Quantitativa e
Qualitativa
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa
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Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já
é um bom início de uma grande jornada de estudos que iremos caminhar juntos a partir de
agora. Junto com você iremos construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamen-
tais de química analítica.
Na Unidade I iniciaremos pela introdução a química com alguns conceitos químicos
e composição da matéria e seus estados físicos, assim como suas transformações. Também
iremos estudar como estas substâncias e moléculas são representadas através de suas
fórmulas e equações químicas, como as reações acontecem e suas representações. E para
finalizar a unidade I teremos um entendimento de soluções, como se comportam algumas
substâncias inorgânicas quando em soluções aquosas, ou seja, como um eletrólito fraco ou
forte. Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade do livro,
que versará sobre o desenvolvimento de novos produtos.
Já na Unidade II, vamos começar a ampliar os conhecimentos sobre química ana-
lítica. Para isso, vamos entrar em assuntos mais detalhados e específicos como equilíbrio
químico e os fatores que podem influenciar neste equilíbrio. A partir dos conceitos de equi-
líbrio químico, veremos equilíbrio iônico, como exemplo da água.
Depois, na Unidade III iremos ver a reações de ácido/básico, precipitação, oxirredu-
ção e complexação. Para isso, iremos abordar alguns conceitos nas reações de neutraliza-
ção para quantificação de determinadas substâncias chamadas de volumetria ou titulação
Na unidade IV trataremos especificamente das técnicas experimentais, ou seja,
como identificar algumas espécies químicas como cátions e ânions a partir de alguns expe-
rimentos por via seca ou via úmida.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer este cami-
nho de conhecimento e multiplicar, temos muitos assuntos abordados em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Fórmulas e Equações Químicas,Soluções Aquosas de Substâncias
Inorgânicas
UNIDADE II.................................................................................................... 29
Equilíbrio Químico
UNIDADE III................................................................................................... 53
Teoria Clássica das Reações: Ácido/Básico (Neutralização),
Reações de Precipitação, Reações de Complexação
e Reações de Óxido-Redução
UNIDADE IV................................................................................................... 80
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica:
Reações por Via Seca e por Via Úmida e Análise Qualitativa
Para Ânions e Identificação de Cátions
UNIDADE I
Fórmulas e Equações Químicas,
Soluções Aquosas de
Substâncias Inorgânicas
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa
Plano de Estudo:
● Introdução a química analítica: matéria e propriedades;
● Conceitos químicos fundamentais - Fórmulas e equações químicas;
● Soluções aquosas de substâncias inorgânicas: Eletrólitos fortes e fracos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar conceitos químicos;
● Compreender o que é matéria, estados físicos e suas mudanças de estado,
assim como as propriedades da matéria;
● Diferenciar fórmula química, estrutural e molecular, assim como
a representação de equações químicas a partir de uma reação;
● Conceituar mistura e suas fases, assim como solução;
● Estabelecer como substâncias inorgânicas se comportam
em soluções aquosas: eletrólito Forte e Fracos.
3
INTRODUÇÃO
A) Propriedades físicas:
São características de propriedades individuais de uma substância sem que acon-
teça uma alteração na composição dessa substância.
- Ponto de fusão;
- Ponto de ebulição;
- Densidade;
- Solubilidade.
B) Propriedades químicas:
São propriedades que identificam características individuais de uma substância por
meio de uma alteração da composição dessa substância (matéria).
Exemplos:
● Decomposição térmica do carbonato de cálcio, originando gás carbônico e óxido
de cálcio;
● Oxidação do ferro, originando a ferrugem, etc.;
● Cozinhar ovo;
● Papel pegando fogo;
● Amadurecimento de fruta;
● Azedar leite;
● Caramelizacão do açúcar.
C) Propriedades organolépticas:
Propriedades que ativam um dos cinco sentidos sensoriais (olfato, visão, tato,
audição e paladar).
Exemplos: Cor, sabor, odor, brilho, etc. (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE,
2005).
● Evaporação:
É um processo lento e espontâneo, acontecendo naturalmente devido a ação da
temperatura, geralmente ambiente. A temperatura do líquido ela é inferior à sua temperatura
de ebulição. Exemplo: Um copo de água deixado na pia, pois a água nela contida evapora, ou
contido nas salinas brasileiras, deixa-se evaporar a água para obtenção do sal, por ação do sol.
● Ebulição:
Este processo geralmente é mais rápido e não espontâneo para as substâncias na
fase líquida, à temperatura e pressão ambientes. Ocorre em líquidos, com a formação e
desprendimento de bolhas, sendo que pode ter uma forca externa atuando, como exemplo
o emprego de fogo para aquecimento. Exemplo: Água líquida necessita de aquecimento
para passar ao estado de vapor (ferver).
● Fusão:
É a passagem ou à mudança do estado sólido para o líquido, como exemplo a água
que ocorre em na temperatura de 0ºC ao nível do mar.
● Liquefação ou condensação:
Passagem ou mudança do estado gasoso para o estado líquido. Pode ser observa-
do quando se diminui a temperatura, como exemplo o vapor de água, quando atinge 100ºC,
começa a passar para o estado líquido.
● Solidificação:
Passagem do estado físico liquido para o sólido, pode-se observar a partir da queda
de temperatura do líquido, como exemplo a água virando gelo ao atingir a temperatura de 0ºC.
● Sublimação:
Ocorre quando a substância passa diretamente do estado sólido para o estado ga-
soso ou vice-versa. Esse fenômeno ocorre com o iodo por exemplo (UCKO 1992; RUSSEL,
1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
a) Fenômenos físicos:
São transformações que alteram a estrutura interna da matéria, isto é, não mudam
a propriedades da matéria ou identidade química das substâncias nem dos átomos.
b) Fenômenos químicos:
São fenômenos que mudam as propriedades ou identidade da matéria como ponto
de fusão, solubilidade, densidade e ponto de ebulição das substâncias, mas a identidade
dos átomos se conserva, porem tem uma substancia totalmente diferente da inicial.
9 Alteração de cor;
9 Efervescência (desenvolvimento de bolhas/gás em um líquido);
9 Reações exotérmicas (Liberação de energia na forma de calor);
9 Formação de um sólido, quando em água insolúvel (precipitados);
9 Combustão (produção de gases) (UCKO 1992; RUSSEL, 1994;
FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
Água H–O–H
Gás carbônico O = C = O
Cloro Cl – Cl
Oxigênio O=O
Hidrogênio H–H
Exemplos:
H2O (água);
CO2 (gás carbônico);
NH3 (Amônia);
CH4 metano;
NaOH hidróxido de sódio.
H• •O• •H (água).
Equação Química
Legenda da figura:
Cor verde: são os elementos contidos na fórmula
Negrito: números a esquerda da fórmula sendo os coeficientes
Cor verde a direita: números representativos da quantidade de átomos da substancia
Fórmulas: representados pelos elementos em verde:
Coeficientes: representados pelos números a esquerda da fórmula em negrito.
Índices: são os números a direita da fórmula em verde, representando
a quantidade átomos para aquela substancia
H+ + OH - → H2O
1. Síntese/combinação ou adição;
2. Análise ou decomposição;
3. Simples-troca ou deslocamento;
4. Dupla-troca ou dupla substituição.
1. Síntese/combinação ou adição;
Toda reação química na qual dois ou mais reagentes dão origem a um único produto,
sendo estes reagentes substâncias simples ou compostas que reagem para se transformar
em uma única substância. Observe o esquema abaixo:
A + B → AB
C + O2 → CO2
CaO + H2O → Ca(OH)2
2 Mg + O2 → 2 MgO
2. Análise ou decomposição;
Pode ocorrer tanto com substâncias simples ou substâncias compostas nos reagen-
tes, é a reação onde uma substância se divide em duas ou mais substâncias de estrutura
mais simples. Estas reações envolvem ação da luz, calor ou corrente elétrica.
AB → C + D
2 H2 O → 2 H2 + O2
CaCO3 → CaO + CO2
2AgBr → 2Ag + Br2
2Cu (NO3)2 → 2CuO + 4NO2 + O2
AB + C → AC + B
AB + CD → AC + BD
1. Endotérmicas:
2. Exotérmicas:
- Acender churrasqueira;
- Queimar palito de fósforo;
- Combustões.
Decomposição da amônia (NH3):
2 NH3 (g) → N2 (g) + 3 H2 (g)
Solução é uma mistura homogênea (somente uma fase) de duas ou mais substân-
cias. Geralmente, a substância presente em maior quantidade em uma solução é denomi-
nada de solvente (em que a água é o solvente universal) e a(s) outra(s) substância(s) de
soluto menor quantidade a ser dissolvido). Em Química Analítica, o solvente mais usado
para preparação de soluções é a água. As soluções são consideradas mistura, estas mis-
turas podem ser classificadas de acordo com seu número de fases contidas neste sistema
conforme abaixo (VOGEL, 1981; UCKO 1992; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
Este tipo de sistema são substancias que não se misturam, consideradas insolúveis
uma na outra ou imiscíveis. Formando assim duas ou mais fases.
Conforme comentado anteriormente a água é o solvente universal, pois possui óti-
mas propriedades físicas e químicas que a torna um excelente solvente para um grande nú-
mero de substâncias químicas. Entre essas propriedades podemos enumerar a sua grande
estabilidade química, térmica e mecânica, ser líquida em uma faixa de temperatura útil para
trabalhos de laboratório, possuir uma constante dielétrica e tensão superficial relativamente
elevadas, entre outras. Devido a essas características, a água é conhecida como o solvente
universal. O processo de autoionização da água líquida pode ser representado pela equa-
ção abaixo: (VOGEL, 1981; UCKO 1992; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
Reação 1:
ou, simplificadamente,
Reação 2:
H2O H + + OH-
a) Ligações iônicas:
Neste tipo de ligação os íons são solubilizados e rodeados por moléculas de água,
o transporte provoca o fluxo de íons e de corrente elétrica, processo este chamado de
solvatação, ou seja, é um processo de dissolução em que a substância é solubilizada em
íons negativos e positivos ficando envoltos por moléculas de solvente, geralmente a água.
ELETRÓLITOS
São substâncias químicas que formam íons quando dissolvidas em água ou em
outro solvente possuindo a capacidade de conduzir eletricidade. Os três tipos de eletrólitos
inorgânicos principais são ácidos, bases e sais, estes formam íons quando dissolvidos
em água, possuindo a capacidade de condução de energia. Estes eletrólitos podem ser
classificados de acordo com a dissociação em água:
a) Eletrólitos fortes
São substâncias se ionizam ou dissociam completamente em um solvente (água),
principalmente as substâncias inorgânicas que possui na maioria das vezes ligações
iônicas. Esses íons formados (positivos e negativos) podem conduzir eletricidade como
exemplo alguns ácidos, bases fortes e alguns sais inorgânicos.
Bases:
Sais:
b) Eletrólitos fracos:
São substâncias que se ionizam parcialmente em um solvente. Geralmente ácidos
e bases inorgânicas fracas, originam eletrólitos fracos respectivo.
Ácidos inorgânicos:
Bases inorgânicas:
NH4OH
Fonte: ALVIM, T. R.; ANDRADE, J. C. A Importância Da Química Analítica Qualitativa Nos Cursos De Quí-
mica Das Instituições De Ensino Superior Brasileiras. Universidade Estadual de Campinas, 2006. Dispo-
nível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/HtWD8bKNVppz37Nz5HwVzbS/?lang=pt. Acesso em: 10 jan. 2022.
Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre soluções e eletrólitos e suas
aplicações, leia os artigos abaixo:
LIVRO
Título: Química geral
Autor: Ricardo Feltre.
Editora: Moderna.
Sinopse: Livro de química básica para introdução a química ana-
lítica, sendo uma coleção do autor em Química geral e orgânica
apresentando uma análise completa de conceitos, valorizando a
relação entre a Química e o cotidiano. Atividades práticas e de lei-
tura auxiliam o aluno a fixar, recordar, refletir e colocar em prática
os conteúdos.
FILME / VÍDEO
Título: O que representa equação química
Ano: 2020.
Sinopse: Representação e conceitos de equações químicas.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=q42LgPmGHmY
Plano de Estudo:
● Introdução ao equilíbrio químico;
● Equilíbrio Iônico;
● Escala de pH e pOH.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar equilíbrio químicos;
● Estabelecer os fatores que influenciam no equilíbrio químico;
● Compreender equilíbrio iônico;
● Definir constante iônica acida (Ka) e constante iônica básica (Kb);
● Demonstrar a autoionização da água e sua Constante (Kw);
● Compreender escala e cálculo de pH e pOH.
29
INTRODUÇÃO
Neste tópico será abordado a importância do equilíbrio químico e seu com enfoque
em certos conceitos como: reações reversíveis, fatores que afetam uma reação em equi-
líbrio químico, constante de equilíbrio, equilíbrio iônico da água, potencial de hidrogênio,
pH e pOH e efeito tampão. O conceito de equilíbrio químico tem sido apontado por muitos
autores, todos os seus significados remetem a ideia de proporções iguais, e a partir de tal
concepção iniciam-se as confusões conceituais, pois em química o significado de equilíbrio
possui uma concepção distinta, sendo impróprias essas associações.
Devido à dificuldade de compreender alguns destes conceitos, principalmente o de
reversibilidade de uma reação, são utilizados alguns instrumentos para que a aprendizagem
seja satisfatória. Existem várias outras reações na que são reversíveis e podem atingir o
equilíbrio químico. Macroscopicamente parece que sistema está parado, mas microsco-
picamente este equilíbrio é dinâmico, sendo que os reagentes estão constantemente se
transformando nos produtos e os produtos em reagentes, com a mesma velocidade.
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 30
1. INTRODUÇÃO AO EQUILÍBRIO QUÍMICO
Porém esta reação poderia ser representada de maneira diferente quando se tem
uma reação reversível, ou seja, os produtos podem formar os reagentes ou vice-versa,
representado pelas setas nos dois sentidos.
Ou
Em um equilíbrio químico é um equilíbrio dinâmico, ou seja, indica que a reação
ocorre em um sentido sendo ela uma reação reversível (reagentes para produtos) e possui
uma velocidade da reação direta (sentido dos produtos v1) e tem a mesma taxa de desen-
volvimento em que a reação ocorre no sentido inverso (produtos para reagentes) possuindo
uma velocidade da reação inversa (sentido dos reagentes v2). Uma vez atingido o estado
de equilíbrio, as concentrações de reagentes e produtos permanecem constantes. Observe
a reação abaixo:
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 31
- v1 : velocidade da reação direta; v2 : velocidade da reação inversa.
Esta equação ainda pode ser representada com coeficientes estequiométricos,
importante para constante de equilíbrio, o mesmo sendo observado abaixo pelas letras
minúsculas.
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 32
Ainda analisando-se graficamente pode-se observar na figura abaixo que a con-
centração dos produtos e reagentes são em função do tempo:
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 33
FIGURA 4 - CONCENTRAÇÃO DOS PRODUTOS MAIOR QUE OS REAGENTE
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 34
1.1 Características do equilíbrio
Propriedades macroscópicas permanecem constantes como:
9 Cor;
9 Estado Físico;
9 Volume;
9 Densidade.
As concentrações das substâncias envolvidas no equilíbrio químico permanecem
constante, isto permite caracterizar o equilíbrio por meio de constantes com a relação entre
os reagentes e produtos.
- As velocidades diretas (v1) e indireta (v2) permanecem constantes (UCKO, 1992;
RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
sendo ela exterior, este o sistema responderá de forma a minimizar ou reduzir o efeito
Pode-se dizer que alguns fatores podem influenciar no equilíbrio e deslocar, ou seja,
alterar a diferença nas velocidades das reações direta e inversa (v1 ou v2), e, consequen-
temente, mudar as concentrações das substâncias (reagentes ou produtos), até que um
novo estado de equilíbrio seja atingido, ou seja, velocidades e concentrações constantes.
Quando em um novo equilíbrio, a concentração dos produtos for maior que a concentra-
ção inicial, pode-se dizer que houve deslocamento para a direita, ou seja, no sentido de
formação dos produtos, já que velocidade v1 foi maior que velocidade v2, conforme ilustra a
equação abaixo:
Reagentes Produtos
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 35
Reagentes Produtos
a) Concentração;
b) Temperatura;
c) Pressão.
9 Concentração:
Quando um sistema em equilíbrio for modificado pelas concentrações das subs-
tâncias envolvidas, sendo elas reagentes ou produtos, a velocidade da reação também
será alterada sendo diretamente proporcional à esta concentração desta substância (sendo
reagentes ou produtos), ou seja, a velocidade em um dos sentidos (v1 ou v2) da reação
será maior, consequentemente este equilíbrio será deslocado para o lado que permitirá que
novamente estas velocidades se igualem. Alterando as concentrações das substâncias e
mantendo o equilíbrio, ou seja, a mudança nas concentrações sendo adição vai ao contrário
da substancia adicionada.
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 36
9 Temperatura
As reações químicas ocorrem geralmente ocorrem com variação de calor ou entalpia:
9 Exotérmicas:
Reações que liberam calor
9 Endotérmicas:
Reações que absorvem calor.
O equilíbrio pode ser deslocado no caso de um aumento ou diminuição da tempera-
tura. Quando houver um aumento na temperatura, esta mesma será deslocada no sistema
no sentido endotérmico (ΔH >0), quando houver uma diminuição da temperatura deslocará
o equilíbrio no sentido exotérmico (ΔH < 0).
Exemplo:
N2 + 3 H2 2 NH3 ΔH = – 26,2 kcal
A reação representada é exotérmica, está perdendo calor para o meio de acordo
com sua entalpia (ΔH <0)
Portanto na figura acima se:
● Aumentar a temperatura deslocará o equilíbrio o sentido endotérmico (Esquerda).
● Diminuir a temperatura, deslocará o equilíbrio para o sentido exotérmico (direita).
9 Pressão
A pressão pode influenciar o equilíbrio químico sendo que:
1. Aumentando a pressão deslocará o equilíbrio no sentido de menor volume gasoso.
2. Diminuindo a pressão desloca o equilíbrio no sentido do maior volume gasoso.
Exemplo:
Então se tiver uma alteração de volumes como exemplos abaixo terá o seguinte
deslocamento do equilíbrio:
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 37
9 Aumentando de pressão este equilíbrio será deslocado para menor volume
(direita da reação).
9 Diminuindo a pressão, este equilíbrio tende a ser deslocado para maior volume
(esquerda da reação).
Alguns equilíbrios podem não serem afetados pela pressão:
Segue imagem com resumo dos fatores que podem interferir no equilíbrio.
FIGURA 7 - FATORES
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 38
Extraindo os dados das reações pode se observar ou representar:
Na reação da direita tem:
v1 = K1 0· [A]a · [B]b
Para a reação da esquerda ou inversa tem:
v2 = K2 · [C]c · [D]d
Na representação do equilíbrio tem-se v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d
Ou seja, produtos por reagentes elevados aos coeficientes estequiométricos con-
forme abaixo:
Exemplo 1
2 SO3(g) 2 SO2(g) + O2(g)
kc= [SO2] 2 .[O2]
[SO3]2
Exemplo 2
N2 (g) + 3 H2 (g) 2NH3 (g)
kc= [NH3]2
[N2].[H2]3
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 39
2. EQUILÍBRIO IÔNICO
Equilíbrio iônico é o termo utilizado quando aparece íons, sendo eles cátions (+)
e ânions (-), em processos denominados ionização, quando ocorre com um ácido e dis-
sociação com uma base. Pode-se observar abaixo esquema de ionização e dissociação
(RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
HA H+ + A-
BOH B+ + OH-
NH4OH NH4+ + OH-
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 40
2.1 Constante de equilíbrio ácida (Ka) e constante de equilíbrio de
basicidade (Kb)
Quanto mais ionizado for o ácido (maior o Ka) maior será sua forca ácida, inverso
também acontece diretamente à forca quanto menor Ka mais fraco é o ácido. Como a água
não interfere na ionização, pois sua concentração é constante, não entra na constante
(VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
Quanto mais dissociado for a base (maior o Kb) maior será sua força básica, inverso
também acontece diretamente a força quanto menor Kb mais fraco ‘é a base.
2.2 Equilíbrio iônico da água (Kw)
Na água acontece o processo de equilíbrio chamado de autoionização da água,
esta constante é chamada de produto iônico da água ou representado por Kw (w refere-se
à água, cujo em inglês se diz water), conforme ilustrado na figura abaixo:
H 2O H+ + OH-
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 41
Sua constante é representada por produto iônico da água ou Kw conforme reação
abaixo:
Como a água uma substância pura e sua concentração não altera e é constante
não entra na representação conforme reação abaixo de Kw:
Água pura as concentrações de H+ e OH- são iguais por isso considera a solução
como neutra então pode-se considerar que as concentrações dos íons na autoionização da
água seja:
H+ = 1.10-7 mol/L
OH- = 1.10-7 mol/L
Como pode-se observar na reação acima de Kw, pode-se dizer que as quantidades
de H+ e de OH- na água pura serão iguais meio neutro, porém dependendo do meio que se
encontrar estas concentrações podem ser distintas, o que pode-se caracterizar meios como
ácidos, básicos ou neutros de acordo com sua escala de pH e concentração dos íons men-
cionados (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
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3. ESCALA DE pH E pOH
FIGURA 8 - ESCALA DE PH DE 0 A 14
UNIDADE
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FIGURA 9 - ESCALA DE pH
Ácido de bateria 1
Suco gástrico 1,6 a 2,0
Vinagre 3,0
Água com gás 4,0
Saliva humana 6a7
Sangue humano 7,35 a 7,45
Bicarbonato de sódio 8
Hidróxido de magnésia 10
Hidróxido de sódio 14
Fonte: (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 44
A partir da escala de pH e autoionização da água 25ºC, pode-se definir que a con-
centração de H+ e OH- são iguais portanto equivale a 1.10-14 conforme a figura abaixo.
[H+]. [OH-] = 1,0.10 -14
Aplicando-se o log na expressão acima pode-se calcular o pH como pOH:
Potencial hidrogeniônico
pH= -log [H+]
Potencial hidroxiliônico
pOH= -log [OH-]
Exemplo de como utilizar a expressão de cálculo de pH
Exemplo 1:
Solução:
Temos
Como o pH e pOH somando tem igual a 14, pode-se calcular qualquer uma das
variáveis a partir da expressão abaixo:
pH + pOH = 14
Exemplo 2:
Considerando que o suco de laranja apresente [H+] = 1,0.10-4 mol/L. Como deter-
minar a concentração molar dos íons H+ e pOH presentes nesse suco.
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 45
Solução:
pH = -log [H+]
pH = - log [1,0.10-4]
pH = 4
pH + pOH = 14
4 + pOH = 14
pOH = 14 – 4
pOH = 4
Meio neutro:
[H+] = 1,0 . 10-7 mol/L pH = 7
[OH-] = 1,0 . 10-7 mol/L pOH = 7
Meio ácido:
[H+] > 1,0 . 10-7 mol/L pH < 7
[OH+] < 1,0 . 10-7 mol/L pOH > 7
Meio básico:
[H+] < 1,0 . 10-7 mol/L pH > 7
[OH-] > 1,0 . 10-7 mol/L pOH < 7
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 46
Alguns exemplos de cálculos de pH e pOH a partir de concentrações:
Exemplo 1:
Solução:
[H+] = 10-pH
[H+] = 10-5 mol/L
Como:
pH + pOH = 14
5 + pOH = 14
pOH = 9
[OH-] = 10-9 mol/L
Fonte: (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
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Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 47
SAIBA MAIS
Algumas substâncias inorgânicas são classificadas como ácidos ou como bases (antiá-
cidos) e estão presentes no nosso cotidiano: nos alimentos, no nosso organismo e no
meio ambiente, fármacos. Os eletrólitos como ácidos e as bases fracas quando solubi-
lizados em água, dissociam ou ionizam-se, estabelecendo-se um equilíbrio reversível
entre as espécies não dissociadas e os seus íons. Esta reação reversível é possível o
sistema estabelecer um equilíbrio químico. Baseado nas respectivas constantes de ioni-
zação é possível comparar a força dos ácidos e bases, sendo diretamente proporcional
ao valor de Ka e Kb respectivamente. No equilíbrio ácidos e bases então envolvidos
fenômenos como a hidrolise. A hidrólise baseia-se na decomposição dos íons de uma
substância por intermédio dos íons da água. Os sais são substâncias que apresentam
com maior este fenômeno. Sais são compostos iônicos que podem ser formados pela
reação entre um sal e uma base ou um ácido e uma base chamada de reação de neu-
tralização. Alguns estudos demonstram que as soluções de sais em água podem ser
neutras [H+] = [OH-]), ácidas ([H+] > [OH-]) ou básicas ([H+] < [OH-]). Outro fenômeno
importante neste equilíbrio é o efeito tamponante de algumas espécies. As soluções
tampões são formadas por um ácido fraco e um sal do mesmo ácido fraco obtido pela
reação com uma base forte. Estas soluções não sofrem variações bruscas de pH. Não
evitam totalmente a variação, mas podem minimizar seus efeitos. São formadas por um
ácido fraco e um sal do mesmo ácido fraco obtido com uma base forte.
Fonte: FORTE, C. M. S.; PACHECO, L. C. M.; QUEIROZ, Z. F. Química Analítica I. Universidade Esta-
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 48
REFLITA
Universidade de São Paulo. Orientadora Irene Kazumi Miura. Ribeirão Preto, 2006. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-03122014-153925/publico/Juliana_do_Nasci-
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 50
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre a unidade II, leia o artigo abaixo:
Sugestões de leitura:
“De Svante Arrhenius ao Peagâmetro Digital: 100 Anos de Medida de Acidez”
Química Nova, 30, 2007, 232-239.
Fonte: GAMA, M. S.; AFONSO, J. C. De Svante Arrhenius ao Peagâmetro Digital: 100 Anos de
Medida de Acidez. Química Nova. v. 30, n. 01, p. 232-239, 2007. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 51
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Química geral vol 1 e 2
Autor: John Russel.
Editora: Pearson.
Sinopse: O autor abrange as áreas da química geral com comen-
tários adicionais o que vai manter a atenção do leitor, sendo que
este traz inúmeras aplicações para a indústria. O autor descreve
diversos conceitos usando uma linguagem simples, coloquial
e diferente e apresentando-os de um ponto de vista alternativo.
Visando facilitar o aprendizado, o texto oferece no final de cada
capítulo, resumos e problemas, comentários adicionais, glossário
de termos, exemplos e problemas paralelos, além da revisão dos
conteúdos dentro dos capítulos.
FILME / VÍDEO
Título: Morte no Everest
Ano: 2015.
Sinopse: É baseado em fatos reais. Mostra a dificuldade de alpi-
nistas em lidar com a pressão atmosférica e a falta de equilíbrio
químico entre a hemoglobina e o oxigênio.
UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 52
UNIDADE III
Teoria Clássica das Reações: Ácido/Básico
(Neutralização), Reações de Precipitação,
Reações de Complexação e
Reações de Óxido-Redução
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa
Plano de Estudo:
● Teoria clássica das reações: ácido/básico (neutralização);
● Reações de precipitação;
● Reações de complexação;
● Reações de oxido-redução.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a teoria clássica das reações, conceitos de ácido e base de
Bronsted Lowry, Arrhenius e Lewis, reação de neutralização, indicadores;
● Compreender as reações de precipitação e solubilidade de sais;
● Determinar conceitos de complexos, classificação, formação,
ligantes e coordenadas de complexos;
● Definir as reações de oxido redução, número de Nox, e regras para cálculo de Nox;
● Compreender conceito de agente redutor e agente oxidante.
53
INTRODUÇÃO
Neste tópico será abordado a importância do da teoria das reações e seus conceitos
principais de ácido e base de acordo com Bronsted Lowry, Arrhenius para ter um entendimento
das reações de neutralização, que nada mais é, que uma reação que acontece entre um ácido e
uma base formando sal e água. Esta reação é bem frequente no cotidiano, um exemplo prático
é a hiperacidez estomacal sendo neutralizada por antiácido, uma base. Exemplos no cotidiano
de pode ser aplicáveis as reações de neutralização, como no preparo de uma limonada, limão
possui acidez, sedo considerado um ácido, o que pode fazer para diminuir o gosto azedo do
suco, é adicionar base ou um sal básico, uma substancia comum utilizado como antiácido em
farmácias o Bicarbonato de sódio (NaHCO3) ele neutraliza a ação do ácido.
Ainda daremos enfoque as outras reações existentes com a de precipitação, em
que um dos sais reage formando um produto insolúvel em água, consequentemente preci-
pitando, sendo que os cátions e ânions já possuem sua característica de solubilidade.
Adentrando ainda mais ao mundo das reações, o próximo passo são as reações de
complexação, onde um metal central é rodeado por ligantes, geralmente a água, e podendo
ocasionar esta reação onde este se denomina íon complexo, sendo classificados de acordo
com sua carga e número de coordenadas.
E para finalizarmos as reações de oxido redução, onde uma substancia irá oxidar
perdendo elétrons e aumentando seu Nox e a outra substancia da reação irá reduzir, ga-
nhando elétrons e diminuindo seu Nox. Reações bem comuns também como no cotidiano
a oxidação de ligas metálicas, corrosão por substancias ácidas, formação de cloreto de
sódio, entre outras.
Como pode ser observado nas reações abaixo o ácido clorídrico HCl e o hidróxido
de sódio NaOH neste caso, respectivamente, pode-se dizer que nesta reação tem um ácido
(HCl) e uma base (NaOH) de Arrhenius, pois, ocorrem os processos de as dissociações/
ionizações iônicas quando se adiciona um volume de água (RUSSEL, 1994).
H+ + NH3 → NH4+
Ácido base
Exemplos:
9 Fenolftaleína;
9 Azul de bromotimol;
9 Alaranjado de metila;
9 Papel universal.
HA + COH H2O + CA
Como pode-se observar na reação acima para a formação do sal o produto o ácido
fornecerá o ânion (A-) e a base fornecerá o cátion (C+), o restante se une para formar água.
Vejamos um exemplo de reação de neutralização abaixo com ácido clorídrico e
hidróxido de sódio:
AB + CD AC + BD
Um exemplo para que ocorra reação de precipitação é uma dupla troca entre sais,
no qual 1 dos sais formados geralmente é insolúvel em água. Como podemos observar na
reação abaixo:
A reação descrita acima envolve dois sais nos reagentes sendo este solúveis em
solução aquosa, porem o produto formado AgCl (cloreto de prata) é um sal insolúvel for-
mando assim um precipitado.
Para ter uma ideia da formação de precipitado conforme mencionado anteriormen-
te deve ter noção dos cátions e ânions de acordo com sua solubilidade, geralmente serão
sais, então devemos saber a solubilidade destes sais teremos uma ideia de formação do
precipitado.
Como pode-se observar, qualquer sal formado com o ânion nitrato (NO3-) será so-
lúvel. Como exemplo de formação de precipitado a partir da tabela acima um produto (sal)
que tenha metais como prata (Ag), mercúrio (Hg), e chumbo (Pb) com o sulfato (SO4-2) será
insolúvel e formará um precipitada (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994).
Cobre – Cu
Prata - Ag
Em química muitas reações que levam à formação de íons complexos, em que este
complexo é formado por um íon metálico central rodeado de várias espécies intimamente ligadas
a ele. Essas espécies podem ser moléculas neutras ou íons. Frequentemente Metais se ligam a
água e formam íon hidratado, no qual está água pode ser base de Lewis, doando elétrons. Os
íons formados pela combinação da ligação dos cátions e ânions formam complexos.
Os grupos em torno deste íon metálico são chamados de ligantes, e o número
de pontos de união entre este representa o seu número de coordenação. Os números de
coordenação mais comuns são 2, 4, 6 e 8, na maioria dos casos, o número de coordenação
é igual a 6. Para se determinar a carga de um íon complexo, deve-se somar as cargas de
cada íon que compõe o complexo (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG et al., 1997).
Fonte: Adaptada de: QUÍMICA Básica. Nomenclaturas dos compostos de coordenação. Disponível em:
9 Catiônico:
Ni+2 + 6 H2O Ni (H2O)6+2
9 Aniônico:
Zn+2 + 4 Cl- ZnCl4-2
Observe o esquema abaixo na ligação do sódio (Na) e cloro (Cl) para formar cloreto
de sódio (NaCl)
Regra 1: Todo átomo em que uma substância e/ou molécula simples possui Nox
igual a ZERO.
Exemplo:
Fe+3 Nox = +3
Fe+2 Nox = +2
Na+1 Nox = +1
O-2 Nox = - 2
Na+1 Nox = +1
F-1 Nox = - 2
Agente oxidante: Substância que contém átomo ou íon que sofreu redução, pois
provoca a oxidação de outro átomo.
Agente redutor: Substância que contém átomo ou íon que sofre oxidação, pois
provoca a redução de outro átomo.
O ferro (Fe) é o agente redutor pois, ele sofre o fenômeno de oxidação, ou seja,
está perdendo elétrons do reagente para os produtos induzindo o HCl a reduzir. O HCl é o
agente oxidante, pois sofre o fenômeno de redução, ou seja, ganho de elétrons do reagente
para o produto induzindo a substância Fe a oxidar (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG
et al., 1997).
Fonte: CHAGAS, Aécio Pereira. O ensino de aspectos históricos e filosóficos da Química e as teorias
ácido-base do século XX. Quím. Nova. 23 (1), Fev 2000. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/pTc4pwJgr5zk5qPGqbH54Lb/?lang=pt&format=html .Acesso em: 17 nov.2021.
Fonte: ZUCCO, César. Química para um mundo melhor. Quím. Nova. 34 (5), 2011. Disponível em:
Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre a unidade III, leia o artigo abaixo:
Sugestões de leitura:
“Reações ácido-base: conceito, representação e generalização a partir das ener-
gias envolvidas nas transformações”.
Fonte: PASTRE, Iêda Aparecida; PLICAS, Lídia Maria de Almeida; OLIVEIRA, Vera Aparecida Tiera;
SILVIA, Juliana Vieira Custódio; AGOSTINHO, Maria Leite. Reações ácido-base: conceito, representação e
generalização a partir das energias envolvidas nas transformações. Quím. Nova. 35(10), 2012. Disponível
LIVRO
Título: Química analítica qualitativa
Autor: Arthur Vogel
Editora: Mestre Jou
Sinopse: As bases teóricas e práticas da química analítica quali-
tativa, indispensáveis a área da saúde está abordada neste livro.
O principal objetivo é proporcionar ao leitor/aluno, aspectos físico-
-químicos básicos das reações utilizadas nas análises qualitativas
inorgânicas. Nesta obra há uma completa descrição dos instru-
mentos de laboratório, com as respectivas ilustrações, operações
que incluem técnicas de análise em escala micro e semimicro,
assim como, métodos eletroquímicos. Há ainda uma abordagem
nas reações dos cátions e aníons mais importantes indispensáveis
ao trabalho de laboratório.
FILME / VÍDEO
Título: Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento
Ano: 2000.
Sinopse: Nessa história baseada em fatos reais, Erin descobre
que a água da cidade está contaminada e fazendo mal para os
seus habitantes. Ela investiga o que está acontecendo e consegue
cooperação dos moradores para solucionar o problema.
Plano de Estudo:
● Técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica: reações por via seca e úmida;
● Operações semimicroanalíticas e microanalítica e análise do toque;
● Análise qualitativa sistemática inorgânica: ensaios para ânions em escala semimicro;
● Separação e identificação de cátions em escala semimicro (grupo I, II, III, IV e V).
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceitualizar as técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica.
● Compreender via úmida e via seca e métodos de reação das vias;
● Identificar escalas analíticas, macroanálise, microanálise,
semimicroanálise e ultramicroanálise;
● Apresentar as técnicas de análise qualitativa semimicroanálitica
e microanalítica e definir análise do toque e aplicações;
● Teorizar classificação de ânions;
● Determinar importância da separação e identificação dos cátions
e classificação dos cátions em grupos analíticos;
● Entender a separação e identificação dos principais cátions
em escala semimicro do grupo I, II, III, IV e V.
80
INTRODUÇÃO
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 81
1. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS DA ANÁLISE QUALITATIVA INORGÂNICA:
REAÇÕES POR VIA SECA E ÚMIDA
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 82
1.2 Reações por via seca e via úmida
As reações analíticas podem ser classificadas quanto a forma de execução, podendo-
-se trabalhar com o reagente dissolvido ou não em solução, possuindo dois tipos de ensaios:
Observaçao Interferência
Chama amarelo-dourada Na (sódio)
Chama violeta ou lilás K (Potássio)
Chama vermelho tijolo Ca (cálcio)
Chama carmesin Sr (Estrôncio)
Chama verde amarelada Ba (Bário)
Chama azul pálida Pb, Bi e Cu (chumbo, Bismuto e Cobre)
Fonte: Adaptado de: (VOGEL, 1981).
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 83
c) Formação de gases ou vapores coloridos
- Cloro: amarelo-esverdeado para violáceo em água alcalina;
- Bromo: vermelho colore em azul a água alcalina;
- Nitrosos: vermelho colore em azul solução sulfúrica;
- Iodo: roxo.
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 84
Os testes mais comuns utilizados em análise qualitativa, devem ser empregados
reações que se procedem acompanhadas de variação das suas propriedades físicas ou
químicas facilmente detectáveis, geralmente a olho nu. Como exemplo, uma mistura de
soluções, para identificação de um determinado íon deve acontecer algumas mudanças de
características conforme abaixo.
a) Solução neutra: estão ausentes ácidos e bases livres, sais ácidos ou básicos
devido à reação de hidrólise.
b) Solução alcalina: Pode ser devido a compostos com hidróxidos dos metais alca-
linos, alcalinos terrosos, carbonatos e sulfetos entre outros.
c) Solução ácida: Pode ser causada por ácidos livres, sais ácidos e sais que apre-
sentem reação ácida devido à hidrólise, liberando H+ para solução.
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 85
f) Remoção do precipitado do filtro;
Se o precipitado for volumoso, uma quantidade suficiente de pode ser retirada
com uma espátula de aço inoxidável.
g) Secagem de precipitados.
Secagem parcial efetua-se abrindo o filtro, deixando sobre vários papeis de filtros
para absorção da água, ou colocando o papel em um funil e levando a evaporação em uma
caixa de areia aquecida (VOGEL, 1981).
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 86
2. OPERAÇÕES SEMIMICROANALÍTICAS E MICROANALÍTICA
E ANÁLISE DO TOQUE
a) Macroanálise:
São ensaios em que as quantidades são relativamente grandes em termos de amos-
tras de substâncias analisadas: maior que 0,10 g ou solução maior que 10 mL geralmente
entre 20 a 50 ml. Estas reações utilizam-se geralmente tubos de ensaio comuns com volume
10 a 20 ml ou em balões com volumes variados e maiores que os tubos. Os precipitados
obtidos na reação são separados das soluções por filtração através de papel de filtro.
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 87
b) Semimicroanálise:
São reações com quantidades intermediárias de quantidade de substância, ficando
entre a macro e a microanálise. Utilizam-se quantidades de substâncias da ordem de 1/20
ou 1/25 das usadas na macroanálise, ou seja, cerca de 0,01 a 10 mg de substância sólida
ou 0,1 a 10 mL de solução. Ainda se obtêm diversas vantagens sobre a macroanálise, den-
tre pode-se citar os resultados mais precisos quanto comparados com os da macroanálise.
c) Microanálise:
As quantidades são bem menores de substância utilizadas na análise, em torno
de alguns miligramas de substância sólida (0,10 a 10,0 mg) ou uns décimos de mililitros
de solução (0,01 a 1,0 mL). Utiliza-se reagentes de grande sensibilidade, o que permitem
identificar a presença de vários componentes. As reações realizam-se pelo método micro-
cristaloscópico ou pelo método da gota (spot test):
c.1) Método microcristaloscópico: São reações sobre uma lâmina de vidro, identifi-
cando-se o íon ou o elemento pela forma dos cristais, observados ao microscópio.
c.2) Método da gota: (reações gota a gota): Reações que acontece uma viragem
de cor da solução ou da formação de precipitados corados. São realizadas em tira de papel
de filtro adiciona gota a gota, a solução em estudo e os reagentes. O resultado no papel de
filtro aparece uma mancha corada, no qual a cor produzida permite confirmar a presença
na solução do íon a identificar.
d) Ultramicroanálise:
Reações com quantidades pequenas, ou seja, inferiores a 1mg, em torno de 0,1 a
100 ug, quando em solução 0,001 a 0,01 ml. Todas as operações analíticas efetuam-se as
observando ao microscópio.
A escala mais comum em química analítica é a escala semimicroanalítica possuindo
como principais vantagens:
9 Pouco consumo de reagentes;
9 Fácil e rápida execução da análise;
9 Maior eficiência na separação.
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 88
2.2 Técnicas de análise qualitativa semimicroanalítica e microanalítica
Alguns aspectos devem ser levados em consideração para a análise de cátions e
ânions, considerando-se suas classificações e reações. Serão abordados alguns procedi-
mentos para a técnica qualitativa semimicroanalítica e microanalítica de como tratar e prepara
os produtos de cada reação, bem como os reagentes que identificam. A seguir os critérios
para a técnica (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).
9 Amostragem:
Para a análise ser bem sucedida e não interfira no meio se faz necessário que a
amostra seja tirada de uma grande quantidade de material para análise, pois deverá conter
todos os constituintes no material coletado. No caso de uma solução, é necessário apenas
que esta seja bem homogeneizada antes da retirada da amostra.
9 Abertura da amostra:
Para uma amostra sólida, terá que dissolver (mineralização, abertura ou digestão)
para que se possa realizar a análise sistemática dos cátions. Usam-se pequenas quantidades
da amostra (20 mg) e testa-se primeiro a solubilidade em água, se a amostra for insolúvel à
temperatura ambiente depois de agitação, aqueça em banho-maria por alguns minutos. Se
amostra não for solúvel em água, realizar os testes sucessivos para determinação de solu-
bilidade nos seguintes meios, sendo inicialmente testados a frio e posteriormente a quente:
● HNO3 diluído;
● HNO3 concentrado;
● HCl;
● água-régia (3 HCl + 1 HNO3.
9 Medidas de quantidade:
As unidades de mediadas para soluções são em gotas ou mililitros (ml). No qual
uma gota padrão corresponde a 0,05 ml; deste modo, 20 gotas correspondem a 1 ml.
Considerando que um conta-gotas padrão libera gotas desse tamanho. Quando necessário
uma medida mais precisa de volume, usam-se micropipetas, pipetas capilares calibradas
ou volumétricas. As quantidades de sólidos são utilizadas as medidas com uma balança
analítica, amplamente utilizada em laboratório para obter massas com alta precisão nos
resultados sem interferentes de massa, como substancias que absorvem umidade. O que
difere uma Balança Analítica de uma Balança Semi-Analítica é o grau de precisão na hora
de aferir o peso. Uma Balança Analítica pode pesar com precisão máxima de até 0,01
miligrama (dependendo do modelo). Essa sensibilidade é adequada pra determinados
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 89
procedimentos e técnicas laboratoriais. Para realizar pesagem quando não se usar a tecla
tara, retirar o peso do recipiente, deve-se realizar diferença: pesando primeiro um tubo de
ensaio e posteriormente com a amostra. Quando a medida exata de uma quantidade não é
importante, como exemplo em análise qualitativa, usa-se comumente uma espátula.
9 Adição de reagentes:
Para a análise não sofra interferentes, se faz necessário preservar os reagentes de
contaminação, por isso os conta-gotas de frascos devem ser mantidos acima dos frascos,
ou seja, cada reagente com o seu respectiva para não acontecer contaminação cruzada.
9 Mistura:
Usualmente utiliza-se tubos de ensaio para as reações, sendo que a homogeneiza-
ção deve ser realizada com agitação manual ou mecânica (agitador de tubos), não podendo
tampar com o dedo ou com uma rolha. Se o volume representar 50% do tamanho do tubo,
este material deverá ser transferido para um béquer.
9 Aquecimento da solução:
Dependendo o volume da solução pode se realizar o aquecimento por cadinhos
sobre chapa de aquecimento ou em tubo de ensaio, utilizando o banho-maria. Aqueça
sempre essas soluções em tubos imersos em banho-maria. Um banho simples pode ser
feito utilizando um béquer de 250 ml.
9 Evaporação de soluções:
Para evaporação os mais indicados recipientes são os com maiores volumes (ml)
para uma a evaporação de vários ml de uma solução, sendo utilizados a caçarolas, cadi-
nhos de porcelanas e béqueres.
9 Centrifugação:
Esta operação é mais indicada e análise qualitativa que a filtração, sendo esta
utilizada em pequenos volumes, menor variação e maior precisão. Os tubos de ensaios
são adequados para a maioria das centrífugas e são preferencialmente usados porque as
soluções são facilmente decantadas. A centrífuga deverá ser equilibrada utilizando sempre
um número par de amostras por vez.
9 Separação da solução sobrenadante de um precipitado:
Deve-se saber a característica do precipitado para a separação e/ou remoção do
mesmo de um determinado sobrenadante, estes diferirem consideravelmente em densida-
de. Se a solução clara ou límpida, pode ser separada do precipitado, vertendo em outro
recipiente. Alguns precipitados aderem às paredes do tubo e não decantam. Não há incon-
venientes tem problema, desde que eles permaneçam na parede do tubo durante a retirada
do sobrenadante. Alguns precipitados são leves e flutuam, mesmo após a centrifugação,
as vezes pode ressuspender. Para que a separação seja mais completa, mesmo quando o
precipitado não se agrega firmemente, é obtida pipetando-se o sobrenadante
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 90
9 Lavagem do precipitado (precipitado)
Após a remoção da solução sobrenadante, estes precipitados ainda conterão uma
pequena quantidade desta solução. Este precipitado pode absorver íons da solução em sua
superfície, estes íons deverão ser removidos e melhorar a pureza do precipitado, sendo
realizado a lavagem. Geralmente se utiliza a água, as vezes é necessário lavá-lo com uma
solução diluída do reagente precipitante, para evitar que este se dissolva. A lavagem é rea-
lizada adicionando o líquido ao precipitado e misturando-se tudo com um bastão de vidro,
homogeneizando, posteriormente, centrifuga-se por alguns segundos para então descartar
a água de lavagem. Será mais eficiente se lavar o precipitado 2 vezes com pequenas
porções do líquido de lavagem do que uma vez com porção de volume maior.
9 Transferência do precipitado:
O precipitado se necessário poderá ser transferido para um tubo ou outra vidraria
para dar continuidade a análise.
9 Teste de acidez:
Em várias etapas para a identificação dos íons em análise poderá ser realizado
o controle do pH. Devendo seguir a escala dos papeis indicadores de pH (unidade III)
(VOGEL, 1981; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 91
3. ANÁLISE QUALITATIVA SISTEMÁTICA INORGÂNICA: ENSAIOS PARA
ÂNIONS EM ESCALA SEMIMICRO
Esquema de classificação
A) Envolvem a identificação por produtos voláteis obtidos por tratamento com ácidos;
I) Gases desprendidos com ácido clorídrico (HCl) diluído ou ácido sulfúrico (H2SO4)
diluído;
II) Gases ou vapores desprendidos por tratamento com ácido sulfúrico (H2SO4)
concentrado.
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 92
B) Dependem de reações de solução.
I) Reações de precipitação
II) Oxidação e redução em solução.
Classe a
I) Gases desprendidos com ácido clorídrico ou ácido sulfúrico diluídos.
Carbonato, bicarbonato, sulfito, tiossulfato, sulfeto, nitrito, cianeto e cianato.
II) Gases ou vapores desprendidos por tratamento com ácido sulfúrico concentrado.
Fluoreto, cloreto, brometo, iodeto, nitrato, clorato (perigo), preclorato,
permanganato, bromato, borato, citrato entre outros.
Classe b
I) Reações de precipitação
Sulfato, persulfato, fosfato, fosfito, cromato, dicromato e silicato.
II) Oxidação e redução em solução.
Manganato, permanganato, cromato e dicromato (VOGEL, 1981).
Outra classificação usada para ânions seria de acordo com as reações que ocor-
rem em meio ácido diluído na presença ou ausência de Ag+. De acordo coma tabela abaixo,
pode-se observar a que os ânions pertencentes ao grupo I (CO32-, NO2-, S2-, S2O3-2 e SO3-),
são aqueles que se decompõem em solução ácida diluída de HClO4, havendo desprendi-
mento de gases. Os ânions do grupo II (Br -, Cl -, I -, S -2, S2O3-2) são aqueles que precipitam
com Ag+ em meio ácido, enquanto que os do grupo III (C2H3O2, CO32- , NO2-, PO4-3, SO3- etc)
precipitam com Ag+ em meio neutro. O grupo IV (F-, MnO4-, NO3- etc) não possui um reagen-
te de grupo. Como pode ser observado na tabela abaixo (MOELLER e O’CONNOR, 1972).
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 93
4. SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CÁTIONS EM ESCALA SEMIMICRO
(GRUPO I, II, III, IV E V)
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4.2 Classificação dos cátions (íons metálicos) em grupos analíticos
A análise qualitativa sistemática de cátions se dá a partir de sua classificação em
cinco grupos, tomando-se por base a reação especifica com cada reagente, ou seja, os íons
de comportamento análogo ou semelhantes são agrupados. Os reagentes usados para a
classificação dos cátions mais comuns são o ácido clorídrico, o ácido sulfídrico (sulfeto de
hidrogênio), o sulfeto de amônio e o carbonato de amônio. A classificação é baseada na
maneira que os cátions reagem a tais reagentes com a formação ou não de precipitados
(VOGEL, 1981). Os cincos grupos e suas características são, como se segue:
Grupo I
Os cátions deste grupo formam precipitados com ácido clorídrico diluído. Os íons
deste grupo são: chumbo, mercúrio (I), e prata.
Grupo II
Os cátions deste grupo não reagem com ácido clorídrico, mas formam precipitados
com ácido sulfídrico em meio ácido mineral diluído. Os íons deste grupo são: mercúrio (II),
cobre, bismuto, cádmio, arsênio (III), arsênio (V), antimônio (III), antimônio (V), estanho (II),
estanho (III) e estanho (IV).
Grupo III
Os cátions deste grupo não reagem nem com ácido clorídrico e nem com ácido sul-
fídrico em meio ácido mineral diluído. Todavia, formam precipitados com sulfeto de amônio
em meio neutro ou amoniacal. Os cátions deste grupo são:
cobalto (II), níquel (II), ferro (II), ferro (III), cromo (III), alumínio, zinco e manganês (II).
Grupo IV
Os cátions deste grupo não reagem nem com reagentes do grupo I, nem do II, nem
do III. Eles formam precipitados com carbonato de amônio na presença de cloreto de amônio
em meio neutro ou levemente ácido. Os cátions deste grupo são: cálcio, estrôncio e bário.
Ag+ + Cl - AgCl↓
Hg22+ + 2 Cl - HgCl2↓
Pb2+ + 2Cl - PbCl2↓-
4.2.1.1 Chumbo
Os precipitados obtidos dos cátions do grupo I é composto por uma mistura de íons
AgCl, Hg2Cl2 e PbCl2. O chumbo é separado pelo aumento da solubilidade do cloreto de
chumbo (PbCl2) empregando temperatura. A aumento da temperatura aumenta a solubilida-
de dos cloretos deste grupo, mas o efeito só é percebido ou exacerbado no PbCl2 (VOGEL,
1981; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).
Como o AgCl e o Hg2Cl2 são insolúveis em água quente, esta diferença é primor-
dial para separar os íons prata e mercúrio (I) do chumbo, visto que estes são solúveis com
aumento da temperatura. A identificação do chumbo pode ser realizada com o íon sulfato.
Formando-se um precipitado de coloração branco de sulfato de chumbo.
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4.2.1.2 Prata e mercúrio
Após a retirada do chumbo a separação dos cátions se dá através da amônia NH3
no precipitado. O Hg2Cl2 reage com NH3 aquoso para formar complexo insolúveis de cor
cinza a preto. A formação de precipitado branco confirma a presença de mercúrio. Para a
identificação da Ag+, adicione HNO3, gota a gota, até a solução ficar ligeiramente ácida. O
HNO3 converte a amônia em amônio, pois este não reage com a prata e permite que a prata
precipite como cloreto de prata. A formação de precipitado branco confirma a presença de
Ag+ (VOGEL, 1981; BACCAN, 1997; BACCAN 2001; SKOOG et al., 2010).
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CaCO3↓+ CH3COOH → Ca2+ + 2 CH3COO- + CO2↑+ H2O
SrCO3↓+ CH3COOH → Sr2+ + 2 CH3COO- + CO2↑ + H2O
BaCO3↓+ CH3COOH → Ba2+ 2 CH3COO- + CO2↑ + H2O
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4.6.1 Identificação do amônio
Para a identificação proceder a conversão de amônio em amônia com um excesso
de base forte. A amônia sendo liberada pode ser detectada através de um papel de indica-
dor de pH que se torna azul devido à presença da amônia (VOGEL, 1981)
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SAIBA MAIS
Fonte: POSTIGO, Julia Pereira, et al. Uma proposta para o ensino de laboratório de química analítica
qualitativa. Quim. Nova, v. 44, n. 4, 502-511, 2021
Disponível em: http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=9226. Acesso em: 17 nov. 2021.
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REFLITA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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LEITURA COMPLEMENTAR
Sugestões de leitura:
“Um estudo em química analítica e a identificação de cátions do grupo III
Fonte: DANTAS, Josivânia Marisa; SILVA, Márcia Gorette Lima; FILHO, Pedro Faria dos Santos. Um
estudo em química analítica e a identificação de cátions do grupo III. Educ. quím. 22(1), 32-37, 2011. Disponível
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Química analítica quantitativa elementar
Autor: NIVALDO BACCAN.
Editora: Blucher.
Sinopse: Neste livro os autores apresentam os conceitos bási-
cos de química analítica clássica: gravimetria e volumetria. O
tratamento estatístico dos dados analíticos é considerado a parte
e discutido com alguns detalhes. As instruções práticas incluem to-
das as informações necessárias para que sejam bem conduzidas
experimentalmente.
FILME / VÍDEO
Título: Química Analítica - Aula 17 - Separações de Cátions
Ano: 2017
Sinopse: Separação e reações que envolvem os cátions. Trata
dos passos ou principais maneiras para a identificação e separa-
ção dos principais cátions. Exemplos de identificação de cátions
pelo teste de chama.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ORPYlwEZGb4
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REFERÊNCIAS
BACCAN, N. Química Analítica Elementar. 3ª ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2001.
BACCAN, Nivaldo. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. 3. ed. São Paulo, Ed-
gard Blucher, 2003.
BACCAN, Nivaldo. Química Analítica Elementar. 1. ed. Edgar Blücher. São Paulo, 3. ed.
2001.
BAIRD, Colin.; CANN, Michael. Environmental chemistry. 4. ed. Freeman, 2008. 776.
BARROS NETO, Benicio de; SCARMINIO, Ieda Spacinio; BRUNS, Roy Edward. Como
fazer experimentos: pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 4. ed. Bookman,
2010.
FELTRE, R. Fundamentos de Química. vol. único. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2005.
FELTRE, Ricardo. Química: química geral. v 1. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004.
FERNANDES, Clovis. Aplicações agrícolas da análise de toque. Pesq. agro pec. brae., Sér.
Agron., 733-41. 1972.
HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 7ª edição. Rio de Janeiro. Ed. LTC, 2011
105
MOELLER, Terald; O’CONNOR, Rod. Ions in Aqueous Systems: An Introduction to Chemi-
cal Equilibrium and Solution Chemistry. McGraw-Hill: USA, 1972.
NELSON, David.; COX, Michael. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2014.
RUSSEL, John. Química geral. 2. ed. v. 2. São Paulo: Makron Books, 1994.
UCKO, D. Química para Ciência da Saúde. Uma Introdução à Química Geral, Orgânica e
Biologia. 2 ed. São Paulo: Manole, 1992.
VOGEL, A. Química analítica quantitativa. 5. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981.
106
CONCLUSÃO GERAL
107
Desta maneira procurou-se apresentar neste material a importância da química
analítica e suas aplicações no cotidiano, laboratorialmente e para outras áreas como com-
plemento e/ou adjuvante na pesquisa de novas substâncias ou identificação de substâncias
conhecidas. Com estas informações acreditamos que esteja preparado para seguir o cami-
nho e desenvolver novas habilidades e adquirir novos conhecimentos.
108
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