Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
lfl
/,p
u
11
/~
I \I
l!'!J
,J
.1
J
_l
'.1
1
(
r
1
t
i
í
11 I' i
1~
RUMOS DA AVALIAÇÃO NESTE S~CULO
f
1
1 fg
r
lr
i
Nas últimas décadas, a atenção dos educadores, dos políticos e da so-
ciedade voltou-se para a dimensão social e política da avaliação por represen-
tar, muitas vezes, práticas incompatíveis com uma educação democrática. In-
tensificaram-se, a partir dai, os estudos e as pesquisas na área, o que já não era
[f
;t,. sem tempo, observando-se movimentos universais nesse sentido.
"· As dissonâncias em tomo dessa prática ocorrem em paralelo à discus-
são sobre uma escola que parece não dar mais conta dos problemas sociais e
,que corre o risco de educar os alunos até mesmo para uma ultrapassada
f. visão do presente. Diz Morin:
,
t i Nova conscli!ncia começa a surgir: o homem, confrontado de todos os lados
'
i às Incertezas, é levado em nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a
incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são
:i;
f. ambivalentes, em que tudo é ligado (2000, p.84).
No seu sentido ético, de juízo de valor, nada mais natural que a avaliação
j'
f ,. educacional seja sacudida na virada do milênio..Que escola queremos? A quem
J~
$- '
Editora Mediação
-,- ,. ,;;-"'
...
r~•~ --~ ' .•
~~~~ti~=.!;::;=~:.
= ,..~:, ·, ",J.....;..
, .... -:--
,;
: ;> \,;·(·'
J.r: ~':' ·, ·' •
a,,kv.
•J'•~l:L~~•..:.- :{
"<l'•'" ••
__,........
1, <-.l.!-
t..1itora Mediação
·.\t.
...' ,,•.
• 1 ., •
~//~:.={_ ·. . .,;·;§~jt?=
fp\
1
Jussara Hoflinann 17
1
concepção classificatória de avaliação, de julgamento de resultados, e a con-
cepção de avaliação mediadora, de ação pedagógica reflexiva.
Alertam os estudos contemporâneos sobre a diferença entre pesquisar
e avaliar em educação. Enquanto a pesquisa tem por objetivo a coleta de
!n!crm3.ções e:. ~ná!ise compreeiisãú do~ dado5 obtidos, a avaiiação estâ
1
predominantemente a serviço da o conhecimento obtido,
pela observação ou investigação,a serviço da melhoria da situação avaliada.
Observar, compreender, explicar uma situação não é avaliá-la; essas ações
são apenas uma parte do processo. Para além da investigação e da Interpre-
tação da situação, a avaliação envolve necessariamente uma ação que pro-
mova a sua melhoria.
1
Esse primeiro principio é o mais importante de todos para se compre-
ender as novas tendências, porque altera, radicalmente.a finalidade da avalia-
1'.~c~.
.. ~.,:
'• •
ção em relação às práticas classiflcatórias, seja da aprendizagem do aluno, seja
....... . . de um currículo ou programa.
·• .
f..:ndam~mtal f.i:;ar esse ponto: ,nudanças essenciais em avaiiação di-
1
zem respeito à finaiidade dos procedimentos avaiíativos e não, em primeiro
plano, à mudança de tais procedimentos. Observe-se, entretanto, que a maio-
ria das escolas e universidades iniciam processos de mudanças alterando no~
mas e práticas avaliativas, ao invés de delinear, com os professores, principias
norteadores de suas práticas.
Em relação à aprendizagem, uma avaliação a serviço da ação não tem
1
por objetivo a verificação e o registro de dados do desempenho escolar, mas
a observação permanente das manifestações de aprendizagem para proceder
a uma ação educativa que otimize os percursos individuais.
No que se refere à avaliação de um curso, da mesma forma, a coleta de
tmorm:.~õ= não ttm per Kntido a ar.AU~ ôo 5eu estado awai, rankings
1
cíassificatórios, apresentaÇão de gráficos estatísticos, mas a implementação de
programas que resultem em beneficio à escola ou à instituição de ensino avaliada.
Funda-se esse principio da avaliação na visão dlalédca do conheci-
mento, que implica o principio de historicidade: o conhecimento humano
visa sempre ao futuro, à evolução, à superação. Assim. destina-se a avalia-
ção mediadora a conhecer, não apenas para compreender, mas para pro-
1
mover ações em beneficio aos educandos, às escolas. às universidades.
O papel do avaliador, ativo em termos do processo, transforma-se no
de participe do sucesso ou fracasso dos alunos, uma vez que os percursos
individuais serão mais ou menQ$ favorecidos a partir de suas decisões peda-
ediação
M A $ ª*ª,
,e·--~
góg!ca! q1..-e ~-,dçrao, i8uaimence, da amplitude das observações. Pode-s , - ~ ·
pensar, a partir daí, que não é mais o aluno que deve estar preparado pan
li,
escola, mas professores e escolas é que devem preparaNe para ajustar prt-
postas pedagógicas favorecedoras de sua aprendizagem, sejam quais forr
seus ritmos, seus interess~ e oo singu!a..-idades. .
Avaliar para promover significa. assim, comp~dc:- a fii.alid.adt! dei~ '
prática a serviço da aprendmgem, da melhoria da ação pedagógica, visando •
promoção moral e intelectual dos alunos. O professor assume o papel 011
investigador, de esclarecedor, de organizador de experiências significativas à
aprendizagem. Seu compromisso é o de agir refletidamente. criando "' ,.~. MS; , 'd
ando al--.an-.ativo pedagógicas adequadas a partir da melhor observação eco--~--!!!~~;;-;;;
-
nheci~nto de cada um düs illunos, sem perder a observação do conjunto (
promovendo sempre ações interativas.
Nada mais natural que se perceba a inquietude dos educadores frentt'
ao compromisso da avaliação embasada nesse princípio. Em primeiro lug.~
porque, a partir dele, elimina-sf! :i dicotomia educação e civaíiação. Muitos pro- .~
fessores se queixaram, nas últimas décadas, de "dar ex~e.-:z aulas" a alu,~ ·
que,"por problemas deles", nada aprenderam. Em segundo lugar; porque tom? ·
evidente o compromisso do professor e da escola em conhecer e respeita~ .
as diferenças.
No meu entender.há sérios entraves em nossas escolas e unive~id:
des quanto à efetiva~o óe uma prática avaliativa em consonãncia a esse pri-
meiro prindp!o delineado. Ainda há um enorme descompasso entre o
pretendido e o realizado pela maioria das instituições educacionais. Com as ,
exigências da LDB nº 9.394196, a maioria dos regimentos escolares é introduzida
por textos que enunciam objetivos ou propósitos de uma avaliação continua. •.
mas estabelecem normas dassí~tórias e ton-.ati'.a.s, rt=vt:lando a manuten- ·
ção das práticas tradicionais.
Percebo, também, a enorme dificuldade de avanços no sentido da .
aceitação, pelos educadores e pela sociedade em geral, de preceitos estabe- ·
lecidos pela LDB sobre oportunidades de promoção do aluno na escola, .
expressas na sugestão de regimes não seriados, ciclos, programas de .1cele-
ração e outros.Tal resiscência parece revelar o forte arraigamento da con-
cepçlo d.!!sifkatória da a·Yêalic1ção dentre os professores, apesar dos seus -s>'!
discursos simularem, muitas vezes, tendências inovadoras.
Tanto as normas classificatórias ainda presentes nos regimentos, quanto ._•i {:]
as criticas às novas formas de progressão escolar, revelam o caráter seletivo e ·,• >~l '• -<,,,
burocrático que continua a prevalecl!r na avaliação educaciot ,ai em nosso pais. -~,-)1
1
Avalia-se para favorecer processos de aprendfzapml Por .que
se gasta tanto tempo e energia com registrOS de resultados e tão pouco para
refletir sobre questões de aprendizagem?
AYIIIIHe o desenvoMnwrto do alunol Por que se somam resul-
tados parciais sem analisar processos?
1
O ensino funda..rne"tal 6 d!re!tc de todas as cr'.ança. bíaillel-
rul Por que se criticam alternativas de progressão continuada e se aplaudem
-
práticas seletivas e excludentes?
Editora Mediaçao