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JAQUELINI DOULA

Capítulos

A origem da Episiotomia Manobra de Ocitocina


violência kristeller
obstétrica

Posição Puxo dirigido Cirurgia Exame de


litotomica cesariana toque

Fórceps Restringir Negar Violência


dieta direito a psicológica
Acompanhante

Enema Amniotomia Recepção ao Golden hour


recém nascido

Como e porque
denunciar

Jaquelini Doula
Para que nunca mais nenhuma mãe volte pra casa
sem seu filho, vitima de violência obstétrica.

Eu dedico este guia com todo meu amor a Jennifer


Rosendo e sua filha, Naomi, que faleceu em
decorrência de violência obstétrica em fevereiro de
2020.
Minha luta é por vocês.

Para saber mais sobre essa história, siga o perfil da


Jenni, @parirsemviolência no instagram.

Jaquelini Calandrinoo
A Origem da violência obstétrica.

A violência obstétrica nasceu da necessidade de intervenção do homem, da


necessidade de entender o funcionamento do nascimento da vida. Ao longo
da história, foram inventados instrumentos, condutas testadas, e hoje ainda
temos uma gama de violências naturalizadas.

As violências obstétricas se popularizaram com a medicalização do parto.


Antes dos anos 60, os nascimentos eram via de regra, todos com parteiras, até
que veio a crise e a popularização de novas profissões, dentre elas, a
obstetrícia. Com isso, foram criadas revistas e periódicos científicos, onde
eram publicados estudos, artigos e novas evidências.

O problema é que, para acessar esses dados, era obrigatório ser médico. As
parteiras foram sendo descredibilizadas, pois, como continuar confiando
quando surgiram um “monte de problemas” que só médicos sabiam
solucionar?

Isso, somado ao fato de que não havia curso superior, apenas conhecimento
passado de parteira para parteira através do tempo e vivência, fizeram com
que a sociedade passasse a confiar somente em médicos.

A medicina nasceu da necessidade de intervenção, e nessa necessidade de


controlar tudo, morreu o respeito ao natural e nasceu o culto a medicalização.

Dificilmente a violência obstétrica vai acabar, pois ainda são ensinadas


violências obstétricas nas faculdades. Médicos e enfermeiras saem das
universidades prontos para cortar mulheres e intervir e processos naturais,
pois foi assim que foram ensinados. Precisamos quebrar esse ciclo, é por isso
que esse E-book foi feito. Se a revolução não começa de cima, a gente tenta
de baixo.
Episiotomia

O que é?
Episiotomia é um corte na entrada vaginal, mais exatamente no períneo
(espaço entre vagina e ânus), que visa abrir passagem para o bebê, no
momento do expulsivo. Foi inventado no século XVIII por um homem chamado
Sir Fielding Ould para solucionar partos difíceis.

O problema é que esse corte não deveria mais ser feito sob nenhuma
hipótese, pois existem estudos comprovados de que ele não traz nenhum
benefício, ao contrário, traz prejuízos a longo prazo pra vida sexual e
reprodutiva de mulheres. Lá no século XVIII eles faziam o que dava na cabeça,
mas hoje já temos estudos para nos basear, e em cima disso, sabemos que a
episiotomia deveria ser abolida.

Mitos sobre a prática


Existem vários mitos acerca da prática, que convencem as pessoas de que o
corte é necessário. A mais comum de todas é a de que episiotomia previne
lacerações, mas como se a própria já é uma laceração de segundo grau? A
realidade é que ela é ainda pior, pois, lacerações naturais acontecem no
sentido da fibra muscular, e não pra qualquer lado, como a episio. Além disso,
a chance de não lacerar é muito maior, ou seja, ao invés de um períneo
integro, você vai ter um períneo cortado por medo de rasgar. Não faz sentido.

Outro mito comum é a de que a episiotomia abrevia o período do expulsivo


quando há alguma emergência ou quando é a vontade da paciente, mas não
há estudos que sustentem essa afirmativa, sobretudo porque a episiotomia
corta somente pele, e pele não impede ou atrapalha o nascimento de um
bebê. Logo, como continuar afirmando que funciona quando, por mais
pesquisas que sem façam, não aparecem provas?
Há também a crença de que Episiotomia é uma solução rápida em momentos
em que o bebê corre o risco de sofrer asfixia, mas estudos mostram que a
prática não mudou os resultados e as estatísticas, ou seja, mais uma vez temos
uma crença, mas não temos a comprovação.

Também é importante salientar que a episiotomia NÃO deve ser realizada


para uso do fórceps ou da ventosa, cabe ao médico saber manusear os
instrumentos sem necessidade de cortar a paciente.

Controvérsias
Os mesmos estudos que desmentem todos os mitos acerca da episiotomia,
compararam a prática de rotina com a prática seletiva, mas não dão um
motivo plausível para a realização, reforçando que a episio deve acontecer
quando o profissional julgar necessário.

Mas, se não há benefícios, pra que continuar cortando mulheres? A OMS


mesmo recomenda que o limite mínimo aceitável é o de 10%, mas aceitável
pra quem? Pra quê? Vale mesmo a pena arruinar a vida sexual de uma mulher
sem motivos? Vale a reflexão.

Ilustração de uma episiotomia médio lateral; FONTE: Google imagens.


Possíveis complicações da episiotomia
Maior perda de sangue;
Maior risco de incontinência fecal;
Tempo de recuperação pós parto mais longo;
Maior risco de complicação na sutura;
Maior risco de infecções
Tempo de cicatrização mais longo do que lacerações naturais;
Endometriose na cicatriz;
Dor para se movimentar a longo prazo;
Dispareunia (dor no sexo);
Risco aumentado de laceração em partos futuros;
Baixa auto estima pela aparência da cicatriz;
Risco de necrose;
Risco de queloide na cicatriz;

Ponto do marido
O ponto do marido é uma prega vaginal, feita no corte da episiotomia, afim de
deixar a entrada da vagina menor. Isto é, é feito um ponto a mais no corte para que
a vagina seja mais apertada e isso beneficie o homem a aumentar o seu prazer
sexual.

Apesar de essa prática ser considerada crime de lesão corporal, e condenada


inclusive pelo código de ética médica, ainda é muito comum no cenário obstétrico
brasileiro. Algumas mulheres relatam piadinhas ditas pelo médico, avisando em tom
de deboche que a paciente "voltou a ser virgenzinha".

Esse ponto destrói a vida da mulher. A grande maioria relata dores durante o sexo,
coceiras na cicatriz, sensibilidade, incontinência urinaria, perda de força no
assoalho pélvico entre outras complicações, durante anos.

Quase não existem processos na justiça pelo ponto do marido, porque, apesar de
ser um crime, é muito difícil para a paciente provar que o abuso aconteceu,
sobretudo porque a imensa maioria das mulheres não sabem de que isso é violência,
e apesar do incomodo, se sentem inseguras em questionar a conduta médica.

Por isso é tão importante falar sobre o assunto, informar mulheres, pois sem
informação não tem como se defender, questionar, dizer não. Uma mulher mal
informada é presa fácil.
Manobra de Kristeller

O que é?
Manobra de kristeller é a manobra inventada pelo obstetra alemão Samuel
Kristeller em 1867, que consiste em fazer pressão na região do fundo uterino
com o objetivo de empurrar o bebê pra fora e abreviar os partos. Naquela
época, a crença era de que, se o parto demorasse muito, era perigoso para
mãe e bebê, e por isso vários métodos e manobras foram inventadas, sendo a
manobra de Kriusteller a mais famosa.

Por sorte, hoje sabemos que essa manobra é extremamente nociva e perigosa
a saúde do binômio mãe-bebê e que deve ser erradicada das cenas de parto.

Polêmicas
Apesar da manobra de Kristeller ser desencorajada por todos os manuais de
saúde da mulher e boas práticas no parto, ela ainda é muito utilizada e
inclusive muito ensinada nas universidades, pois mesmo com todos os estudos
contra, muitos médicos burlam os protocolos e continuam aplicando.

A falta de legislação acerca do que é ou não violência obstétrica facilita para


que a manobra continue sendo realizada, sobretudo porque os profissionais
de saúde costumam omitir a realização da mesma dos prontuários, e isso
somado ao fato de que a lei do acompanhante ainda é muito desrespeitada,
dificulta as denúncias.

Porém já existem processos judiciais que citam a manobra como lesão


corporal e homicídio culposo, mostrando que a prática além de ser
desencorajada, pode ser denunciada como crime já existente. Mesmo assim, a
manobra continua comum no dia a dia das maternidades brasileiras.
Posicionamento do CRM
Os conselhos regionais de medicina (especialmente o do Rio de Janeiro) não
tem um parecer especifico acerca da prática, mas já é popular o fato de que
eles defendem os médicos que ainda realizam. Prova disso é que poucos
médicos tem seu registro caçado por realização de violência obstétrica, e,
inclusive em 2019 houve uma grande polêmica sobre o assunto.

Eles emitiram uma resolução que autorizava médicos a passarem por cima de
pacientes para tomarem decisões sobre procedimentos no parto, e também
se posicionaram contra a realização do plano de parto, dando direito ao
médico de recusa-lo.

Muitos ainda consideram o termo violência obstétrica um modismo (foram


essas as palavras da CREMERJ), e acham que médicos são incapazes de
realizar violências contra pacientes, pois "tem a vida de pessoas nas mãos",
mas isso é medicina, eles já sabiam que seria assim, por isso a obrigação é de
estudar, se atualizar e não por pacientes em riscos desnecessários.

Posicionamento do Coren
Ironicamente, o conselho federal de enfermagem tem um parecer bem claro
sobre a prática, onde enfermeiros são PROIBIDOS de realizarem a manobra,
através da resoluções estaduais facilmente aprovadas.

O primeiro a lançar essa resolução foi o COREN-RS, logo em seguida o


COREN-MT e assim seguiram outras regiões do Brasil. Ainda não existe uma
resolução válida para todos os estados conjuntamente.

Mesmo com essa resolução, muitos enfermeiros se juntam a médicos para a


prática, sejam coagidos ou por acreditarem que existem indicações reais, já
que sabemos que a maior parte das formações acadêmicas ignoram que a
prática seja violenta e continuam ensinando.
Possíveis complicações da manobra para a mulher
Dor abdominal presente no pós parto;
Escoriações abdominais;
Fratura nas costelas;
Lesões perineais: fator de risco para trauma de esfíncter anal e lacerações
de 3º e 4º grau;
Ruptura do baço, fígado e útero;
Trauma de pedículo tubo-ovariano;
Aumenta o risco de hemorragia pós parto;
Inversão uterina.

Possíveis complicações da manobra para o bebê


Maior risco de hematoma encefálico;
Fraturas na clavícula e no crânio;
Problemas a longo prazo, como apresentar convulsões ao longo da
infância;
Aumento do risco de distócia de ombros;
Aumento do índice baixo de apgar, abaixo de 7 após 5 minutos;
Hipoperfusão;
Risco aumentado de paralisia cerebral;
Óbito fetal;

Foto da manobra de kristeller sendo aplicada; FONTE: Google imagens.


Ocitocina sintética

O que é?
Ocitocina é o hormônio que rege o parto. Ele é mais conhecido como o
hormônio do amor, porque é produzido pelo nosso cérebro quando fazemos
coisas que amamos. Na década de 50, cientistas americanos desenvolveram a
ocitocina em laboratório, sinteticamente, para algumas necessidades
especificas, mas, como quase tudo na medicina, a ocitocina é mais uma das
intervenções que deveriam ser pro bem, mas acabam se tornando perigosas.

Quando produzida pelo nosso cérebro, ela é extremamente benéfica pro


nosso organismo, parto e amamentação, mas, a produzida sinteticamente não
afeta nosso sistema nervoso de forma positiva, por isso deve ser usada com
bastante cautela.

Quando ela se torna violência obstétrica?


A ocitocina é usada em casos bem específicos, como quando é necessário
induzir o parto, ou quando ocorre um abortamento retido. Também pode ser
utilizada de forma a ajudar a produção de leite materno.

Se você já esta em trabalho de parto ativo, dilatando naturalmente, se


movimentando, sentindo contrações, não tem porque utilizar o soro, o seu
corpo vai trabalhar de forma a garantir que o seu parto aconteça.

Luz baixa, movimentação livre, chuveiro, música, manter a mulher confortável e


segura garante que sua produção natural de ocitocina se mantenha positiva e
que tanto o parto quanto o pós sejam muito mais positivos e benéficos para
ambos, uma vez que a ocitocina atravessa a placenta e chega no bebê.
O que ocorre é que os médicos não tem paciência de esperar que o parto
aconteça naturalmente, e utilizam a ocitocina de forma rotineira, causando
mais problemas e complicações. ela inclusive quase sempre vem
acompanhada das anteriores: kristeller e episiotomia. Percebe o despreparo e
o desespero dos médicos para que mulheres tenham partos rápidos? Você
não precisa disso. Confie no seu próprio corpo e na sua própria natureza. Na
era medieval até era compreensível que se acreditasse na necessidade de
partos rápidos, mas hoje, com todas as informações disponíveis, não.

A bola de neve das intervenções


Muitas mulheres caem na bola de neve das intervenções e terminam com um
parto violento ou na cesariana, e elas quase sempre começam com a
ocitocina.

O profissionais colocam o soro mentindo pra mulher, dizendo ser só um soro


com glicose, pra não desidratar, e colocam ali sem aviso prévio. As dores
aumentam, as contrações aumentam e a mulher perde a noção do tempo, do
que está acontecendo e ai aparecem as outras vioilências: posição
ginecológica, kristeller, puxo dirigido e episiotomia, todas juntas. Por isso é
importante não aceitar nenhum soro durante o parto, ou no minimo, saber
reconhecer quando tem ocitocina.

Como saber se tem ocitocina no soro?


A ocitocina, além de aumentar a dor e a frequência com que vem a
contração, também tem alguns outros efeitos colaterais. Os mais comuns são:
náusea, pressão baixa, cefaléia (forte dor de cabeça), boca seca e
taquicardia. Ela ainda fica no organismo 20 minutos após ser retirada da veia.

Se você estava bem, e após o soro passou a sentir algum desses sintomas,
saiba que você está copm ocitocina e pode exigir que seja retirado (o
acompanhante também pode pedir a retirada).

Importante que isso esteja no prontuário, caso seja da sua vontade denunciar,
pois eles também costumam ocultar do documento quando não há real
indicalçao.
Ocitocina também é usada na cesárea
Muitas mulheres nem fazem ideia, mas a ocitocina também é usada na
cesariana. Ela ajuda a placenta a descolar do útero em casos de cesarianas
eletivas, pois causa contrações na musculatura lisa, prevenindo assim
hemorragias após dequitação placentária, muito comuns em cesarianas.

Um fato muito curioso é que a ocitocina aumentava as chances de morte


materna quando a anestesia geral era utilizada em cesarianas, o uso da
anestesia raquidiana foi um marco na diminuição de morte materna.

O uso profilático da ocitocina sintética nas cesarianas eletivas trouxeram uma


diminuição de 40% nos casos de atonia uterina e hemorragia pós parto, sendo
assim o fármaco mais seguro para prevenção de complicações.

A ocitocina é maravilhosa quando bem utilizada e administrada, são 70 anos


de descobertas e estudos, é muito importante entender que ela não é a vilã e
sim seu uso excessivo e mal indicado pelos profissionais da saúde.

Possíveis complicações do uso rotineiro da ocitocina

Hiperestimulação uterina que pode ocasionar mecônio;


Aumento da taxa de cesariana por sofrimento fetal;
Rotura uterina pela ausência de intervalo nas contrações;
Apgar menor que 7;
Convulsões;
Edema agudo pulmonar;
Asfixia e óbito fetal;
Prejudica a oxigenação fetal;
Cefaléia;
Atonia uterina;
Sofrimento materno;
Hemorragia pós parto;
Sofrimento fetal agudo;
Posição Litotômica

O que é?
Também chamada de posição ginecológica, é a posição mais vista nos
partos cinematográficos: a mulher na maca, com as pernas pra cima e
aberta para o médico ter uma melhor visão do nascimento. Apesar de ser
bem popular, é a pior posição pra parir.

A facilitadora das violências obstétricas


A posição ginecológica ´é a posição que facilita todas as outras violências
obstétricas, porque é a que deixa a mulher mais vulnerável. É nela que
acontece a manobra de kristeller, episiotomia, tricotomia, puxo dirigido,
amarrar braços e pernas... quase todas as violências acontecem nessa
posição.

Para além disso, essa posição é a mais naturalizada, presente em filmes,


novelas e séries, fazendo com que muitas mulheres achem que precisam
estar assim para parir, sem saber dos riscos que vão correr. Nossa cultura
infelizmente ainda normaliza parir de forma desrespeitosa.
Porque não aceitar essa posição?
Além do motivo dito no tópico anterior, existem outros diversos fatores para
não aceitar parir assim. O primeiro é o de que dificulta o expulsivo do bebê,
pois a posição vai contra a gravidade. O bebê esta descendo, esta em
posição horizontal dificulta este processo, fazendo inclusive com que demore
mais.

Outro bom motivo para não aceita-la é que estar assim facilita que
lacerações aconteçam, pois é preciso maior força e resistência perineal para
o nascimento, o que implica em mais lacerações que poderiam ser evitadas
com uma medida simples: estar posicionada verticalmente.

Estar em posição ginecológica também aumenta a dor, e diminui a sensação


de satisfação na experiência da mulher. Partos onde a movimentação foi
livre e espontânea são melhor avaliados.

Ela também é contra indicada pela OMS e pelo Ministério da Saúde, na


nossa cartilha de boas diretrizes para o parto, por todos esses motivos e por
ausência de beneficio.

A importância de estar livre para parir...


A melhor posição para parir é a que a mulher se sente mais confortável, com
menos dor e com segurança de o fazer, nem que seja em pé. Se movimentar
também ajuda a engrenar o trabalho de parto, pode ajudar na dilatação, na
experiência positiva da mulher, no alivio da dor sem métodos farmacológicos,
pode ajudar o bebê que está mal posicionado a rotacionar...

Percebe o tanto de benefícios ao se movimentar? Não faz sentido que


profissionais atualizados exijam ou indiquem litotomia. Porém, importante
lembrar que trabalho de parto não é maratona, deixar a mulher livre e
incentivar a movimentação, não significa que ela não possa descansar ou
que tenha que ficar o tempo fazendo exercícios. pra parir, é necessário
energia.
Puxo Dirigido

O que é?
Também conhecida como manobra de valsalva, consiste em fazer força
cronometrada, quando dirigida pelo médico e segurando a respiração. É
uma manobra perigosa, inclusive fora de trabalho de parto e que
infelizmente ainda é muito comum no nosso cenário obstétrico, tão comum
que muitas sequer sabem que existem puxos naturais. Ela também é fator de
risco para pessoas cardiopatas.

As vezes, é difícil de identificar quando ela acontece, mas é só se lembrar


das cenas de filme onde a mulher faz "respiração de cachorrinho" e "força
de coco" que logo você vai se lembrar e perceber que até hoje, você nunca
nem pensou que fosse errado.

Como reconhecer o puxo natural?


Não tem nem como confundir quando esse momento chegar. Você vai sentir
uma ardência na entrada da vagina, literalmente como se estivesse pegando
fogo e seu corpo vai fazer força sozinho, incontrolável e no tempo correto.
Todo o seu corpo vai trabalhar para que o bebê saia, é impossível segurar ou
impedir que isso aconteça.

Inclusive, com esse puxo involuntário você faz a força correta e diminui
drasticamente a chance de lacerações. Portanto, a melhor alternativa ainda
é esperar o puxo vir de forma natural.

E quando acontece a analgesia?


Também não deve ser realizada, pois em analgesias bem aplicadas e em
dose correta não some a sensibilidade da mulher com relação ao puxo
natural. Se isso acontecer, o médico deve ajudar a mulher na percepção
desses puxos naturais, e não aplicar a manobra de valsalva.
Inclusive, o risco de perder a sensibilidade deve ser avisado previamente a
mulher, porque muitas vezes o trabalho de parto diminui o ritmo pela analgesia
em momentos de alta dilatação, e, mesmo assim a manobra é aplicada,
causando danos a mulher.

Evidências
Alguns estudos trouxeram evidências de que, fazer força na hora errada e de forma
errada aumentam as chances de lacerações de grau 3 e 4, sobretudo porque,
quando o corpo está pronto para a expulsão do feto, ele mesmo faz força
naturalmente, através de puxos voluntários, não sendo assim necessário forçar o
assoalho pélvico.

Ela também aumenta a pressão arterial, e isso em gestantes, principalmente no


parto é extremamente perigoso, podendo comprometer o funcionamento da
placenta e do cordão umbilical.

Prender a respiração pode comprometer a a oxigenação sanguínea, e durante o


parto isso não é diferente. Acontece que esse comprometimento pode chegar
também a oxigenação placentária, diminuindo os nutrientes e aumentando o risco
de hipóxia fetal.

Além disso, estudos mostraram que bebês nascidos após o puxo dirigido, tem
maiores de chances de receber nota menor que 5 de apgar (que vai de 0 a 10) por
asfixia fetal.

Riscos do puxo dirigido


Traumas perineais graves;
Incontinência urinaria e fecal;
Aumento da taxa de cesarianas e partos instrumentais;
Sofrimento fetal agudo;
Disfunção do assoalho pélvico;
Aumento da taxa de episiotomias;
Óbito fetal;
Cirurgia Cesariana

O que é?
Muitas mulheres acham que marcar uma cesariana as livra de fugir de
violência obstétrica, mas, o que poucas sabem é que cesarianas podem ser
igualmente violentas, e pior, quase todas são naturalizadas como corretas.

Dificilmente uma mulher questiona se a conduta médica numa cesariana foi


correta, mesmo se sentindo incomodada ou desconfortável, isso contribui
para a perpetuação da violência obstétrica.

O que deve ser mudado na cesariana?


Primeira prática que deveria ser mudada é a de jejum pré-operatório, pois
essa crença perpetua violências pras duas vias de nascimento. Jejum é
necessária em anestesia geral e com sedação, o que não é o caso da
cesariana, pois a anestesia utilizada é a raquidiana e a mulher está
consciente durante toda o procedimento e pode reclamar se algo estiver
errado.

Outra prática que deveria ser abolida é a de amarrar as mãos. A mulher


precisa estar livre para se sentir minimamente confortável e para recepcionar
o seu bebê na hora de ouro, que deve ser realizada mesmo durante a
cesariana. Não há motivos reais para amarrar as mãos.

A utilização do campo cirúrgico deve ser perguntada a parturiente, pois


pode ser de sua vontade ver o nascimento de seu filho e esse direito deve ser
respeitado. Não há estudos que corroborem que o campo cirúrgico deva
estar presente em uma cesariana, pois a mulher não vai tocar na incisão e
nem mudar de posição.
Outra coisa que devemos mudar é a forma como essa mulher é tratada na
mesa de cirurgia, tem uma vida vindo ao mundo, uma mão preocupada com seu
filho, ela não quer saber sobre o jogo do flamengo, ela quer saber do filho dela,
do momento dela e cabe ao profissional de saúde ter sensibilidade e respeitar
isso.

Diminuir a luz assim que o bebê nascer também uma mudança necessária, pois
é muito desconfortável para um bebê que acabou de nascer e veio do escuro
ter uma luz tão forte na cara por puro conforto médico.

Percebe como pequenas atitudes podem transformar a experiência de alguém


pelo resto da vida? Não custa ter um pouco de respeito pela vida de outrem.
Pra equipe é só mais uma cesariana, pra mulher é o melhor dia da vida dela.

Cesariana sem anestesia


Parece algo impossível de se imaginar, mas é uma prática bastante comum,
infelizmente. Muitos profissionais não esperam a anestesia fazer efeito e já
saem cortando, causando em mulheres traumas e dores inesquecíveis.

Uma parcela desses acidentes acontecem também em cidades interioranas,


onde os insumos são escassos e ocorre de faltar anestesia suficiente para
todas as mulheres. Isso quando a maternidade possui médico anestesista, o
que também contribui para anestesias mal aplicadas.

Uma busca rápida mostra diversos casos ocorridos aqui mesmo, no Brasil,
relatos de vitimas e processos criminais escancaram como o atendimento ao
nascimento aqui no brasil é preconizado e precisa urgente de uma reforma,
tanto para as cesarianas quanto para o atendimento ao parto de forma
humanizada.

O que mais chama atenção é que não existem dados oficiais sobre quantas
mulheres passaram por uma cesariana sem anestesia, o que impede que
politicas publicas sejam criadas em torno de impedir que estes "acidentes"
aconteçam. Sem dados, o governo ignora a prática e não se importa em
reformular o atendimento as gestantes.
Imagem: Healthline

Indústria da cesariana
No Brasil, os planos de saúde pagam valores muito parecido aos médicos
para que acompanhem cesarianas e partos normais, porém essa prática
criou o que chamamos de Indústria da Cesariana.

Em resumo, os médicos não acham vantajoso monetariamente falando


acompanhar parto normal pelo plano de saúde, pois, o tempo em que fariam
algumas dezenas de cesarianas, eles levam para acompanhar um único parto
normal. Para levar a maioria das pacientes para a mesa cirúrgica, eles
inventam os mais variados motivos e histórias diferentes, convencendo assim
essas mulheres de que a via cirúrgica é a melhor e mais segura para ela e
seu bebê.

Infelizmente, somos o segundo país do mundo a realizar o maior número de


cesarianas, que totalizam 55% dos números totais de nascimento, segundo
dados da última pesquisa Nascer realizada em 2018. Para se ter uma noção
da gravidade, a taxa aceitável segundo a Organização Mundial da saúde é
de 10% a 15%. Existem maternidades privadas com taxas acima de 90% de
nascimentos via cesárea. Essa epidemia de cesarianas criou novos problemas
de saúde e, consequentemente, contribui para que violências obstétricas
sejam cada vez mais naturalizadas.
Mortalidade materna e prematuridade
Segundo o conselho federal de medicina, a taxa de morte materna em casos
NÃO COMPLICADOS é de 20,6 a cada 1000 cirurgias realizadas, o que é
muito alto considerando que a mesma taxa em partos normais é de 1,73 a
cada 1000 nascimentos.

Olha quantas mulheres estariam vivas e com suas famílias se não tivessem
sido levadas a acreditar que a cesariana era a sua melhor opção. Isso é uma
consequência de como os médicos deixam a ética de lado em troca de
dinheiro. Existem profissionais com taxas de 98% de cesarianas, como
acompanhariam um parto normal depois de anos? praticando violência
obstétrica.

Além da taxa de mortalidade materna, temos a alta de bebês que


necessitam de internação em UTI'S neonatais por prematuridade Iatrogênica,
que nada mais é que uma prematuridade provocada, quando o bebê é
retirado do útero sem estar preparado para nascer e necessita de auxilio
para seguir se desenvolvendo.

A taxa de nascimentos prematuros no Brasil é de 11,5%, isto significa que, por


ano, em média 351.750 crianças nascem antes de completar 37 semanas de
gestação. Cerca de 9645 bebês nascem por dia prematuramente, 7 a cada
10 minutos segundo dados da pesquisa Nascer no Brasil, da Fiocruz em 2016.

Estima-se que, no Brasil, 90% dos prematuros nascem em cesarianas sem


trabalho de parto, as famosas cesarianas eletivas, que tem ganhado cada
vez mais espaço na elite brasileira.

Ironicamente, a esmagadora maioria da população desconhecem esses


dados alarmantes, e continuam por cair nas armadilhas da indústria do
nascimento, aumentando cada vez mais a mortalidade materna e a
prematuridade, indo na contramão do resto do mundo, que busca aumentar
os índices de saúde pública, consequentemente, melhorando a forma de
nascer.
Cesariana não é parto
Importante entender de onde vem essa cultura tão forte de que a cesariana
é mais segura que o parto normal, mesmo que todos os índices de saúde
indiquem o contrário: Violência obstétrica.

As mulheres tem medo de sofrer violência e acabam por correr para as


cesarianas, acreditando assim que vão se livrar de sofrer e mais seguras. Isso
porque elas acreditam que a cesárea é um parto mais rápido e com hora
marcada, ideia que precisamos combater.

Outro motivo para as altas taxas é a cultura do medo através da fake news.
Partos são demorados, doem como quebrar 22 ossos, bebês morrem por
passar do tempo, o mito do cordão assassino, do medo do "cocô' na
barriga... tudo isso faz com que mulheres acreditem que parir é algo horrível
e prefiram a falsa sensação de segurança e rapidez da cesárea.
Ironicamente, essas mulheres lutam pelo direito de chamar a cesariana de
parto, pois sentem que a cesariana as diminui como mãe e mulher.

Isso acontece porque o medo empurra essas mulheres na contramão do


natural e respeitoso e faz com que elas se sintam inseguras com suas
experiências e precisem ter certeza de que fizeram boas escolhas. Quando
as falhas do sistema são expostas, é como se ofendêssemos o nascimento de
seus filhos ao invés de informa-las e alerta-las.

Para além disso, é importante alertar que cesarianas NÃO SÃO PARTOS para
que os riscos sejam respeitados, pois, ao ver como parto, ignora-se todas as
complicações cirúrgicas e pós cirúrgicas que podem vir a acontecer. A
palavra trás um peso necessário ao momento e faz com que as mulheres
repensem sobre suas "escolhas".

Precisamos que os debates acerca de parto x cesariana saiam do âmbito


pessoal e entrem como politica e informação na sociedade, para que vidas
sejam, literalmente, salvas. Uma taxa de mortalidade tão alta não deveria ser
escondida das mulheres que acham que escolhem o melhor.
Riscos da cesariana para a mulher
Risco aumentado de hemorragia (a perda de sangue é 2 vezes maior na
cesariana comparada ao parto normal);
Risco aumentado em 3x de morte;
Risco de contrair uma infecção pós operatória;
Risco de trombose;
Risco de cefaleia decorrente da anestesia;
Risco de embolia pulmonar;
Risco aumentado de gravidez ectópica e e aborto em gestações futuras;
Maior risco de infertilidade;
Riscos de perfurações e cortes a órgãos durante a cirurgia;
Maior risco de Histerectomia;
Maior chance de desenvolver depressão pós parto;
Dificulta a amamentação;
Maior risco de placenta acreta;
Maior risco de placenta prévia em futuras gestações;
Queloides;
Desenvolvimento de endometriose;

Riscos da cesariana para o bebê


Risco aumentado de morte se comparado ao parto normal;
Risco de laceração acidental pelo bisturi;
Risco aumentado de ir para UTI por prematuridade;
Risco 25% maior de morte súbita;
Risco de desmame precoce;
Aumento das chances de problemas intestinais e respiratórios;
Déficit de hormônios que ocorrem durante o parto e aumentam vínculo
mãe-bebê;
Maior chance de desenvolver alergias;
Risco aumentado de desenvolver diabetes;
Aumenta o risco de desenvolver doença auto imune;
Exame de toque

O que é?
O Exame de toque consiste em enfiar os dedos pela vagina da mulher para
conferir o colo do útero, a vagina e o útero. Nas gestantes ele tem suas
necessidades, como medir dilatação durante trabalho de parto, identificar
algum possível problema, mas, também pode se tornar uma violência
obstétrica. Ele não deve ser feito durante o pré-natal ou fora do trabalho de
parto, pois sua prática envolve riscos.

Somente alguns profissionais são habilitados a fazer o exame de toque:


enfermeiras, enfermeiras obstétricas, obstetrizes e médicos. Doula NÃO FAZ
exame de toque.

Quando o toque vira violência


O toque durante uma contração pode ser extremamente desconfortável e
doloroso pra mulher, não só pelo toque mas também pela necessidade de
estar completamente parada e deitada. Não custa nada o profissional de
saúde esperar a contração acabar para fazer o exame. Você tem todo o
direito de exigir que esperem sua contração passar ou até mesmo o de não
querer que o exame seja feito.

Outro momento em que o toque pode ser violento é no descolamento de


membranas, que é método de indução do parto, que muitas vezes é feito de
forma compulsória, sem que a paciente saiba. Nele, o obstetra descola a
parte da bolsa amniótica que está encostada no colo do útero, induzindo
assim o trabalho de parto. Pode ser bastante doloroso. Este procedimento só
deve ser feito com o seu consentimento.

O exame de toque deve ser feito rapidamente e por uma pessoa só, o seu
corpo não deve servir de cobaia para várias pessoas diferentes. Sua parte
intima deve ser respeitada e preservada. Excesso de exames de toque
inclusive pode causar infecção e parto prematuro.
O que preciso saber sobre esse exame?
O exame de toque, em teoria, não deveria doer, mas alguns profissionais não
tem muita delicadeza em realiza-lo, e acabam por causar dores muito maiores
do que simples desconforto. Além disso, o exame de toque dependendo de
como é feito e do estado da paciente, pode ocorrer sangramentos pontuais.

Outro ponto importante do exame de toque é que ele não é o único e


principal meio de saber se uma mulher está em trabalho de parto, por isso, o
exame de toque é superestimado e deveria ser usado de outras formas. Ele
pode por exemplo mostrar quando um bebê está mal posicionado, quando a
prolapso parcial de cordão, quando um bebê está pélvico e a mulher nem
imaginava... uma série de utilidades que nem são informadas as mulheres.

A Organização Mundial da saúde recomenda que o exame de toque seja


realizado de 4 em 4 horas, mas na verdade o exame deveria ser realizado
apenas com necessidade e consentimento. Não podemos esquecer que se
trata de uma mulher tendo seu corpo tocado através de um órgão sexual.

Sim, você pode e deve negar este exame!


Muitas mulheres acham que não podem negar o toque porque podem colocar
o seu bebê em risco, ou porque veem no profissional de saúde uma pessoa de
autoridade, mas é importante dizer que sim, você pode dizer não em qualquer
momento, e que você deve ser informada da necessidade, sem ser coagida.

Dizer "olha, preciso realizar o exame para saber se o seu bebê está em
posição favorável" é diferente de dizer "preciso fazer o toque ou seu bebê vai
nascer sem você estar preparada", coagindo indiretamente a mulher a aceitar
um toque que ela não quer. Violências são sutis, mas estão ali, prontas pra
confundir e causar estragos. Se você se sentiu desconfortável ou obrigada a
aceitar, então sim, foi uma violência obstétrica.

Esse é um dos motivos pelos quais mulheres deveriam ser bem informadas
durante o pré-natal, para que sua experiência não se torne um trauma, tanto
obstétrico quando sexual.
Fórceps

O que é?
O fórceps é um instrumento inventado para abreviar o expulsivo quando
existe alguma complicação, como parada de progressão, prolapso de cordão
no expulsivo, exaustão materna ou batimentos não tranquilizadores. Ele é uma
opção antes da cesariana ou quando não da tempo de realiza-la.

Atualmente existe outro instrumento com a mesma finalidade, porém menos


agressivo, que é o vácuo extrator/kiwi. A taxa de mulheres que algum dia irão
precisar utilizar o instrumento varia entre 3% a 6%, e essa estatística vem
diminuindo ao longo dos anos. O parto onde o fórceps é usado leva o nome
de parto instrumental.

Qual o melhor: fórceps ou vácuo extrator?


Para responder a este questionamento, temos que levar algumas coisas em
consideração: A primeira e mais importante delas é saber com qual
instrumento o médico que vai utilizar tem mais prática e familiaridade, porque
não adianta eu escrever aqui que o kiwi é melhor e o médico não saber utilizar
o dispositivo.

Também é necessário avaliar a posição fetal, a necessidade do uso. Outra


coisa a se levar em consideração é que o fórceps tem maior taxa de sucesso.
Já o Kiwi chegou no Brasil em 2011 e, apesar de ser bem efetivo, ainda não é
de fácil uso para a maioria dos médicos.

Porém, algumas condições precisam ser melhor avaliadas, e essas condições


são:
O Fórceps é mais indicado em partos menores de 34 semanas, pois o
vácuo aumenta a chance de hemorragia intracraniana;
O vácuo deve ser utilizado em sua maioria, em extrações mais fáceis, pois
em extrações mais complicadas, o fórceps tem maior taxa de sucesso;
Após uma falha, o parto tem sua morbidade aumentada, portanto, o
cuidado com o uso é muito importante para a segurança da mulher;
O Parto instrumental deve dar lugar a cesariana depois de 3 tentativas,
pois os riscos aumentam muito, não sendo mais vantajosa sua preferência
em cima da cesariana;
O parto sequencial vaginal (vácuo seguido de fórceps) deve ser evitado,
pois aumenta a morbidade neonatal e materna, devendo ser substituída
pela cesariana;

Como podemos ver, existem uma série de fatores para definir qual é melhor
que o outro, não sendo assim tão fácil de se decidir. Em resumo, apesar de
informadas, ficamos fadadas a confiar no profissional de saúde que vai
manejar.

Fonte: Google

Quais são os riscos?


Escoriações e hematomas no bebê;
Incontinência urinária na mãe;
Lesões na parede vaginal;
Dor perineal;
Seu mal uso pode causar lacerações no períneo;
Restringir dieta

O que é?
Restringir dieta é o fato de negarem água ou alimentos a mulher durante o
trabalho de parto com a justificativa de, caso haja uma necessidade de
cesariana, a mulher já estar preparada e em jejum. Isso acontecia porque
antigamente, a cesariana era feita com anestesia geral, hoje raramente ela é
usada, sendo substituída pela Raqui. A anestesia geral, quando feita de
barriga cheia, causa enjoo, vómito, dor de cabeça e isso era perigoso, pois
com a pessoa desacordada ficava difícil saber quando esses sintomas
apareciam, correndo risco de asfixia. Hoje com a Raqui, a paciente fica
acordada e consciente o tempo todo, apenas não sente a dor, e por isso
quando estes sintomas aparecem, são facilmente controlados e medicados.

Consequências da restrição
O trabalho de parto exige muito do nosso corpo, necessitando de energia e
hidratação. Quando ficamos sem comer em situações normais, nossa pressão
baixa, sentimos desconforto, tontura, irritação e fadiga, agora, imagine tudo
isso enquanto você está em trabalho de parto?

Existem estudos que mostram que manter a mulher em dieta zero durante o
parto aumenta as taxas de cesariana, parto instrumental, necessidade de
intervenções que, em condições normais não aconteceriam, desmaios,
aumento no tempo de trabalho de parto, desidratação e dificuldades em
realizar a golden hour.

Eu, particularmente absurdo a gente ainda ter que brigar pelo direito de se
alimentar e se hidratar durante o trabalho de parto, porque não faz nenhum
sentido pra mim em deixar uma mulher parindo com fome e com sede, com
mais desconfortos e correndo mais riscos por uma ideia hipotética que, hoje
em dia, ja sabemos ser desnecessária.
O que posso comer?
Em gestações de risco habitual, sem necessidade de dieta especial, você
pode comer o que quiser, desde um copo de água a uma refeição completa,
tudo depende de como você está se sentindo. O mais indicado em geral é
que se consuma pequenos lanches calóricos, que dão energia e diminuem a
chance de você vomitar, pois a imensa maioria das mulheres apresenta enjoo
durante o trabalho de parto.

Antigamente a crença de que cortar açúcar e carboidrato no fim da gestação


ajudava a diminuir o tempo de trabalho de parto, mas ao longo do tempo os
estudos mostraram que não há evidências suficientes para submeter mulheres
a dietas restritivas com essa finalidade.

Alimentos que podem ajudar durante o trabalho de parto:


Oleaginosas como amendoim, castanha, nozes...
Frutas secas ou cristalizadas;
água de cocô e água com limão;
Mel ou melaço de cana;
Chocolate;
Doce de leite;
Açai;

Ps: Essas recomendações são para mulheres em gravidez de risco habitual.


Mulheres com diabetes gestacional e problemas hipertensivos devem consultar
um nutricionista ou obstetra;

Sobre as tâmaras: mito ou verdade?


Verdade! Realmente existem evidências de que consumir tâmaras no final da
gestação pode ajudar a reduzir o trabalho de parto, MAS as evidências
apontam para tâmaras in natura, e não para secas ou cristalizadas como é
consumida para a maioria das mulheres. As recomendações para que as
tâmaras sejam consumidas secas é porque o gosto dela in natura é bem...
desagradável, mas, não existem evidências de que ela, em outras formas de
consumo, ajudem de fato no trabalho de parto.
Lei do acompanhante

O que é?
Negar entrada do acompanhante no parto é crime federal desde 2005
através da lei 11.108. A lei é bem clara: toda mulher tem direito a
acompanhante durante o atendimento inicial, trabalho de parto e pós
parto/internação, sendo de livre escolha da gestante, não ditando gênero ou
parentesco. Isso não muda nem durante a pandemia, pois gestantes não
deixaram de parir. Caso o seu direito seja negado, chame a policia e faça
valer o seu direito: lei é lei!

Abaixo, segue a lei na íntegra:

Interpretando a lei
A Lei do Acompanhante é válida para parto normal ou cesariana;

A presença do(a) acompanhante (inclusive se este for adolescente) não pode


ser impedida pelo hospital ou por qualquer membro da equipe de saúde, nem
deve ser exigido que o(a) acompanhante tenha participado de alguma
formação ou grupo.
A Lei do Acompanhante não fala sobre pandemia, o que deixou em livre
interpretação, porém, autoridades e liminares judiciais deixam claro que o
acompanhante deve SIM estar presente.

A lei não especifica gênero, portanto, a proibição do acompanhante por este


ser do sexo masculino NÃO é legal, cabendo assim ação contra a
maternidade.

A lei deixa bem claro que o acompanhante deve estar presente durante o PRÉ
PARTO, PARTO E PÓS PARTO. O tempo todo você deve ter o seu
acompanhante junto com você.

O que fazer se negarem o acompanhante?


Nesse caso, você tem duas opções:

Caso você já saiba que a maternidade que você vai nega o direito ao
acompanhante, você pedir uma liminar judicial que autorize a entrada
dele, isso pode ser pedido pela defensoria pública da sua região. Peça a
liminar antes da data prevista, para quando for a hora, você já estar
preparada.

Caso você seja surpreendida, ou tenha a liminar desrespeitada, você pode


chamar a policia no local, pois lei é lei e nenhuma instituição está acima.
Pode abrir um BO, mas em geral as maternidades não esperam chegar
nesse nível, pois sabem da existência da lei.

Doula não é acompanhante


Em algumas cidades do Brasil, existe a lei da doula, onde entra a doula E o
acompanhante, então se informe se na sua cidade existe essa lei, para que a
maternidade não te faça escolher desnecessariamente um ou outro e te deixe
insegura justo no dia em que você precisa estar confiante. Essa é uma
violência bastante sútil, mas que acontece bastante, infelizmente.
Violência psicológica

O que é?
Uma em cada quatro mulheres sofrem violência obstétrica no Brasil, sendo a
mais comum a violência psicológica. Ela se caracteriza por ameaças, piadas e
comandos ofensivos, que causam constrangimento e diminuem a paciente
como mulher, mãe e ser humano.

Infelizmente, essa é uma das formas mais difíceis de provar, porque a maioria
das pessoas não tem costume de gravar o parto e acabam não tendo como
denunciar, então uma dica que dou para todas as mulheres que vão parir:
gravem o máximo que puderem enquanto tiver profissional da saúde perto de
vocês.

Exemplos de violência psicológica


"Na hora de fazer não gritou né?"
"Se não fizer força agora, você vai matar o seu bebê"
"Grita bastante pra ano que vem você não aparecer aqui de novo"
"vou deixar você virgenzinha pro marido"
"Quanto exagero, se doesse tanto não tava tendo filho"

Sabe o que todas essas frases tem em comum? a intenção de diminuir a


mulher e fazer ela se sentir insegura, para que assim não interfira nas
condutas da equipe, não os incomode e obedeça ordens, mesmo que
totalmente invasivas e prejudiciais. É quase como se fosse uma punição por
ter filhos.

Infelizmente, essa é uma das violências mais naturalizadas, pois a gente já é


avisada na gestação do que vai passar, com recomendações como "olha, não
grita não se não eles te maltratam, obedece tudo direitinho". Parece
completamente errado se revoltar contra ofensas, porque como já foi dito
várias vezes neste livro, profissionais da saúde são vistos como autoridades.
Mentir para a paciente é violento
Antigamente era popularizada a história de que gritar impedia o bebê de
nascer, porque ao gritar ele subia de volta para o útero. Felizmente este mito
já foi descredibilizado, mas, não muito tempo atrás muitas mulheres evitavam
gritar e inclusive se desesperavam quando gritavam acidentalmente com medo
de não conseguir parir.

Imagine, sentir medo de gritar porque se gritar, não vai parir? Tudo isso para
não incomodas os ouvidos sensíveis dos profissionais de saúde? Então sim, é
violento e desrespeitoso inventar teorias mirabolantes para impedir que
mulheres sejam livres no seu trabalho de parto.

Existem também profissionais que inventam motivos falsos para mortes


neonatais, como cordão enrolado no pescoço, engolir água de parto, lacto
gestação causar aborto ou roubar nutrientes do bebê.

Toda paciente merece ouvir a verdade sobre seu parto e sua perda. Essa
também é uma violência obstétrica, mas é uma das mais ignoradas.

Violência psicológica agora é crime


A lei 14.188, de 2021 incluiu no Código Penal o crime de violência psicológica
contra a mulher.

"Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima


ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de
sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação".

A pena para o crime de violência psicológica contra a mulher é de reclusão de


seis meses a dois anos e multa.
Enema

O que é?
Enema é a lavagem intestinal, feita antes do parto para limpar o intestino e
assim prevenir que a mulher não faça coco durante o trabalho de parto. É um
procedimento invasivo, perigoso e violento, pois, além de ter que lidar com as
dores e desconfortos do fim da gravidez e trabalho de parto, a mulher vai ter
que lidar com a dor e o constrangimento do procedimento, que vem atrelado
a episiotomia, e trazem consequências graves.

Existe indicação?
Não não existe. Os motivos para se fazer enema foram todos tirados de lugar
nenhum. Muitas se submetem por medo de fazer cocô na hora do parto, pois
se sentem constrangidas em evacuar na frente de outras pessoas e medo de
sujar o bebê. Outro motivo é o de existia a crença de que isto abreviava o
tempo do trabalho de parto e do expulsivo.

O fato é que o enema se mostrou inútil em todos os estudos realizados, e é


desaconselhado pelas políticas de bom parto do ministério da saúde e da
organização mundial da saúde, porque o que não tem provas de benefícios,
não deve ser realizado.

Em resumo:
Não há indicações para a realização;
Não diminuiu taxas de contaminação fecal no parto;
Não há diminuição no trabalho de parto;
Não foi associado a aumento de dor no parto, mas também não diminuiu;
Muitas mulheres submetidas ao enema tendem a ter opinião positiva, mas
porque acreditam que isso as ajudou, quando na verdade, não;
Mulheres que não foram submetidas tem tendência a recusar a realização,
por acreditar que cause dor ou incômodo;
Tende a prejudicar a flora intestinal e facilitar infecções;
Amniotomia

O que é?
Amniotomia é a ruptura da bolsa feita pela obstetra, afim de induzir o trabalho
de parto ou acelera-lo, pois a ruptura libera a prostaglandina do liquido para
a cavidade uterina, aumentando assim as contrações uterinas e causando uma
aceleração do trabalho de parto. Mas, a prática tem riscos e não deveria ser
feita de rotina como é, atualmente.

Tem evidência cientifica?


Ter tem, mas não para a indução e aceleração do parto. Para essas, muitas
metanálises já mostraram que não há diferença de tempo entre partos com a
realização da amniotomia e partos onde ela não foi feita. Existe a indicação
da amniotomia para corrigir possíveis distócias de ombro, ou posições
desfavoráveis, mas estas com muita cautela e como última opção. Inclusive,
importante citar que, no grupo onde foi realizado amniotomia, existiu um leve
aumento nas taxas de cesarianas.

PS: Estudos indicaram um aumento significativo de prolapsos de cordão no


grupo onde foi realizada a amniotomia, sendo assim, desencorajada pela
Organização mundial da saúde como procedimento de rotina.

Riscos da amniotomia
Desconforto e aumento da dor;
Infecção uterina, em alguns casos chegando a septicemia;
Batimentos cardíacos não tranquilizadores (bebê);
Prolapso de cordão umbilical;
Hemorragia;
Aumento das taxas de cesariana;
Em alguns estudos, foi relacionada a apgar menor que 7 no primeiro
minuto de vida;
Recepção ao recém nascido

O que é?
Quando um bebê nasce, a forma como ele é recepcionado pelas pessoas
pode mudar tudo. Infelizmente, muitos protocolos engessados do sistema
causam dores e até mesmo doenças nos bebês que acabaram de nascer, sem
medir se realmente é necessária a prática. É importante que esse assunto seja
discutido e debatido com as mães, para que ao menos os bebês possam ser
protegidos da violência neonatal, uma grande parceira da violência
obstétrica.

O que precisamos mudar


Primeiro precisamos de uma vez por todas abolir o nitrato de prata, que nada mais é
que um colírio, cuja necessidade é de aplicação para bebês que a mãe tem
gonorreia. Se a mulher está saudável, não tem motivo para a aplicação, pois, além
de arder, pode causar conjuntivite química. Você pode negar que o procedimento
seja feito, vão pedir pra você assinar um termo de responsabilidade apenas pra te
coagir a aplicar, mas você pode assinar sem medo caso não tenha gonorreia.

Outra coisa que poderíamos abolir é a aspiração de rotina. É invasivo, doloroso e


desnecessário. Existem pouquíssimas indicações, mas é realizada como se todos os
bebês necessitassem. Causar dor num bebê que acabou de vir ao mundo é uma
forma bem cruel de dizer olá.

O corte do cordão umbilical também deve ser em momento oportuno: Quando para
de pulsar e temos a certeza de que o bebê recebeu todo o sangue necessário.
Cortar o cordão antes do tempo de pulsação pode causar anemia, pois 30% do
sangue do bebê pode ficar na placenta. Existem poucas indicações de corte do
cordão antes do tempo, não deve ser feito de rotina.

O banho também pode - e deve- ser atrasado, pois o vernix (substância gordurosa
e esbranquiçada que vem na pele do bebê) hidrata e protege a pele do bebê,
previne infecções e mantém a temperatura corporal.
Vitamina k
A vitamina K é muito importante para o bebê, pois ela é a vitamina responsável
por proteger o bebê da doença hemorrágica do recém nascido. É uma
vitamina que o bebê não recebe da mãe, pois ela não passa pela placenta.
Você pode exigir que a dose - feita em uma injeção - seja no seu colo e
enquanto o bebê mama, para que o desconforto seja mínimo. Ela ´pode ser
ofertada via Oral também ao longo de um tempo, mas isso requer um cuidado
a mais, que pode se tornar incomodo no puerpério, e por isso é ofertada em
uma única dose na maternidade.

Precisa dar fórmula para o bebê?


Não! Nem fórmula, nem chupeta, nem levá-lo para berçários! Bebê que nasce bem
fica com a mãe e mama leite materno desde a primeira hora de vida, mesmo que
seja uma cesariana.

Em maternidades do sus é proibido levar bicos artificiais, justamente para a


proteção da amamentação, mas, em hospitais da rede privada, é comum que bicos
artificiais e fórmulas sejam ofertadas para "conforto materno". Cuidado para não
cair na armadilha e prejudicar a sua amamentação.

Amamentação também é humanização


Faz parte do atendimento humanizado ao recém nascido a promoção da
amamentação como ela deve ser, sem dor, sem problemas graves, com mãe
informada e bebê com a mamada estabelecida, pois é dever de todos a promoção
a amamentação. É direito da mulher amamentar, é direito do bebê ser
amamentado, sendo necessária que a humanização olhe também para o peito da
mulher e a saúde do bebê.

Muitas pessoas acham que amamentação é instintiva ou questão de sorte, mas na


verdade ela deve ser promovida e ensinada pelos profissionais da saúde ás mães
assim que o bebê nasce, de forma que elas possam se sentir seguras e aptas a
cuidar de seus bebês. Ainda temos um longo caminho a percorrer para que
realmente o bebê tenha uma recepção realmente humanizada e sua saúde
protegida.
A hora de ouro

O que é?
Ao contrário de todos os outros capítulos deste livro, este veio para informar
de modo positivo. A “golden hour”, é à primeira hora de vida do bebê e é
muito valiosa para a saúde e bem estar da mãe e do bebê.

A transição do ambiente intrauterino para a vida extrauterina é bastante


complicada para os bebês, mas é possível adotar algumas medidas para
tornar essa experiência melhor e mais saudável para ambos.

Nos primeiros 60 minutos após o nascimento, tanto a mãe quanto o bebê


costumam estar tomados por ocitocina, por isso é tão importante aproveitar
esse período para promover o vínculo entre a mãe e a criança.

A recepção
Após o nascimento de um bebê saudável, o melhor lugar para ele estar é no
colo da mãe. O recém-nascido deve ser colocado de bruços e sem roupa,
diretamente no abdome ou ventre materno, apenas com o dorso coberto. Esse
contato pele a pele na primeira hora de vida é precioso e ajuda o recém
nascido a regular a temperatura corporal, fortalece o sistema imunológico,
pois entra em contato com a microbiota materna, além de favorecer a
construção do vínculo mãe-bebê.

Independentemente da via de parto (parto vaginal ou cesárea), o contato pele


a pele deve ser priorizado, e a avaliação inicial do recém-nascido pode ser
realizada no seio da mãe.

Outras práticas que podem ajudar este momento é diminuir a luz ambiente,
diminuir o barulho em volta do bebê, e manter a temperatura da sala de modo
confortável.
Amamentação
A primeira mamada deve ser feita na primeira hora de vida, pois faz com que
o organismo materno libere ocitocina, o que ajuda na expulsão da placenta
de forma fisiológica, diminui a perda sanguínea no pós-parto, protegendo a
mãe de uma hemorragia pós parto.

Para o bebê, a amamentação na primeira hora faz com que seu organismo
receba o colostro, rico em anticorpos e nutrientes, considerada a “primeira
vacina” do bebê.

Estudos indicam que o risco de mortalidade diminuiu 22% em bebês que


tiveram a golden hour respeita, e a taxa de mortalidade aumentou em 78%
para bebês não amamentados nas primeiras 24 horas de vida. Justamente por
esta taxa alta é que a primeira mamada ganha o nome de "primeira vacina do
bebê".

Importante salientar que, quando, por qualquer motivo que seja, a mãe não
pode ter a golden hour com o bebê, o pai pode desempenhar esse papel,
contato pele a pele, muito colo e carinho até que a mãe esteja apta.
Como e porque denunciar

Como denúnciar?
Solicite a cópia do prontuário, o hospital deve entregar em até 30 dias
úteis;
Reúna fotos, documentos, exames, vídeos, tudo que você puder reunir
serve de prova;
Reúna testemunhas, se possível;
Registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima da
delegacia;
Registre uma denúncia no conselho federal de medicina ou enfermagem;
Registre uma denúncia no ministério público ou defensoria pública da sua
cidade;
Contrate um advogado especialista em violência obstétrica;
O prazo para denunciar é de 3 a 5 anos após o ocorrido;

Como provar?
Muitas mulheres sabem que sofreram violência obstétrica, porém deixam de
buscar seus direitos por não saberem quais provas precisam para mover a
ação.

Primeiro ponto é que não existe uma lista exata do que é necessário para
ingressar com a ação de violência obstétrica, cada caso é único e precisa
ser analisado de preferência por um advogado qualificado a apontar quais
são as provas necessárias para o seu caso.

Entretanto, existem alguns documentos que são básicos independente do caso vai
precisar, que é o caso do PRONTUÁRIO MÉDICO. Com relação a este documento o
hospital é obrigado a fornecê-lo, podendo cobrar apenas o valor das cópias.
Outro documento importante é o partograma que deve vir junto com o
prontuário médico.

Ter testemunhas que presenciaram o fato também é importante, ainda que


sejam familiares, pois em situações como estas não dá para exigir a presença
de pessoas que não às esperadas para a ocasião. A doula e o fotógrafo
contratado pode ser uma excelente testemunha.

Por fim a dica que eu dou é procurar observar ou se lembrar se no local do


fato há a presença de câmeras, pois pode ser solicitado pelo juiz a
apresentação das imagens.

(Texto de autoria da Dra. Thaisa Beiriz).

Quem pode praticar violência obstétrica?


Médico (a) obstetra;
Enfermeiro (a);
Anestesista;
Técnico (a) em enfermagem;
Recepcionista ou pessoas que façam parte da administração do hospital;
Doula;

Capítulo colaborativo com a Doula e Psicóloga Jennifer Rosendo, do perfil no


instagram @parirsemviolência.
Obrigada a cada uma de vocês que comprou este E-book e valorizou o meu
trabalho, vocês não só me dão um motivo para lutar e ter esperança, como
financiam para que outras mulheres recebam ajuda e atendimento.

Muito, muito obrigada.


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contidas nesse ebook,

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