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1 Armação Treliçada
A armação treliçada é uma estrutura formada por sistema de eletrofusão, de modo a formar duas
treliças unidas pelo vértice. As diagonais proporcionam rigidez ao conjunto e excelentes condições
de transporte e manuseio. Podemos dividir esse elemento em três partes distintas:
· Banzo inferior (ferragem positiva) - serve para combater as tensões de tração oriundas da
flexão. Quando necessário, coloca-se a ferragem adicional para combater as tensões de tração;
· Banzo superior (ferragem negativa) - é o principal responsável pela rigidez ao transporte a
também determina a distância máxima entre as linhas de escora;
· Sinusóide (ferragem transversal) - é responsável pela rigidez ao conjunto e também combate às
tensões de cisalhamento oriundo da força cortante.
2 Ferragem adicional
É a ferragem complementar que será colocada pelo fabricante na sapata da vigota para compor a
área de aço positiva, e poderá ser de aço CA50 ou CA60. Este é um dado importante, e deverá
ser informado ao engenheiro que irá calcular a laje, pois sendo aços de resistências diferentes, a
seção de armadura dependerá do tipo de aço a ser usado.
Quando dizemos que um aço é CA50 ou CA60, estamos determinando a classe de resistência do
aço. A sigla CA50 indica que estamos falando de um aço cuja resistência à tração ou compressão
(pois o aço apresenta a mesma resistência tanto à tração quanto à compressão) é de
5000kgf/cm2. Já o CA60 apresenta uma resistência de 6000kgf/cm2. Portanto, se uma estrutura
for dimensionada levando-se em consideração um aço CA50, e na execução utilizar um aço CA60,
estaremos desperdiçando material, pois foi utilizada a mesma quantidade de aço prevista no
dimensionamento, mas de um aço com maior resistência. Se o contrário ocorrer, ou seja, o
dimensionamento for feito para o aço CA60, e na execução se utilizar um aço CA50, teremos uma
resistência inferior à prevista e poderemos ter problemas futuros.Quando dizemos que é
necessária uma determinada seção de aço, estamos nos referindo à área da seção transversal
das barras, que é dada por: 3,14*D2/4. Isto significa que a utilização de uma barra com bitola de
10mm, que possui D (diâmetro) de 10 mm ou 1 cm, não é a mesma coisa que 2 barras de bitola de
5 mm, pois na primeira opção teremos uma seção de ferro de 0,785 cm2, e na segunda teremos
apenas 0,393 cm2.
Nem todos os ferros deverão chegar necessariamente até os apoios. Alguns poderão ser cortados
com comprimentos menores, de acordo com o projeto, mas no mínimo 50% da armadura positiva
deverá ser prolongada até os apoios e ancorada corretamente.
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A armadura adicional deve ser disposta dentro da vigota, mas se isto não for possível, devido ao
espaçamento mínimo a ser respeitado, pode-se dispor esta armadura em duas camadas: a
primeira é aquela situada dentro da sapata; na segunda, que é colocada na obra, as barras
restantes devem ser amarradas na sinusóide da armação treliçada distantes 1 cm da sapata de
concreto para garantir uma boa aderência entre o aço e o concreto lançado na obra. Deve-se
levar em consideração, quando se utilizar a segunda camada, um acréscimo na seção de aço,
devido á redução do braço de alavanca.
3 Concreto
O concreto utilizado em estruturas é caracterizado por sua resistência característica, o fck. Essa
resistência é medida através do rompimento de corpos de prova, e significa que ao dizermos que
um concreto tem um determinado fck, a probabilidade de se obter uma resistência menor do que a
indicada é apenas de 5%.
É bom ressaltar que o fck, que é a resistência do concreto, é medida por uma unidade de tensão,
ou seja, uma carga (força) por uma unidade de área. Essa medida pode ser dada em MPa ou
Kgf/cm2. Podemos dizer, por exemplo, que um concreto tem fck igual a 18 MPa. Isto significa
dizer que a resistência (fck) do concreto é igual a 18 MPa ou ainda 180 kgf/cm2.
Para especificação do concreto para a laje treliça, deve-se distinguir o concreto utilizado na
fabricação das vigotas do concreto lançado in loco para a formação das nervuras da laje. O
segundo tem uma função estrutural importante, pois forma a mesa de compressão da laje, ao
passo que o primeiro nem sempre a possui.
O concreto a ser lançado in loco será fornecido pelo construtor, mas sua resistência deve ser
informada ao engenheiro responsável pelo projeto da laje, para que este possa conduzir os
cálculos corretamente.
O concreto para a moldagem da vigota não possui, na maioria das vezes, a mesma importância
estrutural do concreto a ser moldado in loco, a não ser em alguns casos, como por exemplo o de
lajes contínuas ou em balanço, quando teremos compressão na fibra inferior da laje, onde se
encontra o concreto da sapata. Quando não existir essa importância estrutural, o concreto da
vigota não necessita de uma alta resistência à compressão, mas não deve perder a finalidade de
proteção das armaduras que estão dentro da sapata. Por isso, deve-se atentar para a sua
compacidade e evitar o uso de vigotas com má concretagem (bicheiras).
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4 Vigota Treliçada
É o conjunto formado pela armação treliçada, a ferragem adicional e a sapata de concreto. É o
produto final que deverá ser entregue pelo fabricante ao cliente, juntamente com o material de
enchimento e um projeto de montagem.
Deve ser dimensionada para suportar os esforços solicitantes após a concretagem da laje, mas
também deve ter a rigidez necessária para resistir ao transporte e montagem.
5 Material de enchimento
É um material inerte, sem função estrutural. É usado para reduzir o peso próprio da laje e o
consumo de concreto.
Apesar de não ser necessária para a resistência da laje, a boa qualidade deste material é
importante para a segurança durante a fase de montagem e concretagem da laje. Afinal os
blocos de enchimento são responsáveis por transferir o peso do concreto ainda fresco às
vigotas, que se apoiam sobre as linhas de escora. Assim sendo torna-se necessária uma
resistência mínima para esta material para que esta função não seja comprometida.
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Aba de (D) 3
6 Armadura de distribuição
É uma armadura complementar, posicionada na capa no sentido transversal e longitudinal, para a
distribuição das tensões oriundas de cargas concentradas e para o controle da fissuração.
Segundo o Projeto 02:107.01-001 - Laje pré-fabricada (Revisão de 09/10/2000) Item 5.6: Deve
haver uma armadura de distribuição com seção de no mínimo 0,9 cm2/m para aços CA25 e de 0,6
cm2/m para os aços CA50 e CA60, contendo pelo menos três barras por metro.
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Nota: O aço que compõe o banzo superior das armações treliçadas eletrosoldadas, de acordo
com o projeto de norma 02:107.01-004, pode ser considerado como de armadura de distribuição.
7 Ferragem negativa
Assim como a ferragem de distribuição, a ferragem negativa também deve ser colocada na obra
pelo construtor. Seu posicionamento correto é na face superior da laje, respeitando-se
logicamente o cobrimento mínimo especificado pela norma NBR 6118, e também deve ser
colocada sobre as nervuras, e não sobre o elemento de enchimento.
Sua função é fazer a ligação entre lajes e vigas proporcionando rigidez e monoliticidade ao
conjunto dos elementos estruturais. Serve também para combater as fissuras, evitando assim
sua oxidação, que leva a processos de corrosão.
Nos casos de engaste, a ferragem negativa também combate tensões de tração oriundas da
flexão gerada por momentos fletores negativos, o que não ocorre nos apoios simples. Portanto,
nesses casos a ferragem positiva é reduzida, já que o momento fletor positivo também diminui.
Por outro lado passaremos a ter um momento fletor negativo nos apoios, que será absorvido pela
ferragem negativa. O problema é que esse momento negativo gera um momento torçor na viga de
apoio. Se esta viga não estiver preparada para resistir a esse esforço, ou se a ferragem negativa
estiver em posição inadequada ou ainda se for insuficiente, a laje será levada para uma posição
indesejada de apoio simples, ficando então sub-dimensionada.
Nota: O aço que compõe o banzo superior das armações treliçadas eletrosoldadas, de acordo
com o projeto de norma 02:107.01-004, pode ser considerado como superior de tração (armadura
negativa).
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8 Nervuras de Travamento
Tem a função de dar estabilidade lateral às vigotas, travando o painel da laje e aumentando
assim a rigidez do conjunto.
No caso de lajes armadas em uma direção, deve-se colocar nervuras secundárias ou de
travamento, na direção perpendicular às nervuras principais, quando o vão teórico for superior a
4 m, exigindo no mínimo 2 nervuras se esse vão ultrapassar 6 m.
Essas nervuras também são indicadas sempre que houver cargas concentradas a distribuir entre
as nervuras principais.
Nota: Segundo o Projeto 02:107.01-001, Item 3.1: Nas lajes pré-fabricadas unidirecionais, as
nervuras de travamento ou transversais são indicadas pela sigla (NT) enquanto que as nervuras
longitudinais, ou principais são indicadas pela sigla (NL).
9 Estribos Adicionais
No sistema de laje treliça os esforços de cisalhamento, oriundos de forças cortantes, são
combatidos normalmente pela sinusóide da armação treliçada.
Nos casos em que as cargas são muito elevadas, e esta armação não é suficiente para absorver
todo o esforço cortante, deve-se então utilizar estribos adicionais.
Devemos também utilizar este recurso quando houver necessidade de altura de laje onde as
armações treliçadas existentes no mercado não atinjam a altura desejada.
Como já dissemos acima, a colocação dos estribos adicionais é necessária para o combate às
tensões de cisalhamento, devido às forças cortantes. Portanto, como os esforços cortantes
geralmente são maiores perto dos apoios, e diminuem conforme nos aproximamos do centro do
vão, os estribos devem ser mais concentrados perto dos apoios, podendo-se reduzir a taxa de
armadura conforme nos distanciarmos dos mesmos.
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Nota: Segundo o Projeto 02:107.01-001 - Laje pré-fabricada (Revisão de 09/10/2000) Item 5.4:
As vigotas devem ter uma largura mínima tal que permita, quando montadas em conjunto com os
elementos de enchimento, a execução das nervuras de concreto complementar com largura
mínima de 4,0 cm e atendendo o disposto da norma NBR 6118.
e) Altura da treliça (HT):
Para definição da altura da treliça duas situações distintas devem ser distinguidas: a primeira
corresponde à situação em que não é necessária armadura de cisalhamento para as nervuras e a
segunda corresponde ao caso contrário.
e.1) Quando as nervuras necessitam de armadura de cisalhamento:
Neste caso a altura da treliça passa a depender da altura da laje. Como a armadura de
cisalhamento será formada pela armadura lateral da treliça (sinusóide) é importante que a barra
superior da treliça seja ancorada na zona de compressão da mesa.
O ideal é que o ferro negativo da treliça fique na mesma posição da armadura negativa da laje,
cerca de 1,0 centímetro abaixo da face superior da laje.
No caso das nervuras necessitarem de armadura de cisalhamento, e não se puder tirar partido da
armadura lateral da treliça para combater este efeito, recomenda-se a adoção de estribos
suplementares como pôde ser visto em 2.9.
e.2) Quando as nervuras não necessitam de armadura de cisalhamento.
Neste caso a altura da treliça não fica vinculada à altura da laje. A altura escolhida definirá tão
somente a capacidade portante da vigota treliçada durante a fase de montagem da laje. Alturas
de treliça maiores permitirão adotar um espaçamento maior entre linhas de escora. Normalmente
se adota nestas situações o valor mínimo que é de 8 cm.
12 Vinculação de apoio
Podemos ter duas situações quanto ao tipo de vinculação:
13 Lajes contínuas
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Quando se tem lajes dispostas uma ao lado da outra, dizemos que estas são lajes contínuas. E
devido a continuidade de uma laje com a outra aparece o momento fletor negativo, e podemos
dizer que uma laje engasta na outra. O valor deste "engaste" é função dos vãos das lajes e
também dos carregamentos atuantes nas lajes.
A grande vantagem da consideração de lajes contínuas é a redução da armadura de aço positiva
da vigota treliçada e também da possibilidade de redução da altura da laje.
Para que se garantam os engastes nas continuidades, é necessário que alguns cuidados sejam
tomados. As vigotas devem ser dispostas alinhadas e sob estas é colocada a armadura negativa
obtida no dimensionamento.
Embora não conste em norma, é coerente que se adote momentos negativos não maiores que os
momentos positivos nos vãos. Este procedimento nos assegura que as vigotas treliçadas não
serão frágeis, gerando problemas no transporte e manuseio, bem como não necessitando de altas
taxas de armaduras negativas nos apoios, onde em última instância de imprudência poderiam ser
deixadas de lado ou mesmo colocadas em posições ou bitolas e quantidades inadequadas, prática
esta que levaria a um péssimo dimensionamento, ficando as lajes susceptíveis a ruptura por falta
de aço positivo. Ressaltando que o engastamento de continuidade é um grande recurso para o
desenvolvimento de soluções técnicas e economicamente viáveis, queremos alertar que a idéia
simplista de considerar uma laje engastada pelo simples fato de a laje entrar em uma viga e/ou
laje e ter concretagem simultânea, não confere ao produto a condição de laje engastada ou
semi-engastada.
Nota: Mesmo que exista uma laje ao lado da outra pode-se recorrer ao dimensionamento como
lajes isoladas. Este é o procedimento mais utilizado pelos fabricantes de laje e calculistas.
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14 Lajes Bidirecionais
As lajes nervuradas podem ser armadas em uma direção apenas ou nas duas direções. No
primeiro caso, as nervuras colocadas em apenas uma direção, descarregam suas cargas em
apenas dois apoios. Dependendo do vão, são colocadas também nervuras na direção transversal
à direção principal, com a finalidade apenas de travamento das nervuras principais.
Já as lajes armadas em duas direções são concebidas para distribuir as cargas em duas direções,
e por isto apresentam menores esforços em cada direção, podendo ser projetadas com alturas
menores.
Para que uma laje possua um funcionamento bidirecional, é necessário que, além de possuir
apoios em todos os bordos, que a relação entre os lados seja próxima a um, o que equivale a
uma laje quadrada. Quanto mais a relação entre os lados for crescendo, mais os esforços vão
sendo distribuídos na direção do menor vão, e a laje perde o seu comportamento bidirecional.
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16 Projeto de Montagem
Conforme a norma de lajes treliçadas 02:107.01-001, o manual de montagem é um documento
que deverá acompanhar a entrega do produto. Deve conter as informações que orientem a
execução do projeto na obra:
- Posição e quantidade de linhas de escoras;
- Disposição, vãos e direção de apoios das vigotas;
- Contra flechas;
- Disposição e especificação das nervuras de travamento;
- Quantidade, especificação e disposição das armaduras complementares;
- Especificação dos materiais complementares (concreto, aços e elementos de enchimento);
- Previsão de consumo de concreto e aço complementar por m2 de laje;
- Altura total da laje e da capa de concreto complementar;
- Altura total da vigota;
- Cargas consideradas;
- Peso próprio;
- Detalhamento de apoios e ancoragem das vigotas;
EXEMPLO:
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Informações adicionais:
- Ferro de distribuição: distribuir cargas aplicadas sobre a laje e combater fissuras. Deve ser
montada transversalmente às vigotas.
- Ferro negativo: fazer ligação entre lajes e vigas; combater fissuras; absorver esforços de
tração em casos de engastes.
- Apoio Simples: recebe apenas uma reação vertical da laje.
- Engaste: recebe da laje, além de uma reação vertical, uma reação de torção.
- Nervura de Travamento: redução de vibração na laje; redução das deformações verticais;
distribuição de cargas concentradas.
- Escoramento: deve ser retirado 21 dias após a concretagem do centro para os apoios, e em
casos de balanços da extremidade para o apoio.
- Flecha: deformação perpendicular ao plano da laje devido às cargas permanentes e acidentais.
- Contra Flecha: deformação na laje forçada pelo construtor na mesma direção da flecha, mas no
sentido contrário, que serve para contra balancear a flecha.
- Força Cortante: esforço interno na laje que gera tensões de cisalhamento, e geralmente é
maior próximo aos apoios.
- Momento Fletor: esforço interno na laje que gera esforços de tração e compressão, que serão
suportados pelo aço e pelo concreto respectivamente.
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