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APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a formação da cozinha caipira, assim
como alguns pratos típicos.
Bons estudos.
DESAFIO
Você é dono de um buffet temático. Um cliente muito simpático resolveu fazer a festa de
aniversário do pai dele, que completará 80 anos, com quitutes do Vale do Paraíba, pois
sua cidade natal é Taubaté.
Ele quer que seu pai volte no tempo a partir da comida e que relembre as incríveis histórias da
sua juventude.
O local será a chácara da família, porém não há muito espaço e a família é grande. Foi decidido
que a forma de serviço será volante, ou seja, tudo em formato finger food. Dessa maneira, a
festa fica mais descontraída, considerando que terão uma pista de dança, porque o aniversariante
é um “pé de valsa”.
O Desafio é simples: você está montando o menu do aniversário. Para isso, precisa indicar as
receitas de cada prato, pois o menu está com as receitas misturadas. Você deverá acessar o
material a seguir e organizar o menu. Arraste cada receita e coloque junto de qual prato essa
receita representa. Após, você deve clicar em corrigir e fazer o download do seu menu, para
corrigir com o menu-modelo na resposta padrão.
INFOGRÁFICO
A farofa de içá é uma das iguarias mais tradicionais do Vale do Paraíba do Estado de São Paulo.
A formiga já era consumida pelos índios nativos. Através das gerações, ainda é muito presente
nas mesas valeparaibanas. De sabor único e surpreendente, a içá não é somente um insumo, mas
um símbolo da cozinha brasileira de raiz.
Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO
Todo prato brasileiro tem um pouco de índio, do africano e do português. Em cada região do
Brasil, essa fusão ganha novos coloridos e sabores específicos. Na cozinha rural, os rústicos
fogões a lenha, panelas de barro, ferro e cobre se entrelaçam ganhando vida, aromas e sabores
únicos.
Leia o capítulo Cozinha rural, da obra Gastronomia brasileira I, base teórica para esta Unidade
de Aprendizagem. A partir desse estudo, você vai aprender mais sobre a formação da cozinha
caipira.
Boa leitura.
GASTRONOMIA
BRASILEIRA I
Elissa França
Cozinha rural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A chamada cozinha rural está presente, mais especificamente, no interior
de São Paulo e Minas Gerais.
Define-se como cozinha caipira o conjunto de cozinhas e comidas
do interior, aquelas que são feitas em panelas de barro, ferro ou cobre
e com o uso de fogão e forno à lenha. Trata-se de comidas simples e
substanciosas, sendo estas e seus insumos descritos ao longo deste
capítulo, bem com a região que contempla essa cozinha.
A cozinha rural, mais conhecida como cozinha caipira, é um conjunto
de pratos típicos dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Antigamente,
esta era feita no fogo de chão ou trempe — o fogão dos tropeiros —, no
qual as panelas eram apoiadas em pedras, em formato de triângulo, ou
penduradas em uma estrutura de ferro com três pés ou varas em tripé,
arco ou trave por cima do fogo, as quais podiam ser de ferro ou de pau
verde. O tucuruva era o fogão improvisado em cupinzeiro abandonado.
Com o passar dos tempos, o fogão ganhou a altura e o formato do
que hoje é o fogão à lenha.
Entre os pratos da cozinha rural estão o leitão à pururuca, o cuscuz
caipira de legumes, a pamonha, o arroz e o feijão tropeiro, o bolinho de
milho caipira, a vaca atolada, o frango caipira, o furrundum, a farofa de
linguiça, a paçoca de carne batida no pilão, a fraldinha feita em panela de
ferro, o torresmo, a paçoca de amendoim também pilada, a canjiquinha
com costela de porco (não, na cozinha caipira não se fala suíno), o virado
à paulista, o afogado, o bolinho de mandioca, a rabada, o angu, o pé-
-de-moleque, a cabidela miúda, a farofa de içá, a rosquinha de pinga, o
2 Cozinha rural
O Vale do Paraíba do Sul Paulista constitui uma das áreas mais antigas de
ocupação do estado, a colonização definitiva do Vale do Paraíba do Sul Pau-
lista teve início no século XVII, como parte do processo de ocupação das
terras brasileiras.
foi substituído por uma água adocicada com rapadura, o chamado café de
rapadura. Este pode ser um dos fatores responsáveis por, até os dias atuais, o
café dessa região ser preparado de forma fraca, sendo bem ralo. As farinhas
de milho e mandioca eram a base da alimentação, com elas, fazia-se uma papa
para matar a fome, a qual era chamada de jacuba.
O alimento mais comum, já cultivado pelos nativos, era o milho. Esse
cereal se transformava em farinha, pamonha, curau e canjica.
Nas primeiras vilas estabelecidas, o Rio Paraíba fornecia muitos peixes
e jacarés, que enriqueciam a mesa. Essa alternativa substituía a necessidade
da carne vermelha, já que nos séculos XVI a XVIII esta ainda era muito cara
para a população e difícil de ser encontrada. As carnes comuns eram as de
caça, como as de tatu, capivara e lagarto (RAMOS, 2010).
O costume de consumir hortaliças e verduras passou a ocorrer apenas
quando o comércio se tornou regular na região, com produtores e mercado-
res. Isso ocorreu apenas na metade do século XIX, juntamente com o forte
comércio de café como economia nacional, o qual impulsionava o progresso
de São Paulo, principalmente no Vale do Paraíba.
De início, as hortaliças, as verduras e os outros alimentos comuns eram:
couve, abóbora, banana, feijão, carne suína, carne seca, alho, cebola, azeite,
sal, pimenta, folhas de louro, ovos, milho e palmitos.
As heranças dos tropeiros e bandeirantes na alimentação valeparaibana
são a carne seca, o feijão, as farinhas e o sal. Esses elementos são resistentes
a longas jornadas e fáceis de serem carregados nos farnéis. Nesse processo,
surgiram os pratos feijão tropeiro, paçoca de carne seca e virado à paulista.
Ao longo do percurso, os desbravadores plantavam feijão, abóbora e milho,
garantindo, assim, os seus mantimentos.
A banana foi implanta no início da colonização portuguesa, com os ne-
gros, que eram os que as plantavam, bem como o hábito de criar animais e o
uso do açúcar, uma vez que antes era usado apenas o mel e a rapadura como
adoçantes, sendo esta mais uma interferência lusa. A mandioca, o milho e os
palmitos já faziam parte da dieta indígena nativa.
Os escravos africanos, antes da economia cafeeira, introduziram o leite
de coco, o dendê, as pimentas, a banana e o inhame. O tempo passou, mas as
receitas passadas de forma oral, de geração a geração, continuam até hoje,
sendo simples e substanciais.
A estrutura da cozinha passou a ser feita em fogões à lenha, que antes
eram preparados em tucuruvas e trempes. A utilização de diferentes panelas
também facilitou o desenvolvimento da cozinha em si, bem como a utilização
4 Cozinha rural
farinhas. Essas farinhas são utilizadas para preparar a paçoca e a farofa, além
de engrossar o pirão. Deste, derivam-se os mingaus, as canjicas e as papas.
Os portugueses deixaram como legado na gastronomia a incrível habilidade
de se utilizar os ovos e o açúcar de cana na doçaria, haja vista que antes se
usava apenas a rapadura e o mel para adoçar as preparações e os alimentos.
Algumas receitas herdadas que incluem esses ingredientes são: baba de moça,
fios de ovos, bolos e gemadas com vinho, além de uma infinidade de doces à
base de ovos, os quais incorporaram, aqui, os ingredientes nacionais, como o
coco no quindim, os amendoins, as castanhas, os cajus e a banana-da-terra.
A predileção de doces para a sobremesa, em vez de frutas, como os nativos
faziam, também é uma influência portuguesa.
Dos engenhos, retirava-se, além do açúcar, a rapadura e o melado. Esse
último, quando misturado com farinha e mais tarde com queijo, tornou-se um
deleite para os mineiros. A canjica com leite e açúcar se tornou a sobremesa
predileta nas fazendas. Além destes, pode-se citar a couve, importante verdura
mineira, que também tem origem portuguesa.
Das colônias portuguesas, foram trazidos:
[...] galinhas, gansos, patos, gado, arroz, cana de açúcar, trigo, cebolinha, alho
e laranja. No tempero, eles dão sua principal contribuição: além de impor o
gosto pelo sal e ensinar a salgar a carne para conservá-la, trouxeram consigo
o cravo, a erva-doce, a canela e o alecrim (DESCUBRA MINAS.COM, 2018,
documento on-line).
Pratos típicos
Vale do Paraíba
Todo esse processo resultou em pratos como: bolão de fubá, canjiquinha,
vaca atolada, farofa de içá, curau, afogado, pinhão cozido e bolinho de chuva.
Porém, o rei do Vale do Paraíba é o bolinho caipira, haja vista que em
qualquer uma das cidades da região ele está presente. Em Jacareí, por exemplo,
ele é considerado um patrimônio cultural (GLOBO.COM, 2015).
A base do bolinho sempre será feita de farinha de milho amarela, no entanto,
em algumas cidades, ela é misturada com farinha branca ou de mandioca.
Em São José dos Campos, o recheio é feito com carne moída crua, sendo
esta cozida na fritura, o que deixa o bolinho mais molhadinho, enquanto em
Taubaté o recheio de carne moída é refogado antes de entrar no bolinho. Em
Jacareí, a linguiça é o recheio e em Caçapava a carne moída, além de estar no
recheio, também faz parte da massa.
Em qualquer cidade e forma de apresentação, o bolinho caipira faz o maior
sucesso e é considerado, pelos valeparaibanos, como uma iguaria tipicamente
brasileira (COPPI, 2017).
Outro símbolo da região é o afogado, um ensopado de carne simples e sa-
boroso, que remete à época colonial. Em princípio, a receita era confeccionada
com carne ligeiramente seca, cozida em água. Hoje, a receita varia de cidade
para cidade, podendo conter legumes, como a batata.
Em Paraibuna, o prato leva o nome de fogado, sendo decretado como
Patrimônio Histórico e Cultural do Município em 03 de junho de 2005. A
receita teve sua origem no século XIX, com a chegada do gado na região.
Os bois eram usados para o trabalho e as vacas eram abatidas, já bastante
velhas. Por consequência, a carne era muito dura, sendo necessário horas de
cozimento para que ficasse macia.
As partes do gado utilizadas para se preparar o fogado eram as quatro
patas, enquanto o restante do animal era salgado para conservação. O nome
Cozinha rural 7
Minas Gerais
As quitandas sempre foram os acompanhamentos do café, sendo lá consu-
mido tudo o que era produzido a partir do que vinha do quintal, como bolos,
biscoitos, sequinhos, broas de fubá, sonhos, docinhos de leite, goiabada com
queijo ou qualquer tipo de compota.
Hoje em dia, essas e outras quitandas ainda são tradicionais em Minas
Gerais:
Qual paulista nunca comeu um romeu e julieta e qual mineiro nunca expe-
rimentou uma bela ambrosia? Esses doces são preparados nas casas da cidade
e do campo, sendo iguarias que as avós ensinaram a filhos e netos, as quais
foram perpetuadas não apenas nos livros de receitas, como também à mesa
dos caipiras paulistas e mineiros.
Bolinhos de chuva de pingar ou de corte e bolinhos de milho recheados
com frango não só ultrapassam os limites dos estados, como também das
memórias dos que fazem parte da cozinha rural brasileira.
https://goo.gl/2nCkR4
GLOBO.COM. Bolinho caipira é patrimônio cultural em Jacareí, SP. 2015. Disponível em:
<http://redeglobo.globo.com/sp/tvvanguarda/noticia/2015/06/bolinho-caipira-e-
patrimonio-cultural-em-jacarei-sp.html>. Acesso em: 29 jun. 2018.
GLOBO.COM. Prato típico do interior, formiga é vendida em comércios em Tremembé. 2016.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/10/
prato-tipico-do-interior-formiga-e-vendida-em-comercios-em-tremembe.html>.
Acesso em: 4 jul. 2018.
MINAS GERAIS. Cozinha mineira: Minas de muito sabores. [2018]. Disponível em: <http://
mg.gov.br/conheca-minas/cozinha-mineira>. Acesso em: 4 jul. 2018.
RAMOS, R. H. P. A cozinha paulista. São Paulos: Melhoramentos, 2010.
SOUSA, M. Farofa de formiga. 2017. Disponível em: <https://br.toluna.com/opi-
nions/3495815/Farofa-de-formiga-Tanajura-ou-I%C3%A7%C3%A1-j%C3%A1-comeu-
Achou>. Acesso em: 16 set. 2018.
Leituras recomendadas
BLOG DO CHEF TAICO. 2018. Disponível em: <https://blogdocheftaico.com/carne-na-
lata/>. Acesso em: 16 set. 2018.
FRIEIRO, E. Feijão, angu e couve: ensaio sobre a comida dos mineiros. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1982.
HOLAMBRA, S. B. Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
A cozinha rural, mais conhecida como cozinha caipira, é um conjunto de pratos típicos dos
Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Os pratos da cozinha mineira nasceram da facilidade
de encontrar os alimentos necessários no próprio quintal de casa, como galinhas, mandioca,
feijão, milho, entre outros.
No vídeo da Dica do Professor, você vai aprender a preparar uma galinhada, prato típico da
cozinha caipira mineira.
EXERCÍCIOS
A) Tucuruva.
B) Trempe.
C) Fogão a lenha.
D) Fornalha.
E) Farnel.
2) Quais insumos já eram utilizados pelos índios nativos da região hoje conhecida como
Vale do Paraíba, interior de São Paulo?
A) Mandioca, couve e banana.
4) Em Minas Gerais, há um prato muito popular, que pode ser encontrado em qualquer
boteco. Apesar de ser simples, é apreciado por qualquer mineiro, independente da
classe social. Esse prato leva o nome de:
A) tudão.
B) restodontê.
C) micelania.
D) virado.
E) mexido.
5) A carne na lata é uma tradição da cozinha mineira. Afinal, para que serve essa técnica?
A) Agregar sabor.
B) Conservação.
C) Higienização.
D) Ritual cultural.
E) Hábito popular.
NA PRÁTICA
A carne na lata é uma das maneiras de conservação de carnes. Em épocas em que não existia
geladeira, essa foi a melhor alternativa para que a carne se conservasse por muito tempo.
Juliana está fazendo uma pesquisa sobre o método de conservação de carnes nessa época. Veja o
que ela descobriu sobre o procedimento da carne na lata.
Juliana aprendeu, ainda, que, se fizer o procedimento correto, a conservação da carne durará até
por um ano.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
No artigo recomendado, veja informações interessantes sobre tradição e a cultura que traduzem
a identidade de um povo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
No artigo a seguir, leia uma reflexão sobre identidade social a partir do bolinho caipira de
Jacareí.
Descubra minas
Neste link, você vai encontrar várias receitas de quitandas mineiras que poderão lhe auxiliar
também a compreender, por meio das receitas, um pouco mais da cultura mineira.