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Química Analítica

Quantitativa e
Qualitativa
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

C837q Costa, Gustavo Meireles


Química analítica quantitativa e qualitativa / Gustavo
Meireles Costa. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
108 p.: il. Color.

1. Química analítica qualitativa. 2. Química analítica


quantitativa. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de Educação
a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 543


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professor Dr. Gustavo Meireles Costa

● Graduação em Farmácia – (UNIPAR).


● Habilitação em Análises clínicas – (UNIPAR).
● Especialista em Análises Clínicas (Faculdade Integrado de Campo Mourão).
● Especialista em Manipulação de Produtos Farmacêuticos e cosméticos (UNIPAR).
● Mestre em Ciências Farmacêuticas (UEM - Universidade Estadual de Maringá).
● Doutor em Ciências Farmacêuticas (UEM - Universidade Estadual de Maringá).
● Professor de Graduação na Universidade Paranaense.

Ampla experiência em Farmácia comercial e sistema público, assim como expe-


riência como docente na área de saúde.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7199566856196424


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já
é um bom início de uma grande jornada de estudos que iremos caminhar juntos a partir de
agora. Junto com você iremos construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamen-
tais de química analítica.
Na Unidade I iniciaremos pela introdução a química com alguns conceitos químicos
e composição da matéria e seus estados físicos, assim como suas transformações. Também
iremos estudar como estas substâncias e moléculas são representadas através de suas
fórmulas e equações químicas, como as reações acontecem e suas representações. E para
finalizar a unidade I teremos um entendimento de soluções, como se comportam algumas
substâncias inorgânicas quando em soluções aquosas, ou seja, como um eletrólito fraco ou
forte. Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade do livro,
que versará sobre o desenvolvimento de novos produtos.
Já na Unidade II, vamos começar a ampliar os conhecimentos sobre química ana-
lítica. Para isso, vamos entrar em assuntos mais detalhados e específicos como equilíbrio
químico e os fatores que podem influenciar neste equilíbrio. A partir dos conceitos de equi-
líbrio químico, veremos equilíbrio iônico, como exemplo da água.
Depois, na Unidade III iremos ver a reações de ácido/básico, precipitação, oxirredu-
ção e complexação. Para isso, iremos abordar alguns conceitos nas reações de neutraliza-
ção para quantificação de determinadas substâncias chamadas de volumetria ou titulação
Na unidade IV trataremos especificamente das técnicas experimentais, ou seja,
como identificar algumas espécies químicas como cátions e ânions a partir de alguns expe-
rimentos por via seca ou via úmida.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer este cami-
nho de conhecimento e multiplicar, temos muitos assuntos abordados em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Fórmulas e Equações Químicas,Soluções Aquosas de Substâncias
Inorgânicas

UNIDADE II.................................................................................................... 29
Equilíbrio Químico

UNIDADE III................................................................................................... 53
Teoria Clássica das Reações: Ácido/Básico (Neutralização),
Reações de Precipitação, Reações de Complexação
e Reações de Óxido-Redução

UNIDADE IV................................................................................................... 80
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica:
Reações por Via Seca e por Via Úmida e Análise Qualitativa
Para Ânions e Identificação de Cátions
UNIDADE I
Fórmulas e Equações Químicas,
Soluções Aquosas de
Substâncias Inorgânicas
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa

Plano de Estudo:
● Introdução a química analítica: matéria e propriedades;
● Conceitos químicos fundamentais - Fórmulas e equações químicas;
● Soluções aquosas de substâncias inorgânicas: Eletrólitos fortes e fracos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar conceitos químicos;
● Compreender o que é matéria, estados físicos e suas mudanças de estado,
assim como as propriedades da matéria;
● Diferenciar fórmula química, estrutural e molecular, assim como
a representação de equações químicas a partir de uma reação;
● Conceituar mistura e suas fases, assim como solução;
● Estabelecer como substâncias inorgânicas se comportam
em soluções aquosas: eletrólito Forte e Fracos.

3
INTRODUÇÃO

Neste tópico será abordado a importância da química e alguns conceitos primordiais


para o entendimento da mesma, como o que é matéria, estados físicos e suas proprieda-
des. Se tratando de Química, é uma ciência que está diretamente ligada à nossa vida
cotidiana, desde as substâncias mais simples utilizadas como água, açúcar, como algumas
mais complexas PVC (policloreto de vinila).
A química está envolvida em diversos processos cotidianos, como mistura de subs-
tâncias ou com reações químicas, sendo assim, trataremos de como representá-las em suas
fórmulas químicas e as representações através de suas equações químicas, adentrando
nas reações químicas, desde as mais reações cotidianas simples as mais complexas como
a produção do pão, fazer churrasco, digestão dos alimentos, produção de medicamentos,
combustíveis, reações de preparo de cimento, a borracha de seu tênis, os tecidos de seu
vestuário, cozinhar ovo, caramelizar açúcar como alguns exemplos de reações.
A Química faz parte do nosso cotidiano, inserida no contexto que nem percebemos
que tudo que estamos realizando/fazendo/processando está envolvendo química desde o
ato da respiração com O2, queima de combustível para os carros, até o processamento de
substâncias para a cura de determinada doença, realizando transformações nas matérias
sendo elas físicas ou químicas como melhoramento de propriedades.
Ainda neste capítulo será abordado com substâncias inorgânicas se comportam
em soluções aquosas, ou seja, como um eletrólito forte ou fraco, possuindo a capacidade
de condução de energia.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 4


1. INTRODUÇÃO A QUÍMICA ANALÍTICA: MATÉRIA E PROPRIEDADES

Matéria é todo sistema que possui massa e ocupa lugar no espaço.


Matéria também está ligada ao nosso cotidiano como em alguns exemplos caderno,
caneta, livros, alimentos, vidro, borracha, roupas ar, etc. A matéria é constituída por elementos
químicos da tabela periódica que formam as substâncias (na maioria das vezes constituídas
por moléculas) pela união destas unidades fundamentais, que são os átomos. A união de
diferentes átomos e proporções distintas tem-se matérias diferentes com propriedades to-
talmente diferentes, então, existem materiais diferentes, pois as substâncias que os formam
são diferentes mesmo sendo os mesmos átomos, como exemplo tem os hidrocarbonetos
(ligações de carbono e hidrogênio) que a quantidade de carbono pode ser diferente em cada
um deles e ter-se diferentes propriedades, como exemplo a gasolina, um octano.
Uma substância química pode ser definida como qualquer espécie de matéria sen-
do formada por átomos de elementos específicos em proporções específicas ou distintas o
que difere estas substâncias, proporções mesmo que sejam os mesmos elementos. Sendo
que cada uma destas substâncias possui um conjunto definido de propriedades e uma
composição química.
Partículas: São as formadoras das substâncias, podendo ser chamadas de íons, em
que estes íons são os cátions (espécies positivas) e os ânions (espécies negativas) átomos
e moléculas (conjuntos de átomos) (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

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1.1 Propriedades da matéria
Matérias são dotadas de propriedades que permitem diferenciar/identificar uma
determinada espécie de matéria de outra. Estas propriedades são nomeadas como pro-
priedades específicas da matéria e estas propriedades específicas podem ser propriedades
físicas, químicas ou organolépticas.

A) Propriedades físicas:
São características de propriedades individuais de uma substância sem que acon-
teça uma alteração na composição dessa substância.
- Ponto de fusão;
- Ponto de ebulição;
- Densidade;
- Solubilidade.

B) Propriedades químicas:
São propriedades que identificam características individuais de uma substância por
meio de uma alteração da composição dessa substância (matéria).

Exemplos:
● Decomposição térmica do carbonato de cálcio, originando gás carbônico e óxido
de cálcio;
● Oxidação do ferro, originando a ferrugem, etc.;
● Cozinhar ovo;
● Papel pegando fogo;
● Amadurecimento de fruta;
● Azedar leite;
● Caramelizacão do açúcar.

C) Propriedades organolépticas:
Propriedades que ativam um dos cinco sentidos sensoriais (olfato, visão, tato,
audição e paladar).
Exemplos: Cor, sabor, odor, brilho, etc. (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE,
2005).

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1.2 Estados físicos da matéria
A matéria pode ser encontrada em três estados físicos de acordo com seu estado/
afinidade de agregação, quanto mais estado de agregação maior a afinidade das moléculas,
em que os compostos tendem a ser mais rígidos:
Estado físicos: sólido, líquido e gasoso.
No estado sólido, as partículas que o compõem as substâncias estão bem próximas
umas das outras, formando redes ou malhas (conjunto de partículas que estão conectadas
umas às outras) de longa extensão, possuindo forma e volume definidos, bem como alta
organização. Uma característica de compostos sólidos são as forças de atração altas, ge-
ralmente os sólidos são compostos unidos por ligações iônicas.
No estado líquido, as partículas tendem a estarem mais afastadas conforme anterior-
mente explicado de acordo com a força de atração do que no estado sólido. Estes compostos
no estado líquido possuem forma variável se adaptando conforme o recipiente que estão.
Substâncias no estado gasoso estão totalmente afastadas, longe uma das outras,
visto que são gases e como exemplo a atmosfera, apresentam grande movimentação. As
forças de atração entre suas partículas são baixas, estes compostos geralmente são por
ligações covalentes e apolares no qual observa-se um alto grau de desordem, sendo que
estas partículas se movimentam independentemente de suas vizinhas, estão afastadas.
O estado gasoso é bastante diferente dos demais, possui forma e volume variáveis, pois
estes se adequam de acordo com o recipiente contido, sendo a maioria os gases (RUSSEL,
1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

FIGURA 1 - ESTADOS FÍSICOS DAS SUBSTÂNCIAS

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1.3 Mudança de estado físico
Os três estados físicos podem ser alterados conforme aplica-se/aumenta-se calor/
temperatura ou diminuindo/resfria-se a mesma, sendo que os mesmos acontecem a pas-
sagem de um estado para o outro conforme a figura abaixo.

FIGURA 2 - MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO DE MATÉRIAS

Fonte Adaptado de: O Mundo da Química, 2015. Disponível em:

https://www.omundodaquimica.com.br/academica/intro_mudfis. Acesso em: 10 jan. 2022.

A vaporização pode ser dividida em:

● Evaporação:
É um processo lento e espontâneo, acontecendo naturalmente devido a ação da
temperatura, geralmente ambiente. A temperatura do líquido ela é inferior à sua temperatura
de ebulição. Exemplo: Um copo de água deixado na pia, pois a água nela contida evapora, ou
contido nas salinas brasileiras, deixa-se evaporar a água para obtenção do sal, por ação do sol.

● Ebulição:
Este processo geralmente é mais rápido e não espontâneo para as substâncias na
fase líquida, à temperatura e pressão ambientes. Ocorre em líquidos, com a formação e
desprendimento de bolhas, sendo que pode ter uma forca externa atuando, como exemplo
o emprego de fogo para aquecimento. Exemplo: Água líquida necessita de aquecimento
para passar ao estado de vapor (ferver).

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● Calefação:
Este processo é realizado sob aquecimento excessivo, provocando a ebulição.
Nesse processo, a temperatura do líquido é superior à temperatura de ebulição. Exemplo:
Uma gota-d ’água sendo jogada em uma panela muito quente, sistema de aquecimento em
casas ou estádio de países com clima muito frio.

● Fusão:
É a passagem ou à mudança do estado sólido para o líquido, como exemplo a água
que ocorre em na temperatura de 0ºC ao nível do mar.

● Liquefação ou condensação:
Passagem ou mudança do estado gasoso para o estado líquido. Pode ser observa-
do quando se diminui a temperatura, como exemplo o vapor de água, quando atinge 100ºC,
começa a passar para o estado líquido.

● Solidificação:
Passagem do estado físico liquido para o sólido, pode-se observar a partir da queda
de temperatura do líquido, como exemplo a água virando gelo ao atingir a temperatura de 0ºC.

● Sublimação:
Ocorre quando a substância passa diretamente do estado sólido para o estado ga-
soso ou vice-versa. Esse fenômeno ocorre com o iodo por exemplo (UCKO 1992; RUSSEL,
1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

1.4 Transformações das materias


Transformações da matéria em química, significa estudar dois tipos de classificação
fenômenos:
Fenômenos físicos e fenômenos químicos.

a) Fenômenos físicos:
São transformações que alteram a estrutura interna da matéria, isto é, não mudam
a propriedades da matéria ou identidade química das substâncias nem dos átomos.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 9


Exemplos:

- Produção do suco de laranja;


- Condução da corrente elétrica em um fio de cobre.

- Mudança de estado físico da água:


H2O(l) → H2O(v)

- Dissolução do cloreto de sódio na água


NaCl(s) → NaCl (aq)

Sublimação do Iodo → I2 (s) → I2(g)

Amassar ou cortar um papel

Alguns sinais podem caracterizar um fenômeno físico como:

- Alteração de estado físico (sólido, líquido ou gasoso);


- Mudança no formato ou no tamanho;
- Solubilidade (quando uma matéria se dissolve em outra devido a características
de polaridade similares).

b) Fenômenos químicos:
São fenômenos que mudam as propriedades ou identidade da matéria como ponto
de fusão, solubilidade, densidade e ponto de ebulição das substâncias, mas a identidade
dos átomos se conserva, porem tem uma substancia totalmente diferente da inicial.

Exemplos de fenômenos químicos:


9 Amadurecimento ou apodrecimento de uma fruta;
9 Produção de etanol a partir da cana-de-açúcar;
9 Produção de vinho a partir do suco de uva;
9 Queimar uma folha de papel;
9 Decomposição de matérias orgânicas;
9 Formação da ferrugem em aço;
9 Comprimido efervescente adicionado à água, antiácido;
9 Alteração da pele por ação solar;
9 Cozinhar carne;
9 Leite azedo.

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Alguns Sinais que identificam um fenômeno químico como:

9 Alteração de cor;
9 Efervescência (desenvolvimento de bolhas/gás em um líquido);
9 Reações exotérmicas (Liberação de energia na forma de calor);
9 Formação de um sólido, quando em água insolúvel (precipitados);
9 Combustão (produção de gases) (UCKO 1992; RUSSEL, 1994;
FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

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2. CONCEITOS QUÍMICOS FUNDAMENTAIS - FÓRMULAS E EQUAÇÕES QUÍMICAS

No estudo da química saber identificar substancias deve-se fundamentalmente a


escrita da composição, nomes químicos, formulas de diferentes maneiras como estrutural,
molecular, sendo este primordial para o leitor/estudante ou qualquer pessoa que venha a se
deparar com uma substância química, portanto, se faz necessário alguns conceitos iniciais
para o entendimento.

3.1 Fórmulas químicas


As fórmulas químicas são normalmente usadas para representar compostos ou
união de átomos, utilizando apenas os símbolos dos elementos que os compõe como por
exemplo NaCl (sódio e cloro formando cloreto de sódio). Vários tipos de fórmulas químicas
são úteis, pois indicam o número de cada átomo como exemplo o etanol (C2H5O), o tipo de
ligação entre os átomos (simples, dupla etc), a ordem em que se ligam os átomos, que são
informações importantes sobre os compostos.

3.1.1 Fórmula estrutural plana


A representação de uma substância pela fórmula estrutural é realizada para de-
monstrar as ligações existentes em determinada molécula e sendo fornecidos o número de
cada tipo de átomo na molécula, mas também mostra como eles estão ligados entre si no
interior da molécula.

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Veja alguns exemplos de fórmulas estruturais:

Água H–O–H
Gás carbônico     O = C = O
Cloro Cl – Cl
Oxigênio O=O
Hidrogênio H–H

3.1.2 Fórmula molecular


Fórmula que emprega símbolos e índices para indicar os átomos de um composto
e sua quantidade na molécula. Por exemplo, uma molécula de água consiste em 2 átomos
de hidrogênio e um átomo de oxigênio, assim, a fórmula molecular da água é H2O. No caso
de uma molécula de sacarose, que é formada por 12 átomos de carbono, 22 átomos de
hidrogênio e 11 átomos de oxigênio, sua fórmula molecular é C12H22O11. O oxigênio é en-
contrado no ar como moléculas diatômicas O2. Como é possível perceber pelos exemplos,
esta fórmula fornece o número efetivo de átomos de cada elemento presentes na molécula.
Alguns grupos de átomos como NO3, NO2, SO4, SO3, comportam-se como entidades únicas
(VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

Exemplos: 
H2O (água);
CO2 (gás carbônico);
NH3 (Amônia);
CH4 metano;
NaOH hidróxido de sódio.

3.1.3 Fórmula Eletrônica


Esta representação indica os elétrons da camada de valência de cada átomo e a
formação dos pares eletrônicos, e também os elementos e o número de átomos envolvidos.
É conhecida também como fórmula de Lewis.

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FIGURA 3 - FÓRMULA REPRESENTATIVA ELETRÔNICA

H• •O• •H (água).

Fonte: Adaptado de: Manual da Química, 2021. Disponível em:

https://www.manualdaquimica.com/quimica-geral/formulas-quimicas.htm. Acesso em: 10 jan. 2022.

3.1.4 Equações químicas


Para o entendimento da química se faz necessário alguns conceitos básicos e a
linguagem aplicada ao laboratório, então aprender química precisa-se de um novo vocabu-
lário. Pode-se dizer que uma equação química representa uma reação química, que signi-
fica uma transformação da matéria, sendo de átomos ou moléculas em outras substancias,
sendo que o estado físico pode permanecer o mesmo ou ser distinto do inicial. O papel
da equação química é representar o processo químico (transformação), a reação química,
descrevendo-a qualitativamente e quantitativamente de forma breve e precisa, para que
qualquer pessoa que veja a representação entenda. Qualitativamente, uma equação quí-
mica mostra quais são os reagentes e produtos envolvidos na reação, onde os Reagentes
eles são gastos, consumidos ou eliminados e os Produtos eles são formados, criados ou
produzidos (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 14


Como exemplo a representação de uma equação química abaixo.

Equação Química

Pode-se observar que os reagentes ficam à esquerda da equação representado pe-


las letras A e B, a seta tem significado de transformação, enquanto as letras C e D a esquerda
da equação representa os produtos. As equações químicas possuem fórmulas e coeficientes
para serem demostrados tanto qualitativamente quanto quantitativamente respectivo. As
fórmulas moleculares ou unitárias indicam não somente quais são os elementos que estão
compondo as substâncias e que participam das reações, mas também a quantidade de
átomos de cada elemento. Isso é mostrado pelo índice, ou seja, pelo número subscrito (fica
no canto inferior direito do símbolo do elemento conforme a figura abaixo representada pelo
número em verde). Quando o índice é igual a 1, ele não precisa ser escrito.

FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO QUÍMICA

Fonte: O Autor (2021).

Legenda da figura:
Cor verde: são os elementos contidos na fórmula
Negrito: números a esquerda da fórmula sendo os coeficientes
Cor verde a direita: números representativos da quantidade de átomos da substancia
Fórmulas: representados pelos elementos em verde:
Coeficientes: representados pelos números a esquerda da fórmula em negrito.
Índices: são os números a direita da fórmula em verde, representando
a quantidade átomos para aquela substancia

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 15


Os reagentes posicionados a esquerda da reação, hidrogênio (H2) reage com oxi-
gênio (O2), formando o produto água (H2O) posicionado a direita da seta água, veja que as
moléculas de H2 e O2 irão “desaparecer” para originar outra substância, a seta (→) significa
transformação da matéria. A equação que representa a formação da água, pode ser lida
como “duas moléculas de Hidrogênio combinam-se com uma molécula de oxigênio para
formar duas moléculas de água (liquida)”.
Veja que a reações químicas elas formam produtos com um rearranjo diferentes
dos átomos, ou seja são formados pelos mesmos átomos, porém com disposição distinta
da inicial. A está balanceada, o que podemos ver que os átomos dos reagentes são os mes-
mos do produto, ou seja, eles são conservados na reação. Isso significa que os mesmos
átomos que compõem os reagentes, formarão os produtos ao final da reação, não havendo
criação nem destruição de átomos, conforme a lei da conservação ou lei de Lavosier, que é
a lei que diz “A massa do produto é sempre igual a massa dos reagentes” ou “na natureza,
nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Os índices entre parênteses fornecem informações adicionais sobre o estado em
que se encontram as substâncias, ou melhor:
● (s) Representa uma substância em seu estado sólido;
● (l) Representa uma substância em seu estado líquido;
● (g) representa uma substância na no estado gasoso ou em forma de gás;
● (aq) significa que esta substância está dissolvida em água formando uma
solução aquosa.

As equações químicas ainda alguns símbolos utilizados seguem alguns conforme


a tabela abaixo:

FIGURA 5 - SÍMBOLOS MAIS COMUNS UTILIZADOS NAS EQUAÇÕES QUÍMICAS

Fonte Adaptado: (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 16


Segue alguns exemplos de representações de reações químicas através das equa-
ções, com fórmulas, índices, estados físicos e coeficientes.

HCl (l) + NaOH (aq) → H2O (l) + NaCl (aq)


H2SO4 (l)+ Mg(OH)2 (aq → MgSO2 (aq) + 2 H2O(l)

As representações das reações químicas ainda podem-se observar reações iôni-


cas, no caso envolvendo íons, ou seja, espécies químicas que estão na forma de cátions ou
ânions, positivas ou negativas respectivamente, apresentando cargas, conforme o exemplo
abaixo.

H+ + OH - → H2O

Classificação das reações químicas e suas representações:

As reações químicas podem ser classificadas em:

1. Síntese/combinação ou adição;
2. Análise ou decomposição;
3. Simples-troca ou deslocamento;
4. Dupla-troca ou dupla substituição.

1. Síntese/combinação ou adição;
Toda reação química na qual dois ou mais reagentes dão origem a um único produto,
sendo estes reagentes substâncias simples ou compostas que reagem para se transformar
em uma única substância. Observe o esquema abaixo:

A + B → AB

Segue alguns exemplos de síntese.

C + O2 → CO2
CaO + H2O → Ca(OH)2
2 Mg + O2 → 2 MgO

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 17


N2+ 3 H2 → 2 NH3
4 Fe + 3 O2 → 2 Fe2O30
H2 + O2 → 2 H2O
C + O2 → CO2

2. Análise ou decomposição;
Pode ocorrer tanto com substâncias simples ou substâncias compostas nos reagen-
tes, é a reação onde uma substância se divide em duas ou mais substâncias de estrutura
mais simples. Estas reações envolvem ação da luz, calor ou corrente elétrica.

AB → C + D

Segue alguns exemplos de reações de decomposição.

2 H2 O → 2 H2 + O2
CaCO3 → CaO + CO2
2AgBr → 2Ag + Br2
2Cu (NO3)2 → 2CuO + 4NO2 + O2

3. Simples troca ou deslocamento


Reações no qual acontece em que uma Substância simples reage com substância
composta produz substância simples e composta. Pode ser observada conforme figura
abaixo:

AB + C → AC + B

Segue alguns exemplos de reações de simples troca.

2Na + 2 H2O → 2 NaOH + H2


Zn + 2 HCl → ZnCl2 + H2
Cl + HI → HCl + I
Zn + H2SO4 → ZnSO4 + H2
Fe + CuSO4 → FeSO4 + Cu

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 18


4. Reações de dupla troca
Reações no qual envolve duas Substâncias composta reagem formando duas
novas substâncias compostas, como pode ser observado na figura abaixo.

AB + CD → AC + BD

Segue alguns exemplos de reações de simples troca.

NaCl + AgNO3 → AgCl + NaNO3


NaOH + HCl → NaCl + H2O
FeS + 2HCl → FeCl2 + H2S

As reações ainda podem ser classificadas de acordo ao calor envolvido.

1. Endotérmicas:

São reações que ocorrem absorvendo energia em forma de calor


Exemplos:
- Assar carne;
- Cozinhar feijão.

Síntese da amônia (NH3): N2 (g) + 3 H2 (g) → 2 NH3 (g) 

2. Exotérmicas:

São reações que ocorrem liberando energia em forma de calor

- Acender churrasqueira;
- Queimar palito de fósforo;
- Combustões.
Decomposição da amônia (NH3): 
2 NH3 (g) → N2 (g) + 3 H2 (g) 

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 19


3. SOLUÇÕES AQUOSAS DE SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS: ELETRÓLITOS
FORTES E FRACOS

Solução é uma mistura homogênea (somente uma fase) de duas ou mais substân-
cias. Geralmente, a substância presente em maior quantidade em uma solução é denomi-
nada de solvente (em que a água é o solvente universal) e a(s) outra(s) substância(s) de
soluto menor quantidade a ser dissolvido). Em Química Analítica, o solvente mais usado
para preparação de soluções é a água. As soluções são consideradas mistura, estas mis-
turas podem ser classificadas de acordo com seu número de fases contidas neste sistema
conforme abaixo (VOGEL, 1981; UCKO 1992; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

Classificação de um sistema de acordo com seu número de fases.

1. Homogêneo: uma solução que apresenta uma única fase


Exemplos:
- Água do mar salgadas, mistura de água e sal;
- Atmosfera, misturas de gases. A água do mar contém, além de água, uma quanti-
dade enorme de sais minerais;
- água e açúcar;
- Etanol hidratado.

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
20
Esta classificação de sistema são substâncias consideradas solúveis uma na outra,
ou seja, se misturam formando uma única fase.

2. Heterogêneo: Pode apresentar duas ou mais fases


- água e óleo;
- água e areia;
- Gasolina e água.

Este tipo de sistema são substancias que não se misturam, consideradas insolúveis
uma na outra ou imiscíveis. Formando assim duas ou mais fases.
Conforme comentado anteriormente a água é o solvente universal, pois possui óti-
mas propriedades físicas e químicas que a torna um excelente solvente para um grande nú-
mero de substâncias químicas. Entre essas propriedades podemos enumerar a sua grande
estabilidade química, térmica e mecânica, ser líquida em uma faixa de temperatura útil para
trabalhos de laboratório, possuir uma constante dielétrica e tensão superficial relativamente
elevadas, entre outras. Devido a essas características, a água é conhecida como o solvente
universal. O processo de autoionização da água líquida pode ser representado pela equa-
ção abaixo: (VOGEL, 1981; UCKO 1992; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

Reação 1:

H2O + H2O H3O + + OH-

ou, simplificadamente,

Reação 2:
H2O H + + OH-

De acordo com a reação 1 acima, pode-se identificar os íons produzidos a autoioni-


zação da água como o H3O+ chamado de hidrônio e OH- também conhecido como hidroxila
ou oxidrila. O íon hidrônio, pode ser chamado como uma espécie formada pela reação
reversível, (acima identificada na reação 1), de um próton H+ (o íon positivo/cátion formado
pela ionização do átomo de hidrogênio) com uma molécula de água. Na reação 2 temos a
forma simplificada de equação química da água no qual apenas identifica-se o próton H+
(hidrogênio) e o ânion OH- (hidroxila).

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 21


3.1 Propriedades gerais das soluções aquosas
Uma propriedade importante em soluções aquosas são as físico-química como exem-
plo é a sua condutividade elétrica, esta capacidade se dá a partir dos eletrólitos, sendo definida
como a capacidade das soluções de conduzir uma corrente elétrica devido ao movimento relativo
de íons (cátions e ânions) presentes na solução. Para que seja um bom condutor vai depender
dos números de íons. As propriedades e considerações conforme as forças dos eletrólitos vai
depender se vai solubilizar em água de acordo com seu tipo de ligação.

a) Ligações iônicas:
Neste tipo de ligação os íons são solubilizados e rodeados por moléculas de água,
o transporte provoca o fluxo de íons e de corrente elétrica, processo este chamado de
solvatação, ou seja, é um processo de dissolução em que a substância é solubilizada em
íons negativos e positivos ficando envoltos por moléculas de solvente, geralmente a água.

b) Ligações covalentes/moleculares em água


Compostos moleculares geralmente não formam íons, exceto quando houver uma
diferença de eletronegatividade entre os átomos, consequentemente se não há a formação
de íons não há a condução de eletricidade, geralmente em compostos orgânicos. (RUSSEL,
1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

ELETRÓLITOS
São substâncias químicas que formam íons quando dissolvidas em água ou em
outro solvente possuindo a capacidade de conduzir eletricidade. Os três tipos de eletrólitos
inorgânicos principais são ácidos, bases e sais, estes formam íons quando dissolvidos
em água, possuindo a capacidade de condução de energia. Estes eletrólitos podem ser
classificados de acordo com a dissociação em água:

a) Eletrólitos fortes
São substâncias se ionizam ou dissociam completamente em um solvente (água),
principalmente as substâncias inorgânicas que possui na maioria das vezes ligações
iônicas. Esses íons formados (positivos e negativos) podem conduzir eletricidade como
exemplo alguns ácidos, bases fortes e alguns sais inorgânicos.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 22


Ácidos:

- HCl, HClO4, H2SO4, HI, HBr, HNO3

Bases:

- Hidróxidos alcalinos e alcalinos terrosos 0


NaOH, KOH, Ca (OH)2, Ba (OH)2 

Sais:

NaCl, MgCl, CaCl2, CaCO3, MgSO4, KNO3

b) Eletrólitos fracos:
São substâncias que se ionizam parcialmente em um solvente. Geralmente ácidos
e bases inorgânicas fracas, originam eletrólitos fracos respectivo.

Ácidos inorgânicos:

H2CO3, H3BO3, H3PO4, HF, HNO2

Bases inorgânicas:

NH4OH

Ácidos orgânicos: maioria

c) Não eletrólitos: são substâncias que não se modificam ou ionizam em um sol-


vente, não possuindo a capacidade de condução elétrica (VOGEL, 1981; UCKO 1992;
RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 23


SAIBA MAIS

Desde a antiguidade a parte experimental da química analítica tem seus conhecimentos


ensinados, Caius Plinius Secundus (23-79 d.C.) aproximadamente a 2000 anos atrás fez
o primeiro registro de um teste químico de análise qualitativa. Esse mesmo tratava-se de
detectar a contaminação de sulfato de ferro (II) em acetato de cobre (II), consistia em tratar
uma tira de papiro embebida em extrato de noz de galha (ácido tânico) com a solução sob
exame. Se a tira adquirisse a cor preta, indicava presença do sulfato de ferro (II).
Robert Boyle (1627- 1691) na segunda metade do século XVII, contribuiu muito para o
desenvolvimento da análise química, tendo seu estudo focado no uso de reações quími-
cas para identificar várias substâncias e introduzindo novos reagentes analíticos, sendo
pioneiro no uso do “volatile sulphureous spirit” (sulfeto de hidrogênio) com fins analíticos.
Vários outros pesquisadores, como Otto Tachenius (início do século XVII) e Sigismund
Andreas Marggraf (1709 - 1782), contribuíram em grande parte das reações químicas
conhecidas e usadas em análise qualitativa inorgânica já tivesse sido descoberta até o
fim do século XVIII.
A análise qualitativa apresentou avanços significativos no final do século XIX e no início
do século XX, respectivamente, com os trabalhos de Theodor Heinrich Behrens (1843-
1905) sobre técnicas microscópicas de análise e de Fritz Feigl (1891-1971) e colabo-
radores, sobre os testes de toque (“spot tests”)1,2,4. Estes trabalhos, publicados em
livros, vieram consolidar essa nova área da análise química.
Através de consulta ao Chemical Abstracts, verificou-se que grande parte dos trabalhos
publicados sobre análises qualitativas até cerca da metade do século XX compreen-
diam, principalmente, estudos e aplicações de novos reagentes (geralmente orgânicos),
novos testes para detecção de cátions e ânions usando técnicas microanalíticas, e vá-
rios estudos sobre métodos de separação de íons em uma análise sistemática. A partir
dos anos 60, as publicações sobre Química Analítica Qualitativa tiveram seu foco volta-
do para as atividades de ensino.

Fonte: ALVIM, T. R.; ANDRADE, J. C. A Importância Da Química Analítica Qualitativa Nos Cursos De Quí-
mica Das Instituições De Ensino Superior Brasileiras. Universidade Estadual de Campinas, 2006. Dispo-
nível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/HtWD8bKNVppz37Nz5HwVzbS/?lang=pt. Acesso em: 10 jan. 2022.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 24


REFLITA

A química analítica é o segmento da química que contribui na separação, identificação e


determinação quantitativas ou qualitativas dos componentes de uma amostra através do
desenvolvimento de métodos e procedimentos para que essa determinação seja possível,
processo importante para desenvolvimento de diversos produtos, inclusive farmacêuticos.

Fonte: VOGEL, 1981.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 25


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos finalizando a primeira unidade do livro didático de química analítica. Assim


torna-se importante salientar algumas discussões que foram propostas.
Nossas discussões se iniciaram com os tópicos introdução a química analítica, ma-
téria, estados físicos, mudanças de estados e fenômenos físicos e químicos. Estes tópicos
foram abordados alguns conceitos primordiais para a sequência da unidade I.
E ao se tratar desta abordagem inicia-se a discussão do próximo tópico da Unida-
de I, intitulado Fórmulas químicas e representação das equações químicas. Neste tópico
procurei abordar conceitos de fórmulas, estrutural, atômica e plana e suas representações,
assim como representar estas equações a partir de uma reação química, como reagentes,
produtos, índices. Também foi abordado uma introdução de reações químicas mais comuns
em compostos inorgânicos.
Para finalizar nesta unidade foram apresentados como a substâncias inorgânicas
se comportam em soluções aquosas. Foi abordado o conceito de solução, diferença entre
uma mistura com sistema heterogêneo e homogêneo (solução) e como se dá a classifica-
ção dos eletrólitos inorgânicos em soluções aquosas, ou seja, eletrólito forte, eletrólito fraco
ou não eletrólito.
Essa unidade tem o intuito de prepará-lo (a), caro aluno (a) para o assunto que será
tratado nas próximas unidades.

Passemos, então, à unidade II.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 26


LEITURA COMPLEMENTAR

Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre soluções e eletrólitos e suas
aplicações, leia os artigos abaixo:

Fonte: VALE, W. K. M.; MENEZES, T. M.; BATINGA, V. T. S. A estratégia de resolu-


ção de problemas para a abordagem do contéudo de soluções eletrolíticas. XIII JORNADA
DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de
dezembro. Disponível em: http://www.eventosufrpe.com.br/2013/cd/resumos/R0730-1.pdf.
Acesso em: 07 fev. 2022.

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 27


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Química geral
Autor: Ricardo Feltre.
Editora: Moderna.
Sinopse: Livro de química básica para introdução a química ana-
lítica, sendo uma coleção do autor em Química geral e orgânica
apresentando uma análise completa de conceitos, valorizando a
relação entre a Química e o cotidiano. Atividades práticas e de lei-
tura auxiliam o aluno a fixar, recordar, refletir e colocar em prática
os conteúdos.

FILME / VÍDEO
Título: O que representa equação química
Ano: 2020.
Sinopse: Representação e conceitos de equações químicas.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=q42LgPmGHmY

UNIDADE I Fórmulas e Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 28


UNIDADE II
Equilíbrio Químico
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa

Plano de Estudo:
● Introdução ao equilíbrio químico;
● Equilíbrio Iônico;
● Escala de pH e pOH.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar equilíbrio químicos;
● Estabelecer os fatores que influenciam no equilíbrio químico;
● Compreender equilíbrio iônico;
● Definir constante iônica acida (Ka) e constante iônica básica (Kb);
● Demonstrar a autoionização da água e sua Constante (Kw);
● Compreender escala e cálculo de pH e pOH.

29
INTRODUÇÃO

Neste tópico será abordado a importância do equilíbrio químico e seu com enfoque
em certos conceitos como: reações reversíveis, fatores que afetam uma reação em equi-
líbrio químico, constante de equilíbrio, equilíbrio iônico da água, potencial de hidrogênio,
pH e pOH e efeito tampão. O conceito de equilíbrio químico tem sido apontado por muitos
autores, todos os seus significados remetem a ideia de proporções iguais, e a partir de tal
concepção iniciam-se as confusões conceituais, pois em química o significado de equilíbrio
possui uma concepção distinta, sendo impróprias essas associações.
Devido à dificuldade de compreender alguns destes conceitos, principalmente o de
reversibilidade de uma reação, são utilizados alguns instrumentos para que a aprendizagem
seja satisfatória. Existem várias outras reações na que são reversíveis e podem atingir o
equilíbrio químico. Macroscopicamente parece que sistema está parado, mas microsco-
picamente este equilíbrio é dinâmico, sendo que os reagentes estão constantemente se
transformando nos produtos e os produtos em reagentes, com a mesma velocidade.

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 30
1. INTRODUÇÃO AO EQUILÍBRIO QUÍMICO

É a parte da físico-química que estuda as reações reversíveis e as condições que po-


dem afetar este sistema. Quando duas substâncias entram em contato (A e B) reagentes, irão
formar um ou mais produtos (C e D), tem denominado uma reação ilustrada na figura abaixo.

Porém esta reação poderia ser representada de maneira diferente quando se tem
uma reação reversível, ou seja, os produtos podem formar os reagentes ou vice-versa,
representado pelas setas nos dois sentidos.

Ou
Em um equilíbrio químico é um equilíbrio dinâmico, ou seja, indica que a reação
ocorre em um sentido sendo ela uma reação reversível (reagentes para produtos) e possui
uma velocidade da reação direta (sentido dos produtos v1) e tem a mesma taxa de desen-
volvimento em que a reação ocorre no sentido inverso (produtos para reagentes) possuindo
uma velocidade da reação inversa (sentido dos reagentes v2). Uma vez atingido o estado
de equilíbrio, as concentrações de reagentes e produtos permanecem constantes. Observe
a reação abaixo:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 31
- v1 : velocidade da reação direta; v2 : velocidade da reação inversa.
Esta equação ainda pode ser representada com coeficientes estequiométricos,
importante para constante de equilíbrio, o mesmo sendo observado abaixo pelas letras
minúsculas.

Graficamente em um sistema fechado reações reversíveis e em equilíbrio dinâmico


podem ser representadas conforme abaixo: (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

FIGURA 1 - GRÁFICO DE REAÇÕES REVERSÍVEIS

EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE E CONCENTRAÇÃO

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

De acordo com a figura acima, pode-se observar que no início v1 é a velocidade


máximo porque as concentrações de dos reagentes A e B apresentam valores máximos, en-
quanto que v2 é igual a zero, porque C e D os produtos ainda não foram formados. De acordo
com o desenvolvimento da reação, A e B começam diminuir e C e D começam a aumentar,
portanto v1 começa a diminui e v2 aumenta, no momento em que os reagentes entram em
contato e os produtos são formados, isto acontece até que as duas velocidades se igualem
(v1 = v2). No exato momento em que v1 = v2, pode-se dizer que o sistema atinge o estado de
equilíbrio. Quando houver este estado de equilíbrio, a reação química continua a ocorrer
(nível microscópico) nos dois sentidos, em direção a formação dos produtos e dos reagentes
isto com a mesma velocidade e, portanto, as concentrações de reagentes e produtos ficam
constantes, porem podem diferenciar estas concentrações. Quando houver este processo na
reação sendo ela reversível pode-se dizer que o equilíbrio é um equilíbrio dinâmico.

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 32
Ainda analisando-se graficamente pode-se observar na figura abaixo que a con-
centração dos produtos e reagentes são em função do tempo:

FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DOS PRODUTOS E REAGENTES

EM FUNÇÃO DO TEMPO EM REAÇÕES REVERSÍVEIS

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

Pode-se observar no gráfico abaixo que a concentração do reagente é máxima,


quando se inicia a reação e que diminui com o decorrer da reação até ficar constante,
enquanto que a concentração do produto é mínima ou zero no início da reação e aumenta
com o decorrer da reação, conforme os reagentes formam os produtos passar do tempo
até ficar constante, ou seja, até atingir o equilíbrio (UCKO, 1992; RUSSEL, 1994; FELTRE,
2004; FELTRE, 2005).

FIGURA 3 – RELAÇÃO DO REAGENTE E PRODUTOS EM FUNÇÃO

DA CONCENTRAÇÃO EM DECORRER DA REAÇÃO

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

A relação de concentração de reagentes e produtos em um estado de equilíbrio


químico pode ser representadas de 3 maneiras conforme gráficos abaixo:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 33
FIGURA 4 - CONCENTRAÇÃO DOS PRODUTOS MAIOR QUE OS REAGENTE

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

FIGURA 5 - CONCENTRAÇÃO DOS REAGENTES MAIOR QUE OS PRODUTOS

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

FIGURA 6 - CONCENTRAÇÃO DOS REAGENTES E PRODUTOS SÃO IGUAIS

Fonte: Adaptada de: (RUSSEL, 1994).

Pode-se observar a reação da água entrando em equilíbrio conforme abaixo:

Representação de uma equação química em estado de equilíbrio químico, iodeto


de chumbo:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 34
1.1 Características do equilíbrio
Propriedades macroscópicas permanecem constantes como:
9 Cor;
9 Estado Físico;
9 Volume;
9 Densidade.
As concentrações das substâncias envolvidas no equilíbrio químico permanecem
constante, isto permite caracterizar o equilíbrio por meio de constantes com a relação entre
os reagentes e produtos.
- As velocidades diretas (v1) e indireta (v2) permanecem constantes (UCKO, 1992;
RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

1.2 O princípio de Le Chatelier


O químico francês Henri Le Chatelier (1850-1936) em 1888, descobriu particulari-
dades a respeito do comportamento do sistema em equilíbrio e seu enunciado é da seguinte
maneira.

“Quando um sistema em equilíbrio são submetidos a uma perturbação qualquer

sendo ela exterior, este o sistema responderá de forma a minimizar ou reduzir o efeito

desta perturbação e reestabelecer o equilíbrio com um novo conjunto de condições”.

Pode-se dizer que alguns fatores podem influenciar no equilíbrio e deslocar, ou seja,
alterar a diferença nas velocidades das reações direta e inversa (v1 ou v2), e, consequen-
temente, mudar as concentrações das substâncias (reagentes ou produtos), até que um
novo estado de equilíbrio seja atingido, ou seja, velocidades e concentrações constantes.
Quando em um novo equilíbrio, a concentração dos produtos for maior que a concentra-
ção inicial, pode-se dizer que houve deslocamento para a direita, ou seja, no sentido de
formação dos produtos, já que velocidade v1 foi maior que velocidade v2, conforme ilustra a
equação abaixo:

Reagentes Produtos

No entanto o inverso também pode acontecer, se a concentração dos reagentes for


maior do que os produtos, houve deslocamento para a esquerda, ou seja, no sentido de
formação dos reagentes), já que v2 (velocidade dos produtos para reagentes) foi maior que v1:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 35
Reagentes Produtos

Quando houver uma perturbação do sistema em equilíbrio aplica-se o princípio,


assim alguns fatores podem influenciar e deslocar o equilíbrio químico, que são: (UCKO,
1992; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

a) Concentração;
b) Temperatura;
c) Pressão.

9 Concentração:
Quando um sistema em equilíbrio for modificado pelas concentrações das subs-
tâncias envolvidas, sendo elas reagentes ou produtos, a velocidade da reação também
será alterada sendo diretamente proporcional à esta concentração desta substância (sendo
reagentes ou produtos), ou seja, a velocidade em um dos sentidos (v1 ou v2) da reação
será maior, consequentemente este equilíbrio será deslocado para o lado que permitirá que
novamente estas velocidades se igualem. Alterando as concentrações das substâncias e
mantendo o equilíbrio, ou seja, a mudança nas concentrações sendo adição vai ao contrário
da substancia adicionada.

2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)

O aumento na concentração de CO ou O2 o equilíbrio desloca-se para a direita.


Porém ao contrário também pode afetar o sistema, ou seja, uma substância pode ser retirar
da reação e afetar este sistema. Quando acontecer, neste caso a velocidade da reação
tende a se deslocar para o mesmo lado que a substância retirada conforme exemplo abaixo:

2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)

A diminuição na concentração de CO ou O2 o equilíbrio desloca-se para a esquerda.


(RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 36
9 Temperatura
As reações químicas ocorrem geralmente ocorrem com variação de calor ou entalpia:

9 Exotérmicas:
Reações que liberam calor

9 Endotérmicas:
Reações que absorvem calor.
O equilíbrio pode ser deslocado no caso de um aumento ou diminuição da tempera-
tura. Quando houver um aumento na temperatura, esta mesma será deslocada no sistema
no sentido endotérmico (ΔH >0), quando houver uma diminuição da temperatura deslocará
o equilíbrio no sentido exotérmico (ΔH < 0).

Exemplo:
N2 + 3 H2 2 NH3      ΔH = – 26,2 kcal
A reação representada é exotérmica, está perdendo calor para o meio de acordo
com sua entalpia (ΔH <0)
Portanto na figura acima se:
● Aumentar a temperatura deslocará o equilíbrio o sentido endotérmico (Esquerda).
● Diminuir a temperatura, deslocará o equilíbrio para o sentido exotérmico (direita).

9 Pressão
A pressão pode influenciar o equilíbrio químico sendo que:
1. Aumentando a pressão deslocará o equilíbrio no sentido de menor volume gasoso.
2. Diminuindo a pressão desloca o equilíbrio no sentido do maior volume gasoso.
Exemplo:

Então se tiver uma alteração de volumes como exemplos abaixo terá o seguinte
deslocamento do equilíbrio:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 37
9 Aumentando de pressão este equilíbrio será deslocado para menor volume
(direita da reação).
9 Diminuindo a pressão, este equilíbrio tende a ser deslocado para maior volume
(esquerda da reação).
Alguns equilíbrios podem não serem afetados pela pressão:

9 Quando não houver diferença ou variação de volumes:

9 Quando reagentes e produtos não estão no estado no gasoso.

CH3 – COOH(l) + CH3 – CH2OH(l) CH3COOC2H5(l) + H2O(l)

Segue imagem com resumo dos fatores que podem interferir no equilíbrio.

FIGURA 7 - FATORES

Fonte: Adaptado de: (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005.

1.3 Constante de equilíbrio (Kc)


A obtenção da constante de equilíbrio é a partir das concentrações em mol/L pode
ser representada a partir da equação abaixo observem:

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 38
Extraindo os dados das reações pode se observar ou representar:
Na reação da direita tem:
v1 = K1 0· [A]a · [B]b
Para a reação da esquerda ou inversa tem:
v2 = K2 · [C]c · [D]d
Na representação do equilíbrio tem-se v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d
Ou seja, produtos por reagentes elevados aos coeficientes estequiométricos con-
forme abaixo:

A relação é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de


concentração molar (Kc):
Lembrando que na expressão de Kc só participam as substâncias que se encontram
nas fases gasosa ou líquida. A constante de equilíbrio é tratada como um número puro, isto
é, sem unidades. O valor de Kc depende da temperatura e quanto maior este valor de Kc,
maior será o rendimento da reação (RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).
Exemplos de como expressar Kc

Exemplo 1
2 SO3(g) 2 SO2(g) + O2(g)
kc= [SO2] 2 .[O2]
[SO3]2

Exemplo 2
N2 (g) + 3 H2 (g) 2NH3 (g)

kc= [NH3]2
[N2].[H2]3

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 39
2. EQUILÍBRIO IÔNICO

Equilíbrio iônico é o termo utilizado quando aparece íons, sendo eles cátions (+)
e ânions (-), em processos denominados ionização, quando ocorre com um ácido e dis-
sociação com uma base. Pode-se observar abaixo esquema de ionização e dissociação
(RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

De acordo com o conceito ácido-base de Arrhenius:

BASES: se dissociam em água e produzem OH-


ÁCIDOS: se ionizam em água e produzem H30+ ou (H+)

Pode-se observar abaixo esquema de ionização ácido.

HA H+ + A-

HCN + H20 H+ + CN-

Pode-se observar abaixo dissociação de bases:

BOH B+ + OH-
NH4OH NH4+ + OH-

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 40
2.1 Constante de equilíbrio ácida (Ka) e constante de equilíbrio de
basicidade (Kb)

2.1.1 Constante de acidez (Ka)


Como acontece em qualquer equilíbrio as constantes são definidas com K, quando
se tratar de um equilíbrio iônico de um ácido é representado por Ka, onde quanto maior o
Ka maior será a forca ácida. Reação ilustrando a ionização:

HCN + H20 H+ + CN-

Sua constante é representada:

Quanto mais ionizado for o ácido (maior o Ka) maior será sua forca ácida, inverso
também acontece diretamente à forca quanto menor Ka mais fraco é o ácido. Como a água
não interfere na ionização, pois sua concentração é constante, não entra na constante
(VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

2.1.2 Constante de basicidade (Kb)


Um equilíbrio iônico que envolve o processo de dissociação de uma base é definido
e representado por Kb, no qual quanto maior este Kb maior será a forca básica, conforme
a figura abaixo.
NH4OH NH4+ + OH-
Sua constante é representada:

Quanto mais dissociado for a base (maior o Kb) maior será sua força básica, inverso
também acontece diretamente a força quanto menor Kb mais fraco ‘é a base.

2.2 Equilíbrio iônico da água (Kw)
Na água acontece o processo de equilíbrio chamado de autoionização da água,
esta constante é chamada de produto iônico da água ou representado por Kw (w refere-se
à água, cujo em inglês se diz water), conforme ilustrado na figura abaixo:
H 2O H+ + OH-

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 41
Sua constante é representada por produto iônico da água ou Kw conforme reação
abaixo:

Como a água uma substância pura e sua concentração não altera e é constante
não entra na representação conforme reação abaixo de Kw:

Água pura as concentrações de H+ e OH- são iguais por isso considera a solução
como neutra então pode-se considerar que as concentrações dos íons na autoionização da
água seja:

H+ = 1.10-7 mol/L
OH- = 1.10-7 mol/L

Como posteriormente veremos que pH vai até 14 podemos escrever Kw como:

Kw= 1.10-7 x 1.10-7


Ou
Kw = 1.10 -14

Como pode-se observar na reação acima de Kw, pode-se dizer que as quantidades
de H+ e de OH- na água pura serão iguais meio neutro, porém dependendo do meio que se
encontrar estas concentrações podem ser distintas, o que pode-se caracterizar meios como
ácidos, básicos ou neutros de acordo com sua escala de pH e concentração dos íons men-
cionados (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

Meio neutro: Concentração de H+ igual de OH-


Meio ácido: Concentração de H+ maior que OH-
Meio básico: Concentração de H+ menor que OH-

UNIDADE
UNIDADE I II Equilíbrio
Fórmulas eQuímico
Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 42
3. ESCALA DE pH E pOH

Conforme mencionado anteriormente a acidez ou basicidade de uma solução


depende da concentração do íon hidrogênio (H+) ou hidroxila (OH-). Uma maneira de de-
terminar e/ou expressar a acidez ou basicidade de uma solução e a chamada escala de pH
(VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

FIGURA 8 - ESCALA DE PH DE 0 A 14

Fonte: O autor (2021)

pH neutro: Um pH no valor de 7 representa um meio neutro, em que H+ e OH


concentrações iguais.

pH ácido: Um pH no valor abaixo de 7 representa um meio ácido, e conforme


diminui este valor cresce a força ácida, portanto quanto maior a concentração de íons H+,
maior será sua forca. Este meio tem maior concentração de H+ em relação a OH-

pH básico: Um pH no valor acima 7, no qual a concentração de OH- e maior que


H+, onde a forca básica também é representada em escala crescente de pH, ou seja, quanto
maior pH maior forca básica.

UNIDADE
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FIGURA 9 - ESCALA DE pH

TABELA 1 - ESCALA DE pH DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

Ácido de bateria 1
Suco gástrico 1,6 a 2,0
Vinagre 3,0
Água com gás 4,0
Saliva humana 6a7
Sangue humano 7,35 a 7,45
Bicarbonato de sódio 8
Hidróxido de magnésia 10
Hidróxido de sódio 14
Fonte: (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

FIGURA 10 - pH DE SUBSTÂNCIAS COTIDIANAS

Fonte: (NELSON, 2014).

UNIDADE
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A partir da escala de pH e autoionização da água 25ºC, pode-se definir que a con-
centração de H+ e OH- são iguais portanto equivale a 1.10-14 conforme a figura abaixo.
[H+]. [OH-] = 1,0.10 -14
Aplicando-se o log na expressão acima pode-se calcular o pH como pOH:
Potencial hidrogeniônico
pH= -log [H+]
Potencial hidroxiliônico
pOH= -log [OH-]
Exemplo de como utilizar a expressão de cálculo de pH
Exemplo 1:

Determinar o pH da solução de HCl 0,001 mol.L-1.

Solução:

Como pH= -log [H+]

Temos

pH= -log [0.001]


pH = - (log 0.001)
pH = - (-3)
pH = 3

Como o pH e pOH somando tem igual a 14, pode-se calcular qualquer uma das
variáveis a partir da expressão abaixo:

pH + pOH = 14

Exemplo 2:
Considerando que o suco de laranja apresente [H+] = 1,0.10-4 mol/L. Como deter-
minar a concentração molar dos íons H+ e pOH presentes nesse suco.

UNIDADE
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Solução:

pH = -log [H+]
pH = - log [1,0.10-4]
pH = 4

pH + pOH = 14
4 + pOH = 14
pOH = 14 – 4
pOH = 4

Então podemos ter uma ideia de concentração de H+ ou OH- a partir do pH conforme


exemplos abaixo:

Meio neutro:
[H+] = 1,0 . 10-7 mol/L pH = 7
[OH-] = 1,0 . 10-7 mol/L pOH = 7
Meio ácido:
[H+] > 1,0 . 10-7 mol/L pH < 7
[OH+] < 1,0 . 10-7 mol/L pOH > 7
Meio básico:
[H+] < 1,0 . 10-7 mol/L pH > 7
[OH-] > 1,0 . 10-7 mol/L pOH < 7

Outra variável para cálculo de pH é entender que a concentração de H+ é igual a


10-pH mol/L.
[H+] =10 -pH
O mesmo serve para pOH e íons OH-
OH- = 10 –pOH
Segue alguns exemplos:
Água pura:
pH = 7, e [H+] =10-7 mol / L.
Vinagre:
pH = 3 e [H+] = 10-3 mol / L.
Hidróxido de amônia:
pH = 12 e [H+] =10-12 mol / L.
Ácido clorídrico
pH = 1,0 e [H+] =10-1 mol / L.

UNIDADE
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Alguns exemplos de cálculos de pH e pOH a partir de concentrações:

Exemplo 1:

Uma solução que possui pH igual a 5 terá a [H+] e a [OH-] igual a?

Solução:
[H+] = 10-pH
[H+] = 10-5 mol/L
Como:
pH + pOH = 14
5 + pOH = 14
pOH = 9
[OH-] = 10-9 mol/L

Fonte: (VOGEL, 1981; SKOOG, 2010; RUSSEL, 1994; FELTRE, 2004; FELTRE, 2005).

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SAIBA MAIS

Algumas substâncias inorgânicas são classificadas como ácidos ou como bases (antiá-
cidos) e estão presentes no nosso cotidiano: nos alimentos, no nosso organismo e no
meio ambiente, fármacos. Os eletrólitos como ácidos e as bases fracas quando solubi-
lizados em água, dissociam ou ionizam-se, estabelecendo-se um equilíbrio reversível
entre as espécies não dissociadas e os seus íons. Esta reação reversível é possível o
sistema estabelecer um equilíbrio químico. Baseado nas respectivas constantes de ioni-
zação é possível comparar a força dos ácidos e bases, sendo diretamente proporcional
ao valor de Ka e Kb respectivamente. No equilíbrio ácidos e bases então envolvidos
fenômenos como a hidrolise. A hidrólise baseia-se na decomposição dos íons de uma
substância por intermédio dos íons da água. Os sais são substâncias que apresentam
com maior este fenômeno. Sais são compostos iônicos que podem ser formados pela
reação entre um sal e uma base ou um ácido e uma base chamada de reação de neu-
tralização. Alguns estudos demonstram que as soluções de sais em água podem ser
neutras [H+] = [OH-]), ácidas ([H+] > [OH-]) ou básicas ([H+] < [OH-]). Outro fenômeno
importante neste equilíbrio é o efeito tamponante de algumas espécies. As soluções
tampões são formadas por um ácido fraco e um sal do mesmo ácido fraco obtido pela
reação com uma base forte. Estas soluções não sofrem variações bruscas de pH. Não
evitam totalmente a variação, mas podem minimizar seus efeitos. São formadas por um
ácido fraco e um sal do mesmo ácido fraco obtido com uma base forte.

Fonte: FORTE, C. M. S.; PACHECO, L. C. M.; QUEIROZ, Z. F. Química Analítica I. Universidade Esta-

dual do Ceará – UECE (2019). Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/552887.

Acesso em: 14 mar. 2022.

UNIDADE
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REFLITA

A compreensão do tema equilíbrio químico é fundamental formação de parte desem-


penham em papel importante em muitos processos industriais. Trata-se de como as
reações químicas se passam a nível molecular. Conceito simples para entendimento de
outros como comportamento ácidos/bases e reações de oxido-redução.

Fonte: TITTON, L. A. Jogos de empresas: decisões de carteiras em um jogo de bancos.

Dissertação (Mestrado) Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo. Orientadora Irene Kazumi Miura. Ribeirão Preto, 2006. Disponível em:

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-03122014-153925/publico/Juliana_do_Nasci-

mento_Gomes.pdf. Acesso em: 30 nov. 2021.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos finalizando a segunda unidade do livro didático de química analítica. Assim


torna-se importante salientar algumas discussões que foram propostas.
Nossas discussões se iniciaram com os tópicos introdução ao equilíbrio químico,
como alguns pontos abordados dentro deste tópico como constante de equilíbrio, fatores
que influenciam neste equilíbrio como, temperatura, pressão e concentração. Estes tópicos
foram abordados alguns conceitos primordiais para a sequência da unidade II.
E ao se tratar desta abordagem inicia-se a discussão do próximo tópico da Unidade
II, intitulado Equilíbrio iônico. Aqui, procurei abordar conceitos de dissociação e ionização,
básica e ácida respectivamente, assim como suas forças. Neste tópico foi abordado a cons-
tante de equilíbrio iônica para um ácido chamado de Ka e constante de equilíbrio iônica
para bases chamada Kb. Assim como a constante de autoionização da água representado
por Kw, tópicos de extrema importância para próximo passo de abordagem.
Para finalizar, nesta unidade foram apresentados como diferenciar uma escala de
acordo com seu pH e pOH, sendo o meio neutro, alcalino ou ácido e alguns exemplos de
soluções cotidianas e seus respectivos pH, assim como diferenciar as concentrações de
íons [H+] e [OH-]. Também pode-se aplicar a escala logarítmica para calcular a concentra-
ção dos íons citados, assim como seu pH e pOH.
Essa unidade tem o intuito de prepará-lo (a), caro aluno (a) para o assunto que será
tratado nas próximas unidades.

Passemos, então, à unidade III.

UNIDADE
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Equações Químicas, Soluções Aquosas de Substâncias Inorgânicas 50
LEITURA COMPLEMENTAR

Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre a unidade II, leia o artigo abaixo:

Sugestões de leitura:
“De Svante Arrhenius ao Peagâmetro Digital: 100 Anos de Medida de Acidez”
Química Nova, 30, 2007, 232-239.

Fonte: GAMA, M. S.; AFONSO, J. C. De Svante Arrhenius ao Peagâmetro Digital: 100 Anos de

Medida de Acidez. Química Nova. v. 30, n. 01, p. 232-239, 2007. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/

quimicanova.sbq.org.br/pdf/Vol30No1_232_37-AG05151.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Química geral vol 1 e 2
Autor: John Russel.
Editora: Pearson.
Sinopse: O autor abrange as áreas da química geral com comen-
tários adicionais o que vai manter a atenção do leitor, sendo que
este traz inúmeras aplicações para a indústria. O autor descreve
diversos conceitos usando uma linguagem simples, coloquial
e diferente e apresentando-os de um ponto de vista alternativo.
Visando facilitar o aprendizado, o texto oferece no final de cada
capítulo, resumos e problemas, comentários adicionais, glossário
de termos, exemplos e problemas paralelos, além da revisão dos
conteúdos dentro dos capítulos.

FILME / VÍDEO
Título: Morte no Everest
Ano: 2015.
Sinopse: É baseado em fatos reais. Mostra a dificuldade de alpi-
nistas em lidar com a pressão atmosférica e a falta de equilíbrio
químico entre a hemoglobina e o oxigênio.

UNIDADE
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UNIDADE III
Teoria Clássica das Reações: Ácido/Básico
(Neutralização), Reações de Precipitação,
Reações de Complexação e
Reações de Óxido-Redução
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa

Plano de Estudo:
● Teoria clássica das reações: ácido/básico (neutralização);
● Reações de precipitação;
● Reações de complexação;
● Reações de oxido-redução.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a teoria clássica das reações, conceitos de ácido e base de
Bronsted Lowry, Arrhenius e Lewis, reação de neutralização, indicadores;
● Compreender as reações de precipitação e solubilidade de sais;
● Determinar conceitos de complexos, classificação, formação,
ligantes e coordenadas de complexos;
● Definir as reações de oxido redução, número de Nox, e regras para cálculo de Nox;
● Compreender conceito de agente redutor e agente oxidante.

53
INTRODUÇÃO

Neste tópico será abordado a importância do da teoria das reações e seus conceitos
principais de ácido e base de acordo com Bronsted Lowry, Arrhenius para ter um entendimento
das reações de neutralização, que nada mais é, que uma reação que acontece entre um ácido e
uma base formando sal e água. Esta reação é bem frequente no cotidiano, um exemplo prático
é a hiperacidez estomacal sendo neutralizada por antiácido, uma base. Exemplos no cotidiano
de pode ser aplicáveis as reações de neutralização, como no preparo de uma limonada, limão
possui acidez, sedo considerado um ácido, o que pode fazer para diminuir o gosto azedo do
suco, é adicionar base ou um sal básico, uma substancia comum utilizado como antiácido em
farmácias o Bicarbonato de sódio (NaHCO3) ele neutraliza a ação do ácido.
Ainda daremos enfoque as outras reações existentes com a de precipitação, em
que um dos sais reage formando um produto insolúvel em água, consequentemente preci-
pitando, sendo que os cátions e ânions já possuem sua característica de solubilidade.
Adentrando ainda mais ao mundo das reações, o próximo passo são as reações de
complexação, onde um metal central é rodeado por ligantes, geralmente a água, e podendo
ocasionar esta reação onde este se denomina íon complexo, sendo classificados de acordo
com sua carga e número de coordenadas.
E para finalizarmos as reações de oxido redução, onde uma substancia irá oxidar
perdendo elétrons e aumentando seu Nox e a outra substancia da reação irá reduzir, ga-
nhando elétrons e diminuindo seu Nox. Reações bem comuns também como no cotidiano
a oxidação de ligas metálicas, corrosão por substancias ácidas, formação de cloreto de
sódio, entre outras.

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
54
1. TEORIA CLÁSSICA DAS REAÇÕES: ÁCIDO/BÁSICO (NEUTRALIZAÇÃO)

1.1 Introdução a teoria clássica das reações


Conforme abordado na unidade II, uma breve introdução sobre ácidos e bases, de-
vemos levar em consideração deve ter o conhecimento dos ácidos e bases são as chamadas
“teorias” de ácido-base, nada mais é que conceitos de ácidos ou de bases empregados para
identificar determinadas substancias e suas propriedades ao longo do tempo. Os objetivos
na apresentação dentre várias definições distintas, é dar enfoque ao estudante na direção de
uma atitude da importância deste tema ácidos e bases, o que dará ao mesmo um direciona-
mento para realizar e tomar várias decisões em relação a químicas, seja solução aquosa de
íons, reações orgânicas ou inorgânicas, reações de precipitação ou de oxirredução, titulações
não aquosas ou qualquer outra, principalmente de neutralização amplamente usada.
A palavra ácido tem sua origem do latim acidus, que significa azedo ou adstringente.
Sendo inicialmente para referenciar ao vinagre, fabricado desde os primórdios das primeiras
civilizações mediante a fermentação de sucos de frutas, amplamente utilizado a uva, na
produção de vinho, nele contido o álcool etílico. Quando se deixa “azedar” o vinho, tem a for-
mação do vinagre, sendo uma solução aquosa (água) diluída de ácido acético (CH3COOH).
Por outro lado, as bases, possuem sabor amargo e dão a impressão de serem escorregadias,
como o sabão. A palavra base vem do inglês arcaico debase, que significa rebaixar, signifi-
cando abaixar o valor de alguma coisa, por outro lado, a palavra álcali é proveniente do árabe
al-qali, que significa cinzas de plantas (RUSSEL, 1994; SOLOMONS, 1996).

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
55
Ácidos e bases podem ser classificados e identificados, por uma série de reações
químicas específicas. Mais comumente ácidos e bases podem ser classificados de acordo
com a teoria de Arrhenius (1884), Bronsted-Lowry (1923) ou de Lewis (1923) (RUSSEL,
1994; SOLOMONS, 1996).

1.2 Conceito de ácido e base conforme Arrhenius


De acordo com Arrhenius, sua definição se dá que um ácido é uma substância
contendo hidrogênio que produz íons H+(aq) em solução aquosa, portanto a partir da subs-
tancia origina íons H+(aq) e Bases são substâncias que produz íons OH−(aq), em solução
aquosa, portanto em solução estas substâncias originam íons OH−(aq), (RUSSEL, 1994).
Posteriormente, estes conceitos passaram a ser expressos da seguinte maneira:

Ácidos de Arrhenius: são substâncias que solubilizadas e/ou dissolvidas em água,


tendem a aumentar a concentração de íons H+.
Bases de Arrhenius: são substâncias que solubilizadas e/ou dissolvidas em água,
aumentam a concentração de íons OH- (RUSSEL, 1994; SOLOMONS, 1996).

Como pode ser observado nas reações abaixo o ácido clorídrico HCl e o hidróxido
de sódio NaOH neste caso, respectivamente, pode-se dizer que nesta reação tem um ácido
(HCl) e uma base (NaOH) de Arrhenius, pois, ocorrem os processos de as dissociações/
ionizações iônicas quando se adiciona um volume de água (RUSSEL, 1994).

HCl(aq) H+(aq) + Cl − (aq)

NaOH(aq) Na+(aq) + OH − (aq)

Segue mais alguns exemplos de ácidos e bases de Arrhenius

HBr(aq) H+(aq) + Br− (aq)

KOH(aq) K+(aq) + OH− (aq)

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
56
A definição de Arrhenius limita muita um comportamento das substancias ácido
e base em uma solução aquosa. Para abranger, novos conceitos foram surgindo dentre
eles um em especial foi formulado por Bronsted e Lowry (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994;
SOLOMONS, 1996).

1.3 Definição de Brønsted–Lowry.


Johannes Brønsted (1879-1947) e Thomas Lowry (1874-1936) ampliaram a defi-
nição tornando-a mais geral de ácidos e bases, sendo essa amplamente conhecida como
Teoria de Bronsted-Lowry de ácidos e bases, a qual teve como suporte a transferência de
íons H+ de uma substância para outra.

Ácidos de Brønsted-Lowry: São substâncias (moléculas ou íons) que podem


doar um próton (H+) para outra substância.

Bases de Brønsted-Lowry: São substâncias que podem receber um próton.


O conceito de Brønsted-Lowry torna-se mais amplo ou abrangente, podendo este ser
aplicado a qualquer reação que envolva transferência de prótons, inclusive soluções aquo-
sas. Porém devemos prestar atenção para o fato de que os químicos usam H+(aq) e H3O+(aq)
para representar a mesma coisa, ou seja, o próton hidratado o qual é responsável pelas
propriedades características das soluções aquosas de ácidos. Entretanto, também devemos
ter em mente que o íon H3O+ é a representação mais correta, uma vez que o íon hidrônio
formado é produto da reação da água com um H+ (RUSSEL, 1994; SOLOMONS, 1996).
Como exemplos, podemos analisar as reações de transferência de próton que se seguem:

FIGURA 1 - ÁCIDOS E BASES DE BRØNSTED-LOWRY

Fonte: (SOLOMONS, 1996).

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
57
Par conjugado de Brønsted-Lowry são espécies químicas que se diferem apenas por
1 próton, H+, sendo denominados assim. Como podemos observar na figura acima, as espé-
cies HCl e Cl- formam um par conjugado e o mesmo acontece com H3O+ e H2O. Em um par
conjugado quanto mais forte for o ácido, mais fraca será sua base conjugada e, ao contrário
também acontece, quanto mais forte será sua base, mais fraco será seu ácido conjugado.
Na figura acima podemos observar que o ácido HCl reage, formando a base Cl-.
Estas duas substâncias estão relacionadas entre si pela perda ou pela aquisição de um
simples próton (H+) e constituem um par ácido-base conjugado. Pode-se dizer que o Cl- é
a base conjugada do ácido clorídrico HCl e, do mesmo modo, HCl é o ácido conjugado
da base Cl-. Na reação acima também pode-se observar que H2O e H3O+ formam um par
conjugado. A água é a base conjugada do H3O+ e, o H3O+ é o ácido conjugado do H2O.
Na reação abaixo ainda podemos relacionar que o HCl e H3O+ são ácidos de
Brønsted-Lowry, pois doam um próton e o inverso também acontece, Cl- e H2O são bases,
pois recebem um próton.

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DE ÁCIDO E BASE DE BRONSTED-LOWRY

Fonte: (SOLOMONS, 1996).

Exemplo abaixo de ácido e base de Bronsted-Lowry, no qual a amônia, NH3, é uma


base de Brønsted–Lowry porque em solução aquosa ela recebe um próton da H20, sendo
que esta atua como ácido:

NH3(aq) + H2O(l) NH4(aq) + OH- (aq)

base ácido Ácido base

Os pares ácido/base conjugados na reação acima são:

NH4+/ NH3 e H2O / OH−.

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
58
1.4 Conceito de Lewis
O conceito de Lewis define um comportamento ácido-base em termos com caráter
mais físicos, baseados em propriedades dos sistemas eletrônicos de átomos e moléculas.
Primordial para entendimento dos conceitos de ácidos e base de Lewis é a capacidade de
doação ou recepção de par de elétrons (RUSSEL, 1994; SOLOMONS, 1996).
A definição de Lewis (SOLOMONS, 1996):

Ácido: é uma espécie capaz de receber par de elétrons.


Base: é uma espécie capaz de doar par de elétrons.

Alguns exemplos de reações ácido-base de Lewis são apresentados a seguir:


A amônia (NH3) tem um par de elétrons não compartilhado no qual é compartilhado
com a substancia BF3 conforme abaixo:

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE ÁCIDO E BASE DE LEWIS

Fonte: (RUSSEL, 1994).

Um segundo exemplo na reação abaixo, a molécula de amônia (NH3) tem um par


de elétrons não compartilhado, o qual é compartilhado entre o íon H+ e NH3, formando uma
ligação NH3-H, dando origem ao íon amônio (NH4+).

H+ + NH3 → NH4+
Ácido base

1.4 Indicadores ácidos-básico


De acordo com a unidade II, ácido e bases possuem valores em uma escala de pH,
sendo que ácidos < 7 e bases > 7, relembrando a escala, podemos dizer que são espécies
químicas adicionadas a solução ou substância em determinado meio, tem a capacidade
de mudança física ou química (apresentam colorações diferentes dependendo da solução
(VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG et al., 2010).
Então por definição:

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
59
São compostos com uma propriedade física (normalmente a cor) que muda abrup-
tamente. Portanto, essas perturbações podem causar alterações na aparência do indica-
dor, tais como: aparecimento ou desaparecimento de cor, alteração de cor, aparecimento
ou desaparecimento de turbidez, com isso indicando uma substância ácida ou básica de
acordo com indicador utilizado e coloração produzida quando em contato, supondo um
valor acima ou abaixo de 7.

TABELA 1 - EXEMPLOS DE INDICADORES ÁCIDO-BÁSICO USADOS

FREQUENTEMENTE E COLORAÇÕES RESPECTIVAS

Meio Fenolftaleina Metilorange


Neutro Incolor Amarelo/alaranjado
Ácido Incolor Vermelho
Básico Vermelho Amarelo/alaranjado
Fonte: (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

Exemplos:
9 Fenolftaleína;
9 Azul de bromotimol;
9 Alaranjado de metila;
9 Papel universal.

1.5 Reações de neutralização


Quando duas soluções são misturadas contendo um ácido e uma, ocorre o que é
chamada de reação de neutralização, sendo que o produto destas reações tende a ser sal
e água. Neste caso, os produtos da reação não têm característica nem de ácidos e nem
de base. No caso o sal obtido como produto da reação pode ter caráter neutro, ácido ou
básico. Por exemplo, consideramos uma equação genérica em que HA (ácido) com uma
BOH (base) possuindo ânion A- e cátion C+ respectivamente conforme abaixo

HA + COH H2O + CA

Como pode-se observar na reação acima para a formação do sal o produto o ácido
fornecerá o ânion (A-) e a base fornecerá o cátion (C+), o restante se une para formar água.
Vejamos um exemplo de reação de neutralização abaixo com ácido clorídrico e
hidróxido de sódio:

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
60
HCl(aq) + NaOH(l) H2O(l) + NaCl(aq)
(ácido) (base) (água) (sal)

Como pode-se observar para reação de neutralização acima o ácido fornece a


parte aniônica para o sal, no caso o Cl- e a base fornece a parte catiônica, ou seja, Na+,
formando assim o cloreto de sódio (NaCl) ou sal de cozinha comercialmente/popularmente
(VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; BACCAN 1997; BACCAN et al., 2003; SKOOG et al., 2010).

Alguns exemplos de reação de neutralização:

Mg(OH)2 + H2SO4 MgSO4 + 2 H2O

2 HCl(aq) + Mg(OH)2(s) MgCl2(aq) + 2 H2O(l)

HCN + KOH KCN + H2O

H2SO4 + Ca(OH)2 CaSO4 + 2 H2O

KOH + HCl KCl + H2O

NaOH + H2SO4 Na2SO4 + H2O

As reações de neutralização podem ser classificadas:

9 Totais produzindo sal simples:

HCl(aq) + NaOH(l) H2O(l) + NaCl(aq)

9 Totais produzindo sais duplos

HCl + HBr + Mg (OH)2 MgClBr + 2 H2O

9 Parcial produzindo sal hidrogenado

NaOH + H2CO3 NaHCO3 + H2O

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


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9 Parcial produzindo sal hidroxilado

Mg (OH)2 + HCl MgOHCl + H2O

Conforme mencionado na unidade I, nas reações de neutralização ocorre uma


reação de dupla troca, ou seja, um ânion de uma substancia com o cátion de outra para
formar um determinado produto, como a reação de neutralização trata-se de ácido e base
para formar sal e água, como pode ser observado no esquema abaixo.

AB + CD AC + BD

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Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
62
2. REAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO

2.1 Reações de precipitação


Uma variedade de reações utilizadas em análise qualitativa inorgânica envolve
a formação de precipitados. Um precipitado nada mais é, quando duas substâncias são
misturadas, originando um produto separado na fase sólida. Isso acontece quando uma
solução se torna supersaturada com uma substância em particular. Os precipitados podem
ser cristalinos ou coloidais. Em geral, são removidos da solução por centrifugação ou por
filtração. Uma característica para a formação do precipitado é que a substância formada
não apresenta um poder de solubilidade no solvente da solução, geralmente a água.
As reações de precipitação geralmente são de dupla troca que levarão a uma alte-
ração na solução se um dos três eventos pode acontecer:

9 Forma-se um sólido insolúvel (precipitado);


9 Formam -se eletrólitos fracos ou não se eletrólitos fracos ou não eletrólitos ou
eletrólitos;
9 Forma-se um gás insolúvel.

Como exemplo pode-se observar a reação de precipitação abaixo:


Quando em solução o nitrato de prata aquoso (AgNO3) é adicionado a uma solução
possuindo cloreto de potássio (KCl) ocorre precipitação de um sólido na coloração branco,
formando cloreto de prata (AgCl) (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994).

AgNO3(aq) + KCl(aq) → AgCl(s) + KNO3(aq)

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63
O produto formado é o cloreto de prata (AgCl) sendo este na forma sólida, observa-
do como precipitado (sólido).
Eacao observada também pode representada na dissociação de íons em uma solu-
ção composta, ou seja, em mais de um componente, formando uma solução heterogênea,
com mais de uma fase, conforme a reação abaixo.

Ag+(aq) + NO3-(aq) + K+(aq) + Cl-(aq) → AgCl(s) + K+(aq) + NO3-(aq)

Como o exemplo abaixo podemos observar a reação química ocorreu em meio


aquoso com as espécies químicas dissociadas, podendo ser representada por meio da
reação por meio de equações iônicas.

Na+(aq) + Cl-(aq) + Ag+(aq) + NO3-(aq) → AgCl(s) + Na+(aq) + NO3-(aq)

Na solução aquosa de cloreto de sódio (NaCl(aq)) já existem os íons Na+(aq) e Cl-(aq). Na


solução aquosa de nitrato de prata (AgNO3(aq)) há os íons Ag+(aq) e NO3-(aq). Quando houver
o contato das duas misturando-as, os íons Ag+(aq) do nitrato de prata irão reagir com os íons
Cℓ-(aq) do cloreto de sódio, formando o precipitado cloreto de prata (AgCl(s)), conforme a
reação global abaixo:

NaCl(aq) + AgNO3(aq) → AgCl(s) + NaNO3(aq)

Um exemplo para que ocorra reação de precipitação é uma dupla troca entre sais,
no qual 1 dos sais formados geralmente é insolúvel em água. Como podemos observar na
reação abaixo:

AgNO3(aq) + NaCl(aq) → AgCl(s) + NaNO3(aq)

A reação descrita acima envolve dois sais nos reagentes sendo este solúveis em
solução aquosa, porem o produto formado AgCl (cloreto de prata) é um sal insolúvel for-
mando assim um precipitado.
Para ter uma ideia da formação de precipitado conforme mencionado anteriormen-
te deve ter noção dos cátions e ânions de acordo com sua solubilidade, geralmente serão
sais, então devemos saber a solubilidade destes sais teremos uma ideia de formação do
precipitado.

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TABELA 2 - CÁTIONS E ÂNIONS E AS SOLUBILIDADES DOS SAIS.

Ânion Cátion Solubilidade em água


Nitrato (NO3-1) Qualquer Solúvel
Nitrito (NO2-1) Qualquer Solúvel
Halogênios (F, Cl, Br, I) Cu , Ag+1, Pb+2 Hg2+2
+1
Praticamente insolúvel
Sulfatos (SO4-2) Família 2A tabela perió- Praticamente insolúvel
dica, exceto Mg+2
Sulfeto (S-2) NH4+1 e metais família 1 Solúvel
e 2 A tabela periódica
Carbonato (CO3-2) NH4+1 e metais família 1 Solúvel
A tabela periódica
Fosfato (PO4-3) NH4+1 e metais família 1 Solúvel
A tabela periódica
Demais ânions NH4+1 e metais família 1 Solúvel
A tabela periódica
Fonte: Adaptada de: PREPARA Enem. Solubilidade dos sais. Disponível em:

https://www.preparaenem.com/quimica/solubilidade-dos-sais.htm. Acesso em: 29 nov. 2021

Como pode-se observar, qualquer sal formado com o ânion nitrato (NO3-) será so-
lúvel. Como exemplo de formação de precipitado a partir da tabela acima um produto (sal)
que tenha metais como prata (Ag), mercúrio (Hg), e chumbo (Pb) com o sulfato (SO4-2) será
insolúvel e formará um precipitada (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994).

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3. REAÇÕES DE COMPLEXAÇÃO

3.1 Definição complexo


Para entender as reações de complexação, inicialmente deve-se ter um entendi-
mento da definição de complexo ou íon complexo, que nada mais é um agregado formado
quando um íon metálico (geralmente metais de transição) se une/reagem com um ligante
químico, que se aglomeram ao seu redor, íon central coordena os ligantes ao seu redor, por
isso pode se definir como agregados ou íon complexo (RUSSEL, 1994).
Alguns fatores são importantes para reações de complexação, como a acidez do
meio e seu comportamento ácido-base de acordo com as definições ou substâncias neutras
que podem agir como ligantes químicos e dos próprios cátions coordenantes. Para um bom
entendimento dos métodos clássicos analíticos como: separações de compostos químicos,
complexação, volumetria de complexação, gravimetria, métodos instrumentais baseados
em formação de íons complexos, deve-se se ter ideia sobre relações das espécies em
equilíbrio. Para a formação dos complexos deve-se saber que a maioria dos íons metálicos
reagem com doadores de elétrons para formar complexos de coordenação ou complexos.
Substâncias ou moléculas doadoras ou ligantes devem possuir pelo menos um par
de elétron disponível para a ligação. Um ligante é uma espécie. Para o melhor entendimento
deve-se ter noção da teoria de Lewis conforme abordado no tópico 1 desta unidade. Então
o conceito ácido-base de Lewis, permite estudar a reações envolvendo espécies metálicas
na forma de íons, por meio de reação de complexação, nos quais íons metálicos atua como
ácido de Lewis e recebe um par de elétron de uma base de Lewis denominada ligante
(VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994).

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3.2 Formação dos complexos
Para a formação dos complexos terá uma base e um ácido de Lewis e os metais de
transição da tabela periódica são bons ácidos:
Exemplos de metais de transição:

Cobre – Cu
Prata - Ag

Em química muitas reações que levam à formação de íons complexos, em que este
complexo é formado por um íon metálico central rodeado de várias espécies intimamente ligadas
a ele. Essas espécies podem ser moléculas neutras ou íons. Frequentemente Metais se ligam a
água e formam íon hidratado, no qual está água pode ser base de Lewis, doando elétrons. Os
íons formados pela combinação da ligação dos cátions e ânions formam complexos.
Os grupos em torno deste íon metálico são chamados de ligantes, e o número
de pontos de união entre este representa o seu número de coordenação. Os números de
coordenação mais comuns são 2, 4, 6 e 8, na maioria dos casos, o número de coordenação
é igual a 6. Para se determinar a carga de um íon complexo, deve-se somar as cargas de
cada íon que compõe o complexo (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG et al., 1997).

FIGURA 4 - ESQUEMA GERAL ABAIXO NA FORMAÇÃO DOS COMPLEXOS

Fonte: (SKOOG et al., 1997).

Então um complexo é formado por:

9 Íons central, geralmente um cátion rodeado por um número de ligantes


9 Complexos Ácido e base de Lewis
9 Ácidos Íons metálico
9 Bases Ligantes

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Principais ligantes de complexo tabela abaixo:

TABELA 3 - PRINCIPAIS LIGANTES E NOMES

Fonte: Adaptada de: QUÍMICA Básica. Nomenclaturas dos compostos de coordenação. Disponível em:

https://sites.google.com/site/ciadaquimica/inorganica-1/nome-compostos-de-coordenacao. Acesso em: 29 nov. 2021.

Exemplo abaixo de complexo:

FIGURA 5 – EXEMPLO DE FORMAÇÃO DE COMPLEXO

Fonte: Adaptado de: (VOGEL, 1981).

3.3 Classificação dos complexos


Os complexos podem ser classificados de acordo com sua carga em catiônicos (+),
aniônicos (-) ou neutros (sem carga).

9 Catiônico:
Ni+2 + 6 H2O Ni (H2O)6+2

9 Aniônico:
Zn+2 + 4 Cl- ZnCl4-2

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9 Neutro:
Co+3 + 3 NH3 + 3 NO- Co(NH3)3(NO3)3

3.4 Número de coordenação


O Átomo central é caracterizado pelo número de coordenação, indica o número de
ligantes que podem formar complexo com átomo central.

Número de coordenação (NC):

NC 6 - Fe+2, Fe+3, Zn+2,


NC 4 - Cu+2, Cu+,
NC 2 – Ag+

3.5 Reação de complexação


Conforme mencionado no tópico a reação de complexação vai possui um átomo
central um metal geralmente e um ligante formando um íon complexo. Segue alguns exem-
plos de reação.

Ag+ + 2H2O [Ag(H2O)]2+


Cu2+ + 4H2O [Cu(H2O)4]2+
Al3+ + 6H2O [Al(H2O)6]3+;

Em que a reação de complexação pode ser representada da seguinte maneira,


segundo os autores (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG, 1997, BACCAN 1997; BAC-
CAN et al., 2001):

My+ + xL- [MLy ]y+


Ácido Base íon complexo
No qual: M = Geralmente um metal de transição sendo o cátion metálico central
(ácido de Lewis)
L = chamado de ligante (base de Lewis)
ML = formação do íon complexo

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4. REAÇÕES DE OXIDO-REDUÇÃO

4.1 Numero de oxidação (NOX)


Reações de oxidação-redução (redox) são reações acompanhadas por perda ou
ganho de elétrons, ocorrendo uma variação no número de oxidação (Nox) dos elementos en-
volvidos. Numa ligação iônica ocorre a transferência de elétrons, por isso pode-se dizer que
os átomos adquirem carga elétrica. Já em uma ligação covalente ocorre o compartilhamento
de pares de elétrons, porém se houver diferença de eletronegatividade entre os átomos que
compõe esta molécula, pode-se dizer que o átomo adquire carga elétrica aparente.
Denomina-se NOX a carga elétrica que um átomo adquire quando estabelece liga-
ções com outros átomos (RUSSEL, 1994; SKOOG et al., 1997).
Nas ligações principalmente iônica ocorre o processo de perda e ganho de elétrons,
ou seja, oxidação e redução.

Oxidação: é a perda de elétrons;


Redução: é o ganho de elétrons (RUSSEL, 1994).

Observe o esquema abaixo na ligação do sódio (Na) e cloro (Cl) para formar cloreto
de sódio (NaCl)

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Na+1 Cl-1

sódio perdeu 1 elétron cloro ganhou 1 elétron


oxidação redução

Abaixo segue tabela de elementos e o número de oxidação fixa:

TABELA 4 – NUMERO DE OXIDAÇÃO FIXA DE ALGUNS ELEMENTOS DA TABELA PERIÓDICA

Fonte: DESCOMPLICA. Disponível em: https://dex.descomplica.com.br/enem/quimica/turma-de-fevereiro-

-numero-de-oxidacao-nox-/explicacao/1. Acesso em: 27 nov. 2021.

4.2 Regras para cálculo de NOX


Para o cálculo do NOX existe algumas regras a serem consideradas seguindo a
tabela acima (RUSSEL, 1994).

Regra 1: Todo átomo em que uma substância e/ou molécula simples possui Nox
igual a ZERO.

Exemplos: He, I2, P4, H2, O2

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71
Regra 2: Qualquer átomo em um íon simples (único átomo) possui Nox igual a
CARGA DO ÍON

Exemplo:
Fe+3 Nox = +3
Fe+2 Nox = +2
Na+1 Nox = +1
O-2 Nox = - 2
Na+1 Nox = +1
F-1 Nox = - 2

Regra 3: Alguns átomos em algumas substâncias composta (mais de um átomo)


possuem Nox Constante

9 H, Ag e família 1 A (metais alcalinos) da tabela periódica possui Nox +1


Exemplo: HBr, HCl, NaCl, NaOH, KOH, AgNO3

9 Zn, Cd e a família alcalinos terrosos (2 A) tabela periódica Nox +2


Exemplo: Mg(OH)2, ZnCl2, Ca(OH)2, Zn(OH)2, CaCO3

9 Os Calcogênios são elementos pertencentes a família 6 A quando mais eletro-


negativo do composto possui Nox -2
Exemplo: CaO, CaCO3, CO2, H2O, Al2O3

9 Halogênios pertencem a família 7 A da tabela periódica, quando o mais eletro-


negativo possui Nox -1
Exemplo: NaCl, CaCl2, HCl, HF, AlCl3,

9 Alumínio possui Nox +3


Exemplo: AlCl3, Al (OH)3

Regra 4: A soma algébrica de todos os elementos de uma substancia composta


deverá ser zero.

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
72
Exemplo:

NaCl – Cloreto de sódio


Nox: Na= +1 Cl= -1

CaO – Óxido de cálcio


Nox: Ca = +2 O = -2

NaOH - Hidróxido de sódio


Nox: Na = +1 O= -2 H= +1 a soma igual a zero

HCl – ácido clorídrico


Nox H= +1 Cl -1

KBr – Brometo de potássio


Nox K=+1 Br=-1

4.3 Reações de oxido-redução


Em várias reações que envolvem compostos inorgânicos, o Nox de cada átomo
ou íon não se altera, ou seja, permanece igual em toda reação, porém em muitas reações
certos átomos ou íons variam o Nox dos reagentes para o produto, quando isso acontecer
diz que aconteceu uma reação de oxido-redução.

FIGURA 6 – EXEMPLO DE REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO (V)

Fonte: O autor (2021).

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73
Como pode-se observar acima o Fe, substância simples passou o Nox= 0 para
+2 sofrendo o processo de oxidação, ou seja, perda de elétrons dos reagentes para o
produto. O hidrogênio (H) na substância HCl possui Nox = +1 nos reagentes passando para
os produtos na forma de substância simples H2, adquirindo Nox=0 e sofrendo o processo
redução, ou seja, diminuindo o Nox do reagente para o produto ganhando elétrons.

4.4 Agente Redutor e oxidante


Na reação de oxido-redução os átomos ou íons sofrerão o processo de perda ou
ganho de elétrons conforme mencionado, porém na reação uma determinada substância
pode atuar como oxidante/agente oxidante ou redutor/agente redutor, ou seja, substancias
que induz ao processo de oxidação e redução.

Agente oxidante: Substância que contém átomo ou íon que sofreu redução, pois
provoca a oxidação de outro átomo.

Agente redutor: Substância que contém átomo ou íon que sofre oxidação, pois
provoca a redução de outro átomo.

Veja o exemplo abaixo:

FIGURA 7 – EXEMPLO DE AGENTE REDUTOR E AGENTE OXIDANTE

Fonte: O autor (2021).

O ferro (Fe) é o agente redutor pois, ele sofre o fenômeno de oxidação, ou seja,
está perdendo elétrons do reagente para os produtos induzindo o HCl a reduzir. O HCl é o
agente oxidante, pois sofre o fenômeno de redução, ou seja, ganho de elétrons do reagente
para o produto induzindo a substância Fe a oxidar (VOGEL, 1981; RUSSEL, 1994; SKOOG
et al., 1997).

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UNIDADE III
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74
SAIBA MAIS

O que se pode chamar de comportamento ácido-base foi reconhecido há muito tempo.


Desde que isto ocorreu os químicos têm elaborado teorias que procuram explicar este
comportamento. Essas teorias procuram definir o que seja um ácido e uma base e como
reagem, além de outros aspectos que podem ser considerados secundários. O interes-
sante é que atualmente, segundo algumas teorias, grande parte das substâncias conhe-
cidas apresentam este comportamento, o que torna o tema interessante e fundamental
também para o estudo da Química. Do ponto de vista histórico este tema, a nosso ver,
apresenta as seguintes vantagens.
As partes de seu desenvolvimento, que serão destacadas, ocorreram neste século, o
que traz menos dificuldades no que se refere ao entendimento do contexto cultural da
época. Tem um desenvolvimento praticamente linear com o tempo (caso raro), o que fa-
cilita muito o seu entendimento. Pode ser correlacionada facilmente com a parte química
propriamente dita, inclusive na parte experimental. Permite discutir, com certa facilidade,
o desenvolvimento das teorias científicas, inclusive nos aspectos lógicos e filosóficos,
se isto for o caso. Permite mostrar que a Química é a associação de uma teoria e uma
prática, ou seja, um pensar em termos moleculares e um proceder empírico, fenomeno-
lógico, pois um mesmo fato pode ser interpretado de vários pontos de vista.
Cabe aqui também um parêntese a respeito do que estamos chamando de teorias áci-
do-base. Alguns autores preferem dizer  definição, ao invés de teoria, pois em alguns
casos tem-se definições do que seja um ácido e uma base dentro de uma teoria mais
geral, como as definições de Arrhenius dentro de sua Teoria da Dissociação Eletrolítica.
Estes autores não deixam de ter razão, porém a nosso ver a simples definição tornou-se
algo muito mais amplo com o passar do tempo, da mesma forma como determinadas
hipóteses (como a hipótese de Avogadro) acabaram até por se tornar fatos, apesar de
muitos ainda continuarem utilizando o nome de batismo. Utilizaremos a denominação
de teoria para englobar a definição de ácido e base e o conjunto de idéias, conceitos,
procedimentos, experimentais inclusive, etc., inerentes à própria teoria.

Fonte: CHAGAS, Aécio Pereira. O ensino de aspectos históricos e filosóficos da Química e as teorias
ácido-base do século XX. Quím. Nova. 23 (1), Fev 2000. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/pTc4pwJgr5zk5qPGqbH54Lb/?lang=pt&format=html .Acesso em: 17 nov.2021.

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Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
75
REFLITA

A Ciência Química não é somente descoberta. É, também, e especialmente, criação e


transformação. A Química presta uma contribuição essencial à humanidade com alimentos
e medicamentos, com roupas e moradia, com energia e matérias-primas, com transportes
e comunicações. Fornece, ainda, materiais para a Física e para a indústria, modelos e
substratos à Biologia e Farmacologia, propriedades e procedimentos para outras ciências
e tecnologias. Graças à Química, o nosso mundo se tornou um lugar mais confortável
para se viver. Nossos carros, casas, roupas transbordam criatividade química. O nosso
futuro energético dependerá da Química, assim como atingir um dos objetivos do Milênio,
que é prover água e saneamento básico seguros para toda a humanidade.

Fonte: ZUCCO, César. Química para um mundo melhor. Quím. Nova. 34 (5), 2011.  Disponível em:

https://www.scielo.br/j/qn/a/5RhfpdSdN4TM6FRtsRZ7vRn/?lang=pt. Acesso em: 17 nov. 2021.

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UNIDADE III 76
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos finalizando a terceira unidade do livro didático de química analítica, assim


torna-se importante salientar algumas discussões que foram propostas.
Nossas discussões se iniciaram com os tópicos introdução ao conceito da teoria
das reações clássicas, como alguns pontos abordados dentro deste tópico como conceito
de ácido base de Arrhenius, Bronsted Lowry e Lewis para um entendimento das reações
de neutralização entre ácido e base com formação de sal e água, assim como indicadores
ácido-básico para a identificação das mesmas. Estes tópicos foram abordados alguns con-
ceitos primordiais para a sequência da unidade.
E ao se tratar desta abordagem inicia-se a discussão do próximo tópico, intitulado
reação de precipitação, no qual procurei abordar conceitos de reações de precipitação, que
alguns cátions ou ânions a partir da sua solubilidade e previsão de formação de produtos
tendem a forma um precipitado.
Para finalizar nesta unidade foram apresentados como a reações de complexação
se comportam ou se formam a partir de átomo central e ligantes, com seus números de
coordenadas, assim como, reações que envolvem oxidação e redução, ou seja, aumento do
Nox com perda de elétrons e diminuição do Nox com ganho de elétrons respectivamente,
regras para cálculo de Nox, conceitos sobre agente oxidante e agente redutor.
Portanto, essa unidade tem o intuito de prepará-lo(a), caro aluno(a) para o assunto
que será tratado nas próximas unidades.

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
77
LEITURA COMPLEMENTAR

Caro (a) aluno (a) para entender um pouco mais sobre a unidade III, leia o artigo abaixo:

Sugestões de leitura:
“Reações ácido-base: conceito, representação e generalização a partir das ener-
gias envolvidas nas transformações”.

Fonte: PASTRE, Iêda Aparecida; PLICAS, Lídia Maria de Almeida; OLIVEIRA, Vera Aparecida Tiera;

SILVIA, Juliana Vieira Custódio; AGOSTINHO, Maria Leite. Reações ácido-base: conceito, representação e

generalização a partir das energias envolvidas nas transformações. Quím. Nova. 35(10), 2012. Disponível

em: https://www.scielo.br/j/qn/a/dnrvxwYM6L5h7MQxm3mKcdD/?lang=pt#. Acesso em: 17 nov. 2021.

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Química analítica qualitativa
Autor: Arthur Vogel
Editora: Mestre Jou
Sinopse: As bases teóricas e práticas da química analítica quali-
tativa, indispensáveis a área da saúde está abordada neste livro.
O principal objetivo é proporcionar ao leitor/aluno, aspectos físico-
-químicos básicos das reações utilizadas nas análises qualitativas
inorgânicas. Nesta obra há uma completa descrição dos instru-
mentos de laboratório, com as respectivas ilustrações, operações
que incluem técnicas de análise em escala micro e semimicro,
assim como, métodos eletroquímicos. Há ainda uma abordagem
nas reações dos cátions e aníons mais importantes indispensáveis
ao trabalho de laboratório.

FILME / VÍDEO
Título: Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento
Ano: 2000.
Sinopse: Nessa história baseada em fatos reais, Erin descobre
que a água da cidade está contaminada e fazendo mal para os
seus habitantes. Ela investiga o que está acontecendo e consegue
cooperação dos moradores para solucionar o problema.

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UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
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UNIDADE IV
Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa
Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e
Identificação de Cátions
Professor Dr. Gustavo Meireles Costa

Plano de Estudo:
● Técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica: reações por via seca e úmida;
● Operações semimicroanalíticas e microanalítica e análise do toque;
● Análise qualitativa sistemática inorgânica: ensaios para ânions em escala semimicro;
● Separação e identificação de cátions em escala semimicro (grupo I, II, III, IV e V).

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceitualizar as técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica.
● Compreender via úmida e via seca e métodos de reação das vias;
● Identificar escalas analíticas, macroanálise, microanálise,
semimicroanálise e ultramicroanálise;
● Apresentar as técnicas de análise qualitativa semimicroanálitica
e microanalítica e definir análise do toque e aplicações;
● Teorizar classificação de ânions;
● Determinar importância da separação e identificação dos cátions
e classificação dos cátions em grupos analíticos;
● Entender a separação e identificação dos principais cátions
em escala semimicro do grupo I, II, III, IV e V.

80
INTRODUÇÃO

Neste tópico será abordado a importância das técnicas experimentais analíticas e


suas classificações de reações acordo com a via a ser utilizada de acordo com estado físico
da substância, sendo ela reações de via seca (sólido) ou reações de via úmida (geralmente
solução aquosa).
Em analítica, as técnicas que se operam as estas reações podem ser classificadas
de acordo com a substância e a quantidade que se encontra, diversas técnicas e escalas
se fazem necessário para análise adequada, de acordo com escala, ou seja, quantidade de
substância para reações sua classificação se dá em macroanálise, microanálise, semimi-
croanálise e ultramicroanálise.
Ainda nesta unidade será abordado a classificação dos ânions como e suas reações
respectivas para identificação dos mesmos, assim a classificação dos cátions em grupos
analíticos I, II, III, IV e V. E neste contexto de cátions, seguimos o tema de importância
de separação e identificação dos principais cátions dos grupos citados, assim como suas
principais reações na análise dos mesmos, como exemplo, teste de chama com sódio,
potássio e magnésio.

Técnicas Experimentais da Análise Qualitativa Inorgânica: Reações por Via Seca e por Via
UNIDADE
IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 81
1. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS DA ANÁLISE QUALITATIVA INORGÂNICA:
REAÇÕES POR VIA SECA E ÚMIDA

1.1 Introdução a técnicas experimentais da análise qualitativa inorgânica.


O conhecimento da química analítica qualitativa é de grande importância, especial-
mente na área da saúde, em que pode-se aplicar conceitos estudados na unidade III por
exemplo, como reações de neutralização (ácido/básico), complexação, oxido redução e
precipitação, utilizados para separar e identificar os íons.
A utilização das técnicas analíticas como separação, detecção e confirmação uti-
lizadas para resolver alguns problemas na prática laboratorial, sendo estas utilizadas em
grande escala vários procedimentos modernos como, imunocromatografia, espectrográfi-
cos e nucleares. Porém os mais comuns utilizados são os procedimentos de dissolução de
amostra em solvente e análise desta solução através de algumas características visuais
como formação/desprendimento de gases, precipitados, alteração de cor, dentre outros.
Estas soluções são complexas, ou seja, mais de um íon em amostras se fazendo
necessário as técnicas de separação, utilizada para isolar o íon em questão dos outros
interferentes da amostra, geralmente utilizando-se a técnica de precipitação para esta
finalidade. Realiza-se a detecção, trata-se de uma técnica preliminar quando se recebe
uma amostra, isto é, a partir de características visuais e por fim, o confirmatório, teste
realizado com o cátion ou ânion da amostra (VOGEL, 1981; BACCAN, 1997; BACCAN,
2003; SKOOG et al., 2010).

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 82
1.2 Reações por via seca e via úmida
As reações analíticas podem ser classificadas quanto a forma de execução, podendo-
-se trabalhar com o reagente dissolvido ou não em solução, possuindo dois tipos de ensaios:

1.2.1 Reações por via seca


Reações aplicadas a substâncias sólidas

1.2.2 Reações por via úmida


Reações das substâncias em solução.

1.3 Reações por via seca


Os ensaios por via seca fornecem informações úteis num período de tempo quando
comparado a úmida mais curto ou rápido. As reações por via seca utilizam-se amostra e
reagente estando no estado sólido, geralmente, esta reação é realizada por emprego de
calor, ou seja, por aquecimento:
Dentre as técnicas utilizadas por aquecimento estão:

a) Reação de coloração de chama


Sais de alguns metais são expostos a chama em bico de Bunsen com um fio de
platina produzem coloração especifica na chama sendo indicativo do cátion em questão
analisado. Como por exemplo a tabela abaixo (VOGEL, 1981; BACCAN, 1997; BACCAN
2001; SKOOG et al., 2010).

TABELA 1 – COLORAÇÃO DA CHAMA

Observaçao Interferência
Chama amarelo-dourada Na (sódio)
Chama violeta ou lilás K (Potássio)
Chama vermelho tijolo Ca (cálcio)
Chama carmesin Sr (Estrôncio)
Chama verde amarelada Ba (Bário)
Chama azul pálida Pb, Bi e Cu (chumbo, Bismuto e Cobre)
Fonte: Adaptado de: (VOGEL, 1981).

b) Formação de gases incolores


Reação no qual introduz papel de tornassol azul ou vermelho
- Papel vermelho passa para azul: cloretos e sulfatos;
- Papel azul passa para vermelho: ácidos voláteis, ácido sulfídrico e gás carbônico;
- Descoram o tornassol: gás sulfúrico, alguns sulfatos e sulfetos;
- Não agem sobre o tornassol: peróxidos (oxigênios), cloratos, bromatos, nitratos etc.

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c) Formação de gases ou vapores coloridos
- Cloro: amarelo-esverdeado para violáceo em água alcalina;
- Bromo: vermelho colore em azul a água alcalina;
- Nitrosos: vermelho colore em azul solução sulfúrica;
- Iodo: roxo.

d) Ensaio do maçarico de sopro


Utiliza-se chama do bico de Bunsen, sendo efetuado em uma cavidade na superfí-
cie do bloco do carvão, mistura-se com carbonato de sódio e umedece para se formar uma
pasta queimada na chama redutora (azul) do bico de Bunsen sobre o carvão vegetal.

e) Reação de formação de pérolas coloridas (de bórax ou de sal de fósforo).


Pérolas comumente usadas são a bórax ou sais de fósforos. Bórax cristalizado
é levado a chama oxidante por meio de fio de platina, funde com água de cristalização
originando bórax calcinado. Continuando a aquecimento até a fusão do bórax com óxidos
obtêm-se boratos coloridos ou incolores que são característicos de respectivos metais
(VOGEL, 1981; BACCAN, 1997; BACCAN 2001).

1.3.1 Reações por via úmida


São as reações mais utilizadas usualmente onde o reagente e amostra estão no
estado líquido ou em solução aquosa, utilizando-se geralmente a água como solvente
universal, ou seja, solução aquosa, pode-se utilizar outros solventes quando a amostra for
insolúvel em água, como por exemplo um ácido, onde pois a maioria das amostras sólidas
podem apresentar características alcalinas (bases) ou sais e óxidos que podem sofrer ata-
ques por estes compostos. O ácido clorídrico é o solvente básico e mais comum utilizada
quando não solúvel em água para a análise de minérios, principalmente ligas metálicas.
Outro ácido utilizado é a água régia, sendo a combinação do ácido clorídrico e ácido nítrico,
na proporção de 3:1 (v/v). Quando a amostra é sólida, há solubilização de amostras para a
realização da análise. (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2003).
Exemplos:
BaCl2(s) + H2O(l) → Ba2+(aq) + 2Cl-(aq)
CuO(s) + H2O(l) → insolúvel
CuO(s) + H2SO4(l) → Cu2+(aq) + SO42-(aq) + H2O(l)
Fe (OH)3(s) + H2O(l) → insolúvel
Fe (OH)3(s) + 6 HCl(aq) → Fe3+(aq) + 3 Cl-(aq) + 3 H2O(l)

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Os testes mais comuns utilizados em análise qualitativa, devem ser empregados
reações que se procedem acompanhadas de variação das suas propriedades físicas ou
químicas facilmente detectáveis, geralmente a olho nu. Como exemplo, uma mistura de
soluções, para identificação de um determinado íon deve acontecer algumas mudanças de
características conforme abaixo.

● Mudança de cor (formação de complexos);


● Formação de substância sólida (formação de precipitados);
● Desprendimento de gases (gases facilmente identificáveis e visíveis
através da cor e odor);
● Observar reação no papel de tornassol.

a) Solução neutra: estão ausentes ácidos e bases livres, sais ácidos ou básicos
devido à reação de hidrólise.
b) Solução alcalina: Pode ser devido a compostos com hidróxidos dos metais alca-
linos, alcalinos terrosos, carbonatos e sulfetos entre outros.
c) Solução ácida: Pode ser causada por ácidos livres, sais ácidos e sais que apre-
sentem reação ácida devido à hidrólise, liberando H+ para solução.

• Evaporação solução a secura e observar a cor e aspecto do resíduo. Se não


houver resíduos apenas substâncias voláteis podem estar presentes: dióxido de carbono,
amônia, dióxido de enxofre, gás sulfídrico, ácido clorídrico, bromídrico, iodídrico, nítrico ou
sais de amônio (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2001).

1.3.2 Métodos de reações de via úmida


a) Tubos de ensaio;
Utilizado para aquecimento de soluções com volumes pequenos.
b) Béquer;
Volumes maiores acima de 10 ml
c) Erlenmeyer;
Volumes maiores, utilizados em reações químicas agressivas.
d) Precipitação;
e) Filtração;
Separar o filtrado do licor-mãe e o excesso de reagente precipitado.
Utilizado papel de filtro fino

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f) Remoção do precipitado do filtro;
Se o precipitado for volumoso, uma quantidade suficiente de pode ser retirada
com uma espátula de aço inoxidável.
g) Secagem de precipitados.
Secagem parcial efetua-se abrindo o filtro, deixando sobre vários papeis de filtros
para absorção da água, ou colocando o papel em um funil e levando a evaporação em uma
caixa de areia aquecida (VOGEL, 1981).

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2. OPERAÇÕES SEMIMICROANALÍTICAS E MICROANALÍTICA
E ANÁLISE DO TOQUE

2.1 Escala das reações analíticas


De acordo com a substância e a quantidade que se encontra, diversas técnicas e
escalas se fazem necessário para análise adequada, estas técnicas no qual se opera para
realizar as reações analíticas são classificadas em:
9 Macroanálise;
9 Microanálise;
9 Semimicroanálise;
9 Ultramicroanálise.

a) Macroanálise:
São ensaios em que as quantidades são relativamente grandes em termos de amos-
tras de substâncias analisadas: maior que 0,10 g ou solução maior que 10 mL geralmente
entre 20 a 50 ml. Estas reações utilizam-se geralmente tubos de ensaio comuns com volume
10 a 20 ml ou em balões com volumes variados e maiores que os tubos. Os precipitados
obtidos na reação são separados das soluções por filtração através de papel de filtro.

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b) Semimicroanálise:
São reações com quantidades intermediárias de quantidade de substância, ficando
entre a macro e a microanálise. Utilizam-se quantidades de substâncias da ordem de 1/20
ou 1/25 das usadas na macroanálise, ou seja, cerca de 0,01 a 10 mg de substância sólida
ou 0,1 a 10 mL de solução. Ainda se obtêm diversas vantagens sobre a macroanálise, den-
tre pode-se citar os resultados mais precisos quanto comparados com os da macroanálise.

c) Microanálise:
As quantidades são bem menores de substância utilizadas na análise, em torno
de alguns miligramas de substância sólida (0,10 a 10,0 mg) ou uns décimos de mililitros
de solução (0,01 a 1,0 mL). Utiliza-se reagentes de grande sensibilidade, o que permitem
identificar a presença de vários componentes. As reações realizam-se pelo método micro-
cristaloscópico ou pelo método da gota (spot test):

c.1) Método microcristaloscópico: São reações sobre uma lâmina de vidro, identifi-
cando-se o íon ou o elemento pela forma dos cristais, observados ao microscópio.
c.2) Método da gota: (reações gota a gota): Reações que acontece uma viragem
de cor da solução ou da formação de precipitados corados. São realizadas em tira de papel
de filtro adiciona gota a gota, a solução em estudo e os reagentes. O resultado no papel de
filtro aparece uma mancha corada, no qual a cor produzida permite confirmar a presença
na solução do íon a identificar.

d) Ultramicroanálise:
Reações com quantidades pequenas, ou seja, inferiores a 1mg, em torno de 0,1 a
100 ug, quando em solução 0,001 a 0,01 ml. Todas as operações analíticas efetuam-se as
observando ao microscópio.
A escala mais comum em química analítica é a escala semimicroanalítica possuindo
como principais vantagens:
9 Pouco consumo de reagentes;
9 Fácil e rápida execução da análise;
9 Maior eficiência na separação.

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2.2 Técnicas de análise qualitativa semimicroanalítica e microanalítica
Alguns aspectos devem ser levados em consideração para a análise de cátions e
ânions, considerando-se suas classificações e reações. Serão abordados alguns procedi-
mentos para a técnica qualitativa semimicroanalítica e microanalítica de como tratar e prepara
os produtos de cada reação, bem como os reagentes que identificam. A seguir os critérios
para a técnica (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).
9 Amostragem:
Para a análise ser bem sucedida e não interfira no meio se faz necessário que a
amostra seja tirada de uma grande quantidade de material para análise, pois deverá conter
todos os constituintes no material coletado. No caso de uma solução, é necessário apenas
que esta seja bem homogeneizada antes da retirada da amostra.
9 Abertura da amostra:
Para uma amostra sólida, terá que dissolver (mineralização, abertura ou digestão)
para que se possa realizar a análise sistemática dos cátions. Usam-se pequenas quantidades
da amostra (20 mg) e testa-se primeiro a solubilidade em água, se a amostra for insolúvel à
temperatura ambiente depois de agitação, aqueça em banho-maria por alguns minutos. Se
amostra não for solúvel em água, realizar os testes sucessivos para determinação de solu-
bilidade nos seguintes meios, sendo inicialmente testados a frio e posteriormente a quente:
● HNO3 diluído;
● HNO3 concentrado;
● HCl;
● água-régia (3 HCl + 1 HNO3.

9 Medidas de quantidade:
As unidades de mediadas para soluções são em gotas ou mililitros (ml). No qual
uma gota padrão corresponde a 0,05 ml; deste modo, 20 gotas correspondem a 1 ml.
Considerando que um conta-gotas padrão libera gotas desse tamanho. Quando necessário
uma medida mais precisa de volume, usam-se micropipetas, pipetas capilares calibradas
ou volumétricas. As quantidades de sólidos são utilizadas as medidas com uma balança
analítica, amplamente utilizada em laboratório para obter massas com alta precisão nos
resultados sem interferentes de massa, como substancias que absorvem umidade. O que
difere uma Balança Analítica de uma Balança Semi-Analítica é o grau de precisão na hora
de aferir o peso. Uma Balança Analítica pode pesar com precisão máxima de até 0,01
miligrama (dependendo do modelo). Essa sensibilidade é adequada pra determinados

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procedimentos e técnicas laboratoriais. Para realizar pesagem quando não se usar a tecla
tara, retirar o peso do recipiente, deve-se realizar diferença: pesando primeiro um tubo de
ensaio e posteriormente com a amostra. Quando a medida exata de uma quantidade não é
importante, como exemplo em análise qualitativa, usa-se comumente uma espátula.
9 Adição de reagentes:
Para a análise não sofra interferentes, se faz necessário preservar os reagentes de
contaminação, por isso os conta-gotas de frascos devem ser mantidos acima dos frascos,
ou seja, cada reagente com o seu respectiva para não acontecer contaminação cruzada.
9 Mistura:
Usualmente utiliza-se tubos de ensaio para as reações, sendo que a homogeneiza-
ção deve ser realizada com agitação manual ou mecânica (agitador de tubos), não podendo
tampar com o dedo ou com uma rolha. Se o volume representar 50% do tamanho do tubo,
este material deverá ser transferido para um béquer.
9 Aquecimento da solução:
Dependendo o volume da solução pode se realizar o aquecimento por cadinhos
sobre chapa de aquecimento ou em tubo de ensaio, utilizando o banho-maria. Aqueça
sempre essas soluções em tubos imersos em banho-maria. Um banho simples pode ser
feito utilizando um béquer de 250 ml.
9 Evaporação de soluções:
Para evaporação os mais indicados recipientes são os com maiores volumes (ml)
para uma a evaporação de vários ml de uma solução, sendo utilizados a caçarolas, cadi-
nhos de porcelanas e béqueres.
9 Centrifugação:
Esta operação é mais indicada e análise qualitativa que a filtração, sendo esta
utilizada em pequenos volumes, menor variação e maior precisão. Os tubos de ensaios
são adequados para a maioria das centrífugas e são preferencialmente usados porque as
soluções são facilmente decantadas. A centrífuga deverá ser equilibrada utilizando sempre
um número par de amostras por vez.
9 Separação da solução sobrenadante de um precipitado:
Deve-se saber a característica do precipitado para a separação e/ou remoção do
mesmo de um determinado sobrenadante, estes diferirem consideravelmente em densida-
de. Se a solução clara ou límpida, pode ser separada do precipitado, vertendo em outro
recipiente. Alguns precipitados aderem às paredes do tubo e não decantam. Não há incon-
venientes tem problema, desde que eles permaneçam na parede do tubo durante a retirada
do sobrenadante. Alguns precipitados são leves e flutuam, mesmo após a centrifugação,
as vezes pode ressuspender. Para que a separação seja mais completa, mesmo quando o
precipitado não se agrega firmemente, é obtida pipetando-se o sobrenadante

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9 Lavagem do precipitado (precipitado)
Após a remoção da solução sobrenadante, estes precipitados ainda conterão uma
pequena quantidade desta solução. Este precipitado pode absorver íons da solução em sua
superfície, estes íons deverão ser removidos e melhorar a pureza do precipitado, sendo
realizado a lavagem. Geralmente se utiliza a água, as vezes é necessário lavá-lo com uma
solução diluída do reagente precipitante, para evitar que este se dissolva. A lavagem é rea-
lizada adicionando o líquido ao precipitado e misturando-se tudo com um bastão de vidro,
homogeneizando, posteriormente, centrifuga-se por alguns segundos para então descartar
a água de lavagem. Será mais eficiente se lavar o precipitado 2 vezes com pequenas
porções do líquido de lavagem do que uma vez com porção de volume maior.
9 Transferência do precipitado:
O precipitado se necessário poderá ser transferido para um tubo ou outra vidraria
para dar continuidade a análise.
9 Teste de acidez:
Em várias etapas para a identificação dos íons em análise poderá ser realizado
o controle do pH. Devendo seguir a escala dos papeis indicadores de pH (unidade III)
(VOGEL, 1981; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

2.3 Análise do toque


Análise do toque ou Spot-test, é uma técnica analítica que consiste na realização
de ensaios em escala semi-micro, micro ou ultra microescala, empregando equipamentos
e materiais simples, de baixo custo, fácil manuseio e fornecendo resultados rápidos. Testes
qualitativo ou semiquantitativo, aplicados em análises clínicas, forenses, ambientais (água
e ar), alimentares e de monitoramento de solos. Este spot test é baseado em um micro
método sobre um papel de filtro impregnado de reagentes e no qual o “soluto problema”
está contido na solução. Diversos métodos são descritos dentre os clássicos de spot-test
envolvem diferentes procedimentos, sendo os principais:
Reação de um pequeno volume ou gotas da amostra e da solução reagente, sendo
aplicadas em uma superfície porosa como exemplo papel de filtro e sílica gel ou não-porosa
como placas de porcelana ou vidro;
Aplicação de um pequeno volume da amostra em uma superfície previamente
impregnada com reagentes;
Exposição de uma de uma gota da solução reagente ou um pequeno pedaço de papel
reativo à ação dos gases liberados pela amostra, que pode ser uma solução ou um sólido.
A técnica de spot-test é aplicada em ensaios onde a formação dos produtos é
seguida de avaliação visual, sendo observadas da produção de coloração, formação de
precipitado ou desprendimento de gás (VOGEL, 1981, FERNANDES 1972).

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3. ANÁLISE QUALITATIVA SISTEMÁTICA INORGÂNICA: ENSAIOS PARA
ÂNIONS EM ESCALA SEMIMICRO

3.1 Esquema de classificação de ânions


Os métodos utilizados para detecção de ânions não são tão sistemáticos como os
descritos para cátions. Não existindo um esquema satisfatório que permite uma separação
dos ânions comuns em grupos principais, conforme mencionado anteriormente. Porém é
possível separar os ânions em grupos principais de dependente da solubilidade em seus
sais de prata, de cálcio ou bário e dos sais de zinco. Mas estes grupos podem ser conside-
rados úteis apenas para dar indicação das limitações do método (VOGEL, 1981).

Esquema de classificação

Processos empregados para identificação de ânions podem ser divididos em:

A) Envolvem a identificação por produtos voláteis obtidos por tratamento com ácidos;
I) Gases desprendidos com ácido clorídrico (HCl) diluído ou ácido sulfúrico (H2SO4)
diluído;
II) Gases ou vapores desprendidos por tratamento com ácido sulfúrico (H2SO4)
concentrado.

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B) Dependem de reações de solução.
I) Reações de precipitação
II) Oxidação e redução em solução.

Classe a
I) Gases desprendidos com ácido clorídrico ou ácido sulfúrico diluídos.
Carbonato, bicarbonato, sulfito, tiossulfato, sulfeto, nitrito, cianeto e cianato.
II) Gases ou vapores desprendidos por tratamento com ácido sulfúrico concentrado.
Fluoreto, cloreto, brometo, iodeto, nitrato, clorato (perigo), preclorato,
permanganato, bromato, borato, citrato entre outros.

Classe b
I) Reações de precipitação
Sulfato, persulfato, fosfato, fosfito, cromato, dicromato e silicato.
II) Oxidação e redução em solução.
Manganato, permanganato, cromato e dicromato (VOGEL, 1981).

Outra classificação usada para ânions seria de acordo com as reações que ocor-
rem em meio ácido diluído na presença ou ausência de Ag+. De acordo coma tabela abaixo,
pode-se observar a que os ânions pertencentes ao grupo I (CO32-, NO2-, S2-, S2O3-2 e SO3-),
são aqueles que se decompõem em solução ácida diluída de HClO4, havendo desprendi-
mento de gases. Os ânions do grupo II (Br -, Cl -, I -, S -2, S2O3-2) são aqueles que precipitam
com Ag+ em meio ácido, enquanto que os do grupo III (C2H3O2, CO32- , NO2-, PO4-3, SO3- etc)
precipitam com Ag+ em meio neutro. O grupo IV (F-, MnO4-, NO3- etc) não possui um reagen-
te de grupo. Como pode ser observado na tabela abaixo (MOELLER e O’CONNOR, 1972).

TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE ÂNIONS ADOTADO POR MOELLER E CONNORS

Fonte: Adaptada: Moeller e O’Connor (1972).

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4. SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE CÁTIONS EM ESCALA SEMIMICRO
(GRUPO I, II, III, IV E V)

4.1 Importância de separação e identificação de cátions


A análise qualitativa é a parte de química analítica que tem como objetivo a iden-
tificação da composição de uma amostra, ou seja, seus constituintes, podendo ser de na-
tureza mineral, vegetal ou animal. Com isso na disciplina em questão, procura-se analisar
qualitativa, ou seja, o que tem na amostra, realizando testes preliminares e confirmatórios
com intuito de identificar os elementos ou íons que formam determinada substância. Os
procedimentos básicos para a identificação de uma espécie química, é baseado em pro-
vocar nela uma variação em suas propriedades que possa ser facilmente observada. Este
reagente e/ou agente tem função de promover esta variação, tem a capacidade de reagir
quimicamente com a amostra/produto que se deseja reconhecer, provocando alterações
básicas como exemplo desprendimento de gás ou precipitação.
A química analítica qualitativa, é de extrema importância científica e prática, repre-
senta um conjunto de métodos de investigação das substâncias e das suas transformações,
identificação da composição química de substâncias e misturas, sendo primordial para
determinação de quais são estes elementos, grupo de elementos ou íons e posteriormente
a sua quantificação, ou seja, o quanto tem de cada um destes elementos previamente
identificado. Estes métodos estão diretamente relacionados com disciplinas científicas afins
da Química, para área da saúde como: Fisiologia, Microbiologia, indústrias farmacêuticas e
também Medicina (VOGEL, 1981; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 94
4.2 Classificação dos cátions (íons metálicos) em grupos analíticos
A análise qualitativa sistemática de cátions se dá a partir de sua classificação em
cinco grupos, tomando-se por base a reação especifica com cada reagente, ou seja, os íons
de comportamento análogo ou semelhantes são agrupados. Os reagentes usados para a
classificação dos cátions mais comuns são o ácido clorídrico, o ácido sulfídrico (sulfeto de
hidrogênio), o sulfeto de amônio e o carbonato de amônio. A classificação é baseada na
maneira que os cátions reagem a tais reagentes com a formação ou não de precipitados
(VOGEL, 1981). Os cincos grupos e suas características são, como se segue:

Grupo I
Os cátions deste grupo formam precipitados com ácido clorídrico diluído. Os íons
deste grupo são: chumbo, mercúrio (I), e prata.

Grupo II
Os cátions deste grupo não reagem com ácido clorídrico, mas formam precipitados
com ácido sulfídrico em meio ácido mineral diluído. Os íons deste grupo são: mercúrio (II),
cobre, bismuto, cádmio, arsênio (III), arsênio (V), antimônio (III), antimônio (V), estanho (II),
estanho (III) e estanho (IV).

Grupo III
Os cátions deste grupo não reagem nem com ácido clorídrico e nem com ácido sul-
fídrico em meio ácido mineral diluído. Todavia, formam precipitados com sulfeto de amônio
em meio neutro ou amoniacal. Os cátions deste grupo são:
cobalto (II), níquel (II), ferro (II), ferro (III), cromo (III), alumínio, zinco e manganês (II).

Grupo IV
Os cátions deste grupo não reagem nem com reagentes do grupo I, nem do II, nem
do III. Eles formam precipitados com carbonato de amônio na presença de cloreto de amônio
em meio neutro ou levemente ácido. Os cátions deste grupo são: cálcio, estrôncio e bário.

Teoria Clássica das Reações: Ácido / Básico (Neutralização), Reações de Precipitação,


UNIDADE III
Reações de Complexação e Reações de Óxido-Redução
95
Grupo V
Os cátions comuns, que não reagem com nenhum dos reagentes dos grupos ante-
riores, formam o último grupo, que inclui os íons magnésio, sódio, potássio, amônio, lítio e
hidrogênio (VOGEL, 1981).

4.2 Separação e identificação de cátions do grupo I


Os cátions deste grupo formam cloretos insolúveis em meio ácido diluído. O rea-
gente precipitante do grupo é o ácido clorídrico diluído. Constituintes do grupo: chumbo II
(Pb2+), mercúrio I (Hg2+) e prata I (Ag+).
Os íons deste grupo são precipitados de coloração branca, como cloretos insolú-
veis pela adição de um pequeno excesso de HCl (ácido clorídrico) diluído, sendo conhecido
como grupo do cloreto insolúvel. O ácido clorídrico é o reagente indicado para precipitação
do 1º grupo fornecendo o ânion Cl- para a precipitação. Abaixo a reação dos cátions do
grupo I (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

Ag+ + Cl - AgCl↓
Hg22+ + 2 Cl - HgCl2↓
Pb2+ + 2Cl - PbCl2↓-

4.2.1 Separação e identificação grupo I

4.2.1.1 Chumbo
Os precipitados obtidos dos cátions do grupo I é composto por uma mistura de íons
AgCl, Hg2Cl2 e PbCl2. O chumbo é separado pelo aumento da solubilidade do cloreto de
chumbo (PbCl2) empregando temperatura. A aumento da temperatura aumenta a solubilida-
de dos cloretos deste grupo, mas o efeito só é percebido ou exacerbado no PbCl2 (VOGEL,
1981; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

PbCl2(s) → Pb2+(aq) + 2Cl-(aq)

Como o AgCl e o Hg2Cl2 são insolúveis em água quente, esta diferença é primor-
dial para separar os íons prata e mercúrio (I) do chumbo, visto que estes são solúveis com
aumento da temperatura. A identificação do chumbo pode ser realizada com o íon sulfato.
Formando-se um precipitado de coloração branco de sulfato de chumbo.

Pb2+(aq) + SO42-(aq) → PbSO4(s).

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UNIDADE
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4.2.1.2 Prata e mercúrio
Após a retirada do chumbo a separação dos cátions se dá através da amônia NH3
no precipitado. O Hg2Cl2 reage com NH3 aquoso para formar complexo insolúveis de cor
cinza a preto. A formação de precipitado branco confirma a presença de mercúrio. Para a
identificação da Ag+, adicione HNO3, gota a gota, até a solução ficar ligeiramente ácida. O
HNO3 converte a amônia em amônio, pois este não reage com a prata e permite que a prata
precipite como cloreto de prata. A formação de precipitado branco confirma a presença de
Ag+ (VOGEL, 1981; BACCAN, 1997; BACCAN 2001; SKOOG et al., 2010).

4.3 Separação e identificação de cátions do grupo II


Os cátions do grupo II precipitam na formam sulfetos insolúveis em meio ácido.
O reagente precipitante do grupo é o ácido sulfídrico, estes precipitados são coloridos ou
pretos. Os cátions deste grupo são: chumbo (II), mercúrio (I), cobre (II), bismuto (III), cád-
mio (II), arsênio (III), antimônio (III) e estanho (II) (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN,
2003; SKOOG et al., 2010).

4.4 Separação e identificação de cátions do grupo III


O grupo III é formam precipitados de hidróxidos ou sulfetos insolúveis em meio
amoniacal. O reagente empregado sulfeto de amônio. Cátions deste grupo: cobalto (II),
níquel (II), ferro (III), cromo (III), alumínio (III), zinco (II) e manganês (II).
De todos os cátions do grupo somente Al3+ e Zn2+ são incolores. Os demais cátions
são coloridos. Para a separação e identificação dos cátions do grupo III segue esquema
demonstrada abaixo:

4.5 Separação e identificação de cátions do grupo IV


Este grupo IV é caracterizado por formarem carbonatos insolúveis em meio alcalino
e sulfetos solúveis em meio aquoso. Os principais constituintes são metais alcalino terrosos
(família 2A tabela periódica), característica de não precipitarem com os reagentes dos gru-
pos anteriores (VOGEL, 1981; BACCAN, 2003; SKOOG et al., 2010).
Cátions: Cálcio (II), estrôncio (II) e bário (II).
Os cátions formam precipitados brancos, sendo o reagente utilizado o carbonato
de amônio em meio tamponado com hidróxido de amônio (NH4OH) e cloreto de amônio
(NH4Cl). Para a precipitação dos cátions desse grupo, adicione gotas de (NH4)2CO3 ho-
mogeneizar e aquecer. Posteriormente Centrifugue e decante. A presença do precipitado
branco indica os íons deste grupo, para a separação adicionar 10 gotas de CH3COOH
dissolver o precipitado. Aquecer, nessa etapa, ocorre desprendimento de CO2 e os cátions
permanecem em solução conforme as reações abaixo (VOGEL, 1981).

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 97
CaCO3↓+ CH3COOH → Ca2+ + 2 CH3COO- + CO2↑+ H2O
SrCO3↓+ CH3COOH → Sr2+ + 2 CH3COO- + CO2↑ + H2O
BaCO3↓+ CH3COOH → Ba2+ 2 CH3COO- + CO2↑ + H2O

4.5.1 Identificação do bário


Para a identificação deste cátion, adicionar HCl e dissolver o precipitado. Após a dis-
solução o bário está em meio aquoso. Adicione alguns cristais de ácido sulfâmico (HNH2SO4).
Este ácido se hidrolisa e fornece íons SO42-. A formação de um precipitado branco confirma
a presença de Ba2+ (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2003; SKOOG et al., 2010).

4.5.2 Identificação do cálcio e estrôncio


Adicione NaOH a amostra precipitada e tornar a solução alcalina. Adicionar 6 gotas
de Na2CO3. Aquecer essa mistura e centrifugue. Ao precipitado adicione HNO3 até completa
a dissolução, aqueça até a secura e deixe resfriar. Adicione 5 gotas de HNO3, agitar e deixe
em repouso por 5 minutos e centrifugue. A solução sobrenadante contém o íon cálcio (II) e
o precipitado o íon estrôncio (II) na forma de Sr (NO3)2.
Para o cálcio adicione água e NH3 até levemente alcalino e 5 gotas de (NH4)2C2O4.
O íon cálcio deverá precipitar na forma de oxalato de cálcio com coloração branca.
Para o estrôncio dissolver o precipitado adicionando gotas de água e NH3 para
neutralizar o HNO3, adicione gotas de trietanolamina (TEA) com a finalidade de sequestrar
o Ca2+ presente em solução para não interferir na identificação de Sr2+. Posteriormente
adicione gotas de (NH4)2SO4 para a precipitação do estrôncio. A formação de precipitado
branco indica a presença de Sr2+ (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2001; SKOOG
et al., 2010).

4.6 Separação e identificação de cátions do grupo IV


Para este grupo não há reagente que precipite todos os cátions em conjunto. Os
íons deste grupo quase não formam compostos insolúveis. Formam soluções aquosas
incolores e a maioria de seus compostos é branca.
Este grupo é formado pelos cátions:
Magnésio (II), sódio (I), potássio (I), amônio (I).
Este grupo apresenta algumas propriedades como não precipitam como cloreto,
sulfeto, hidróxido ou carbonatos, ou seja, os reagentes dos grupos anteriores, formando
compostos incolores. Os íons sódio e potássio são extremamente solúveis e formam poucos
complexos. Magnésio é solúvel, porém forma mais complexos que os íons sódio e potássio.
Os íons amônio são extremamente solúveis, formam complexos incolores (VOGEL, 1981;
BACCAN, 1997).

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 98
4.6.1 Identificação do amônio
Para a identificação proceder a conversão de amônio em amônia com um excesso
de base forte. A amônia sendo liberada pode ser detectada através de um papel de indica-
dor de pH que se torna azul devido à presença da amônia (VOGEL, 1981)

4.6.2 Teste de identificação do íon magnésio (II)


Para este cátion em questão, adicionar NH3/NH4Cl, posteriormente adicione Na2H-
PO4 para a precipitação do íon magnésio na forma de fosfato de amônio e magnésio. A
formação de um precipitado branco cristalino identifica íons magnésio (VOGEL, 1981;
BACCAN 1997; BACCAN, 2001; SKOOG et al., 2010).

4.6.3 Identificação de íons potássio


Para a identificação, adicionar CH3COOH e NaNO2 para tornar o meio levemente
ácido e garantir a eliminação do NH4+. Posteriormente, adicione Na3Co(NO2)6 para identifi-
car o íon potássio. A formação de precipitado amarelo confirma a presença de K+ (VOGEL,
1981; BACCAN, 1997; SKOOG et al., 2010).

4.6.4 Identificação íons sódio


Adicionar acetato de magnésio e uranila. A formação de precipitado amarelo crista-
lino confirma a presença de Na+ (VOGEL, 1981; BACCAN 1997; BACCAN, 2003; SKOOG
et al., 2010).

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 99
SAIBA MAIS

A disciplina Química Analítica Qualitativa, especialmente na modalidade experimental


clássica, é alvo de grande controvérsia nos cursos de Química em todo o Brasil. Ainda
que muitos colegas a considerem fundamental para a formação do futuro profissional,
há os que a tenham como uma disciplina ultrapassada e sem utilidade. A Química Ana-
lítica se divide em Clássica e Instrumental. A Química Analítica Clássica envolve a Quí-
mica Analítica Qualitativa e Química Analítica Quantitativa. A primeira se dedica à iden-
tificação dos componentes presentes em uma dada amostra, enquanto a segunda se
ocupa da determinação da quantidade de cada componente presente. De forma geral, o
conteúdo teórico do ensino de Química Analítica Qualitativa se baseia na apresentação
de fundamentos do equilíbrio químico envolvendo reações ácido-base, de precipitação,
de complexação e de óxido-redução.
O conteúdo experimental faz uso de diversas estratégias para a separação de cátions e
ânions, usando reações características de grupos destas entidades químicas, com base
em suas reações com determinados reagentes, gerando precipitados, que permitem
separar os grupos na fase sólida. Após isolamento desses grupos, os íons são subme-
tidos a processos de separação que envolvem reações químicas específicas, as quais
geram produtos na fase sólida, líquida, ou gasosa, cujas cores, ou outras propriedades
sensoriais como o odor, sejam características de um dado cátion ou ânion que se queira
identificar. Tais procedimentos são baseados em reações que envolvem processos de
precipitação, formação de complexos e óxido-redução, cuja fundamentação é apresen-
tada na parte teórica da disciplina.
Nesse ponto, há também forte controvérsia em relação ao uso do gás sulfídrico como
reagente de separação dos cátions normalmente analisados e várias propostas tentando
a sua substituição vêm sendo feitas há mais de um século. Com o avanço progressivo da
instrumentação analítica, iniciado na década de 1940 e acelerado nas décadas de 1950
e 1960 associados ao avanço da eletrônica, a pesquisa em análise qualitativa passou a
despertar um interesse cada vez menor, praticamente não existindo nos dias atuais.

Fonte: POSTIGO, Julia Pereira, et al. Uma proposta para o ensino de laboratório de química analítica
qualitativa. Quim. Nova, v. 44, n. 4, 502-511, 2021
Disponível em: http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=9226. Acesso em: 17 nov. 2021.

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REFLITA

É sabido que a disciplina de Química Analítica Qualitativa busca a determinação quali-


tativa, ou seja, a determinação da natureza dos constituintes (elementos, grupo de ele-
mentos ou íons) presentes em uma determinada amostra. Para tal, podemos classificar
a análise química em instrumental e clássica. A análise química instrumental permite a
análise qualitativa e a quantitativa a partir de medidas físicas características dos analitos
(como a medida de luz, corrente elétrica, entre outros) e com a ajuda de equipamentos
sofisticados. Já a análise clássica, objeto de estudo desta disciplina, permite a análise
qualitativa com o auxílio de reações químicas entre os analitos e reagentes químicos
específicos. Essas reações permitem a separação do analito e a sua identificação, uma
vez que o produto de uma determinada reação com o analito irá apresentar mudança de
coloração, desprendimento de gás ou ainda precipitação no meio reacional.

Fonte: VOGEL, 1981. 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos finalizando a quarta unidade e última do livro didático de química analítica.


Assim torna-se importante salientar algumas discussões que foram propostas. Sabemos
já da relevância da química analítica para análise de substâncias e/ou complexos através
de suas reações, características entre outros, sendo esta utilizada amplamente na área da
saúde, ou seja, disciplina determinante para saber o que tem chamada de análise qualitativa
e o quanto tem, análise quantitativa.
Agora, é importante que você finalize esse material tendo a clareza da importância
desta disciplina para a sua formação acadêmica e mercado de trabalho, visto que “tudo”
envolve química na saúde. Ao longo dessa unidade, apresentamos diversos conceitos e
aplicações da disciplina no intuito de instigar você a estudar e se interessar pela aplicação
da mesma a determinada área, alguns exemplos abordados cotidianos como algumas
reações básica e aplicação cotidianas em substâncias como identificação de pH ou de um
cátion como exemplo.
Convido você a aproveitar ao máximo esse livro didático para aprimorar seus co-
nhecimentos a aplicações teóricas/técnicas em sua formação.

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IV Úmida e Análise Qualitativa Para Ânions e Identificação de Cátions 102
LEITURA COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a) para entender um pouco mais sobre a unidade IV,


leia o artigo abaixo:

Sugestões de leitura:
“Um estudo em química analítica e a identificação de cátions do grupo III

Fonte: DANTAS, Josivânia Marisa; SILVA, Márcia Gorette Lima; FILHO, Pedro Faria dos Santos. Um

estudo em química analítica e a identificação de cátions do grupo III. Educ. quím. 22(1), 32-37, 2011. Disponível

em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0187893X18301113. Acesso em: 17 nov. 2021.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Química analítica quantitativa elementar
Autor: NIVALDO BACCAN.
Editora: Blucher.
Sinopse: Neste livro os autores apresentam os conceitos bási-
cos de química analítica clássica: gravimetria e volumetria. O
tratamento estatístico dos dados analíticos é considerado a parte
e discutido com alguns detalhes. As instruções práticas incluem to-
das as informações necessárias para que sejam bem conduzidas
experimentalmente.

FILME / VÍDEO
Título: Química Analítica - Aula 17 - Separações de Cátions
Ano: 2017
Sinopse: Separação e reações que envolvem os cátions. Trata
dos passos ou principais maneiras para a identificação e separa-
ção dos principais cátions. Exemplos de identificação de cátions
pelo teste de chama.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ORPYlwEZGb4

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REFERÊNCIAS

BACCAN, N. Química Analítica Elementar. 3ª ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2001.

BACCAN, N. Química Analítica Quantitativa Elementar. 3ª ed. Edgard Blucher, 2003.

BACCAN, Nivaldo et al. Introdução à Semimicroanálise Qualitativa. 7 a ed. Campinas: Ed.


UNICAMP, 1997.

BACCAN, Nivaldo. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. 3. ed. São Paulo, Ed-
gard Blucher, 2003.

BACCAN, Nivaldo. Química Analítica Elementar. 1. ed. Edgar Blücher. São Paulo, 3. ed.
2001.

BAIRD, C.; CANN, M. Environmental chemistry. 4. ed. Freeman, 2008.

BAIRD, Colin.; CANN, Michael. Environmental chemistry. 4. ed. Freeman, 2008. 776.

BARROS NETO, Benicio de; SCARMINIO, Ieda Spacinio; BRUNS, Roy Edward. Como
fazer experimentos: pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 4. ed. Bookman,
2010.

BARROS, B. N.; SCARMINIO, I.; BRUNS, R. E. Como fazer experimentos: pesquisa e


desenvolvimento na ciência e na indústria. 4. ed. Bookman, 2010.

FELTRE, R. Fundamentos de Química. vol. único. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2005.

FELTRE, Ricardo. Química: química geral. v 1. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

FERNANDES, Clovis. Aplicações agrícolas da análise de toque. Pesq. agro pec. brae., Sér.
Agron., 733-41. 1972.

HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 7ª edição. Rio de Janeiro. Ed. LTC, 2011

105
MOELLER, Terald; O’CONNOR, Rod. Ions in Aqueous Systems: An Introduction to Chemi-
cal Equilibrium and Solution Chemistry. McGraw-Hill: USA, 1972.

NELSON, David.; COX, Michael. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2014.

RUSSEL, John. Química geral. 2. ed. v. 2. São Paulo: Makron Books, 1994.

SIMÕES, J. A. M. et al. Guia do laboratório de química e bioquímica. Lidel, 2000.

SKOOG, Douglas; WEST, Donald; HOLLER, James; CROUCH, Stanley. Fundamentos de


Química Analítica: 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

SOLOMONS, Graham. Química Orgânica. 6ª edição. v. 1. Rio de Janeiro: LTC – Livros


Técnicos e Científicos Editora S. A., 1996.

UCKO, D. Química para Ciência da Saúde. Uma Introdução à Química Geral, Orgânica e
Biologia. 2 ed. São Paulo: Manole, 1992.

VOGEL, A. Química analítica quantitativa. 5. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981.

106
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno(a)

Neste material procurei abordar os principais conceitos de química analítica. Foi


possível neste material dar ênfase a importância da disciplina e aplicações atuais especial-
mente na área da saúde.
Início do material procurou-se aprimorar conhecimentos básicos de química aplicada a
analítica com retomada de conteúdo básico necessários para o entendimento e bom andamen-
to das próximas unidades, como conceitos químicos, matéria e suas composições, mudanças
de estados físicos, sendo estes tópicos envolvidos em nosso cotidiano de suma importância.
Apresentou também a importância de conhecimento de reações reversíveis, fato-
res que afetam uma reação em equilíbrio químico, constante de equilíbrio, equilíbrio iônico
da água, potencial de hidrogênio, pH e pOH e efeito tampão, este último tópico sendo
importante para tamponamento sanguíneo com faixas de variações estreitas de pH.
Abordou a importância da teoria das reações e seus principais conceitos e com-
portamento ácido e base de acordo com Bronsted Lowry, Arrhenius, consequentemente
com melhor entendimento das chamadas reações de neutralização, reação que acontece
entre um ácido e uma base formando sal e água. Reação é bem frequente no cotidiano,
um exemplo prático é a hiperacidez estomacal sendo neutralizada por antiácido, uma base.
Ainda sendo abordado outros tipos de reações como exemplo, precipitação, complexação
e oxirredução, esta comumente acontecendo em ligas metálicas como processo corrosivo.
Pra finalizar, abordou-se a importância das técnicas experimentais analíticas e suas
classificações de reações acordo com a via a ser utilizada de acordo com estado físico da
substância, sendo ela reações de via seca (sólido) ou reações de via úmida (geralmente
solução aquosa). Técnicas que se operam as estas reações podem ser classificadas de
acordo com escala, ou seja, quantidade de substância para reações sua classificação se
dá em macroanálise, microanálise, semimicroanálise e ultramicroanálise. Ainda vimos a
classificação dos ânions como e suas reações respectivas para identificação dos mesmos,
assim a classificação dos cátions em grupos analíticos I, II, III, IV e V.

107
Desta maneira procurou-se apresentar neste material a importância da química
analítica e suas aplicações no cotidiano, laboratorialmente e para outras áreas como com-
plemento e/ou adjuvante na pesquisa de novas substâncias ou identificação de substâncias
conhecidas. Com estas informações acreditamos que esteja preparado para seguir o cami-
nho e desenvolver novas habilidades e adquirir novos conhecimentos.

Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado

108
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br

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