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FACULDADE FASOUZA

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA E NEUROPSICOPEDAGOGIA


INSTITUCIONAL E CLÍNICA

HISTÓRICO AO AUTISMO E INTERVENÇÕES DA


NEUROPSICOPEDAGOGIA

MEIRY DANIELA BRAGA RIBEIRO

PORTO VELHO - RO.


2022
FACULDADE FASOUZA

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA E NEUROPSICOPEDAGOGIA


INSTITUCIONAL E CLÍNICA

HISTÓRICO AO AUTISMO E INTERVENÇÕES DA


NEUROPSICOPEDAGOGIA

MEIRY DANIELA BRAGA RIBEIRO

Trabalho apresentado à Faculdade FaSouza com o objetivo


de obtenção de Título de Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva e
Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica.

PORTO VELHO - RO.


2022.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO_______________________________________________________5
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO AUTISMO__________________________6
CAUSAS DO AUTISMO________________________________________________8
O AUTISMO NO BRASIL E OS CAMINHOS PARA EDUCAÇÃO.________________9
EDUCAÇÃO ESPECIAL X INCLUSÃO___________________________________12
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA_______________________15
IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR_________________________16
DESAFIOS DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO EM ESCOLAS DE
ENSINO REGULAR__________________________________________________19
EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA AUTISTA_________________________________21
CONCLUSÃO_______________________________________________________24
REFERÊNCIAS_____________________________________________________25
RESUMO
Descrito pela primeira vez em 1942 pelo Dr. Leo Kanner - residente de
Baltimore, nos EUA e de naturalidade austríaca-, o transtorno do espectro autista foi
descrito originalmente em inglês.
Trata-se de um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por
alterações presentes desde idade muito precoce, normalmente antes dos três anos
de idade, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres do desenvolvimento
humano como as áreas de comunicação, interação social, aprendizado e
capacidade de adaptação.
O objetivo principal do estudo foi o de explicitar as principais característiscas
do Transtorno espectro autista (TEA) em seus aspectos psicológicos, educacionais e
em seus parâmetros clínicos, promovendo noções sobre o problema a ser
trabalhado e enfrentado pelos profissionais da educação que competem à inclusão
escolar, elucidando dados essenciais para que o educador seja capaz de
compreender melhor o que é o autismo e com isto, seja capaz de criar estratégias
de inclusão no cotidiano para portadores de autismo no ensino regular.

Palavras-Chave: Autismo;Inclusão; Educação Especial, Neuropsicopedagogia,TEA.


5

INTRODUÇÃO

A terminologia autismo está caracterizada como uma síndrome


comportamental e sua sintomatologia tende a se manifestar desde o nascimento ou
no decorrer dos primeiros anos de vida - comumente identificada até os três anos de
idade- e foi descrita inicialmente em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner e nas
décadas seguintes, teve seus estudas e pesquisas se fortificando como uma
entidade diagnóstica e passou a ser estudado por muitos pesquisadores em áreas
diversas ao redor do mundo - pela grande abrangência que o tema envolve, desde
familiar, aos aspectos clínicos, médicos, psicológicos e escolares.(GIKOVATE,
2009).
Classificado como um dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), o
autismo infantil é caracterizado por um comprometimento global e grave em diversas
áreas do desenvolvimento, como nas habilidades de comunicação e presença de
estereotipias comportamentais, habilidades de interação social recíproca e
interesses e atividades. (SILVA; HERRERA; VITTO, 2007).
Apesar de o aluno autista ter um comprometimento, sua escolarização é
possível, desde que sejam oferecidas oportunidades para que esse processo ocorra,
o profissional tem que ter o conhecimento de métodos educacionais adequados. De
forma geral a escolha do tema se distingue pela necessidade de possibilitar novos
conhecimentos e informações sobre o autismo.
Para Drownet (2001), dificuldades de aprendizagem são diferentes de
distúrbios de aprendizagem, pois o distúrbio é caracterizado por perdas físicas,
emocionais e intelectuais, enquanto a dificuldade de aprendizagem está ligada com
a dificuldade em compreender a metodologia de ensino do professor, desta forma o
aluno apresenta um atraso escolar que ocorreu em algum momento de sua vida.
Neste mesmo sentido, Pelissari (2006) destaca que a criança que tem
dificuldades de aprendizagem, não apresenta qualquer comprometimento físico,
intelectual ou emocional, e por muitos anos algumas crianças tem sido estudadas e
mal diagnosticadas.
6

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO AUTISMO

De acordo com Associação Brasileira de Autismo a palavra “autismo” deriva


do grego “autos”, que significa “voltar-se para sí mesmo”.
A primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler para se
referir a um dos critérios adotados em sua época para a realização de um
diagnóstico de Esquizofrenia. Estes critérios, os quais ficaram conhecidos como “os
quatro A‟s de Bleuler, são: alucinações, afeto desorganizado, incongruência e
autismo.
A palavra referia-se a tendência do esquizofrênico de “ensimesmar-se”,
tornando-se alheio ao mundo social – fechando-se em seu mundo, como até hoje se
acredita sobre o comportamento autista..
A partir de 1943, Leo Kanner realizou o primeiro trabalho científico
reconhecido internacionalmente, o detalhamento minucioso dos itens característicos,
estudou um grupo de crianças que revelavam um comportamento diferente do da
maioria. Apresentando uma aparência física normal, porém, mostravam um
isolamento extremo.
No ano de 1944 o pediatra Hans Asperger, centrou-se em outro tipo de
autismo, às vezes chamado de autismo inteligente; os traços característicos das
crianças com autismo são em sua grande maioria os mesmos, apresentavam
dificuldades a nível social. Manifestavam preferência pelo jogo solitário, ansiedade
ou perturbação a mudanças de rotinas, boa capacidade de falar fluentemente, mas
falta de compreensão e utilização da linguagem como interação social.
Em 1979 é confirmado por Lorna Wing (Wing & Gould,1979), a partir de uma
investigação feita em Camberwell, a tríade de perturbações no autismo que segundo
o autor manifesta-se em três domínios:
✓ Domínio social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos
padrões habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criança com
autismo pode isolar-se, mas pode também interagir de forma estranha, fora dos
padrões habituais.
7

✓ Domínio da linguagem e comunicação: a comunicação, tanto verbal como


não verbal é deficiente e desviada doa padrões habituais. A linguagem pode ter
desvios semânticos e pragmáticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que
cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a vida. Domínio do
pensamento e do comportamento: rigidez do pensamento e do comportamento,
fraca imaginação social. Comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em
rotinas, atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.
No entanto a partir do ano de 2002, o autismo passou a ser classificado no
novo manual DSM-IV-TR, dentro da categoria de Transtorno Global do
Desenvolvimento (GOMES, 2007; LOPES- HERRERA, 2004),
O quadro clínico do autismo, segundo o DSM IV TR (APA, 2002) é:
Prejuízo da habilidade social: não compartilham interesses, não desenvolvem
empatia e demonstram certa inadequação em abordar e responder aos interesses, emoções
e sentimentos alheios; Prejuízo no uso de comportamentos não-verbais como: contato visual
direto, expressão facial, postura corporal e com objetos; Dificuldades na interação social:
fracasso em vincular-se a uma pessoa específica, não diferenciação de indivíduos
importantes em sua vida, falta de comportamento de apego; Alterações na linguagem: atraso
na linguagem falada. Nos que desenvolvem a linguagem adequadamente, dificuldade em
iniciar ou manter uma conversa, uso estereotipado e repetitivo de certas palavras ou frases e
emprego da terceira pessoa (inversão pronominal) para falar de suas 12 vontades. Os que
aprendem a ler não apresentam compreensão do 15 que lêem; Alterações de
comportamento: padrões restritos de interesse, manipulação sem criatividade dos objetos,
ausência de atividade exploratória, preocupação com as partes de objetos, inabilidade para
participar de jogos de imitação social (AMERICAN PSYCHIAIATRIC ASSOCIATION (APA).
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM IV TR,2002)

Seguindo a proposta de lançar um olhar longitudinal sobre o curso dos


transtornos mentais, o DSM-5 excluiu o capítulo Transtornos Geralmente
Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência. Parte dos
diagnósticos do extinto capítulo passou a compor os Transtornos do Neuro
desenvolvimento. Os critérios para Deficiência Intelectual enfatizaram que, além da
avaliação cognitiva é fundamental avaliar a capacidade funcional adaptativa. Os
Transtornos de Comunicação agrupam antigos diagnósticos com discretas
alterações quanto à divisão e nomenclatura. Os Transtornos Globais do
Desenvolvimento, que incluíam o Autismo, Transtorno Desintegrativo da Infância e
8

as Síndromes de Asperger e Rett foram absorvidos por um único diagnóstico,


Transtornos do Espectro Autista.

CAUSAS DO AUTISMO
Embora prevalente na população do Brasil e do mundo, ainda há muito a
desbravar sobre as causas do autismo. Há síndromes como “Síndrome de Down” e
“Síndrome do X Frágil” (problema no gene do cromossomo X) que têm sido
associadas à maior propensão de desenvolver o autismo. Quando não é este o
caso, o avanço das pesquisas que estudam o TEA tem apontado que a condição
pode ter uma origem multifatorial.
Pode-se estabelecer a seguinte divisão: “idiopática“, ou seja, de causa
desconhecida; e “secundária“, em que ocorre alguma anomalia cromossômica, o
transtorno de um ou mais genes, ou está ligado a fatores ambientais – caso em que
se avaliam aspectos familiares, exposição a condições como infecções, toxicidade,
entre outros, que podem predispor ao autismo.
Está confirmado que as mutações genéticas desempenham um papel
significativo no autismo. Nos últimos 10 anos, os cientistas identificaram centenas de
16 genes que estão ligados à causa do autismo. Tem-se observado que quando
genético, o TEA geralmente resulta de alguma falha no processo do
desenvolvimento cerebral, ainda no início do desenvolvimento fetal, causado por
defeitos nos genes que controlam o crescimento do cérebro e que regulam a forma
como os neurônios se comunicam entre si.
Segundo a autora Ana Maria S. Ros de Mello (2007) em seu Manual Prático
sobre Autismo as causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem
do autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida
de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética.
9

O AUTISMO NO BRASIL E OS CAMINHOS PARA EDUCAÇÃO.


Dados do Censo Escolar do Ministério da Educação e Cultura (MEC/INEP)
destacaram o aumento no número de matrículas de alunos com necessidades
educacionais especiais de ensino em 640% nas escolas regulares contra 28% nas
escolas e classes especiais, entre os anos de 1998 e 2006. Além disso, o Censo
apontou o crescimento de 146% de matriculas de alunos especiais em escolas
públicas regulares e 64% em escolas privadas regulares (BRASIL, 2007).
Entre os alunos considerados na definição oficial de "necessidades
educacionais especiais", encontram-se pessoas com autismo (BRASIL, 2008).
O conceito de autismo e os critérios utilizados para o diagnóstico sofreram
mudanças ao longo dos anos e a definição atual mais utilizada é a da quarta versão
revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais; DSM-
IVTR(ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2002), que classifica o
autismo na categoria de Transtornos Globais do Desenvolvimento e que, por sua
vez, engloba as seguintes condições: Transtorno autista, Transtorno de Rett,
Transtorno desintegrativo da infância, Transtorno de Asperger e Transtorno global
do desenvolvimento sem outra especificação (autismo atípico).
Não se sabe o numero exato de Autistas no Brasil devido a poucas pesquisas
realizadas nesta área, através de sites oficias e leituras realizadas nos Manuais
Oficiais sobre o tema, atualmente o número mais aceito no mundo é a estatística do
Center of Deseases Control and Prevention (CDC), órgão do governo dos Estados
Unidos: uma criança com autismo para cada 110. Diante disto, estatisticamente
devem existir de 75 mil a 195 mil Autistas no Brasil.
A Legislação brasileira a partir da Constituição Federal de 1988 traz como um
dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º,
inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o
pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de
acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante
10

como dever do Estado, a oferta do Atendimento Educacional Especializado,


preferencialmente na Rede Regular de Ensino (art. 208).

Foi após a Constituição de 1988 que a educação passou a ser considerada


um direito para todos e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB por meio
dos artigos 29 e 30 a Educação Infantil (primeira etapa da educação básica) é
oferecida em creches e em pré-escolas para alunos com diagnósticos de autismo ou
demais transtornos.
De acordo com a Lei 12.764 de 27 de dezembro de 2012 (inciso IV do art.2º)
para casos de diagnóstico comprovado, o aluno terá direito a acompanhante
especializado, não sendo submetido a tratamentos considerados desumanos ou
degradantes e não estando privado nem de sua liberdade e nem do convívio familiar
(Art.4º). Nas escolas, o gestor ou autoridade que se recusar a oficializar a matrícula
de um aluno com transtorno ou qualquer outro tipo de deficiência será punido com
multa de três a vinte salários mínimos (Art. 4º).
Para a criança com diagnóstico comprovado de autismo ou outros transtornos
do desenvolvimento já mencionados anteriormente neste trabalho, ingressar na
escola tradicional não é tarefa fácil, devido as especificidades que apresenta
(dificuldades na comunicação, na interação social e problemas no desenvolvimento
de forma geral).
Para a escola também não é, além de buscar as regularizações necessárias
ao cumprimento do direito da criança diante das necessidades jurídicas e das
necessidades em termos de formação profissional, há a questão da convivência com
os colegas que precisa ser trabalhada de forma esclarecedora, para que episódios
de exclusão possam ser evitados. Para que a escola possa ser considerada
inclusiva de fato, é preciso que receba e acolha os alunos independente de suas
condições de qualquer ordem que sejam, tendo como objetivo básico desenvolver
uma pedagogia que seja capaz de educar e incluir todos aqueles que apresentem
dificuldades, sejam elas educacionais, temporárias ou permanentes, conforme
afirma Mantoan (2008).
11

Ainda no ano de 1990 institui-se - Declaração Mundial de Educação para


Todos - apresentando-nos a influência dos documentos internacionais para que as
políticas de educação inclusiva no Brasil possam ser respaldadas em estruturas
consistentes de ensino e aprendizagem, como se pode notar no At. 2 -Expandir o
Enfoque:
Lutar pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para todos exige
mais do que a ratificação do compromisso pela educação básica. É necessário um enfoque
abrangente, capaz de ir além dos níveis atuais de recursos, das estruturas institucionais; dos
currículos e dos sistemas convencionais de ensino, para construir sobre a base do que há de
melhor nas práticas correntes. Existem hoje novas possibilidades que resultam da
convergência do crescimento da informação e de uma capacidade de comunicação sem
precedentes. Devemos trabalhar estas possibilidades com criatividade e com a
determinação de aumentar a sua eficácia. 2. Este enfoque abrangente, tal como exposto nos
Artigos 3 a 7 desta Declaração, compreende o seguinte: • universalizar o acesso à educação
e promover a equidade: • concentrar a atenção na aprendizagem; • ampliar os meios e o raio
de ação da educação básica; • propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; • fortalecer
alianças (UNESCO,1998).

A Declaração de Salamanca, que veio possibilitar a estruturação de práticas em prol


da Educação Especial, foi adotada pela Conferência Mundial em Educação Especial
organizada pelo governo da Espanha conjuntamente com a UNESCO, na cidade de
Salamanca entre 7 e 10 de junho (UNESCO, 1994). Sobre a Declaração de
Salamanca Siqueira (2008, p. 2) destaca:

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em que todos os alunos devam
aprender juntos sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças
que apresentem. As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer as necessidades
diversas dos seus alunos, adaptando aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo
a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma
boa organização escolar, de estratégias psicológicas, de utilização de recursos e de uma
cooperação com as respectivas comunidades, é preciso portanto, um conjunto de apoio de
serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola.
12

Diante de tantas conquistas foi somente no ano de 2007 através da Política


Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do Ministério
de Educação (MEC) que os portadores de TGD, foram citados pela primeira vez.

EDUCAÇÃO ESPECIAL X INCLUSÃO


A educação especial consiste na utilização de ferramentas didáticas
específicas para atender as limitações que a criança possui, sejam elas físicas ou
cognitivas. A educação especial, no entanto, não possui um papel de integrador da
criança com a sociedade, por ser aplicada fora do contexto da educação regular.
A educação inclusiva por sua vez é um sistema educacional híbrido que alia a
educação regular com a educação especial, isto é, as crianças com algum tipo de
deficiência são inseridas no ambiente escolar normal, para que não haja o
comprometimento do rendimento escolar dessas crianças é necessária à
estruturação física da escola e capacitação dos professores para lidar com esses
alunos diferenciados.
De acordo com o autor Zimmermann e Strieder (2010), a educação inclusiva
deseja compreender e aceitar o outro na sua singularidade. Implica mudança de
perspectiva educacional e abre horizontes para o desenvolvimento de sociedades
inclusivas. Os autores preservam a ideia de que uma escola inclusiva aceita as
diferenças, promove a construção do conhecimento levando em consideração as
especificidades de cada um.
As padronizações ligadas à reabilitação são substituídas por mudanças que
atendam as crianças com alguma necessidade especial tornando possível o
processo de transformação do sistema educacional brasileiro, em um sistema
educacional inclusivo.
Para ocorrer tais mudanças e dar continuidade as já existentes, é preciso
sensibilizar toda a sociedade e principalmente a comunidade escolar. De acordo
com as afirmações, é possível compreender que práticas pedagógicas centradas
nas crianças é que farão acontecer a inclusão de todos com os que possuem ou não
alguma deficiência.
13

Ter como foco que a escola é para que todos aprendam, sem discriminações
e muitas vezes é nela que terá a única oportunidade e incentivo pra superar suas
limitações e arriscar-se no mundo letrado.

Segundo documento da UNESCO (1994 apud Cardoso, 2008, p.50), dentro


da escola regular de ensino:
a) Toda criança tem direito fundamental à educação, e develhe ser dada a
oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; b) Toda criança possui
características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; c)
Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que
deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança capaz de satisfazer a
tais necessidades; d) Escolas regulares que possuam orientação inclusiva constituem os
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando comunidades
acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos. Tais
escolas provê em uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimora a eficiência e, em
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional

Ao comentar sobre inclusão, apoiamos na legislação que nos permite


assegurar o direito de todos à educação, possibilitando o acesso à escola e a
permanência nela, independentemente de sua necessidade especial e, cabe a
instituição de ensino garantir e cumprir esse direito.
Assim, a instituição de ensino deve se comprometer a oferecer um ensino de
qualidade, buscando melhorias em sua estrutura física quanto no modo de ensino
aprendizado. Isto faz com que a escola tome consciência que necessita adaptar o
ambiente escolar, tanto como adequar o currículo e também trazer alternativas
metodológicas diferenciadas de acordo com a necessidade de cada aluno. Nesse
sentido, o corpo docente deve procurar capacitação para auxiliar na sua gestão e,
assim, prepará-los para receber crianças e jovens previstos pela legislação da
educação especial. Por isso, os professores, ao realizarem sua capacitação, estão
oferecendo aos alunos com necessidades especiais, em especial o aluno com TEA,
um ensino aprendizado de qualidade.
Ao comentar sobre inclusão, apoiamos na legislação que nos permite
assegurar o direito de todos à educação, possibilitando o acesso à escola e a
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permanência nela, independentemente de sua necessidade especial e, cabe a


instituição de ensino garantir e cumprir esse direito. Assim, a instituição de ensino
deve se comprometer a oferecer um ensino de qualidade, buscando melhorias em
sua estrutura física quanto no modo de ensino aprendizado.

Ao argumentar sobre inclusão dos alunos com autismo, procura-se


compreender como nós, educadores, podemos lidar com esses alunos e que o
processo de inclusão escolar demanda de uma parceria entre pais, escola e
profissionais. Temos que ter a percepção de que inclusão vai muito além de estar
em uma sala de aula, é preciso que o aluno faça parte da turma, interaja com os
professores e as demais crianças, compreenda as questões pedagógicas e se
desenvolva de acordo com as suas particularidades e o seu ritmo de aprendizado,
por isso a importância do mediador escolar para auxiliar nas conquistas desses
objetivos e dos demais que surgirão com o decorrer do desenvolvimento do aluno.
(GLAT, BLANCO, 2009).
O educador necessita estar ciente que o trabalho com essas crianças, é um
processo continuo demorado paciente, até mesmo porque uma das características
do TEA é a falta de atenção, pois, a atenção deste está sempre comprometida, e
para o professor atrair sua atenção ele necessita de utilizar recursos didáticos de
modo que ele irá envolver a atenção da criança conseguindo então trabalhar e
desenvolver-se com ela, tanto a parte social, quanto a parte motora. Usar atividades
lúdicas, como por exemplo, brincadeiras que prenda a atenção dessas crianças
(futebol, jogos estimulando a coordenação motora e envolvendo a interação social,
junto com a ajuda dos seus colegas de sala, visando em algo que o faça interagir no
meio em que ele está inserido).
De acordo com SCHWARTZMAN ASSUNÇÃO JUNIOR:
Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores serão as
chances dela promover novas aprendizagens, ou seja, independente da programação
estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa quando ocorrer uma interação entre o
aluno autista e o professor (SCHWARTZMAN E ASSUNÇÃO JUNIOR, 1995).
Compreendemos que o professor não deve apenas se prender às habilidades
que estas crianças têm para promover suas aulas, mas também, criar possibilidades
de desenvolver outras habilidades e estimular as limitações que a criança autista
possui, é preciso que a escola seja um ambiente inclusivo e propicio para o acesso
15

27 da pessoa autista, é necessário que saibam lidar com a diferença de estágios


existentes e utilizar propostas metodológicas de acordo com a necessidade da
criança autista. É de suma importância a formação e capacitação de professores
para que estes convivam com naturalidade com as divergências dos alunos que
encontrará na sala de aula.

EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Conforme UDEMO (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do


Estado de São Paulo) a Educação Inclusiva é a educação para todos, que visa
reverter o percurso da exclusão, ao criar condições, estruturas e espaços para uma
diversidade de educandos.
Assim, a escola será inclusiva quando transformar, não apenas a rede física,
mas a postura, as atitudes e a mentalidade dos educadores, e da comunidade
escolar em geral, para aprender a lidar com o heterogêneo e conviver naturalmente
com as diferenças.
Os sistemas de ensino devem dar respostas às necessidades educacionais
de todos os alunos, pois o movimento inclusivo nas escolas, por mais contestado,
que ainda seja, até mesmo pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança,
especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela sua
lógica e pela ética do seu posicionamento social. O momento é refazer a educação
escolar, seguindo novos paradigmas, preceitos, ferramentas e tecnologias
educacionais.
A sustentação de um projeto escolar inclusivo implica necessariamente
mudanças nas propostas educacionais da maioria das nossas escolas e em uma
organização curricular idealizada e executada pelos seus professores, diretor, pais,
alunos, e todos os que se interessam pela educação na comunidade em que a
escola se insere.
As propostas educacionais que dão conta de uma concepção inclusiva de
ensino refletem o que é próprio do meio físico, social, cultural em que a escola se
localiza; e são elaboradas a partir de um estudo das características deste meio.
Embora mais difíceis de serem concretizadas, elas não são utópicas, e
demandam inúmeras ações, que são descritas e estruturadas no plano político-
pedagógico de cada escola.
16

Diante do exposto entendemos que para acontecer à inclusão de fato, os


sistemas de ensino devem criar escolas e capacitar professores e funcionários, para
que os mesmos compreendam a singularidade de cada criança e aprendam a
conviver, respeitar e principalmente oferecer a mesma qualidade de ensino a todos,
com as mesmas condições de desenvolvimento.
De acordo com Lopez (2011, p. 16),
Professores, orientadores, supervisores, direção escolar, demais funcionários,
famílias e alunos precisam estar conscientes dessa singularidade de todos os estudantes e
suas demandas específicas. Esta tomada de consciência pode tornar a escola um espaço
onde os processos de ensino e aprendizagem estão disponíveis e ao alcance de todos e
onde diferentes conhecimentos e culturas são mediados de formas diversas por todos os
integrantes da comunidade escolar, tornando a escola um espaço compreensível e inclusivo.

Nota-se que o processo de inclusão traz consigo a transformação da escola,


pois acarreta na inserção de alunos com quaisquer déficits e necessidades no
ensino regular, cabendo às escolas, aos seus professores, à estrutura e ao currículo,
se adaptarem às necessidades e possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento destes alunos. No final das contas, a inclusão rompe com o modelo
tradicional de ensino. Sendo assim, para garantir a inclusão escolar da criança
autista, é necessário que a escola adapte seu programa de currículo escolar e o
educador-professor modifique sua forma tradicional de ensinar, adotando estratégias
adequadas que garantam o potencial máximo de desenvolvimento desses escolares.

IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

A formação do professor da educação básica é um tema constante em leis


educacionais. A Lei de Diretrizes de Base da Educação criada com a proposta de
mudanças significativas no cenário educacional, em seu art. 62 (BRASIL, 1996)
determina a formação do profissional que atua na educação básica tanto em nível
médio como superior.
Essa formação é considerada mínima para que o professor atue na área da
educação infantil e nos primeiros cinco anos do ensino fundamental. De acordo com
o documento do MEC intitulado de a Proposta de Diretrizes para a formação inicial
de professores da educação básica, em cursos de nível superior.
17

[...] a formação inicial como preparação profissional tem papel crucial para
possibilitar que os professores se apropriem de determinados conhecimentos e possam
experimentar, em seu próprio processo de aprendizagem, o desenvolvimento de
competências necessárias para atuar nesse novo cenário. A formação de um profissional de
educação tem que estimulá-lo a aprender o tempo todo, a pesquisar, a investir na própria
formação [...] (BRASIL, 2000, p.13).
O Plano Nacional de Educação - PNE-, Lei nº10. 172/01 (BRASIL, 2001) além
determinar a formação inicial, é importante que o professor tenha convicção do seu
crescimento profissional valorizando o processo de continuidade da formação. Para
tanto, precisa repensar sobre a formação, pois precisa ser atualizado, qualificado em
vista dos desafios atuais referentes às necessidades urgentes da educação. Sendo
assim, uma das qualificações do professor sugere que vá ao encontro da inclusão
escolar de alunos com deficiência.
Sob esse aspecto, cabem destacar que há um número elevado de matrículas
de alunos com deficiência no ensino regular, em 2014, mais 689 mil estudantes em
escolas públicas, conforme os Dados do Censo Escolar divulgados em 23 de abril
de 2015. Na medida em que a orientação inclusiva implica um ensino adaptado às
diferenças e às necessidades individuais, os educadores precisam estar habilitados
para atuar de forma competente junto aos alunos inseridos, nos vários níveis de
ensino.
Autores como Goffredo (1992) e Manzini (1999) têm alertado para o fato de
que a implantação da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em
virtude da falta de formação dos professores das classes regulares para atender às
necessidades educativas especiais, além de infra-estrutura adequada e condições
materiais para o trabalho pedagógico junto a crianças com deficiência.
Neste sentido notamos o quanto se torna importante que os professores
sejam instrumentalizados a fim de atender às peculiaridades apresentadas pelos
alunos. Para Gotti (1988), a universidade, além de proporcionar cursos de
aperfeiçoamento e de pós-graduação, deve envolver-se em pesquisas sobre o
ensino aos portadores de necessidades especiais, desenvolvendo instrumentos e
recursos que facilitem a vida dessas pessoas.
Apesar de a necessidade de preparação adequada dos agentes educacionais
estar preconizada na Declaração de Salamanca (Brasil, 1994) e na atual Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Brasil, 1996) como fator fundamental para a
mudança em direção às escolas integradoras, o que tem acontecido nos cursos de
18

formação docente, em termos gerais, é a ênfase dada aos aspectos teóricos, com
currículos distanciados da prática pedagógica, não proporcionando, por conseguinte,
a capacitação necessária aos profissionais para o trabalho com a diversidade dos
educandos.

Neste contexto vale ressaltar que é necessário na inclusão educacional, o


envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações e
programas voltados à temática. Docentes, diretores e funcionários apresentam
papéis específicos, mas precisam agir coletivamente para que a inclusão escolar
seja efetivada nas escolas. Por outro lado, torna-se essencial que esses agentes
dêem continuidade ao desenvolvimento profissional e ao aprofundamento de
estudos, visando à melhoria do sistema educacional.
Conforme as diretrizes legais da Resolução nº 2/2001, em seu art. 18,
§ 1º São considerados professores capacitados para atuar em classes comuns com
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais àqueles que comprovem que,
em sua formação, de nível médio ou superior, foram incluídos conteúdos sobre educação
especial adequado ao desenvolvimento de competências [...]

O texto acima nos deixa claro que a capacitação do professor da classe


comum com base em conteúdos é insuficiente para que o professor desenvolva
práticas pedagógicas inclusivas frente às situações emblemáticas que enfrentará na
sala de aula, relativas às especificidades individuais do aluno com deficiência. Daí a
inclusão é desafiadora para o professor do ensino comum inseri-se num contexto
educacional inclusivo que exige redefinir o seu papel.
19

DESAFIOS DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO EM


ESCOLAS DE ENSINO REGULAR
A inclusão da criança com autismo em sala de aula deve existir de forma
consciente, o conjunto escolar tem que possuir um suporte pedagógico sólido para
incluir o aluno no contexto educacional de forma que todos os envolvidos assimilem
a situação e conhecimento das metodologias a serem trabalhadas visando à
superação de limitações da criança com autismo. É necessário ressaltar que por
mais importante que seja inserir a criança com deficiência na sala de aula regular, é
preciso criar meios para que ela permaneça na escola, sem que tenha prejuízos em
seu desenvolvimento.
Nesse sentido, os princípios da escola inclusiva devem garantir conforme
Carvalho (2007, p.81 apud BALBINO, 2010, p.41),
• o direito à educação; • o direito à igualdade de oportunidades, o que
não significa um “modo igual” de educar a todos e sim dar a cada um o que
necessita, em função de suas características e necessidades individuais; •
escolas responsivas e de boa qualidade; • o direito de aprendizagem; e • o
direito à participação.

A proposta de educação inclusiva é centrada nas características individuais


do aluno, o que justifica o currículo a ser adaptado às capacidades e os interesses
do aluno, conforme os Ensaios Pedagógicos (BRASIL, 2006). O currículo de acordo
com os Ensaios Pedagógicos constitui a partir do:

[...] que é aprendido e ensinado (contexto); como é oferecido (métodos de ensino e


aprendizagem); como é avaliado (provas, por exemplo) e os recursos usados (ex. livros
usados para ministrar os conteúdos e para o processo ensino-aprendizagem). O currículo
formal [baseia-se] em um conjunto de objetivos e resultados previstos (UNESCO, 2004,
p.13).

A inclusão está diretamente relacionada com o processo de ensinoaprendizagem,


não basta só incluir, a escola deve ofertar um ensino de qualidade e para isso o
professor deve desenvolver metodologias diversificadas e flexíveis.
Para que se possa obter uma resposta positiva ao seu trabalho, essa desenvoltura
terá que existir independente da heterogeneidade encontrada em sala de aula.
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Lopez (2011) atribui o papel do professor como o mediador, ela o define como
aquele que no processo de aprendizagem favorece a interpretação do estímulo
ambiental, chamando a atenção para seus aspectos cruciais, atribuindo significado à
informação concebida, possibilitando que a mesma aprendizagem de regras e
princípios sejam aplicados às novas aprendizagens, tornando o estímulo ambiental
relevante e significativo, favorecendo desenvolvimento.
Com relação a sua participação na inclusão da criança com autismo em
escolas de ensino regular, o professor tem um papel determinante, pois é ele quem
recepciona e estabelece o primeiro contato com a criança, seja positivo ou negativo,
dessa forma ele é um grande responsável por efetivar ou não o processo de
inclusão, considerando que é seu dever criar possibilidades de desenvolvimento
para todos, adequando sua metodologia as necessidades diversificadas de cada
aluno.
De acordo com Mousinho, et al (2010) as crianças que apresentam
dificuldades de comportamento e socialização, são geralmente vistas como
excêntricas e bizarras por seus colegas, tornando difícil e complexo o papel do
professor diante do desafio de ensinar e incluir simultaneamente. As crianças com
autismo têm dificuldade de entender sobre as relações humanas e as regras e
convenções sociais. Podem ser ingênuas e não compartilham do senso comum. Sua
rigidez gera dificuldade em gerir a mudança e as tornam mais vulneráveis e
ansiosas.
Muitas vezes não gostam de contato físico. Se a situação for mal manejada,
podem acabar exploradas e ridicularizadas por outras crianças. No entanto, elas
querem ser parte do mundo social e ter amigos, mas não sabem como fazer para se
aproximar. O papel do professor nessa perspectiva é tornar possível a socialização
da criança com autismo na sala de aula e adequar a sua metodologia para atender
as necessidades destes.
Em muitas situações, as crianças com autismo ficam às margens do
conhecimento ou não participam das atividades grupais, fato que exige do professor
sensibilidade para incluí-lo ao convívio com o meio, visto que é no processo de
socialização que se constitui o desenvolvimento e aprendizagem. É importante que o
professor detecte as dificuldades existentes e investigue o nível de desenvolvimento
dos mesmos, para que dessa forma ele saiba quais aspectos devem ser trabalhados
com a criança
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EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA AUTISTA

Falar no ensino de crianças autistas no contexto educacional brasileiro, de


fato ainda é um muito complicado, visto que existe uma série de implicações que
não permitem que a palavra inclusão seja literalmente vivenciada na maioria das
escolas públicas. Seja por falta de incentivo e investimentos governamentais, seja
pela falta de assistência e parceria de todo o corpo pedagógico, seja pela falta de
formação do professor ou mesmo pelo conceito de que crianças autistas não
aprendem.
Nesse sentido compreendemos a angústia de muitos professores ao
receberem a responsabilidade de educar crianças autistas. No entanto, mesmo
diante de tantos contrapontos é necessário que o professor busque alternativas que
podem ser encontradas através de um bom planejamento, além da construção do
Projeto Político Pedagógico que é o principal meio que norteará a escola.
A educação do autista é dificultada pela dificuldade de socialização, que faz
com que o autista tenha uma consciência pobre da outra pessoa e é responsável,
em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que uns dos pré -
requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no
lugar de outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.
Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico
prefere olhar para rostos do que para objetos. Através das informações obtidas pela
observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação para aprender.
Já o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para
objetos, e sua falha em perceber pessoas faz com que perca oportunidades de
aprendizado, refletindo em um atraso do desenvolvimento.
Dentre os modelos educacionais para o autista, um dos mais importantes é o
método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication
Handicapped Children, em português, Tratamento e Educação de Crianças Autistas
e com Desvantagens na Comunicação), desenvolvido pela Universidade da Carolina
do Norte e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
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✓ propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as


potencialidades e a faixa etária do paciente;
✓ funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
✓ independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior
autonomia possível);
✓ integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a
serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
O TEACCH foi desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da
Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e
atualmente é muito utilizado em várias partes do mundo. O TEACCH foi idealizado e
desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, e atualmente tem como responsável o Dr.
Gary Mesibov.
O método TEACCH utiliza uma avaliação chamada PEP-R (Perfil
Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança, levando em conta os seus
pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possível um programa
individualizado. O TEACCH se baseia na organização do ambiente físico através de
rotinas - organizadas em quadros, painéis ou agendas - e sistemas de trabalho, de
forma a adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a criança compreendê-lo,
assim como compreender o que se espera dela. Através da organização do
ambiente e das tarefas da criança, o TEACCH visa desenvolver a independência da
criança de modo que ela necessite do professor para o aprendizado, mas que possa
também passar grande parte de seu tempo ocupando-se de forma independente. As
maiores críticas ao TEACCH têm sido relacionadas à sua utilização com crianças de
alto nível de funcionamento.
A prática TEACCH fundamenta-se nessa teoria a partir da afirmação de que a
imagem visual é geradora de comunicação. A linguagem, inicialmente não-verbal,
sendo um sistema simbólico complexo, baseia-se na interiorização das experiências.
Ao mesmo tempo que a linguagem não-verbal vai dando significados às ações e aos
objetos, vai também consolidando a linguagem interior. O corpo vai incorporando
significados através da "ação no mundo" enquanto desenvolve de maneira
progressiva a comunicação - que pode ser oral, gestual, escrita etc.
A linguagem, portanto, é o resultado da transformação da informação
sensorial e motora em símbolos integrados significativamente. Na terapêutica
psicopedagógica do método Teacch trabalha-se concomitantemente a linguagem
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receptiva e a expressiva. São utilizados estímulos visuais (fotos, figuras, cartões),


estímulos corporais (apontar, gestos, movimentos corporais) e estímulos
audiocinestesicovisuais (som, palavra, movimentos associados às fotos) para buscar
a linguagem oral ou uma comunicação alternativa .
Por meio de cartões com fotos, desenhos, símbolos, palavra escrita ou
objetos concretos em sequência (p . ex ., potes, legos etc.), indicam-se visualmente
as atividades que serão desenvolvidas naquele dia na escola .
Os sistemas de trabalho são programados individualmente e ensinados um a
um pelo terapeuta. Quando a criança apresenta plena desenvoltura na realização de
uma atividade (conduta adquirida), esta passa a fazer parte da rotina de forma
sistemática.
Baseado no fato de crianças autistas serem frequentemente aprendizes
visuais, o TEACCH trás uma clareza visual ao processo de aprendizado buscando a
receptividade, a compreensão, a organização e a independência. A criança trabalha
num ambiente altamente estruturado que deve incluir organização física dos móveis,
áreas de atividades claramente identificadas, murais de rotina e trabalhos baseados
em figuras e instruções claras de encaminhamento. A criança é guiada por uma
sequência de atividades muito clara e isso ajuda que ela fique mais organizada.
Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança autista, crie uma
forte base para o aprendizado. Embora o TEACCH não foque especificamente nas
habilidades sociais e comunicativas tanto quanto outras terapias, ele pode ser usado
junto com essas terapias para torná-las mais efetivas, pois prima pela valorização da
rotina já que, os portadores de transtorno do espectro autista, apresentam
dificuldades no planejamento e na sequenciação, em decorrência de alterações nas
funções executivas relacionadas ao funcionamento do lobo frontal.
A compreensão do autismo tem possibilitado a realização de estudos
comportamentais em diferentes países, utilizando diferentes abordagens e técnicas
de intervenção. As realizações de melhores terapias foram possibilitadas em virtude
dos resultados experimentais obtidos com a aplicação de abordagens como o
Método TEACCH em paciente autistas.
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CONCLUSÃO

Denominado como transtorno global do desenvolvimento do espectro autista,


o autismo é um distúrbio de desenvolvimento caracterizado por dificuldades e
anomalias em diversas áreas: habilidades de comunicação, relacionamento social,
funcionamento cognitivo, processamento sensorial e comportamento. No decorrer do
trabalho observaram-se poucas publicações sobre o tema, porém diante dos
estudos realizados, a pesquisa mostrou-se positiva, pois possibilitou verificar a
contextualização histórica do autismo e suas causas, considerado uma síndrome
comportamental manifestada desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida.
Através desse trabalho, identificamos o papel do professor como mediador da
inclusão, ou seja, ele cria situações que oportunizam esse processo, se
aproximando e gerenciando conflitos de modo que se faça compreender que as
diferenças são características de todos os alunos, independente de ser deficiente ou
não. Compreendemos também, que a falta de uma formação sólida voltada para os
aspectos inclusivos, reflete negativamente na prática docente do professor, pois ele
precisa, de forma contínua, estar em contato com novas informações no que se
refere a sua atuação profissional.
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