


captação do SPDA, adota-se preferencialmente o método da esfera rolante ou modelo
eletrogeométrico, devido a quantidade de estruturas complexas que compõem uma subestação.
Se tratando de uma subestação de distribuidora de energia elétrica, se enquadra na
categoria de “estação de geração e transmissão de energia elétrica”, cujo efeito da descarga
atmosférica é “interrupções inaceitáveis de serviços ao público”.
Devido à natureza da instalação, cuja finalidade é o serviço público essencial, adota-
se o nível I que é o nível de proteção mais alto e que é permitido em todos os casos de acordo
com o item 5.4 da NBR 5419-2 (2015).
O estudo em questão tem o objetivo de verificar a eficácia da blindagem de proteção
contra descargas atmosféricas dos equipamentos e estruturas presentes no pátio da subestação.
Neste contexto, o presente trabalho apresentará um estudo de caso comparativo entre as normas
técnicas NBR 5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012), com aplicação distinta no que tange à
definição do raio da esfera rolante.

4.7.1 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA NBR 5419 (2015)

A Tabela 31 que consta na NBR 5419-1 (2015) estabelece, para o nível de proteção I,
um raio máximo da esfera rolante de 20 metros, no qual é calculado em função da corrente de
pico mínima de 3kA.
42

r = 10 x 𝐼 0,65
r = 10 x 30,65
r ≈ 20m

onde:

r = Raio da esfera rolante calculado, em metros;

I = Corrente de pico mínima, em kA.

Tabela 31: Valores mínimos dos parâmetros das descargas atmosféricas e respectivos raios da esfera rolante,
correspondentes aos níveis de proteção (NP)

Fonte: NBR 5419-1 (2015), 18 p.

Apesar da NBR 5419 ser conservadora em relação ao raio de 20 metros (corrente de


pico mínima = 3kA) para o nível de proteção I, conforme observado na tabela acima, o ONS,
através do item 3.5.4 do documento “Requisitos mínimos para subestações e seus
equipamentos”, submódulo 2.6, revisão de 06/2021, considera uma corrente de pico mínima de
2kA, a qual tomaremos como base para o cálculo do raio da esfera rolante. Nesse caso, o cálculo
do raio da esfera rolante será:

r = 10 x 20,65
r = 15,69m

Segundo a NBR 5419-3 (2015) e Figura 15, “o adequado posicionamento do


subsistema de captação na aplicação do método eletrogeométrico ocorre se nenhum ponto da
estrutura a ser protegida entrar em contato com uma esfera fictícia rolando ao redor e no topo
da estrutura em todas as direções possíveis.”
43

Figura 15: Posicionamento do subsistema de captação utilizando o método da esfera rolante

Fonte: NBR 5419-3 (2015), 33 p.

4.7.2 MÉTODO DA ESFERA ROLANTE PELA IEEE STD 998 (2012)

A metodologia estabelecida para IEEE Std 998 (2012) difere-se da utilizada pela NBR
5419 (2015), uma vez que a primeira não define a corrente de pico mínima, que deve ser
determinada em função dos parâmetros de nível básico de impulso atmosférico (BIL) e da
impedância de surto (𝑍𝑆 ), conforme equação 6 descrita no item 3.3.1.3:

𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠

Como a subestação do estudo apresenta dois níveis de tensão – 69kV e 13,8kV – é


necessária a determinação de raios de esfera rolantes diferentes para cada setor.

4.7.2.1 PARA O SETOR DE 69kV

2.ℎ 𝑉𝑐
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 𝐸0
=0

onde:
44

𝑅𝑐 : raio do corona (m)


h: altura do cabo para-raios (m)
𝑉𝑐 : nível básico de impulso atmosférico – BIL (kV)
𝐸0 : limite do gradiente do corona (1500 kV/m)

2𝑥9 325
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 1500
=0

O raio do corona foi calculado a partir da fórmula acima e aplicando o método


interativo no Excel (atingir meta), conforme imagem abaixo. Portanto 𝑹𝒄 = 0,03466 m.

Figura 16: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel

Fonte: Próprio autor

O cálculo da impedância que surge no condutor na presença da corrente de pico em


ohms 𝑍𝑠 , é dada pela equação 7 do item 3.3.1.3, conforme abaixo:

2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟

2𝑥9 2𝑥9
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
0,03466 9,5 𝑥 10−3

𝒁𝒔 = 412,1563 Ω

onde:

r: raio do condutor para-raios (m).


45

Para cálculo da corrente de pico 𝐼𝑠 , aplica-se por último a equação 6 do item 3.3.1.3,
conforme abaixo:

𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠

325 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
412,1563

𝑰𝒔 = 1,7348kA

De posse do valor da corrente de pico é possível determinar o raio da esfera rolante,


conforme equação 5 do item 3.3.1.3, mostrado no cálculo abaixo:

S = 8 x 𝐼𝑠0,65
S = 8 x 1,73480,65
S = 11,44m

A Figura 17 e a Figura 18 apresentam os cortes do setor 69kV do arranjo físico planta


da subestação, de modo a permitir a visualização dos raios das esferas rolantes obtidos pelas
duas normas.

Figura 17: Corte A-A - Setor 69 kV - Resultado dos raios das esferas rolantes

Fonte: Próprio autor


46

Figura 18 - Corte C-C - Setor 69kV - Entrada de linha da subestação

Fonte: Próprio autor

A partir da observação dos raios, nota-se que a zona protegida pela NBR 5419 (2015)
é maior do que a zona protegida pela IEEE Std 998 (2012) e que os equipamentos da entrada
de linha estão protegidos pelas duas normas.

4.7.2.2 PARA O SETOR DE 13,8kV

2.ℎ 𝑉𝑐
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 𝐸0
=0

onde:

𝑅𝑐 : raio do corona (m)


h: altura do cabo para-raios (m)
𝑉𝑐 : nível básico de impulso atmosférico – BIL (kV)
𝐸0 : limite do gradiente do corona (1500 kV/m)

2𝑥9 110
𝑅𝑐 . ln(
𝑅𝑐
)− 1500
=0
47

O raio do corona foi calculado a partir da fórmula acima e aplicando o método


interativo no Excel (atingir meta), conforme Figura 19. Portanto 𝑹𝒄 = 0,00973 m.

Figura 19: Cálculo do raio do corona através da ferramenta atingir meta no Excel

Fonte: Próprio autor

O cálculo da impedância que surge no condutor na presença da corrente de pico em


ohms 𝑍𝑠 , é dada pela equação 7 do item 3.3.1.3, conforme abaixo:

2. ℎ 2. ℎ
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
𝑅𝑐 𝑟

2𝑥9 2𝑥9
𝑍𝑠 = 60√ln ( ) . ln ( )
0,00973 9,5 𝑥 10−3

𝒁𝒔 = 452,0919 Ω

onde:

r: raio do condutor para-raios (m).

Para cálculo da corrente de pico 𝐼𝑠 aplica-se por último a equação 6 do item 3.3.1.3,
conforme abaixo:

𝐵𝐼𝐿 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
𝑍𝑠
48

110 𝑥 2,2
𝐼𝑠 =
452,0919

𝑰𝒔 = 0,5353kA

De posse do valor da corrente de pico é possível determinar o raio da esfera rolante,


conforme equação 5 do item 3.3.1.3, mostrado no cálculo abaixo:

S = 8 x 𝐼𝑠0,65
S = 8 x 0,53530,65
S = 5,34m

Na Figura 20, Figura 21 e Figura 22 serão apresentados os cortes do setor 13,8kV do


arranjo físico planta da subestação, de modo a permitir a visualização dos raios das esferas
rolantes obtidos pelas duas normas e identificar as necessidades de alteração no layout da
subestação para atendimento do raio obtido pela norma IEEE Std 998 (2012).

Figura 20: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com mais um poste

Fonte: Próprio autor


49

Para o setor de 13,8kV, observa-se na Figura 20 que o raio da esfera rolante pela NBR
5419 (2015) é capaz de proteger o quadro de alimentadores e a casa de comando, não
necessitando de nenhuma alteração no layout do projeto. Já o raio da esfera rolante determinado
pela IEEE Std 998 (2012) não foi capaz de proteger a casa de comando com o layout existente,
sendo necessária a instalação de um novo poste, uma vez que sem o novo poste a esfera tocaria
a casa de comando, configurando uma zona desprotegida.

Figura 21: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção com cabo para-raios

Fonte: Próprio autor

Nesta nova opção de configuração, mostrada na Figura 21, observa-se que a instalação
de um cabo para-raios já seria suficiente para proteger a casa de comando juntamente com o
raio da esfera rolante da IEEE Std 998 (2012). Nota-se também que a zona protegida pela NBR
5419 (2015) é maior do que a zona protegida pela IEEE Std 998 (2012).
50

Figura 22: Corte B-B - Setor de 13,8 kV – Proteção específica para casa de comando

Fonte: Próprio autor

Nesta nova configuração, mostrada na Figura 22, a proteção da casa de comando é


realizada por meio de mini captores instalados sobre o telhado da edificação. Neste caso, o raio
da esfera rolante da IEEE Std 998 (2012) estaria restrito à proteção do quadro de 13,8kV. Caso
a proteção seja feita pela NBR 5419 (2015), não haveria necessidade de proteção
individualizada da casa de comando, pois a mesma já estaria na zona de proteção do raio da
esfera rolante.

4.7.3 ANÁLISE CONCLUSIVA DAS METODOLOGIAS EMPREGADAS

Conforme demonstrado nos cálculos anteriores, por ambas as normas a subestação


estaria protegida, entretanto, utilizando o raio da esfera rolante pela NBR 5419 (2015) o projeto
se tornaria mais atrativo economicamente se comparado a IEEE 998 (2012), tendo em vista que
não há necessidade de alteração do layout existente da subestação. Esta conclusão é justificada
pela zona de proteção resultante dos cálculos e observação das seguintes figuras: Figura 17,
Figura 18, Figura 20, Figura 21 e Figura 22.
51

5 CONCLUSÃO

As subestações são instalações de grande importância no sistema elétrico, pois elas


estão presentes em todas as etapas da cadeia de suprimento da energia elétrica, seja na geração
(subestações elevadoras para transmissão de energia), nas linhas de transmissão (subestações
de chaveamento para manobra de circuitos) e nos centros de consumo (subestação abaixadora
para alimentar a rede de distribuição de energia).
O Brasil é um país com alta incidência de descargas atmosféricas, que ocorrem de
forma aleatória, não podendo ser evitado. Por este motivo é imprescindível a compreensão deste
fenômeno bem como as medidas protetivas para minimizar seus impactos nas instalações das
subestações.
Durante o desenvolvimento do trabalho, foram apresentados os subsistemas que
compõem o SPDA e os tipos de sistemas de captação existentes, que deve ser avaliado de acordo
com a geometria do empreendimento a ser protegido.
No estudo de caso foi demonstrada a metodologia para cálculo da verificação da
necessidade do SPDA em uma subestação de concessionária de energia elétrica levando em
consideração a análise de risco apresentada pela NBR 5419 (2015). Foi possível identificar que
apesar do risco R1 de perdas de vida ter ficado dentro do limite tolerável, se fez necessária a
implantação de SPDA pelo risco R2 de perda de serviço ao público, valor este acima do limite
tolerável. Vale ressaltar que, ainda que o risco de perda de vida tenha respeitado os valores
limites declarados em norma, não é aconselhável não instalar medidas protetivas, dado que o
risco existe e pode ser evitado.
Sabe-se que um subsistema de captação eficiente requer valores adequados dos
parâmetros das correntes das descargas atmosféricas e dos raios correspondentes da esfera
rolante. Diante disto, ainda no estudo de caso, foi realizado um estudo comparativo para
determinação do raio da esfera rolante da subestação em questão aplicando as metodologias
dispostas nas normas NBR 5419 (2015) e IEEE Std 998 (2012).
Diferentemente da NBR 5419 (2015), a IEEE Std 998 (2012) leva em consideração
parâmetros da instalação para determinar a corrente de pico mínima do raio, o que confere
maior confiabilidade e resultados menores para o raio da esfera rolante.
Apesar deste trabalho não ter levado em consideração aspectos econômicos, é notório
que um valor de raio da esfera rolante menor requer que as estruturas estejam mais próximas
umas das outras, e em alguns casos necessitando de novas estruturas. Como consequência,
52

temos um aumento da quantidade de material e mão de obra, tornando o projeto


economicamente menos atrativo.
É importante salientar que a determinação do raio da esfera rolante simplesmente pela
norma NBR 5419 (2015) resultaria em um raio de 20m (dado corrente de pico mínima
determinada de 3kA) que seria menos conservador caso não houvesse a obrigatoriedade imposta
pelo ONS no submódulo 2.6 “Requisitos mínimos para subestações e seus equipamentos” de
corrente de pico mínima = 2kA.
Diante do exposto, conclui-se que por ambas as metodologias empregadas – NBR5419
(2015) e IEEE Std 998 (2012) – a subestação estaria protegida. Entretanto, em termos
quantitativos de materiais e mão de obra, a IEEE Std 998 (2012) se mostrou mais onerosa.
53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Atmosféricas. Parte 1: Princípios Gerais – Especificação NBR 5419-1. Rio de Janeiro, 2015.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Proteção Contra Descargas


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2015. 116 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Proteção Contra Descargas


Atmosféricas. Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida – Especificação NBR 5419-
3. Rio de Janeiro, 2015. 61 p.

FERNANDES, André Pereira; SOUZA, Ronimack Trajano de. Projetos de Sistema de


Proteção Contra Descargas Atmosféricas em Subestações de Distribuição: Norma de
Transmissão Unificada NTU - 014, 2018. 97 p.

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<http://www.inpe.br/webelat/docs/Cartilha_Protecao_Contra_Raios_Brasil_2020.pdf> Acesso
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MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 6. ed. São Paulo: LTC, 2001. 560-
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Elétrica – Universidade de Brasília, Brasília – DF.
54

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elementos finitos no projeto de SPDA. Minas Gerais, 2012. 144 p. Departamento de Engenharia
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SOUZA, André Nunes de et al. SPDA – Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas
- Teoria, Prática e Legislação. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. 192 p.

VISACRO FILHO, Silvério. Descargas atmosféricas: Uma abordagem de engenharia. 1 ed.


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