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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIENNCIAS AGRARIAS

LICENCIATURA EM AGRO-PECUARIA 2º ANO

FIDEL FREDERICO DUARTE

GENERO NO AMBITO SOCIAL; CULTUAL; RELIGIOSO E


PROFICIONAL.

Quelimane

2021
FIDEL FREDERICO DUARTE

GENERO NO AMBITO SOCIAL; CULTUAL; RELIGIOSO E


PROFICIONAL.

Trabalho Científico de Carácter Avaliativo a


ser Apresentado no Departamento de Ciências
agronómicas, na Faculdade de Ciências
Agrárias na Cadeira de Tema Transversal.

Docente: Catarina Matete

Quelimane
2021
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 4

1.1. Objectivo ......................................................................................................................... 4

1.1.2. Objectivo geral ................................................................................................................. 4

1.1.3. Objectivo especifico ......................................................................................................... 4

2. Metodologia ........................................................................................................................ 4

3. Definição de género ............................................................................................................ 5

3.1. Género no âmbito social .................................................................................................. 5

3.2. Gênero no âmbito religioso ............................................................................................. 6

3.3. Gênero no âmbito profissional ........................................................................................ 8

3.4. Género no âmbito cultural ............................................................................................... 9

4. Conclusão .......................................................................................................................... 11

5. referencia bibliografica…………………………………………...………………………..13
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1. Introdução

A Constituição da República de Moçambique consagra, nos seus Artigos 11 e 35, a


igualdade de todas as pessoas, cidadãos e cidadãs do País, perante a lei, independentemente da
sua cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, estado civil dos pais, profissão e opção política. A par do princípio da igualdade, que é
apanágio dos estados de direito e de direito social, a Constituição consagra, no seu Artigo 36,
o princípio da igualdade de género, princípio este que garante que na sociedade Moçambicana
“o homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os domínios da vida política, económica,
social e cultural”.

A identidade de género não se reduz à identidade sexual biológica pois assume, além
desta, as construções sociais e culturais que determinam que uma pessoa se represente a si
mesma e é reconhecida pelas demais e pelo seu grupo, como homem ou como mulher, incluindo
as relações de poder, a participação nos fóruns de tomada de decisões, as formas
comportamentais de estar e viver, os atributos psicológicos e as responsabilidades a
desempenhar no seio da família, da comunidade e da sociedade em geral.

1.1. Objectivo

1.1.2. Objectivo geral

 Gênero é o discurso da diferença dos sexos;

1.1.3. Objectivo especifico

 Representações sociais, cultura e religião precisam ser explicitados para dar nitidez aos
nossos objetivos e construção do objeto de pesquisa.

2. Metodologia

Como toda proposta de pesquisa, esta é apenas um recorte no amplo universo no qual
estão inseridas as relações entre religião e gênero. Por esta razão, a delimitação se faz necessária
para o aprofundamento do tema pesquisado. A realidade é construída e está sempre em
mudança, por isso o imperativo metodológico de situá-la num espaço específico.
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3. Definição de género

De acordo com Buss, (200), gênero, são uma realidade objetiva que atinge um
contingente expressivo de mulheres e, neste sentido, só pode ser entendida no contexto sócio-
histórica- cultural, num movimento complexo e contraditórioentre sociabilidade e
individualidade e entre as relações de gênero e a totalidade da vida social.

3.1. Género no âmbito social

Para o entendimento das formas de opressão vivenciadas pelas mulheres, partimos do


pressuposto de que homens e mulheres vivem sob dadas condições objetivas e subjetivas que
são produto das relações sociais. Isto significa que a construção social das respostas que dão às
suas necessidades e vontades tem na sociabilidade sua determinação central ou, de outra forma,
significa também que os indivíduos fazem a história, mas suas possibilidades de intervenção se
efetivam na dialética relação entre objetividade e subjetividade, entre ser e consciência. (Buss,
200).

De cordo com Castro; Yamamoto, (1998), na sociabilidade do capital, as condições


materiais se constituem num grande obstáculo que limita o desenvolvimento pleno e livre da
individualidade. Considerando que o modo de pensar e agir é determinado na dinâmica
complexa e contraditória entre sociabilidade e individualidade, podemos verificar a prevalência
de indivíduos de potencializados em sua criatividade, em sua capacidade reflexiva,
reproduzindo práticas que reiteram processos de alienação e de subalternidade.

Historicamente, identifica-se uma maior apropriação pelos homens do poder político,


do poder de escolha e de decisão sobre sua vida afetivo-sexual e da visibilidade social no
exercício das atividades profissionais. Este é um processo que resulta em diferentes formas
opressivas, submetendo as mulheres a relações de dominação, violência e violação dos seus
direitos, (Castro; Yamamoto, 1998).

Considerada em sua historicidade, a categoria gênero se apresenta de modo complexo,


envolvendo não só relações e características entre os sexos, mas indo além, sendo determinada
também, numa dinâmica temporal, por elementos que são, ao mesmo tempo, significativos no
que se refere às relações entre sociabilidade e cultura.

Ou seja, trata-se de identificar como os valores objetiva e subjetivamente construídos


são introjetados, vivenciados e reproduzidos na vida cotidiana. A categoria gênero contribui
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para desnaturalizar e historizar as desigualdades entre homens e mulheres, sendo entendida de


modo histórico e relacional e não como “oposições decorrentes de traços inerentes aos distintos
seres” para que não se incorra no erro de deixar de identificar “os diferentes poderes detidos e
sofridos por homens e mulheres”.

3.2. Gênero no âmbito religioso

Por ser elemento constitutivo das relações de gênero. Além destes, conceitos como o de
dominação, habitus, resistência, representações sociais, cultura e religião precisam ser
explicitados para dar nitidez aos nossos objetivos e construção do objeto de pesquisa.

Gênero como categoria de análise sob diversas perspectivas. Dentre elas destacamos
inicialmente Rubin (1993,), que define o sistema de sexo/gênero como “um conjunto de
arranjos através dos quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produtos da
atividade humana”. Na mesma linha, segue (Ferrand 1987).

Embora os elementos conceituais destacados pelas autoras acima citadas sejam de


fundamental importância, a definição de gênero, uma das categorias de análise teórica que
orientou esta pesquisa, se baseia na contribuição de Joan W. Scott, para quem o gênero “é.
gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” (SCOTT, 1995). A autora
acredita ainda que através das relações de gênero as relações de poder, de dominação e de
subordinação são construídas.

Para esta historiadora, gênero é o discurso da diferença dos sexos; é um processo


secundário à formação biológica. Trata-se da elaboração das diferenças entre os sexos não
somente no âmbito das ideias, mas abrange também todas as nossas estruturas e relações sociais.
Inclui entre os elementos que compõem o conceito de gênero as representações simbólicas e os
conceitos normativos, elementos imprescindíveis para desvendar o processo que tanto podem
manter como alterar a atual hierarquia entre os gêneros.

Segundo o Scott (1995, p.86), que defende a necessidade de se fazer uma história das
mulheres, pondera que é necessário perguntar “como as relações entre os sexos foram
construídas nos vários momentos históricos, por que razão, com que conjuntura de relação de
forças, e em que contexto político”. Aqui reside o verdadeiro problema: “historicizar a ideia de
homem/mulher e encontrar uma forma de escrever uma verdadeira história das relações
homens/mulheres, das ideias sobre sexualidade...etc.” (SCOTT, idem, p. 86), em outras
palavras, historicizar as subjetividades, porque elas são criadas e não natas. Deste modo,
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somente o gênero visto como uma categoria histórica tem a força suficiente para entender os
paradigmas de relações de poder entre homens e mulheres.

De acordo com Scott (idem) apresenta quatro elementos constitutivos da categoria


gênero, que se apresentam como pontos de partida para o estudo do tema: os símbolos culturais
colocados na vida social, que evocam múltiplas representações, formando toda uma simbologia
em torno do ser homem e do ser mulher; os conceitos normativos que expressam interpretações
dos significados dos símbolos, por meio das instituições: religião, educação, ciência, política,
categorizando o masculino e o feminino; as organizações e instituições sociais nas quais se dão
as relações sociais de gênero; as identidades subjetivas, modos pelos quais as identidades de
gênero são substantivamente construídas, pautados nas organizações sociais e nas
representações culturais historicamente específicas.

A categoria gênero em sua interface com a análise da religião vem tomando proporções
significativas a partir dos últimos anos, especialmente impulsionada pelos estudos feministas.
A chamada “segunda onda” (Adelman & Grossi, 2002) do feminismo, que se desenvolveu a
partir da década de 60, é vista como marco histórico para este avanço. Efetivamente esta 15

categoria de análise surge a partir dos anos 80, com o objetivo de denunciar a exclusão do
feminino, e de outros grupos periféricos, do conhecimento científico. Desde então, mesmo
estando em construção, este conceito vem sendo utilizado extensamente por muitos(as)
estudiosos(as).

Ana Maria Bidegain (1996, p. 28), acredita que a incorporação da categoria de gênero,
cruzada com as de classe e etnia, não só é útil para a elaboração da história das religiões, é
também uma chave essencial para a compreensão da história invisível das mulheres nas
religiões e suas relações com todas as formas de estruturação do poder.

As resistências cotidianas fazem parte da totalidade de processos que todos os sujeitos


utilizam para construir suas identidades sociais (SCOTT, idem). A Igreja é um espaço para a
salvação das almas, da disciplina dos corpos e da pedagogia do que cada modelo considera o
comportamento correto. Contudo, a religião também pode ser um espaço para o entretenimento,
participação e empoderamento social. Ao prestarem o serviço da salvação numa determinada
comunidade, por meio da Igreja, as mulheres também podem conquistar prestígio e autoridade.

A utilização da noção de formas cotidianas de resistência cunhada por James Scott


(2002) e do seu conceito de práticas – que expressa as lutas cotidianas à luz do poder pessoal,
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em relação à subordinação –, permitiu compreender que a resistência reside na heterogeneidade


das muitas respostas criadas e/ou continuadas de uma nova, não sendo representada pela
resistência dos confrontos frontais, greves e ocupações, mas uma forma de resistência que
procura construir soluções locais para problemas globais. Para esse autor, os sujeitos podem
transformar suas realidades por meio de ações individuais, mesmo que ocultas, elas podem
produzir resultados efetivos para a coletividade.

Nessa direção, o autor trabalha com a noção de armas comuns referindo-se às armas que
são típicas de grupos sem poder, ou com menos poder do que outros, dependendo do cenário
considerado, como os negros, as mulheres, os prisioneiros, os trabalhadores rurais etc. A noção
de armas comuns representa as ações de dissimulação, falsa submissão, ignorância fingida,
fofoca entre outras formas que não exigem grandes organizações ou planejamentos e que
ocorram às escondidas do controle dos dominantes (SCOTT, 2002, p. 50).

Essas armas simbólicas evitam confrontos diretos com o grupo dominante, embora
expressem no nível consciente a vontade de mudar, seja uma situação simbólica (de submissão)
seja material (de pobreza). Segundo Scott (idem), a ordem social é mantida pela capacidade de
rotular pessoas e pelas atividades que não questionam a realidade oficial. Este autor auxilia
nesta pesquisa porque aponta os processos pelos quais os atores sociais, no cotidiano, nos
espaços em que as ações acontecem, confrontam, mesmo que simbolicamente, a autoridade.

3.3. Gênero no âmbito profissional

A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) assenta todo o seu trabalho em três eixos, a
saber: ensino-aprendizagem, investigação e extensão. É através destes três eixos que a UEM se
constitui na Instituição de Ensino Superior (IES) mais consolidada no panorama da formação
avançada em Moçambique.

A sua longa história de comprometimento com os ideais da independência nacional, o


seu engajamento na inovação científica e metodológica e o prestígio e reconhecimento que
granjeia entre pares, colocam-na numa posição de destaque e exemplo, não apenas para a
comunidade académica, em particular, como também para a sociedade Moçambicana, em geral.

Assim, à UEM cumpre assumir, através da participação de homens e mulheres, não


apenas atribuições científicas, mas também sociais, com vista à sua melhor contribuição para a
realização do desígnio da igualdade de género em prol da melhoria das condições de vida de
todas as pessoas envolvidas.
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Entretanto, a eficácia de quaisquer políticas institucionais requer a crucial concepção e


desenvolvimento de instrumentos estratégicos e de planeamento que permitam que, a partir de
análises prévias, se estruture um diagnóstico prévio e intervenções assertivas, com vista ao
alcance das mudanças desejadas. Além disso, uma Estratégia de Género compreensiva e
abrangente contribui para a ampliação da democracia e a promoção da capacidade institucional
e académica da Universidade, no que diz respeito ao acompanhamento e monitoria da
implementação dos seus objectivos e instrumentos de governação.

Além da identificação de necessidades, objectivos, medidas e indicadores para um


determinado período de tempo, as ferramentas de planeamento e monitoria requerem tanto a
dinâmica de participação, o que supõe o envolvimento dos órgãos de gestão académica,
singulares e colegiais, nas fases primárias de definição das principais linhas de acção, dos
planos de desenvolvimento e suas prioridades, como o envolvimento dos vários agentes sociais
presentes na comunidade universitária, desde docentes, investigadores, estudantes e membros
do corpo técnico e administrativo (CTA), com vista à implementação articulada, harmoniosa e
promotora de mudança e transformação social positiva para todas as pessoas envolvidas.

Só através de um forte trabalho colaborativo é possível potenciar a capacidade de resposta


aos problemas transversais e estruturais, como é o caso da desigualdade com base na identidade
de género. Esta forma colaborativa de trabalhar é determinante para a prevenção de
comportamentos discriminatórios e para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde
homens e mulheres se sintam seguros e empoderados para exercer plenamente a sua cidadania.

3.4. Género no âmbito cultural

De acordo com o último censo da população realizado em 1997, o número total de


habitantes é de aproximadamente 19 milhões, dos quais 52% são mulheres e cerca de metade
menores de 15 anos de idade.1 As províncias da Zambézia e Nampula são as mais populosas,
com cerca de metade da população.

Os principais grupos étnicos de Moçambique são constituídos por numerosos subgrupos


com diversas línguas, dialectos, culturas e histórias. Muitos estão ligados a grupos étnicos
semelhantes que vivem nos países vizinhos. Os Makua são o grupo dominante na região Norte;
os Sena e os Ndau são proeminentes no Vale de Zambeze e os Shanganes (Tsonga) dominam a
região Sul. Outros grupos incluem os Makonde, Yao, Chopi, Shona, Ronga e Nguni. Existe um
pequeno grupo de europeus, a maioria de ascendência portuguesa e uma minoria mulata.
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Uma pequena comunidade moçambicana, na sua maioria de origem paquistanesa e


goesa, estabeleceu-se em Moçambique e especializa-se na prática do comércio e da pesca,
respectivamente. Nas áreas costeiras houve influência de comerciantes costeiros islâmicos e
colonizadores europeus, mas as pessoas do interior de Moçambique mantiveram a sua cultura
indígena baseada no culto dos antepassados, no animismo e na prática da agricultura de pequena
escala.

O português é a língua ofi cial e é especialmente predominante nas cidades; nas áreas
rurais falam-se línguas africanas como primeira língua. A 24 de Setembro de 1969 os
nacionalistas moçambicanos deram início à luta armada pela independência do regime colonial
português.

Muitas mulheres participaram na guerra de libertação, tendo um número razoável


ascendido a postos militares ou quadros elevados dentro da Frelimo. Depois de 1975, o Estado
socialista nacionalizou o património da igreja e instituiu o ateísmo de Estado, mas crenças
religiosas persistem presentemente e experimentam um renascimento cultural.

De acordo com o último censo da população, 20-30% da população são cristãos


(predominantemente católicos); 15-20% professam o Islão e os restantes praticam crenças
tradicionais. Esta diversidade religiosa provém da influência católica portuguesa, de religiões
animistas tradicionais e de laços históricos com as rotas comerciais árabes. De um modo geral,
estas influências religiosas e culturais servem para fortalecer a sociedade patriarcal, que reserva
uma posição subordinada às mulheres e tolera a poligamia.
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4. Conclusão

Neste presente trabalho de tema género, Ao longo deste documento, procurou-se reunir
toda a informação relevante para desenhar, justificar e dotar de instrumentos de
operacionalização futura a Estratégia de Género da Universidade Eduardo Mondlane para o
período compreendido entre 2020 e 2030. Recomenda-se fortemente a elaboração de Planos de
Acção bienais para a operacionalização e execução desta Estratégia e a garantia da sua
efectividade. Os referidos Planos de Acção não devem conter apenas os objectivos concretos e
as descrições das actividades devidamente calendarizadas, mas também os indicadores que
permitirão avaliar a sua implementação e as mudanças operadas. Sugere-se ainda que os
mencionados Planos de Acção bienais possam ser elaborados com a participação de todos os
elementos da comunidade universitária, nomeadamente: docentes, discentes e CTA.
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5. Referencia bibliografica

ADELMAN, Miriam; GROSSI, M. Pilar. Entre a psicanálise e a teoria política: um diálogo


com Jane Flax. 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2002000200007>.
Acesso no dia 3 de Jun. de 2014.

ALENCAR, Gedeon Freire de. Todo poder aos pastores, todo trabalho ao povo, todo louvor a
Deus: Assembléia de Deus – origem, implantação e militância (1911-1946). São Bernardo do
Campo, SP: UMESP, 2000.

ALVES, Patrícia Formiga Maciel. Da cruz ao trono: neopentecostalismo e pós-modernidade no


Brasil. Doutorado em Sociologia. João Pessoa (PB): UFPB, 2005. ALVES, Rubem. “A volta
do sagrado: os caminhos da sociologia da religião no Brasil”. Religião e Sociedade. Ed.
Civilização Brasileira, 1978.

AMUSSEN, Susan Dwyer. Féminin/Masculin: le genre dans l'Angleterre de l'époque moderne.


Annales ESC. Paris, vol. 40, nº 2, mar./apr.,1985.

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