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KARIN COLLI
KARIN COLLI
RESUMO
INTRODUÇÃO: A desnutrição, prevalente em 30-50% dos hospitais mundiais, está associada a um mau
prognóstico para o indivíduo. O primeiro passo para a assistência nutricional é a realização da avaliação
nutricional, através de ferramentas simples como Nutricional Risk Screening e Avaliação Subjetiva Global, a fim
de identificar os indivíduos em risco e predizer as adversidades associadas à desnutrição, proporcionando a melhor
conduta dietoterápica. Estudos demonstram benefícios consistentes da suplementação nutricional oral,
especialmente em quadros clínicos agudos, pois melhora a resposta imunológica e cicatricial, melhorando o
prognóstico clínico. OBJETIVO: Verificar a prevalência do uso de ferramentas de avaliação nutricional em
pacientes admitidos em uma unidade hospitalar. METODOLOGIA: Foram utilizados dados secundários de
formulários do Serviço de Nutrição Clínica de pacientes admitidos na Clínica Médica do Hospital Universitário
Julio Muller, no ano de 2017. RESULTADOS: Dos 203 formulários avaliados, a avaliação nutricional não foi
realizada em 80% (n=162) dos pacientes. Dos 23 pacientes triados pela NRS, 73,9% (n=17) eram NRS+ e, dos 31
pacientes classificados pela ASG, 19,4% (n=6) eram ASG B e 80,6% (n=25) ASG C no momento da admissão
hospitalar. Quando considerada a indicação de suplementação nutricional, observou-se que a maioria (n=54; 71%)
dos pacientes que foi suplementado não foi avaliado nutricionalmente. CONCLUSÃO: Conclui-se que há uma
baixa prevalência da realização da avaliação nutricional no momento da admissão e que para grande parte dos
pacientes indicados à suplementação, não há avaliação nutricional precedente.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação nutricional; Suplementação Nutricional Oral; Pacientes Hospitalizados.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Malnutrition, prevalent in 30-50% of the world's hospitals, is associated with a poor
prognosis for the individual. The first step in nutritional care is to perform nutritional assessment through simple
tools such as Nutritional Risk Screening and Global Subjective Assessment in order to identify individuals at risk
and predict the adversities associated with malnutrition, providing the best dietary management. Studies
demonstrate consistent benefits of oral nutritional supplementation, especially in acute clinical settings, as it
improves the immune and scarring response, improving the clinical prognosis. OBJECTIVE: To verify the
prevalence of the use of nutritional assessment tools in patients admitted to a hospital unit. METHODOLOGY:
Secondary data from the Clinical Nutrition Service forms of patients admitted to the Medical Clinic of the Julio
Muller Universitary Hospital (JMUH) at 2017 were used. RESULTS: Of the 203 forms evaluated, nutritional
assessment was not performed in 79,8% (n=162) of the patients. Of the 23 patients screened for NRS, 73.9%
(n=17) were NRS + and, of the 31 patients classified by ASG, 19.4% (n = 6) were ASG B and 80.6% (n = 25) ASG
C at the time of hospital admission. When considering the indication of nutritional supplementation, it was
observed that the majority (n=54; 71%) of the patients who were supplemented were not nutritionally evaluated.
CONCLUSION: It was concluded that there is a low prevalence of nutritional assessment at the time of admission
and that for most of the patients indicated for supplementation, there is no previous nutritional assessment.
KEY WORDS: Nutritional Assessment; Oral Nutritional Supplementation; Hospitalized Patients.
5
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
2. OBJETIVOS............................................................................................................................10
2.1. OBJETIVO GERAL ..........................................................................................................10
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................10
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................12
5. CONCLUSÃO .........................................................................................................................17
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................18
ANEXOS .........................................................................................................................................20
ANEXO I ......................................................................................................................................20
ANEXO II ....................................................................................................................................21
ANEXO III ...................................................................................................................................22
ANEXO IV ...................................................................................................................................23
7
1. INTRODUÇÃO
Raslan et al (2011), avaliaram 705 pacientes clínicos e cirúrgicos por meio da NRS-
2002 e ASG identificando, respectivamente, uma taxa de 28% de risco nutricional e 39% de má
nutrição (sendo 57% ASG B e 43% ASG C). Ainda, quando comparados os pacientes NRS+
ou ASG B/C com pacientes NRS- ou ASG A, foi observada uma elevada probabilidade de
complicações moderadas à grave no primeiro grupo. Dessa forma, esses autores recomendam a
utilização complementada (NRS+ASG) das ferramentas de avaliação nutricional, a fim de se
evitar a subestimação pela NRS-2002 e superestimação pela ASG e identificar os pacientes
predispostos às consequências da desnutrição.
Sendo assim, visto que a desnutrição é capaz de afetar adversamente a evolução clínica
do paciente, é de suma importância que a utilização de ferramentas de avaliação nutricional seja
implementada nos procedimentos de rotina hospitalar. Assim é possível garantir ao paciente
uma terapia nutricional adequada e individualizada para as suas necessidades (BRASIL, 2016).
A suplementação nutricional oral (SNO), componente da terapia nutricional, tem por
objetivo a manutenção e/ou recuperação do estado nutricional (CARVALHO e VIEIRA, 2016).
A sua utilização adequada promove a melhora do prognóstico do quadro de pacientes através
da melhora da resposta imunológica e cicatricial e da qualidade de vida do paciente e modulação
da resposta orgânica ao tratamento clínico e cirúrgico (CARVALHO e VIEIRA, 2016;
BRASIL, 2016). Consequentemente, promove a redução do tempo de internação do paciente e
os custos ao serviço público de saúde (BRASIL, 2016).
Estudos demonstram benefícios consistentes da SNO em pacientes, especialmente em
quadros clínicos agudos. O uso de suplementação, em relação ao tratamento de rotina, reduz
taxas de complicações e mortalidade; melhora a função muscular; e contribui para o ganho de
peso e recuperação nutricional. Oferecendo embasamento para a necessidade de se suplementar
pacientes com risco nutricional e com desnutrição instalada e, de preferência, precocemente
(STRATTON & ELIA, 2007; HUBBARD et al, 2012).
Dessa forma, o presente estudo avaliou a prevalência do uso de ferramentas de avaliação
nutricional em pacientes de um hospital universitário de Cuiabá, Mato Grosso.
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2. OBJETIVOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Baseado nos critérios de inclusão e exclusão, foram avaliados 203 formulários. Destes,
a maioria era de adultos (61,6%) do sexo masculino (60,1%) (Tabela 1) com média de idade de
53,3 ± 17,9 anos.
Tabela 1. Dados do serviço de nutrição clínica dos pacientes internados na Clínica Médica do Hospital
Universitário Julio Muller (HUJM), 2017.
Estágio da vida
N % Adulto % Idoso %
Feminino 81 39,9 47 58 34 42
Masculino 122 60,1 78 63,9 44 36,1
Total 203 100 125 61,6 78 38,4
Adulto: indivíduo de 20 a 59 anos. Idoso: indivíduo acima de 60 anos.
4%
18%
78%
Os dados antropométricos devem ser registrados nos formulários para oferecer suporte
ao acompanhamento nutricional, portanto a sua ausência pode prejudicar outros métodos de
avaliação. O peso corporal é um dado essencial para a assistência ao paciente e influencia
diretamente na conduta dietoterápica, pois prediz o risco nutricional e, dessa forma, deve ser
avaliado semanalmente (TOLEDO et al, 2018).
Ao observar a realização da avaliação nutricional na admissão (Figura 2) a grande
maioria (n=162; 79,8%) não foi triada e nem avaliada. Dos 41 pacientes (20,2%) avaliados por
pelo menos uma ferramenta, 31,7% (n=13) foram avaliados completamente pela NRS-2002 e
ASG. Não houve registro de reavaliações nutricionais durante a internação de toda a população
do estudo.
180
160
140
Número de pacientes
120
100
80
60
40
20
0
Ausência de AN AN Incompleta AN Completa
Neste estudo, foi identificado que, dos 23 pacientes triados pela NRS-2002, 73,9%
(n=17) estavam em risco nutricional no momento da internação e, dos 31 pacientes avaliados
pela ASG, 19,4% (n=6) possuíam suspeita ou desnutrição moderada e 80,6% (n=25) eram
desnutridos graves (Tabela 2), concordando com dados de prevalência de desnutrição mundiais
e confirmando a necessidade do uso complementar das duas ferramentas de avaliação
nutricional (WAITZBERG et al, 2001; BARKER et al, 2011; RASLAN et al, 2011).
14
Tabela 2. Prevalência de pacientes com risco nutricional, pela NRS, ou com má nutrição, pela ASG,
avaliados na admissão na Clínica Médica do Hospital Universitário Julio Muller (HUJM), 2017.
Avaliação Nutricional na Admissão Hospitalar
N
N %* %**
parcial
NRS + 17 73,9
NRS 23 11,3
NRS - 6 26,1
ASG B 6 19,4
ASG 31 15,3
ASG C 25 80,6
*percentual em relação ao N parcial. **percentual em relação à população do estudo
Dos pacientes submetidos à ASG (n=31), quase metade (n=12; 38,7%) não recebeu a
indicação de SNO durante a internação, sendo a maioria (n=8; 66,7%) composta por desnutridos
graves (ASG C) (Tabela 4). Gomes et al. (2017) afirmam que pacientes classificados como
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Tabela 4. Estado nutricional, avaliado pela Avaliação Subjetiva Global (ASG) em relação à indicação
de suplementação nutricional oral (SNO) de pacientes internados na Clínica Médica do Hospital
Universitário Julio Muller (HUJM), 2017.
Estado Nutricional
N % ASG B % ASG C %
Indicação à SNO 19 61,3 2 10,5 17 89,5
Ausência de indicação à SNO 12 38,7 4 33,3 8 66,7
Total 31 100 6 19,4 25 80,6
ASG B: risco de desnutrição ou desnutrido moderadamente; ASG C: desnutrido grave.
14
Número de pacientes
12
10
8 1ª semana
6 2ª a 3ª semana
4 A partir da 6ª semana
2
0
ASG C ASG B
Figura 3. Tempo (em semanas) entre a admissão hospitalar e o início do uso de suplementação
nutricional oral nos pacientes, de acordo com a Avaliação Subjetiva Global (ASG).
16
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Weinsier RL, Hunker EM, Krumdieck CL, Butterworth CE. Hospital malnutrition. A
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ANEXOS
ANEXO I
NUTRICIONAL RISK SCREENING – 2002 (NRS-2002)
Tabela 1 triagem inicial
IMC <20,5?
1 Sim Não
TRN-2002 é baseada na O plano nutricional é indicado para todos os indivíduos Score=2: paciente confinado no leito
interpretação de estudos clínicos. que estão: (1) desnutrido grave (Score=3), ou (2) doença devido doença, Ex. Submetido a cirurgia
*Indicam que o estudo grave (Score=3), ou (3) desnutrido moderado + doença de grande porte do aparelho digestivo.
categoriza indivíduos com essa de estresse leve (Score2+1), ou (4) desnutrido leve + Requerimento proteico esta aumentado,
doença. Diagnóstico em itálico doença de estresse moderado (Score 1+2). mas pode ser coberto, entretanto a terapia
são baseados nos protótipos Protótipos para doença grave nutricional está indicada para a maioria
abaixo. dos casos.
Score=1: paciente com doença crônica, admitido no
Risco nutricional é definido Score=3: indivíduos em cuidados
hospital devido a complicações. O paciente está fraco,
através do estado nutricional intensivos em ventilação mecânica etc.
mas fica fora da cama regularmente.
atual e dos riscos nesse estado O requerimento proteico está aumentado
Os requerimentos proteicos estão aumentados, mas
nutricional devido ao aumento e não pode ser coberto pela alimentação
pode ser coberto pela via oral ou através da
dos requerimentos causado pelo artificial. A quebra proteica e a perda de
suplementação oral para maioria dos casos.
estresse metabólico e das nitrogênio podem ser significativamente
condições clínicas. atenuadas.
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ANEXO II
ANEXO III
ANEXO IV