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Cozinha Rural

APRESENTAÇÃO

Os tropeiros e os bandeirantes foram os primeiros desbravadores a iniciar o processo de


formação da cozinha caipira. Contudo, outras influências, como os colonizadores portugueses,
os escravos africanos e os indígenas nativos também compõem essa incrível e saborosa
identidade cultural brasileira.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a formação da cozinha caipira, assim
como alguns pratos típicos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar a formação da cozinha rural.

• Identificar os Estados que fazem parte da cozinha rural.

• Estimar os pratos típicos da cozinha rural.

DESAFIO

Você é dono de um buffet temático. Um cliente muito simpático resolveu fazer a festa de
aniversário do pai dele, que completará 80 anos, com quitutes do Vale do Paraíba, pois
sua cidade natal é Taubaté.

Ele quer que seu pai volte no tempo a partir da comida e que relembre as incríveis histórias da
sua juventude.

O local será a chácara da família, porém não há muito espaço e a família é grande. Foi decidido
que a forma de serviço será volante, ou seja, tudo em formato finger food. Dessa maneira, a
festa fica mais descontraída, considerando que terão uma pista de dança, porque o aniversariante
é um “pé de valsa”.
O Desafio é simples: você está montando o menu do aniversário. Para isso, precisa indicar as
receitas de cada prato, pois o menu está com as receitas misturadas. Você deverá acessar o
material a seguir e organizar o menu. Arraste cada receita e coloque junto de qual prato essa
receita representa. Após, você deve clicar em corrigir e fazer o download do seu menu, para
corrigir com o menu-modelo na resposta padrão.

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INFOGRÁFICO

A farofa de içá é uma das iguarias mais tradicionais do Vale do Paraíba do Estado de São Paulo.

A formiga já era consumida pelos índios nativos. Através das gerações, ainda é muito presente
nas mesas valeparaibanas. De sabor único e surpreendente, a içá não é somente um insumo, mas
um símbolo da cozinha brasileira de raiz.

Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO

Todo prato brasileiro tem um pouco de índio, do africano e do português. Em cada região do
Brasil, essa fusão ganha novos coloridos e sabores específicos. Na cozinha rural, os rústicos
fogões a lenha, panelas de barro, ferro e cobre se entrelaçam ganhando vida, aromas e sabores
únicos.

Leia o capítulo Cozinha rural, da obra Gastronomia brasileira I, base teórica para esta Unidade
de Aprendizagem. A partir desse estudo, você vai aprender mais sobre a formação da cozinha
caipira.

Boa leitura.
GASTRONOMIA
BRASILEIRA I

Elissa França
Cozinha rural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar a formação da cozinha rural.


„„ Identificar os estados que fazem parte da cozinha rural.
„„ Estimar os pratos típicos da cozinha rural.

Introdução
A chamada cozinha rural está presente, mais especificamente, no interior
de São Paulo e Minas Gerais.
Define-se como cozinha caipira o conjunto de cozinhas e comidas
do interior, aquelas que são feitas em panelas de barro, ferro ou cobre
e com o uso de fogão e forno à lenha. Trata-se de comidas simples e
substanciosas, sendo estas e seus insumos descritos ao longo deste
capítulo, bem com a região que contempla essa cozinha.
A cozinha rural, mais conhecida como cozinha caipira, é um conjunto
de pratos típicos dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Antigamente,
esta era feita no fogo de chão ou trempe — o fogão dos tropeiros —, no
qual as panelas eram apoiadas em pedras, em formato de triângulo, ou
penduradas em uma estrutura de ferro com três pés ou varas em tripé,
arco ou trave por cima do fogo, as quais podiam ser de ferro ou de pau
verde. O tucuruva era o fogão improvisado em cupinzeiro abandonado.
Com o passar dos tempos, o fogão ganhou a altura e o formato do
que hoje é o fogão à lenha.
Entre os pratos da cozinha rural estão o leitão à pururuca, o cuscuz
caipira de legumes, a pamonha, o arroz e o feijão tropeiro, o bolinho de
milho caipira, a vaca atolada, o frango caipira, o furrundum, a farofa de
linguiça, a paçoca de carne batida no pilão, a fraldinha feita em panela de
ferro, o torresmo, a paçoca de amendoim também pilada, a canjiquinha
com costela de porco (não, na cozinha caipira não se fala suíno), o virado
à paulista, o afogado, o bolinho de mandioca, a rabada, o angu, o pé-
-de-moleque, a cabidela miúda, a farofa de içá, a rosquinha de pinga, o
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doce de bananinha, o doce de leite com amendoim, o manjar de coco,


o arroz doce, entre outros.

A formação da cozinha rural: São Paulo


e Minas Gerais

A cozinha rural de São Paulo


Para entender a cozinha rural de São Paulo, será feito um recorte enfatizando
o Vale do Paraíba, região que abrange o eixo entre as cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro, agregando as terras ao longo do Rio Paraíba e as encostas da
Serra da Mantiqueira e do mar.
Segundo Arruda (2013, p. 1233),

O Vale do Paraíba do Sul Paulista constitui uma das áreas mais antigas de
ocupação do estado, a colonização definitiva do Vale do Paraíba do Sul Pau-
lista teve início no século XVII, como parte do processo de ocupação das
terras brasileiras.

A ocupação desse território teve início com as bandeiras, avançando para as


matas e abrindo clareiras em busca de índios para mão-de-obra escrava, ouro
e pedras preciosas. Os bandeirantes começaram a povoar e fazer plantações
de mandioca, milho e feijões nos locais, sendo estas as principais agriculturas.
A composição da cozinha caipira se dá ao entrelaço dos costumes dos
indígenas nativos, dos europeus colonizadores (portugueses e espanhóis) e
dos africanos escravos, sendo que os índios já plantavam mandioca e milho.
Dos portugueses, veio a criação de bois, porcos, cabras e ovelhas e a
predileção por se alimentar destes e de outros animais, como aves, mariscos,
crustáceos.

[...] a ciência colonizadora do português atingiu o esplendor na transmissão


do seu paladar aos aborígenes e sucessores. O que não era brasileiro e vinha
de Portugal tornou-se brasileiro pela continuidade do uso normal; toucinho,
lingüiça, presunto, vinho, hortaliças, saladas, azeite, vinagre [...] (CASCUDO,
2011, p. 242).

A cozinha de origem humilde do Vale do Paraíba que sofreu com a pobreza


precisou se adaptar aos insumos existentes na região. Pela falta do café, este
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foi substituído por uma água adocicada com rapadura, o chamado café de
rapadura. Este pode ser um dos fatores responsáveis por, até os dias atuais, o
café dessa região ser preparado de forma fraca, sendo bem ralo. As farinhas
de milho e mandioca eram a base da alimentação, com elas, fazia-se uma papa
para matar a fome, a qual era chamada de jacuba.
O alimento mais comum, já cultivado pelos nativos, era o milho. Esse
cereal se transformava em farinha, pamonha, curau e canjica.
Nas primeiras vilas estabelecidas, o Rio Paraíba fornecia muitos peixes
e jacarés, que enriqueciam a mesa. Essa alternativa substituía a necessidade
da carne vermelha, já que nos séculos XVI a XVIII esta ainda era muito cara
para a população e difícil de ser encontrada. As carnes comuns eram as de
caça, como as de tatu, capivara e lagarto (RAMOS, 2010).
O costume de consumir hortaliças e verduras passou a ocorrer apenas
quando o comércio se tornou regular na região, com produtores e mercado-
res. Isso ocorreu apenas na metade do século XIX, juntamente com o forte
comércio de café como economia nacional, o qual impulsionava o progresso
de São Paulo, principalmente no Vale do Paraíba.
De início, as hortaliças, as verduras e os outros alimentos comuns eram:
couve, abóbora, banana, feijão, carne suína, carne seca, alho, cebola, azeite,
sal, pimenta, folhas de louro, ovos, milho e palmitos.
As heranças dos tropeiros e bandeirantes na alimentação valeparaibana
são a carne seca, o feijão, as farinhas e o sal. Esses elementos são resistentes
a longas jornadas e fáceis de serem carregados nos farnéis. Nesse processo,
surgiram os pratos feijão tropeiro, paçoca de carne seca e virado à paulista.
Ao longo do percurso, os desbravadores plantavam feijão, abóbora e milho,
garantindo, assim, os seus mantimentos.
A banana foi implanta no início da colonização portuguesa, com os ne-
gros, que eram os que as plantavam, bem como o hábito de criar animais e o
uso do açúcar, uma vez que antes era usado apenas o mel e a rapadura como
adoçantes, sendo esta mais uma interferência lusa. A mandioca, o milho e os
palmitos já faziam parte da dieta indígena nativa.
Os escravos africanos, antes da economia cafeeira, introduziram o leite
de coco, o dendê, as pimentas, a banana e o inhame. O tempo passou, mas as
receitas passadas de forma oral, de geração a geração, continuam até hoje,
sendo simples e substanciais.
A estrutura da cozinha passou a ser feita em fogões à lenha, que antes
eram preparados em tucuruvas e trempes. A utilização de diferentes panelas
também facilitou o desenvolvimento da cozinha em si, bem como a utilização
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de facas, talheres e novas técnicas, como a conservação dos alimentos em


banha, a defumação e o processo de salga.

A cozinha rural de Minas Gerais


A cozinha caipira tem sua origem nas jornadas dos tropeiros, que viajavam
durante meses levando mantimentos e animais de tração para serem vendidos,
principalmente em Minas Gerais.
Nessas longas viagens, os alimentos deveriam ser secos, como feijão quase
sem caldo, com pedaços de carne-seca e couve picada, assim, evitava-se que se
estragassem logo e também se facilitava o transporte. Dessa maneira, nasceu o
feijão tropeiro, sendo incorporado tanto na cozinha mineira quanto na paulista.
Outros pratos típicos são: o pão de queijo, a canjiquinha com costelinha
suína, o frango com quiabo, a galinha com ora-pro-nóbis, o leitão assado à
pururuca, a vaca atolada (costela bovina cozida com mandioca), o tutu de
feijão com couve e torresmo, o angu de fubá, que é um acompanhamento para
todas as horas, bem como os doces preparados em panelas de cobre (doce de
leite, doce de abóbora com coco, marmelada, goiabada, ambrosia, doces de
leite de corte, doces de limãozinho tahiti, etc.).
A época do ciclo de ouro fez a culinária mineira surgir simples e saborosa.
Segundo o site oficial do Governo de Minas Gerais:

Essa origem e composição da cozinha tradicional e típica mineira que a nós


foi legada nos remete à análise de dois períodos históricos que marcaram a
vida econômica, social, política e cultural em Minas Gerais: o período da
mineração, cujo apogeu se deu no século XVIII; e o período da "ruralização",
momento de concentração da vida econômica e social nas fazendas, que
sucedeu ao declínio das minas e durou do final do século XVIII até o início
do século XX (MINAS GERAIS, 2018, documento on-line).

A exploração do ouro provocava inflações na economia local, devido a


isso, os alimentos eram caros e difíceis de serem encontrados, o que fez com
que os mineiros precisassem plantar e criar animais de pequeno porte para
se alimentar.
Assim, os pratos nasceram da facilidade de encontrar os alimentos no
quintal, como mandioca, feijão, milho, ora-pro-nóbis, almeirão, taioba, abóbora
menina, abobrinha, galinhas e porcos.
A cozinha mineira é um entrelaço dos índios nativos, da influência lusa e
dos africanos. Dos índios, herdou-se a mandioca e o milho, dos quais se faz as
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farinhas. Essas farinhas são utilizadas para preparar a paçoca e a farofa, além
de engrossar o pirão. Deste, derivam-se os mingaus, as canjicas e as papas.
Os portugueses deixaram como legado na gastronomia a incrível habilidade
de se utilizar os ovos e o açúcar de cana na doçaria, haja vista que antes se
usava apenas a rapadura e o mel para adoçar as preparações e os alimentos.
Algumas receitas herdadas que incluem esses ingredientes são: baba de moça,
fios de ovos, bolos e gemadas com vinho, além de uma infinidade de doces à
base de ovos, os quais incorporaram, aqui, os ingredientes nacionais, como o
coco no quindim, os amendoins, as castanhas, os cajus e a banana-da-terra.
A predileção de doces para a sobremesa, em vez de frutas, como os nativos
faziam, também é uma influência portuguesa.
Dos engenhos, retirava-se, além do açúcar, a rapadura e o melado. Esse
último, quando misturado com farinha e mais tarde com queijo, tornou-se um
deleite para os mineiros. A canjica com leite e açúcar se tornou a sobremesa
predileta nas fazendas. Além destes, pode-se citar a couve, importante verdura
mineira, que também tem origem portuguesa.
Das colônias portuguesas, foram trazidos:

[...] galinhas, gansos, patos, gado, arroz, cana de açúcar, trigo, cebolinha, alho
e laranja. No tempero, eles dão sua principal contribuição: além de impor o
gosto pelo sal e ensinar a salgar a carne para conservá-la, trouxeram consigo
o cravo, a erva-doce, a canela e o alecrim (DESCUBRA MINAS.COM, 2018,
documento on-line).

Dos africanos escravos adeptos à caça, incorporou-se o consumo de tatus


e capivaras à dieta, sendo que os métodos preferidos de cocção eram o assado
e o guisado. O quiabo também foi uma forte influencia africana.
Nas casas, nada se perde, tudo se transforma. Com as sobras, farofas e sopas
eram preparadas, as quais levavam carnes, legumes, feijões e/ou verduras em
suas composições. O mexido, ou mexidão, é um dos pratos populares que
todo mineiro sabe preparar. Aproveitando tudo que restou, faz-se um prato
único, que é comido nas primeiras refeições do dia ou no jantar.
Os assados, como frango, leitoa, pernil ou lombo, sempre foram pratos de
festa ou de domingo. No dia a dia, o arroz com suã, a canjiquinha com carne,
o frango com quiabo, o feijão, as verduras e os legumes cozidos com carne,
o angu e o mexido são os mais comuns.
Quando o gado chegou em Minas, a carne vermelha ficou mais comum
à mesa, porém, em menor constância em relação à galinha e ao porco. Além
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da carne de gado, o leite se tornou abundante e os queijos começam a ser


produzidos por conta disso.
O queijo é uma das mais fortes identidades do estado, desde o século
XVIII, acompanhando sobremesas com compotas, angu, farinha e café preto
quentinho.

Pratos típicos

Vale do Paraíba
Todo esse processo resultou em pratos como: bolão de fubá, canjiquinha,
vaca atolada, farofa de içá, curau, afogado, pinhão cozido e bolinho de chuva.
Porém, o rei do Vale do Paraíba é o bolinho caipira, haja vista que em
qualquer uma das cidades da região ele está presente. Em Jacareí, por exemplo,
ele é considerado um patrimônio cultural (GLOBO.COM, 2015).
A base do bolinho sempre será feita de farinha de milho amarela, no entanto,
em algumas cidades, ela é misturada com farinha branca ou de mandioca.
Em São José dos Campos, o recheio é feito com carne moída crua, sendo
esta cozida na fritura, o que deixa o bolinho mais molhadinho, enquanto em
Taubaté o recheio de carne moída é refogado antes de entrar no bolinho. Em
Jacareí, a linguiça é o recheio e em Caçapava a carne moída, além de estar no
recheio, também faz parte da massa.
Em qualquer cidade e forma de apresentação, o bolinho caipira faz o maior
sucesso e é considerado, pelos valeparaibanos, como uma iguaria tipicamente
brasileira (COPPI, 2017).
Outro símbolo da região é o afogado, um ensopado de carne simples e sa-
boroso, que remete à época colonial. Em princípio, a receita era confeccionada
com carne ligeiramente seca, cozida em água. Hoje, a receita varia de cidade
para cidade, podendo conter legumes, como a batata.
Em Paraibuna, o prato leva o nome de fogado, sendo decretado como
Patrimônio Histórico e Cultural do Município em 03 de junho de 2005. A
receita teve sua origem no século XIX, com a chegada do gado na região.
Os bois eram usados para o trabalho e as vacas eram abatidas, já bastante
velhas. Por consequência, a carne era muito dura, sendo necessário horas de
cozimento para que ficasse macia.
As partes do gado utilizadas para se preparar o fogado eram as quatro
patas, enquanto o restante do animal era salgado para conservação. O nome
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afogado se originou, pois as carnes ficavam afogadas em água com pouco


sal e cozidas em simmer para amolecer. Depois de cozida é que entrava o
tempero, feito com alfavaca, hortelã, pimenta, alho, urucum e cheiro verde,
todos macerados e refogados. Para o acompanhamento, preparava-se um pirão
de farinha de mandioca. Hoje em dia, além do pirão, o arroz branco e a banana
cozida fazem parte dos acompanhamentos (BRANDÃO, 2018).
A içá (formiga saúva) é uma iguaria muito apreciada no interior paulista.
Os índios já consumiam e até os tempos atuais a farofa de içá é bastante apre-
ciada (Figura 1). A receita é simples: apenas o abdome da formiga é utilizado,
torrado com sal e óleo e, depois disso, é acrescentada a farinha de mandioca.
A caça às içás é feita na época de acasalamento dos insetos, na primavera em
outubro e no início do verão, em dezembro. A iguaria é vendida em feiras
de rua nas cidades de Silveiras, Taubaté e Tremembé (GLOBO.COM, 2016).

Figura 1. Farofa de içá.


Fonte: Sousa (2017, documento on-line).
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Minas Gerais
As quitandas sempre foram os acompanhamentos do café, sendo lá consu-
mido tudo o que era produzido a partir do que vinha do quintal, como bolos,
biscoitos, sequinhos, broas de fubá, sonhos, docinhos de leite, goiabada com
queijo ou qualquer tipo de compota.
Hoje em dia, essas e outras quitandas ainda são tradicionais em Minas
Gerais:

[...] os mineiros sempre apreciaram doces e quitandas. Da tradicional doçaria


luso-brasileira, o doce de leite, de cidra, limão e laranja, a brevidade, o pé de
moleque, a pamonha envolvida em sua própria palha ou em folha de bananei-
ra, a queijadinha, a mãe benta, o quebra-quebra, a broinha de fubá mimoso
ou de amendoim e o biscoito de polvilho eram os preferidos. Os doces de
leite enrolados em palhas de milho são, dentre todos, os mais autênticos [...]
(DESCUBRA MINAS.COM, 2018, documento on-line).

Uma tecnologia mineira é a carne na lata. Os refrigeradores ficaram po-


pulares no Brasil apenas no início do século XX, antes disso, os alimentos,
principalmente as carnes, como a suína, por exemplo, que era abundante,
estragavam rapidamente, sendo assim, uma das formas de conservação era
cozinhá-las em sua própria gordura e armazenar em latas, dessa maneira, a
carne com pouca umidade se mantinha conservada por quase um ano.
Hoje, a carne na lata é preparada para obter seu sabor surpreendente, não
tanto pela conservação, além de ser uma maneira de não deixar a tradição
acabar (MINAS GERAIS, 2018).

Insumos que são comuns entre


São Paulo e Minas Gerais
Feijões, farinha de mandioca, abóbora, toucinho, banha de porco, linguiças,
carne suína, galinha guisada ou ensopada, farinha de milho e ovo são alguns
dos elementos comuns na cozinha de São Paulo e Minas Gerais. Os pratos
produzidos com esses insumos são bem parecidos, por essa razão, às vezes,
é possível se confundir quanto à sua origem.
Os doces de compota, cujas receitas são passadas de geração a geração,
como o caso dos doces de abóbora em pedaços ou moída com coco, do doce
de figo verde ou rami, de mamão verde e de laranja, além dos quadradinhos
de doce de leite, também fazem parte da cultura paulista e mineira.
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Qual paulista nunca comeu um romeu e julieta e qual mineiro nunca expe-
rimentou uma bela ambrosia? Esses doces são preparados nas casas da cidade
e do campo, sendo iguarias que as avós ensinaram a filhos e netos, as quais
foram perpetuadas não apenas nos livros de receitas, como também à mesa
dos caipiras paulistas e mineiros.
Bolinhos de chuva de pingar ou de corte e bolinhos de milho recheados
com frango não só ultrapassam os limites dos estados, como também das
memórias dos que fazem parte da cozinha rural brasileira.

Para aprender a fazer uma receita de carne na lata, acesse


o link ou o código a seguir.

https://goo.gl/2nCkR4

ARRUDA, F. G. Região metropolitana do Vale do Paraíba do sul paulista e litoral norte:


melhorias ou continuação de uma mesma política pública? Revista Geonorte, edição
especial 3, v. 7, n. 1, p. 1232-1244, 2013. Disponível em: <www.periodicos.ufam.edu.br/
revista-geonorte/article/view/1232/1116>. Acesso em: 14 jun. 2018.
BRANDÃO, V. Fogado de Paraibuna: receita original é declarada patrimônio histórico-
-cultural da cidade. 2018. Disponível em: <http://correiogourmand.com.br/info_01_cul-
tura_gastronomica_01_05.htm>. Acesso em: 29 jun. 2018.
CASCUDO, L. C. A história da alimentação no Brasil. 4. ed. São Paulo: Global, 2011.
COPPI, H. Bolinho caipira: o quitute mais amado do Vale do Paraíba. 2017. Disponível
em: <https://7seasonsblog.com/2017/05/10/bolinho-caipira-o-quitute-mais-amado-
do-vale-do-paraiba-com-receita/comment-page-1/>. Acesso em: 29 jun. 2018.
DESCUBRA MINAS.COM. Gastronomia mineira. [2018]. Disponível em: <http://www.
descubraminas.com.br/MinasGerais/Pagina.aspx?cod_pgi=2981>. Acesso em: 4 jul. 2018.
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GLOBO.COM. Bolinho caipira é patrimônio cultural em Jacareí, SP. 2015. Disponível em:
<http://redeglobo.globo.com/sp/tvvanguarda/noticia/2015/06/bolinho-caipira-e-
patrimonio-cultural-em-jacarei-sp.html>. Acesso em: 29 jun. 2018.
GLOBO.COM. Prato típico do interior, formiga é vendida em comércios em Tremembé. 2016.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/10/
prato-tipico-do-interior-formiga-e-vendida-em-comercios-em-tremembe.html>.
Acesso em: 4 jul. 2018.
MINAS GERAIS. Cozinha mineira: Minas de muito sabores. [2018]. Disponível em: <http://
mg.gov.br/conheca-minas/cozinha-mineira>. Acesso em: 4 jul. 2018.
RAMOS, R. H. P. A cozinha paulista. São Paulos: Melhoramentos, 2010.
SOUSA, M. Farofa de formiga. 2017. Disponível em: <https://br.toluna.com/opi-
nions/3495815/Farofa-de-formiga-Tanajura-ou-I%C3%A7%C3%A1-j%C3%A1-comeu-
Achou>. Acesso em: 16 set. 2018.

Leituras recomendadas
BLOG DO CHEF TAICO. 2018. Disponível em: <https://blogdocheftaico.com/carne-na-
lata/>. Acesso em: 16 set. 2018.
FRIEIRO, E. Feijão, angu e couve: ensaio sobre a comida dos mineiros. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1982.
HOLAMBRA, S. B. Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A cozinha rural, mais conhecida como cozinha caipira, é um conjunto de pratos típicos dos
Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Os pratos da cozinha mineira nasceram da facilidade
de encontrar os alimentos necessários no próprio quintal de casa, como galinhas, mandioca,
feijão, milho, entre outros.

No vídeo da Dica do Professor, você vai aprender a preparar uma galinhada, prato típico da
cozinha caipira mineira.

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EXERCÍCIOS

1) O fogão utilizado pelos tropeiros, onde as panelas eram apoiadas em pedras em


formato de triângulo ou penduradas em uma armação de três varas em tripé, arco ou
trave é chamado de:

A) Tucuruva.

B) Trempe.

C) Fogão a lenha.

D) Fornalha.

E) Farnel.

2) Quais insumos já eram utilizados pelos índios nativos da região hoje conhecida como
Vale do Paraíba, interior de São Paulo?
A) Mandioca, couve e banana.

B) Mandioca, milho e içá.

C) Milho, cará e batata.

D) Içá, cará e couve.

E) Banana, pimenta e abóbora.

3) Os bandeirantes e os tropeiros foram de suma importância para a formação da


cozinha caipira/rural, pois carregavam em seus farnéis alimentos fáceis de
transportar. Desses insumos, nasceram alguns pratos como virado a paulista, feijão
tropeiro e paçoca. Que insumos deram origem a esses pratos?

A) Carne seca, feijão e farinhas.

B) Mandioca, milho, feijão.

C) Carne-seca, milho e feijão.

D) Farinhas, couve e mandioca.

E) Carne-seca, rapadura e café.

4) Em Minas Gerais, há um prato muito popular, que pode ser encontrado em qualquer
boteco. Apesar de ser simples, é apreciado por qualquer mineiro, independente da
classe social. Esse prato leva o nome de:

A) tudão.
B) restodontê.

C) micelania.

D) virado.

E) mexido.

5) A carne na lata é uma tradição da cozinha mineira. Afinal, para que serve essa técnica?

A) Agregar sabor.

B) Conservação.

C) Higienização.

D) Ritual cultural.

E) Hábito popular.

NA PRÁTICA

A carne na lata é uma das maneiras de conservação de carnes. Em épocas em que não existia
geladeira, essa foi a melhor alternativa para que a carne se conservasse por muito tempo.

Juliana está fazendo uma pesquisa sobre o método de conservação de carnes nessa época. Veja o
que ela descobriu sobre o procedimento da carne na lata.
Juliana aprendeu, ainda, que, se fizer o procedimento correto, a conservação da carne durará até
por um ano.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Influências culinárias e diversidade cultural da identidade brasileira: imigração,


regionalização e suas comidas

No artigo recomendado, veja informações interessantes sobre tradição e a cultura que traduzem
a identidade de um povo.
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Patrimônio, gastronomia e sociedade: uma reflexão a partir do bolinho caipira de


Jacareí/SP

No artigo a seguir, leia uma reflexão sobre identidade social a partir do bolinho caipira de
Jacareí.

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Descubra minas

Neste link, você vai encontrar várias receitas de quitandas mineiras que poderão lhe auxiliar
também a compreender, por meio das receitas, um pouco mais da cultura mineira.

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